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UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

POLO DE RUSSAS
UFC – UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
INSTITUTO UFC VIRTUAL

CURSO: LETRAS - PORTUGUÊS


SEMESTRE: 2022.1
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
TUTOR: SÁVIO ANDRE DE SOUZA CAVALCANTE
CURSISTAS: GILSON WESLEY DE LIMA

. RUSSAS-CE
1 Que grafemas representavam as africadas do galego português?
Uma consoante africada (fones nem totalmente oclusivos, nem totalmente
fricativos), corresponde primeiro ao bloqueamento completo do trato vocal, seguido
de uma pequena abertura que produz um ruído de fricção, como em [ts] ou [tʃ].
As consoantes africadas não existem na norma-padrão do português
europeu, mas ocorrem noutras variantes, por exemplo, em dialetos portugueses
setentrionais — chamar/[tʃɐmaɾ] ou chave/[tʃavɨ] — e no português do Brasil, quando
[i] se segue a [t] ou [d] — p. ex., tia/[tʃia] e dia/[dƷia] —, ou como tch, por exemplo,
em Tchecoslováquia. Também são representadas pelas letras c, z e j, que por sua
vez, representavam as africadas [ts], [dz] e [dž].
Em galego-português os grafemas que representavam as africadas eram:
[tch] ch;
[dj] g (e,i); [ts] ç, c(e,i); [dz] z

2 Que evolução fonética (ou fonológica, em sentido amplo) as africadas sofreram na


evolução para o português moderno?
Os fones já citados acima perderam o traço oclusivo e seus vozeamentos, tornando-
se apenas fricativos, passando a ser desta forma: [ch]; [j]; [s] e [z]. O
desaparecimento dessas africadas ocasionou certa confusão na nossa grafia, que
persiste até os dias atuais. Além das africadas [ts] e [dz], as apicoalveolares [ʂ] e [ʐ].
Mais tarde as africadas perderam o elemento oclusivo ([t] ou [d]) e tornaram-se
também fricativas, só que predorsodentais [s] e [z]. Estes sons tomaram igualmente
o lugar das apicoalveolares no português-padrão moderno tanto no Brasil como em
Portugal; deste modo, letras ou sequências como s, -ss-, ç e c (esta última, antes de
e ou i) pronunciam-se todas da mesma maneira, com [s], uma fricativa
predorsodental surda; o mesmo acontece com -s- entre vogais e z, que
correspondem a [z], uma fricativa predorsodental sonora.

3 Com base na resposta à questão 2, responda: por que a nossa escrita é


conservadora? Com base na resposta à questão 2, responda: por que a nossa
escrita é conservadora?
Nossa escrita procura se manter intacta, pois diferente da fala que sofre diferentes
variações e modificações ela procura se preservar. Dessa maneira, é possível ter
um controle sobre a escrita, mantendo os padrões. Embora tenham ocorrido essas
alterações fonéticas na evolução histórica da língua portuguesa, a grafia
permaneceu a mesma. Os grupos iniciais pl, cl, fl são exemplos de formas que forma
conservadas sem modificação. Ex: pleno, clima, flauta Nossa escrita procura se
manter intacta, pois diferente da fala que sofre diferentes variações e modificações
ela procura se preservar. Dessa maneira, é possível ter um controle sobre a escrita,
mantendo os padrões. Embora tenham ocorrido essas alterações fonéticas na
evolução histórica da língua portuguesa, a grafia permaneceu a mesma. Os grupos
iniciais pl, cl, fl são exemplos de formas que forma conservadas sem modificação.
Ex: pleno, clima, flauta.

4 Mostre as passagens intermediárias nas evoluções, comentando-as: a) corona >


coroa >corõ- a >coroa b) freno > freio > frẽ- o > freio c) avena > aveia >avẽ- a >
aveia d) lana > lã >lã- a > lã e) coelu > céu >coe –l- u > coeu > céu f) palu >
pau >pa - l- u > pau Observa-se que nas palavras onde a vogal precede a letra n
(itens a, b, c e d) houve uma nasalização da mesma. Isso explica a queda do –n-
intervocálico. Nos outros itens, com a queda do –l- intervocálico houve a formação
de hiatos: coeu e pau.

5 Mostre que muitas palavras conservam, em português, as consoantes


intervocálicas –l- e –n-. Comente sobre o contexto em que elas aparecem. Consulte
bons dicionários e livros, como o de Teyssier (2001) e Coutinho (1976). Quando l ou
n eram seguidos de um yod, originário de i e e em hiato, estas consoantes passaram
a [lh] e [nh] palatais ou “molhados”; ex.: filium > port. filho, seniorem > port. senhor,
teneo > port. tenho. A queda de -l- intervocálico — Este fenômeno, provável
resultado de uma pronúncia velar do l intervocálico, ia ter consequências
importantes. Ocorreu possivelmente em fins do século X, ele incidiu sobre um
grande número de palavras e contribuiu para criar em galego-português vários
grupos de vogais em hiato. ex.: salire > sai, palatiu > paaço (hoje paço), calente >
caente (hoje quente), dolore > door (hoje dor), colore > coor (hoje cor), colubra >
coobra (hoje cobra), voluntade > voontade (hoje vontade), filu > fio, candela >
candea (hoje candeia), populu > poboo (hoje povo), periculu > perigoo (hoje perigo),
diabolu > diaboo (hoje diabo), nebula > névoa, etc. É a queda do -l- intervocálico que
explica a forma que possuem no plural as palavras terminadas em -l- no singular:
sol, plural soes, hoje sóis. Em grande número de palavras de origem semi-erudita ou
erudita, o -l- intervocálico conservou-se; ex.: escola, astrologia. Em português
moderno, os -l- intervocálicos deste tipo são inumeráveis; ex.: palácio (ao lado de
paço), calor (ao lado de quente < calente) , alimento, cálice, guloso, volume,
violento, etc. A queda do -l- intervocálico produziu-se apenas em galego-português.
A queda do -l- intervocálico produziu-se apenas em galego-português.
A queda de -n- intervocálico — Este último fenômeno produziu-se depois do
precedente, no século XI, e provavelmente ainda estava em curso no século XII, nas
vésperas do aparecimento dos primeiros textos escritos. É mais complexo que o
anterior: por exemplo, na palavra corona houve primeiro nasalização da vogal que
precede o n, donde corõna; em seguida, o n caiu e tivemos corõa, forma do galego-
português (hoje coroa). Assim, todos os n intervocálicos desapareceram depois de
terem nasaliza do a vogal precedente; ex.: vinu > vĩo, manu > mão, panatariu >
pãadeiro, mĭnūtu > mêudo, genesta > gêesta, semĭnare > semêar, arena > arêa,
luna > lũa, vicinu > vezĩo, lana > lãa, homĭnes > homêes, bonu > bõo, etc. Em todas
estas palavras a vogal nasal e a que veio a segui-la diretamente depois da queda do
n pertenciam a duas sílabas diferentes: pronunciava-se corõ-a, vĩ-o, mã-o, pã-
adeiro, mê-údo, gê-esta, semê-ar, arê-a, lũ-a, vezĩ-o, lã-a, homê-es, bõ-o, etc.
Veremos, posteriormente, como evoluíram em português estes encontros vocálicos
resultantes da sucessão de uma vogal nasal e de uma vogal oral. Esta queda do n
intervocálico, que iria ter consequências importantes na fonética e na morfologia do
português moderno, é igualmente um fenômeno particular ao galego-português.

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