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O PERÍODO INTERTESTAMENTAL E OS DOIS

TESTAMENTOS
Professor-conteudista: Eurípedes Pereira de Brito
Professor-tutor: Eurípedes Pereira de Brito

1. APRESENTAÇÃO

Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu filho, nascido sob
os homens, nascido sob a lei. (Gl. 4.4).

A disciplina O Período Intertestamental e dos dois Testamentos refere-se a um


estudo introdutório deste período rico e marcante, que começa com o final do Antigo
Testamento e termina com o início do Novo Testamento. O período Intertestamentário
abrange os quatrocentos anos entre o livro de Malaquias e o de Mateus (BAXTER,
1985, p. 11), também chamado de quatrocentos anos de silêncio, visto da ausência do
exercício da profecia e de escritos inspirados. O estudo propõe uma análise dos últimos
fatos históricos envolvendo tanto o exílio de Israel pelo Império Assírio, bem como do
exílio de Judá pelo Império Babilônico; entra no Período Intertestamental, e nos leva
naturalmente para a entrada do Período do Novo Testamento. Verificam-se os aspectos
políticos, religiosos, filosóficos, culturais e sociais do povo de Israel e dos povos que
estiveram presentes, principalmente no período intertestamental e do início do Novo
Testamento. De forma especial, busca-se compreender o mundo em que o cristianismo
lançou suas raízes. Quando abrimos o texto de Mateus, nós encontramos um mundo no
qual se encontra o povo de Deus, totalmente novo, como observa Ironside (1988 p. 6):
„O Velho Testamento se encerra com o povo de Deus restaurado à sua terra, mas
debaixo do domínio romano, e ainda mais, com um vice-rei edomita exercendo a
jurisdição sobre parte do país‟.

2. EMENTA

Estudo histórico e analítico do período Interbíblico e sua relação com o Antigo e


Novo Testamento. Análise histórica: política, social e religiosa.

3. META
Refletir sobre a importância do estudo do Período Interbíblico e sua relação com
o Antigo e o Novo Testamento.

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4. OBJETIVOS

Esperamos que no final dessa disciplina você seja capaz de:

1. Compreender e demonstrar a importância do estudo do Período Intertestamental.


2. Identificar o conteúdo do estudo do Período Intetestamental.
3. Aplicar os aspectos estudados à análise hermenêutica e exegética das Escrituras.
4. Explicar os principais assuntos políticos, religiosos, filosóficos, sociais e culturais
que abrangem este período e os que estão interligados.

5. ESTRUTURA DA DISCIPLINA

A reflexão histórico-teológica sobre o período interbíblico e sua relação com o


Antigo e Novo Testamento, será desenvolvida em dois módulos com duas unidades a
serem desenvolvidas em cinco semanas cada. Dessa forma, o curso será desenvolvido
em dez semanas, como segue:

MÓDULO I – HISTÓRIA DE ISRAEL: ASPECTOS POLÍTICOS DOS EXÍLIOS


AO PERÍODO ROMANO

Unidade I – Os exílios de Israel e Judá e o período grego

Aula 1: Os exílios de Israel e Judá e o retorno à terra prometida no período persa

Aula 2: O período grego

Aula 3: Os períodos egípcio e sírio

Unidade II – Os períodos macabeu e romano

Aula 4: O período macabeu

Aula 5: O período romano

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MÓDULO II – HISTÓRIA DE ISRAEL: RELIGIÃO, FILOSOFIA E VIDA


SECULAR

Unidade I – Os aspectos religiosos e filosóficos do Período Intertestamental e do


Novo Testamento
Aula 6: A religião e a filosofia dos gregos e romanos
Aula 7: A sinagoga, o templo e a teologia do judaísmo
Aula 8: A literatura e os grupos do judaísmo.

Unidade II – O aspecto secular do Período Intertestamental e do Novo Testamento


Aula 9: Idioma, transporte, comércio, comunicação e moradia
Aula 10: Alimentação, vestuário, classes sociais e família

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MÓDULO I – HISTÓRIA DE ISRAEL: ASPECTOS POLÍTICOS DO EXÍLIO


AO PERÍODO ROMANO

APRESENTAÇÃO

Neste módulo vamos analisar a história do domínio político e militar sobre Israel
desde o exílio do reino norte imposto pelo Império Assírio até o início domínio romano
no período do Novo Testamento. Abrangendo parte do período do Antigo Testamento,
passaremos pelo domínio greco-macedônio, o domínio egípcio e o domínio sírio, até a
independência experimentada sob os Macabeus, e chegarmos ao período romano, tudo
isso no período interbíblico, e início do período do Novo Testamento.

META

 Refletir sobre os aspectos políticos que dominaram Israel desde o período dos
exílios até o período do domínio romano.

OBJETIVOS
 Analisar os aspectos históricos do exílio do reino do norte (Israel) e do reino
do sul (Judá) e as transformações políticas e culturais sobre o povo de Deus.

 Verificar a história de Alexandre Magno, a formação do Império Grego, e as


grandes influências do helenismo no mundo.

 Estudar a história e a influência do domínio egípcio e sírio sobre os judeus no


período intertestamental.

 Analisar a independência dos judeus no período intertestamental.

 Estudar o período romano e as influências sobre o Novo Testamento.

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Este módulo está dividido em 2 (duas) unidades, subdivididas em 5 (cinco) aulas


que correspondem a 5 (cinco) semanas, como segue:

Unidade I – Os exílios de Israel e de Judá e o período grego


Aula 1: Os exílios de Israel e Judá e o retorno à terra prometida no período persa
Aula 2: O período grego
Aula 3: Os períodos egípcio e sírio

Unidade II – Os períodos hasmoneu e romano


Aula 4: O período hasmoneu
Aula 5: O período romano

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UNIDADE I – OS EXÍLIOS DE ISRAEL E DE JUDÁ NO PERÍODO GREGO


Aula 1 – Os exílios de Israel e de Judá e o retorno à terra prometida

META

 Refletir sobre os dois grandes exílios do Antigo Testamento – causas e


consequências.

OBJETIVOS
 Conhecer a história do exílio de Israel (reino do norte)
 Conhecer a história da o exílio de Judá (reino do Sul)
 Verificar o retorno terra prometida.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Olá! Esta é a nossa primeira aula do curso Período Intertestamental e os dois


Testamentos. Como você já observou na apresentação do curso, pretendemos fazer uma
reflexão e análise do domínio político-cultural em relação ao povo de Israel, nesta que é
uma das mais importantes partes históricas do povo de Deus, como uma contribuição
introdutória e analítica aos estudos da Bíblia.

Esta pesquisa também pretende contribuir de forma significativa para a


compreensão e apreciação plena das muitas cenas e incidentes sobre os quais o Novo
Testamento ergue a cortina.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Nas palavras de Tenney (2000, p. 18):

O mundo em que nasceu o cristianismo, era um mundo de grande


maleabilidade e eminentemente cosmopolita. Representava ele o patrimônio

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de três grandes raças: a oriental, a grega e a romana. Praticamente as três se


haviam fundido numa só, porém cada qual entrando com sua contribuição
especial. A oriental entrara com seu vasto quinhão de filosofia e religião.
Esta herança encontrou-a o cristianismo profundamente arraigada no
coração de ambos os mundos – judaico e gentio – mas operante ainda na
vida da época. O mundo que o cristianismo enfrentou foi evidentemente um
mundo grego porque a cultura grega permeara-o em toda a sua extensão,
sendo a língua grega veículo de uso quase universal, a ponto de Paulo
escrever em grega a carta aos romanos – à igreja situada em pleno coração
das raças latinas.

Nesta primeira unidade vamos verificar principalmente o aspecto político que


dominou o povo de Deus e grande parte do mundo da época relacionada ao Período
Intertestamental e os dois testamentos, principalmente nos aspectos que afetaram, tanto
a parcela compreendida como o reino do norte (Israel), quanto à outra parcela
compreendida como reino do sul (Judá).

1. O reino do Norte (Israel) e o exílio Assírio

O reino do Norte compreendia as dez tribos de Israel que, após a divisão do


reino davídico, ficou com a possessão da parte norte do reino de Israel. Esta parte
justamente ficou conhecida, nesse período, como Israel, e a outra parte, a do sul, como
Judá. O registro da divisão do reino nas escrituras afirma: „Assim, Israel se mantém
rebelado contra a casa de Davi, até ao dia de hoje‟ (1 Rs 12.19). Jeroboão, que foi o
primeiro rei de Israel, edificou a cidade de Siquém, onde passou a morar. Já a história
da importante cidade de Samaria começa no reinado de Onri, de Israel, o qual começou
a reinar em Tirza e posteriormente edificou a cidade de Samaria. „De Semer comprou
ele o monte de Samaria por dois talentos de prata e o fortificou; à cidade que edificou
sobre o monte, chamou-lhe Samaria, nome oriundo de Semer, dono do monte‟ (1 Rs
16.25). Samaria, portanto, passou a ser a importante capital do reino do norte.

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Por causa da rebeldia dos reis de Israel, em 722 a.C. Deus permitiu o exílio
assírio (1 Rs 17.6-18). Este foi um tempo de grande tristeza e lamento para esta porção
do povo de Deus.

PARA SABER MAIS

Veja o vídeo: „Quarta 10 - A Civilização Assíria 11Abr2012‟. O vídeo faz parte das aulas
ministradas pela Igreja Batista Central de Teixeira de Freitas. Veja o vídeo reflita e vamos
continuar nossa aula. O endereço eletrônico do vídeo é:
http://www.youtube.com/watch?v=4uW4CYALEXU.

O reino do norte teve duração de aproximadamente 200 anos; no ano de 722 a.C.,
o rei da Assíria, Sargão II conquistou a Samaria. (TOGNINI, 2009, p. 10)

TIRE SUA DÚVIDA


Síria ou Assíria? Não confundir o país Síria que teve como capital a cidade de Damasco, que
teve também uma importante parte na história, com o Império Assírio, que levou cativo Israel
em 722 a.C., e que tinha por capital a cidade de Nínive.

Os assírios viviam na antiga Mesopotâmia, região compreendida entre os rios


Tigre e Eufrates, e Nínive era a sua capital. A expansão do Império Assírio abrange o
período de 1700 a 610 a.C., ou seja, mais de mil anos. Eles eram guerreiros experientes
e expandiram o seu Império. Em 1240 a.C, conquistaram a Babilônia, e a partir daí
começaram a alargar as fronteiras do seu Império até atingirem o Egito, no norte da
África. O período de maior glória e prosperidade foi experimentado durante o reinado
de Assurbanipal (até 630 a.C.). Eles cobravam pesados impostos dos povos vencidos, o
que os levava a revoltarem-se continuamente. No reinado de Assurbanipal, os
babilônios se libertaram e, em 626 a.C. capturaram Ninive.

1.1. Os exilados

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Os filhos de Israel foram levados cativos para a Assíria e habitavam em Hala, junto
ao rio Habor e ao rio Gozâ, e também nas cidades dos medos. (1 Rs 17.6). Gente da
Mesopotâmia e da Síria foi trazida para a Samaria e se misturaram com os que ainda ali
ficaram. Por isso é que os judeus eram inimigos dos samaritanos, pois os julgavam
pagãos.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Tognini, em relação ao tipo de dominío dos assírios, observa que:

Traziam gente de diversas partes e as ajuntavam numa cidade, enquanto o


povo daquela cidade era removido para outro luar, perdendo assim a sua
origem e sepultando suas mais nobres tradições e perdendo o que lhes era
precioso e digno. Os israelenses quase que se perderam por causa desse
sistema assírio. O povo todo, ou grande parte das dez tribos foi absorvido
pelas nações orientais. (2009, p. 10).

O escritor do livro de 1 Reis registra que „assim, foi Israel transportado da sua
terra para a Assíria, onde permanece até ao dia de hoje‟. Não há registro de uma volta
considerável de membros das tribos do norte à terra natal.

1.2. A história da capital de Israel: Os samaritanos do período exílico e pós-exílico

No texto de 2 Rs 17.29, observa-se que um samaritano, antes do exílio, era um


indivíduo pertencente ao antigo reino do norte de Israel. No período posterior do exílio
imposto pela Babilônia ao reino do sul (Judá) e posteriormente até aos dias de Jesus,
samaritano era um indivíduo natural do distrito de Samaria na Palestina central, (Lc
17.11). Quando Sargão II, do Império Assírio, tomou Samaria, levou para o cativeiro
27.280 de seus habitantes, deixando ainda alguns israelitas no país. Sabendo que eles
conservavam o espírito de rebelião, planejou um meio de os desnacionalizar,
estabelecendo ali colônias de habitantes da Babilônia, de Emate (2 Rs 17.24), e da
Arábia. Estes elementos estrangeiros levaram consigo a sua idolatria. A população

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deixada em Samaria era insuficiente para o cultivo das terras, interrompido pelas
guerras, de modo que as feras começaram a invadir as povoações e a se multiplicarem
espantosamente, servindo na mão de Deus de azorrague para aquele povo. Os leões
mataram alguns dos novos colonizadores. Estes atribuíram o fato a um castigo do deus
da terra que não sabiam como apaziguar, e neste sentido pediram instruções ao rei da
Assíria, que lhes mandou um sacerdote dos que havia entre os israelitas levados para o
cativeiro. Este foi residir em Betel e começou a instruir o povo nas doutrinas de Jeová,
porém, não conseguiu que os gentios abandonassem a idolatria de seus antepassados.
Levantaram imagens de seus deuses nos lugares altos de Israel combinando a idolatria
com o culto de Jeová (2 Rs 17.25-33). Este regime híbrido de adoração permaneceu até
a queda de Jerusalém (2 Rs 34-41). Asor-Hadã continuou a política de seu avô Sargom
(Ed 4.2), e o grande e glorioso Asenafar, que talvez seja Assurbanipal, completou a obra
de seus antecessores, acrescentando à população existente mais gente vinda de Elã e de
outros lugares, (Ed 9; 10).

2. O Reino do Sul e o Exílio Babilônico

Nabucodonosor invadiu a Judéia e tomou Jerusalém em 597 a.C.. Naquele


momento apenas o rei Joaquim juntamente com a corte e os principais do povo formam
levados cativos. Matanias, tio do rei Joaquim, foi colocado no trono sob o domínio
babilônico, tendo o seu nome mudado para Zedequias (2 Rs 24.10-17).. De 597 a 586
a.C., a Judéia sofreu um tempo de opressão como reino tributário da Babilônia.

PARA SABER MAIS

Segundo Tenney (1995, p. 49, 50),

Zedequias ficou obrigado por juramento a servir o rei da Babilônia; mas era
muito forte a tentação de entender-se com o Egito, especialmente por se
tratar de um tão grande interesse: a independência. As opiniões diferiam até

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nos círculos proféticos, Ananias, filho de Azur, declarava repetidamente que


Deus quebraria o jugo da Babilônia e que dentro de dois anos, a partir de sua
predição seriam postos no seu lugar os vasos de ouro que Nabucodonosor
tinha levado do templo (Jr 28.1-4). Jeremias, por sua vez, acusava Ananias
de falsidade e profetizou que o aperto da Babilônia não seria aliviado.

Em 590, o Egito tentou dominar a própria Babilônia, sentindo que havia um


defensor. Zedequias acreditou que essa era sua oportunidade para a revolta.
Nabucodonosor pôs cerco a Jerusalém em 588. Em 586, os Babilônios abriram brechas
nas muralhas de Jerusalém e a cidade foi tomada. Assim, em 586 a.C. ocorreu o
cativeiro babilônico definitivo, imposto ao reino do sul. Zedequias, que tentou fugir,
teve seus olhos vazados, o templo foi incendiado, juntamente com o palácio real e as
mansões dos nobres. Os muros de Jerusalém foram destruídos e a população deportada.
Isso foi por volta de 200 anos antes do período intertestamental. (Jr 39. 4-10). Na
Babilônia ficaram em colônias especiais (Ez 3.15; Ed 2.59).

PARA SABER MAIS

Baxter (1985, p. 13) informa:

Considerado externa e politicamente, o curso variado da pequena nação


judaica na Palestina, simplesmente reflete a história dos diferentes impérios
mundiais e outros grandes poderes que tiveram sucessivamente o domínio
da Palestina, com excessão de uma breve conjuntura, a saber, a revolta dos
macabes, quando durante um curto período houve de novo um governo
independente.

