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3 O Corpo de Energia

Todas as experiências que temos, estejamos acordados ou sonhando, têm


uma base energética. Esta energia vital é chamada lungt" em tibetano, mas,
no Ocidente, é mais conhecida por seu nome em sânscrito, prana*. A
estrutura que constitui a base de qualquer experiência é uma combinação
exata de várias condições e causas. Se somos capazes de entender por que e
como uma experiência está ocorrendo e reconhecer sua dinâmica mental,
física e energética, então conseguiremos também reproduzir essas expe-
riências, ou alterá-las. Isso nos permitirá gerar experiências que sustentem
a prática espiritual e evitar aquelas que são prejudiciais.

CANAIS E PRANA
Na vida diária, assumimos diferentes posições corporais, sem pensar em
seus efeitos. Quando queremos relaxar e conversar com os amigos, pro-
curamos uma sala com cadeiras e sofás confortáveis. Isso aumenta a expe-
riência de calma e relaxamento e induz a uma conversa descontraída. Mas,
quando estamos ativos em discussões de trabalho, nos dirigimos a um
escritório com cadeiras que nos mantêm mais eretos e menos relaxados.
Isso dá mais suporte ao trabalho e aos esforços criativos. Se quiséssemos
~escansar em silêncio, poderíamos ficar no portão, sentados em um outro
tipo de assento, colocado de modo que pudéssemos apreciar a paisagem e
0
fluxo do ar. Quando nos cansamos, dirigimo-nos ao quarto e assumimos
uma postura completamente dº1rerente
1: • d
para m . o sono.
uz1r
De modo semelhante, assumimos várias posturas em diferentes tipos
de meditação ' para alterar o fl uxo do prana no corpo - mampu · 1and °
os canais* (tsa*) que - d b·
. sao os con utos da energia no corpo - e para a nr
diversos pontos en , · 1: •
.1: • ergeticos roca1s, os chakras. Ao fazer isso, evocamos
d1rerentes tipos de e ·
xpenencia. Essa é também a base dos movimentos
A •

-52-

\,, n
'- ,

A Natureza do~ ·-,

do yoga. Guiar conscientemente a energia pelo nosso corp •


. . , . . , o permite um
desenvolvimento mais fac1l e mais rapido da prática med·t · d
. , 1 ativa o que
ocorreria se confiassemos apenas na mente Além disso tamb,
· , em nos per-
mite superar certos obstáculos na prática. Sem usar O conhecimento do
prana e de seu movimento pelo corpo, a mente pode ficar enredada em
seus próprios processos.
Os canais, o prana e os chakras são afetados na morte e também em
vida. A maioria das experiências místicas, bem como experiências no es-
tado intermediário após a morte, são resultado da abertura e fechamento
de pontos de energia. Muitos livros que falam dos fenômenos relaciona-
dos com as experiências dos que voltaram de uma morte clínica, contém
descrições de várias luzes e visões que as pessoas experimentam, quando
começam o processo da morte. De acordo com as tradições tibetanas,
estes fenômenos têm a ver com o movimento do prana. Os canais estão
associados com diferentes elementos; durante a dissolução dos elementos
na morte, à medida que os canais se deterioram, a energia liberada ma-
nifesta-se em experiências como luz e cor. Os ensinamentos entram em
muitos detalhes sobre que cor de luz corresponde à dissolução de qual
canal, onde ele fica no corpo e a qual emoção ele está relacionado.
Existe uma variação considerável na maneira como estas luzes apa-
recem para as pessoas no momento da morte, uma vez que elas estão
relacionadas tanto ao aspecto emocional negativo da consciência, quanto
ao seu aspecto positivo de sabedoria. As pessoas comuns experimentam
emoções na hora da morte e a emoção dominante determina que luz.~s e
cores se manifestam. Muitas vezes, há, no início, apenas uma expenen-
cia de luzes coloridas em que uma cor predomina, mas pode acontec~r
também de algumas cores serem predominantes ou que haja um~ combi-
nação de muitas cores. A luz começa então a formar diferentde~ ~m;g;ns
mandalas pessoas, ivm a es,
como acontece no sonh o: casas, caste1os, ' d
. . n, d estamos morrendo, po emos nos
ou quase qualquer outra c01sa. '<-uan
. . ,,
° ,.
entidades samsancas, caso em que
relacionar com tais v1soes, tanto como d vemos em
ões a elas quan o nos mo
somos governados pelas nossas reaç ' iências meditativas,
, . . to ou como exper
direção a nosso prox1mo nascimen ' ºbTdade
. d d l"bera ão ou, pelo menos, a poss1 I I
que nos dão a oportumda e e I ç , . ascimento numa direção
. nosso prox1mo n
de influenciar conscientemente
positiva.
Os Yogas Tibetanos do Sonho e do Sono

