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DENISON MATOS
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4
1.1 Os gregos................................................................................................. 5
B. A helenização ............................................................................................ 6
1.2 Os romanos............................................................................................ 13
2.1.3 Essênios.............................................................................................. 27
Referências .................................................................................................. 68
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INTRODUÇÃO
Bons estudos!
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CAPÍTULO 1 - A FORMAÇÃO DO MUNDO
NEOTESTAMENTÁRIO
1.1 OS GREGOS
A. A LÍNGUA GREGA
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dominação política e imposição da forma de pensar e da cultura através da
ação bastante proativa para possibilitar a capitalização de seu idioma em
todas as regiões do império como língua universal e oficial. A ideia dos
dominadores gregos era simples: unificar a língua e a cultura para facilitar e
assim fortalecer a unificação do império.
Alexandre, o Grande (356-323 a.C.), imperador da Macedônia,
dominou desde a Europa até a Índia, vencendo os persas e conquistando uma
grande extensão territorial e inúmeros povos e culturas. Para facilitar o
comércio, o intercâmbio e a política, os gregos ensinavam sua língua, pelo
menos para as elites, trazendo para a humanidade o primeiro modelo de uma
língua universal.
Tal imposição favoreceu bastante o surgimento e a expansão do
cristianismo, visto que teve como resultado prático mais importante favorecer
a pregação da salvação em Cristo numa língua unificada, o chamado “grego
koine”, “grego comum” ou “grego popular”. A importância deste elemento, a
comunicação, pode ser resumido assim:
a) o grego era uma linguagem universal e, especialmente, língua oficial
dos povos mediterrâneos;
b) o grego foi a língua dos primeiros pregadores missionários;
c) a tradução do texto bíblico, “as Escrituras”, do hebraico para o grego.
B. A HELENIZAÇÃO
Com a morte de Alexandre, seu império foi dividido entre seus generais
(a organização persa em Satrapias serviu como base para essa divisão). A
dinastia egípcia foi lidera pelo general Ptolomeu I, que fundou sua dinastia no
ano de 323 a.C., com sua capita em Alexandria no Egito. A outra dinastia que
surgiu com a fragmentação do império de Alexandre, e que é importante para
nosso estudo, é a dinastia dos Selêucidas, na Síria, fundada por Selêuco I em
312 a.C., com capital em Antioquia. Até o ano de 198 a.C., a Judeia fez parte
dos territórios dos Ptolomeus.
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No período de dominação helênica na Palestina, região da Judeia
desfrutava de um grau razoável de autonomia interna. De acordo com F.F
Bruce (2019, p.16),
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perdas de suas ricas províncias na Ásia Menor, e a imposição de pesados
impostos e indenizações que deveriam ser pagas em parcelas anuais.
Durante a segunda metade do século III a.C., duas famílias abastadas da
Judeia passaram a rivalizar quanto à organização e participação no governo
da Judeia, a saber, os Oníadas e os Tobíadas.
Com a morte de Seleuco IV, ascendeu ao trono Antíoco IV, em 175 a.C.
Logo no início de seu reinado, ele começou de modo significativo alterar a
relação cordial anterior entre os selêucidas e os judeus em Israel. Segundo
Bloomberg (2009, p.28),
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O contraste entre religião tradicional e a helenização não foi em si a
causa suficiente para a revolução sangrenta. As dissensões políticas entre as
famílias sacerdotais dirigentes exerceram um papel considerável nos eventos.
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De acordo com Bloomberg (BLOOMBERG, 2009, p.28), após pilhar
Jerusalém pela primeira vez, levado o tesouro do templo e supostamente
matado cerca de 40 mil judeus em um único dia, ele,
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helenização e queriam manter uma coexistência pacífica a todo povo da
Palestina.