As pessoas que estavam no exílio usufruíram de boas condições de vida na


maior parte do tempo. Mesmo após a autorização de retorno para Jerusalém por parte
dos persas, muitos preferiram permanecer no exílio. Documentos mostram nomes de
alguns judeus que, após alguns anos de exílio, tornaram–se importantes comerciantes.
A situação não era tão severa para os judeus exilados, ainda que enfrentassem
dificuldades, humilhações, e constrangimento religioso com a fé provada. Mas isso
ocorreu em momentos específicos, não sendo uma constante na vida deles.

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PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO:


Veja o vídeo: „Os Hebreus – Parte 2/2‟. O vídeo faz parte da série: Grandes Civilizações. Veja o
vídeo reflita e vamos continuar nossa aula. O vídeo anteriormente citado pode ser encontrado e
assistido diretamente no seguinte endereço eletrônico
http://www.youtube.com/watch?v=1yANbk6y454&playnext=1&list=PL20DACD9B42D54E9E
&feature=results_main.

Portanto, verifica-se que os exilados gozavam de certa liberdade, podiam


construir suas próprias casas, dedicar-se à agricultura, educar seus filhos, ganhar o seu
sustento de maneira justa e casar seus filhos (Jr 29.5ss). Este é um dado importante, pois
podemos verificar a boa mão de Deus permitindo-lhes preservar toda a sua identidade
como povo do Senhor.

2.1. A consciência do povo no exílio

Muitos exilados esperavam voltar para terra prometida. Às vezes essa esperança
era tão grande que acreditavam em falsas promessas feitas por profetas imaturos de que
isso aconteceria muito rápido, o que Jeremias teve que confrontar, trazendo de Deus a
revelação de que o tempo se cumpriria, mas que levaria bem mais tempo do que no
começo acreditavam. A esperança deles estava firmada na revelação trazida pelos
profetas que, apesar de todas as condenações contra a nação, continuavam a assegurar a
todos que a intenção do Senhor era a restauração final de seu povo na terra prometida.
Os profetas traziam palavras de juízo, mas também confortavam o povo com
palavras de esperança da parte do Senhor. O profeta Oséias, que teve um mistério tão
difícil, mostrando a infidelidade de Israel e as consequências sofridas, trouxe também a
revelação do grande amor de Deus por seu povo. Os profetas Amós e Isaias, também
ressaltaram os juízos do Senhor e sua misericórdia. O profeta Jeremias trouxe a
promessa de uma nova aliança. O profeta Ezequiel, da mesma forma, trouxe grandes

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exortações e predições sobre os juízos do Senhor, mas também revelou que haveria um
novo povo de Deus e um novo templo, no qual novamente o Senhor iria habitar.

3. O Império Medo-persa, a volta de uma parte do povo para a Palestina e o início


da construção do novo templo

Em 539 a.C. o Império da Babilônia é derrotado por Ciro da Pérsia. Ciro lançou
um edito no ano 538 a.C., ordenando a reconstrução do santuário de Jerusalém e a
devolução do inventário do templo, que havia sido apreendido por Nabucodonosor. Os
exilados então puderam voltar para sua pátria. Para Reicke (1996, p. 11) o texto
massorético afirma que „Ciro, depois da conquista da Babilônia no ano 539 a.C. livrou
os judeus do cativeiro da Babilônia, e com isso possibilitou uma nova organização do
judaísmo, que, diga-se de passagem, perdurou até o ano 70 d.C.‟ O primeiro grupo,
cerca de 50 mil pessoas, voltou a Jerusalém sob a liderança de Zorobabel, que começou
a reconstrução do templo. Vinte e um anos mais tarde, depois de muitos obstáculos, a
construção do novo templo foi completada em 515 a C.

3.2. Esdras e a restauração da Lei e do Ritual

Esdras se juntou aos que voltaram a Jerusalém com um grupo de 2000 pessoas.
Esdras foi o escriba que restaurou a Lei e o ritual no templo.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

De acordo com Reick (1996, p. 1),

Esdras deve ter chegado a Jerusalém com alguns seguidores, ´no sétimo ano
de Assuero´, como ´escrivão´, isto é, notário e relator para defender o direito
sagrado dos judeus. Uma vez que o Cronista o coloca claramente antes de
Neemias e este último pode ter surgido somente sob o reinado de Artaxerxes
I (465-425), para o cronista é o sétimo ano de Assuero e o ano 459, de

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acordo com nossas contas.

Esdras é um personagem de grande importância nesse cenário, aquele que foi o


renovador do culto judaico e da Lei. Foi considerado no judaísmo como o doutor da lei
mais reconhecido.

3.3. Neemias e a reconstrução dos muros e do Estado judaico

Neemias veio depois de Esdras. Depois de saber o estado ainda tão difícil no
qual se encontravam seus irmãos em Jerusalém, Neemias conseguiu do rei Artaxerxes I
(465-424) autorização para reorganizar a situação da Judéia. Neemias, portanto, provido
de poderes reais se dirigiu para Jerusalém como „Governador de Judá‟ (Ne 5.14).
Neemias tinha a árdua missão de fortificar e reconstruir a cidade. A sua
nomeação como governador de Judá tinha um significado muito relevante. A região de
Jerusalém, como antigo reino, fora elevado agora à categoria de província autónoma.
Isso causou muito rancor a Sambalá, pois ele dominava, a partir de Samaria, toda aquela
região, e é por isso que ele aparece tentando por tudo impedir os planos de Neemias.
Portanto, a reconstrução do muro não teve somente caráter de fortificação, mas também
consequências políticas. Jerusalém se tornara capital de uma província.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Metzger observa:

Desde o início de seu encargo, Neemias deparou com a inimizade de


Sambalá, governador de Samaria à cuja província Judá então pertencera.
Com a constituição de Judá como província autônoma, a circunscrição de
Sambalá havia sido restrita. Sambalá havia encontrado apoio do
governador da Transjordânia, Tobias que também se sentia ameaçado com
o surgimento de uma província que seria sua vizinha próxima. (METZGER,
1984, p. 137).

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Contudo, é importante registrar que grande parte dos judeus e parte dos
membros que pertencia ao Reino do Norte, não voltara para a terra.

PARA SABER MAIS


Veja o vídeo: „Diáspora judía‟, produzido por Ana María Prieto Hernández. O vídeo é sobre a
diáspora judaica; e foi produzido com fins didáticos para para Sec'21 a partir de un programa
para Telesecundaria. Veja o vídeo e reflita sobre este importante tema para a continuação da
nossa aula. O endereço eletrônico do vídeo é:
http://www.youtube.com/watch?v=DtgAFSdsul4.

PARA SABER MAIS

A diferença do tratamento dos assírios e dos babilônicos

Um aspecto importante dentre tantos outros a se observar, é o da maneira diferente que


os Assírios agiam com os povos cativos. Como nos narra a história, eles destruíam as nações
possuídas, levavam cativos para outros lugares os povos dominados, deixando apenas uma
pequena quantidade de pessoas pobres na terra, e traziam outros povos para habitarem nas
terras dominadas. Havia uma intencionalidade de destruir a identidade do povo dominado, o
que se observa de forma diferente no domínio imposto pelos babilônios, que permitiram os
judeus preservarem toda a sua cultura no exílio, exceto em momentos específicos nos quais
foram provados terrivelmente diante das tentativas de que eles adorassem os ídolos dos povos.

SINTESE DA AULA

Nessa aula você estudou sobre:


1. A história do exílio de Israel (reino do norte)
2. A história do exílio de Judá (reino do sul)
3. O retorno à terra prometida com a reconstrução do templo, o retorno à observância da
lei, e a reconstrução de Jerusalém.

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Aula 2 – O período grego

META
 Refletir sobre o período do domínio Grego sobre o mundo e de forma
específica sobre a Palestina.

OBJETIVOS
 Estudar a vida de Alexandre Magno
 Analisar o que foi o helenismo
 Compreender o domínio e a influência da cultura grega no mundo.
 Verificar a contribuição da cultura grega para a futura divulgação do
evangelho.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Olá pessoal! O que passamos a ver a partir desse momento está relacionado ao
Período Intertestamental própriamente dito. Esse período foi chamado também de
Quatrocentos anos de silêncio (de Malaquias a Mateus). Este termo, inclusive, é usado
como título da obra do Prof. Ironside, Quatrocentos Anos de Silêncio: de Malaquias a
Mateus. O mundo jamais seria o mesmo após as conquistas de Alexandre Magno,
chamado também de Alexandre, o Grande. A cultura grega, denominada de cultura
helênica, passa a ter um domínio tão extenso e forte que pode ser visto na cultura
mundial de forma muito forte até os dias de hoje, principalmente nos aspectos
filosóficos que norteiam a sociedade. Mesmo nos dias do grande Império Romano, a
cultura helênica continuava a dominar as multidões. A filosofia, a religião e as artes

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estavam impregnadas pela cultura helênica, inclusive, a língua mais falada no grande
Império Romano nos dias de Jesus não era o latim, e sim o grego.

Alexandre Magno era filho do imperador Fellipe II da Macedônia. Nasceu em


356 a .C, na região de Pella na Babilônia. Sua educação foi recebida de Aristóteles, de
quem reecebeu toda influência da cultura grega. Apresentou sua vocação para governar
desde muito sedo e, já aos 16 anos de idade, ajudava o pai nas tarefas administrativas do
império macedônico. Por volta de seus 22 anos, teve que assumir o trono, diante do
assassinato de seu pai.
O pai de Alexandre, Felipe II, durante o seu reinado já havia conquistado
algumas cidades da Grécia, mas foi durante o reinado de Alexandre que o domínio
macedônio se ampliou sob as cidades gregas. Em 333 a .C, conquistou a Pérsia de Dario
III, utilizando um exército formado por trinta mil soldados muito bem preparados.
Transferiu para a Babilônia toda a corte, passando a comandar o império desta região.
Logo em seguida, partiu para conquistar a Síria e a Fenícia.
Dando continuidade às conquistas, os macedônicos dominaram a região de Gaza
e o Egito. Nesta região aplicou uma conquista amigável e diplomática, pois os egípcios
não resistiram com violência ao exército macedônico. Em contrapartida, Alexandre
respeitou a cultura e deu liberdade de culto aos egípcios. Fundou no Egito a importante
cidade de Alexandria, com a construção do monumental Farol de Alexandria (uma das
sete maravilhas do mundo).
Seu exército recusou prosseguir quando numa longa viagem tentaram conquistar
a Índia, uma vez que os combatentes estavam exaustos, e decidiram voltar para a
Babilônia. Há duas versões para sua morte: a de que ele teria contraído uma forte febre
e falecido; e a outra que ele teria sido ferido nas batalhas e morto. O fato é que ele
morreu muito com 33 anos de idade, ou seja, ainda muito jovem.

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PARA SABER MAIS

Veja o vídeo: A Grécia Antiga - Parte 2/2‟. O vídeo faz parte da série Grandes civilizações.
Veja o vídeo reflita e vamos continuar nossa aula. O vídeo pode ser encontrado no endereço
eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=y7pBYr6lY2A

A vida de Alexandre Magno foi de grande importância para o mundo. Além das
questões políticas e militares, possivelmente o ponto principal de sua grande influência
tenha sido o cultural, pois ele foi o responsável por divulgar a língua e a cultura gregas
pelas regiões conquistadas. A fusão da cultura oriental com a grega originou a cultura
helênica, que influencia o mundo até os dias atuais. O idioma grego tornou-se a língua
franca e dominava até a Roma dos dias do Novo Testamento. O grego era a língua
comumente usada tanto no comércio como na diplomacia. Da influência do helenismo
não se livraram nem mesmo os judeus pós-exílicos, visto da aparente pacificação e
domínio dos gregos sobre os judeus. (GUNDRY, 1999, p. 3).

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Flávio Josefo registra que quando Alexandre o Grande, marchou contra Jerusalém ele estava
disposto destruir a cidade, pois os tinha como inimigos:

Quando este ilustre conquistador tomou esta última cidade, ele avançou para
Jerusalém e o grão-sacrificador Jado, que bem conhecia sua cólera contra
ele, vendo-se com todo o povo em tão grande perigo, recorreu a Deus,
ordenou orações públicas para implorar o seu auxílio e ofereceu-lhe
sacrifícios. Deus lhe apareceu em sonhos na noite seguinte e disse-lhe que
fizesse espalhar flores pela cidade, mandar abrir todas as portas e ir
revestido de seus hábitos pontificiais, com todos os santificadores, também
assim revestidos e todos os demais vestidos de branco, ao encontro de
Alexandre, sem nada temer do soberano, porque ele os protegeria. Jado
comunicou com grande alegria a todo o povo a revelação que tivera e todos
se prepararam para esperar a vinda do rei. Quando se soube que ele já estava
perto, o grão-sacrificador, acompanhado pelos outros sacrificadores e por
todo o povo, foi ao seu encontro, com essa tão santa e tão diferente das
outras nações, até o lugar denominado que em grego significa mirante,
porque lá se podem ver a cidade de Jerusalém e o templo. [...] O soberano
apenas viu aquela grande multidão de homens vestidos de branco, os
sacrificadores revestidos com seus paramentos de linho e o grão sacrificador
com seu éfode, de cor azul adornado de outro sobre a qual estava escrito o
nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e

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saudou o grão-sacrificador, ao qual ninguém ainda havia saudado.


(JOSEFO, 2000, p. 273, 274)

Bom! Para encurtar, resumimos a história registrada por Josefo, segundo a qual
Alexandre, que reconheceu em Jado o cumprimento de um sonho, não só poupou
Jerusalém e ofereceu sacrifício a Jeová, mas também ouviu a leitura das profecias de
Daniel referentes à queda do império persa por meio de um rei da Grécia. Desde então
ele tratou os judeus com marcada preferência, concedendo-lhes plenos direitos de
cidadania com os gregos em sua nova cidade, Alexandria, e em outras cidades.
A atitude de Alexandre trouxe paz entre os judeus e os gregos. Infelizmente essa
paz acabou gerando tendências pró-gregas no meio do povo de Deus. A difusão da
língua e civilização gregas feita por Alexandre, trouxe repercussões a longo prazo no
espírito helenista que se desenvolveu entre os judeus e afetou grandemente sua
perspectiva cultural no decorrer da história.
Alexandre faleceu muito novo, apenas com 33 anos (323 A C). Com isso o seu
grande império foi divido por seus principais generais: Ptolomeu ficou com o Egito e a
Síria Meridional; Seleuco exigiu a maior parte do território da Síria Setentrional e, para
o oeste, através da Ásia Menor, incluindo a Frígia; Lisímaco obteve a Trácia e a parte
ocidental da Ásia Menor; e Cassandro dominou a Macedônia e a Grécia.
As duas que são mais importantes no desenvolvimento histórico do período
interbíblico e do Novo Testamento são: a porção dos Ptolomeus e a dos Selêucidas.

SÍNTESE DA AULA:

Nessa aula você estudou sobre:


1. Alexandre Magno, também conhecido como Alexandre o Grande, o fundador do Império e da
cultura grega.
2. O helenismo como a cultura que dominou o mundo.
3. A contribuição da cultura grega para a futura divulgação do evangelho.

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Sala 3 – O período Egípcio e Sírio

META
 Refletir sobre o período dos domínios Egípcio e Sírio na Palestina

OBJETIVOS
 Verificar as influências do domínio Egípcio na Palestina.
 Verificar as influências do domínio Sírio na Palestina.
 Analisar a tentativa de destruição do judaísmo por Antíoco Epifânio.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Olá turma! Vimos na última aula como a cultura helênica dominou o mundo por
meio do império de Alexandre Magno, que morreu muito novo, deixando o seu império
nas mãos de seus quatro generais, que vieram por sua feita a dividi-lo. As partes do
império que afetaram a história do povo judeu foram a dos Ptolomeus e dos Selêucidas.
Fato importante a se destacar é que, ainda que passemos a chamar de períodos egípcio e
sírio, essas regiões estavam influenciadas pelos generais e domínio grego, o que poderia
ainda ser chamado de período grego, pois o helenismo domina tanto numa região como
na outra. E aqui começa o Período Intertestamental propriamente dito, com o Império
Grego e sua grande influência sobre o mundo.

