Ir:.
Jefferson Zomignan - Pomerode -
ARLS:. "Artífices da Sabedoria"
A Cadeia de União
INTRODUÇÃO
Considerada uma das ritualís-
ticas mais importantes para o Rito
Escocês Antigo e Aceito, a Cadeia
de União teria ~ua origem na Maço-
naria Operativa, onde os profissio-
nais da construção usavam uma
corrente de ferro para delimitar a
área de construção.
Na Maçonaria ritualística, a Ca-
deia de União é uma prática
introduzida única e exclusivamente
para a transmissão da Palavra Se-
mestral; porém, é usada de forma
distinta em 2 ritos específicos.
No Rito de Schrõder (alemão), a
Cadeia de União é formada a cada
final de sessão. Já no Rito York
(Emulação - inglês), se ignora total-
mente esta prática.
Através dos tempos, a formação
da Maçonaria conseguiu reunir com-
portamentos oriundos de todos os
ramos do conhecimento humano,
desde raízes esotéricas, filosóficas,
a modelos de outras Instituições,
assim como os mistérios de Ceres,
dos Egípcios, dos Rosacrucianos,
dos Alquimistas e dos Essênios.
Desta forma, a Cadeia de União
deve ser também estudada como
um instrumento místico, que deve
ser exercido com transparência para
que se possa colher efeitos benéfi-
cos em sua prática.
ANÁLISE
Dada a magnitude deste tema,
procurei dividir o estudo em algu-
mas partes, traduzidas em forma
de perguntas na tentativa de traçar
uma linha de trabalho e assim ob-
8 I o PRUMO I N2 166
se •••••••••••••••••••••••••••••••••
nº 81 - GOSC
ter as respostas necessárias para
elucidação desta importante maté-
ria, como vemos a seguir:
1.- Qual o objetivo da Cadeia de
União dentro do REAA?
o
objetivo principal é a transmis-
são da palavra semestral.
Palavra que será usada em nos-
sas meditações, para cobertura da
loja e exigi da em um trolhamento
de visitantes, para averiguação da
regularidade e condição Maçónica.
Porém, nesta simplicidade de
objetivo se esconde algo muito im-
portante para os Maçons regulares,
como se verificará a seguir.
Como uma das ritualísticas mais
importantes para o RITO ESCOCÊS
ANTIGO E ACEITO, é, sem sombra
de dúvida, um momento único, que
induz a grande reflexão e união co-
letiva, onde o foco de pensamen-
tos e energias está única e exclusi-
vamente direcionado para um obje-
tivo comum, que é a interiorização
da palavra ou a frase que é trans-
mitida pelo v.·. M.·..
2 - Como é a ritualística
de for-
mação da Cadeia de União no
REAA?
A Cadeia será formada unindo-
se os irmãos em torno do Ara, com
o livro da lei aberto no versículo
destinado àquela sessão. Poderá
ser formada durante uma sessão
econõmica, antecedendo o encer-
ramento dos trabalhos ou até mes-
mo logo após estes. Porém, a Ca-
deia de União poderá ser convocada
em qualquer ocasião em que o
V:. M:. julgue conveniente.
Para que a Cadeia seja perfeita,
antes de tudo, o ambiente deverá
apresentar condições propícias
para a meditação, que é a palavra
chave em ponto de vista neste pro-
cesso; assim, a luminosidade tê-
nue, o som adequado e o perfume
do ambiente são de fundamental
importância.
A luminosidade deverá ser seme-
lhante ao entardecer, onde a ativi-
dade intelectual e a vigilância atin-
gem o pico no organismo. Muitas
lojas, como exemplo, utilizam so-
mente das luzes dos candelabros.
O som é o elemento que conduz
ao caminho suave e natural para a
meditação. Não há uma regra quan-
to ao uso de música, se clássica,
popular, newage, etc ...
E o ambiente perfumado, normal-
mente com incenso, produz efeitos
benéficos para a condução é pre-
paro da mente para meditação.
Finalmente, como postura
ritualística, no RITO ESCOCÊS AN-
TIGO E ACEITO, os irmãos deverão,
com os braços cruzados, direito
sobre o esquerdo, ligar-se através
das mãos (direita de um com es-
querda do outro). Os pés deverão
estar em esq:., mantendo o calc:.
encostado e unindo-se com o Ir:.
ao lado pela pont:. dos pés.
Assim, juntamente com a pala-
vra semestral, forma-se o triplo pon-
to de comunicação (Mãos, pés e o
som da palavra semestral).
O início da cadeia se dá a leste,
com o V:. M:. de costas para o
trono e ladeado à direita pelo Orad:.
e à esquerda pelo Secr: .. No extre-
mo ocidente, está o M:. de CCer:.
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de costas para entrada da loja, com
o Ir:. 1º Vig:. à esquerda e o Ir:. 2'
Vig à direita.
Os demais obreiros ocupam os
lugares entre estes dois grupos,
distribuindo-se de tal forma a pro-
ver o equilíbrio geométrico do cir-
culo.