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Simão assumiu o oficio de líder civil e militar após a morte de seu irmão
Jônatas em 143 a.C. Em uma assembleia popular decidiu que assumiria,
também, o cargo de “sumo sacerdote, perpetuamente, até a vinda de um
profeta fiel”(1Mc 14,41). Até que a figura do profeta não viesse, o oficio de
sumo sacerdote deveria ser exercido por Simão e seus descendentes. Bruce
(2019, p.19), aponta que os primeiros anos da dinastia asmoneia foi muito
próspero:
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Alexandre assume o sacerdócio e continua as propostas imperialistas de seu
pai. O reino da Judeia, desde o litoral do Mediterrâneo, a oeste, até a
Transjordânia, a leste, tornou-se quase tão grande quanto ao reinado de Davi
e Salomão. Entretanto, aponta Bruce (2019, p.19):
Após sua morte, sua esposa Salomé Alexandra (76-67 a.C.) assumiu o
governo como rainha, e nomeou se filho Hircano II como sumo sacerdote, haja
vista que não podia assumir o cargo pessoalmente. O seu filho Aristóbulo II,
recebeu da parte da mãe o domínio militar. O reinado curto da rainha Salomé
é considerado uma era dourada.
1.2 OS ROMANOS
b) Tibério (14 d.C. – 37 d.C.), sob quem Nosso Senhor Jesus Cristo
efetuou seu ministério público, morte e ressurreição;
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governa de maneira forte, absoluta, efetiva e inteligente a Ásia Menor e
regiões muito prósperas adjacentes ao Mar Mediterrâneo, localidades muito
importantes e que formam o pano de fundo para a compreensão contextual
do Novo Testamento.
O culto imperial foi introduzido na cultura romana por César Augusto (63
a.C. a 14 d.C.), alcançando grande importância no processo de centralização
do poder e a consequente unificação do império, alcançando rapidamente um
lugar especial na maioria das principais províncias.
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O cuidado com a estabilidade política e o incentivo para o comércio
entre as várias regiões mediterrâneas e mesopotâmicas, facilitaram também
múltiplos fluxos migratórios e o conhecimento entre os povos. Quando surge
o cristianismo, a unificação política e comercial sob a dominação de Roma
contribuiu de maneira especial para a divulgação da fé, conforme
encontramos registrado no livro de Atos dos Apóstolos.
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O poder de Roma garantiu a tranquilidade mínima, pondo quase que
um fim completo às guerras entre as nações dominadas, visto que a cobrança
de impostos era vital e dependia, em boa parte, da paz que era a garantia o
fluxo de pessoas e mercadorias, ou seja, na “pax romana” o comércio e a
arrecadação eram cuidadosamente observados. Disso dependia a
manutenção financeira de um gigantesco império.
Desde que expulsou seu último rei, Tarquínio Soberbo, em 510 a.C.
Roma iniciou seu processo de expansão territorial e política. Internamente,
entretanto, lidou por muitos séculos com lutas entre suas classes, que
ocasionou num equilíbrio político como Estado semidemocrático. Após a
extinção da realeza, Roma passou a ser dominada pelas famílias patrícias
que controlavam a maioria das terras cultiváveis. Os chefes das famílias dos
Patrícios constituíam o Senado, que obtinham o poder de nomear sacerdotes
e preencher vagas em cargos públicos. As diversas disputas e ameaças dos
plebeus surtiram efeito, e paulatinamente Roma foi abrindo espaço para o
povo acessar funções importantes no desenvolvimento do império.
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civil, o que impediu que Roma conquistasse muito mais territórios que
conquistou, e em uma rapidez maior.
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(63-43 a.C) passou a ser o poder oculto por trás de seu reinado, e estreitou
cada vez mais sua relação com os romanos, em especial com Júlio César,
após salvá-lo de um atentado no palácio de Alexandria, durante o inverno de
48-47 a.C. Essa lealdade refletiu de forma direta na administração da Judeia,
aponta Bruce (2019, p.25):
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contradição entre os interesses de Roma e os de seu reino e
seus súditos, cujas propriedades, incluindo a preservação da
liberdade religiosa, seriam mais bem atendidas, segundo ele
cria, pelo caminho da integração com a esfera de influência
romana.
No fim de sua vida, Herodes foi tomado por uma paranoica suspeita de
golpes contra sua vida e mandou executar alguns de seus filhos e sua esposa
Mariane. Herodes tinhas outros filhos com outras esposas. Dentre eles,
Antípater que era filho de Herodes com Doris, sua primeira esposa, e foi
nomeado como rei adjunto. Algum tempo depois foi destituído de seu cargo.