PARA SABER MAIS

Veja o vídeo: 400 Anos [Four Hundred Years] Vídeo vencedor do eXchange Festival 2011.
Fala sobre o período intertestamentário (entre o velho e novo testamento) que durou por volta
de 400 anos e é chamado por alguns de „quatrocentos anos de silêncio‟. Veja o vídeo reflita e

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vamos continuar nossa aula. O vídeo pode ser encontrado no endereço eletrônico:
http://www.youtube.com/watch?v=KsQ9nda2LT0

1. Governo dos ptolomeus (também chamado de período Egípcio)

A parte do Império Grego que ficou com o general Ptolomeu centralizava-se no


Egito, tendo Alexandria por capital. Conforme Gundry (2008, p. 31) „a dinastia
governante naquela fatia do império veio a ser conhecida como os Ptolomeus.
Cleópatra, que morreu no ano 30 a C., foi o último membro da dinastia dos Ptolomeus‟.
Premida entre o Egito e a Síria, a Palestina tornou-se vítima das rivalidades
entre os Ptolomeus e os Selêucidas. A princípio os Ptolomeus dominaram a Palestina
por cento e vinte e dois anos (320-198 A C). Os judeus gozaram de boas condições
gerais durante esse período. De acordo com uma antiga tradição foi sob Ptolomeu
Filadelfo (285-246 a.C.) que setenta e dois eruditos judeus começaram a tradução do
Antigo Testamento hebraico para o grego, versão essa que se chamou Septuaginta.
No começo foi feita a tradução das porções restantes do Antigo Testamento. A
obra foi realizada no Egito, aparentemente em benefício de judeus que compreendiam o
grego melhor que o hebraico e, contrariamente à tradição, provavelmente foi efetuada
por judeus egípcios, e não por judeus palestinos. O numeral romano LXX (pois setenta
é o número redondo mais próximo de setenta e dois) tornou-se o símbolo comum dessa
versão do Antigo Testamento.

2. O governo dos selêucidas (também chamado de período Sírio)

Tendo por capital a cidade de Antioquia, os selêucidas dominaram a região da


Síria e procuravam constantemente dominar o Egito. Os judeus, por seu território estar
estratégicamente entre estes dois reinos, alguns dentre a casa ali reinante receberam o
apodo de Seleuco, mas diversos outros foram chamados Antíoco. Os romanos
dominaram completamente a Síria e, em 64 a.C. chegou ao fim o império selêucida.

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2.1. Dois pontos importantes a serem notados

Primeiro: nessa época a Palestina dividiu-se em cinco províncias, as quais


encontramos nos tempos do Novo Testamento, a saber: Judéia, Samaria, Galiléia,
Peréia, Traconites (algumas vezes as três primeiras são chamadas coletivamente de
Judéia).
Segundo: este período sírio foi o mais trágico da era intertestamentária para os
judeus na pátria (BAXTER, 1985, p. 17).
As tentativas dos Selêucidas para conquistar a Palestina, quer por invasão quer
por alianças matrimoniais, deram em fracasso, até que Antíoco III derrotou o Egito em
198 A C. Surgiu nessa ocasião, na Judéia, um partido com ideias gregas, tentando uma
transformação radical na cultura judaica pela imposição da cultura helênica. O próprio
rei substituiu ao sumo sacerdote judeu Onias III pelo irmão deste, Jasom, helenizante, o
qual planejava transformar Jerusalém em uma cidade grega.

PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO


Gundry observou em sua pesquisa que:

Foi erigido um ginásio com uma pista de corridas adjacente. Ali rapazes
judeus se exercitavam despidos, à moda grega, para ultraje dos judeus
piedosos. As competições de corredores eram inauguradas com invocações
feitas às divindades pagãs, e até sacerdotes judeus chegaram a participar de
tais acontecimentos. O processo de helenização incluía ainda: a frequência
aos teatros gregos, a adoção de vestes do estilo grego, a cirurgia que visava à
remoção das marcas da circuncisão, e a mudança de nomes hebreus por
gregos. Os judeus que se opunham à paganização de sua cultura eram
chamados Hasidim, „os piedosos‟, o que a grosso modo equivale a puritanos.
(GUNDRY, 1999, p. 5 ).

Antíoco Epifânio acabou por substituir a Jasom, embora tenha sido escolhido
por ele mesmo para o sumo sacerdócio, por Menelau, outro judeu helenizante, pelo que
tudo parece, apenas porque Menelau oferecera a Antíoco um tributo mais elevado. Os

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judeus piedosos ficaram irados com a situação, visto que Menelau talvez nem fosse de
família sacerdotal. Jasom, o sumo sacerdote, que havia sido substituído por Epifâneo,
recebeu notícias falsas de que Antíoco fora morto no Egito. Jasom retirou de Menelau o
controle da cidade para si mesmo. O amargurado Antíoco, espicaçado pela derrota
psicológica que sofrera às mãos dos romanos, interpretou a atitude de Jasom com uma
revolta, e enviou seus soldados para punirem os rebeldes e reintegrarem Menelau no
ofício sumo sacerdotal. Baxter (1985, p. 18) observa que Antíoco Epifâneo
„Descarregou seu ódio em forma de uma terrrível devastação em 170 a.C. Jerusalém foi
saqueada, os muros derrubados‟. Nesse processo, saquearam e profanaram o templo de
Jerusalém e passaram ao fio da espada a muitos de seus habitantes tratando o povo com
terrível crueldade.
Enviou, então, seu general, um grande exército, declarando o judaísmo ilegal e
impuseram o paganismo à força, como um meio de consolidar o seu império e de
refazer o seu tesouro. Saquearam Jerusalém, derrubaram suas casas e muralhas e
incendiaram a cidade. Varões judeus foram mortos em bom número, e mulheres e
crianças foram escravizadas. (GUNDRY, 1999, p. 8). Proibiram a circuncisão, observar
o sábado, celebrar as festividades judaicas ou possuir cópias do Antigo Testamento.
Muitos manuscritos do Antigo Testamento foram destruídos. Os sacrifícios pagãos,
principalmente sacríficios de porcos tornaram-se compulsórios, tal como os cortejos em
honra a Dionísio (ou Baco), o deus grego do vinho. (JOSEFO, 2000, p. 287).
Mandou também construir um altar no templo e oferecia sacrifícios de porcos no
templo, e os que lhe desobedeciam eram mortos cruelmente. Também uma estátua de
Epifânio foi erigida no templo. Animais execrados pelos preceitos mosaicos foram
sacrificados sobre o altar. Até mesmo a prostituição „sagrada‟ passou a ser praticada no
recinto sagrado. (GUNDRY 1999, p. 9).

SÍNTESE DA AULA

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Nessa aula você estudou sobre:


1. As influências do domínio egípcio na Palestina, período de certa paz na Palestina,
Tradução do Antigo Testamento do Hebráico para o Grego – a Septuaginta.

2. As influências do domínio sírio na Palestina, período de grande turbulência para os


judeus.

3. A tentativa de destruição do judaísmo por Antíoco Epifânio.

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UNIDADE II – OS PERÍODOS HASMONEU E ROMANO

Aula 4 – O período Hasmoneu

META

 Refletir sobre o período do domínio hasmoneano sobre a Palestina.

OBJETIVOS

 Analisar a revolta de Matatias e seus filhos.

 Verificar o tempo de independência sob os hasmoneanos.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Olá turma! Este é um dos momentos históricos considerados como de grande


importância na história do povo judeu. Não fora a revolta do sacerdote Matatias com
seus filhos, não sabemos o que teria sobrado da cultura judaica diante das terríveis
pretensões de Antioco Epifânio IV, governante da Síria. A independência dos judeus
nesse período é celebrada ainda hoje entre os judeus espalhados pelo mundo.

1. A resistência hasmoneana

Não suportando mais a opressão de Antioco Epifâneo, Matatias que era um


sacerdote, e seus filhos, encabeçaram uma revolta que trouxe a libertação dos judeus
naqueles dias.

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COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Gundry afirma que:


A resistência judaica fez-se sentir prontamente. Na aldeia de Modim, um
agente real de Antíoco instou com um já idoso sacerdote, de nome Matatias,
a que desse exemplo aos habitantes da aldeia oferecendo um sacrifício
pagão. Matatias se recusou a tal. E quando um outro judeu deu um passo à
frente em anuência, Matatias tirou-lhe a vida, matou o agente real, demoliu o
altar e fugiu para a região montanhosa na companhia de cinco de seus filhos
e de outros simpatizantes. E foi assim que teve início a Revolta dos
Macabeus, em 167 A C, sob a liderança da família de Matatias,
coletivamente chamados de Hasmoneanos, por causa de Hasmon, bisavô de
Matatias, ou de Macabeus, devido ao apelido „Macabeu‟ („Martelo‟),
conferido a Judas, um dos filhos de Matatias. Judas Macabeu encabeçou um
campanha de guerrilhas de extraordinário sucesso, até que os judeus se
viram capazes de derrotar os sírios em campo de batalha regular. (163 A C).
(GUNDRY, 1999, p. 10).

2. Período de independência

Assim, Matatias e seus filhos conseguiram recuperar o domínio da Palestina,


após a expulsão das tropas sírias de Jerusalém.

PARA SABER MAIS

Veja o vídeo: „Hanukkah - A festa das luzes‟. O vídeo apresenta a festa das luzes dos judeus
que se chama hannukah. Esta festa importante do calendário Judaico está ligada ao marco
histórico da libertação de Israel nos dias dos Hasmoneus. Saiba mais assistindo esse video,
produzido em parceria com o blog alegriaesantidade.blogspot.com. O vídeo pode ser
encontrado no endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=YsQ797k5MFk

Judas Macabeu foi morto em batalha (160 A C), e seus irmãos, Jônatas e
posteriormente, Simão, sucederam-no na liderança. Jônatas começou a reconstruir as
muralhas danificadas e os edifícios de Jerusalém. Assumiu, igualmente, o ofício sumo
sacerdotal. Simão conseguiu o reconhecimento da independência judaica da parte de
Demétrio II, um dos que competia pela coroa dos Selêucidas, tendo renovado um
tratado com Roma que originalmente fora firmado por Judas. Segundo Ironside (1988,
p. 78) „por um curto prazo, a terra gozou de descanso e properidade sob a sábia

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liderança de Simão. As cidades foram reconstruídas, os campos, e as artes pacíficas


mais uma vez avançaram‟. Simão foi proclamado em assembléia publica como o grande
sumo sacerdote, comandante e líder dos judeus. Ele passou a reunir oficialmente em sua
pessoa a liderança religiosa, militar e política do estado judeu.

PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO

Segundo Gundry,

A história subsequente da dinastia hasmoneana. (142-37 A C) consiste de


um relato de contendas internas, derivadas da ambição pelo poder. Os
propósitos políticos e as intrigas dos Hasmoneanos alienaram muitos dos
Hasidim, de inclinações religiosas, os quais vieram a ser mais tarde os
fariseus e os essênios, semelhantes àqueles que produziram os Papiros do
Mar Morto, estabelecidos em Qumran. Os partidários aristocráticos, de
pendores políticos, do sacerdócio hasmoneano, vieram a ser os saduceus.
(GUNDRY, 1999, p. 10).

Finalmente, porém, o general romano Pompeu subjugou a Palestina (63 A C).


Durante o período do Novo Testamento, a Palestina estava dominada, portanto pelo
poderio romano.

SÍNTESE DA AULA

Nessa aula você estudou sobre:


1. A revolta de matatias e seus filhos.
2. O tempo de independência sob os hasmoneanos.

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Aula 5 – O período Romano

META
 Refletir sobre o domínio romano sobre a palestina;

OBJETIVOS
 Analisar a expansão romana e a influência no mundo.
 Estudar sobre os imperadores romanos.
 Verificar os aspectos políticos do império romano.
 Analisar a história da dinastia herodiana.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

1. A expansão romana

Desde o século VIII a.C., já se apontava no cenário mundial a cidade de Roma, e


no século V a.C. Após dois séculos de guerras com a cidade rival de Cartago, na África
do Norte, Roma foi vitoriosa (146 a.C). Com as grandes conquistas de Pompeu, Júlio
Cezar e seu sobrinho Otávio, Roma cresceu de forma surpreendente. Otávio mais tarde
veio a ser conhecido como Augusto, após derrotar as forças de Antônio e Cleópatra, na
batalha naval de Ácio, na Grécia, em 31 a.C., tornando-se então o primeiro imperador
Romano. Nesse tempo o domínio romano já se estendia por uma imensa faixa
geográfica mundial.

PARA SABER MAIS

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Veja o vídeo: „Império Romano (Parte 1 de 2) – Publicado pelo canladasvideoaula, o vídeo faz
parte da série Grandes Civilizações‟. Episódio da série „Grandes Civilizações‟, que conta de
maneira didática a história de povos importantes para a evolução da humanidade. Veja o vídeo,
reflita e vamos continuar nossa aula. O endereço eletrônico do vídeo é:
http://www.youtube.com/watch?v=zQ4GM6Iy-4I.

A conquista de Jerusalém por Pompeu encerrou o período de independência dos


judeus. Nesse período a Judéia, então, passou a ser uma provínvia romana. Pompeu
tirou do sumo sacerdote João Hircano completamente seus poderes reais, retendo apenas
a função sacerdotal. O sumo sacerdote João Hircano foi o último da linhagem de sumo
sacerdotes hasmoneus e macabeus. Antípater, o idumeu, foi nomeado procurador da
Judéia e passou a governar a região em 47 a.C., ainda que com muito desgosto dos
judeus. (BAXTER, 1985, p. 22,23).
Depois do período de expansão territorial, veio o período chamado de Pax
Romana, visto que não havia nesse tempo qualquer resistência considerável ao império.
Os judeus, no entanto, procuraram sua independência mediante grandes revoltas, que os
romanos esmagaram nos anos de 70 e 135 d. C. Jerusalém foi destruída e os judeus
dispersos pelo mundo. Para o cristianismo, contudo, essa unidade prevalente e a
estabilidade política do mundo civilizado sob a hegemonia de Roma facilitaram a
propagação do evangelho.

2. Imperadores romanos

Veja o quadro apresentado por Gundry (1999, p. 11) dos imperadores romanos e
seu domínio, alistados com as datas de seus respectivos governos, e o vínculo com as
narrações encontradas na Bíblia:

Augusto (27 A C - 14 D C), sob quem ocorreram o nascimento de Jesus, o recenseamento


ligado ao Seu nascimento, e os primórdios do culto ao imperador; Tibério (14-37 DC), sob
quem Jesus efetuou o Seu ministério público e foi morto;

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Calígula (37-41 DC), que exigiu que se lhe prestasse culto e ordenou que sua estátua fosse
colocado no templo de Jerusalém, mas veio a falecer antes que sua ordem fosse cumprida;
Cláudio (41-54 DC), que expulsou de Roma os residentes judeus, entre os quais estavam
Áquila e Priscila, por motivo de distúrbios civis;
Nero (54-68 DC), que perseguiu os cristãos, embora provavelmente somente nas cercanias de
Roma, e sob quem Pedro e Paulo foram martirizados;
Vespasiano (69-79 DC), o qual, quando ainda general romano começou a esmagar uma revolta
dos judeus, tornou-se imperador e deixou o restante da tarefa ao encargo de seu filho, Tito,
numa campanha que atingiu seu clímax com a destruição de Jerusalém e seu templo, em 70
DC.;
Domiciano (81-96 DC), cuja perseguição contra a Igreja provavelmente serviu de pano-de-
fundo para a escrita do Apocalipse, como encorajamento para os cristãos oprimidos.

3. Aspectos políticos na Palestina sob o Império Romano

3.1. A assendência edomita

Como já vimos, Antípater, um idumeu, (os idumeus eram descendentes de Esaú),


havia subido ao poder contando com o favor dos romanos. Antipater angariou o favor
de Cézar durante sua expedição contra os do Ponto e os da Capadócia e, em troca, o
ditator lhe concedeu o direito de cidadão livre em Roma, e o designou procurador da
Judéia. No início Antipater teve apoio de João Hircano no Sacerdócio de Jerusalém.
Considerando a si mesmo em idade avançada para os encargos que lhe demandavam
como procurar, nomeou Herodes para assumir o cargo. (IRONSIDE, 1988, p. 100).

