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Colegiado da Luz Hermética

Fundado a Serviço da A∴A∴

CORRENTE93
Vol. I No. 05
An V2, in 0° , in 20° 
An. CXII da Era Thelêmica
________________________________________________________________________________________________________
R$5,00
Conteúdo

Editorial 3
Saudação ao Sol entrando no Signo de Libra 10
O Rito da Verdade de Lamed 11
O Último Oráculo 13
O Entusiasmo Energizado de Frater Aster 17
A Magia Sexual de Aleister Crowley 21
Teoremas da Magia Sexual 27
Goécia: Evocação Sexual 31
Fontes Bibliográficas 39
Notícias da Linha de Frente 43
Colegiado da Luz Hermética 47

Corrente 93, Vol. I, No. 5.


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elevação da consciência por meio da realização de – (http://oto.org/).
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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Editorial

Care Frateres et Sorores,

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

B em vindo a edição No. 5 do Jornal Corrente 93. Esse é um projeto do Outer College
Brasil, linha da A∴A∴ transmitida por Frater ON120 e Colegiado da Luz Hermética
através da SETh, órgão oficial de divulgação dos trabalhos desses dois Colegiados
Thelêmicos. Nós estamos entrando no Equinócio de Primavera de 2016 e.v. O ano
2012 e.v. foi muito importante para muitos iniciados, pois marcou o início de uma reificação
na Terra das forças espirituais do Novo Aeon. No entanto, o resgate espiritual dessas forças
dentro de cada um de nós depende da aplicação de certas chaves ou fórmulas mágicas. Uma
dessas fórmulas, conhecida como Corrente Ofidiana, tem sido considerada das mais eficazes
no estabelecimento das forças do Novo Aeon na consciência humana.
O ano de 2012 e.v. marcava no calendário maia o fim de uma era. Esse fim foi inter-
pretado nos termos catastróficos do fim do mundo. No entanto, a mudança que se esperava
na forma de catástrofe apocalíptica aconteceu em níveis mais sutis de consciência ou aeons
fora do tempo e espaço na forma de um despertar espiritual. O Solstício de Verão de 2012
e.v. marcou o fim do calendário maia e o início de um movimento astronômico que ocorreu
da última vez centenas de anos atrás, na época em que os sumérios e babilônios rastreavam
as estrelas.
Regulus é a estrela no coração da constelação de Leão. Em 3000 a.C. ela estava em
conjunção com o sol nascente no Solstício de Verão, quando o Sol entrou no signo de câncer.
Em 150 a.C. Regulus moveu-se em direção a constelação de Leão e tem estado lá nos últimos
2162 anos. No Solstício de Verão de 2012 e.v. Regulus começou a se movimentar para a
constelação de Virgem, o signo astrológico tipificado pela Ísis egípcia e a Ishtar suméria,
além de outras deusas que representam o princípio feminino na função de creatrix. O sim-
bolismo thelêmico da Besta e da Mulher tipificam o Leão entrando na Virgem. Para os anti-
gos, a estrela Regulus era o centro do universo ou eixo do mundo e uma das Quatro Torres
de Vigias Celestiais. Cada Torre de Vigia era associada a um arcanjo. No caso de Regulus,
este é Raphael, o arcanjo do Sol regido pela constelação de Leão. No entanto, Raphael tam-
bém é o anjo de Mercúrio, regido pela constelação de Virgem. Assim, temos o Lúcifer-Solar-
Hermético em um único símbolo. A constelação de Virgem simbolizava o poder oculto que
dirige a iniciação no Velho Aeon. No presente Aeon, é Leão que cumpre essa função.
Dessa maneira, nos encontramos em uma Nova Fase da Nova Era, um Aeon dentro do
Aeon ou o início da maturação do Aeon de Hórus, onde a consciência humana começará a se
alinhar com as forças do Aeon da Criança Coroada e Conquistadora, como postulado pelo O
Livro da Lei (III:34): Mas vosso lugar sagrado estará intacto através dos séculos: ainda que
com fogo e espada ele seja queimado & destroçado, todavia uma invisível casa ali permanece,
e deverá permanecer até a queda do Grande Equinócio; quando Hrumachis surgirá e aquele
duplo bastão assume meu trono e lugar. Um outro profeta surgirá, e causa revigorante febre
dos céus; uma outra mulher despertará a lascívia & adoração da Cobra; uma outra alma de
Deus e besta juntar-se-á no globado sacerdote; um outro sacrifício manchará a lápide; um
outro rei reinará; e benção não é por mais tempo vertida Ao Místico Senhor de Cabeça-de-
Falcão!

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Thelema é o resgate de um culto greco-egípcio cujo cento era a cidade de Tebas no
antigo Egito. A fórmula mágica desse culto foi imortalizada na Estela da Revelação, que re-
vela Ankh-af-na-Khonsu como seu sacerdote.1 Nesta tradição, Hórus é o Senhor de todo e
qualquer aeon, pois ele é o iniciador da alma, cristalizada por Crowley na imagem da Mulher
Escarlate. A passagem acima não pode, portanto, ser interpretada nos termos de uma ação
missionária. Uma das maiores pontas soltas da Filosofia de Thelema é pensar que a huma-
nidade um dia se alinhará completamente ao caminho da a iniciação, quer dizer, as Forças
do Novo Aeon. Não se trata disso. O estabelecimento do Aeon de Hormarku ou Hrumachis
não se refere a uma conversão social, pois a batalha é interna, travada nos confins da sombra
de cada um.
O Aeon de Hrumachis ou a Nova Fase da Nova Era ou Aeon de Hórus ocorre em cada
um de nós aqui e agora, no santuário de nossas almas. O Falo da Filosofia de Thelema, que
transmite o poder de sua Palavra, é a Estela da Revelação, que deve residir no altar mais
prístino do santuário de nossa alma.
Entretanto, as condições estelares (astronômicas) no presente são ideias para o des-
pertar deste Falo thelêmico dentro de cada um de nós, thelemitas. Regulus entrando no
signo de Vigem tipifica a Besta unida a Mulher. Os antigos sumerianos tipificavam essa con-
junção na forma de Ishtar como o eixo do mundo. Ela encarna os sinais astrológicos de Leão
(sua carruagem é puxada por leões), de Virgem (ela segura um espelho para contemplar sua
própria beleza) e Libra (como agente de equilíbrio universal). Um símbolo que pode retratar
todo o zodíaco, uma vez que são signos cardinais, mutáveis e fixos.
O trabalho com a Corrente Ofidiana, que une a Besta e a Mulher Escarlate, é uma chave
para acessar ou resgatar as Forças do Novo Aeon e Crowley deu ênfase no treinamento para
e na aplicação dessa corrente mágica. Esse é o tema da presente edição do Corrente 93: a
utilização da Corrente Ofidiana ou Magia Sexual.
Kenneth Grant (1924-2011), discípulo de Aleister Crowley, chamou a atenção para o
fato da Filosofia de Thelema ser a cristalização moderna dos antigos Cultos da Serpente que
se manifestaram em várias partes do globo em tempos distintos. Em suas obras, Grant se
esforça em estabelecer a conexão ou similaridade entre Thelema e esses cultos remotos que
ele generalizou no termo Tradição Tifoniana. O trabalho de Grant é único por esse elo que
ele estabeleceu entre Thelema e uma gama variada de correntes espirituais de Mão Es-
querda epitomadas no Tantra Hindu, no Culto Kahuna da Polinésia, nas tradições xamânicas
de todos os tempos e raças, bem como nos cultos sumerianos e babilônios da antiguidade.
Para esse trabalho, Grant vasculhou profundamente os escritos de Crowley na intenção de
descobrir as chaves ocultas que possibilitam os magistas terem acesso a essa corrente má-
gica ancestral.
O Livro da Lei (I:57) adverte: Existe a pomba, e existe a serpente. Escolhei bem! Ele, meu
profeta, tem escolhido, conhecendo a lei da fortaleza e o grande mistério da Casa de Deus. O
caminho da serpente tem sido atribuído a sedução de Eva no Jardim do Éden, quando a Ser-
pente lhe convence a comer do fruto da Árvore do conhecimento do Bem e do Mal, lhe fa-
zendo acreditar que, de posse desse conhecimento, seria como os deuses. A Serpente não
disse nenhuma mentira! O que ela fez foi não esclarecer toda a verdade: Porque Deus sabe
que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem
e o mal.2 No entanto, os Elohim já haviam alertado a Adão e Eva para não comerem do fruto
dessa árvore que transmitia a gnose ou conhecimento de Vênus, a Estrela da Manhã, Lúcifer:
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que
dela comeres, certamente morrerás.3

1 Nesta tradição, todo sacerdote recebia o sobrenome de Ankh-af-na-Khonsu.


2 Gênesis, 3:5.
3 Gênesis, 2:17.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Este conhecimento, prometido pela Serpente e que supostamente colocaria qualquer
um no status de divindade, é o mistério da encarnação com seus ciclos de nascimento e
morte. Isso é confirmado em seguida pelos Elohim: No suor do teu rosto comerás o teu pão,
até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.4
Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos.5 O Senhor
Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.6 E não é
isso que nos acontece? Não temos de labutar com o suor do rosto para pôr em nossas mesas
o pão? A mulher não sofre de dor no ato de dar à luz a uma nova vida? Dessa maneira, a
Serpente não enganou Eva. O conhecimento que ela prometeu todos nós estamos cientes,
como os Elohim haviam alertado.
O Jardim do Éden é o Jardim das delícias. Nele, arcanos brotavam em árvores de co-
nhecimento. Um deles, a Árvore da Vida, trata dos mistérios da pomba na citação de O Livro
da Lei, preservada na antiguidade por grandes Adeptos como Enoch ou o Profeta Elias, que
foram arrebatados na Luz Infinita do Absoluto.
Thelema, no entanto, oferece os frutos de ambas as árvores. Na simbologia da ser-
pente, é dito que ela não pode ir além do Abismo. Para tal, ela tem de se transformar no
dragão voador. Em outras palavras, a serpente deve receber as asas da pomba a fim de
transcender Abismo. Uma das chaves para essa transformação é a Corrente Ofidiana. O Liber
777 de Crowley é o repositário de inúmeras fórmulas mágicas que colocam em movimento
a ação da serpente e a ação da pomba, para que se complete o grande mistério da casa de
Deus.
A A∴A∴ não possui instruções oficiais sobre magia sexual, fora referências veladas em
algumas instruções. Na época do Crowley, ao atingir a graduação de Adepto Maior 6°=5⌷, os
Irmãos da A∴A∴ eram orientados ao estudo e execução da magia sexual como uma das me-
lhores ferramentas para adestrar e aplicar a Verdadeira Vontade. Como a A∴A∴ não oferece
orientação formal nessa prática, Crowley orientava seus alunos a se dirigirem a O.T.O. e se-
ria interessante que todo Adepto Maior fosse também um membro do Soberano Santuário
da Gnose, IX° O.T.O. Isso não significa que o IX° Grau da O.T.O. tenha qualquer relação com
o Grau de Adepto Maior na A∴A∴. A questão é que a magia sexual era considerada por
Crowley, a partir de 1912 e.v., como um poderoso veículo para reificação da Verdadeira
Vontade, o aterramento das Forças do Aeon de Hórus na consciência humana e o mecanismo
ideal para conquista do samādhi perfeito: sam do grego unir e do Adhi, do hebraico Adonai,
quer dizer, União com Deus, a união dos opostos.7 Na magia sexual, o samādhi perfeito é a
Criança Mágica, a União e quintessências de seus pais, representada pelo Deus que é consu-
mido na eucaristia da Missa Gnóstica: Que esta oferenda seja carregada sobre as ondas do
Aethyr para o nosso Senhor e Pai, o Sol, o qual viajou através dos Céus em seu nome ON.8
O Senhor e Pai é o Deus-Criança Hórus, macrocosmicamente simbolizado no Sol, o
Ente Presença nos domínios de Nuit. ON é o nome do Sol. Uma palavra de trino significado.
A letra O «Ayin-(» representa o princípio masculino universal na imagem do Pai ou Falo. A
letra N «Nun-n» representa o princípio feminino universal na imagem da Mãe ou Kteis
«vulva». ON, portanto, é a União e Quintessência de Pai e Mãe na forma do Filho. O totem de
O «Ayin-(» é o Bode, símbolo da Vontade procriadora ou Falo ereto. Na instrução de
Crowley:

Agora, o Caminho de Ayn é um Elo entre Mercúrio e o Sol, e no Zodíaco corresponde ao


Bode. Este Bode é também chamado Força, e está no Meridiano ao Nascer do Sol na

4 Gênesis, 3:19.
5 Gênesis, 3:16.
6 Gênesis, 3:23.
7 Veja Aleister Crowley, The Equinox, Vol. I, No. 4.
8 Aleister Crowley, Liber XV: A Missa Gnóstica.

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Primavera; e é de sua Natureza pular sobre as Montanhas. Portanto é ele um Símbolo
de verdadeira Magia, e seu Nome é Baphomet, razão pela qual Eu o designei como um
Atu de Thoth, o Décimo Quinto, e pus sua Imagem na Frente de Meu Livro O Ritual de
Alta Magia, que foi a Segunda Parte de minha Tese para o grau de Adepto Maior, quando
Eu estava vestido com o Corpo chamado Alphonse Louis Constant. Agora, o Bode não
voa como a Águia; mas pondera isto também, que a verdadeira Natureza do Homem é
viver sobre a Terra, de forma que os Voos dele são frequentemente apenas Fantasia;
sim, a Águia também está presa ao seu Ninho, nem se alimenta de Ar. Portanto este
Bode, dando cada um de seus Pulos com Fervor, entretanto sempre seguro em seu pró-
prio Elemento, e um verdadeiro Hieróglifo do Magista. Nota também este Caminho mos-
tra Um em Exaltação contínua sobre um Trono, e assim é a Fórmula do Homem, como o
outro era da Mulher.9

N «Nun-n» é o Dragão, símbolo de Nuit que combina a serpente e a águia:

Tripla é a Natureza do Amor: Águia, Serpente e Escorpião. E destes o Escorpião é aquele


que, não tendo nenhum Leão de Luz e Coragem dentro de si, parece a si mesmo cercado
por Fogo; e cravando seu Ferrão em si mesmo ele morre. Assim são os Irmãos Negros,
que gritam: Eu sou Eu; aqueles que negam o Amor, restringindo-o à sua própria Natu-
reza. Mas a Serpente é a Natureza Secreta do Homem, que é Vida e Morte, e trilha seu
Caminho através das Gerações em Silêncio. E a Águia é aquela Pujança do Amor que é a
Chave da Magia, levantando o Corpo e os Acessórios deste ao Alto Êxtase sobre suas
Asas. É por Virtude desta que a Esfinge contempla o Sol sem piscar e confronta a Pirâ-
mide sem Vergonha. Nosso Dragão, portanto combinando as Naturezas da Águia e da
Serpente, é o nosso Amor, o Instrumento da nossa Vontade, por cuja Virtude nós execu-
tamos a Obra e Milagre da Substância Única, como diz teu Antepassado Hermes Trisme-
gistus em sua Tábua de Esmeralda. E este Dragão é chamado o teu Silêncio, porque na
Hora da Operação dele aquilo dentro de ti que diz «Eu» é abolido em sua Conjunção com
o Bem Amado. Por esta Causa também é sua Letra Nun, que em nossa Rota é o Trunfo
Morte; e Nun tem o Valor de Cinquenta, que é o Número dos Portais da Compreensão.10

N «Nun-n» é, dessa maneira, um símbolo do Útero Divino, o Cálice que recebe a Vontade do
Falo-Ayin. Juntos: a Lança-Hadit-Vontade-Ayin-Falo e o Cálice-Nuit-Amor-Nun-Útero dão
nascimento a uma Criança Mágica, ON «n(», o Sol-Hórus ou Heru-Ra-Ha, a quintessência –
Dois-em-Um – do Pai e da Mãe ou como Hoor-paar-Kraat (Silêncio-0) e Ra-Hoor-Khuit
(Força-2). É essa Potência Espiritual que é consumida na Eucaristia da Missa Gnóstica.
ON soma 120, o valor da letra Samekh «kms», o Caminho na Árvore da Vida que co-
necta o Sol-Tiphereth e a Lua-Yesod, Pai e Mãe, Deus e Alma. Sobre esse mistério, Crowley
diz: ON é o Arcano dos Arcanos e seu significado é ensinado gradualmente na O.T.O.11 Nesse
momento na Missa Gnóstica, o Sacerdote assume o Sinal de Apófis e a Sacerdotisa o Sinal de
Mulier que, Unidos, formam o Sagrado Hexagrama simbolizado pela Safira Estrela.

9 Aleister Crowley, Liber Aleph.


10 Aleister Crowley, Liber Aleph.
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Aleister Crowley, Liber Samekh. 120 é um número mencionado no Ritual de Iniciação do Grau de Adepto Me-
nor da falecida Ordem Hermética da Aurora Dourada, no momento da Abertura da Cripta dos Adeptos, a tumba
de Christian Rosencreutz, símbolo do Sol no Velho Aeon. Durante a cerimônia, o Adepto Chefe pergunta: Adepto
Menor Associado, quais são as palavras inscritas na Porta da Cripta e como ela é guardada? Ele responde: Post
Centum Vigint Annos Patebo. Depois de 120 anos, eu me abrirei. Todo esse procedimento dava-se frente ao qua-
drante Leste. A Cripta é aberta e todos passam a análise da palavra-chave que identifica INRI-IAO-LVX quando o
Adepto Chefe proclama: Pela Grande Palavra Yeheshua, pela Palavra-Chave INRI e pela Palavra Oculta LVX, eu
abri a Cripta dos Adeptos. No simbolismo cristão do Velho Aeon, trata-se de uma referência a Jesus Cristo como
Deus-Sol-Salvador da humanidade. No simbolismo do misticismo thelêmico, no entanto, figuras como Jesis
Cristo, Osíris, Adonis etc. são manifestações do princípio fálico-solar que se manifesta como a consciência-conti-
nuum que todos nós somos.

