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1. O Império Romano 1
1. O Império Romano
Objetivos de estudo
1. Delimitar os limites geográficos do que se entende por Mundo do
Novo Testamento.
2. Descrever a organização política e social do Império Romano.
3. Listar os imperadores romanos que interferiram com a história
bíblica dando as características principais de cada um deles.
4. Listar os governantes romanos que, direta ou indiretamente, se
relacionam com os fatos descritos nos livros do Novo Testamento e
mencionar as principais características de cada um deles.
5. Descrever com suas próprias palavras a situação política da
Palestina nos tempos do Novo Testamento.
6. Relacionar os governantes da Palestina que participaram os
eventos bíblicos narrados nos livros do Novo Testamento
mencionar as principais características de cada um deles.
4 Mateus 14.1-12
9
a Filipe. Foi o responsável pelo martírio de Tiago, entre outros.
Ele não usava o título de Herodes porque preferia se considerar
um sucessor legítimo da dinastia asmonéia. Paulo se refere a
ele chamando-o de rei Agripa.
5. Governantes Romanos - Paralelamente ao governo autóctone da
província havia governantes romanos que, na realidade,
detinham o poder supremo. O mais conhecido destes foi Pôncio
Pilatos que emitiu a sentença de condenação de Jesus Cristo à
morte na cruz.
Compare:
5 Filipenses 3-5
6 Ibidem
7 Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos como até alguns dos
vossos poetas o têm dito: Porque dele também somos geração (Atos.
17.28). Essa citação não implica em que Paulo concordasse com o que
ela declara.
biblioteca que carregava consigo em suas viagens missionárias8.
Paulo tinha conhecimento da língua e da cultura hebraica. Como
qualquer garoto judeu, aprendeu a leitura e a interpretação da
Torá na escola da sinagoga. Seus estudos superiores em
doutrinas judaicas foram feitos em Jerusalém, onde teve por
mestre Gamaliel, neto de Hilel. A escola de Hilel representava o
lado menos radical do judaísmo. Fez sua iniciação no farisaísmo
e se tornou doutor da Lei9.
Provavelmente Paulo era pessoa muito bem relacionada nos
meios políticos e religiosos de Jerusalém. Ele conseguiu uma
autorização assinada pelo sumo sacerdote para perseguir os
cristãos e foi observador na cerimônia de apedrejamento de
Estêvão.
Paulo era também um cidadão romano por direito de nascimento.
Sua família residiu por muitos anos em Roma. Posteriormente
radicou-se em Tarso, na província da Cilícia. Eram artífices que,
segundo as evidências fazem crer, fabricavam e forneciam
tendas para as legiões romanas.
A carreira política e religiosa de Paulo foi interrompida quando da
sua adesão ao Cristianismo. Ele entendeu que o Senhor a quem
ele perseguia o chamava para uma missão profética de
importância ímpar, a de ser o portador da mensagem do amor de
Deus a todos os povos, especialmente os pagãos10.
O livro de Atos dos apóstolos nos dá um esboço de suas viagens
pelo Império Romano desenvolvendo o trabalho de proclamação
do evangelho objetivando principalmente a comunidade gentílica.
As comunidades
Os cristãos do primeiro século estavam organizados em
comunidades. Para entendermos o que designamos por
comunidade, precisamos rever nossa conceituação de
Cristianismo Primitivo. A população cristã do primeiro século
nunca foi, como vinha se acreditando há muito tempo, formada
por um grupo unitário de igrejas, homogêneo em termos de
doutrinas e de práticas religiosas. Pelo contrário, os cristãos do
primeiro século formavam um grupo heterogêneo que estava
estruturado em comunidades - grupos de igrejas - que
guardavam em comum, além de sua origem histórica, o respeito
a um mesmo líder e um repertório limitado de doutrinas e de
práticas religiosas.11 Esse repertório doutrinário de cada uma das
comunidades diferia bastante dos repertórios das outras
comunidades congêneres com as quais ela se identificava
apenas pela aceitação de um núcleo doutrinário comum
denominado kerygma apostólico, uma espécie de profissão de
fé primitiva que definia um programa mínimo de Cristianismo.