Posteriormente Roma aprovou o ofício real de Herodes, filho de Antipas, o qual


veio a se casar com Mariamne (hasmonea, neta de Hircano). Na tentativa de agradar os
judeus também nomeou o irmão de Mariamne, Arístóbulo, como sumo sacerdote.
Herodes foi forçado a obter o controle da Palestina mediante o poder das armas,
mas também procurou agradar os judeus com um grande embelezamento de Jerusalém e
reformas explendorosas no templo dos judeus. O templo de Jerusalém foi decorado com
mármore branco e pedras preciosas. Mas sua crueldade era notável.
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COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO:

Grundy observa que:

Tendo por antepassados os idumeus (descendentes de Esaú), por isso mesmo


não era visto com bons olhos pelos judeus. Herodes era individuo astuto,
invejoso e cruel; assassinou a duas de suas próprias esposas e pelo menos a
três de seus próprios filhos. Foi ele quem ordenou a matança dos infantes de
Belém, em consonância com a narrativa da natividade por Mateus. De certa
feita Augusto disse que era melhor ser um porco de Herodes que um filho
seu (jogo de palavras, porquanto no grego as palavras que significam porco
e filho são muito parecidas). (GUNDRY, 2008, p. 40).

Herodes no seu governo exercia seu controle sobre o povo por polícia secreta,
toque de recolher e pesados impostos. Para amenisar a situação como político astuto,
também distribuía cereal gratuito em períodos de fome e apoiava a liberdade do povo
em suas festas.
Os filhos de Herodes, após a morte de seu pai, passaram a governar porções
separadas da Palestina. Veja o quadro que Gundry (1999, p.15) nos apresenta da
dinastia herodiana:

A dinastia herodiana

Arquelau: tornou-se etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia;


Herodes Filipe: tetrarca da Ituréia, Traconites, Gaulanites, Auranitres e Batanéia;
Herodes Antipas: tetrarca da Galiléia e Peréia. João Batista repreendeu a Antipas por haver-se
divorciado de sua esposa para casar-se com Herodias, esposa de seu meio-irmão. Quando
Herodias induziu sua filha dançarina a que pedisse a cabeça de João Batista, Antipas acedeu à
horrenda solicitação (Mc 6Ç17-29 - Mt 14: 13-32). Jesus chamou a Herodes Antipas de „essa
raposa‟ (Lc 13:32), e mais tarde teve de enfrentar o juízo deste em tribunal (Lc 23: 7-12).
Herodes Agripa I: neto de Herodes o Grande, executou o apóstolo Tiago, filho de Zebedeu, e
também encarcerou a Pedro (Atos 12).
Herodes Agripa II: bisneto de Herodes o Grande, ouviu Paulo em sua auto-defesa (At 25,
26).]

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PARA SABER MAIS

Veja o vídeo: „Império Romano (Parte 2 de 2) – Publicado pelo canladasvideoaula, o vídeo faz
parte da série Grandes Civilizações‟. Episódio da série „Grandes Civilizações‟, que conta de
maneira didática a história de povos importantes para a evolução da humanidade. Veja o vídeo,
reflita e vamos continuar nossa aula. O endereço eletrônico do vídeo é:
http://www.youtube.com/watch?v=FSFX5PCgcAI.

3.2. Governadores romanos na Palestina

Herodes Arquelau, que reinava na Judéia, em Samaria e na Iduméia, foi um


péssimo governador. Seus desmandos provocaram sua remoção do ofício e seu
banimento por ordens de Augusto, em 6 d.C. Gundry (1999, p. 16) obseva que „esses
mesmos desmandos tinham sido a causa pela qual José, Maria e Jesus, ao regressarem
do Egito, tiveram de estabelecer-se em Nazaré da Galiléia, ao invés de faze-lo em
Belém da Judeia (Mt 2:21-23)‟.
O Imperador passou a colocar governadores vinculados diretamente com roma
no território. Pôncio Pilatos foi o juiz de Jesus. Os governadores Félix e Festo ouviram a
exposição do caso de Paulo (Atos 23-26). E quando o governador Floro pilhou o tesouro
do templo, isso foi o estopim da revolta dos judeus em 66-73 DC.
Esses governadores romanos, bem como os filhos de Herodes, permitiam o
sacerdócio judaico e o Sinédrio (Tribunal dos Judeus) controlar boa parte das questões
locais que afetavam a vida do povo.

SÍNTESE DA AULA
Nessa aula você estudou sobre:
1. A expansão romana e a influência no mundo.
2. Os imperadores romanos.
3. Os aspectos políticos do império romano.
4. A história da dinastia herodiana e seu domínio sobre a palestina.

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MÓDULO II - RELIGIÃO, FILOSOFIA E VIDA SECULAR DO PERÍODO


INTERTESTAMENTAL E DO NOVO TESTAMENTO

APRESENTAÇÃO

Neste Módulo você terá contato com conhecimento sobre a religião, a filosofia e
a vida secular no período que estamos estudando. São informações valiosas para você,
como estudante da Bíblia, porque faz parte do pano de fundo que ajudará você a
compreender, especialmente, o Novo Testamneto.

META
 Refletir sobre os aspectos religiosos, filosóficos e seculares que influenciaram
a vida de Israel e o povo da terra, desde o período dos exílios até o período
Romano.

OBJETIVOS
 Analisar os aspectos religiosos do período intertestamental e do Novo
Testamento desde suas origens nos exílios até o período romano.
 Analisar os aspectos filosóficos do período intertestamental.
 Verificar os aspectos seculares que envolviam a vida das pessoas no período
interbíblico e período romano.

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Este módulo está dividido em 2 (duas) unidades, subdivididas em 5 (cinco) aulas


que correspondem a 5 (cinco) semanas, como segue:

Unidade I – O Aspecto religioso e filosófico do período intertestamental e do Novo


Testamento
Aula 6: A Religião e a filosofia dos gregos e romanos
Aula 7: A sinagoga, o templo e a teologia do Judaísmo
Aula 8: A literatura e os grupos do Judaísmo

Unidade II – O Aspecto secular do período intertestamental e do Novo Testamento


Aula 9: Idioma, transporte, comércio, comunicação e moradia
Aula 10: Alimentação, vestuário, classes sociais e família.

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UNIDADE I – O ASPECTO RELIGIOSO E FILOSÓFICO


Aula 6: A religião e a filosofia dos gregos e romanos

META
 Refletir sobre o estado religioso e filosófico do período intertestamental e do
Novo Testamento.

OBJETIVOS
 Analisar a história da mitologia grega e as religiões de mistério.
 Compreender a religião oficial no império romano.
 Verificar o culto ao imperador.
 Compreender os aspectos filosóficos que dominaram a história.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Vamos falar da religião dos tempos intertestamentários? Esse é um dos itens


mais importantes para que você compreenda o mundo no qual Jesus chegou, viveu e,
especialmente, pregou.

1. A religião

1.1. Mitologia grega e as religiões

Os vários deuses dos gregos, apesar de serem vistos como imortais, possuíam
características de comportamentos e atitudes semelhantes aos seres humanos. Maldade,
bondade, egoísmo, fraqueza, força, vingança e outras características estavam presentes

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nos deuses, segundo os gregos antigos. Eles acreditavam que as divindades habitavam o
topo do Monte Olimpo, de onde decidiam a vida dos mortais.
As entidades diversas representavam forças da natureza ou sentimentos
humanos. Poseidon, por exemplo, era o representante dos mares e Afrodite a deusa da
beleza corporal e do amor. A mitologia grega era passada de forma oral de pai para filho
e, muitas vezes, servia para explicar fenômenos da natureza ou passar conselhos de
vida. Ao invadir e dominar a Grécia, os romanos absorveram o panteão grego,
modificando apenas os nomes dos deuses.
Considerado a divindade suprema do panteão grego, Zeus era filho de Cronos.
Cronos era canibal e devorava os seus próprios filhos conforme iam nascendo.

PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO

Gundry observa que:

A mãe de Zeus salvou ao seu infante ao entregar a Cronos uma pedra


envolta em cobertores infantis, para que a engolisse. Ao atingir a idade
adulta. Zeus derrubou seu pai e dividiu os domínios daquele com seus dois
irmãos. Poseidom, que passou governar os mares e Hades, que se tornou
senhor do mundo inferior. O próprio Zeus pôs-se a governar os céus. Os
deuses tinham acesso à terra, vindos de sua capital, o monte Olimpo, na
Grécia. De acordo com a mitologia Zeus era forçado a abafar ocasionais
rebeliões da parte dos deuses, os quais exibiam pendores perfeitamente
humanos de paixões e concupiscências, de amor e ciúmes, de ira e ódio. De
fato os deuses seriam superiores aos homens somente quanto ao poderr, à
inteligência e à imortalidade – mas por certo não quanto à imoralidade.
(GUNDRY, 1999, p. 37).

Veja a relação de outras divindades da mitologia grega e suas principais


características:

1.1.1. Afrodite – amor.

1.1.2. Ares – guerra.

1.1.3. Hades - mundo dos mortos e do subterrâneo.

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1.1.4. Hera - protetora das mulheres, do casamento e do nascimento.

1.1.5. Poseidon - mares e oceanos.

1.1.6. Eros - amor, paixão.

1.1.7. Héstia – lar.

1.1.8. Apolo - luz do Sol, poesia, música, artes, beleza masculina.

1.1.9. Ártemis - caça, castidade, animais selvagens e luz.

1.1.10. Deméter - colheita, agricultura.

1.1.11. Dionísio - festas, vinho e prazer.

1.1.12. Hermes - mensageiro dos deuses, protetor dos comerciantes, dos


viajantes e dos diplomatas.

1.1.13. Hefesto - metais, metalurgia, fogo.

1.1.14. Crono – tempo.

1.1.15. Gaia - planeta Terra.

A confusão ética e a instabilidade das emoções dos deuses gregos confundiam o


povo, provocando um vazio existencial.

1.2. A religião no período romano

Os romanos adotaram os deuses e a mitologia dos gregos, havendo um


verdadeiro sincretismo religioso. Dessa forma, pode-se verificar que os deuses romanos
eram identificagdos com os gregos, Júpiter com Zeus, Vênus com Afrodite, e assim por
diante. (GUNDRY, 1999).

1.3. O culto ao imperador


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O culto ao imperador nasceu da influência de práticas já estabelecidas entre


alguns reinos. Tenney (1998, pg. 96) observa que „os reinos helenistas dos Selêucidas e
dos Ptolomeus tinham durante muitos anos, elevado os seus monarcas à posição de
divindade e tinham-lhes aplicado títulos tais como Senhor (kyrios), Salvador (Soter), ou
divindade Manifesta (Epipahanes)‟. Além dessa influência trazia consigo a intenção de
estabelecer poder aos imperadores e de manter a estabilidade do Império. As funções
excecutivas sob o comando de apenas um homem era sem igual na história.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Gundry afirma que:

Seguindo a prática desde há muito firmada de atribuir atributos divinos aos


governantes, o senado romano lançou a ideia do culto ao imperador, ao
deificar, após a morte, a Augusto e a subsequentes imperadores que
porventura tivessem servido bem como tais. Elementos leais e entusiastas
das províncias orientais algumas vezes antecipavam essa deificação pós-
morte. Os imperadores do primeiro século que reivindicaram a divindade
para si mesmos, enquanto ainda viviam - Calígula, Nero e Domiciano - não
foram honrados com tal distinção quando morreram. O insano Calígula (37-
41 D C) ordenara que uma estátua sua fosse levantada no templo de
Jerusalém, a fim de ser adorada. Afortunadamente, tal medida foi adiada
pelo mais sensato embaixador sírio, porquanto os judeus sem dúvida ter-se-
iam revoltado. Nesse ínterim, Calígula foi assassinado. Domiciano (81-96
DC) foi o primeiro a tomar providências sérias e generalizadas para forçar a
adoração de sua pessoa. A recusa dos cristãos em participarem desta
adoração, provocou a intensificação nas perseguições. (GUNDRY, 1999, p.
38,39).

1.4. Religiões misteriosas

Além da mitologia e do culto ao imperador, cresciam no meio do povo greco-


romano as religiões misteriosas, seja por tendências misticas misteriosas ou pela
insatisfação do povo em relação aos aspectos religiosos oficiais. As religiões de mistério

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traziam uma proposta de contato imediato com a divindade e experiências advindas


desse tipo de prática religiosa.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Tenney observa que:

Eram, na maior parte, de origem oriental, posto que os mistérios. Eleusinos


estivessem a ser celebrados na Grécia desde havia muito tempo. O culto de
Cíble, a Grande Mãe, veio da Ásia; o de Isis e Osíris ou Serápio, do Egito; o
Mitraísmo teve origem na Pérsia. Embora todos diferissem uns dos outros na
origem e nos pormenores, todos eram iguais em certas características gerais.
Todos tinham o seu centro num deus que tinha morrido e ressuscitado. Cada
um deles tinham um ritual de fórmulas e purificações, de símbolos e das
representações dramáticas secretas da experiência do deus, por meio dos
quais o iniciado era levado a essa experiência, e assim era presumívelmente
um candidato à imortalidade. […] As religiões-mistério traziam o desejo de
imortalidade pessoal e de igualdadade social. Apresentavam uma saída à
emoção em mistério religioso, como a religião do estado fazia algumas
vezes, e tornava a experiência religiosa fortemente pessoal. Nada nos é dito
delas diretamente no Novo Testamento, mas julga-se que Paulo pode ter
usado o seu vocabulário em ocasiões apropriadas, e que o „culto de anjos‟
mencionado em Cl 2.18,19 é reflexo de uma tentativa de fusão de algum
culto filosófico eclético com o cristianismo em Colossos. (1998, p. 98).

Dentre alguns aspectos dos seus ritos secretos e outras cerimônias particulares,
observam-se as lavagens cerimoniais, a aspersão de sangue, refeições sacramentais,
intoxicação alcoólica, frenesi emocional e um impressionante fausto. Por meio das
cerimônias e dos ritos, prometia-se uma verdadeira união mística com os deuses aos que
procuravam suas práticas.
Como as crenças dessas religiões misterioras posteriores se tornaram um tanto
paralelas às crenças cristãs, alguns críticos afirmaram que houve uma considerável
influência sobre as crenças cristãs no primeiro século. Conforme Gundry (2008, p. 78),
o mais provável é que as religiões misteriosas é que tenham tomado por
empréstimo certas ideias do cristianismo, e não vice-versa, mormente se
levarmos em conta que os pagãos eram notáveis assimiladores, ao passo que
os primitivos cristãos eram exclusivistas.

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Dentre outros aspectos, deve-se lembrar de que os primeiros cristãos eram


judeus. A formação do cristianismo se deu num contexto judaico, ainda que em meio ao
mundo grego e romano. Portanto, teria sido difícil a mudança de partes tão importantes
da fé por influência das religiões misteriosas.

PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO


Veja o texto „A Relação entre as Religiões de Mistério e o Cristianismo‟. O texto é parte do
artigo do Pr. Claudionor Silva Bezerra, que está no seu blog, cujo endereço eletrônico é:
http://pastorclaudionor.blogspot.com.br/2007/03/as-religies-de-mistrio-e-emergncia-
do_01.html:

A leitura do material histórico que restou dessas religiões impressiona em


certas semelhanças básicas com o cristianismo. Pode se perceber nessas
religiões planos de redenção como no cristianismo; elas enfatizam a vontade
e a responsabilidade humana, o uso da vontade para obedecer e executar os
mandamentos da divindade; elas dão grande valor à fé religiosa nesta vida;
elas falam na descida ao hades, na libertação do hades, e no vôo para a
glória eterna; exceto no caso do mitraísmo, homens e mulheres podiam
tornar-se membros, com um destino celestial idêntico, mesmo que no mundo
os privilégios entre homens e mulheres diferissem.

3.1 A inserção do cristianismo em Roma

É evidente à luz dos textos neotestamentários bíblicos que, em seus


primórdios mais antigos, a igreja romana teria sido, provalvemente, iniciada
não (exceto indiretamente) por algum apóstolo, mas pela plebe composta de
judeus e prosélitos que haviam testemunhado o evento de Pentecostes em
Jerusalém e haviam, mais tarde, regressado aos seus lares em Roma. É
preciso enfatizar que esses „leigos‟ eram judeus ou, em alguns casos,
tinham, em determinada época, se convertido a religião judaica. Por essa
razão a comunicação epistolar do apóstolo Paulo aos romanos revela o
caráter judaico que aquela igreja possuia.

Um outro fator de destaque era o caráter informal que possuía as igrejas


cristãs do primeiro e segundo século, eram inexistentes os edifícios
eclesiásticos no sentido em que os imaginamos hoje. Sobre isso afirma
Hendriksen: As famílias faziam os cultos em seus próprios lares. De tais
cultos participariam membros da família, provavelmente pai, mãe, filho, às
vezes outros parentes próximos e servos. Se a casa era bastante ampla para
acomodar outros, então eram convidados.
Estando incluido no contexto religioso e diante das semelhanças já

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mencionadas, alguns estudiosos estão divididos a respeito da influência que


o cristianismo na sua nascente recebeu das religiões e cultos de mistérios.