CANAIS (TSA)
Existem muitos tipos diferentes de canais no corpo. Conh
. . ' ' . ecemos os
na1s mais densos atraves do estudo medico da anatomia d ca-
, . - , on e apre
demos sobre os vasos sangumeos, a circulaçao da linfa, a rede ne n-
. dº E . b ' . ural, e
assim por 1ante. xistem tam em cana1s, como aqueles reconh ec1ºdos na
acupuntura, que são condutos
. para as formas mais substanciai·s de prana
No yoga
, do sonho, lidamos com
. uma energia psíquica ainda mais · sutil."
que e a base tanto da sabedona quanto da emoça-o negativa· s canaiso .
que conduzem essa energia muito sutil não podem ser localizados na
dimensão física, mas podemos nos tornar conscientes deles.
Existem três canais raízes. Os seis chakras principais estão localizados
sobre e dentro deles. A partir dos seis chakras, trezentos e sessenta canais
secundários se espalham por todo o corpo. Os três canais raízes são, nas
mulheres, o canal vermelho do lado direito do corpo, o canal branco do
lado esquerdo e o canal azul central. Nos homens, o canal direito é O bran-
to e o canal esquerdo é o vermelho. Os três canais raízes se juntam aproxi-
madamente 1O cm abaixo do umbigo. Os dois canais laterais - que têm
o diâmetro de um lápis - erguem-se de cada lado e à frente da coluna,
sobem através do cérebro, curvam-se sob o crânio no topo da cabeça e
se abrem nas narinas. O canal central sobe direto entre des, na frente da
coluna. Ele possui o diâmetro de um bambu e se alarga levemente desde
a área do coração até a coroa da cabeça, onde termina.
O canal branco (o direito nos homens e o esquerdo nas mulheres) é
o canal através do qual as energias das emoções negativas se movem. À5
vezes, ele é conhecido como o canal do método. O canal vermelho (o
esquerdo nos homens, o direito nas mulheres) é o condutor das energias
positivas ou de sabedoria. Portanto, na prática do sonho, os homens dor-
mem sobre o seu lado direito e as mulheres, sobre o esquerdo, a fim de
colocar pressão sobre o canal branco e, dessa maneira, fechá-lo levemente,
enquanto se abre o canal vermelho de sabedoria. Isso ajuda a pessoa a ter
experiências oníricas melhores, inclusive para uma experiência emocional
mais positiva e uma maior claridade.
O canal azul central é o canal da não-dualidade. É no canal central
que a energia da consciência primordial (rigpa) se move. A prática do
sonho mais cedo ou mais tarde traz a consciência e o prana para dentro
do canal central, onde ela está além, tanto da experiência negativa quanto
· · Quando isso
dª posmva. · acontece, o praticante compreende unt·d deª ª
de todas as dualidades aparentes. Em geral, quando as pessoas têm expe-

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A Natureza do Sonho

riências místicas, grandes experiências de êxtase, vacuidade, claridade ou


rigpa, elas estão energeticamente baseadas no canal central.

pRANA (LUNG)
Sonhar é um processo dinâmico. Diferentemente das imagens estáticas de
filme que usamos como metáfora, as imagens de um sonho são fluidas:
elas se movem, os seres conversam, os sons vibram, a sensação é vívida. O
conteúdo do sonho é moldado pela mente, mas a base da vitalidade e da
animação do sonho é o prana. A tradução literal da palavra tibetana para
prana, "lung", e'"vento", mas nos
' a descreveremos melhor chamando-a
de força do vento vital.
Prana é a energia básica de toda experiência, de toda vida. No Oriente,
as pessoas praticam posições de yoga e vários exercícios respiratórios para
fortalecer e refinar a força do vento vital, a fim de equilibrar o corpo e a
mente. Alguns dos antigos ensinamentos esotéricos tibetanos descrevem
dois tipos diferentes de prana: o prana kármico e o prana de sabedoria.