Antipas, filho caçula de Herodes era, agora, o escolhido para assumir o trono.
Antipas era filho de Maltace, uma samaritana e esposa secundária de
Herodes. Além de Antipas, eles tinham outro filho juntos, Arquelau, que fora
rejeitado pelo pai por suspeita de envolvimento com Antípater, seu meio-
irmão.
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Pereia; Arquelau governaria sobre a Judeia (incluindo Samaria e Idumeia) e
herdaria o título real; e Filipe, foi nomeado tetrarca das províncias que
Herodes havia recebido de César, ao norte e a leste do mar da Galileia
(BLOOMBERG, 2009, p.35).
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Filipe e foi rebatizada por ele de Cesaréia, em homenagem ao imperador; para
distingui-la da Cesaréia mais conhecida, que estava localizada no litoral da
Judeia, no Mar mediterrâneo, passou a ser reconhecida como “Cesaréia de
Filipe”. Bruce (2019, p.36) atesta que,
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CAPÍTULO II – JESUS E SEU TEMPO
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Com as concessões que os governantes asmoneus, bem como a
ocupação do cargo de sumo sacerdote por aqueles que não pertenciam à
linhagem sumo sacerdotal, fizeram com que os hasidim rompessem com o
governo.
2.1.1 FARISEUS
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estudiosos, geração após geração – José ben Joezer e José
Ben Joanã; Josué ben Parakiá e Nitrai, o arbelita; Judá Ben
Tabai e Simeão Ben Shetak (70 a.C); Semaías e Abtalião
(c.40 a.C.) Hilel e Shammai (c.10 a.C.).
2.1.2 SADUCEUS
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Os saduceus aparecem pela primeira vez sob João Hircano (134-104
a. C), depois da ruptura desse com os fariseus, que tinham criticado a falta de
legitimidade dinástica. Talvez, João Hircano conseguiu ganhar o apoio dos
legítimos representantes da antiga linhagem de sumos sacerdotes para suas
reivindicações.
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2.1.3 ESSÊNIOS
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preservou diversos comentários e regras ligados a organização da
comunidade, bem como as regras de aceitação e pureza. De acordo com Bull
(2009, p.217):
2.1.4 ZELOTES
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Bull (2009, p.219 afirma que as pretensões dos Zelotes eram
predominantemente política:
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Sua defesa contra a ideia de pureza apoiaram a ideia de uma pureza
"ativa": impureza não pega, mas a pureza. Assim, ele poderia se aproximar
do doente imundo, comer com pecadores, entrar em contato com pessoas de
fora e em Mc 7.15, relativizar completamente a ideia de pureza ritual:
encarnou uma pureza de influência carismática.
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A mulher em tudo era inferior ao homem, era considerada menor
casada ou viúva. Na sinagoga as mulheres ocupavam em lugares especiais,
atrás das grades ou nos matroneus. Não podiam ler, nem falar, nem explicar
a lei. Não constavam como testemunha, não podiam ensinar as crianças, nem
sequer fazer a oração à mesa. Não podiam aprender a Lei. “Quem ensinar a
lei à sua filha é como lhe ensinasse libidinagem”; “é melhor queimar a Lei
Santa do que entregá-la a uma mulher”. Não podia aparecer em público,
especialmente seguir e ouvir rabinos. Nem mesmo o marido lhe dirigia a
palavra em público ou diante da visita numa casa.
1Todas as referências bíblica são extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada. Quando
a versão utilizada for diferente será utilizado uma nota de rodapé com a referência da versão
da Bíblia.
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Apesar do escândalo dos apóstolos conversa com uma mulher
samaritana (Jo 4); na narrativa da grande pecadora que com suas lágrimas
lava os seus pés não enxerga a prostituta, mas o ser humano que precisa de
acolhimento e perdão (Lc 7,36-50).
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Num dos seus maiores recursos didáticos, a saber, as parábolas, têm
as mulheres como protagonistas (Mt 25,1-13; Lc 15,8-10; Mt 13,33; Lc 18,1-
8; Lc 21,1-4; Lc 20,27-40; Mt 22, 23-33; Mt 12, 41-42; Lc 11, 31-32; Lc 4,25-
27), algo que não identificamos em nenhum exemplo existente entre os
rabinos judeus.