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Na fórmula mágica do Tetragrammaton, ON refere-se as letras finais V «Vav-w» e H
«Heh-h». O Tetragrammaton são as quatro letras sagradas que formam o Inefável Nome de
Deus, YHVH «hwhy». Na Qabalah ele tem muitos significados importantes. Rapidamente,
podemos enumerar:

1. A divisão quádrupla dos mundos da Qabalah como os Quatro Elementos: Yod-Fogo,


Heh-Água, Vav-Ar e Heh-Terra, conectando nesse simbolismo as cartas de corte do
Tarot e arcanos menores: Yod-Paus, Heh-Copas, Vav-Espadas e Heh-Discos.
2. Na Árvore da Vida: Yod-Chokmah, Heh-Binah, Vav-Tiphereth12 e Heh-Malkuth.
3. A ponta da letra Yod é dita residir em Kether, a fonte de tudo. Nesse sentido, YHVH
corresponde a:
i) A divisão quíntupla da alma. A ponta do Yod é Jechidah, Yod-Chiah, Heh-
Neshamah, Vav-Ruach e Heh-Nephesh.
ii) Yod-Pai, Heh-Mãe, Vav-Filho e Heh-Filha.
4. O processo de evolução do 0 em direção ao 2 e o processo de involução do 2 em
direção ao 0. Como evolução, a ideia é que Yod, a força criativa paterna primordial,
una-se a Heh, a força receptiva maternal primordial, dando nascimento ao seu Filho-
Criança-Príncipe-Vav, bem como sua irmã gêmea, a Filha-Criança-Princesa-Heh.

A metáfora por trás do quarto ponto é a seguinte: o Filho-Príncipe-Vav se une a Filha-Prin-


cesa-Heh, quando ele a redime lhe entronando no trono de sua Mãe-Rainha-Heh, que então
desperta o Pai-Rei-Yod para que ele dissolva tudo na Coroa mais alta. O Príncipe-Filho é,
portanto, um símbolo do Sagrado Anjo Guardião em Tipheret e a Princesa-Filha é um sím-
bolo da alma natural ou o aspirante em Malkuth. Sua união é, dessa maneira, o Conheci-
mento & a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. É o trampolim em Tipheret que cata-
pulta a alma natural abaixo do Abismo para se tornar a alma pura acima dele. A entrada do
Filho e da Filha no Útero da Mãe em Binah representa a iniciação do Mestre do Templo. A
alma pura ou Mãe-Binah, se une ao Deus ou Pai-Chokmah na Coroa-Kether ou a Criança
concebida como a quintessência de ambos que transcende qualquer dualidade.
A magia sexual de Aleister Crowley exposta nesses escritos baseia-se amplamente
nesta fórmula mágica que opera através do Culto Ofidiano ou da Serpente do Éden, Luz da
Manhã ou Estrela de Prata, A∴A∴. A proposta nesse momento, portanto, é nos preparar para
este Aeon de Hrumachis na entrada de Regulus no signo de Virgem em busca do samādhi
supremo representado pela União dos Opostos, a Criança-Sol-ON.

No presente volume, nós temos os seguintes temas:

O Último Oráculo

Em seu ensaio, O Coração do Mestre, ao se referir ao Caminho de O Carro, Atu VII, Crowley
diz: A questão do Abutre, Dois-em-Um, é o Carro do Poder. TRINC, o último oráculo. Para es-
clarecer essa passagem, considere o último oráculo ou parágrafo de Liber Aleph: Agora no
Fim de tudo Eu chego ao Ser de Ti além do Vir-a-Ser e Eu grito Minha Palavra como foi dada
ao Homem pelo teu Alcofribas Nasier, o Oráculo da Garrafa de BACBUC e esta Palavra é TRINC.
Alcofribas Nasier é um anagrama para Francois Rebelais (1494-1553), o autor de Gargantua
& Pantagruel. Trata-se da história de dois gigantes, Gargantua, o pai e Pantagruel, seu filho.

12 Na esfera do Filho: Chesed, Geburah, Tiphereth, Netzah, Hod e Yesod.

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Crowley se referia ao mistério da Palavra conectado ao Grau de Magus, atribuído a Chok-
mah. No Capítulo 81 de suas Confissões, Crowley revela: O Magus é então, claro, não uma
pessoa no sentido ordinário da palavra; ele representa certa natureza ou ideia. De outra ma-
neira, podemos dizer, o Magus é a Palavra; ele é o Logos do Aeon. Nessa passagem Crowley
faz a seguinte nota: Rebelais: o segredo final está inscrito na garaffa, TRINC. Na obra de Re-
belais, Gargantua construiu a Abadia de Thelema, cujos membros zombavam das regras mo-
násticas rígidas estabelecidas pela igreja romana. Na abadia existia até uma piscina e sua
divisa era Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. O braço-direito de Pantagruel era
Panurge, um nome derivado da raiz grega panourgos, que significa aquele que sabe faz de
tudo. Como amigos, ambos empreenderam uma jornada espiritual para que Panurge pu-
desse consultar o oráculo da Garrafa Sagrada. Ele estava atormentado pela indecisão se de-
veria ou não se casar. Ele se apavorava com a ideia de ser traído pela esposa. Acima do portal
do templo da Garrafa Sagrada havia a inscrição: In Vino Veritas, quer dizer, no vinho existe a
verdade. A contraparte grega dessa frase em latim é , quer dizer, no vinho
encontramos a verdade. Na busca por uma resposta, Panurge recebeu: TRINC. Para sua per-
pexidade, o oráculo disse que Trinc é uma palavra usada em várias nações e significa drinque.
Muitos autores traduzem Trinc como a bebida do conhecimento, verdade e amor. Outros ad-
mitem a simples ideia de vinho, mulher e música. TRINC é o néctar da gnose que dissolve o
ego e permite que o Adepto derrame até a última gora de seu sangue na Taça de Babalon. O
texto discute segredos relevantes ao IX° O.T.O.

O Entusiasmo Energizado de Frater Aster

Euclydes Lacerda de Almeida foi uma das figuras mais notórias em Thelema no Brasil. Em
um encontro na cidade do Rio de Janeiro no Equinócio de Primavera de 2009 e.v. nós discu-
timos muitos pontos relevantes aos Mistérios & Arcanos do Soberano Santuário da Gnose.
Uma das pérolas que ele revelou naquele dia, foi a associação do sistema de magia sexual de
Aleister Crowley, o IX° Grau precisamente, com a metáfora do relâmpago. Este texto trata
deste assunto.

A Magia Sexual de Aleister Crowley

Muito tem se dito acerca da magia sexual de Aleister Crowley, mas pouco tem sido real-
mente compreendido. De tolices a devaneios sem saída, muito têm se escrito sobre este le-
gado de Crowley. Verdadeiros labirintos de Choronzon como este: a magia sexual do XI°
Grau é homossexual tem comprometido o entendimento correto dos Arcanos dessa Arte.
Uma análise acurada da Missa Gnóstica de Crowley desmente frases como essas. Este texto
conta a história de como tudo começou, a descoberta do segredo por engano e como
Crowley passou a utilizar o sexo como ferramenta para produzir gnose.

Teoremas da Magia Sexual

A magia opera por e através do entendimento e a manipulação de certas leis universais, 49


ao todo. A magia sexual opera através das mesmas leis. Esse texto trata de algumas dessas
leis na magia sexual e como elas operam.

Goécia: Evocação Sexual

A gnose ofidiana, quer dizer, o transe do orgasmo magicamente dirigido, tem se mostrado
uma das melhores ferramentas na prática da Goécia. Quando se utiliza a energia sexual em
conjunção com a magia goética, é possível arranjar um número distinto de possibilidades

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
para o trabalho mágico. Operando com o sistema monista ou dualista, executando magia ou
psicurgia, sacerdote e sacerdotisa podem dar vida ou nutrir daimons e outras criaturas es-
pirituais.
Quando pretende-se executar uma operação mágica, dizemos que começamos de cima
para baixo, que dizer, primeiro perguntamos: qual é a Entidade Absoluta que irá reger a
operação? É a Mãe e a Multiplicidade das formas ou é o Pai e a Unidade de todas as coisas?
Seja qual for a escolha, o círculo mágico, a constituição do templo e os rituais ali executados
devem estar em acordo com o sistema que escolhemos.
Levando em consideração a informação acima, como se aplicar isso ao sistema de ma-
gia sexual de Aleister Crowley? É muito simples!
Quando elegemos trabalhar com a Multiplicidade de todas as coisas, Babalon é a virgo
intacta, a Terra que Nutre a Palavra do Pai. No VIII° O.T.O., Babalon é entronada logo acima
do Triângulo da Arte. O magista através da magia sexual monofocal do VIII° Grau, evoca o
daimon projetando sua Palavra Mágica no orgasmo venenoso da serpente; na magia sexual
polifocal do IX° Grau, a sacerdotisa é trazida para dentro do círculo, quando se transforma
no próprio Triângulo da Arte que irá nutrir a Palavra Mágica do magista no ato de sua evo-
cação. Os kālas magnetizados dessa evocação sexual serão levados para o Triângulo da Arte
fora do círculo, alimentando o daimon que ali deverá ser conjurado.
Quando elegemos trabalhar com a Unidade de todas as coisas, a Criança Mágica ou o
Baphomet hermafrodita produzido é a quintessência de ambos, sacerdote e sacerdotisa. Em
operações dessa natureza, a corrente de energia é ascendente e ambos devem projetar no
Triangulo da Arte a Criança que desejam evocar ali. Neste caso, existe um procedimento
especial a ser feito no Triangulo da Arte. Ele deve conter além dos nomes mágicos de prote-
ção, sigilos magneticamente carregados e uma assinatura mágica especial de cada um, sa-
cerdote e sacerdotisa.

Bom estudo!

Amor é a lei, amor sob vontade.

Frater ON120 6°=5⌷ A∴A∴


Imperator

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Saudações ao Sol entrando em Libra
A Filha dos senhores da verdade

Frater ON120
Fernando Liguori

Care Frateres et Sorores,

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

S audações ao Sol entrando em Libra, A Filha dos Senhores da Verdade: O Controlador


da Balança. O vigésimo segundo Caminho é a Inteligência Leal, assim chamada por-
que através dela as virtudes espirituais são aumentadas, e todos os habitantes da
Terra estão praticamente sob a sua sombra.
O Caminho de Lamed, O Ajustamento, está entre Tiphereth e Geburah. Lamed significa
aguilhão, uma vara pontiaguda que estimula o boi a continuar andando. Esta atribuição in-
dica o relacionamento especial desta letra com Aleph (boi) no Caminho de O Louco. A inte-
ração entre eles é excepcionalmente complexa, embora os princípios existenciais possam
ser expressos com simplicidade: O Ajustamento conserva o equilíbrio da Árvore e, assim, a
energia que flui d’O Louco (que às vezes tem sido chamado de Espírito Santo) irá operar
dentro dos limites de um padrão natural. O Ajustamento administra as leis de Binah, escritas
pelo Hierofante. Este é o Controlador da Balança.
Este Caminho é chamado de Inteligência Leal porque suas virtudes espirituais são au-
mentadas, e todos os habitantes da Terra estão praticamente sob a sua sombra. Seu signifi-
cado não pode ser interpretado como o de Inteligência da fé. Em vez disso, trata-se da Inte-
ligência que é leal ao que é simbolizado pelo Louco. Sem
Lamed, Aleph não poderia agir da forma como o faz.
Além do mais, toda a Árvore da Vida está relacionada
com o vigésimo segundo Caminho, cujo número é o total
de todos os Caminhos. O Ajustamento não é uma figura
ou força solitária, mas um amálgama de todos os Cami-
nhos. O alinhamento de forças tem sido descrito como
algo que está contido na força essencial da vida simboli-
zada pelo Louco.
Este é um Caminho onde se faz tudo o que é neces-
sário para levar o organismo a um estado de equilíbrio,
um processo que, como o símbolo da espada sugere, nem
sempre é agradável. Esta é a espada de Geburah, que ex-
tirpa tudo o que não é necessário. Trata-se de uma dura
experiência, embora nenhum castigo esteja implícito.
Não existe questionamento a respeito do bem ou do mal,
do certo ou do errado. A alma avalia a si mesma com a
mão esquerda e, em seguida, faz os ajustes necessários
empunhando a espada com a direita. Pode-se observar

10
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
que, quando as Sephiroth são colocadas no corpo humano, Geburah fica no lado direito e
Chesed no esquerdo.
A espada d’O Ajustamento, a arma de Elohim Gibor (Deus de Geburah), é terrível. Ela
pode ser rápida e devastadora na remoção de tudo o que não é mais necessário. Ela pode
fazer a guerra e impor a paz. Mas a espada tem dois gumes, um que destrói e outro que
consagra, tal como acontece durante a outorga do Grau de Cavaleiro na O.T.O. A eliminação
dos aspectos negativos do corpo e da alma é um retorno à pureza, uma consagração. Esta
ideia de pureza renovada é reforçada pela função de Libra e dos rins, que removem as ex-
cretas do sistema orgânico.
De conformidade com a ideia de encarnação e de reencarnação, diz-se que esta carta
representa o karma, um princípio geralmente compreendido como a colheita, pela alma re-
nascida, daquilo que foi semeado em vidas passadas. O termo frequentemente tem sido mal-
empregado: karma na verdade significa ação. Isto é, karma nada mais é que uma lei de equi-
líbrio, de compensação, de contínuo ajustamento. É uma lei amorosa e não um castigo ou
punição como tem sido leigamente conceituada.

O Rito da verdade de lamed


Estágio 1: Preparação
Prepare sua câmara ritualística.
Tire o Atu VIII, O Ajustamento, do maço de cartas e coloque-o de pé no altar.
Estágio 2: Abertura da Kiblah
De pé, frente ao Norte, assuma a forma divina de Hoor-paar-Kraat e execute o Sinal do
Silêncio.
Execute o Sinal de Puella e diga: menina, o dragão.
Execute o Sinal de Puer e diga: menino, o leão.
Execute o Sinal de Vir e diga: homem, o boi.
Execute o Sinal de Mulier e diga: a mulher satisfeita.
Execute o Sinal de Mater Triunphans e diga: a mãe triunfante.
Execute o Sinal de Tifon e diga: Hórus salta três vezes armado do útero de sua mãe. Har-
pócrates, seu gêmeo está oculto dentro dele. Seth é a sua santa aliança, que ele revelará no
grande dia de Maat.
Execute o Sinal da Caveira de Ossos Cruzados e diga: Que os Mestres da Sagrada Egrégora
de Thelema e da Grande Fraternidade Universal possam me assistir neste momento, me
inspirar com sua sabedoria e me proteger com seu amor, para que com eles eu possa me
harmonizar e receber orientações através de minha intuição.
Execute o Sinal de Ísis a Mãe das Estrelas e diga: Ó, Grande Nuit! Senhora das Estrelas e
do Espaço Infinito. Caminho eternamente sob e em teu corpo na travessia de meu deserto e
no descanso de minha Alma. Neste momento, olho em tua direção e invoco Tua presença.
AUMGN.
Execute o Sinal da Torre de Seth e diga: Ó, Grande Hadit! Tu que és o Centro e o Coração
do Sol. Tu que és todo o movimento, ardor e vida em meu corpo, pois tu és o adorador da
mais alta Beleza da existência. Neste momento, olho em tua direção e invoco Tua presença.
AUMGN.
Execute o Sinal do Hórus Vingador e diga: Oh, Grande Hórus, místico Senhor da Cabeça de
Falcão, do Silêncio e da Força, cuja nêmes cobre o céu azul noturno. Neste momento, olho
em Tua direção e invoco Tua presença AUMGN.
Bata no sino: 3-5-3 e proclame: Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. Amor é a lei,
amor sob vontade. A Palavra é Thelema.
Estágio 3: Ritual do Pentagrama
De frente ao Norte, realize o Ritual do Pentagrama (invocando).
Estágio 4: Invocação

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Com a Baqueta ou dedo polegar da mão direita (em figa), trace um círculo com diâmetro
de seu braço, bem grande. No centro do círculo, trace o pentagrama de invocação do es-
pírito e invoque: Lamed! Mayim! Daleth! A Filha dos Senhores da Verdade, Reguladora da
Balança, àquela que Mede o Imensurável. Que a Verdade seja a Reguladora da Palavra e do
Amor.
Estágio 5: Jornada astral
Sente-se em seu āsana, execute o Ritual do Yoga Tântrico Hermético e inicie prāṇāyāma
(Pausa).
Na tela negra na frente de seus olhos fechados, ainda executando prāṇāyāma, visualize a
letra Lamed em flama e brilho, crescendo a cada espiração (pausa).
Inicie a jornada astral:
Visualize o Templo de Mistérios em Malkuth.
No Norte desse Templo, duas colunas se erguem: na base da coluna direita veja o símbolo
; na base da coluna esquerda veja o símbolo  (pausa).
Entre essas duas colunas, visualize o Atu VIII, O Ajustamento, como um portal (pausa).
Na inspiração, eleve-se no corpo de luz através do Pilar do Meio. Na medida em que passa
através da esfera de Levanah em Yesod e Shemesh em Tiphereth, vá adiante até atraves-
sar o limiar prateado de Daath, parando entre Chokmah e Binah. Essa é a dimensão do
ājñā-cakra (pausa).
Execute o Sinal de Hórus (entrante) astralmente, projetando-se através do ājñā-cakra
(pausa).
Tendo atravessado esse limiar, você projetou-se para fora de sua estrutura física, para
dentro do plano astral, Yetzirah, o macrocosmo. Esse é o momento para iniciar sua jor-
nada com o corpo de luz.
Projete-se para dentro do Portal da Verdade de Lamed. Abra os olhos e os ouvidos de seu
corpo astral para que posas ver e escutar (pausa).
Estágio 6: Encerramento
Retraia a consciência no ājñā-cakra novamente, retornando através de Daath, Tiphereth
e Yesod a Malkuth (pausa).
Quando sentir seu corpo na esfera da sensação, abra os olhos, levante-se e execute o Ri-
tual do Pentagrama (banindo).
Anote tudo em seu diário mágico.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
O Último Oráculo