3.2 A Teoria dos Empréstimos

Muitos estudiosos admitem que em algum grau houveram empréstimos das


religiões de mistério para o cristianismo. Dentre esses, Bousset afirma que
as lavagens cerimoniais dessas religiões de mistério eram precursoras do
batismo cristão e que a refeição sagrada era precursora da Ceia do Senhor,
além do que o conceito do „deus‟ que morre e ressuscita influenciou as
doutrinas cristãs a respeito de Cristo.[5]

Paul Tillich afirma ainda que os deuses das religiões de mistério


influenciaram bastante o culto e a teologia cristã.
Ao ser iniciada num determinado mistério, como mais tarde eram os cristãos
iniciados nas congregações poe estágios, a pessoa passava a participar no
deus mistério e em suas experiências. Em Romanos 6, Paulo descreve essas
experiências em relação a Jesus em termos de participação na sua morte e
ressurreição.
Todavia outros estudiosos admitem que é lógico supormos que o
cristianismo, ao crescer no meio ambiente formado pelas religiões de
mistério tenham frequentemente elaborado seus próprios sistemas contra o
pano de fundo dos Mistérios e das formas de pensamento que eram comuns
a ambos. A similaridade entre a terminologia dos antigos escritos cristãos e
dos Mistérios evidenciam que houve um confronto real entre essas
comunidades e um empréstimo apenas de termos. Wand chega mesmo a
afirmar:

O Cristianismo derrotou os mistérios em seu próprio campo. Ele tinha a


vantagem de estar baseado não em um mito, mas numa pessoa histórica. Ao
admitir certas similaridades esses estudiosos não admitem que houve
qualquer empréstimo substancial das Religiões de Mistério para o
cristianismo. Champlin chega a afirmar que essas chegaram até a contribuir
para a expansão do cristianismo. ... (1) O trabalho missionário foi facilitado:
A Igreja cristã, ao avançar para regiões onde predominava o paganismo,
encontrou aderentes das religiões misteriosas. Uma certa semelhança de
maneira de pensar, quanto a certas áreas importantes, naturalmente teriam
exercido efeito na preparação do caminho para a passagem da nova fé [...]
(2) A ênfase sobre a necessidade de disciplina e de experiência religiosa:
Embora, com frequência, aqueles sistemas religiosos misteriosos abusassem
dessa questão, foi uma ênfase positiva.]

3.3 A Teoria da Originalidade

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Padovani, de forma brilhante, descreve a relação do cristianismo com essas


religiões afirmando que o problema do cristianismo não foi o de justificar-se
como religião, com o seu conteúdo arcano e prodigioso, em que facilmente
se podia crer. O problema era justificar-se como religião em face de outras
muitas e variadas religiões e sistemas filosóficos-religiosos da época, que se
apresentavam com fins idênticos e caracteres análogos aos do cristianismo.

Nesse particular Pandovani representa uma mentalidade que não se preocupa


em encontrar empréstimos na relação entre o cristianismo e as religiões de
mistério, mas insere o cristianismo na multiplicidade dos cultos da época e
que, se apresenta original e rejeita qualquer compromisso com os sistemas
religiosos da época.

O cristianismo, cônscio da sua originalidade e intransigente como a verdade,


rejeita semelhante solução e qualquer compromisso com as doutrinas
religiosas e sistemas políticos da época.

3.4 Uma posição alternativa

Essa posição rejeita qualquer empréstimo que o cristianismo tenha feito de


doutrinas, cerimônias ou códigos de ética das religiões de mistério em
Roma. Todavia admite que o cristianismo não é uma religião puramente
original. Dessa maneira admite que se houve algum empréstimo esse é
oriundo do judaísmo.

Elementos como a Ceia cristã remonta a cerimônia da páscoa realizada pelos


judeus, o rito do batismo era uma prática corriqueira dos essênios (seita
judaica), como atesta os manuscritos do mar morto, bem como as
cerimônios de purificação do judaísmo. A morte de Cristo é vista como a
morte de um cordeiro, prática diária no templo em Jerusalém. A ressurreição
era um evento do Antigo Testamento exclusivo de Javé.

Todavia o contato que o cristianismo teve fora dos círculos judaicos forçou-
lhe a empregar termos inteligíveis e já usados naquele período, como por
exemplo o „logos‟ grego sendo descrito como o período da pré-existência de
Cristo. E referindo-se as religiões de mistério, o termo mysteriô não se
encontra no Antigo Testamento, sendo portanto utilizado no Novo
Testamento para, quase sempre, representar o projeto de redenção pregado
por Jesus aos homens e mulheres.

As Religiões de Mistério assim como o cristianismo primitivo constituem


fios do grande tapete que foi a sociedade romana. A investigação
microcóspica desses fios somente nos fará discernir como mais propriedade
a complexidade de Roma e o que deixou como legado, a despeito das

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descontinuidades e rupturas os vestígios ainda permeiam a sociedade


ocidental.

Gundry (1999, p. 41) observa que „as superstições estavam firmemente


entrincheiradas nas mentes da maioria do povo do império romano‟. Utilizavam-se de
fórmulas mágicas, consultas de horóscopos e oráculos, augúrios ou predições sobre o
futuro, mediante a observação do voo dos pássaros, os movimentos do azeite sobre a
água, as circunvoluções do fígado e o uso de exorcistas profissionais (peritos na arte de
expulsar demônios) - todas essas práticas supersticiosas, além de muitas outras, faziam
parte integrante da vida diária.

2. A Filosofia

2.1. Platonismo

Platão foi amigo e discípulo de Socrates. Viveu em Atenas e tornou-se um dos


mais conhecidos filósofos gregos.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Tenney afirma que:

O mundo pensava que ele é constituído por um número infinito de coisas


particulares, cada uma das quais é uma cópia mais ou menos imperfeita
duma ideia real. Por exemplo, há muitas espécies de cadeiras, mas nenhuma
delas poderia ser a cadeira de que toas as outras são derivadas. A cadeira
real de que a madeira é uma cópia. O mundo real, é pois o mundo das ideias,
de que o mundo material é apedfnas uma sombra. Estas ideias são
organizadas num sistema, no topo do qual está a ideia do Bem. Platão parece
nunca ter personalizado a ideia do Bem, nem tampouco identificado com o
Demiurgo, ou o Criador, que formou o mundo material. Ele considerou as
ideias como tendo existência objetiva; de fato, eram elas a única existência
real, de que o presente mundo é um fraco e imperfeito reflexo. Tal conceito
do mundo leva inevitavelmente ao dualismo. Se o mundo real é o reino
invisível das ideias, e se o mutável cosmos em que vive o homem é somente
transitório, a sua busca será a fuga do irreal para o real. A reflexão, a
meditação e até o ascetismo abrirão caminho para a libertação.
Conhecimento é salvação; pecado é ignorância. Procurando o Supremo

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Bem, o Fim, a Suprema Ideia, assim se liberta o homem a si próprio do


mundo material escravizador e pode elevar-se até a compreensão do mundo
real. ( 1998, p. 102, 103).

Plotino (Egito 204 –269 d. C.) foi além do dualismo platônico pelo seu ensino
de que a obtenção da vida espiritual não seria atingida pelo esforço intelectual, mas por
uma absorção do Infinito.
Lucas registra que Paulo teve um confronto direto com pessoas que assumiam
algumas dessas filosofias. Os epicureus e os estóicos contendiam duramente com ele
quando pregava sobre Cristo e a ressurreição. (Atos 17. 18).

2.2. Epicurismo

O Epicurismo vem do nome de seu fundador, Epicuro, que fundou uma escola
filosófica em 306 a. C. Epicuro defendia que a busca e o encontro com os prazeres (não
necessariamente de ordem sensual) seria o sumo bem da vida. Era essencialmente
antirreligioso e defendia que o mundo foi criado pelo acaso. Nos dias de Jesus e de
Paulo, o epicurismo, agora com ênfase sensual e pagã, dominava o império romano.
Como observa Tenney, (1998, p. 105) „O Epicurismo não advogava a libertinagem, mas
não proporcionava resistência ao egoísmo‟.

2.3. Estoicismo

Zenão foi seu fundador (340-265 a. C.). O mais alto bem é a conformidade com
a razão. O sentimento pessoal é sem importância ou até prejudicial, visto que tende a
perturbar a solução racional dos problemas humanos. O perfeito autodomínio
inamovível a considerações sentimentais era o objetivo do estóico. Para, eles não era
possível nenhum relacionamento pessoal com Deus. A ideia de relações pessoais com a
razão universal ou com o processo cósmico havia de parecer quase tão inconsequente
como o mostrar afeição para com a lei da atração universal. Qualquer compreensão da
realidade de Deus não envolvia qualquer perspectiva relacional.

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2.4. Cinismo

Seus adeptos procuravam abolir os desejos, despresavam todos os padrões e convenções


e tornavam-se completamente individualistas e críticos da sociedade. Tenney (1998, p. 108)
registra a crítica que Sócrates fez a Antístenes, fundador da escola cínica: „Posso ver o teu
orgulho pelos buracos do teu manto‟.

2.5. Ceticismo

Relativistas, abandonaram toda esperança de qualquer coisa em termos


absolutos, sucumbiam ante a dúvida e a conformidade para com os costumes
prevalescentes.

2.6. Gnosticismo

O termo deriva do grego gnosis (conhecimento). Prometia-se salvação pelo


conhecimento. O problema religioso não consistia da culpa humana, para a qual é
preciso que se proveja perdão, mas consistia muito mais da ignorância humana, para a
qual era mister prover conhecimento. Segundo Tinney (1998, p. 103), „Deus, diziam os
Gnósticos, é demasiado grande e demasiado santo para ter criado o mundo material com
toda a sua baixeza e corrupção‟. Para o gnosticismo, na verdade, a suprema Divindade
procederia a uma série de sucessivas emanações, cada uma delas um pouco inferior à
anterior de que provinha, até que, finalmente, viria a última dessas emanações.
Gundry (1999, p. 41) informa-nos que
o contraste dualista concebido por Platão entre o mundo invisível das idéias e
o mundo visível da matéria, formava o substrato do gnosticismo do primeiro
século de nossa era, e segundo o qual a matéria era equiparada ao mal, ao
passo que o espírito seria equivalente ao bem.

Dessa perspectiva veio a visão de dois modos opostos de conduta:


1. O ascetismo: a supressão do desejo do corpo – a matéria é má.

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2 A libertinagem e o sensualismo: a indulgência quanto às paixões físicas, por


causa da irrealidade e inconsequências da matéria.
A ideia e o conceito da ressurreição eram inconcebíveis, pois de alguma forma
trazia a possibilidade do retorno à matéria, portanto abominável, mas a imortalidade do
Espírito era desejável, pois levaria à libertação da matéria eternamente. Por meio do
conhecimento e de doutrinas secretas poderia-se chegar à desejada imortalidade.

SÍNTESE DA AULA
Nessa aula você estudou sobre:
1. A história da mitologia grega e as religiões de mistério.
2. A religião oficial no império romano.
3. Verificar o culto ao imperador.
4. Os aspectos filosóficos que dominaram a história.

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Aula 7: A sinagoga, o templo e a teologia do judaísmo

META
 Refletir sobre a sinagoga, o Templo e a teologia do judaísmo.

OBJETIVOS
 Compreender o judaismo em seus vários aspectos.
 Analisar a teologia do judaismo e sua influência no período intertestamental e
no período romano.
 Verificar a esperança messiânica na teologia judaica.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Pessoa, vamos conhecer o Judaismo? Precisamos reconhecer primeiramente que


a rigor, a cultura do povo de Deus no período do Antigo Testamento, antes do exílio, era
uma cultura israelita. O judaísmo como cultura, surge no tempo do exílio. Ainda que
tenha havido a separação entre os dois reinos, e o reino do Sul fosse também chamado
de Judá, a cultura que os envolvia era a cultura israelita. O judaísmo como cultura é uma
criação do exílio, sendo que o termo „judeu‟ aparece na história no tempo da
Restauração. A respeito do termo judeu, diz Josefo: „Este é o nome por que foram
chamados depois que subiram da Babilônia‟. (Ant. 11.5). O Povo ocupou sua antiga
terra prometida, mas o judaísmo desenvolveu-se como coisa nova no velho solo. A
cultura judaica nasce no exílio na preservação da tradição do povo de Israel pelos filhos
de Israel ligados a Judá, visto que, em sua maioria, os que subiram da Babilônia durante
a Restauração perteciam à tribo de Juda. (4 - origem e desenvolvimento do judaísmo p.

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55). No entanto, é importante observar que os termos „judeus‟ e „judaísmo‟ têm mais
que um significado meramente tribal. Simbolizam um tipo distintivo de vida. Os
hebreus da tribo de Judá (e parte da tribo de Benjamim) levados ao cativeiro, sofreram
uma mudança real naqueles setenta anos. Em suas privações no exílio, viram pesar
sobre eles a mão punitiva de Iavé por causa da desobediência à Lei, e se arrependeram
de coração. Além disso, apenas os mais devotos foram os que voltaram sob a proteção
de Ciro, e empreenderam a reconstrução da nação santa. Os descendentes de Israel que
subiram da Babilônia, portanto, sentiam agora outro respeito à Lei e às tradições dos
antepassados, desgosto para com a idolatria e o que era gentio e, em consequência, eram
muito mais ardorosos e exclusivistas em sua lealdade racial.

Os princípios e tipo de vida do judeu no exílio e pós-exílio, constituíram o


judaísmo. Vejamos alguns aspectos importantes da cultura judaica:

1. As sinagogas

A perda do templo no começo do exílio babilônico e a ausência da celebração do


culto com os rituais e sacrifícios, ocasionaram um estudo aprofundado e uma
observância da lei (a Torá) do Antigo Testamento. Como observa Nelson (1991, p. 17)
„Na Babilônia, a instrução religiosa foi prosseguida pelos sacerdotes e levitas, numa
tentativa de conservar o conhecimento de Jeová vivo‟. Para que isso ocorresse era
necessário um local, o que acabou conduzindo ao estabelecimento das sinagogas como
instituição. Sinagoga é um termo grego que significa „reunir juntos‟. É motivo de debate
se as sinagogas tiveram origem durante o exílio, durante o tempo em que o povo foi
restaurado do exílio ou já no período intertestamentário.
Portanto, a sinagoga era um local primeiramente de adoração, estudo e
observância da lei, e não incluía a oferta de sacrifícios. Segundo Gundry, havia os
seguintes elementos no culto típico das sinagogas:

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a) Recitações responsivas do Shemá (o „texto áureo‟ do judaísmo) e do


Shemoneh Esreh (série de louvores a Deus); b) Oração, canto dos salmos,
leituras da lei e dos profetas; c) Um sermão uma bênção proferida, uma junta
de anciãos exercia superintendência espiritual sobre a congregação; d)
Disciplina: A disciplina fazia parte da vida da sinagoga. Os membros que
caíssem em erro eram punidos por meio de açoites ou de exclusão.
(GUNDRY, 1999, p. 46).

A administração da sinagoga cabia a um grupo de anciãos. Havia um presidente


que dentre outras funções tinha que manter a ordem durante as reuniões e escolher o
orador para o culto no sábado. Não poderia se constituir uma sinagoga com menos de
dez homens. Os cultos eram realizados aos sábados nos mesmos horários das
celebrações do Templo.
Em muitas cidades do Império Romano havia várias sinogogas. Acredita-se que
Jerusalém tivesse quase quinhentas sinagogas no primeiro século antes de sua
destruição.

1.1. A sinagoga como centro do judaísmo

Além dos aspectos religiosos, a sinagoga era um verdadeiro centro de


aprendizagem e divulgação do judaísmo. Era também um centro de administração do
povo judeu, onde aspectos políticos e sociais eram desenvolvidos ali. GUNDRY, (1999,
p. 43), observa que „A perda temporária do templo, durante o exílio deu azo a um
crescente estudo e observância da lei (a Torá) do Antigo Testamento, e, pelo menos,
afinal de contas, ao estabelecimento das sinagogas como uma instituição‟. Contudo é
controverso se as sinagogas surgiram no exílio ou no período interbíblico. Em relação
ao culto, o mesmo era muito simples, e os cânticos não eram acompanhados por
instrumentos. Orações, cânticos de salmos, leituras do Antigo Testamento hebraico, da
lei e dos profetas, um sermão era exposto se houvesse alguém preparado, por último
vinha a bênção.