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vida. Assim, propõe olharmos para a pratica educativa de Jesus a partir de
três aspectos:
Jesus ensinava aos sábados nas sinagogas (Mc 1,21), nos montes (Mt
5,1), nas planícies (Lc 6,17), à beira da praia (Lc 5,3), nas casas (Mc 2,1-3).
Isso demonstra que, indistintamente, Jesus ensinava conforme a ocasião, “em
todos os lugares possíveis e a qualquer momento em que fosse necessário
ensinar” (ZABATIERO, 2009, p. 67).
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eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas
coisas” (Mc 6,34).
Jesus corria risco de morte, mas não desistia de ensinar nas sinagogas
da Galileia. No Evangelho de Marcos (3,1-6) Jesus está numa sinagoga.
Havia um homem com mãos ressequidas. Era sábado, e os homens que
estavam na sinagoga esperavam para a ver se Jesus curaria o homem
naquele dia de sábado. Jesus diz ao homem: Vem para o meio (v.3). Esse
gesto de Jesus é representativo, pois, no meio da sinagoga ficava a Lei de
Moisés. Jesus ao chamar o homem para o meio estava colocando a Lei e a
vida no centro. Jesus ensina por meio dos gestos. Seu ensino baseia-se na
vida. Sua pergunta: É licito salvar a vida ou tirá-la no sábado? Jesus ensina a
importância da vida e sua centralidade na Lei, pois, se a Lei não servir para
instruir a vida está sendo usada de forma equivocada.
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forma ativa no processo. O processo, muitas vezes, acontecia por meio de
perguntas, o que George (1993) nomeia de “pedagogia da pergunta”. Ele
destaca o encontro de Jesus com o doutor da Lei em Lc 10,25-37, cuja
pergunta do mesmo é respondida com outras perguntas: o que está escrito
na Lei? Como interpretas?
36
a circunstância do ensino.
37
O que Jesus ensinava, a ponto de ser tão cativante? O tema principal
38
CAPÍTULO III – EVANGELHOS SINÓTICOS E JOÃO
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3.1 O gênero literário dos Evangelhos
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Apenas no II séc. Justino emprega o termo “Evangelho”, e, até mesmo
no plural “Evangelhos”, para designar o gênero literário que designa
evangelho-livro.
“sinóptico” é grega, oriunda de duas palavras: sin (Sin, “junto”) e opsij (opsis,
“ver”), ou, seja, eles apresentam material paralelo, uma mesma visão, uma
visão de conjunto. O Evangelho de João não é considerado como sinótico,
pois, assemelha-se na narrativa da paixão, nas demais sequências de
narrativas se distancia de forma contundente dos demais evangelhos, tendo
como fonte para seu evangelho um material que somente ele teve acesso,
acerca dos feitos e ensinamentos de Jesus.
41
verdade a respeito de Jesus. Para fazer justiça a tal
revelação, é importante que ouçamos cada testemunha
individualmente, assim como o conjunto de todas elas.
42
dos Evangelhos como pequenos fragmentos de textos (perícopes), que
incluíam parábolas, histórias de milagres, narrativas de pronunciamento, ditos
e discursos longos.
43
surgiram algumas hipóteses acadêmicas para tentar resolver o problema
sinótico, como aponta Koester (2005, p.48-51). Vejamos:
44
Assim, juntando a hipótese da prioridade de Marcos e a fonte “Q” como
material para produção dos Evangelhos sinóticos temos o seguinte quadro:
45
redação procura descrever os objetivos teológicos dos evangelistas, como
reuniram tradições e fontes e as moldaram dando ênfases específicas à
história de Jesus.
46
Além de Papias, Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes e Jerônimo,
também apoiam a autoria de João Marcos para o Evangelho em associação
com Pedro (GUNDRY, 2008). Alguns estudiosos modernos contestam a
afirmação de Papias, sugerindo que ele inventou a relação entre João Marcos
e Pedro para defender a canonicidade do Evangelho (CARSON, MOO,
MORRIS, 2017).