Frater ON120
Fernando Liguori

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

A Questão do Abutre, Dois-em-Um, comunicada; esta é a Carruagem do Poder. TRINC: o


último oráculo.13

A citação acima apareceu pela primeira vez em uma das pérolas de Aleister
Crowley, O Coração do Mestre, na seção intitulada As Duas e Vinte Instruções Se-
cretas do Mestre como uma referência ao Caminho do Atu VII, O Carro ou Santo
Graal. Crowley esboçou o coração dessa doutrina em seu Liber Aleph, destacando
a fórmula mágico-sexual envolvida na Palavra ON no nome SOL-OM-ON, Salomão.
Filho de Davi, Salomão foi concebido através de um ato de adultério. Crowley ainda se em-
penhou em esboçar o segredo por trás da Palavra Mágica ABRA-HAD-ABRA, sagrada ao Atu
VII. Nesta instrução, escrita como um comentário de O Livro da Lei na forma de uma carta
enviada a seu filho mágico, Frater Achad, Crowley encerra com as palavras: Agora ao Final
de tudo venho ao Ser de Ti, além do Por-vir, e brado alto minha Palavra, como se tivesse sido
dada ao Homem por teu Tio Alcofribas Nasier, o oráculo da Garrafa de BACBUC. E esta Palavra
é TRINC. Alcofribas Nasier trata-se de um anagrama para o renascentista francês, escritor e
doutor, François Rabelais (1494-1553). Ele foi o autor de Gargantua e Pantagruel, uma his-
tória sobre dois gigantes, um pai chamado Gargantua e seu filho, Pantagruel.
Por minha Palavra na citação de Crowley, entende-se emissão de um Magus da A∴A∴,
cujo papel foi descrito na Instrução Sagrada, Libr B vel Magi. Um Magus opera na esfera de
Chokmah «Sabedoria» na Árvore da Vida. Nos Mitos do Graal, essa Zona de Poder é atribuída
a função da Lança Sagrada com a qual o centurião romano Cornélio usou para perfurar o
pulmão de Jesus Cristo enquanto este estava na cruz. Dessa ferida, José de Arimatéia coletou
sangue e fluídos no Cálice que Jesus Cristo havia usado na Última Ceia. De acordo com o
Novo Testamento, o centurião romano que perfurou Jesus Cristo, após ser imantado com o
sangue e fluídos que jorravam da ferida, foi o primeiro pagão convertido ao Cristianismo.
Nos Mitos do Graal, essa Lança Sagrada empunhada por Cornélio se encontra nas posses do
Rei Amfortas. Ela se tornou o símbolo da Verdadeira Vontade em Chokmah, representando
o Falo «Lança» ereto do Cavaleiro do Santo Graal. Por outro lado, quando a Lança é roubada
pelo perverso Klingsor para ser utilizada a seu bel prazer e ânsias no Castelo da Perdição
em Malkuth, seu simbolismo é corrompido, passando a representar o pênis jambrado após
ter feito mal-uso da Palavra Sagrada. Tanto o Rei Amfortas como o perverso Kingsor, origi-
nalmente, encontravam-se no Palácio da Sabedoria em Chokmah. Um permaneceu lá, anco-
rado nas asas da Sabedoria. O outro caiu inevitavelmente sob o cativeiro das correntes da
Tolice.
Na fórmula mágica do Tetragrammaton (Yod-Heh-Vav-Heh), Chokmah representa o
Pai (Yod). Essa fórmula trata da União Mística do Pai com a Mãe (Heh), representada por
Binah. Sua União Mística produz uma Criança Mágica que é a quintessência da Mãe e do Pai,

13 Aleister Crowley, O Coração do Mestre.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
o Filho (Vav), que desce abaixo do Abismo como a Estrela representada pela esfera de Ti-
phereth. No entanto, tudo o que se manifesta abaixo do Abismo tem a característica típica
da dualidade. Isso significa que além do Filho, deve haver seu oposto ou gêmeo, a Filha
(Heh), nascida no mesmo momento do Filho. Ela reside, no entanto, na esfera de Malkuth.
Todo o sistema de magia sexual de Aleister Crowley é baseado nessa fórmula mágica. De
acordo com seus ensinamentos, é seguro dizer que a manifestação física da Filha no mundo
– não necessariamente fisicamente encarnada – é um efeito colateral ou veículo tipicamente
identificado como sêmen. No entanto, uma vez abaixo do Abismo, ele traz consigo as carac-
terísticas da dualidade. Em si o sêmen contém os potenciais do Filho e da Filha. Mas da
mesma maneira que ocorre uma União Mística que dá nascimento ao Filho e a Filha, deve
também haver uma União Mística entre o Filho e a Filha. Isso significa que deve existir um
terceiro elemento ou qualidade que propicia a união do Filho e da Filha, transformando o
veículo ou sêmen na Hóstia Santa ou Sagrado Elixir. A doutrina cristã da Trindade transmite
fragmentadamente esse arcano místico quando define que Deus são três entidades distintas
que se manifestam em Uma.
Em suas Confissões Crowley menciona novamente a Palavra quando ele escreve: O
Magus é, claro, não uma pessoa no sentido ordinário; ele representa certa natureza ou ideia.
Para colocar de outra maneira, podemos dizer, o Magus é a Palavra. Ele é o Logos do Aeon.14
No fim da frase encontramos uma referência a uma nota de rodapé que clarifica a ideia:
Rabelais; o segredo está no rótulo da garrafa: TRINC. A Palavra que Crowley proferiu como
Magus é Thelema «» que, no seu idioma característico, o grego, é muito similar
àquela proferida por Rabelais.
Na história de Gargantua e seu filho Pantagruel, existe a Abadia de Thelema. Ela foi
construída por Gargantua como uma paródia a instituições monásticas. Na abadia não so-
mente existia uma piscina para banhos, havia também serviço de limpeza e apenas uma re-
gra: Fay ce que vouldras, quer dizer, Faz o que tu queres. Nessa abadia, uma placa de bronze
contendo os seguintes dizeres declarava: Todo homem terá o que lhe é devido pelo destino.
Essa é a barganha. Quão louvável é àquele que tem perseverado até o fim.
Seguindo a história, Pantagruel, filho de Gargantua, têm um amigo e sócio conhecido
como Panurge. Seu nome é derivado de um antigo termo grego, panoûrgos, que significa
àquele que sabe tudo faz. Ambos empreenderam uma jornada para que Panurge pudesse se
consultar com o Oráculo da Garrafa Sagrada. Panurge se encontrava confuso e preocupado
acerca de seu casamento. Na verdade, ele não sabia se iria se casar e caso chegasse a firmar
este compromisso, se seria traído. Quando eles finalmente chegaram as portas da Ordem da
Garrafa Sagrada, se depararam com a inscrição: In Vino Veritas, frase latina que significa no
vinho reside a verdade. A tradução grega para essa frase,   , significa no vinho
encontramos a verdade, a deusa Aletheia. A deusa egípcia da Verdade é Maat, retratada na
forma de um abutre.
Tendo sido devidamente admitido e passado através dos portais da iniciação, Panurge
finalmente pode consultar o Oráculo acerca de seu Casamento Místico. A resposta que ele
recebeu foi essa: TRINC. Para a perplexidade de Panurge, o Oráculo da Garrafa Sagrada ex-
plicou-lhe que Trinc é uma palavra panofeana, quer dizer, uma palavra compreendida, cele-
brada e usada por todas as nações e significa Bebida. Muitos eruditos acadêmicos têm con-
cordado que a palavra TRINC significa beber o conhecimento, verdade e amor. Outros têm
sustentado que a palavra simplesmente significa vinho, mulher e música.
Aleister Crowley nos forneceu insights profundos acerca da natureza da palavra
TRINC em relação a palavra ABRAHADABRA em Liber Aleph. Ele atribui a palavra de quatro
letras, ABRA ou o Dois-em-Um mencionado em O Coração do Mestre ao Sol e a Mercúrio. Para
compreendermos as conexões que Crowley está estabelecendo, lembramos que em O Livro

14 Aleister Crowley, The Confessions of Aleister Crowley, Cap. 81.

14
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
de Thoth ele escreveu: Brevemente, ele é o Filho, a manifestação em ato da ideia do Pai. Este
é o segredo por trás do Mistério ou a Fórmula Mágica do Falo em Chokmah e que desempe-
nha papel fundamental no Ritual de Iniciação do Grau de Minerval na Ordo Templi Orientis,
O.T.O., cuja Tenda representa o Falo. A Palavra emitida pelo Saladino não é ON? Ainda em
Liber Aleph Crowley postula que HAD é o Triângulo ereto sobre Quadrados. Essa é a parte
central da fórmula mágica ABRAHADABRA. Tendo ela três letras (triângulo) que represen-
tam o Êxtase Metafísico e o Espírito Santo, cujo nome é HRILIU. Crowley o atribui, portanto,
a Vênus. Estes três aspectos, dessa maneira, tratam da metáfora Pai-Gargantua, Filho-Pan-
tagruel e Espírito Santo-Panurge. Isso implica que se você compreende o segredo por trás
do Pai e Filho ensinado a Panurge na forma da Palavra TRINC, perceberá que àquele que
sabe tudo faz.
Posteriormente, Crowley se refere a esses três aspectos de ABRAHADABRA como as
letras R, B e D, quer dizer, Resh, a letra hebraica que rege o Atu XIX, O Sol, cujo representante
planetário é o Sol, a Semente do Pai. Beth, a letra hebraica que rege o Atu I, O Mago, cujo
representante planetário é Mercúrio, o Falo do Sol. Daleth, a letra hebraica que rege o Atu
III, A Imperatriz, cujo representante planetário é Vênus, o êxtase. Em Entusiasmo Energi-
zado15 Crowley menciona: Estes três Deuses são Dionísio, Apolo, Afrodite. Em bom português:
vinho, música e mulher.

R Música Sol Apolo Instrumento ABRA


D Mulher Vênus Afrodite Êxtase HAD
B Vinho Mercúrio Dionísio Substância ABRA

Resh-Beth-Daleth juntas, em hebraico, for-


mam a Palavra, não a palavra no sentido ordi-
nário, antes disso, trata-se da Palavra Sagrada
(Nous) feita carne e apenas Compreendida em
sua totalidade por um Magus (Chokmah). O
que Crowley está nos ensinando com todas es-
sas pistas deixadas em seus escritos é o empu-
nhar bem-sucedido da Baqueta Mágica, o Falo
e como transformar o sêmen em um Elixir Sa-
grado poderoso. Nas antigas sociedades se-
cretas do passado, quando um jovem pleite-
ava receber a Sabedoria dos Antigos, ele o fa-
zia adorando o Falo Sagrado, praticando fela-
tio com algum ancião para que pudesse rece-
ber a Palavra Sagrada antes de se tornar um
adulto. Este costume ainda existe em muitas
tribos aborígenes africanas.
A Serpente na Árvore é uma metáfora
para àquela voz oculta no pênis que tenta Eva
no Jardim do Éden? No Gênesis (3:5-6), o pê-
nis, quer dizer, a Serpente, sussurra: Deus sabe
que, no dia em que dele comerem, seus olhos se
abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedo-
res do bem e do mal. E no próximo versículo: Quando a mulher viu que a árvore parecia agra-
dável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discerni-
mento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também.

15 Veja Rituais, Documentos & a Magia Sexual da O.T.O. (Vol. I).

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Enquanto Adão repousava, Eva se aproximou da Árvore do Conhecimento. Ela notou
que a Serpente estava jambrada «», como se estivesse dormindo. Mas quando ela notou
sua presença, a Serpente despertou «» conversou com ela, quer dizer, proferiu sua
Palavra, o sêmen. E como é que Eva comeu esse fruto proibido? Com sua Boca (Peh). Este é
o Segredo por trás da União Profana entre os Filhos dos Deuses com as Filhas dos Homens.
Os Filhos dos Deuses são gigantes, como Gargantua e Pantagruel.

E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e


lhes nasceram filhas, Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas;
e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: Não
contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne;
porém os seus dias serão cento e vinte anos.16

O número 120 é o valor da Palavra Sagrada ON. Também, é o segredo por trás da Palavra
TRINC, que como a palavra sêmen ((dz) e ZRO, soma 277.

Amor é a lei, amor sob vontade.

16 Gênesis, 6:1-3.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
O ENTUSIASMO ENERGIZADO DE FRATER ASTER

Frater ON120
Fernando Liguori

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

O segredo final da magia sexual encontra-se velado no símbolo do trovão. O símbolo do


Trovão é como AHA! É uma introjeção, o orgasmo que ocorre no céu entre a Nuit celes-
tial e o Hadit terrestre. Essa introjeção é típica do Caminho da Luxúria na Árvore da
Vida. Esse não é o caminho do sexo? Preciso dizer mais?17

N os últimos vinte anos eu venho empreendendo pesquisas no campo prático com


a fórmula da magia sexual transmitida por uma Sociedade Oculta conhecida pelo
nome de Ordo Templi Orientis, O.T.O. Através de um rico simbolismo contido nas
alegorias de seus Rituais de Iniciação, a Ordem ensina o Adepto a apoderar-se do
Fogo dos Deuses na intenção de se tornar um co-criador do universo. Essas alegorias ensi-
nam o Candidato a compreender a natureza do poder por trás do Falo e a maneira correta
de manipulá-lo.
Por volta de 2008 eu escrevi um artigo para o site O.T.O. Phenomenon de Peter Koenig
chamado Kenneth Grant & a Sociedade Novo Aeon ou a Influência Tifoniana na O.T.O. Brasi-
leira.18 O artigo trata da influência dos escritos de Kenneth Grant (1924-2011) na Tradição
Brasileira da O.T.O. (Parzival XI° - Aster IX°), fundada por Euclydes Lacerda,19 além de algu-
mas experiências pessoais com ele e com Frater S.S., meu primeiro Superior na A∴A∴.
Em 2009 Euclydes me telefonou perguntando se ele poderia utilizar esse texto que
escrevi em uma de suas publicações. Embora nesse período nosso contato tivesse mais re-
lação com a A∴A∴, eu posso dizer de maneira segura que o tema central de nossas conversas,
estudos e projetos envolviam mais a fórmula mágica da O.T.O. do que qualquer outro as-
sunto thelêmico. Como eu descrevi no primeiro volume do Rituais, Documentos & a Magia
Sexual da O.T.O., nós empreendemos um grande projeto juntos na reformulação dos Rituais
de Autoiniciação da Tradição Brasileira da O.T.O. a partir dos originais deixados por
Crowley.
Eu e Euclydes combinamos de nos encontrar no Equinócio de Primavera de 2009 e o
que se segue foi o tema discutido por nós nesse encontro: a maneira correta de se produzir
o entusiasmo energizado!

