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1.

Com base nos estudos sobre a evolução do latim ao galego-português, capítulo 1 do livro
do Paul Teyssier, apresente sua reflexão sobre as evoluções que ocorreram no âmbito da
fonética, morfologia, sintaxe e formação do vocabulário.

A evolução fonética do latim imperial no Oeste peninsular.

1) O acento tônico. A) Palavras de duas sílabas: o acento recai na primeira. B) Palavras de


três sílabas ou mais: o acento recai na penúltima sílaba se esta for longa.
2) As vogais: perda das oposições de quantidade — O latim clássico possuía cinco timbres
vocálicos, havendo uma vogal breve e uma longa para cada timbre. Acrescente-se que
os ditongos æ e œ do latim clássico passaram, em latim imperial, a vogais simples de
timbres distintos. em posição tônica o timbre das vogais de palavras do galego-
português e também do português contemporâneo permaneceu o mesmo do latim
imperial.
3) As consoantes: a palatalização. Em latim imperial o ponto de articulação destas
consoantes aproximou-se do ponto de articulação das vogais ‘i’ e ‘e’ que se lhes se
guiam, isto é, da zona palatal, levando à pronúncia: [kyi], [kye] e [gyi], [gye]. Em várias
outras palavras um i ou um e não tônicos, seguidos de uma vogal, eram pronunciados
yod em latim imperial; resultaram daí os grupos fonéticos [ty], [dy], [ly] e [ny] que se
palatalizaram em [tsy] e [dsy], [lh] e [nh]. Para os grupos [ky], [gy], a palatalização
chega
inicialmente a [tšy] e [džy]. Em galego-português medieval as letras ‘c’, ‘z’ e ‘j’
representavam, respectivamente, em todas estas palavras, as africadas [ts], [dz] e [dž].
Na origem destas transformações fonéticas há sempre, em latim imperial, uma
palatalização. Quando o yod proveniente de i e e em hiato vinha de pois de -ss-, esta
consoante passou a [š] transcrito pela letra x; finalmente, quando l ou n eram seguidos
de um yod, originário de ‘i’ e ‘e’ em hiato, estas consoantes passaram a [lh] e [nh]
palatais ou “molhados”; Como resultado, o galego-português medieval apresenta ria
seis-fonemas novos: /ts/; /dz/; /dž/; /š/; /lh/; /nh/;
4) Numerosas características do latim imperial mereceriam ainda ser citadas, como a
queda do n antes de s; É provável que a sonorização das surdas intervocálicas tivesse
começado desde essa época no latim ibérico;

Três inovações do galego-português devem ser assinaladas: entre elas 1) Grupos


iniciais pl-, cl-, e fi- > ch ([tš]); Onde houve palatização do ‘l’, uma vez que a consoante
inicial seguida de ‘l’ palatal originou a africada [tš], transcrita em português por ‘ch’. 2)
Queda de -l- intervocálico; contribuindo para criar em galego-português vários grupos
hiatos. A queda não apareceu nem ao leste da Península Ibérica, porque o leonês e o
castelhano ignoraram tal mudança, nem ao sul, nos falares moçárabes. 3) Queda de
-n- intervocálico. e consequente nasalização da vogal precedente. Assim, vinu > v i~o;
manu > mão; luna > l u~a; bonu > bõo etc.

A evolução da morfologia e da sintaxe do latim ao galego-português: sobrevivem


apenas duas formas oriundas do acusativo latino, uma para o singular e outra para o
plural. As relações que o latim exprimia pelas desinências casuais são agora expressas
por preposições ou pela colocação da palavra na frase. Os gêneros, com a supres são
do neutro, reduzem-se a dois. A morfologia verbal é consideravelmente simplificada. O
futuro simples é substituído, como em toda a România ocidental. As quatro formas
saídas do acusativo, diferenciadas em número e em gênero dão inicialmente lo, la, los,
las, em virtude da aférese sofrida pelo seu emprego pro clítico. E, por fim, para
compensar o empobrecimento da morfologia nominal, a ordem das palavras torna-se
mais rígida.

A evolução do vocabulário do latim ao galego-português: O velho fundo do


vocabulário latino transmitido ao galego-português e ao português moderno
compreende palavras de aparência mais clássica do que as suas correspondentes
francesas ou italianas; A este fundo latino vieram acrescentar-se palavras novas, a
começar por empréstimos às línguas dos povos que habitavam a Península quando da
chegada dos romanos. Palavras germânicas haviam penetrado no latim muito antes da
invasão dos suevos e dos visigodos e encontram-se também em outras línguas
românicas. A longa permanência dos muçulmanos em terras da Península deixou a sua
marca tanto no português como no espanhol. A crer-se nos dicionários, o número de
palavras portuguesas de origem árabe andaria por volta de mil. As palavras árabes
lusitanizaram-se mediante certas adaptações fonéticas.
2. No capítulo 2, do livro de Paul Teyssier, discute-se a estrutura do galego-português de
1200 a 1350. Após a leitura atenta e reflexiva sobre essas discussões, apresente uma
síntese da estrutura dessa língua no âmbito da fonética, morfologia/sintaxe e vocabulário.

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