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deve ter composto seu evangelho em algum período anterior a essa data (64-
65 d.C.) quando a perseguição de Nero estava começando.
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evangelho que possuímos em língua grega não parece ser uma cópia de um
original semítico. Assim, podemos sugerir a autoria do apóstolo para o
Evangelho, contudo, não há evidências o suficiente para afirmar que este
evangelho circulou primeiramente em língua hebraica/aramaica.
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3.3.4 A estrutura do Evangelho
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e intercalados pelo quarto evangelho, o Evangelho de João. Contudo, é
latente que, na obra, o evangelista Lucas deseja oferecer um relato
organizado a Teófilo, uma figura que não possuímos informações sobre ele
(Lc 1.3-4).
51
5) As epístolas paulinas foram evidentemente tidas em
grande valor pela igreja primitiva, mas não são aludidas
em Atos. Quanto mais tarde colocarmos Atos, mais difícil
é explicar isso.
6) É improvável que, depois da perseguição de Nero, um
escritor cristão não apresentaria uma descrição favorável
de Roma como a que aparece em Lucas-Atos.
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alto sejam revestidos com poder” para realizar tal missão. Essa centralização
em Jerusalém caracteriza tanto o Evangelho de Lucas quanto o livro de Atos
dos Apóstolos, como ilustrado na missão de Jesus afirmadas em At 1,8 que
exige uma proclamação empoderada pelo Espírito “até os confins da terra”.
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Internamente, o autor do Evangelho afirma ter sido testemunha ocular
do ministério de Jesus (cf. 1.4; 19.35; 21.24,25), e revela um estilo de escrita
semita e muito conhecimento dos costumes judaicos, tais como, aqueles
ligados à Festa dos Tabernáculos, o que contribui para a atribuição do
Evangelho ao Apóstolo João.
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Aceitamos a vigência dessa estrutura presente no texto, mas isso não
significa que os relatos dos sinais só expressem a etapa primitiva da redação
ou que o discurso de despedida não contenha confissões de fé características
do que se vivia no tempo da primeira. Com isso pretendemos sair de uma
visão que nos torna refém de um retalhamento do texto e compromete a sua
unidade final.
55
CAPÍTULO IV - LUCAS E ATOS: INTRODUÇÃO
DE UM REGISTRO SINGULAR
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Testemunhas Ele foi levado para os céus
“Perto” (Monte das Oliveiras) Louvando a Deus
Com o objetivo de registrar o início, a formação, o crescimento e a
expansão da igreja, desde de “Jerusalém até aos confins da terra”, este livro
narra de um ponto de vista histórico privilegiado a expansão da pregação do
evangelho dentro da geração apostólica, partindo de Jerusalém até a “capital
do império”, Roma.
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Entre os primeiros comentaristas que se detiveram na tarefa
hermenêutica de abordar o livro de Atos dos Apóstolos, fica claro que os textos
de Lucas sempre foram tidos como um rigoroso registro histórico. Sendo
assim, ele é geralmente descrito como um historiador, e sua obra como um
registro histórico, somente. Apenas no final do século XIX e começo século
XX aparecem as primeiras propostas para que Atos receba uma atenção de
viés mais teológico, em questões fundantes da eclesiologia, e mais
claramente, em Pneumatologia, com ênfase na Pessoa do Espírito Santo,
suas manifestações, abordado especialmente entre os teólogos os
pentecostais.
58
e incrédulas, onde anunciaram a mensagem de vida
abundante e eterna, por meio de Jesus Cristo.
59
4.1.2 – Um registro teológico: Uma Igreja que nasce no
Poder do Espírito Santo e no Fundamento dos
Apóstolos
60
Através da promessa de Cristo feita a seus discípulos, podemos
observar um paralelo entre o ministério de Jesus e de seus apóstolos através
da total dependência do Espírito Santo para capacitar pessoas na obra de
proclamação do evangelho. Quando Nosso Senhor foi batizado, o Espírito
desceu sobre ele e o fortaleceu em poder para proclamar o reino e vencer
Satanás (Lc 3.21).