Prana Kármico
O prana kármico é a base energética dos traços kármicos, produzidos
como resultado de todas as ações positivas, negativas e neutras. Quando
os traços kármicos são ativados pelas causas secundárias oportunas, o pra-
na kármico energiza-os e permite que eles tenham um efeito na mente,
no corpo e nos sonhos. O prana kármico é a vitalidade tanto das energias
negativas quanto das positivas em ambos os canais laterais.
Quando a mente está instável, distraída ou não-focada, o prana kár-
mico se move. Isso significa, por exemplo, que quando uma emoção surge
e a mente não tem nenhum controle sobre ela, o prana kármico carrega a
mente para onde quiser. Nossa atenção se move para lá e para cá, ora afas-
tada pela aversão, ora atraída pelo desejo.
É necessário desenvolver uma estabilidade mental no caminho espi-
ritual, para tornar a mente forte, presente e centrada. Desse modo, não
seremos levados à distração pelos ventos kármicos nem mesmo quando
as forças das emoções negativas surgirem. No yoga do sonho, depois de
desenvolvermos a habilidade de ter sonhos lúcidos, temos de estar sufi-
cientemente estáveis na presença, para estabilizar os sonhos produzidos
pelo movimento do prana kármico e para desenvolver controle sobre o
sonho. Até que a prática esteja bem desenvolvida, algumas vezes o sonha-
dor controlará o sonho e outras vezes, o sonho controlará o sonhador.

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Os Yogas Tibetanos do Sonho e do Sono

Apesar de algumas psicologias ocidentais acredit


arem que 0
não deveria controlar o sonho, de acordo com os en . sonhador
smamento 'b
esta é uma visão errônea. Para o sonhador lúcido . s ti etanos,
e consciente ,
controlar seu sonho do que ser controlado por ele O ' e rnelhor
· mesmose 11.
pensamentos: Para o pensador lúcido, é melhor cont l ªP ca aos
ro ar seus p
tos do que ser controlado por eles. ensarnen-

Três Tipos de Prana Kármico


Alguns textos de yoga tibetano descrevem três tipos d
·1 e prana kárrni .
prana sutl , prana denso e prana neutro. O prana sut'l e co.
. 1 re1ere-se ao v·
tuoso prana de sabedoria que se move através do canal lh ir-
. verme o da sabe
dona. O prana denso refere-se ao prana da emoção negat' -
,
atraves do canal branco. Nesta classificação tanto O virt
. . ' uoso prana de
sabedoria quanto o prana emocional são pranas kármicos.
O prana neutro, como o próprio nome sugere não é nem ·
' Virtuoso
nem não-virtuoso, mas ainda é prana kármico Ele permeia tod '
,. . · o o corpo.
A expenenc1a do prana neutro leva o praticante para a experiência do
prana natural primordial, que não é prana kármico, e sim a energia de
rigpa não-dual que reside no canal central.

Prana de Sabedoria
O prana de sabedoria (ye lung), não é prana kármico. Não deve ser con-
fundido com o virtuoso prana de sabedoria, descrito no tópico anterior.
No primeiro momento de qualquer experiência, antes que uma reação
ocorra, há somente percepção pura. O prana envolvido nesta experimen-
tação pura é o prana da sabedoria primordial, a energia que é a base da
experiência anterior ao apego e à aversão, ou livre deles. Esta experiência
pura não deixa um traço e não será a causa de nenhum sonho. O prana de
sabedoria se move no canal central e é a energia de rigpa. Este momento
é muito breve, um flash de pura experiência de que geralmente nem nos
damos conta. É a nossa reação a esse momento, nosso apego e aversão,
que consideramos como nossa experiência.

Atividade Prânica
O mestre tibetano Long-chen-pa diz, em um de seus textos, que ocorrem
, . d' Q er entendamos
21.600 movimentos de prana durante um umco 1a. u
esta afirmaçao literalmente ou nao, e a m 1ca a enorme atividade de pra-
. l . d'
na e pensamentos que ocorrem diariamente.