Moule12 nos declara que:
Um viajante, logo depois da metade do primeiro século, por
exemplo, lá pelo ano 60, que fosse de Jerusalém para Éfeso,
encontraria uma variedade notável de doutrina e prática entre
comunidades que, não obstante, reivindicavam todas estar
relacionadas com Jesus de Nazaré. Em qualquer lugar da Judeia,
ele poderia encontrar o círculo de Tiago, irmão do Senhor, que
ainda prestava culto numa sinagoga cristã, formada de judeus
praticantes, que também criam em Jesus como o Messias de
Deus, mas que podiam ter progredido muito pouco com respeito à
formulação da doutrina da divindade de Jesus: o cristianismo do
tipo ebionita caracterizava--se por uma reduzida cristologia. E que
11 A maior parte dos livros do Novo Testamento foi escrita no último terço do
Século I. Este período, que Brown, R.E. (As Igrejas dos Apóstolos, São
Paulo, Paulinas, 1986) chama de "período subapostólico", se caracterizou
pela organização das igrejas em comunidades centralizadas na pessoa
de um apóstolo. Mais tarde, após a morte dos apóstolos, as igrejas locais
foram adquirindo maior autonomia.
12 Moule, C.F.D., "As origens do Novo Testamento", São Paulo, Paulinas,
1979. pp. 175 -177.
podemos dizer a respeito do tipo de cristianismo que se
desenvolveu em Samaria? Provavelmente, tinham lá em alta conta
o nome de João Batista (cuja missão tinha sido intensa naquela
região, e cujo túmulo talvez eles orgulhosamente custodiassem) e
recolheram tradições, muitas das quais estão agora incorporadas
no Quarto Evangelho. Eles concebiam Jesus como aquele que
estava para vir, isto é, o profeta como Moisés. Na cosmopolita
Antioquia (ainda que para julgar a partir de não mais que as
referências a ela no Novo Testamento, sem considerar a sua
história posterior) poder-se-ia encontrar uma notável variedade de
tipos de comunidade, ou seja, gentias, judaicas, judaizantes,
helenizantes, com diferentes formas de cristologia; enquanto que,
se nosso viajante seguisse pelo vale do Lico, encontraria uma
estranha amálgama de astrologia oriental, de legalismo judaico e
de crenças cristãs (cf. a carta aos Colossenses e comentários a
respeito). Ao fim de sua viagem, ele estaria preparado para a
fervilhante diversidade de Éfeso, onde as igrejas paulinas estavam
sendo invadidas rapidamente pelo antinomismo, pelo cristianismo
do tipo joanino (Cf. Atos 20.29ss, Apocalipse 2.1ss, O Evangelho
e as Epístolas de João). Se, depois tomasse um navio de Mileto
para Alexandria, ele mesmo podia ver-se confrontado ali com uma
ulterior variedade de comunidades cristãs, ou, se ele já as tivesse
encontrado em Éfeso, ou em qualquer outro lugar, nesta cidade
elas estariam até mais concentradas e com uma fisionomia mais
definida (cf., por exemplo, Hebreus e Atos 18.24ss). Finalmente,
em Roma, ele poderia encontrar toda a sorte de tendências se
acotovelando umas às outras; eram as sinagogas cristãs
judaizantes; as espécies de gnósticos mais liberais dentre os
liberais, muito mais próximas do culto de mistérios do que do
Israel de Deus; congregações petrinas e paulinas, e tudo mais (cf.
Fl. 12.17 e as impressões de Rm. 15.20).
Essa heterogeneidade doutrinária fica bem patente quando
examinamos a vida de igrejas de grandes metrópoles como a de
Corinto 13 cuja congregação era composta de crentes de
diferentes origens e tendências doutrinárias: Uns eram de Pedro,
outros de Paulo (igreja apostólica), outros de Apolo (comunidade
joanina) e outros de Cristo (I Co. 3.1-7). Na sua primeira epístola
aos Coríntios o apóstolo Paulo tentou, por meio de restrições e
de concessões parciais, estabelecer um denominador comum
que permitisse a irmãos que divergiam com tal intensidade
conviver e comungar sob um mesmo teto 14 . Para atingir tal
objetivo era estritamente essencial saber distinguir o cerne da
doutrina cristã dos seus ramos supérfluos que podiam ser
podados sem prejuízo para ninguém.