A palavra então é transmitida
com o V:. M:. sussurrando a pala-
vra semestral no ouvido esquerdo
do Ir:. Orad:. e no ouvido direito
do Ir:. Secr: ..
Esta é transmitida, também em
forma de sussurro, para o irmão
seguinte e assim sucessivamente
até chegar no Ir:. M:. de CCer: ..
Quando o M:. de CCer:. recebe a
palavra ele poderá acenar com a
cabeça sinalizando que a palavra
chegou certa, ou poderá deslocar-
se até o V:. M:., interrompendo a
cadeia para dizer a palavra que che-
gou até ele. Se a palavra estiver er-
rada, o processo todo é repetido. Se
estiver certa, o Venerável dirá, sim-
plesmente: "Meus Irmãos, a pala-
vra está correta, guardemo-Ia como
condição de regularidade e penhor
de nossa fraternidade". Desfaçamos
a Cadeia e retiremo-nos em paz.
Após isso, os Irmãos poderão fazer
uma saudação de regozijo, abaixan-
do e levantando os braços, sem
desfazer a Cadeia, por três vezes,
dizendo "Viv:., Viv:., Viv:.".
Como a Cadeia é composta após
o encerramento dos Trabalhos da
Oficina, não é feito nenhum Sinal
para encerramento nessa oportuni-
dade, nem o de ordem e nem a
saudação.
"A Cadeia de União", é a mais
bela e preciosa Jóia da Loja, e quan-
do formada representa a Luz dos
Astros em torno do Sol.
3- Quem participa da Cadeia de
União?
Somente os membros do quadro
da loja é que poderão fazer parte
da Cadeia.
4 - Quais as variações encon-
tradas para o uso da cadeia de
união?
Na prática, a Cadeia de União,
como dissemos anteriormente, foi
introduzida na maçonaria para a
transmissão da palavra semestral;
entretanto, os introdutores deste
ritual talvez nunca imaginassem que
um dia ela se tornaria objeto de
outras práticas que não aquela ori-
ginal.
Além da transmissão da palavra
semestral, hoje a Cadeia de União
é utilizada em muitos casos como
verdadeira bateria psíquica, onde a
energia gerada nesta corrente é
dirigida em uma só mente para be-
neficio de irmãos enfermos, para se
citar um exemplo. Há relatos de ir-
mãos que se encontravam debilita-
dos e sentiram o instante exato que
os irmãos, reunidos em Cadeia de
União, dirigiam suas energias para
ele.
Sabemos que isto é possível. O
cérebro humano é uma verdadeira
usina nuclear, capaz de façanhas
ainda não descobertas - assunto
relacionado à física quântica. Po-
rém, já há muito, estas energias
são manipuladas e usadas por
muitos sábios e monges que pos-
suem altíssima capacidade de Me-
ditação e Sensitividade.
As ondas alfa emitidas pelo cé-
rebro de uma pessoa considerada
paranormal chegam a comprimen-
to de onda de sete a 12Hz por se-
gundo. (Fenômeno estudado por
Hans Berger, em 1924).
Imaginemos o quanto podem
gerar os 28 irmãos de nossa loja.
Para este trabalho, li uma frase
do Ir:. Hercule Spoladore, de Lon-
drina, PR, que nos desafia a imagi-
nar o poder desta força se todas as
lojas maçônicasdo Brasilou do mun-
do se reunissem em uníssono e
focássemos alguma coisa boa. Cer-
tamente algo de bom aconteceria.
Muitas igrejas utilizam deste
expediente e chamam de grupo de
oração, em prol disto ou daquilo.
Porém, enganamo-nos em pen-
sar que se trata de algo religioso.
Os russos já provaram há muito que
a força da mente transcende mui-
tos obstáculos.
Trata-se de energia que todos
nós temos, mesmo não possuindo
dons paranornais. Refere-seao dom
dado pelo G:.A:.D:.U:. a todos
nós e que compõe cada átomo de
nossas células.
No plano mais místico, a força-
pensamento é capaz de agir, além
do plano físico e mental, também
em um plano astral, búdico (Intui-
ção), nirvânico (Espiritual),
paranirvânico (monádico) e no
mahaparanirvânico (divino) e na
formação de egrégoras.
5 - Quais os resultados e bene-
fícios?
Os benefícios que resultam da
Cadeia de União são claramente
perceptíveis. Não representam so-
mente a união no recebimento da
palavra semestral.
O corpo humano, unido em Ca-
deia de União, submete-se a cons-
tantes trocas originadas pelas ex-
citações a qual é exposto, seja o
toque, a música calma e serena, a
voz e a pura transmissão de ener-
gia no contato das mãos, que pode
ser sentida pelo calor produzido.
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Assim se percebe a eERMllIà
(1º benefício) existente entre as
constantes RECEPÇÕES e DOA-
ÇÕES nos irmãos que a compõe.
Depois de determinado lapso de
tempo e uniformidade de respiração,
um perfeito equilíbrio é estabeleci-
do. Neste momento, ninguém terá
nada mais a doar ou receber, have-
rá uma só identidade. Aqui se per-
cebe o verdadeiro espírito maçôni-
co da igualdade e da fraternidade.