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llf? t
A Natureza do Sonho

COMO EQUILIBRAR O PRANA


Esta é uma prática simples que podemos fazer para equilibrar o prana. Os
homens devem usar o dedo anular da mão esquerda para fechar a narina
esquerda e expirar fortemente pela narina direita. Imagine que todo stress
e emoções negativas fluem para fora com a expiração. A seguir feche a
narina direita com o dedo anular da mão direita e inspire profundamente,
muito suave e gentilmente, através da narina esquerda. Depois de inspi-
rar, deixe todo o ar, o prana, permear o seu corpo inteiro, enquanto você
prende a respiração durante um breve período. Depois expire gentilmente
e permaneça num estado calmo.
As mulheres devem inverter a ordem. Comece fechando a narina di-
reita com o dedo anular da mão direita e expirando fortemente pela na:.
rina esquerda, esvaziando os pulmões. A seguir, feche a narina esquerda
com o dedo anular da mão esquerda e inspire de modo gentil e profundo
através da narina direita, respirando o prana calmo de sabedoria. Perma-
neça com a calma permeando o seu corpo. Depois expire gentilmente em
um estado calmo
Repetir esta prática várias vezes equilibrará a nossa energia. O prana
emocional denso é exalado pelo canal branco e o prana de êxtase da
sabedoria é inalado através do canal vermelho. Permita que o prana
neutro permeie o seu corpo inteiro. Resida nessa calma.

PRANA E MENTE
Todos os sonhos estão relacionados a um ou mais dos seis reinos. A liga-
ção energética entre a mente e o reino se faz através de locais específicos
no corpo. Como pode ser isso? Dizemos que a consciência está além da
forma, cor, tempo, ou tato, então como pode estar conectada a um lugar?
A mente fundamental está além de quaisquer destas distinções, mas as
qualidades que surgem na consciência são influenciadas pelos fenômenos
da experiência.
Podemos investigar esta questão por nós mesmos. Vá a algum lugar
pacífico, um belo templo, cheio de cânticos suaves e cheiro de incenso, ou
à gruta verde de uma pequena queda d'água. Quando entramos em um
lugar desses, é como se uma bênção fosse recebida. A qualidade da expe-
riência é afetada, porque o ambiente físico afeta o estado de consciência.
Isto também é verdade para as influências negativas. Quando visitamos
um local que foi palco de atrocidades, sentimo-nos desconfortáveis, dize-
mos que o lugar tem "energia ruim".

-57-

li
: l'óg,t> T,~ -Sonho, do Sono
0 /
/
O mesmo acontece internamente, dentro de nossos cor
/ falamos de trazer a mente a um chakra, ao chakra do cora -~os. Quando
. . O . ·ri ça ' por exem
lo, 0 que queremos d 1zer
- com
, isso. . que s1gm 1ca para a mente estar e -
/ P lugar? A mente
// algum . nao e uma coisa que, pode ser localizada, no sentidm0
de poder ser connda em uma pequena area. Quando "pomos" a ment
em algum lugar, estamos co locand o a nossa atenção: estamos . e
... d criando
imagens
.
em nossa mente ou d mgm o a atenção• para um obJ· et0 dos sen-
ndos. Quando focamos a mente em alguma coisa, o obJ· eto de r:roco areta e

a qualidade da consciência e ocorrem mudanças correlatas no corpo.


Neste princípio baseiam-se as práticas de cura que fazem uso do ima-
.
ginário mental. A visualização leva a mudanças em nossos corpos. A es-
quisa no Ocidente está demonstrando a veracidade desta aflrmaçãope a
medicina ocidental agora Aestá utilizan~º-º poder da visualização até para
doenças graves como o cancer. A trad1çao de cura do Bõn usa com fre-
quência a visualização dos elementos fogo, água e ar. Ao invés de se voltar
para os sintomas da doença, o seguidor do Bõn geralmente tenta purificar
condicionamento subjacente da mente, as emoções negativas e os traços
0
kármicos que, segundo se acredita, criam susceptibilidade à doença.
Por exemplo, podemos visualizar fogo intenso em resposta a uma do-
ença. Visualizamos formas triangulares vermelhas e tentamos experimen-
tar imaginativamente calor - tão intenso quanto aquele que sobe de um
vúlcáo - movendo-se através dos nossos corpos como ondas de chamas.
Podemos fazer um determinado exercício respiratório, para gerar ainda
mais o calor. Deste modo usamos a mente e suas imagens para afetar o
corpo, as emoções e a energia. E há um resultado, apesar de não termos
atirado nenhum fósforo no mundo externo. Exatamente da mesma ma-
neira que a medicina ocidental pode usar a radioterapia para tentar quei-