Aceita-se hoje que a existência de várias comunidades- diríamos
em termos atuais, a existência de várias denominações- dentre
os cristãos primitivos foi um dos fatores determinantes do
surgimento e da canonização da literatura constituinte do Novo
Testamento. Cada comunidade contribuiu pela composição de
um ou mais livros. A contribuição particular da comunidade
Unidade linguística
Como fruto da helenização do oriente, todas as províncias do
lado oriental do Império Romano tinham no Grego a sua língua
comum. Na própria capital do Império, as pessoas cultas
conheciam a língua grega e os códigos de direito eram nela
redigidos. O Grego, que funcionava naquela época como língua
internacional, tal como o Inglês funciona hoje, não era o Grego
literário (clássico) ou Ático e sim o koine - (Grego comum) que
era usado pelo povo.
Se os escritores do Novo Testamento tinham como objetivo ser
entendidos pela maioria dos seus possíveis leitores eles
precisavam escrever em uma língua que fosse do conhecimento
19 Colossenses 4.16
20 II Pedro 3.16
da maioria. A existência de uma língua de comunicação de
domínio público permitia que habitantes de distantes províncias
se comunicassem facilmente por meio de documentos escritos.
A escrita das epístolas neotestamentárias tirou vantagem desta
unidade linguística. Convém, entretanto, não esquecer de que
muito embora a língua usada na transmissão do pensamento
dos autores do Novo Testamento fosse o Grego, o seu conteúdo
era essencialmente oriental, tão oriental quanto o próprio
Cristianismo. Muitos dos escritores do Novo Testamento
pensavam em Aramaico e escreviam em Grego que se evidencia
pela abundância de aramaísmos no texto do Novo Testamento.
A Pax Romana
A ascensão de Otaviano (César Augusto) ao governo de Roma
teve como consequência a unificação das províncias em um
vasto império com a cessação temporária das guerras. Neste
tempo, segundo informam os historiadores, o templo de Marte
ficou fechado, os guerreiros guardaram as suas armas e os
viajantes gozavam de plena liberdade para ir e vir por todo o
Império. Não é seguro que houvesse um sistema oficial de
correios naquele tempo, mas muitos viajantes se deslocavam
pelas províncias em missões comerciais tanto por terra quanto
por rotas marítimas, tratando dos negócios oficiais do império e
de seus negócios particulares. Estes frequentemente se
tornavam portadores voluntários de correspondência naqueles
tempos21.
O sistema viário
Ao lado da existência de um grande número de viajantes se
22 Três grandes estradas saíam de Roma. A via Apia, a Via Flamínia e a Via
Egnatia. Esta última que ia até Bizâncio (Constantinopla) foi usada pelos
missionários cristãos em suas viagens descritas no livro de Atos dos
apóstolos.
QUADRO 3 As epístolas do
A estrutura de uma epístola típica Novo Testamento,
1. Introdução especialmente as
a. Identificação do autor de Paulo, podem
b. Identificação dos destinatários ser vistas como
c. Saudação tratados teoló-
d. Oração gratulatória (doxologia) gicos colocados
e. Declaração de objetivo
na forma de
2. O corpo - Apresenta uma série de assuntos
cartas. Dessa
incluídos para atender as necessidades
ocasionais dos leitores.
forma, elas
Encontramos
respostas às perguntas, exortações, podem ser dividi-
doutrina, repreensões etc. das em três
3. O encerramento partes distintas:
a. Saudações e recomendações Introdução, Corpo
pessoais. e Conclusão,
b. Doxologias como se fossem
c. Bênção. sermões.
As epístolas Gerais.
Essas epístolas são chamadas de gerais, ou católicas, por não
terem destinatário específico e poderem, dessa forma, ser
aplicadas à vida de toda a comunidade cristã. Seus autores
conhecidos eram pessoas que desfrutavam da dignidade de
apóstolos embora alguns deles não tivessem participado do grupo
que acompanhou Jesus Cristo no seu ministério terreno: João, a
quem são atribuídas três epístolas, foi possivelmente o discípulo
amado, que acompanhou o Mestre em todo o seu ministério. Tiago
e Judas não faziam parte do grupo original dos doze, foram
Tema
As epístolas de Paulo aos Tessalonicenses são epístolas muito
simples que versam sobre temas práticos. Nelas não encontramos
26 A que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos
perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se
procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. (2 Ts 2:2)
27 Naquela época os crentes acreditavam que a ressurreição de Jesus
Cristo havia inaugurado a era messiânica que dentro em pouco aqueles
que morreram em Cristo também ressurgiriam. Paulo chega a usar o
verbo adormecer para representar a morte do crente significando que a
sua permanência no túmulo não seria longa. Aos crentes de Corinto,
aproximadamente dois anos depois, ele afirma que Jesus Cristo era
"primícia dos que dormem" e que, depois dele outros ressurgiriam.