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COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Reicke afirma que:

Ao lado do serviço divino estava também um serviço social unido à


sinagoga, não havendo diferença de princípios entre lugar de oração e casa
da comunidade. Principalmente ouve-se falar de catequese infantil (mishn.
Shabb I, 23) e assistências aos pobres (ib., Pes VIII, 7). Também
providências judiciais como flagelações (Mt 10,17) e excomunhão (Lc 6,22)
eram problemas de autoridades da sinagoga. (REICKE, 1996, p. 143).

2. O Templo

O primeiro templo foi destruído por Nabucodonozor quando em 586 levou o


reino do sul cativo para a Babilônia. O primeiro grupo que retornou do exílio, sob a
liderança de Zorobabel, começou o trabalho da construção do segundo templo. Depois
de um tempo de abandono das obras, advertidos pelos profetas Ageu e Zacarias por
estarem cuidando de suas próprias casas e abandonando o término do templo do Senhor,
as obras foram concluídas e o templo foi dedicado em 516 a.C. O retorno do culto e dos
sacrifícios no templo foi um momento de glória para o povo de Deus, pois os sacrifícios
prescritos pela lei mosaica só podiam ser legitimamente oferecidos no santuário central.
Herodes, o Grande, com o propósito único de obter o favor dos judeus, iniciou um
grandioso projeto de embelezamento, ultrapassando em grande medida a glória do
primeiro templo. Há uma discussão em relação ao fato se Heródes construiu um novo
templo ou apenas desenvolveu um projeto de grande reforma e embelezamento do
templo de Zorobabel. De qualquer forma, as obras de Heródes não terminaram antes de
65 d.C., (JOSEFO,1990, p. 368-369).

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Tenney observa que:

O templo era o principal centro de culto de Jerusalém. O próprio Jesus e,

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mais tarde, os seus apóstolos ensinavam e pregavam dentro dos seus átrios.
Tão tardiamente como em 56 d.C., a igreja de Jerusalém ainda como
membros homens que faziam votos no templo (At 21.23-26) e que estavam
íntimamente ligados às suas ordenanças legais. Só com o crescimento das
igrejas gentílicas cessou a ligação do templo com o Cristianismo.
(TENNEY, 1998, p. 122).

Esse é um importante aspecto contra perspectivas liberais de que teria havido um


cristianismo pregado de forma diferente por Paulo, que teria apresentado o Cristo da fé
em oposição ao Cristo histórico. Observamos que Paulo viveu no tempo dos outros
apóstolos e que fora ao templo algumas vezes no período de suas viagens missionárias,
inclusive Paulo participou do concílio de Jerasusém (Atos 15), que nos mostra que a
única contenda deles era pela tendência de alguns tentarem impor as práticas judaicas
aos gentios convertidos. No mais observamos um Paulo convivendo com a liderança de
Jerusalém e se submetendo a ela, exemplo claro, ele levou consigo a determinação do
concílio para as igrejas dos gentios.

3. As festas do Judaísmo

Havia sete festas no calendário judaico, cinco delas previstas pela lei, e outras
duas tiveram origem depois do exílio. Dessa forma, observa-se que a lei mosaica
prescrevia os seis primeiros itens do calendário: Páscoa, Festa dos Pães Asmos, Festa de
Pentecostes, Ano novo e Dia da Expiação, Festa dos Tabernáculo. Os dois restantes,
Festa da Dedicação (Hanucá) e a Festa de Purim, surgiram posteriormente, em
acréscimo ao mandamento bíblico. (TENNEY, 1998). As festas que trazem os
peregrinos que enchiam as ruas de Jerusalém, vindos de toda parte da Palestina e
também de países estrangeiros eram as três festas principais: da Páscoa-Pães Asmos, do
Pentecostes e dos Tabernáculos. (GUNDRY, 1999). Para uma compreensão mais ampla
do assunto leia o livro de Tenney (1998, p. 124-129).

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4. A teologia do Judaísmo

Parte dos que foram para o cativeiro babilônico levaram consigo os livros do
Antigo Testamento que tinham até este momento. O sacrifício no templo foi
interrompido com a destruição do templo, mas o culto ao Senhor Deus prevaleceu, com
a contribuição dos profetas, destacando Ezequiel no início do exílio, contribuíram para a
vida de adoração e temor ao Senhor. Judeus devotos e cultos foram levados para a
Babilônia e com a sua fixação na terra ali se constituiu uma comunidade que tomou o
lugar de Jerusalém na liderança religiosa.
Foram durante os setenta anos do cativeiro que surgiu a sinagoga com o culto a
Deus pelos judeus distantes de Jerusalém e diante do fato da destruição do templo. A lei
era ensinada e reverenciada. O estudo dedicado da lei se tornou o substituto dos
sacrifícios de animais e práticas de caráter ético o lugar do ritual.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE:


Tenney observa que

A vida religiosa que se desenvolveu em volta da sinagoga era uma


adaptação dos velhos ritos e observâncias do judaísmo às novas condições
em que o povo tinha que viver. [...] Eram inevitáveis algumas mudanças,
mas o Judaísmo reteve o principal – os princípios essenciais do velho culto
prescrito pela lei e pregado pelos profetas. (1998, p. 114).

Assim, eles mantiveram o culto a Deus, desenvolveram o temor do Senhor e a


rejeição da idolatria, bem como perseveraram no amor à lei e à esperança messiânica.
A deportação da classe alta de Judá para uma terra estrangeira significou um
grande desafio de fé para os judeus. Algumas profecias afirmavam a duração eterna ao
reino davídico na profecia de Natã. O templo de Jerusalém era a residência de Deus (1
Rs.8,13). Com isso havia uma certeza de que Jerusalém era inconquistável e o templo
era indestrutível porque o Senhor era a sua proteção (Mq 3.11; Jr 7.4, 10).

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Compreendendo que estas profecias protegeriam a nação mesmo estanto em pecado, a


nação ficou segura e esperava confiantemente a poderosa intervenção de Iahweh, e
desconsideraram a disciplina do Senhor declarada diante da possibilidade de
desobediência (Dt 28-30).
A invasão de Nabucodonosor derrubou esta perspectiva teológica de
interpretação superficial das promessas do Senhor. Foram disciplinados duramente.
Certamente, a tentação, para alguns, de deixar o temor do Senhor ocorreu, diante dos
deuses babilônicos, pois, para alguns judeus, poderia ocorrer a pergunta: Seriam os
deseus babilônicos mais poderosos que Iahweh? Alguns foram tentados a consider pelo
menos o culto aos deuses babilônicos como acréscimo a Iahweh e erigiram imagens
desses deuses em suas casas (Ez 14,1-11). Havia também feiticeiras que empregavam a
magia babilônica, cosiam faixas para os pulsos e faziam véu para o povo que vinham
consulta-las (Ez 13.18).
Os profetas traziam a explicação para esta tragédia e o clamor para o retorno ao
Senhor. Todo o desastre era permitido pelo Senhor, o exílio era declarado como castigo
merecido (Is 19; Ez 33.10; 37. 11). Com lágrimas nos olhos, eles clamavam por
misericórdia (Sl 74.9ss; Lm 9.9).
Contudo, o temor do Senhor foi profundamente renovado, a idolatria banida de
quase todo. Mostrando uma admirável tenacidade e vitalidade, a fé dos judeus se
renovou na Babilônia. Alguns ritos e cerimônias recebiam grande ênfase durante o
exílio. A circuncisão, por exemplo, constituiu-se num importante rito que distinguia os
israelitas dos babilônios, pois era o sinal da relação do povo com Iahweh. Além disso,
havia o culto em que se abstinham de comer e beber. Essa era a maneira de observância,
sobretudo dos dias de lamentação ritual, que também eram regularmente observados no
exílio. Permaneciam válidos ali os mandamentos e proibições do Senhor.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

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Tenney afirma que:

A sua crença tenaz na unidade e transcendência de Jeová era o ponto central


em toda a doutrina do Judaísmo. Em contraste com a multiplicidade de
divindades que o mundo pagão admitia, o judeu conservava zelosamente o
seu curto mais incisivo credo de Dt. 6.4: „Ouve, ó Israel, Jeová, nosso Deus,
é o único Deus‟. O exclusivismo judaico no culto é amplamente atestado
pela atitude que os gentios tomavam para com eles. Eram geralmente
acusados de ateísmo, não porque negassem de toda a maneira a existência de
um deus, mas porque se recusavam persistemente a reconhecer a realidade
de qualquer divindade a não ser a sua própria. (TENNEY, 1998, p. 114).

As crenças judaicas procediam dos atos de Deus na história, conforme ficaram


registrados e interpretados no Antigo Testamento.

5. A esperança messiânica

Aguardavam a vinda do Messias. Para alguns essa esperança se resumia a um rei


que viria e os levaria novamente ao poder e a glória como nos dias do rei Davi. Outros
esperavam uma variedade de personagens messiânicos – profético, sacerdotal e real.
Mas não esperavam que o Messias fosse um ser divino e humano ao mesmo tempo, nem
que sofresse, morresse e ressurgisse dos mortos para a salvação do pecado.

SÍNTESE DA AULA

Nessa aula você estudou sobre:


1. O judaismo em toda a sua complexidade.
2. A teologia do judaismo.
3. A esperança messiânica na teologia judaica e sua influência.

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Aula 8: A literatura e os grupos do judaísmo

META
 Refletir sobre a literatura e os grupos do Judaismo.

OBJETIVOS
 Analisar o caráter peculiar do Antigo Testamento.
 Verificar a literatura judaica extra-canônica.
 Compreender os grupos, as seitas e as instituições do Judaísmo.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Pessoal, hoje vamos falar da literatura e dos diversos grupos do Judaismo. Vamos lá,
então? A literatura do Período Intertestamental, do Antigo e do Novo Testamentos é um
assunto rico e desafiador para a formação teológico acadêmica, no entanto, trataremos
aqui de forma resumida do assunto, visto que há uma disciplina, História e Literatura do
Novo Testamento que trata de forma ampla do mesmo.

1. A literatura do Judaísmo

A literatura do judaísmo compreende todo o material preservado pelos judeus


durante o período dos exílios e da época Intertestamental. A literatura judaica envolve a
parte do Antigo Testamento que eles já tinham até este momento do exílio, texto que era
amado, temido e guardado por eles, e, nessa mesma linha de livros, vieram os escritos
de Esdras e dos profetas do final do período do Antigo Testamento.

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PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO

Tenney afirma que:

Mais do que qualquer outra nação da antiguidade, os judeus eram um povo


de um livro. Outros povos tiveram uma literatura maior e mais variada e até
mais antiga; mas nenhum outro povo, nem mesmo os gregos no auge do
século de Péricles, mostrou um interesse tão absorvente na sua literatura
nacional como os judeus na sua lei. Para eles a Torah não era simplesmente
representativo duma cultura nacional muito queridaç era a voz de Deus.
(TENNEY, 1998, p. 131).

Outras fontes da literatura do judaísmo que temos para a pesquisa envolvem os


textos que não foram aceitos como canônicos pelos judeus, e, portanto, não acrescidos
no Antigo Testamento. Grande parte desse material, não canônico faz parte da Vulgata
Católica Romana, conhecida como Apocrypha. O termo vem do grego que significa
„oculto, escondido‟. O termo veio a significar livros não reconhecidos e enquadrados no
cânon do Velho Testamento. Em parte esses livros já haviam sido acrescidos ao texto do
Velho Testamento na tradução grega chamada Septuaginta, feita em Alexandria para
atender aos Hebreus que tinham mais facilidade com o grego na época. O catolicismo
romano ainda os defende como livros canônicos e, portanto, inspirados. É importante
perceber o diferencial do livro de 1 Macabeus, que se resume ao aspecto histórico e,
ainda que não tenha sido considerado inspirado, é muito rico para se conhecer o
judaísmo, a história do período grego e sua grande influência sobre os judeus, bem
como a revolta e libertação sob os macabeus. Além dos apócrifos, há também outras
obras judaicas conhecidas como Pseudepigrapha. O termo vem do grego com o sentido
de um escrito sob um suposto nome. (Veja a obra de Tenney, 1998, p. 132-133).

1.1. O caráter peculiar do Antigo Testamento

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Jesus e os autores do Novo Testamento utilizavam a forma “está escrito” (que


significa: “isso vem diretamente de Deus”) apenas para as Escrituras do Antigo
Testamento. Jesus nunca citou nenhuma outra fonte, nem rabinos, nem autores gregos,
livros apócrifos, nem outros textos bem conhecidos em sua época. Para ele, as
Escrituras do Antigo Testamento eram a Palavra de Deus. Como afirma Tenney, 1998,
pg,131) “Mais do que qualquer outra nação da antiguidade, os judeus eram um povo de
um livro.”[...] Para eles o Torah não era simplesmente representativo duma cultura
nacional muito querida; era a voz de Deus.” Até que os céu e a terra passassem,
nenhuma parte da lei podia ser desrespeitada – tudo tinha que se cumprir (Mt 5.18). O
respeito que os judeus tinham pelas Escrituras remontava, pelo menos, ao tempo de
Esdras (Ne 8-10). Mil anos antes disso, Moisés conclamou o povo de Deus a amar a
Deus amando seus mandamentos (Dt 6.4-6).

No tempo de Jesus, todos os livros que compunham o Antigo Testamento


tinham sido reconhecidos como sendo Escritura Sagrada (Lc 24.44). Ironside (1988, p.
115.), de forma bem enfática, nos informa que “o cânon das Escrituras foi encerrado
pouco depois dos dias de Neemias.[...] Todos os livros posteriores a Malaquias não têm
lugar no Velho Testamento.”

1.2. Visão geral da literatura judaica extra canônica

Ainda que uma classificação rígida seja impossível, queremos detacar neste
momento, para o nosso conhecimento, o cárater histórico e o caráter histórico romântico
da literatura extra canônica:

1.2.1. Histórico

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O fato de que para os judeus, a história de seu povo era um importante legado
religioso e um assunto sagrado, não permite afirmar uma literatura judaica cem por
cento histórica. No entanto, ainda que o interesse para com a história não fosse a
primeira intenção, a história era elemento importante na vida e religião deles.

a) I e II Macabeus. O livro que tem maior aproximação histórica é o de I


Macabeus. O propósito histórico é perseguido de forma mais fiel possível, ainda
que haja uma percepção sensível da relação de Deus com o seu povo eleito. O
livro tem valor inestimável como fonte documentária da história judaica
trazendo um registro cuidadoso da batalha heroica e triunfal dos judeus para a
independência nacional, sob a liderança dos filhos do sacerdote Matatias. Já o
segundo livro de Macabeus tem um valor histórico muito menor, não podendo
sequer ser comparado com o I Macabeus. Sua exposição sobre a batalha de
Macabeus é escorada por uma base concreta de fatos.

b) As obras de Flávio Josefo. Tendo vivido no primeiro século do cristianismo,


como escritor contribui com o seu especial interesse com a histórica judaica do
primeiro século, tendo valor histórico importante para o estudioso. Sua obra “A
Guerra” foi escrita por volta de 80 d.C. Sendo que sua obra mais importante foi
“Antiguidades” escrita em Roma por volta de 90-93.

1.2.2. Histórico Romântico

O caráter da literatura é bem distinto, empregando a ficção como meio de gravar


lições religiosas, patrióticas e éticas. É um romance hortativo que se diz basear em

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acontecimentos históricos. a) A maior parte desse tipo de literatura parece ter sido
produzida no Egito. Apenas um de importância.

2. Grupos, seitas e instituições do judaísmo

2.1. Os fariseus

O grupo dos fariseus faz parte daqueles grupos que se oporam a Jesus de forma
intensa e receberam da parte do Senhor várias repreensões como as encontradas em todo
o capítulo 23 do Evangelho de Mateus. Algumas dessas repreensões se tornaram
mundialmente conhecidas, tais como: „Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque
sois semelhantes aos sepulcos caiados, que, por fora, se mostram belos, mas
interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundície‟ (Mt. 23.27). Com
os saduceus, eles formavam os grupos mais importantes do judaísmo e os que mais
questionavam e perseguiam a Jesus (Mt 22.34, 35).
A origem dos fariseus vem dos „hassidim‟, dos „pios‟ do templo dos macabeus,
e que formaram sua congregação paulatinamente, apoiando sua fé, sua crença e seu
culto sobre a Lei Escrita e a Lei Oral. (GUNDRY, 1999, p. 53). Como grupo
consolidado, sua formação remonta ao ano 175 a.C. Suas doutrinas têm uma origem
muito remota. Era a seita que mais tinha adeptos de todas as classes judaicas e, portanto,
eles foram os que mais tiveram influência sobre o povo. Vários doutores da lei estavam
diretamente ligados aos fariseus, e foram eles que criaram a Mishná e, mais tarde, o
Talmud, textos que preservam as suas doutrinas. Verificam-se nesta lista renomados
doutores do Talmud: Johanan ben Zacai, Rabi Aquiba, Simão ben Yohay, Gamaliel,
Hilel, Ben Azay, inclusive Saulo de Tarso.