Os Canais

-58-

d
A Natureza do Sonho

mar, as. células cancerosas,


, usamos O f;ogo mterno
• para .
kárm1cos. Para que a pratica seJ· a eflc . _ queimar os traços
- az, a mtençao tem b,
clara. Nao se trata de um simples processo mecamco , . e .tamd em de estar
so que usa o entendimento do karma' d a mente e d O 'prasim e um. proces-
cura. Esta prática tem a vantagem de t l na, para ªJudar na
. entar reso ver a causa d d
não os seus, smtomas, e de não apresentar e1e1tos
e . co laterais E, ªl oença e,
bom
, tambem sermos avaliados pela medicma . oc1.dental quand · caro
0
que
, le
E. melhor
. utilizarmos
. qualquer coisa que sep . benenca,
,f:'. '
ao invésposs1ve.
de no
ltm1tarmos a um sistema em particular. s

CHAKRAS
Na prática dos sonhos, dirigimos nossa atenção para dºtrerentes
e areas
, d0
corpo,
, os chakras
. . da garganta, sobrancelhas ' coraça'o e ehakra secreto
O

atras dos gemtats. Um chakra é uma roda de energi·a, um centro de cone-


xões energéticas. Os canais de energia se reúnem em determinados locais
do corpo, as junç~es_ d~s canais formam os padrões energéticos que são
os chakras. Os prmctpats chakras são pontos nos quais muitos canais se
juntam.
Os chakras não são realmente como os desenhos feitos deles, de flores
de lótus que se abrem e fecham, que têm um certo número de pétalas e
uma determinada cor. Estas imagens são apenas suportes simbólicos para
a mente - como mapas - que usamos para ajudar a focar a atenção nos
padrões de energia que existem nos locais dos chakras. Os ~hakras foram
descobertos através das práticas, como uma consequência da compreen-
são de diferentes praticantés. Quando estes praticantes realizaram pela
primeira vez experiências com os chakras, não havia nenhuma linguagem
que pudesse descrever suas descobertas para aqueles que não tivessem
tido a mesma experiência. Criaram-se imagens que pudessem ser usadas
como metáforas visuais e às quais outras pessoas pudessem associar suas
experiências. As várias imagens do lótus, por exemplo, sugeriam que a
energia ao redor de um chakra se expandia e contraía como a abertura e
o fechamento de uma flor; um chakra era percebido de maneira diferente
de outro, e essas diferenças eram representadas por diferentes cores; _expe-
.' · d • - d - d l xi·dades de energia nos
nenc1as
.e e vanaçao
h as concentraçoes
d e asdºcomp
e te números de pétalas.
d11erentes c akras eram representa as por 11eren es
Essas metáforas visuais tornaram-se a linguagem usada para express_ar as
• A • • Q do um novo prancan-
expenenc1as dos centros de energia no corpo. uant do corpo com a cor
te visualiza o número certo de pétalas no lugar cer
O
'

-59-
/

/
Os YtJgas _1Jbetanos do Sonho e do Sono
I
/
/

eira, então o poder da mente afeta aquele ponto energe'ti'


,1 co ern p .
/ lar, e é influenciado por aquele ponto. Quando isto acontece /rticu.
que mente e prana estão unidos no chakra. ' 1zemos

/ CAVALO CEGO, CAVALEIRO MANCO


(

À noite, quando vamos dormir, geralmente não temos muit _


, . . a noçao do
que esta acontecendo. Simplesmente nos sentimos cansados f; h
, ec arnos os
olhos e deslizamos para longe. Podemos ter alguma noção sob
re o sono
- o sangue circulando pelo cérebro, hormônios, ou algo similar- m
o processo real atráves do qual caímos no sono, permanece mi'st • as
inexplorado. enoso e