Quando isto não aconteceu, Paulo foi obrigado a rever sua posição e
admitir que o retorno de Cristo, com a consequente ressurreição de
mortos, só se daria depois do aparecimento do homem da iniquidade
(Anticristo?). Esta é, ainda hoje, a nossa expectativa.
esses erros e esclarecer melhor sobre a vinda do Senhor (2,1-12),
exortar na fé (2,13–3,5) e advertir contra a ociosidade (3,6-15).
Segunda epístola
1. Introdução
a. Saudação (1.1-2)
b. Agradecimento (1.3-10)
c. Intercessão (1.11-12)
2. Instruções aos crentes de Tessalônica sobre temas escatológicos
a. A vinda do Senhor não está próxima (2.1-2)
b. Virá antes o homem do pecado (2.3-10)
i. Seu caráter (2.3-5)
ii. Suas restrições (2.6-7)
iii. Seu ministério (2.8-10)
c. O julgamento dos incrédulos (2.11-12)
3. Ação de graças e oração (2.13-17)
4. Exortações diversas e saudações (3.1-18)
a. Chamada à oração (3.1-5)
b. Disciplina de vida (3.6-15)
c. Oração final (3.16)
5. Saudação final (3.17-18)
28 Parusia era o nome dado a uma festa que a província realizava quando
recebia a visita do imperador ou de alguma alta autoridade do império.
Naquele tempo tudo parava para honrar o ilustre visitante. Situação como
esta ocorre ainda em nossos dias quando recebemos, por exemplo, a
visita do Papa. No contexto do Cristianismo primitivo este termo foi
utilizado para descrever a comemoração que os cristãos planejavam fazer
no retorno do Salvador que havia subido aos céus e que, brevemente,
voltaria para implantar o Reino de Deus.
primeiros anos do Cristianismo. Os cristãos daquele tempo
acreditavam que Jesus Cristo, que havia sido elevado aos céus
quarenta dias após sua ressurreição, voltaria brevemente para
reunir os seus servos, para exercer o juízo de Deus e instalar o
Seu Reino no mundo. Esta esperança tinha raízes antigas. Seus
primeiros sinais se encontram na pregação de João, o batista,
quando anuncia: “O machado já está posto à raiz das árvores; toda
a árvore, pois, que não dá bom fruto é cortada e lançada no
fogo.” 29 Com isso queria ele Dizer que muito em breve Deus
exerceria o juízo na terra e implantaria definitivamente o Seu reino.
Jesus Cristo sancionou esta interpretação quando deu instruções a
seus discípulos para a realização de uma investida evangelística
dentre os judeus: “Em verdade vos digo que não passará esta
geração, sem que todas estas coisas se cumpram. ”30 A partir
deste momento, os discípulos passaram a viver aguardando que
Jesus se dirigisse a Jerusalém e se assentasse no trono na casa do
Pai. Essa expectativa não se realizou.
Após a morte e ressurreição, Jesus ensinou que iria ter com o Pai
mas que voltaria. Mais uma vez os discípulos esperavam que ele
implantaria um reino glorioso: “Eles estando reunidos outra vez,
perguntaram-lhe: Senhor, é agora, porventura, que restabeleces o
reino a Israel?”31 Os cristãos de Jerusalém viveram uma ardente
expectativa da volta do Senhor e não ousavam afastar os pés do
templo porque aguardavam que naquele lugar o Senhor
reapareceria para inaugurar o reino: “Diariamente perseverando
unânimes no templo, e partindo pão em casa, comiam com alegria
29 O machado já está posto à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não
dá bom fruto, é cortada e lançada no fogo. Mateus 3.10
30 Em verdade vos digo que não passará esta geração, sem que todas estas
coisas se cumpram. Mateus 24.34
31 Eles estando reunidos outra vez, perguntaram-lhe: Senhor, é agora,
porventura, que restabeleces o reino a Israel? Atos 1.6
e singeleza de coração,”32 Por causa desta convicção chegaram a
criar um sistema de vida comunitário no qual os crentes, deixando
seus afazeres diários, se desfaziam de seus bens e participavam de
refeições em mesa comum33.