61
Hoover (2019, p. 171), comenta assim acerca da singularidade desse
dia:
Ainda que alguns não tenham dado a devida atenção, é aqui que temos
o pêndulo entre história e teologia mais claramente equilibrado nos escritos
de Lucas:
62
A primeira viagem de
Paulo, juntamente com
Barnabé e João Marcos, é
registrada em Atos dos
Apóstolos nos capítulos
13.1-14.28. As datas
aproximadas estão
provavelmente entre 45 e 47 d.C. Eles Alcançaram neste primeiro
empreendimento a região da Ásia Menor, atual Turquia, percorrendo as
cidades de Selêucida (At 13.4), Salamina (At 13.5), Pafos (At 13.6), Perge (At
13.13), Antioquia da Psídia (At 13.14), Icônio (At 14.1), Listra (At 14.8), Derbe
(At 14.20), Atalia (At 14.25), retornando ao ponto de partida, Antioquia da Síria
(At 14.46), num percurso aproximado de 900 quilômetros, fazendo a viagem
de retorno pelas mesmas cidades já visitadas com o objetivo de fortalecer a
fé dos irmãos.
VIAGEM INFORMAÇÕES
A primeira viagem missionária
de Paulo e Barnabé se
encontram registradas no livro
Primeira viagem missionária de Atos 13-14. Eles passaram
(45-47 d.C). por Chipre, Salamina, Pafos
Panfília, Perge, Antioquia da
Psídia, Icônio, Listra, Derbe,
Atalia;
A segunda viagem missionária
de Paulo se encontra registrada
Segunda viagem missionária no livro de Atos 15,36-18,22.
(48-51 d.C) Passaram por Tarso, Derbe,
Listra, Icônio e Antioquia da
Psídia, Frígia e Galácia, Trôade,
63
Filipos, Tessalônica, Beréia,
Atenas, Corinto, Éfeso,
Antioquia e Jerusalém;
Terceira viagem de Paulo se
encontra registrada em Atos
18,23-21,16. Passou pela Frígia,
Terceira viagem missionária Galácia, Éfeso, desta vez por
(52-57 d.C) três anos, Macedônia, Trôade, e
Mileto, e partiu para Jerusalém
com a coleta para os irmãos da
Judéia.
Foi uma viagem frutífera, mas não sem lutas. Conforme o padrão
apostólico. O Espírito operou milagres através do apóstolo Paulo (At 14)
curando um coxo, curiosamente da mesma forma como fizera Pedro (At 3), o
que representa que a fé apostólica é a mesma fé entre judeus e gentios, em
Jerusalém e nos confins da terra.
A segunda viagem de
Paulo está registrada em Atos
15.36 a 18.22. Suas datas
aproximadas estão
provavelmente entre os anos de
48 a 51 d.C. Em face da resolução
do Concílio de Jerusalém
envolver diretamente as igrejas gentílicas (At 15), o apóstolo Paulo leva a
mensagem da decisão apostólica para a região da Ásia Menor, voltando ao
roteiro da primeira viagem, mas ampliando seu alcance: “Depois de algum
tempo, Paulo disse a Barnabé: retornemos e visitemos os irmãos em cada
64
cidade onde pregamos a palavra do Senhor e vejamos como eles estão” (At
15.36).
65
4.4 – A terceira viagem missionária
66
Menor, da Galácia e da Espanha. Seja como for, a imagem
que temos da Igreja Primitiva nos seus primeiros anos de
história, a partir do livro de Atos dos Apóstolos, é de uma
comunidade em plena efervescência e que, dia após dia, seja
através de projetos missionários (13.1-3), ou simplesmente
pelo trabalho solitário de apenas um homem, como Filipe
(8.26-40), vai se expandindo e alcançando diversas partes do
mundo (REIS, 2019, p. 145).
67
REFERÊNCIAS
BRUCE, F.F. História do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2019.
68
GUNNEWEG, Antonius H.J. História de Israel: dos primórdios até Bar
Kochba e de Theodor Herzl até os nossos dias. São Paulo: Loyola, 2005.
ROPS, Daniel. A vida diária nos tempos de Jesus. São Paulo: Vida Nova,
1983.
69