Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aspectos gramaticais:
mudanças sonoras
Antes de iniciar o estudo da evolução das
palavras, observe alguns sinais gráficos
que são usados em gramática histórica:
Ditongação
Os ditongos da língua portuguesa são latinos ou
românicos, conforme remontam ao latim ou só
aparecem na época de formação dos romanços.
A tendência dos ditongos serem reduzidos a
simples vogais começa com os falantes do latim
vulgar, em formas como: CAESAR > CESAR;
POENA > PENA; CLAUDIUS > CLODIUS.
Destes ditongos: ae (pretônico) passa para i
ou e:
aequale > igual; aetate > idade;
laetitia > lediça (arcaico) e Letícia;
aestivu > estio;
aestimare > esmar (arc.) e estimar.
ae (tônico) passa para é: caelu > céu;
caecu > cego;
praesto > presto;
quaerit > quer;
faeces > fezes.
ai passa para ei:
Na última fase de uso do latim vulgar, surge o
ditongo ai, que dá ei em português. Esta mudança
teria se dado no séc. IX: *amai > amei, *hai > hei.
A perda do -o da forma *haio se explica pelo
frequente emprego proclítico deste verbo, quando
auxiliar. (haio amar > hei de amar; amar haio >
amarei)
O ai de laicu > leigo constituía em um hiato, o que
explica a sonorização: c > g.
Este ditongo pode ter se originado da queda de
fonema medial:
probavi > probai > provei, habeo > *haio > hei;
Ou pode ter provindo da transposição do -i- para a
sílaba anterior:
area > aira > eira; basiu > *baijo > beijo, (caseu >
casiu > caijo > queijo, primariu > *primairo >
primeiro;
Ou pode ter resultado da vocalização do c antes de t
e s: lacte > *laite > leite; laxare > *laixar > leixar
(port. arc.). Nas formas capiam > caiba e sapiam >
saiba não se deu a modificação do ditongo, porque a
transposição teria ocorrido em época tardia. Há
exemplos de ai > ei em documentos portugueses
desde o século IX.
au passa para ou: thesauru > tesouro, tauru > touro,
paucu > pouco, causa > cousa, lauru > louro, auru
> ouro, raucu > rouco, pausare > pousar.
Desde o Império, por influência dialetal, este ditongo
tendia a ser transformado em o, na língua da plebe:
paupere > *popere > pobre, auricula > oric(u)la >
orelha; fauce > *foce > foz; cauda > coda > coa
(arc.), laudat > *lodat > loa. No princípio de palavra,
quando átono, este ditongo perde o -u- por
dissimilação, no latim vulgar, caso a sílaba tônica
seguinte contenha a vogal u: augustu > agustu >
agosto, auguriu > *aguriu > agoiro, auscultare >
ascultare > ascuitar e escuitar (arcs.) > escutar.
O ditongo au pode ainda:
a) provir da queda de fonema medial: amavit >
amaut > amou, vado > vao > *vau > vou;
b) b) originar-se da transposição do -u- para a
sílaba anterior: habui > hauve > houve, cepi >
capui > *caube > coube, sapui > *saube >
soube;
c) c) resultar da vocalização do l antes de c, p, t:
falce > *fauce > fouce e foice, palpare >
*paupar > poupar, alt(e)ru > *autro > outro.
O ditongo eu passa para o na linguagem popular:
Eusebiu > Osébio, Eulalia > Olália ou Olalha,
Eugenio > Ogênio.
Em leuca > légua houve transposição da vogal.
Esse ditongo ocorre em um número reduzido de
palavras latinas.