Com a difusão do evangelho através da obra missionária, a
expectativa de parusia iminente com a esperança que ela
alimentava também se difundiu. Os cristãos de Tessalônica viviam
nesse clima: “… e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para
servirdes ao Deus vivo e verdadeiro, e para aguardardes dos céus
seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos — a saber,
Jesus que nos livra da ira vindoura. ”34 A problemática abordada
nesta epístola se levantou porque a volta de Jesus estava
demorando para se realizar e alguns crentes estavam morrendo.
Os que ficaram vivos começaram a se preocupar porque, segundo
entendiam eles, seus queridos que morreram haviam perdido a
oportunidade de participar do reino que Jesus Cristo implantaria no
mundo quando voltasse.
Paulo, nestes escritos, procura tranquilizar a igreja a respeito desta
preocupação. Ele desenvolve o que poderíamos chamar de
primeira escatologia cristã. Essa escatologia previa: 1) A volta
iminente de Jesus Cristo que Paulo acreditava que se daria ainda
no tempo de sua vida na carne.35 2) A ressurreição daqueles que
41 I Tessalonicenses 2.18
42 Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis
minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e
Samaria, e até as extremidades da terra. At 1:8
43 Diariamente perseverando unânimes no templo, e partindo pão em casa,
comiam com alegria e singeleza de coração, At 2:46.
44 Nesses dias, porém, crescendo o número dos discípulos, houve uma
murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles
eram esquecidas na distribuição diária. At 6:1
cristãos da Judeia e reproduziram o seu sistema de vida 45. Muito
cedo a igreja começou a sofrer por causa desta opção. Problemas
como a ociosidade, a intromissão nos negócios alheios e a
maledicência passaram a ser uma constante na sua vida 46. Paulo
precisou corrigir a igreja levando os irmãos a reconsiderarem esta
situação.
4. A necessidade de santificação
O evangelho chegou ao mundo dos gentios. Gentios que na sua
vida anterior estavam acostumados à idolatria e a toda uma sorte
de práticas sexuais imorais 47. Agora, era necessário estabelecer a
comunhão desses gentios convertidos com os cristãos judeus. Na
vida, como na aritmética, não é possível somar grandezas
heterogêneas. Não podemos somar bananas com laranjas.
Evidentemente, ninguém, que fosse suficientemente lúcido,
pensaria em rebaixar o padrão de santidade observado pelos
cristãos judeus para que o evangelho se tornasse mais acessível
aos gentios. É possível que nos dias de hoje alguns grupos
religiosos pensem desta forma. A solução evidente e lógica seria
então levar os cristãos gentios a viver no mesmo patamar de
santidade dos cristãos judeus. Impunha-se a santificação da igreja.
O processo de santificação implicava em dois objetivos a serem
atingidos. O primeiro seria o abandono dos padrões de vida gentios
contaminados pela idolatria e pela prostituição48. O segundo seria a
45 I Tessalonicenses 2.14.
46 I Tessalonicenses 4.11,12, II Tessalonicenses 3.10.
47 Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos entre
vós, e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes ao Deus
vivo e verdadeiro, 1 Ts 1:9.
48 Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação, que vos abstenhais
da fornicação, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em
santidade e honra não na paixão da concupiscência, assim como fazem
adoção de padrões de vida mais puros e sadios como aqueles que
eram observados pelos cristãos judeus. A santificação era, para os
nossos primeiros irmãos, um alvo desafiador e continua sendo
desafiador para nós ainda hoje.
A cidade de Corinto
A Corinto dos tempos bíblicos era a capital da província da Acaia
(atual Grécia) e ficava situada no istmo que liga a península do
Peloponeso, ao sul do continente. Sua posição era estratégica
porque ficava equidistante de dois importantes portos marítimos,
um no mar Jônico (costa ocidental) e outro no Egeu (costa oriental).
Dessa forma, a cidade de Corinto era parada obrigatória para os
viajantes que vinham por mar do ocidente (Roma) para o oriente
ou que de lá retornavam.