Nossa jornada se inicia pela busca do entendimento do amor. O amor tem sido definido em
nossa sociedade como um impulso poderoso ou forte desejo de uma pessoa em relação a

17 Euclydes Lacerda (1936-2010) em instrução privada ao presente autor. Encontro na cidade do Rio de Janeiro,
Equinócio de Primavera de 2009 e.v.
18 Veja o artigo na íntegra, revisado e ampliado, no livro Gnose Tifoniana (Vol. I).
19 Euclydes nunca foi considerado um Irmão da O.T.O. Embora ele tenha recebido o IX° de Motta e o VII°-IX° de

Grant, nem Motta ou Grant possuíam direitos reais para tal empossamento de grau. Motta nunca foi iniciado na
O.T.O., portanto, não possuía direitos ou quaisquer privilégios para iniciar alguém na Ordem. Grant, por outro
lado, foi expulso por Karl Germer (1885-1962) ainda na década de 1950. Dessa maneira, Grant também já não
mais possuía direitos ou privilégios para iniciar qualquer pessoa após sua expulsão.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
outra. No entanto, este impulso nada mais é do que uma necessidade animalesca inconsci-
ente de procriação que tentamos justificar com romantismo. Infelizmente o termo amor tem
sido muito mal compreendido e qualquer impulso em relação ao outro ou apego a qualquer
coisa tem sido chamado de amor: eu te amo fulano; eu amo colecionar papel de carta; eu amo
comer doce; eu amo fazer sexo etc. Nossa sociedade tem banalizado o termo amor, hoje usado
nas trivialidades da vida de qualquer modo. No entanto, no caminho da magia sexual, o
Adepto busca compreender a verdadeira natureza do amor, na intenção de entender seu
funcionamento, formular seus teoremas e aplicar seus experimentos para encontrar vali-
dade em suas suposições. Esse entendimento lhe possibilitará utilizar a energia do amor
para fins elevados.
É possível, portanto, avaliar a natureza da energia do amor mais facilmente nos ado-
lescentes. Os jovens são completamente direcionados por seus impulsos. Por serem novos
e com nenhuma experiência acerca de leis mentais, eles têm menos material psíquico agre-
gado por um lado e nenhuma proteção energética na sua estrutura etérica por outro.
Quando o adolescente pensa em alguém que deseja, logo fica excitado, como que instanta-
neamente, quase que completamente inconsciente. Inflamado de tesão, ele projeta seus an-
seios na estrutura astral com muita facilidade, na intenção de realizar seus desejos. Disso,
muita coisa pode ser especulada. No entanto, se a pessoa desejada não estiver receptiva, o
impulso que lhe foi projetado perde-se completamente, como areia ao vento. Euclydes La-
cerda me disse que em magia tudo é 50/50. 50% sendo o envio da força projetada e 50% o
feedback ou retorno. Sob a luz deste conhecimento, se a pessoa desejada possui também as
mesmas ânsias daquele que lhe deseja, então algo está os atraindo um para o outro. Mas o
que é este algo?
Veja, nossa sociedade moralista atua no nível de Yesod na Árvore da Vida, a região do
plano astral e é onde, na fisiologia psíquica, reside o potencial conhecido como kuṇḍalinī-
śakti, a Serpente adormecida. No entanto, uma vez que estes impulsos estejam devidamente
aflorados, a Serpente desperta de seu sono, tornando-se um impulso inconsciente em dire-
ção a matéria na intenção de se aterrar, de um jeito ou de outro. Por esse motivo, nossa
sociedade é sexualmente orientada, uma vez que somos programados a interpretar a sexu-
alidade de maneira equivocada. Nós aprendemos, desde muito jovens, a utilizar o termo
amor como um sinônimo para nossas ânsias mais instintivas em relação ao sexo, criando a
ilusão de que uma união saudável entre homens e mulheres somente pode ser estabelecida
através do casamento.
Pessoas animalescas, que não possuem qualquer conhecimento acerca de suas forças
sexuais no plano de Yesod, costumam avaliar seu comportamento escravo apenas do ponto
de vista de Malkuth. No entanto, o Adepto sabe que a ideias popular de amor que estamos
observando aqui primeiro nasce na mente e que o corpo naturalmente segue seus ditames.
Qualquer Adepto treinado em operações astrais ou lunares desenvolve qualidades refina-
das que lhe capacitam a utilizar o sexo – ou a energia do amor – como uma ferramenta po-
derosa para aplicação de sua Vontade.
Assim, como é possível utilizar o sexo como uma ferramenta mágica? Para responder
essa pergunta, eu faço outra? Será possível dar nascimento a uma criança em um outro
plano que não seja o físico? Se sim, quais as características de uma criança dessa natureza?
Quando Euclydes Lacerda postulou essas indagações para mim na Primavera de 2009, ele
utilizou a metáfora do relâmpago para clarear o assunto. Um relâmpago é uma descarga de
energia elétrica produzido na natureza. Mas a eletricidade, da mesma maneira que o amor,
não é fácil de ser definida. É possível avaliar a eletricidade apenas do ponto de vista da ca-
sualidade física onde C é a consequência da ação de A (+) sobre B (-). Metaforicamente, o
relâmpago vem do céu, os reinos da deusa Nuit. Todo o poder vem dela e através de sua
emissária, a Mulher Escarlate. O que o homem faz é conectar-se a ela – em seus 50% – ele-
vando o Bastão de seu Relâmpago para receber sua energia.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Qualquer Cavaleiro, portanto, que busca uma re-
lação/interação profana com as coxas da Kundry
inevitavelmente irá falhar no empunhar bem-su-
cedido da Lança Sagrada. Isso ocorre porque ele
não conhece a natureza do relâmpago e o princi-
pal, como canalizá-lo de maneira apropriada. Um
relâmpago acontece somente quando existe uma
tempestade. Essa tempestade é a agitação in-
terna do corpo celestial de Nuit que acontece
quando suas emoções e desejos – através de sua
emissária, a Mulher Escarlate – por Hadit, o deus
na Terra, se precipitam para baixo. Uma chuva
fraca não é capaz de produzir relâmpagos, ape-
nas tormentas furiosas manifestam esse poder.
Dessa maneira, qualquer um é capaz de praticar
sexo, mas são poucos os capazes de aumentar o
nível da energia ao ponto dela se transformar em
um entusiasmo energizado. Nesse caminho, ho-
ras e horas são necessárias para que uma tem-
pestade tamanha seja produzida na intenção de
se estabelecer o relâmpago. Crowley deixou ins-
truções claras sobre a necessidade de se excitar
a Mulher Escarlate ao ponto de produzir a Águia
Euclydes Lacerda (Frater Aster). Branca, uma metáfora alquímica para o relâm-
pago que estamos tratando nessa epístola. Ainda,
são necessárias duas polaridades carregadas de ar para criar eletricidade. Não apenas dela
ou dela, mas de ambos (50/50). Os 50% do homem, portanto, consiste na elevação do Bas-
tão do Relâmpago para receber o que ela tem a oferecer. Mas infelizmente, demasiadas ve-
zes sob a Mulher Escarlate, nada acontece, nem relâmpago ou mesmo tempestade, mas tão
somente um momento fugaz de tendências e impulsos mútuos de natureza animal inferior.
O que a O.T.O. ensina ao Adepto, dessa maneira, é a manipulação do tubo ígneo de Prometeu.
Como um relâmpago, ele carrega o fogo até a Terra. Ele deve, portanto, ser empunhado com
coragem e determinação. Do contrário, se o fogo for perdido nesses momentos fugazes, ele
irá consumir a si mesmo como um relâmpago que se perde na terra.

Contenha! Contenha! Conserve o ânimo completamente em teu arrebatamento; não


ceda à vertigem dos beijos eminentes! Firme! Levante a ti mesmo! Erga tua cabeça! Não
respire tão profundamente - morra! Ah! Ah! O que sinto eu? Está a palavra exaurida?20
Ah! Ah! Morte! Morte! tu deverás desejar ardentemente pela morte. Morte está proi-
bida, ó homem, para ti. O alcance da tua aspiração deverá ser a fortaleza da tua glória.
Ele que vive por muito tempo & deseja muito a morte é sempre o Rei entre os Reis.21

A próxima lição que Euclydes Lacerda me deu sobre o relâmpago foi essa: ele nunca cai no
mesmo lugar duas vezes! O que isso significa? Significa que uma vez que as partículas opos-
tas de ar carregadas entram em choque, o relâmpago é produzido e atinge algum ponto na
Terra e o local onde ele cai e a atmosfera ao seu redor se tornam neutralizados. Aquela ex-
pressão o ar aqui está carregado faz alusão a uma atmosfera densa onde nos sentimos obsi-
diados e oprimidos, semelhante a atmosfera de uma tempestade de relâmpagos onde o ar
se torna eletricamente carregado. Esse processo ocorre quando duas pessoas se lançam ao

20 Liber AL, II:67-69.


21 Liber AL, II: 73-74.

19
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
coito. Seu encontro é como uma tempestade de relâmpagos. A única maneira de aliviar a
pressão atmosférica é através da explosão total de energia que ocorre com o relâmpago que,
no seu impacto, neutraliza toda atmosfera. No entanto, Euclydes me advertiu com as seguin-
tes palavras: mas se lembre que no III° O.T.O. nos é ensinado que a Palavra do Grau não deve
ser pronunciada. Essa é uma metáfora para que o Mestre Magista não permita que o Fogo de
Prometeu escape pelo tubo, ou seja, que a descarga de energia seja perdida. Na magia sexual
de Aleister Crowley, portanto, a ideia é manter o ar eletrificado, criando as condições para
o entusiasmo energizado. Quando homem e mulher criam essa atmosfera magnetizada, o
que eles fazem, em efeito, é criar um relâmpago. No entanto, ao invés de ser descarregado
em um momento de prazer em algum ponto na Terra, eles o utilizam para produzir vida,
como acontece na história de Frankenstein. A(+) + B(-) não produzem C, mas D(x), uma cri-
ação que não é facilmente definida, uma vez que é produzida internamente e não é descar-
regada na terra, o que produz um efeito perceptível imediato.
Dessa maneira, que tipo de vida é criada nesse processo? Essa resposta, no entanto, é
bem fácil: uma Criança Mágica que encarna a Verdadeira Vontade! As mulheres podem com
muita facilidade produzir grande quantidade de Poder como em uma poderosa tempestade
de relâmpagos, produzindo um orgasmo atrás do outro. O homem recebe esse poder de ma-
neira inconsciente até que, de forma inconsequente, ele perde desgraçadamente o Fogo de
Prometeu. Nesse caminho, se ele pronuncia a Palavra cedo demais, ela neutraliza a atmos-
fera da Terra (seu corpo) e o relâmpago perde seu poder. O segredo é, portanto, manter o
tubo ígneo de Prometeu aceso o tempo todo e enquanto o relâmpago não for perdido em
algum lugar da Terra, essa energia alimenta o gênio criativo. O flerte de amor tem sido con-
siderado uma das maiores armas mágicas de um Adepto treinado, que dizer, a excitação do
Falo a beira da explosão. É notado que a genialidade criativa de um Adepto é muito mais
ativa quando ele vive períodos de êxtase sexual com uma parceira treinada na Obra.
É bem conhecido o fato de que o fator em comum de muitos gênios, artistas, escrito-
res, poetas etc. do passado e do presente é o impulso sexual que eles possuem. No entanto,
quanto mais o homem consome seus pensamentos lascivos no ato sexual – e a menos que a
mulher seja muito boa de cama – o tesão começa a diminuir e a atividade sexual torna-se
cada vez mais esparsa no relacionamento. Caso ele tenha uma natureza bem libidinosa e sua
mulher não mais satisfazes seus desejos e necessidades sexuais, suas ânsias o farão incons-
cientemente buscar alívio em outra mulher, se comportando como um viciado que não con-
segue se libertar das drogas. Conscientes ou não deste fato, é a necessidade ou anseio sexual
que alimenta o gênio criativo, não o sexo em si mesmo. O que o Adepto faz é duplicar esse
processo. A busca pelo Santo Graal é mais importante que o Graal em si. Esse é o segredo da
busca pelo Santo Graal. Se o Cavaleiro perde o impulso que alimenta sua busca, o gênio cri-
ativo busca alimento em outras estradas, outras jornadas. No entanto, se o Adepto é capaz
de manter aceso a chama pelo qual começou a empreender sua jornada pelo Santo Graal,
que dizer, se ele mantem o tesão por sua Amada Eleita, o amor durará a eternidade e a ener-
gia produzida por ambas alimentará o gênio criativo.

Amor é a lei, amor sob vontade.

20
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
A Magia sexual de Aleister crowley

Frater ON120
Fernando Liguori

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

O primeiro contato sistemático que Crowley teve com a magia sexual foi através
da Ordo Templi Orientis, O.T.O., Ordem Templária fundada no início do Séc. XX
que teve como pano de fundo a influência de diversas tradições como a magia
greco-egípcia, os Mitos do Graal, a simbologia maçônica e a herança templária
dos Cavaleiros do Templo.22 O segundo Líder da Ordem, Theodor Reuss (1855-1923), foi
quem realmente levou a O.T.O. adiante após a morte de Carl Kellner (1851-1905). Reuss era
um maçom ativo de alta patente, membro inclusive de muitas Lojas irregulares e ritos hete-
rodoxos. A intenção por trás da fundação da O.T.O. era a criação de uma Academia Maçônica
onde os mistérios de vários ritos maçônicos pudessem ser organizados em um sistema co-
eso de iniciação. De acordo com Reuss, os Mistérios da Maçonaria são meras alegorias do
simbolismo sexual e ao que parece, a Ordem só divulgou sua verdadeira intenção no Mani-
festo de 1917:

Que seja sabido que existe desconhecido ao grande público, uma Ordem muito antiga
de sábios cujo objetivo é a melhoria e evolução espiritual da humanidade por meio da
conquista do erro, auxiliando homens e mulheres em seus esforços para reconhecer a
verdade. Esta Ordem já existia nos tempos mais remotos e há muito tem manifestado a
sua atividade em segredo e abertamente no mundo com nomes diferentes e de várias
formas: ela causou revoluções sociais e políticas e provou ser a rocha da salvação em
tempos de perigo e infortúnio. A Ordem sempre empunhou a bandeira da liberdade
contra a tirania em qualquer forma que esta aparecesse, seja clerical, despotismo polí-
tico, social ou opressão de qualquer tipo.
A esta «ordem secreta» toda pessoa sábia e espiritualmente iluminada pertence por
direito de sua natureza: pois todas, mesmo não sendo pessoalmente conhecidas, são um
na sua finalidade e objetivo e todas elas trabalham sob a orientação de uma luz da ver-
dade. Nesta Sociedade Sagrada ninguém pode ser admitido por outro, a menos que te-
nha o poder de entrar por si mesmo em virtude de sua própria iluminação interior e
nem pode alguém depois de ter entrado uma vez ser expulso, a menos que expulse a si
mesmo, tornando-se infiel aos seus princípios, esquecendo novamente as verdades que
aprendeu por experiência própria.
Tudo isso é sabido pela pessoa iluminada.
Mas é conhecido apenas por poucos que existe também uma organização externa, vi-
sível aos homens e mulheres que, tendo encontrado o caminho para o real autoconhe-
cimento e viajado por areias escaldantes, estão dispostos a dar aos outros desejosos de
entrar nesse caminho o benefício de sua experiência, atuando como guias espirituais
para aqueles que estão dispostos a serem guiados.
Enquanto inúmeras sociedades, associações, ordens, grupos etc. foram fundadas nos
últimos trinta anos em todas as partes do mundo civilizado, todos seguindo alguma li-
nha de estudo oculto, ainda há apenas uma antiga organização de místicos verdadeiros
que mostram ao buscador a Estrada Real para descoberta dos Mistérios Perdidos da
Antiguidade e o desvelamento da Única Verdade Hermética.

22 Veja Rituais, Documentos & a Magia Sexual da O.T.O., por Fernando Liguori.

21
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Essa organização é conhecida no presente como:

Antiga Ordem dos Templários Orientais


Ordo Templi Orientis
Senão: Fraternidade Hermética da Luz

É uma Escola Moderna da Magia. E como as antigas escolas de magia, ela deriva seu
conhecimento do Oriente. Este conhecimento nunca foi revelado ao profano, pois deu
imenso poder para o bem ou o mal aos seus possuidores. Foi gravado em símbolos, pa-
rábolas e alegorias, exigindo uma chave para a sua interpretação.
Os símbolos e glifos da Maçonaria foram originalmente derivados desse mistério mais
antigo.
Esses símbolos da antiga Maçonaria, dos Rosa-cruzes, a arte sacra dos antigos Chemi
(egípcios), a corrente dourada de Homero etc. são diferentes aspectos de Aquele Grande
Mistério. Todos eles requerem uma chave para revelar seu real significado subjacente.

22
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Existe, no entanto, apenas uma Chave Correta e ela deve ser utilizada da maneira cor-
reta.
Essa chave pode ser colocada ao alcance de todos aqueles que estão preparados de-
sinteressadamente para estudar e trabalhar por sua posse, se candidatando como mem-
bros da Ordem dos Templários Orientais «O.T.O.».
A O.T.O., Ordo Templi Orientis, é um corpo de iniciados em cujas mãos está concen-
trado o segredo do conhecimento de todas as Ordens Orientais e de todos os graus ma-
çônicos existentes. Seus chefes são iniciados no mais alto posto e reconhecidos como tal
por todos capazes de tal reconhecimento em todos os países do mundo. A Ordem é in-
ternacional e tem conexões existentes em todos os países civilizados do mundo.

Theodor Reuss teve seu primeiro contato com Crowley em março de 1910. Isso ocorreu
durante o processo em que seu antigo mentor na Ordem Hermética da Aurora Dourada, S.L.
MacGregor Mathers (1854-1918), lhe acusava de divulgar publicamente os mistérios da Or-
dem no The Equinox, Vol. I, No. 3 (1910). Durante essa querela na justiça, tanto Crowley
quanto Mathers gozaram de certa notoriedade na imprensa. Se aproveitando da oportuni-
dade, na ocasião Mathers se declarou líder de todos os rosacruzes.
Crowley se juntou a O.T.O. sendo reconhecido como um membro do VII° Grau devido
a política da Ordem em reconhecer qualquer Maçom do Grau 33° – do Rito Escocês Antigo
e Aceito23 – como membro do VII° Grau. Nesta ocasião, Crowley e Reuss discutiram inúme-
ros assuntos importantes, o que levou Crowley a declarar: Eu agora sou um tipo de inspetor
geral de vários ritos, encarregado de uma missão secreta, elaborando relatórios sobre a pos-
sibilidade de reconstruir todo o Edifício, o que foi universalmente reconhecido por todos os
membros mais inteligentes, sendo ameaçados do grave perigo.24
Em 1° de Junho de 1912 Crowley foi elevado ao Grau IX°, devidamente patenteado
como Rex Summus Sanctissimus X° O.T.O. para Irlanda, Iona e todos os Bretãos que estão no
Santuário da Gnose, Lugar-tenente Comandante da Sagrada Ordem do Templo, até os Muito
Ilustres Senhores Cavaleiros Soberanos Grandes Inspetores Gerais do Antigo e Aceito Rito e do
95° do Rito Real de Memphis, Perfeitamente Iluminado do sublime IX° para operar uma
Grande Loja Nacional para Inglaterra e Irlanda. Existem controvérsias acerca desta elevação
de Crowley ao Grau mais alto da Ordem e elas envolvem um pequeno volume chamado O
Livro das Mentiras. Em suas confissões, Crowley alega que após sua publicação em 1912, o
O.H.O. me procurou. Até aquele momento eu não havia percebido que havia algo na O.T.O. além
de um conveniente compendio acerca dos mistérios da Maçonaria. Ele disse que desde que eu
estava familiarizado com o supremo segrado da Ordem, era permitido que eu participasse do
IX°, na obrigação de dar conta dele. Eu protestei dizendo que não estava ciente de tal segredo.
Ele então disse: «Mas você o publicou em letras bem claras». Eu disse que isso não era possível
porque não conhecia o segredo. Ele então se virou e retirou de sua bolsa uma cópia de O Livro
das Mentiras, mostrado-me a passagem onde publiquei o segredo. Na hora fui tomado por uma
iluminação. Todo o simbolismo, não apenas da Maçonaria, mas de muitas outras tradições,
ardeu diante de minha visão espiritual.25
Dessa repetida história popular nós podemos presumir – ou imaginar – que Theodor
Reuss, furioso com Crowley, o procurou em seu apartamento em Londers e lhe acusou de
revelar o Segredo do IX° O.T.O. Crowley, após reler a seção cujo segredo fora revelado, ime-
diatamente experimentou uma epifania que como um relâmpago, iluminou sua mente e os
Mistérios da Ordem se revelaram a ele: Eu tive uma súbita revelação dos Segredos Ocultos da
Ordem naquele exato momento.26 Após conversarem por horas, Reuss nomeou Crowley

23 Crowley era Grau 33° desde 1900.


24 Aleister Crowley, The Confessions of Aleister Crowley, Capítulo 72.
25 Aleister Crowley, The Confessions of Aleister Crowley, Capítulo 72.
26 Aleister Crowley, Rex de Arte Regia.