Porém, a perfeita obtenção dos
resultados somente poderá ser
alcançada se todos os que com-
põem os elos desta corrente esti-
verem canalizando as energias in-
dividuais para um objetivo comum
do grupo, que é, em primeira análi-
se, interiorizar a palavra semestral.
Deverá ocorrer o direcionamento
das forças individuais e dos pensa-
mentos para a meditação sobre o
que foi transmitido pelo V:. M : ..
Assim, temos a MEDITAÇÃO
como o segundo grande benefício
desta cadeia.
Como diz o sábio Eknath
Easwaran: "A meditação pode ser
acertadamente definida como a fun-
ção mais dinâmica, criadora e im-
portante da qual o homem é capaz,
porque ao extinguir nele tudo o que
é egoísta, leva-o para aquele esta-
do impessoal da Consciência
Crística, denomida SHIT pelos sá-
bios Hindus".
Meditar em comunhão, como
sugere a Cadeia de União, difere
da meditação individual, pois a
somatória de toda a energia
circulante entre os irmãos é infini-
tamente superior e responsável
pela obtenção do sucesso.
Na meditação na Cadeia de
União, o som transmitido pelo
V:. M:. é repassado sussurrando no
ouvido para os membros da cadeia.
Ao entrar em nosso ouvido, deverá
ser focado em nossa mente de tal
forma a produzir uma só freqüência
de pensamento que se aprofunda a
ponto de desaparecer em seu esta-
do mais sutil, onde somente se en-
contra a palavra semestral.
Neste momento a força do pen-
samento criada chega ao máximo.
Assim, o valor da MEDITAÇÃO está
em "reduzir" o pensamento a qua-
se nada; em outras palavras,
direcionar totalmente a nossa ener-
gia mental nesta palavra (foco ab-
soluto).
Consegue-se, então, sentir a paz
interior, maior poder criativo, maior
sabedoria, maior polidez na vida e
a integração de valores em todos
os campos da existência.
Finalmente chegamos ao CAMI-
NHO DA PAZ INTERIOR (3º benefí-
cio), que, como se vê, é mais facil-
mente alcançado valendo-nos dos
sentidos, da percepção interna e da
terceira visão.
A mente humana quando retorna
desta viagem chamada MEDITAÇÃO
vem revigorada, forte e cheia de luz.
CONCLUSÃO
Com todo vigor e técnica que ora
nos são apresentados, não há dú-
vidas do por que a Cadeia de União
ser considerada uma das principais
jóias da maçonaria.
Associando toda experiência vi-
vida nas formações da Cadeia de
União e relatada pelos irmãos, con-
clui-se que a transmissão da pala-
vra semestral é somente uma das
possibilidades e utilidades.
Simboliza a igualdade mais pre-
ciosa e a fraternidade mais pura,
que se estende do Oriente ao Oci-
dente e do Norte ao Sul do Templo,
da mesma forma como o princípio
da civilização se estendeu por todo
mundo. Ela recorda o significado do
que é ser verdadeiro Irmão.
A Cadeia de União lembra que a
Instituição Maçônica é maior que as
religiões, abraça todo Mundo conhe-
cido, unindo com ramos de flores,
raças, povos, nações e continentes.
Longe das preocupações da vida
material, abre-se para o Maçom o
vasto domínio do pensamento e da
ação.
Cruzam-se os braços para iden-
tificar a unificação de todos numa
única concentração de vontade.
devotada à elaboração dos interes-
ses da Ordem e da Loja.
Juntam-se as mãos, para que o
Venerável invoque a descida do ver-
dadeiro espírito maçônico sobre a
totalidade de seus componentes,
numa preparação para que vençam
todos os obstáculos pessoais, lim-
pando a atmosfera do Templo das
vibrações impróprias ou maldosas
à evolução de cada Obreiro.
"A Cadeia de União" simboliza o
Universo e é eterna, como eternos
e universais são o amor, a bonda-
de, o progresso, a Justiça e a união
com o G :.A:. D:. U: ..
Os homens unidos se abraçam
constituindo uma só Cadeia, uma
União, uma só família, orientada
pela e para a grandeza absoluta do
Pai Celestial.
Que o G :.A:. D:. U:. nos dê cada
vez mais este espírito de união fra-
terna.
BIBLIOGRAFIA
ABC do aprendiz, Ir:. Jaime Pusch (M:. M:. l,
Editora Dehon, 2000 - 4ª edição.
Vade-Mécum do Simbolismo Maçônico; IIr:. Riz-
zardo da Camino e Odéci Schilling da Camino
Editora Madras, 1999.
Ir:. Benedito Alves do Nascimento, Teresina, PI
- Revista a Tralha, Ano XXVIII, nO146,1998.
Ir:. Hercule Spoladore, Revista O PRUMO, ano
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Ir:. Roberto Rafaeli da Cruz, A:.R:.L:.S:. Jus-
tiça e Trabalho, Blumenau - se, publicado na
revista O PRUMO, Ano VI, nO28, 1989.