A antiga Corinto foi destruída por Munius, general romano, no ano
146 a.C. Cerca de um século depois (44 a.C.) Júlio César mandou
reconstrui-la e fez dela a capital da província da Acaia, sob o
governo de um pró-cônsul. Nesse período a cidade cresceu
reunindo pessoas provenientes de todos os recantos do Império,
tornou-se importante centro comercial, industrial e cultural. Esse
fato determinou a reunião em Corinto de pensadores das mais
diferentes correntes filosóficas e também de cristãos de diferentes
origens quanto à nacionalidade e quanto à filiação doutrinária. A
vida na cidade era a mais libertina possível. Chegou-se a criar
naquele tempo o verbo “corintianizar” que pode ser entendido
como equivalente do moderno mundanizar.
A vida religiosa da cidade era muito variada. O culto ao imperador
e à deusa Roma eram as práticas oficiais. Ao lado delas, muitas
outras práticas existiam. Espalhavam-se pela cidade templos
dedicados às mais diversas divindades, tanto ocidentais quanto
orientais. No ponto mais alto da cidade se encontrava o templo de
Afrodite, a deusa do amor, com seus rituais de fertilidade, dos
quais se ocupava uma grande legião de sacerdotisas prostitutas.
Além delas, as mulheres responsáveis da cidade estavam
obrigadas a servir periodicamente como sacerdotisas no culto de
Afrodite, enquanto cumpriam votos feitos à deusa. Durante este
tempo elas deveriam ter suas cabeças raspadas. Paulo escreveu a
epístola aos Romanos da cidade de Corinto. Quando ele redigiu o
capítulo 1 desta epístola descrevendo a depravação humana,
especialmente no campo das perversões sexuais, possivelmente
estava se inspirando no dia a dia da metrópole que o hospedava.
49 Atos 18.1-18
que nela se congregavam e comungavam evangélicos de
diferentes denominações.
A epístola
Autoria, data e local de composição.
A autoria paulina destas duas epístolas, bem como das demais
constituintes do grupo em estudo, é aceita sem restrições maiores
em todo o curso da História do Cristianismo. Elas, inclusive,
estavam entre os primeiros livros a serem aceitos no Cânon do
Novo Testamento. O Estudo do Livro de Atos dos Apóstolos nos
leva a concluir que a primeira das duas cartas foi escrita de Éfeso,
mais provavelmente na primavera do ano 54 e a segunda da
Macedônia, no outono do ano seguinte.
Conteúdo
1. Saudações e ações de graça (1.1-9)
2. Orientações sobre problemas éticos
a. Divisões e vaidades na igreja (1.10 - 4.21)
b. Tolerância com a imoralidade (5.1-13)
c. Litígios entre crentes em tribunais seculares (6.1-11)
d. Fornicação e prostituição (6.12-20)
3. Resposta a várias perguntas formuladas pelos coríntios
a. Perguntas sobre o casamento (7.1-40)
b. Os limites da liberdade cristã (8.1 – 11.1)
4. O manual de Eclesiologia
a. A atuação da mulher na igreja (11.2-16)
b. Normas para a celebração da Ceia do Senhor (11.17-33)
c. O uso correto dos dons espirituais (12.1 – 14.40)
5. Escatologia - a ressureição dos mortos (15.1-58)
6. Conclusão (16.1-24)
Os grandes temas da epístola
Heterogeneidade e divisões na igreja
A primeira epístola começa com o tratamento dos problemas
disciplinares da igreja que foram apresentados a Paulo. A maioria
deles de ordem ética. Encontramos de saída, uma igreja dividida
em grupos que se digladiavam como se fossem partidos políticos.
A heterogeneidade de origem doutrinária dos membros da igreja
fica evidente ao primeiro exame do texto: Uns são de Cefas
(cristãos judeus oriundos da Igreja Apostólica da Palestina), outros
de Paulo (Cristãos gentios ou helenistas convertidos pela pregação
do Apóstolo), outros são de Apolo (Cristãos provenientes da
comunidade Joanina), outros finalmente, são de Cristo (talvez
judeus da diáspora convertidos durante o Pentecostes)50.
Quando esse agregado de grupos, que tinham muito pouco em
comum uns com os outros, se reunia sob um mesmo teto não era
fácil chegar à uma unidade de identidade da fé. Na realidade, tudo
podia acontecer.
Imoralidade X santidade
Ao mesmo tempo em que estes grupos discutiam entre si para
saber quem era mais crente a igreja se apresentava conivente com
diversos tipos de imoralidades assimilados do mundo pagão
(glutonaria, embriagues, prostituição, incesto)51.