A tradição tibetana explica o processo de adormecimento usando uma


metáfora para a mente e o prana. Muitas vezes o prana é comparado a
um cavalo cego e a mente, a uma pessoa incapaz de andar. Separados eles
são impotentes, mas juntos, constituem uma unidade funcional. Quando
estão juntos, o cavalo e o cavaleiro começam a correr, geralmente com
pouco controle sobre onde vão. Sabemos disso por nossa própria expe-
riência: podemos pôr a mente num chakra, colocando a atenção ali, mas
não é fácil manter a mente num determinado lugar. A mente está sempre
se movendo, nossa atenção indo nesta ou naquela direção. Normalmente,
nos seres do samsara, o cavalo e o cavaleiro correm cegamente através de
uma das seis dimensões da consciência, um dos seis estados emocionais
negativos.
Por exemplo, quando caímos no sono, a consciência do mundo sen-
sorial se perde. A mente é carregada para lá e para cá sobre o cavalo cego
de prana kármico até que ele se foca em um determinado chakra onde é
influenciado por uma determinada dimensão da consciência. Talvez você
tenha tido uma discussão com sua companheira e essa situação (condição
secundária) ativa um traço kármico associado com o chakra do coração,
que arrasta sua mente para aquele local do corpo. A atividade subsequente
de mente e prana manifesta-se na forma de imagens e histórias exclusivas
do sonho.
A mente não é dirigida para um chakra ou outro ao acaso, mas é arras-
tada para os locais do corpo e as situações da vida que precisam de atenção
e cura. No exemplo, é como se o chakra do coração estivesse gritando
por ajuda. O traço perturbador será curado, manifestando-se no sonho
e, por esse meio, se exaurindo. No entanto, a menos que a manifesraçáo
ocorra enquanto o sonhador está centrado e consciente, suas reações ª ela

-60-
A Natureza. do Sonho

serão ditadas pelas tendências kármicas habituais e criarão mais sementes


kármicas.
Podemos fazer uma analogia com um computador, Os chakras são
como diferentes arquivos. Clique no diretório "Prana e Mente" e então
abra O arquiv~ do_chakra d~ coração. A informação existente no arquivo
_ os traços karm1cos as_soc1ados com o chakra do coração _ é mostrada
na tela da consciência. E assim que o sonho se manifesta.
Por isso, é possível que uma situação no sonho evoque outra res-
posta que ative uma emoção diferente. O sonho agora se torna a causa
secundária que permite que outro traço kármico se manifeste. Agora a
mente viaja até o centro do umbigo e entra em um reino de experiência
diferente. O caráter do sonho muda. Você não sente mais ciúme; em vez
disso você está em uma rua sem placas ou em algum lugar muito escuro.
Você está perdido. Você está tentando ir a algum lugar, mas não consegue
achar o caminho. Você está no reino dos animais, a dimensão mais ligada
à ignorância.
Basicamente, é assim que o conteúdo do sonho é moldado. A men-
te e o prana são arrastados para diferentes chakras do corpo; afetados
pelos traços kármicos associados, experiências das várias dimensões de
experiência surgem na mente como o caráter e o conteúdo do sonho. Po-
demos usar esse conhecimento para olhar para os nossos sonhos de uma
maneira diferente, para observar com qual emoção e reino o sonho está
relacionado. É útil, também, entender que todo sonho nos oferece uma
oportunidade para a cura e para a prática espiritual.
Mais cedo ou mais tarde, vamos querer estabilizar a mente e o prana
no canal central, em vez de permitir que a mente seja arrastada a um de-
terminado chakra. O canal central é a base energética das experiências de
rigpa e as práticas que fazemos no yoga do sonho têm por objetivo trazer
a mente e o prana para o canal central. Quando isso ocorrer, permanece-
remos na consciência clara e na forte presença. Sonhar no canal central
é sonhar livre das fortes influências provenientes das emoções negativas.
É uma situação equilibrada que permite a manifestação dos sonhos de
conhecimento e de claridade.

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