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Os fariseus às vezes procuravam cumprir zelosamente não só as leis escritas,


mas também os costumes conservados oralmente. Nesta tentativa de zelo extremo,
muitos se tornaram fanáticos, legalistas e hipócritas.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE


Nas palavras de Elwel e Yarbrough,

Os fariseus eram hostis a Jesus porque sentiam que ele era muito liberal com
relação às suas leis, aceitava demais os pecadores e era aberto ao contato
com os gentios. Acreditavam também que Jesus blasfemava quando se
referia a si mesmo à sua relação com Deus. De sua parte, Jesus se opunha a
eles por causa de seu legalismo, de sua hipocrisia e de sua falta de vontade
de aceita o reino de Deus representado por ele mesmo. (ELWEL;
YARBROUGH, 2001, p. 57).

E, nas do prof. Eneias Tognini,

Eram os fariseus excessivamente escrupulosos quanto ao rituralismo de seu


oco tradicionalismo. Abandoram a verdadeira lei, no dizer do Mestre,
´preceitos de homens´. Eram, no entanto, religiosos e tementes a Deus e
espiritualistas. Muitos deles se converteram ao cristianismo, inclusive
Nicodemos e José de Arimatéia, dois principes entre os judeus. Mais tarde
encontramos o fanático Saulo de Tarso. (TOGNINI, 2009, p. 139).

Havia duas escolas de pensamento farisaico na época de Jesus. A escola de


Hillel tinha revolucionado o pensamento rabínico com um novo método de exegese, que
permitia uma interpretação mais liberal da lei. Gamalial I (filho de Hillel e professor de
Paulo At. 22.3) foi o líder dos fariseus de 25 a 40 d.C., e os discípulos de Shammai, que
assumiam uma interpretação mais conservadora da lei.

2.2. Os saduceus

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O nome dos saduceus pode ter-se originado ou derivado do sacerdote Zadoque.


Zadoque teria sucedido Abiatar como sumo sacerdote durante os dias de Salomão, tendo
influenciado o sacerdócio por muitas décadas. Ou pode ter vindo da palavra hebraica
„zadoquim‟, que significa „os justos‟. Eles se orgulhavam em afirmar que eram fiéis a
letra da lei mosaica, em contradistinção à tradição oral observada principalmente pelos
fariseus. Os saduceus formavam o partido da aristocracia e dos sacerdotes ricos.
Controlavam o Sinédrio e grande parte do poder político dos judeus. Favoreciam o
poder de Herodes e controlavam o templo. O sumo sacerdote era o líder do grupo. Os
saduceus formavam um grupo fechado, não procuravam prosélitos.

PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO


Conforme a interpertação de Gundry,

os aristocrátas saduceus eram os herdeiros dos hasmoneanos do período


intertestamentário. Embora menor em número que os fariseus, detinham
maior influência política, porquanto controlavam o sacerdócio. Seus
contatos com dominadores estrangeiros tendiam a reduzir sua devoção
religiosa, empurrando os mais na direção da helenização. (GUNDRY, 1999,
p. 54).

Os saduceus se opunham duramente a Jesus por serem os detentores principais


do poder e estarem diretamente ligados ao partido do governo. Eles estavam contra tudo
que pudesse ser uma ameaça aos seus cargos e estrutura de poder.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Reicke observa que:

Os saduceus formavam na primeira procuradoria o partido do governo. Anás


e seus colegas estavam tão estreitamente unidos aos saduceus, que Lucas
equiparou os adeptos do sumo sacerdote com o partido dos saduceus (At
5.17). Is nos faz compreender porque os saduceus intervinham com todo
fervor contra todo levante popular que parecesse por em perigo o poder de
César e dos sumos sacerdotes: contra Jesus tendo a colaboração dos sumos
sacerdotes e excepcionalmente até com os fariseus (Mt 16.1ss), contra os

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apóstolos, só em união com os sumo sacerdotes (At 4.1;5.17) e em parte, sob


protesto dos fariseus (At 5.34; 23.6-9). (REICKE, 1996, p. 176, 177).

Os saduceus limitavam o cânon à Torah e rejeitavam as doutrinas da


ressurreição, demônios, anjos, espíritos e advogavam a vontade livre em lugar da
providência divina. Os saduceus não sobreviveram à guerra dos judeus contra os
romanos e desapareceram depois do ano 70 d. C.
Alguns saduceus, os de extrema esquerda, foram reconhecidos como herodianos.
Essa parte dos saduceus baseavam suas esperanças nacionais na família de Herodes.
Teriam surgido em 6 d.C., quando Arquelau, filho de Herodes, o Grande, foi deposto e
Augusto Cézar enviou um procurador, Copônico, para governar na Judéia. Na busca de
proteger seus direitos, alguns judeus, possivelmente, passaram a favorecer a dinastia
herodiana, passando a serem chamados „herodianos‟ (Mt 22.16; Mc 3.6, 12.13).
(GUNDRY, 1999, p. 56).

2.3. Os essênios

O grupo dos essênios formava uma ala de ordem distinta na sociedade judaica.
Uma comunidade ascética que vivia principalmente na região do Mar Morto. A origem
do nome não é muito segura. Há quem o ligue a raízes gregas, aramaicas ou hebraicas,
mas na realidade seu significado é obscuro. Pelo que se sabe de suas características, o
significado mais apropriado seria o de „puros‟ ou „pios‟, pois sua origem estaria ligada
aos Hassidim como os fariseus (GUNDRY, 1999, p. 56). Como os fariseus tinham a sua
origem nos hasidins, parecem ter surgido depois da revolta dos macabeus em 167 a 160
a.C. (ELWEL; YARBROUGH, 2001, p. 57). O grupo não é mencionado no Novo
Testamento. Nossas principais fontes para o estudo dos essênios, além dos documentos
do mar morto são os escritos de Filon e Flávio Josefo (TOGNINI, 2009, p. 143).
Os essênios consideravam o templo profanado, por este fato e algumas
características essenciais, eles se afastaram completamente da vida relacionada ao

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templo. Eles constituíam, sobretudo uma ordem monástica; não se casavam e sua
comunidade perpetuava-se somente com a associação de novos membros. Não
procuravam lucros pessoais, e todos trabalhavam pelos congregados, com os quais
viviam em comum. O ingresso à comunidade exigia do candidato passar por diversas
fases. Consideravam reprovável o juramento; seguiam rigorosas regras de pureza
tomando banhos frequentes e usavam trajes brancos.
Foram perseguidos e suas comunidades destruídas juntamente com os outros
judeus depois de 66 d.C.. Vários de seus documentos foram encontrados nas cavernas
próximas de suas comunidades a partir de 1947 e vieram a ser chamados de
„Manuscritos do Mar Morto‟. Muitos acreditavam que seus escritos encontrados a partir
da Caverna de Qunram iriam transformar completamente o cristianismo, no entanto, os
documentos têm trazido grandes contribuições arqueológicas para o estudo do povo e
do tempo de Jesus e seus discípulos. Há uma parte dos museus de Jerusalém reservada
só para os achados arqueológicos dos essênios. Dentre eles, um rolo completo do livro
de Isaias preservado integralmente por quase dois mil anos, trazendo grande conforto
para os judeus e cristãos.

2.4. Os zelotes

Os Zelotes formavam o grupo para o qual a política se tornou a razão principal


da religião. Eles estavam interessados na independência da nação e sua autonomia.
Segundo Josefo, o fundador foi Judas de Gamala, que iniciou a revolta sobre o censo da
taxação em 6 d.C. Seu alvo era sacudir o jugo romano e anunciar o reino messiânico.
Para Josefo, eles precipitaram a revolta na guerra romana (66-70 d. C.), debaixo da
liderança de João Gichala (Guerra v. 3. 1). Um dos discípulos de Cristo, Simão (não
Pedro), pertencia aos zelotes (Luc. 6: 15; Atos 1: 13).

2.5. Os discípulos de Jesus

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Um grupo novo que surgiu no início do primeiro século, justamente, no início


como fruto das pregações, ensinamentos e milagres de Jesus, foram os seus discípulos.
No primeiro momento, todos os que seguiam a Jesus, de certa forma, eram considerados
seus discípulos, no passar do tempo, este termo passou a designar os que, de fato,
estavam firmados em Cristo e nos seus ensinos. É interessante observar que havia no
grupo de seguidores de Jesus, no início, as ovelhas perdidadas da casa de Israel, as
pessoas rejeitadas de outras classes, os pescadores de peixes, os cobradores de impostos
e logo foram chegando outras pessoas, dentre elas muitos ricos. Dentre a multidão que o
seguia Jesus separou doze para estarem mais próximos a ele, posteriormente foram
chamados apóstolos.

2.6. O Sinédrio

O Sinédrio era o conselho de juízes - uma espécie de corte suprema, que operava
em Israel por volta da época de Jesus. Durante o período em que o Sinédrio existia,
outras nações reinavam sobre Israel. Esse corpo de líderes consistia de 71 membros e
fazia seus negócios em Jerusalém. Conforme Nelson,

Quando Esdras e Neemias trabalhavam em Jerusalém, eles fizeram o povo


fazer pacto de que iria viver por um código externo de regras básicas, diziam
eles, na lei de Moisés. Quando Esdras e Neemias morreram, esta
responsabilidade de instrução passou a um grupo de pessoas denominadas
sopherim ou a „Grande Sinagoga‟. Este grupo durou cerca de 400 a 200 a.C.
Este grupo foi o precursor do sinédrio. (DANA, 1980, p. 17).

O nome Sinédrio vem das palavras gregas sin (junto) e edrio (sentar). Esse
termo é usado vinte e duas vezes no Novo Testamento. No Novo Testamento, o
Sinédrio aparece de uma maneira negativa. O evangelho nos diz que foi esse o grupo
que colocou Jesus em julgamento. No livro de Atos vemos o Sinédrio investigando e
perseguindo a crescente igreja cristã.

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2.6.1. Sumo sacerdotes

O Sinédrio era comandado por um presidente que era conhecido como „o sumo
sacerdote‟. Normalmente os saduceus eram os sumo sacerdotes, que eram os homens
mais poderosos do Sinédrio. Um sumo sacerdote era o capitão do templo e o outro
supervisionava os procedimentos e comandava o guarda do templo (Atos 5:24-26). Os
outros serviam de tesoureiros, controlando os salários dos sacerdotes e trabalhadores e
monitorando a vasta quantia de dinheiro que vinha através do templo.

2.6.2. Os anciãos

A Segunda categoria principal dos membros do sinédrio eram os anciãos. Esses


homens representavam a aristocracia sacerdotal e financeira na Judéia. Leigos distintos
como com José Arimtéia (Marcos 15.43), dividiam a visão conservadora dos saduceus e
davam à assembleia a diversidade de um parlamento moderno.

2.6.3. Os escribas

Os membros mais recentes do Sinédrio eram os escribas. A maioria deles era


fariseu. Eles eram advogados profissionais, treinados em teologia, direito e filosofia.
Eles eram organizados em grêmios, e normalmente seguiam rabinos ou professores
célebres. Gamaliel, um escriba famoso do Sinédrio, que aparece no Novo Testamento
(Atos 5.34), foi o erudito que instruiu o apóstolo Paulo (Atos 22.3).
A extensão da influência do Sinédrio - oficialmente, o Sinédrio tinha só tinha
jurisdição na Judéia. Mas na prática, ele tinha influência na província da Galiléia e até
mesmo em Damasco (Atos 22.5). O trabalho do conselho era basicamente julgar

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assuntos da lei judaica quando surgiam discórdias. Em todos os casos, sua decisão era
final. Eles julgavam acusações de blasfêmia como nos casos de Jesus (Mateus 26.65) e
Estevão (Atos 6.12-14), e também participavam na justiça criminal. Ainda não sabemos
se o Sinédrio tinha o poder de punição capital. O filósofo judeu Filo, indica que no
período romano o Sinédrio podia julgar violações ao templo. Isso explica as mortes de
Estevão (Atos 7.58-60) e Thiago. Gentios que foram pegos ultrapassando o recinto do
templo eram avisados sobre uma pena de morte automática. Porém, o Novo Testamento
e o Talmude discordam de Filo nesse ponto de vista. No julgamento de Jesus, as
autoridades estavam convencidas em envolver o governador romano Pilatos, que por si
só poderia mandar matar Jesus (João 18.31).

2.7. O povo da terra

Além das divisões dos grupos do judaísmo, havia o povo da terra - pessoas
comuns que viviam suas vidas e não se afiliavam a nenhum grupo de influência política.
Aquela ampla maioria de pessoas não se afiliavam a nenhum grupo específico, mas
simplesmente tentavam viver cada dia de acordo com a vontade de Deus, da melhor
maneira que podiam. Suas ideias eram mais próximas das que os fariseus defendiam,
mas eram desprezados por estes como uma turba que não sabia nada da lei (Jo 7.49). A
literatura rabínica posterior descreve como aqueles que não eram dizimistas regulares,
não liam a Shema (Dt 6.4-9 (de manhã e à noite, não usavam tefilim (pequena caixa de
couro com trechos das escrituras em um estojo)) em seus umbrais, falhavam em não
ensinar a lei a seus filhos e não se associavam aos estudiosos da lei. Para Jesus, essas
eram as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.6), ovelhas sem pastor, das quais ele
se compadeceu (Mt 6.34). Essas pessoas comuns tinham prazer em ouvir Jesus (Mc
12.37), em oposição às lideranças religiosas que estavam com raiva de seus
ensinamentos e tentavam matá-lo. (ELWEL; YARBROUGH, 2001, p. 60).

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2.8. O povo da diáspora

Muitos judeus não retornaram para a Palestina. Durante o império romano o


número de judeus que vivam na dispersão era muito maior do que os residentes na terra.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Segundo Tenney,

dá-se o nome de Diáspora, ou Dispersão, ao conjunto dos judeus que vivem


em quase todas as grandes cidades, desde a Babilônia, até roma e também
em muitas povoações menores, onde o comércio e a colonização os
retiveram. A dispersão do povo judaico começou com o cativeiro do Reino
do Norte em 721 a.C., quando Sargão da Assíria deportou os habitantes de
Israel para a Assíria, onde constituiu com eles novas colonias. O Reino do
Sul ou de Judá, foi conquistado pela Babilônia em 597 a. C., e muitas
classes cultas foram levadas para a Babilônia [...]. A influência grega afetou
inquestionavelmente os judeus da Dispersão e muitos deles perderam as
características distintivas e a fé que os tornavam diferentes de todos os
outros povos. A maioria deles, no entanto, continuou judaica. Agarravam-se
tenazmente à sua fé monoteísta -baseada na lei de Moisés. Mantinham o
contato com o templo de Jerusalém por meio das peregrinações às festas e
mantinham o culto da sinagoga, onde quer que fossem em número bastante
para constituirem um grupo cultural. (1998, p. 143).

3.9. Pessoas ligadas à religião dos judeus: os prosélitos e os tementes a Deus

Encontramos relacionados aos judeus, os prosélitos, pessoas de outras nações


que tentavam guardar e praticar todo o judaísmo, e os tementes a Deus, pessoas que
foram influenciadas pelos judeus, com suas leis e sua fé, e que, no entanto, não
guardavam todas as leis e ritos do judaísmo, tais como a circuncisão, guarda do sábado
e outros. Jeremias (1983, p. 424) corrobora com essa importante observação ao afirmar
que seria importante distinguir os prosélitos dos tementes a Deus: „que aceitavam
somente a profissão de fé monoteísta e a observância de uma parte das leis cerimoniais,
sem se converterem totalmente ao judaísmo. Legalmente, eram considerados pagãos‟.
Dentre os prosélitos conhecidos encontramos o centurião Cornélio e toda a sua casa, que

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foi evangelizado por Pedro (Atos 10); Lígia que foi evangelizada por Paulo (Atos 16); e
outros. É importante observar que, como resultado da presença dos judeus na dispersão,
quando o evangelho começou a ser pregado, já havia esta influência dos judeus com
seus ensinamentos em grande parte do mundo greco-romano.