Desavenças entre irmãos
Na igreja de Corinto as tendências doutrinárias se acotovelavam
criando uma grande confusão. As desavenças na igreja eram
grandes. Os casos surgidos entre irmãos estavam sendo levados
50 Atos 2.5.
51 I Coríntios 4.21 – 5.1
aos tribunais seculares trazendo escândalo para o Evangelho e
ridículo para o nome da igreja 52. Os irmãos daquela igreja não
conseguiam chegar a um acordo. Discutiam e se desentendiam por
vários motivos. Por vezes as desavenças chegavam às portas dos
tribunais seculares. Paulo censura aqueles irmãos por causa de
seu comportamento insensato.
52 I Coríntios 6.1-4
privar temporariamente do relacionamento sexual para se
dedicar à oração e ao jejum.
53 I Coríntios 14.34
Dons espirituais a serviço da comunidade
A comunidade era francamente carismática e Paulo os repreendeu
mostrando-lhes que, ao valorizar dons espirituais de caráter
transitório tais como as línguas e as profecias, eles se
comportavam como crianças mau educadas que se julgam com
direitos especiais por serem as donas da bola (Capítulos 12,13 e
14). Paulo lhes mostra que todas aquelas vaidades que separavam
os cristãos deveriam ser desprezadas a favor de uma vida forjada
no legítimo amor de Cristo (Cap. 13). A igreja também tinha
problemas com aqueles que se envaideciam por se julgarem
portadores de dons espirituais em maior número de e de dons
espirituais mais valiosos que os outros, segundo seu próprio
critério: Uns falavam em línguas estranhas, outros profetizavam.
Paulo aproveita a situação para lançar as normas para a ordem de
culto que podem ser encontradas nos capítulos 12, 13 e 14.
Recapitulemos algumas delas:
1. Tudo que acontece no culto deve contribuir para a
edificação espiritual da comunidade.
2. Os dons espirituais são distribuídos por Deus visando
atender as necessidades do trabalho.
3. Com exceção do amor, que é perene, todos os outros dons
têm prazo de validade. Todos os outros cessarão quando a
perfeição for atingida.
4. Há uma hierarquia de dons espirituais. Os mais úteis são
mais importantes.
5. No culto é essencial a existência de ordem. Qualquer
elemento do culto que não contribua para a edificação da
igreja deve ser evitado.
Conteúdo da epístola
1. Saudações e ações de graça (1.1-11)
2. Paulo defende seu ministério (1.12- 6.10)
a. Demora no cumprimento das promessas (1.12 - 2.13)
b. Um ministério autenticado por frutos (2.14 - 3.18)
c. Um ministério cristocêntrico (4.1-15)
d. Um ministério de sofrimentos (4.16 - 5.10)
e. Um ministério de reconciliação (5.11 - 21)
f. Um ministério de abnegação (6.1 -10)
3. Exortação à santidade (6.11 – 7.4)
4. Retrospectiva dos efeitos da primeira carta (7.5-16)
5. Coleta para os pobres de Jerusalém (8.1-9.15)
6. Respostas às acusações sofridas (10.1 – 13.10)
7. Conclusão (13.1-14)
55 Eu, porém, determinei isto por mim mesmo, não ir ter convosco outra vez
em tristeza. Pois se eu vos entristeço, quem é, então, o que me alegra,
senão aquele que por mim é entristecido? Isto mesmo escrevi, para que,
chegando, eu não tenha tristeza da parte dos que me deviam alegrar,
tendo esta confiança em todos vós que o meu gozo é o de todos vós. Pois
em muita tribulação e angústia de coração vos escrevi com muitas
lágrimas, não para que fôsseis entristecidos, mas para que conhecêsseis
o amor que mais abundantemente tenho para convosco. 2. Cor 2:1-4
56 2 Cor. 2:5-11
57 Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, a fim de que a excelência
do poder seja de Deus, e não venha de nós. Em tudo somos atribulados,
mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos,
mas não abandonados; derribados, mas não destruídos; sempre levando
no corpo a mortificação de Jesus, para que também a vida de Jesus seja
manifestada em nosso corpo. Pois nós que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que também a vida de Jesus
seja manifestada na nossa carne mortal. Assim a morte opera em nós,
um “mensageiro de satanás” 58 referindo-se provavelmente
ao conceito helênico de que enfermidades poderiam ser
causadas por demônios enviados pelo maioral deles. Não
sabemos que enfermidade seria esta mas, escrevendo aos
gálatas ele revela que não estava enxergando direito 59 e diz
que eles, se possível fora teriam doado seus próprios olhos
em benefício do apóstolo60.