23
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
como líder da O.T.O. para as Ilhas Britânicas e fez dele um IX° Grau. É sabido que este en-
contro ocorreu no início de 1912, mas o que é confuso nessa história é que a data da pri-
meira edição de O Livro das Mentiras é de 1913. Para resolver essa questão, pesquisadores
modernos admitem que a data no livro estava errada, justificando a história que Crowley
relatou em suas Confissões. No entanto, para alguns pesquisadores mais perspicazes, essa
justificativa de que a data na impressão do livro estava incorreta simplesmente não faz sen-
tido algum. Crowley era metódico em suas publicações. Para ele, cada livro era um talismã
mágico, confeccionado de acordo com as condições astrológicas que ele definia, principal-
mente os livros mais importantes. Portanto, é bem possível que Crowley tenha criado essa
história como uma venda para o livro que de verdade ofendeu Reuss em 1912. Parece es-
tranho que Crowley tenha mentido em suas confissões, no entanto, não é segredo algum que
ele costumava inventar histórias em suas publicações e essa é só mais uma delas.
Em outras palavras, embora esteja claro para alguns que Crowley tenha fabricado
essa história para desorientar o não-iniciado, considera-se que ele deixou pistas acerca do
verdadeiro livro publicado em 1912. Neste ano, Crowley fez oito publicações, entre elas li-
vros e panfletos. De acordo com Susan Roberts em seu livro The Magician of Golden Dawn,
Gerald Yorke lhe disse pessoalmente que o Segredo da Ordem foi publicado na edição de
primavera do The Equinox (Vol. I, No. 7) de 1912, o que faz sentido. De acordo com Yorke,
tratava-se de Liber Stellae Rubeae que, segundo o próprio Crowley é um ritual secreto, o co-
ração de IAO-OAI.27 Os Adeptos familiarizados com os Mistérios do IX° Grau compreenderão
essa Trindade Sagrada, bem como as implicações do elixir vermelho do Rubi Estrela como o
mênstruo requerido para nutrir a transformação alquímica. Embora este liber revele o se-
gredo, Euclydes Lacerda me disse que, segundo Marcelo Motta (1931-1987) – que recebera
essa informação diretamente de Karl Germer – os segredos da Ordem estão espalhados em
vários números do The Equinox. Outro exemplo é Liber B vel Magi. Germer revelou a Motta
pessoalmente que a história acerca de O Livro das Mentiras é falsa. Em suas Confissões,
Crowley menciona que a primavera de 1912 chegou enquanto eu vivia entre Londres e Paris.
Eu escrevi alguns poemas de primeira mão e um ensaio mais ou menos importante, o Entusi-
asmo Energizado.28 Embora esse ensaio tivesse sido escrito nessa época, ele não apareceu
na edição de primavera do The Equinox. E embora tenha sido considerado pelo autor como
mais ou menos importante, ele revela o Segredo do IX° Grau. Eu o tenho em alta medida. Em
dezembro de 1912 Crowley produziu a instrução mais importante do IX° O.T.O., o Liber C
vel Agape sendo Azoth Sal Philosophorum – O Livro da Revelação do Santo Graal onde se fala
do Vinho do Sabbath dos Adeptos sendo a Instrução Secreta do Nono Grau. Essa instrução e
os detalhes dessa história foram publicados em Rituais, Documentos & a Magia Sexual da
O.T.O.
De acordo com Crowley, as técnicas sexuais da O.T.O. a ele ensinadas por Reuss eram
bem rudimentares, além de não terem sido verdadeiramente praticadas por ele. Mesmo as-
sim, uma vez iniciado nos mistérios sexuais da O.T.O., Crowley começou a explorar o uni-
verso da magia sexual, aplicando-a de maneira científica, segundo seus próprios princípios.
Em 1914 Crowley fez a seguinte declaração acerca da magia sexual em seu diário mágico,
Rex De Arte Regia:
Essa Arte me foi comunicada [1912] pelo O.H.O. [Cabeça Externa da Ordem]. Eu fui in-
constante em sua prática até [1 de janeiro de 1914] quando eu comecei a fazer alguns experi-
mentos e coletar dados. O Conhecimento que obtive me capacitou a fazer pesquisas mais pro-
fundas com perspicácia e direção, até que pude definir certos resultados os quais obtive por
meio da vontade. Por exemplo, minha bronquite, intratável até o momento, foi curada em um
dia. Eu obtive dinheiro quando precisei. Adquiri uma potência e atração sexual tão poderosas

27 Aleister Crowley, Os Livros Sagrados de Thelema.


28 Aleister Crowley, The Confessions of Aleister Crowley, Capítulo 72.

24
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
que durante meses me mantive persistente nos experimentos da Arte. Melhor que tudo, eu tive
um aumento em poder criativo e intuição mágica que muito da Grande Obra executada por
mim durante todo esse verão pode ser atribuída inteiramente a essa Arte.29
Daquele ano em diante, Crowley empreendeu muitos experimentos com a magia se-
xual, anotando tudo em seus diários, publicados e não publicados. Trata-se de uma docu-
mentação detalhada de suas operações mágicas, destacando a aptidão dos parceiros, a qua-
lidade do Elixir (sêmen ou fluídos sexuais misturados) e os resultados, satisfatórios ou não.
A ideia de se utilizar o sexo como um mecanismo de caráter religioso em rituais de
magia ajustava-se perfeitamente aos princípios filosóficos e religiosos da doutrina thelê-
mica promulgada através de O Livro da Lei. Para Crowley, na verdade, foi o casamento per-
feito.
Ao que parece, Reuss recebeu bem a mensagem transmitida através de O Livro da Lei
e a seu pedido Crowley começou a revisar e reescrever os rituais da Ordem no período em
que esteve nos EUA durante a Primeira Guerra. Essa foi uma ótima oportunidade onde
Crowley começou a inserir elementos da doutrina thelêmica na estrutura da O.T.O.
Inicialmente, a magia sexual na O.T.O. estava restrita aos Graus VIII° e IX°. No VIII°
Grau, o Perfeito Pontífice dos Iluminati era instruído em uma prática fálica de magia auto-
erótica. No IX° Grau, o Iniciado no Soberano Santuário da Gnose era ensinado uma técnica
sexual que envolve a cópula, necessitando portanto de uma sacerdotisa no rito. Em adição,
Crowley criou um novo Grau para Ordem, o XI°, onde ele incluiu o intercurso anal nas ope-
rações de magia. Existe uma lenda urbana de que o XI° O.T.O. trata-se da magia homossexual,
quer dizer, magia sexual entre parceiros do mesmo sexo). Mas isso é um equívoco. Uma
análise acurada dos diários de Crowley revelam que ele utilizava as técnicas do XI° Grau
tanto com homens quanto com mulheres. Portanto, o mistério que envolvia a mística do XI°
na concepção de Crowley era o intercurso anal, não a magia homossexual. Para Crowley a
atividade sexual corriqueira não tinha finalidade alguma. No seu sistema de magia sexual a
energia é sublimada até o ponto de poder carregar as imagens criadas pelo magista. Esse
tipo de prática foi desenvolvida por Crowley a partir dos escombros da antiga Ordem Her-
mética da Aurora Dourada, precisamente, suas instruções acerca de magia talismânica.
Analisando os diários de Crowley e o curso de suas operações mágicas, fica fácil dis-
cernir seus métodos na maioria dos rituais. De modo geral, o magiasta deveria se concentrar
em um objeto, como a inspiração para escrever um poema, por exemplo, criando a partir
daí com sua vontade um construto mental que deveria ser estimulado através da corrente
ofidiana, quer dizer, o estímulo sexual. Crowley costumava visualizar uma chuva dourada
de prāṇa na forma de gotas de ouro caindo sobre ele no momento do orgasmo magicamente
dirigido quando a finalidade era prosperidade financeira. No entanto, o estado de mente do
magista deveria ser carregado ou energizado através do estímulo da energia sexual.30
Crowley utilizava o sexo como uma ferramenta de gnose e não existe nenhuma mais pode-
rosa. Utilizando o estímulo sexual e a quimiognose nas operações de magia Crowley era ca-
paz de transcender o estado limitado da mente ordinária e projetar-se além do tempo e es-
paço no eterno continnuum, inacessível ao não-iniciado em condições normais. Em seus di-
ários, Crowley escreveu: A união da mente consciente, quando essa estiver estável, com o sub-
consciente, é evidentemente necessário a qualquer Operação na qual o Resultado tenha de ser
formulado antecipadamente.31
A união da mente consciente com a mente subconsciente parece ser o aspecto central
do sistema de magia sexual elaborado por Crowley. É interessante notar que Crowley mui-
tas vezes identificou o subconsciente com o Sagrado Anjo Guardião. Uma característica in-
teressante na magia sexual ensinada na O.T.O. é o caráter sacramental do Elixir. Na magia

29 Aleister Crowley, The Magical Record of the Beast 666, ed. John Symonds e Kenneth Grant, 1972.
30 Veja Entusiasmo Energizado por Aleister Crowley em Rituais, Documentos & a Magia Sexual da O.T.O. (Vol. I).
31 Aleister Crowley, The Magical Record of the Beast 666, ed. John Symonds e Kenneth Grant, 1972.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
do IX° O.T.O. o Elixir trata-se da mistura dos fluídos sexuais masculino e feminino, coletados
diretamente da kteis (vagina), seja com a boca32 ou em um recipiente adequado. O Elixir
pode ser utilizado para consagrar objetos mágicos como talismãs, empoderando-os com a
força canalizada durante o orgasmo magicamente dirigido.

Amor é a lei, amor sob vontade.

32No sistema de magia sexual desenvolvido por Kenneth Grant para sua própria versão da O.T.O., hoje Ordem
Tifoniana, essa foi uma técnica designada ao VIII° Grau como a Magia da Boca ou Boca da Yoginī, cuja fórmula
mágica é representada pela letra Pe (p). Veja Gnose Tifoniana (Vol. I), p. 92.

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Teoremas da magia sexual

Frater ON120
Fernando Liguori

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

A magia sexual se baseia na assunção de que nenhuma causa pode ser impedida de seu
efeito. Se o efeito natural for anulado, a descarga de energia não e perdida, ela forma
uma imagem astral sutil da ideia dominante na mente no clímax do coito. Ordinaria-
mente esta ideia é de luxuria e por isso uma tendência ou habito se fixa na mente, que
consequentemente se torna cada vez mais difícil de controlar. Esta tendência deve ser,
portanto, destruída. A exaltação mental gerada por um orgasmo magicamente contro-
lado forma uma janela luminosa como uma lente no passado que jorra a vívida imagem
astral da mente subconsciente. Imagens especificas são evocadas e fixadas; elas se tor-
nam instantaneamente e vitalmente vivas. Como sua presença luminosa e obsessiva,
guardiães mágicos são essenciais para compensar a obsessão atual. Estas imagens são
ligações dinâmicas com os centros mais profundos da consciência e atuam como chaves
para a experiência ou revelações que formam o objeto da Operação. Encarnar tais ex-
periências e o objeto da magia sexual. E necessário, portanto, formular à vontade com
muito cuidado e com estrita economia de meios. Não deve haver nada na mente no mo-
mento do orgasmo exceto a imagem da criança que se pretende trazer ao nascimento.33

A Loja Shaitan-Aiwaz, fundamentada no sistema de magia sexual proposto por


Kenneth Grant34 (1924-2011) foi um terreno fértil para exploração de métodos e
sistemas como o a feitiçaria sexual do Culto Zos Kia, incursões astrais nos Reinos
das Qliphoth através de transes e êxtases sexuais, magia sexual onírica etc. De
2003 a 2007 a Loja foi o centro de uma série de rituais e cerimônias mágicas cuja fórmula
central era a magia sexual. Muitos membros e convidados passaram pela Loja, uns de ma-
neira harmônica, outros como um tufão avassalador e alguns apenas de passeio. Mas todos,
de alguma maneira, contribuíram para nosso conhecimento e experiência. Cada partici-
pante das operações era requisitado um relatório contendo detalhes de sua experiência, que
deveria ser produzido logo após o encerramento das operações. Isso enriqueceu os arquivos
da Loja Shaitan-Aiwaz e o resultado tem se mostrado uma pérola sob a luz de novos enten-
dimentos. Experiências, canalizações, feitiços, conjurações, exorcismos, poesias etc. Mate-
rial para anos de estudo e avaliações. O documento mais importante é, nós assim pensamos,
O Livro dos Feitiços, um grimório contendo instruções acerca da prática da magia sexual e a
aplicação de certas leis e princípios através dos quais ela opera.
Como eu mencionei em meus volumes do Curso de Filosofia Oculta, a magia opera atra-
vés de leis. Levando em consideração essas leis, cada magista tem a seu dispor recursos que
lhe possibilitam causar mudanças em sua realidade objetiva que estejam em acordo com

33 Kenneth Grant, O Renascer da Magia.


34 Eu tenho colocado muita ênfase na diferença dos métodos de trabalho e interpretação da magia sexual por
Aleister Crowley e Kenneth Grant. Enquanto Crowley se preocupou com a fórmula mágica do Falo, Kenneth
Grant preferiu dar mais atenção a fórmula mágica da Kteis «vulva». Na minha experiência, ambas são necessárias
e essenciais. Quando executadas em uníssono, resultados enriquecedores podem ser alcançados. Veja os artigos,
A Magia Sexual de Aleister Crowley, publicado nessa edição do Corrente 93 e o artigo A Magia Sexual de Kenneth
Grant, em breve publicada na próxima edição.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
sua Verdadeira Vontade. A magia sexual age por e através dessas mesmas leis. Eu indico ao
leitor esses volumes do Curso de Filosofia Oculta para uma apreciação dessas leis e um co-
mentário sobre suas aplicações. Nesta epístola, vamos explorar algumas outras leis ou prin-
cípios que têm relação direta com a aplicação bem-sucedida da magia sexual.
Existem cinco teoremas da magia fundamentais não somente a compreensão da prá-
tica da magia sexual, mas principalmente, aos resultados que se espera obter através desta
técnica. Eles são:

1. Toda e qualquer interação sexual produz uma criança mágica.


2. A imagem (pensamento) na mente no ato do orgasmo é o gatilho mágico.
3. O orgasmo precisa ser dirigido.
4. Existe poder na ejaculação.
5. O êxtase sexual produz efeitos taumatúrgicos poderosos.

Existem requerimentos distintos e peculiares para se praticar magia sexual. Por exemplo,
ao nos basearmos no teorema de que a imagem (pensamento) na mente no ato do orgasmo
é o gatilho mágico, certo nível de controle mental deve ser adquirido. Uma vez que a ativi-
dade sexual aumenta o nível do prāṇa no organismo, fato que opera uma alquimia interior
de transformação, é importante saber manejar e manipular essa alta quantidade e qualidade
de prāṇa para o objetivo da operação. Isso requer um treinamento profundo para aprender
a dar direção as distintas manifestações do prāṇa no corpo e isso envolve posturas, movi-
mentos, respirações etc. Passamos a uma breve introdução acerca de cada um dos teoremas
acima.

Toda e qualquer interação sexual produz uma criança mágica.

Este teorema, por si mesmo, ensina que a magia sexual deve ser executada e requer a união
sexual entre um homem e uma mulher. Somente a união heterossexual pode produzir uma
criança. Não importa quais condições sejam, uma união sexual dessa natureza sempre pro-
duzirá uma criança mágica. Este termo, criança mágica, refere-se a o efeito ou resultado da
prática no plano astral. Um dos teoremas da magia é: a criação nos planos espirituais leva a
criação no plano físico, quer dizer, tudo o que for projetado na luz astral eventualmente se
manifestará no plano dos discos.

A imagem (pensamento) na mente no ato do orgasmo é o gatilho mágico.

No entanto, a criança mágica terá a mesma qualidade do pensamento ou ideia que se encon-
trava na mente daquele que lhe deu nascimento. Dessa maneira, se no momento do orgasmo
a mente se encontrava libidinosa e apaixonada, criminosa, descontrolada ou caótica, o re-
sultado será uma entidade qliphótica apta a vampirizar a estrutura sutil de quem a criou ou
projetou.
Uma vez que inevitavelmente todo intercurso sexual irá produzir uma criança mágica,
o magista deve procurar ter uma abordagem iniciática em relação ao coito sexual e aprender
a controlar e a dirigir a mente na hora do orgasmo. Segundo a cultura tântrica indiana, o
sêmen é a mente em movimento. Uma vez que o sêmen é a mente em movimento, o magista
deve aprender a projetá-lo através do Falo. Esse é o manejo bem-sucedido da Baqueta Má-
gica. No sistema de magia sexual de Aleister Crowley, transmitido através da O.T.O., este
treinamento se inicia no VII° Grau, quando o Magus da Luz entende o mistério da castidade
que o leva ao empunhar a Lança Sagrada através da Vontade e do pensamento dirigido.
Dentro deste teorema, podemos destacar um corolário: quanto mais você dá, mais vai
receber. Isso significa que a qualidade da criança mágica também depende do montante de

28
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
energia mental e prânica deslocada para dar-lhe nascimento. No artigo O Entusiasmo Ener-
gizado de Frater Aster você aprendeu que somente uma tormenta forte é capaz de produzir
uma tempestade de relâmpagos. Quer dizer, uma vez que o coito sexual inevitavelmente
eleva o nível de energia mental e prânica, quanto mais excitados estiverem os parceiros,
mais força e potência terá o resultado.