SÍNTESE DESSA AULA

Nessa aula você estudou sobre:


1. O caráter peculiar do Antigo Testamento.
2. A literatura judaica extra canônica.
3. Os grupos do judaísmo.

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UNIDADE II – OS ASPECTOS SECULARES


Aula 9: Idioma, transporte, comércio, comunicação e moradia

META
 Refletir sobre a vida diária no Período Intertestamental e do Novo
Testamento.

OBJETIVOS
 Compreender a vida diária de forma mais específica em relação aos judeus.
 Verificar como era o idioma principal do povo, o comércio, a comunicação e
a moradia.
 Analisar as classes sociais relacionadas ao Período Intertestamental e de
forma mais específica no Período Romano.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Olá, pessoal! Na Aula de hoje vamos falar sobre idioma, transporte, comércio,
comunicação e moradia. Sabe-se que a maioria do povo foi levada cativa para a
Babilônia, no exílio, como foi observado alhures, os judeus gozaram de grandes
privilégios e puderam manter a identidade como povo de Deus. Quando o Imperador
Ciro concedeu a liberdade para os judeus voltarem para sua terra, apenas uma minoria
voltou. Em termos da população judaica no período do Império Romano, tem-se
calculado que mais de quatro milhões de judeus viviam espalhados pelo território do
Império durante os dias do Novo Testamento, talvez 7% da população total do mundo
romano. Mas dificilmente o número de judeus que viviam na Palestina atingia a
setecentos mil. Havia mais judeus em Alexandria e no Egito do que em Jerusalém; e

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mais na Síria do que na Palestina. E mesmo em certas porções da Palestina (na Galiléia
onde Jesus se criou, e em Decápolis), os gentios eram mais numerosos do que os judeus.

Este é o quadro da população dos judeus do Período Intertestamental e dos dois


testamentos. As perguntas que são levantadas neste momento, com esta realidade da
dispersão e retorno, diante das grandes influência dos impérios, qual afinal era o
principal idioma que eles falavram e os quais os outros eram falados entre eles? Quais
eram os principais meios de transportes utilizados? Como era realizado o comércio?
Quais eram os principais meios de comunicação? Em fim, estes aspectos são de grande
relevância para a reflexão que busca por uma compreensão da vida diária nos tempos do
Período Intertestamental, no Antigo e no Novo Testamento.

1. OS IDIOMAS

O latim era língua oficial do império romano, mas era idioma usado
principalmente no ocidente. No oriente, a língua franca (idioma comum) era o grego.
Além do grego, os habitantes da Palestina falavam o aramaico e o hebraico, pelo que
também Jesus e os primeiros discípulos provavelmente eram trilingues.

PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO

O ARAMAICO
Aramaico é uma língua semítica pertencente à família linguística afro-
asiática. O nome da língua é baseado no nome de Aram,1 uma antiga região
do centro da Síria. Dentro dessa família, o aramaico pertence ao subgrupo
semítico, e mais especificamente, faz parte das línguas semíticas do
noroeste, que também inclui as línguas cananitas assim como o hebraico e o
fenício. A escrita aramaica foi amplamente adotada por outras línguas,
sendo assim, ancestral do alfabeto árabe e hebraico moderno. Foi a língua
administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser
o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Esdras e Daniel,

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assim como do Talmude. O aramaico foi, possivelmente, a língua falada por


Jesus e ainda hoje é a língua materna de algumas pequenas comunidades no
Oriente Médio, especialmente no interior da Síria; e sua longevidade se deve
ao fato de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que durante milênios
habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas
reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud, esse último „onde Jesus
Cristo hospedou-se por 3 dias‟ além dessas outras aldeias da Mesopotâmia
reconhecidamente católicas por onde Cristo passou, como Tur'Abdin ao sul
da Turquia, fizeram com que o aramaico chegasse intacto até os dias de
hoje. No início do século XX, devido a perseguições políticas e religiosas,
milhares desses cristãos fugiram para o ocidente onde ainda hoje restam
poucas centenas, vivendo nos Estados Unidos, na Europa e na América do
Sul e que curiosamente falam e escrevem fluentemente o idioma falado por
Jesus Cristo. (WIKIPÉDIA).

2. OS TRANSPORTES, O COMÉRCIO E AS COMUNICAÇÕES

Jerusalém atingiu antes de 70 d.C. o nível de desenvolvimento da circulação de


produtos considerado por alguns de uma economia urbana. A profissão de comerciante
era muito valorizada. Os próprios sacerdotes comercializavam. Muitos bens eram
transportados por caravanas de camelos. Por vezes, caravanas importantes traziam de
longe para aquela cidade, artigos comerciais. Para o comércio com as regiões próximas,
utilizavam-se jumentos como animais de carga. Gundry observa que no campo dos
transportes, do comércio e das comunicações, a Palestina era bem pouco desenvolvida.
O país dificilmente possuía estradas pavimentadas. Havia sim, diversas estradas
principais.

PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO


Gundry, falando das estradas da Palestina nos dias de Jesus, observa que:

Uma dessas estradas partia de Jerusalém, na direção nordeste, para Betânia,


Jericó e Damasco. A segunda estrada principal se separava da primeira na
Transjordânia e atravessava Decápolis até Cafarnaum. Uma terceira estrada
principal subia pela costa mediterrânea de Gaza a Tiro. Uma estrada
secundária, na qual o Cristo ressurrreto conversou com dois discípulos,
seguia para além de Emaús até Jerusalém. A quarta ia de Jerusalém e seguia
direto para o norte, atravessando Samaria e terminando em Cafarnaum.

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Finalmente Via Maris (Estrada do Mar) partia de Damasco, atravessava


Cafarnaum perto do mar da Galiléia e seguia na direção de Nazaré,
prosseguindo até à costa do Mediterrâneo. (GUNDRY, 1999, p. 24).

3. AS MORADIAS

As cidades e as moradias da Palestina eram um tanto diferentes de suas


congêneres greco-romanas, e eram comparativamente atrasadas. A entrada numa cidade
se fazia por meio de um portão nas muralhas. Do lado de dentro do portão havia uma
praça que provia espaço público para comércio e para atividades sociais e legais. Jesus
deve ter pregado com frequência nessas praças citadinas. As casas eram baixas e com
cobertura plana, algumas vezes com um quartinho para hóspedes encarapitado no alto.
O material de construção usado nessas edificações usualmente consistia de tijolos de
barro amassado com palha e ressecados ao sol. Os leitos não passavam de um colchão
ou de uma colcha estendida no chão. Somente nas casas mais abastadas havia camas
armadas. As pessoas dormiam vestidas com as roupas que usavam durante o dia.

PARA SABER MAIS


Gundry (1999, p. 26) observa que: “As cidades e as moradias da Palestina eram um
tanto diferentes de suas congêneres greco-romanas, e eram comparativamente atrasadas”.

SINTESE DA AULA

Nessa Aula você estudou sobre alguns pontos importantes da sociedade dos tempos
neotestamentários como:
1. Idiomas
2. Transporte, comércio e comunicações
3. Idiomas.

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Aula 10: Alimentação, vestuário, classes sociais e família

META

 Refletir sobre alimentação, vestuários, classes sociais e família no período


intertestamental do Antigo e do Novo Testamento.

OBJETIVOS

 Verificar como era a alimentação no contexto judaico com ênfase no Período


Intertestamental e do Novo Testamento.
 Analisar como vestiam no contexto judaico.
 Verificar como eram as classes sociais e a família no Período Intetestamental e
do Novo Testamento.

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Tudo o que estamos estudando até aqui ajuda-nos na compreensão do ambiente


do Período Intertestamental e do Novo Testamento de forma especial. Não seria
indispensável para a compreensão essencial da mensagem de Deus para nós seres
humanos, mas numa busca de compreensão mais aprofundada da Palavra de Deus, é de
extrema importância compreender o contexto no qual a mensagem foi transmitida.
Continuemos, portanto, a estudar a vida diária nos dias do Período Intestesmental e do
Novo Testamento.

1. ALIMENTAÇÃO

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Os judeus costumavam ter somente duas refeições formais ao dia, e os romanos


normalmente tinham quatro. Daniel-Rops (1997, p. 137) nos informa que „os judeus
gostavam de comer ao ar livre e com frequencia tomavam as refeições no pátio; mas no
inverno tinham que permanecer no interior da casa, geralmente um aposento grande que
era também a cozinha‟. Eles comiam principalmente frutas e legumes. Carne assada ou
cozida, usualmente era reservada para dias de festa. Uvas passas, figos, mel e tâmaras
supriam os adoçantes, porquanto era desconhecido o açúcar. O peixe era um frequente
substituto da carne. Quando das refeições formais, as pessoas costumavam reclinar-se
em divãs acolchoados. Nas refeições informais, se assentavam e gostavam de convidar
os amigos.

2. VESTUÁRIO E MODAS

Na Palestina os homens deixavam a barba crescer. Seus cabelos eram


conservados um pouco mais longos do que em outras regiões, mas não tão compridos
como se vê nas gravuras que representam pessoas dos tempos bíblicos. A moda na
Palestina usualmente se mantinha em níveis conservadores para ambos os sexos.

3. AS CLASSES SOCIAIS

Por causa da influência niveladora do judaísmo, na sociedade judaica as


diferenças nas classes sociais eram menores do que na sociedade pagã. A grosso modo,
no entanto, os principais sacerdotes e os líderes rabinos formavam a classe mais alta.
Fazendeiros, artesãos e pequenos negociantes compreendiam a maior parte da
população. Além dessas classes havia a dos escravos, que era formada por uma grande
população no império romano. Havia escravos também na comunidade judaica.
Segundo Daniel-Rops (1997, p. 97), „O mais surpreendente exemplo de sua influência é

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a atitude dos judeus quanto à escravidão, esse elemento chocante e essencial em toda a
sociedade do mundo antigo‟. Para compreendermos melhor, Gundry observa que:

Muitas das declarações e parábolas de Jesus dão a entender que a escravidão


também existia na cultura hebreia de Seu tempo. As epístolas de Paulo
refletem a presença de escravos nos domicilios cristãos. Muitos desses
escravos – médicos, contadores, professores, filósofos, gerentes, balconistas,
escriturários – eram mais aptos e mais bem educados que seus senhores.
(GUNDRY, 1999, p. 30).

3.1. Herodes e a corte

Herodes vivia num perpétuo receio dos próprios súditos, mantendo forte
segurança pessoal. A corte com sua riqueza regia a vida oficial. (JEREMIAS, 1983. p,
130).

3.2. Os ricos (não judeus)

Havia uma verdadeira manifestação de luxo no meio dos ricos. Os banquetes dos
ricos exerceram uma grande função naquela sociedade. Jerusalém servia de modelo para
outros países por suas maneiras requintadas. Também lá, um anfritrião podia distinguir-
se de modo espetacular pelo grande número de convidados, ou de modo mais real, pelo
tratamento dispensado a seus convivas.
Em todos os tempos Jerusalém atraiu o capital nacional do país: altos
negociantes, grandes proprietários de imóveis, arrendatários de impostos e pessoas que
viviam de rendas.

3.3. Os cobradores de impostos (publicanos)

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Eles se tornaram objetos de uma especial aversão, como classe. Os demais


judeus desprezavam a esses cobradores de taxas e, isso, devido ao seu necessário
contato com superiores gentios e pela opressão sobreposta principalmente no caso dos
pobres.

3.4. Ricos e pobres no contexto judaico

Não se percebe, como em outras culturas, no meio dos judeus, em ponto algum
do Novo Testamento, qualquer referência a uma distinção entre o que chamaríamos de
pessoas educadas e simples, ou nobres e plebeus, mas, por outro lado, encontramos
continuamente ricos e pobres. Quantas das parábolas de Cristo estão ligadas à posição
conferida pela riqueza? Essa distinção que nossa sociedade moderna conhece tão bem.
A classe reinante se afirmava por causa da sua riqueza e das ligações políticas providas
pela mesma e não pelos serviços prestados.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

Como observa Daniel-Rops,

o que isolava, porém, completamente Israel das demais nações do mundo


antigo era a sua atitude em relação a esta desigualdade social e aos
privilégios da riqueza. O princípio religioso era absoluto: com excessão da
classe sacerdotal, que era tida como possuindo uma graça especial, todos os
leigos judeus mantinham estritamente uma posição de igualdade entre eles.
(DANIEL-ROPS, 1997, p. 96).]

4. A FAMILIA

Eram comuns as famílias de muitos membros. Havia alegria ante o nascimento


de um menino, mas tristeza ante o de uma menina. No contexto judaico, no oitavo dia

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de vida, o infante do sexo masculino era circuncidado e recebia o seu nome. No caso da
outorga de um nome a uma menina, podia esperar pelo espaço de um mês. As famílias
não tinham sobrenomes, pelo que pessoas com um mesmo nome eram distinguidas
mediante a menção do nome do pai („Simão, filho de Zebedeu), mediante a filiação
política („Simão, o Zelote‟), pela ocupação („Simão Curtidor‟), ou mediante o lugar de
sua residência („Judas Iscariotes‟), onde a palavra „Iscariotes‟ significa „homem de
Quiriote‟. Quando ocorria um falecimento, a família do morto contratava carpideiras
profissionais, usualmente mulheres treinadas em soltar lamentações.
No contexto judaico, a família poderia ser vista apenas como uma entidade
social. Era também uma comunidade religiosa, com suas festas particulares, em que o
pai era o celebrante. Segundo Daniel-Rops (1997, p. 81) „algumas das importantes
cerimônias exigidas na Lei do Senhor tinham um forte caráter familiar – a Páscoa, por
exemplo, tinha de ser celebrada em família‟. Pertencer a uma família tinha um
significado muito forte. Nos evangelhos e no livro de Atos vemos, por exemplo, que os
pais que aceitavam os ensinamentos de Cristo levavam com eles a família inteira.

SÍNTESE DA AULA

Nessa aula você estudou sobre:


1. A vida diária de forma mais específica em relação aos judeus.
2. O idioma principal do povo, o comércio, a comunicação e a moradia.
3. As classes sociais relacionadas ao período Intertestamental e de forma mais
específica no período Romano.

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REFERÊNCIAS

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BAXTER, J. Sidow. Examinai as escrituras. O período intertestamentário e os
evangelhos. Trad. De Neyde Siqueira. São Paulo: Vida Nova, 1985.
DANA H. E. O mundo do Novo Testamento: um estudo do ambiente histórico e cultural
do Novo Testamento. Trad. Jabes Torres. Rio de Janeiro: JUERP, 1980.
GUNDRY, Robert. Panorama do Novo Testamento. Trad. João Marques Mendes. São
Paulo: Vida Nova, 1999.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
DANIEL-ROPS, Henri. A vida diária nos tempos de Jesus. Trad. Neyd Siqueira. São
Paulo: Vida Nova. 1997.
ELWELL, Walter A. et alli. Descobrindo o Antigo e o Novo Testamentos. São Paulo:
Cultura Cristã, 2001. 2 vols.
IRONSIDE, H.A. Os quatrocentos anos de silêncio: de Malaquias a Mateus. Trad. Joás
Castello Branco Gueiros. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1998.
JEREMIAS, Joaquim. Jerusalém no tempo de Jesus: Pesquisa de história econômica-
social no período neotestamentário. Trad. M. Cecília de M. Duprat. São Paulo: Paulus,
1983.
JOSEFO, Flávios. História dos Hebreus. Trad. Vicente Pedroso. Rio de Janeiro: CPAD,
1990.
METZGER, Martin. História de Israel. Trad. Nelson Kirst e Silvio Schneider. São
Leopoldo: Sinodal. 1984.
NELSON, Thomas. O mundo do Novo Testamento. São Paulo: Imprensa da Fé. 1991.
REICKE, Bo, História do tempo do Novo Testamento: O mundo bíblico de 500 a.C. até
100 d.C. Trad. João Anibal e Edwino Royer. São Pualo: Paulo, 1996.
TENNEY, Merril C. O Novo Testamento: sua origem e análise. Trad. Antônio
Fernandes. São Paulo: Vida Nova, 1995.
TOGNINI, Eneas. O período interbíbico: 400

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TOGNINI, Eneas. O período interbíblico: 400 anos de silêncio profético. São Paulo: Hagnos,
2009.

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Você também pode gostar