O orgasmo precisa ser dirigido.

Existem níveis distintos de orgasmo. A magia sexual requer um tipo distinto e bem refinado
de orgasmo, muito difícil de ser produzido por conta da inaptidão em alcança-lo, o que en-
volve não somente a capacidade de dar direção a ideia ou pensamento no momento do or-
gasmo, mas também o nível de toxidade no corpo e na mente. Este orgasmo de natureza
mais refinada é considerado de tipo superior e muito potente, responsável por levar o
Adepto a um nível de êxtase no qual sua Vontade é projetada na luz astral com uma força
poderosa.
No entanto, a conquista deste nível de êxtase através do orgasmo tem mais a ver com
a capacidade de entrega e de busca pelo prazer físico do que qualquer construção mental
sobre o tema.

Existe poder na ejaculação.

Como mencionei acima, sêmen é a mente em movimento. Uma vez que o objetivo da opera-
ção ou a imagem da criança que se queira dar nascimento esteja firme na mente, o sêmen
torna-se um talismã poderoso de aplicação universal. Magistas modernos o utilizam de inú-
meras maneiras. Três são destacadas:

1. O talismã, sozinho ou misturado com óleos aromáticos para aumentas sua potência,
pode ser utilizado para ungir e carregar magicamente um amuleto, arma mágica ou
qualquer aparato mágico-cerimonial.
2. O talismã pode ser utilizado para pintar símbolos no corpo do magista e da sacerdo-
tisa. A função é carrega-los magicamente com as vibrações do símbolo energizado
pelo talismã.
3. O talismã pode ser engolido, internalizando fisicamente o resultado da operação. Ele
também pode ser absorvido pela pele ou através da mucosa da vagina e glande do
pênis. Quando colocado debaixo da língua, o talismã será absorvido rapidamente
pela mucosa da boca. Magistas inclinados a prática do haṭha-yoga podem tentar de-
senvolver a vajrolī-mudrā. Nas escrituras medievais do yoga, a vajrolī-mudrā trata-
se da reabsorção do sêmen através da uretra na intenção de reabsorvê-lo. No haṭha-
yoga moderno a vajrolī-mudrā é executada de maneira distinta, apenas contraindo
a uretra que, em combinação com um procedimento tântrico de visualização conhe-
cido como urdhvareta, destina-se a inverter o fluxo seminal em direção aos cakras
superiores. Na O.T.O. este é um trabalho conectando aos Mistérios do XI°.

Muitas são as maneiras possíveis para aplicar o talismã. Pode-se unir vinho na consagração
ou até mesmo água, o que evita a corrosão dos elementos, anulando o poder do talismã.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
O êxtase sexual produz efeitos taumatúrgicos
poderosos.

De acordo com a doutrina tântrica qabalística, o


homem encarna o mistério da sabedoria e a mu-
lher o mistério do entendimento. Sua união no
coito sexual, portanto, encerra o mistério do co-
nhecimento. Na Árvore da Vida, a Sabedoria é um
atributo de Chokmah no topo do Pilar Direto. O
Entendimento, no entanto, é atribuído a Binah, no
topo do Pilar Esquerdo. Os qabalistas criaram no
conjunto das dez sephiroth mais uma, o um além
do dez conhecida como Daath, o Conhecimento.
Estes qabalistas sexuais do passado compreen-
diam que na união sexual reside o mistério da ele-
vação do homem aos planos sutis da existência.
Mas será que através da união sexual é possível
alcançar o reino da não-dualidade pura represen-
tada por Kether? Eles dizem que sim!
Executada de maneira apropriada, a união sexual cria um eidolon de êxtase que arre-
bata os participantes a um estado de Gnose ou jñāna, quer dizer, Conhecimento, represen-
tado pela sephira Daath que se abre como um Portal para experiência mística de Kether.
Quando o magista cliva sua sacerdotisa com santidade, a divina presença se manifesta.
No mistério da união entre o homem e a mulher reside o Conhecimento de Deus. Essas palavras
me foram ditas por Euclydes Lacerda quando dissertava acerca da magia sexual entre os
primeiros hebreus.
Em seu livro, Meditação & Kabbalah, Aryeh Kaplan sustenta que através do coito se-
xual ou deleite físico é possível alcançar o deleite espiritual e que se trata de uma experiência
onde o Ego encontra-se diluído na Não-Existência, o Nada. Isso produz milagres e até muda as
leis da natureza.
Kenneth Grant explorou enfaticamente a magia sexual como um portal para outra di-
mensão, a zona malva e além. Suas ideias foram amplamente empregadas nas operações
mágicas da Loja Shaitan-Aiwaz onde transes sexuais eram induzidos em sacerdotisas com
as finalidades de magia, oráculo, predição e contato com entidades praeter-humanas.

Um texto dessa natureza talvez incite a formulação de mais perguntas e dúvidas do que pro-
porcione respostas sobre a magia sexual. Mas essa é uma lei do conhecimento. Quando mais
nossa pequena ilha de conhecimento cresce. Mas cresce também as margens do desconhe-
cido. Assim, mais do que natural, é saudável!

Amor sé a lei, amor sob vontade.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Goécia: Evocação Sexual

Frater ON120
Fernando Liguori

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

A goécia ocupa um lugar de proeminência entre os ocultistas ritualisticamente in-


clinados e é conhecida genericamente como a arte negra. Suas convocações de-
moníacas acompanhadas de sigilos sugestivos e poderosos relatos de resultados
devastadores têm seduzido magistas ao longo dos tempos. Allan Bennett (1872-
1923), um dos primeiros professores de Crowley na Arte Régia disse-lhe certa vez: irmão-
zinho, você tem se metido com a goécia. Negando a afirmação de seu professor, Crowley res-
pondeu que não era digno de pronunciar os terríveis nomes bárbaros de evocação. Bennett
retrucou: nesse caso, a goécia tem se metido com você.
Tradicionalmente, a goécia é a primeira – e mais notória – parte de um grimório má-
gico conhecido como Lemegeton ou As Chaves Menores de Salomão. Contém uma descrição
completa dos 72 agentes malignos ou demônios, com a descrição detalhada de cada um no
momento de sua conjuração quando evocados, apresentando seu título, hierarquia e a legião
de espíritos que eles controlam. O texto contém os sinistros e atraentes sigilos dos demô-
nios, utilizados em operações mágicas para os mais diversos objetivos como: aquisição de
conhecimento filosófico, percepção do futuro, atração de bens e riquezas, manipulação as-
tral etc. Existem inúmeros manuscritos do Lemegeton com informações distintas acerca dos
demônios e seus nomes. Alguns manuscritos apresentam o grimório em cinco partes, outros
em quatro. Outros destacam, antes das chaves menores, o Theurgia-Goécia, que descreve 31
espíritos correspondentes às direções do espaço. Os espíritos são acompanhados por seus
sigilos e são apresentados como malignos e benignos. A terceira parte do Lemegeton é co-
nhecida como Ars Paulina, que descreve os anjos correspondentes às horas do dia e aos sig-
nos zodiacais. A quarta parte, bem pequena, é conhecida como Ars Almadel e a quinta parte,
considerada a mais antiga, é conhecida como Ars Notoria. Infelizmente, a quinta parte é omi-
tida na maioria das versões.
Mas quando eu utilizo o termo «goécia», não me refero apenas ao sistema de magia
conectado ao Legemeton. Goécia é um termo que abrange todo sistema de conjuração de-
moníaca, incluindo a magia qliphótica. É a arte negra ou doutrina das sombras, uma tradição
genuína do caminho da mão esquerda e sua doutrina é considerada avançada e perigosa,
embora as pessoas não costumem dar a ela o mérito que lhe cabe. A goécia é uma magia
ctoniana e telúrica. Ela convoca as forças do submundo e do abismo. Portanto, sua prática é
sombria, conectada as experiências do lado noturno. Mais especificamente, a goécia é um
sistema de magia que envolve a penetração nos estratos mais profundos do subconsciente,
a morada dos «espíritos» e «demônios» que representam energias biológicas primordiais
desassociadas da onda de vida humana.
Goécia significa «urro», «uivo», «bramido» ou «vociferante», o que descreve a maneira
de como se evocar as bestas das profundezas através do processo denominado Contra a Luz.
A palavra goécia é de origem grega e denota feitiçaria ou bruxaria. Um goético, do grego
goetes, era um feiticeiro, um magista negro, diferente do mago, o magus grego que ocupava
o ofício de sacerdote. Atualmente, um magus muitas vezes é visto como um magista negro
ou alquimista. Mas a antiga designação para um conjurador de demônios ou magista negro
era goético.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Existe uma passagem curiosa na vida de Crowley, Bennett e Cecil Jones (1870-1953)
envolvendo a goécia. Bennett encontrava-se deveras enfermo por conta de sua asma. Para
curá-lo, Crowley e Cecil Jones uniram seus esforços evocando o demônio Buer, cuja atribui-
ção é a cura de doenças. Bennett precisava sair rápida mente da Inglaterra, por conta do
clima frio e úmido que faziam a doença se agravar. Crowley e Cecil Jones evocaram Buer até
que sua forma fosse visível. Entretanto, a imagem do demônio não condizia com a sua des-
crição clássica nas Chaves Menores. Por conta disso, eles pensaram ter falhado na operação
mágica. Contudo, miraculosamente as coisas começaram a acontecer. Bennett em pouco
tempo retomou a saúde, o que lhe proporcionou forças para mudar-se para o Sri Lanka. No
fim Crowley concluiu que a operação foi um sucesso.
No campo do hermetismo prático existe um gênero literário conhecido como magia
salomônica. Trata-se de um número de grimórios que proclamam representar a magia ensi-
nada pelo sábio rei Salomão. Os dois mais famosos são atribuídos ao próprio Salomão, sendo
eles As Chaves Maiores de Salomão e o Lemegeton – As Chaves Menores de Salomão. O rei
Salomão é bem conhecido por sua eloquente sabedoria e as lendas sobre ele dizem que sob
o seu comando havia uma vasta horda de espíritos e gênios «djinns». Nos termos gerais, a
magia salomônica trata da conjuração de espíritos através de yantras mágicos conhecidos
como sigilos. Embora os primeiros manuscritos dessas duas obras começassem a aparecer
a partir do Séc. XVI, a magia salomônica retrocede muito no tempo, possuindo profunda
conexão com a magia babilônica e influenciando profundamente a tradição judaica durante
o cerco babilônico. Muitos dos demônios da goécia são deuses e espíritos da tradição babi-
lônica e outras. As correspondências entre a magia salomônica e babilônica vão desde o sis-
tema numérico a influência astrológica.
Embora a magia salomônica seja rica em invocações angélicas, preces e honrarias a
Jeová, ainda é largamente demonológica, portanto, tida como goética. Nós encontramos
nessa literatura mágica um constante encontro entre demônios e gênios. Ela revela que em
suas querelas demoníacas, Salomão permitia que os gênios demonstrassem seu poder e ma-
gia diante dele e da Rainha de Sabá. Existe outro manuscrito salomônico do primeiro século
de nossa era conhecido como O Testamento de Salomão. Trata-se de uma larga lista de de-
mônios e os famosos trinta e seis Príncipes das Trevas. Uma possível comprovação de sua
tradição arcaica encontra-se em um antigo texto gnóstico de Nag Hammadi que descreve a
criação de quarenta e nove demônios andrógenos cujo «nome e função podem ser encon-
trados no livro de Salomão». Podemos inferior a partir deste manuscrito gnóstico que essa
é uma referência muito antiga sobre a demonologia salomônica. Alguns autores alegam que
a magia salomônica esteve secretamente presente e foi amplamente praticada em muitos
círculos gnósticos. Kiesewetter, um acadêmico alemão, defende a teoria de que o nome «le-
megeton», que até o presente ainda é desconhecido – embora disputado – muito provavel-
mente possa ser o nome de um magista gnóstico.
Entre muitos hermetistas, a goécia é identificada como um tipo inferior de magia en-
quanto que a theurgia é considerada magia de um tipo superior. Também se acredita que a
goécia seja uma prática destinada a objetivos mesquinhos.35 No entanto, qualquer magista
bem treinado tem a plena consciência de que ambas as práticas, theurgia e goécia, satisfa-
zem qualquer desejo humano, seja lá qual for sua natureza. Portanto, o conceito de magia
inferior não deve ser confundido com qualidade. Os demônios da goécia não apenas satisfa-
zem desejos frívolos, mas são capazes de dotar qualquer magista de sabedoria e conheci-
mento elevados.
A palavra goécia é de origem grega e denota feitiçaria ou bruxaria. Um goético, do
grego goetes, era um feiticeiro, um magista negro, diferente do mago, o magus grego que

35 «A goécia é desafortunada, feita pelo intercâmbio com espíritos impuros, consistindo de ritos de pérfidas cu-
riosidades, encantamentos ilícitos e deprecações. [...] Seus praticantes são chamados de necromantes e bruxos.»
Agrippa em Três Livros de Filosofia Oculta, Madras, 2012.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
ocupava o ofício de sacerdote. Atualmente, um magus muitas vezes é visto como um magista
negro ou alquimista. Mas a antiga designação para um conjurador de demônios ou magista
negro era goético.
A tradição da goécia quase sempre é atribuída ao Lemegeton, como se ele fosse à fonte
mais fidedigna de onde podemos aprender a arte da conjuração demoníaca. Contudo, a goé-
cia não se limita ao Lemegeton. Outros grimórios demonológicos e salomônicos como o Le
Dragon Rouge e o Grimorium Verum, os ensinamentos de Fausto em seu Magia Naturalis, a
demonologia qabalística transmitida pelo A Magia Sagrada de Abramelin, o Mago e o fami-
gerado Liber CCXXXI de Aleister Crowley são textos que transmitem a tradição goética.

O emprego das energias sexuais, atrelado às práticas herméticas, data do mais remoto pas-
sado da humanidade. Diacronicamente, isto é, ao longo das eras, observa-se que, deste os
primeiros cultos à fertilidade até os dias atuais, tal associação jamais demonstrou o menor
sinal de declínio. Conforme nos relata Runyon em O Livro da Magia de Salomão, o berço de
um grande número de religiões se encontra na antiga Canaã. As religiões baseadas nos cul-
tos a Bael e a Astarte floresciam ao lado dos recém chegados israelistas. Sabe-se que a dança
hora, comum nos casamentos judeus, era chamada de círculo de danças das prostitutas sa-
gradas. Os templos dedicados a Afrodite em Érix, Corinto e Chipre funcionavam com o auxí-
lio de inúmeras sacerdotisas dedicadas ao ato sagrado. Tanto em Roma quanto na Grécia
antigas, existiam as virgens vestais dos templos que se dedicavam a conjugar o ofício religi-
oso com práticas sexuais – elas tinham que manter a chama sagrada do santuário sempre
acessa.
É com o surgimento do cristianismo que se vai verificar um enfraquecimento das prá-
ticas sexuais no interior dos templos. Aliás, não só a magia sexual, mas a magia em geral,
neste momento particular da história, foi intensamente rejeitada e desprezada. É devido a
este momento de perseguição que vamos compreender o porquê da exigência do segredo,
da linguagem cifrada e obscura dos mistérios e da criação de uma aura mística em torno de
tudo aquilo que era considerado esotérico. Na verdade, tudo isso foi um mecanismo de au-
todefesa e proteção contra perseguições. Ainda hoje, rastros destes procedimentos podem
ser verificados em alguns círculos hermetistas; mas notamos que a Era de Aquário já está
modificando, significativamente, tal postura.
A despeito das perseguições perpetradas contra o hermetismo em geral e a magia se-
xual em particular, esta continuou a existir sempre maquiada por metáforas. Exemplos são
encontrados na Idade Média européia. Naqueles tempos, temos os sabbaths negros das bru-
xas montadas em suas «vassouras» e a Magia Enochiana na qual seus «fundadores» – Dee e
Kelly – realizaram atos sexuais com suas parceiras durante as operações angélicas. Entre os
séculos XVI e XIX, a Igreja Católica ordenou um número muito maior de padres do que o
necessário. Uma boa parte destes ampliavam suas rendas através da realização de Missas
Negras que, não raro, empregava a Corrente Ofidiana. Nesta mesma época, a goécia já estava
praticamente delineada, tal qual a conhecemos hoje. Assim como muita coisa da tradição
mágica está alegorizada, o mesmo é válido para a magia sexual. Certamente, bastões e varas,
caldeirões e taças são mais que instrumentos: representam os elementos masculinos e fe-
mininos empregados em um ritual.
No século XIX, a Ordem do Templo do Oriente, a Ordem Hermética do Áureo Alvore-
cer, a Irmandade Hermética de Lúxor, dentre outras organizações, deram continuidade ao
uso secular da magia sexual. Sabemos que, apesar do esforço destas organizações, o con-
texto histórico (como, por exemplo, a Era Vitoriana) não permitiu que elas explicitassem os
Mistérios em sua completude, levando-as a optar pelo obscurantismo linguístico.
Na aurora do século XXI, notamos que o preconceito quanto ao uso da energia sexual
ou ofidiana, nos ritos espirituais, tem se afrouxado, ainda que de maneira tímida e parcial.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Se dizemos que é de forma tímida e parcial é porque, por experiência própria, sabemos que
ainda há muita incompreensão neste particular.
A seguir, falaremos um pouco da goécia combinada com o uso da energia sexual ou
Corrente Ofidiana. É muito comum encontrarmos publicações com fra-ses como estas: «a
chave dos mistérios manteve-se velada e secreta para que os não-iniciados pudessem fazer
mau uso do conhecimento» etc. Bem, por mais abertamente que possamos falar ou revelar
o segredo, enquanto o adepto não despertar sua paranormalidade ou como chamamos na
Tradição Oculta, ir Contra a Luz, jamais terá acesso real ao mistério por trás do segredo. Isso
ocorre assim porque o que nós revelamos são modelos de pensamento, não a gnose. Portanto,
aquela acusação de que nós levantamos o Véu de Ísis a uma altura indecorosa é pífia, rasa e
sem sentido. A partir daqui não usaremos termos poéticos e floridos para tratar do assunto
e sim uma linguagem direta, sem rodeios. Pedimos desculpas aos amantes do obscuran-
tismo, das cifras e dos códigos. Também é importante frisar que esta pratica é dedica a ma-
gistas experientes, que já tenham suficiente conhecimento teórico-prático do tema. O que
apresentamos é uma forma de potencialização da prática goética, através da energia sexual
inteligente e habilmente direcionada.
Há diversas abordagens acerca das evocações goéticas. Acreditamos que todas são
válidas. Cada magista é livre para optar por aquela que melhor se alinhe com seu próprio
gosto ou mesmo, com a devida experiência, desenvolver sua própria abordagem do assunto.
Para uma evocação goética são requeridos um Círculo cerimonialmente traçado (às
vezes, chamado de Círculo de Salomão) e de um Triângulo (o famoso Triângulo da Arte).
Obviamente, todos os participantes devem estar dentro do Círculo. Embora não haja a exi-
gência de um número específico de participantes para uma operação desta natureza, deve-
se observar um mínimo de 03 e um máximo de 11.
Tanto o Lemegeton quanto as Clavículas de Salomão recomendam que o Círculo tenha
2,70m de diâmetro. No entanto, um Círculo que irá comportar atos de magia sexual, terá que
ser maior. Uma boa medida seria um Círculo de 5 metros. Também aqui cada um terá que
fazer as adaptações necessárias. O Círculo é a proteção dos participantes e deve ser devida-
mente traçado e consagrado durante a cerimônia.
O uso da Corrente Ofidiana é apenas um caminho traçado sobre um plano: ao magista
cabe o dever de erigir a vela de seu barco e orientá-lo na direção onde brilha o Sol.
Há métodos de auto-magia sexual «masturbação» para praticantes solitários e que
não serão o foco deste ensaio. O que aqui propomos é para uma dupla ou um grupo que
pratique magia cerimonial.
Há dois elementos fundamentais na magia sexual e que são usados para elevar os ní-
veis de energia e para focar todas as etapas do processo goético. O primeiro é o orgasmo. O
poder do orgasmo contribui para movimentar e elevar a energia do processo mágico. Os
participantes devem estar envolvidos com a preparação do ritual, o traçado do Círculo e do
Triângulo, com as conjurações, bem como atentos ao propósito do ritual. A concentração
intensa durante o orgasmo (ou a pequena morte, como era chamada pelos autores do século
XIX) fortalece a vontade e facilita a manipulação energética da cerimônia. Faz-se mister ob-
servar que, se os participantes perderem o foco no propósito do ritual e deixarem-se levar
apenas pelo sexo em si, sabotarão e arruinarão a operação, como demonstrado no início
desse ensaio.
O segundo elemento, são os fluidos provenientes do corpo no momento do orgasmo.
Esses fluidos ou kālas, em parte porque foram produzidos durante o ritual, apresentam pro-
priedades mágicas. Eles podem ser usados para uma variedade de propósitos: podem servir
como pomadas e óleos, podem ser usados na consagração de amuletos e outros instrumen-
tos mágicos, incluindo o próprio círculo mágico.
Para produzir esses fluidos pelo menos uma mulher se faz necessária para atuar como
«sacerdotisa» durante a cerimônia. Uma mulher é o suficiente; naturalmente pode-se ter

34
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
mais e tudo vai depender de quantas operações cada grupo realiza regularmente. De qual-
quer forma, em uma cerimônia somente uma sacerdotisa deve ser consagrada como repre-
sentante da Deusa. A interrupção e distração na troca do papel principal na cerimônia in-
terrompe o fluxo e a focalização da operação. Além disso, a mulher–sacerdotisa deve estar
realmente desejosa de participar da cerimônia e de se entregar completamente à mesma. Se
isto não for verificado, ter-se-á um «curto-circuito» no ritual. Outra necessidade, é que ela
seja uma iniciada competente. Uma mulher despreparada não é capaz de utilizar com pro-
ficiência a Boca da Yoginī como fonte de emanação de forças além do nível de consciência
ordinária.36
Algumas tradições permitem o uso de expansores de consciência suaves para a indu-
ção de transes e outras não. Cada grupo deve determinar seus próprios critérios quanto a
isto. A ingestão destes expansores ou «plantas de poder», por parte de um grupo experiente
e que não utiliza esses artifícios para velar seus vícios, auxiliam os participantes e a sacer-
dotisa a se manterem focados no processo ritualístico.
Um lugar deve ser escolhido para a construção do Círculo. Pode ser um lugar fechado,
como um templo, ou um lugar ao ar livre. Em ambos os casos, a necessária privacidade deve
ser observada para evitar inconveniências e incompreensões quanto à natureza de tais prá-
ticas.
Lembramos que esta prática de consagração fará uso da energia sexual e um mínimo
de 03 e um máximo de 11 participantes deve ser observado. Como há diversos tipos de cír-
culos de proteção, construa o seu Círculo de acordo com a técnica que você normalmente
utiliza para traçar seu Círculo de magia.
Dois altares devem ser erguidos:
Um para a sacerdotisa, que será seu trono, que fica no centro do círculo. Este altar
deve ser construído sobre uma superfície macia (tapete, por exemplo) para conforto da sa-
cerdotisa. Deve também conter uma almofada para que a sacerdotisa possa elevar seu ven-
tre, a fim de que sua yoni esteja em relevo, facilitando o congresso sexual. Também podem
ser colocados suportes nas laterais para que ela possa se firmar durante a execução do Ar-
cano. Logo abaixo do altar da sacerdotisa, deve estar um container – normalmente um cálice
– para receber os fluidos sexuais.
O outro para o Magista Oficiante – nele se colocam as armas necessárias ao trabalho.
Após a construção do Círculo, a sacerdotisa é entronizada em seu lugar. Ela pode estar
nua ou não, dependendo do tipo de operação. O magista oficiante entra no Círculo. Ao chegar
ao centro dele, remove seu robe e, após a consagração da sacerdotisa, dá início a cópula. Ele,
em total estado de concentração; ela, neste ponto, em completo transe ofidiano.
Após o clímax, o oficiante veste seu robe e inicia a consagração do Círculo. Os demais
participantes, o tempo todo, vibrando os nomes bárbaros de evocação seguindo o ritmo do
ritual, bem concentrados na consagração do Círculo. Existe uma prática conhecida como
cakra-pūja onde todos os participantes participam da cópula. Mas este tipo de operação
exige uma concentração en masse. Essa prática pode ou não conter outras sacerdotisas ofi-
ciantes e todo o ritual deve ser executado em duplas ou pares.
Os fluídos corporais ou kālas coletados no container são levados ao altar do oficiante.
Se ainda restar qualquer resíduo de fluídos na sacerdotisa, ele deverá ser recolhido no con-
tainer.
Os fluidos são misturados em partes iguais com o óleo de Abramelin. Essa mistura é
utilizada para se traçar novamente o Círculo e finalizar sua consagração. A união dos fluidos
corporais com o óleo de Abramelin torna o Círculo perfeito, uma vez que gerará uma subs-

36Toda mulher é uma incorporação da Deusa, mas nem todas as mulheres estão prepara-das para encarnar a
Deusa.

35
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
tância que é a soma da essência individual dos participantes-oficiantes. Este gesto irá adici-
onar um poder extra aos ritos realizados no Círculo, especialmente para aqueles que efeti-
vamente contribuíram para sua formação e consagração. Se sobrar algum fluido, ele pode
ser guardado e usado para outra operação mágica, dentro de um espaço curto de tempo. No
entanto, o fluido é mais eficiente quando obtido e utilizado em seguida, por ter maior po-
tência energética. O Círculo deve ser «reconsagrado» desta forma pelo menos uma vez ao
ano.
Uma vez que o Círculo foi devidamente preparado, podemos, agora, realizar as evoca-
ções goéticas. Uma vez mais, esbarramos com diversas formas de fazê-la: desde as mais
complexas até as mais simplificadas. Use a que estiver mais familiarizado.
Antes de iniciar o ritual, o magista oficiante precisa definir qual será a entidade a ser
evocada e informar a todos. Em seguida, desenhar o sigilo «yantra» daquela entidade com
um material que resista ao suor e uma tinta que não manche ou desbote durante a prática.
Utilizamos a energia sexual nas evocações goéticas da mesma maneira que a utiliza-
mos na consagração, descrita em epígrafe. A sacerdotisa está nua e é entronizada no altar,
no centro do Círculo. Ela deverá estar com a yoni mais elevada, preparada para o viparita-
maithuna. Portanto é importante sempre ter uma almofada, ou outro objeto adequado, que
permita à sacerdotisa ficar mais elevada.
Depois que todos os participantes forem admitidos ao interior do Círculo e após o
mesmo estar devidamente traçado, de acordo com os procedimentos habituais ao magista
oficiante, este deve despir-se. Ele deve pintar o sigilo do espírito goético a ser evocado por
toda a sacerdotisa. No caso do cakra-pūja, o sigilo assim disposto nas sacerdotisas permitirá
que cada participante foque sobre ele enquanto realiza o coito sexual. De qualquer maneira,
à medida que o sacerdote e sacerdotisa iniciam o abraço místico, as evocações devem ser
por ele emitidas e acompanhadas por todos.
Alguns praticantes se preocupam com a possibilidade de um «convite deliberado» aos
espíritos goéticos pelo fato do sigilo estar na sacerdotisa. No entanto, é preciso considerar
que o sigilo está dentro do Círculo de Proteção e, portanto, não constitui um «convite» ao
espírito a ser evocado para ali se manifestar. Obviamente, que o «convite» faz parte da pró-
pria cerimônia e o espírito chamado estará do lado externo ao Círculo e que deve ser confi-
nado ao Triângulo pelo magista oficiante.37
Às vezes, alguns grupos optam pela presença de uma pitonisa ou um clarividente na
cerimônia. Dependendo do ritual, a pitonisa ou o clarividente devem ser excitados. Isso irá
permitir que haja duas pessoas em transe ofidiano realizando as evocações, enquanto os
demais continuam a elevar o nível da energia através da entoação dos nomes bárbaros de
evocação e, no caso do cakra-pūja, através do intercurso sexual coletivo. É preciso observar
que se trata de um rito goético que tem na Corrente Ofidiana seu diferencial operacional;
este ato serve para criar um elo entre todos os participantes do ritual através do solícito
sacrifício ou uso da energia sexual.
O ritual deve prosseguir com o magista oficiante em coito e o clarividente fazendo os
conjuros, acompanhados de cada participante realizando suas conjurações. O ideal é que
ocoito ocorra durante todo o tempo das chamadas. A sacerdotisa deve ser mantida, o tempo
todo, em seu altar e se possível na Gnose ou transe ofidiano.
Deve-se observar que a unificação da goética com a energia sexual produzirá uma
convocação poderosa das entidades goéticas. Os resultados das convocações serão também
mais potentes.

37Existe outra prática goética em que o Círculo não mais serve como «proteção», mas como um portal de in-
gresso e egresso de entidades telúricas e ctonianas. Veja o artigo Manganeumatas das Sombras de Fernando
Liguori e Helio Monteiro.

36
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Os fluidos coletados durante as operações podem ser usados para uma variedade de
propósitos. Algumas entidades goéticas requerem gratificações. Os fluidos, se especial-
mente misturados com os aromas próprios da entidade convocada, podem ser uma exce-
lente oferenda. E mais, os fluidos que sobrarem podem ser divididos com os participantes
ou guardados para usos futuros. Uma substância magicamente carregada é melhor de se
usar logo após sua obtenção e ela ainda pode ser aplicada como loção, como agente consa-
grador de amuletos, talismãs; pode ser empregada para a obtenção de saúde, aumento da
força vital no organismo, magnetismo, maior poder de atração sexual, desenvolvimento de
dons paranormais, concretizações de projetos ou desejos legítimos, dentre outros.
É inegavelmente sedutora a ideia de se unir energia sexual aos ritos mágicos em geral
e ao goético em particular. No entanto, não podemos deixar também de refletirmos sobre
os principais inconvenientes que esta prática pode ocasionar: doenças sexualmente trans-
missíveis e gravidez indesejada.
Como o objetivo do rito é obter uma mistura de fluidos masculinos e femininos, a ca-
misinha não pode ser empregada. Daí a importância de que todos os participantes sejam
saudáveis. A melhor forma de garantir isto é através de exames periódicos e de uma conduta
que não seja promíscua por parte dos participantes.
A gravidez é outra questão preocupante. Assim, precauções se fazem necessárias.
Uma criança concebida numa operação mágica será portadora de habilidades e capacidades
interessantes.38
Além das questões físicas (doenças e gravidez), a magia sexual também requer um
intenso trabalho sobre nossos próprios limites, conceitos e pré-conceitos. Somos testados
em nossa personalidade, em nosso aspecto emocional, espiritual e também confrontados
por valores sociais. Muitas são as tocaias e armadilhas que podem surgir: apego, ciúme, pos-
sessividade etc. Nesta direção, cada um deve fazer uma análise, uma profunda reflexão, con-
siderando todos os prós e os contras, antes de se lançarem às práticas sexuais com um grupo
de magistas. E mais importante é se perguntar: o que realmente está me motivando a praticar
magia sexual? Seja sincero e conheça suas reais motivações, nunca a magia será culpada por
seus erros. Esta é uma senda de maturidade e de responsabilidade pelas próprias ações.
Além disso, existe a necessária transparência para as pessoas que são casadas ou que
tenham relacionamentos estáveis. É importante que o outro saiba o que você faz, para não
configurar traição. Sabemos que aqui pisamos num terreno movediço e cabe a cada um ser
honesto; primeiramente, consigo mesmo e a máxima: faça aos outros aquilo que gostaria que
fizessem a você, é tudo o que podemos dizer. A cada um, sua consciência.
Algo fundamental é o respeito pela sacerdotisa do grupo. Ela jamais deverá ser vili-
pendiada ou abusada. Ela está se doando para o benefício de toda a coletividade e contribu-
indo superlativamente para o sucesso das operações. Sem dúvida, não é fácil encontrar uma
sacerdotisa que se entregue de alma e corpo a esta função. Daí mais um motivo para sua
valorização e respeito. Trate-a como uma deusa, a divina Śakti encarnada.
Outra coisa importante: o sadomasoquismo não deve ser praticado, pois foge ao es-
copo e ao objetivo do ritual. Aliás, se o grupo se desviar do foco do ritual e se aterem exclu-
sivamente ao sexo e à realização de taras pessoais, em pouco tempo surgirão problemas,
querelas, desentendimentos e a dissolução do grupo. As razões para isso são simples e se
encontram no «choque de retorno».
As técnicas que aqui indicamos podem ser aplicadas de outras formas e cabe ao dina-
mismo do grupo, de acordo com seus objetivos específicos, fazer os arranjos que forem ne-
cessários para que possam somar a energia sexual às suas práticas. Essas técnicas podem

38 O filho de Frater ON120 foi fecundado e concebido dentro de uma operação mágica. Foi constatado que a
criança foge aos padrões convencionais. Veja o artigo A Deusa & o Trovão de Fernando Liguori.

37
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
ser combinadas a outras como a Magia Enochiana, por exemplo. Use sua criatividade, faça
adaptações, mas, sobretudo, não se esqueça que o foco é a operação mágica em si.
O ato sexual quando realizado sob vontade, sem desvios de propósito; quando a união
entre os participantes ocorre dentro de todos os níveis (físico, emocional, mental) de seus
respectivos seres, suas forças aumentam tanto psíquica, quanto fisicamente. Assim, um
apelo vibrante é feito e este apelo será atendido.
Sem dúvidas, a energia sexual é a maior força mágica da natureza. Do amor nascem,
segundo as circunstâncias, as paixões, os arrebatamentos, os estímulos para a criação divina
ou humana, o surgimento de deuses ou demônios. No entanto, os usos e aplicações dessa
magia simples e eficaz só é possível a um verdadeiro iniciado. É uma trilha destinada e re-
servada a poucos seres humanos que sejam capazes de utilizar com ética, desprendimento,
inteligência, maestria pessoal e de forma útil esta sagrada energia que lhes habita o interior.
Lembrem-se disto.

Amor é a lei, amor sob vontade.

38
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
FONTES BIBLIOGRÁFICAS

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GUNTHER, J. Daniel. The Inward Journey, Vols. I, II, III. Ibis, 2009 e 2014.
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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
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SARASWATI, Swami Satyadharma. Yoga Chudamani Upanishad: Crown Jewel of Yoga. Bihar,
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_____________. Asana Pranayama Mudra Bandha. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust / Belo
Horizonte, Brasil: Satyananda Yoga Center, 2009.

_____________. Dynamics of Yoga, the Foundations of Bihar Yoga. Bihar, Índia: Yoga Publications
Trust, 2006.

_____________. Four Chapters on Freedom: Commentary on the Yoga Sutras of Patanjali. Bihar,
Índia: Yoga Publications Trust, 2008.

_____________. Kundalini Tantra. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust, 2006.

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_____________. Yoga e Educação para Crianças. Bihar, Índia: Yoga Publications Trust / Belo Ho-
rizonte, Brasil: Satyananda Yoga Center, 2006.

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SATI, Tārānanda. Tantra Kaula: A Arte do Ritual e da Magia. São Paulo: Madras, 2006.

SOUTO, Alicia. A Essência do Hatha Yoga. São Paulo, SP. Phorte Editora, 2009.

STILES, Mukunda. Ayurvedic Yoga Therapy. New Delhi, Índia: New Age Books, 2009.

SVOBODA, Dr. Robert. Ayurveda for Women – a guide to vitality and health. New Delhi, Índia:
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through Pancha Karma seasonal therapies, diet, herbal remedies and memory. New Delhi, Ín-
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Mother Om Media Book, 2007.

VERMA, Dr. Vinod. Ayurveda – A medicina Indiana que promove saúde integral. Rio de Ja-
neiro, Brasil: Nova Era, 2008.

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WOODROFFE, Sir John. The Great Liberation. London: Ganesh, 1929.

41
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
_____________. The Principles of Tantra (Vols. I e II). London: Ganesh, 1914 e 1916.

_____________. The Serpent Power. London: Ganesh, 1931.

_____________. Śakti and Śākta. London: Ganesh, 1929.

42
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Notícias da Linha de Frente

Curso de Meditação

O curso de meditação da SETh ainda está com as inscrições


abertas. Sua participação no curso requer algumas condi-
ções:

1. Caso você seja aluno direto de Frater ON120 na


A∴A∴, sua participação no curso está liberada sem
ônus algum.
2. Caso você seja membro do Colegiado da Luz Hermé-
tica, sua participação no curso está liberada sem
ônus algum.
3. Caso você tenha adquirido as obras de Frater
ON120, sua participação no curso está liberada sem
ônus algum.
4. Caso você não se enquadre nas três condições
acima, será necessário pagar uma taxa de R$93 para
participar do curso.

Para fazer seu cadastro ou para se inscrever como ouvinte no curso, entre em contato com
o editor do Corrente 93.

Robes de qualidade

A Sociedade de Estudos Thelêmicos disponibiliza


robes de qualidade para os Irmãos da A∴A∴,
Ordo Templi Orientis e outras organizações the-
lêmicas.

 Robe do Probacionista R$280.


 Robe do Neófito: R$230.
 Robe do Zelator: R$230.

Robes com características distintas podem ser


encomendados. Entre em contato com o editor
do Corrente 93 e faça um orçamento sem com-
promisso.
Os robes são em alta qualidade, de brim e
bordados bem detalhados.

43
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
A Lança & o Graal

A magia sexual de Aleister Crowley opera


através de duas forças conhecidas como Caos
e Babalon. Caos é a Força ou Energia Criadora
Paterna primordial representada pelo Falo
no homem. Ele é idendificado ao astro Sol
como o Senhor na Missa Gnóstica. Babalon é
a Força ou Energia Materna geratrix primor-
dial representada pelos símbolos do Útero, a
Vulva, a Mulher e a Terra. No sistema thelê-
mico de magia sexual, a Mulher é o veículo
que nutre a Palavra do Genitor com seu Po-
der Gerador. Através da União de Caos e Ba-
balon, nasce a Criança Mágica Baphomet.

Nós estamos entrando no Equinócio de Pri-


mavera de 2016 e.v. O ano 2012 e.v. foi muito
importante para muitos iniciados, pois mar-
cou o início de uma reificação na Terra das
forças espirituais do Novo Aeon. No entanto,
o resgate espiritual dessas forças dentro de
cada um de nós depende da aplicação de cer-
tas chaves ou fórmulas mágicas. Uma dessas fórmulas, conhecida como Corrente Ofidiana,
tem sido considerada das mais eficazes no estabelecimento das forças do Novo Aeon na
consciência humana.

O livro A Lança & o Graal cumpre o objetivo de agregar em uma só publicação os textos
acerca do sistema de magia sexual proposto por Aleister Crowley previamente publicados
nas edições do Jornal Corrente 93 da Sociedade de Estudos Thelêmicos.

Para adquirir seu exemplar, clique aqui.

Curso Cakra Sadhana

1. Objetivo do curso

Entre os Ocultistas nos últimos cinquenta anos tem havido uma tentativa em estabelecer
uma equivalência entre as Sephiroth da Árvore da Vida e os cakras da cultura tântrica. Se a
Árvore da Vida contém tudo em nosso Universo, tanto acima quanto abaixo, deve haver al-
gum lugar nela que os represente. Uma vez que tenha se aceitado que existe uma equivalên-
cia entre as Sephiroth e os cakras, logo nasce a indagação acerca da relação entre os vinte e
dois Caminhos – os Atus de Tahuti – e as Sephiroth ou zonas de poder. Estes Caminhos, en-
tretanto, foram relacionados às nāḍīs dos ensinamentos tântricos. Nāḍī é um termo sâns-
crito que significa torrente ou fluxo, quer dizer, aquilo que flui livremente. Este é o nome
dado aos canais por onde circula o prāṇa ou energia vital. Eles conectam os cakras e levam
energia as diversas partes do corpo psíquico e sua contraparte física. Os cakras são casas de
energia e literalmente a palavra significa roda.

No entanto, toda a doutrina do Tantra acerca da estrutura psíquica «cakras, nāḍīs, kuṇḍa-
linī» e a maneira correta de manipulá-la envolve o conceito de Śakti, a Deusa. Śakti é uma

44
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
palavra sânscrita que significa poder, mas para todos os efeitos, em estado potencial. Existe
uma parábola nos tantras que diz que no Infinito, antes da criação, a Deusa dividiu-se em
dois estados conhecidos como Mente e Corpo. A essência da Deusa repousa eternamente no
ājñā-cakra, de onde ela começa a se projetar para baixo, vibrando «spandana» em direção a
terra na busca por seu Corpo. Nesse processo, a Śakti cria diferentes estados de realização,
os cakras, começando pelo viśuddhi, atribuído ao Espírito, o anāhata, atribuído ao Elemento
Ar, o maṇipūra, atribuído ao Elemento Fogo, o swādhisṭhāna, atribuído ao Elemento Água e
o mūlādhāra, atribuído ao Elemento Terra. Ao fazer de sua morada o mūlādhāra-cakra, o
processo de criação se encerra e a Śakti se recolhe em sono profundo. É neste estado que
ela é conhecida como kuṇḍalinī-śakti. Uma possível tradução desse termo que se enquadra
na descrição do tema é poder recolhido e na Tradição Esotérica Ocidental ela é identificada
apenas pelo nome de Serpente de Fogo ou Fogo Serpentino. Quando aprendemos a manipu-
lar essa força em nosso interior, fazendo-a acordar de seu sono no fosso da terra, é o mo-
mento de aprendermos com ela em um processo de ascensão a fim de redescobrirmos o
paraíso perdido. Este trabalho consiste em erguê-la do mūlādhāra-cakra aos cakras superi-
ores através de um sistemático programa de treinamento.

Nos dias de Aleister Crowley (1875-1947) muito pouco material sobre o tema cakras havia
sido traduzido do sânscrito para o inglês. Fora as especulações teosóficas, pouquíssimos
ocultistas no Ocidente produziram material de peso realmente relevante. Por anos a maior
fonte de pesquisas sobre os cakras utilizada pelos ocultistas da Tradição Ocidental foi o livro
Os Chakras de W.C. Leadbeater (1854-1934), considerado um grande clarividente. No en-
tanto, seu livro tem muito pouco ou quase nada a oferecer quando comparado aos próprios
śāstras do tantrismo ou obras de mestres tântricos de calibre como Swāmi Satyānanda Sa-
raswatī, fundador da Bihar School of Yoga, a organização mais tradicional da Índia em ensino
superior de Yoga e Tantra.

Por volta de 1920, o autor mais celebrado sobre Tantra no Ocidente foi Sir John Woodroffe
(1865-1936). Ele foi o responsável por apresentar ao Ocidente, através de inúmeras tradu-
ções e material próprio o profundo, vasto e rico oceano de conhecimento contido nos tan-
tras, principalmente a Tradição Kaula e suas práticas obscuras de despertar da kuṇḍalinī-
śakti e a manipulação dos cakras. Mas por incrível que pareça, Crowley parece ter dado
pouca atenção à obra de Woodroffe, seja por despeito ou falta de conhecimento.

Mas existe um problema ao tentar estabelecer uma equivalência entre a doutrina dos cakras
contida nos tantras e a Árvore da Vida. Inúmeras interpretações equivocadas foram difun-
didas amplamente pela Sociedade Teosófica e a Ordem Hermética da Aurora Dourada, esta-
belecendo um desserviço a Tradição Esotérica Ocidental. Um exame acurado sobre as teo-
rias estabelecidas por essas organizações revela verdadeiras anomalias e uma falta de com-
preensão absurda sobre os cakras.

Nos dias de hoje existe muito material a disposição, no entanto, a grande maioria dos livros
escritos no Ocidente sobre o tema cakras ainda continua perpetuando as desinformações
disseminadas por essas duas organizações. Por outro lado, o Oriente vem produzindo ma-
terial seguro nessa área e as escrituras que nos dias de Crowley quase eram impossíveis de
serem encontradas, agora abundam em traduções, o que nos permite ter um vislumbre mais
amplo do assunto. Portanto, eu sempre aconselho aos meus alunos da A∴A∴ a procurarem
a fonte original desses estudos, ou seja, os śāstras do tantrismo.

45
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Ao elaborar o sistema de iniciação da A∴A∴, Aleister Crowley se debruçou amplamente so-
bre o Yoga, produzindo pérolas do misticismo thelêmico nas instruções da Ordem. No en-
tanto, parece que ele deu pouca atenção à doutrina dos cakras, deixando a cargo da Ordo
Templi Orientis, O.T.O., a produção do material necessário à instrução dos membros. Os pri-
meiros Graus da O.T.O. operam enfaticamente com os ṣaṭ-cakras, mas infelizmente até os
dias de hoje estamos a espera que a Ordem nos apresente instruções precisas sobre como
manipular e direcionar as energias dos cakras. Até lá, ofereço esse pequeno opúsculo de
meditação a comunidade de thelemitas do Brasil.

2. Módulos do curso

O programa desse curso é dividido em vídeo-aulas. Você será notificado pelo You Tube
quando os vídeos forem postados e deverá acompanha-las diretamente no livro. Para isso,
antes de mais nada você precisa adquirir o livro diretamente no site do Clube de Autores.
Clique aqui para adquirir o livro Cakra Sādhanā.

Não existe sistematização periódica para postagem dos vídeos. Dessa maneira, tenha paci-
ência. Os vídeos serão feitos na medida em que irei conciliar o trabalho com outros afazeres
e cursos que estou ministrando. Isso deve estar claro para você antes de solicitar sua
participação.

3. Certificado de conclusão do curso

A Sociedade de Estudos Thelêmicos fornecerá certificado de conclusão do curso sob as se-


guintes condições:

1. O participante deve enviar a SETh um relatório completo e detalhado acerca de cada


lição estudada e praticada, cujas instruções estão por escrito e explicadas em vídeo.
2. O pagamento de uma taxa de R$61 para impressão do certificado e taxas de envio.

4. Participação

Sua participação no curso requer algumas condições:

5. Caso você seja aluno direto de Frater ON120 na A∴A∴, sua participação no curso está
liberada sem ônus algum.
6. Caso você seja membro do Colegiado da Luz Hermética, sua participação no curso
está liberada sem ônus algum.
7. Caso você não se enquadre nas duas condições acima, você pode aderir aos seguin-
tes programas:
 Assistir as vídeo-aulas sem acompanhamento ou material didático adicional:
R$25 por aula.
 Assistir as vídeo-aulas com material didático adicional: R$40 por aula.
 Assistir as vídeo-aulas com acompanhamento semanal e material didático adi-
cional: R$150 por mês.

PROMOÇÃO válida até dia 30 de setembro: Caso você tenha adquirido a obra de Frater
ON120, Cakra Sādhanā, sua participação no curso está liberada sem ônus algum.

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Colegiado da Luz Hermética

O Colegiado da Luz Hermética é a Ordem Externa da SETh, Sociedade de Estudos Thelêmicos.


Representa o Seis primeiros Graus da Ordem. A SETh foi estabelecida a Serviço da A∴A∴,
constituindo um Colegiado Iniciático formulado para prover treinamento aos Candidatos
que aspiram Iniciação na A∴A∴. O trabalho é individual, mas é dada a opção de trabalho
coletivo e a formação de Grupos de Estudo, Santuários e Templos.

HOMEMDATERRA
Colegiado da Luz Hermética

Probacionista 0°=0⌷

O Probacionista é qualquer pessoa adulta, livre, acima


de 21 anos que tenha concordado em executar uma
prática espiritual diária e sistemática pelo período de
um ano, mantendo um diário mágico detalhado sobre a
prática. Os Sinais do Probacionista são os de Hórus e
Hoor-paar-Kraat. O Probacionista se encontra no Um-
bral da Ordem e após um ano de período probatório ele
pode requerer admissão ao Primeiro Grau de Neófito.
Sendo admitido, ele assina o Juramento.

Neófito 1°=10

O Neófito é um Iniciado do Primeiro Grau do Colegiado


da Luz Hermética. Este Grau representa Malkuth na Ár-
vore da Vida e o Elemento Terra. O Sinal de Neófito é o
Sinal da Besta ou Baphomet.

Currículo do Neófito:

1. Formulação, construção e consagração do Pantáculo da Terra.


2. Ritual Maior do Pentagrama da Terra.
3. Assunção de forma divina da deidade egípcia da Terra.
4. Ritual da Saída do Umbral.
5. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito da Terra.
6. Pathworking: Caminho 32 (Tav).
7. Scrying no Aethyrs 30 (TEX).

Zelador 2°=9⌷

O Zelador é um Iniciado do Segundo Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau corres-
ponde a Yesod na Árvore da Vida e o Elemento Ar. O Sinal de Zelador é o Sinal de Lilith-
Astaroth.

47
Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
Currículo do Zelador:

1. Formulação, construção e consagração da Adaga do Ar.


2. Ritual Maior do Pentagrama do Ar.
3. Assunção de forma divina da deidade egípcia do Ar.
4. Ritual do Khu Perfeito.
5. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito do Ar.
6. Pathworking: Caminho 31 (Shin) e 30 (Resh).
7. Scrying nos Aethyrs 29 (RII) e 28 (BAG).

Prático 3°=8⌷

O Prático é um Iniciado do Terceiro Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau corres-
ponde Hod na Árvore da Vida e o Elemento Água. O Sinal do Prático é o Sinal de Ísis a Mãe
das Estrelas.

Currículo do Prático:

1. Formulação, construção e consagração do Cálice da Água.


2. Ritual Maior do Pentagrama da Água.
3. Assunção de forma divina da deidade egípcia da Água.
4. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito da Água.
5. Pathworking: Caminho 29 (Qoph), 28 (Tzaddi) e 27 (pé).
6. Scrying nos Aethyrs 27 (ZAA) e 26 (DES).

Filósofo 4°=7⌷

O Filósofo é um Iniciado do Quarto Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau equivale
Netzach na Árvore da Vida e o Elemento Fogo. O Sinal de Filósofo é o Sinal de Tifon.

Currículo do Filósofo:

1. Devoção a alguma deidade - iṣtā-devatā (bhakti-yoga).


2. Formulação, construção e consagração da Baqueta do Fogo.
3. Ritual Maior do Pentagrama do Fogo.
4. Assunção de forma divina da deidade egípcia do Fogo.
5. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito do Fogo.
6. Scrying nos Aethyr 25 (UTI).

Dominus Liminis (Senhor do Umbral)

O Dominus Liminis é um Iniciado do Quinto Grau do Colegiado da Luz Hermética que está
no período probatório para entrar na Segunda Ordem R.R. et A.C. Este Grau corresponde ao
Caminho de Pé na Árvore da Vida, conhecido na Ordem como O Portal. O Sinal do Dominus
Liminis é o Sinal da Caveira de Ossos Cruzados.

Currículo do Dominus Liminis:

1. Formulação, construção e consagração de um talismã planetário.


2. Ritual Supremo de Invocação do Pentagrama.
3. Ascensão nos planos da Estrela que regula o Sol (signo ascendente).

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Sociedade de Estudos Thelêmicos Corrente 93 No. 5
4. Ritual Enochiano do Elixir da Vida
5. Pathworking: Caminho 26 (Ayin), 25 (Samekh) e 24 (Nun).
6. Scrying no Aethyrs 24 (NIA).

Admissão ao Colegiado da Luz Hermética.

Caso tenha interesse em participar da Ordem, envie uma carta em PDF seguindo as instru-
ções:

1. Faça um breve relato sobre sua busca espiritual. Estudos, práticas e a relevância
desse processo na magia e no ocultismo.
2. Faça uma lista de vinte livros que já estudou na área da magia e ocultismo em geral;
cite os mais relevantes em sua iniciação e faça uma breve resenha do livro mais im-
portante para você.
3. Na carta, coloque todos os seus dados: endereço (físico e eletrônico), data de nasci-
mento, afiliação, profissão, telefone e anexe uma cópia de seu CPF, RG e compro-
vante de residência.

Toda a comunicação da Ordem se dá através de documentos em PDF via e-mail e por correio
convencional.

Após o envio de sua aplicação de afiliação, a Ordem irá notificá-lo em cinco ou dez dias, após
a avaliação de seu pedido. Se ele atender os nossos requisitos, você será admitido ao período
probatório, devendo manter uma prática espiritual sistemática por um período de um ano,
com entradas diárias no diário mágico.

Sua aplicação de afiliação pode ser enviada por e-mail, em PDF. Caso queira enviar carta via
correios, escreva para:

a Secretária,
Av. Barão do Rio Branco, 3652/14, Passos
Juiz de Fora – MG
36025 020
srikulacara@gmail.com

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