3. Paulo é um mercenário, prega o evangelho pelo desejo de
remuneração. Outra acusação feita pelos adversários contra
Paulo é a de que ele pregava o evangelho aos gentios para
ter vantagem pecuniária. Era hábito entre os judeus que os
mestres religiosos fizessem voto de pobreza e não
cobrassem nada por seus ensinamentos. (“De graça
recebestes, de graça dai”). Já os mestres filósofos das
escolas gregas recebiam remuneração de seus discípulos
pelos ensinamentos. Assim, Paulo teria optado por pregar
aos gentios para ser remunerado. Paulo responde com o
mas a vida em vós. Mas tendo o mesmo espírito da fé, conforme está
escrito: Cri, por isso falei; também nós cremos, por isso também falamos,
sabendo que aquele que ressuscitou ao Senhor Jesus, também nos
ressuscitará a nós com Jesus e nos apresentará convosco. Pois tudo é
por amor de vós, para que a graça, sendo multiplicada por muitos, faça
abundar a ação de graças para a glória de Deus. Por isso não
desmaiamos; mas ainda que em nós pereça o homem exterior, o homem
interior renova-se de dia em dia. 2 Cor 4: 7-16.
58 E por causa da extraordinária grandeza das revelações. Porquanto, para
que eu me não engrandecesse demais, foi-me dado um espinho na carne,
mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de eu não me
engrandecer demais. Acerca disto três vezes implorei ao Senhor que o
espinho se apartasse de mim. 2 Coríntios 12: 7- 8
59 Vede com que letras grandes vos escrevo com a minha própria mão.
Gálatas 6.11.
60 Onde está, então, aquela vossa satisfação? Pois vos dou testemunho de
que, se possível fora, teríeis arrancado os vossos olhos e mos teríeis
dado. Gálatas 4.15
testemunho de sua vida61.
Paulo tem dupla personalidade, ele se comporta de uma forma
quando está presente e de outra quando escreve. Paulo foi
acusado de ter um procedimento muito ousado nas cartas e de ser
humilde quando presente na igreja.62 Na sua defesa, ele alega que
os que fazem essas declarações as fazem por não o conhecerem
como é devido e se basearem apenas em aparências. Na realidade
a sua ousadia é maior do que aquela que aparentemente foi
demonstrada.
63 At 16.6; 18.23
as comunidades da Galácia, formadas por convertidos do
paganismo64, foram agitadas pelos judaizantes.
Estes são judeu-cristãos vindos de fora que combatiam com
virulência o Evangelho livre da Lei pregado por Paulo (cf. Atos
15,1-5). Consideravam a observância da Lei necessária para a
salvação também dos gentio-cristãos, e minavam a autoridade de
Paulo como apóstolo. Informado da grave ameaça para a fé cristã,
Paulo escreve esta carta cheia de ira e paixão, provavelmente de
Éfeso, pelo ano 56/57. No tempo em que foi escrita a epístola aos
Gálatas, Paulo se encontrava provavelmente nesta cidade, onde
teve notícias da chegada dos judaizantes à Galácia.
Esboço da Epístola
1. Introdução (1.1-5)
2. A autoridade de Paulo e a autenticidade da sua mensagem
3. A originalidade de sua mensagem (1.6-24)
66 Declaro-vos, irmãos, que o Evangelho que foi pregado por mim, não é
segundo o homem; pois eu nem o recebi, nem o aprendi de homem
algum, mas sim mediante a revelação de Jesus Cristo. Gálatas 1:11-12
4. A autenticação dada pelos outros apóstolos (2.1-10)
5. Paulo versus Pedro (3.11-21)
6. O caminho da salvação
7. Salvação por fé e não por obras (3.1-14)
8. Salvação decorrente de promessas e não da lei (3.15-22)
9. Os que confiam em Cristo são filhos e não escravos (3.23 -
4.11)
10. Súplica (4.12-20)
11. Os que confiam na lei são escravos e não filhos (4.21 - 31)
12. O caminho da liberdade
13. A liberdade não pode ser trocada pelo legalismo (5.1-12)
14. Liberdade não justifica licenciosidade (5.13-26)
15. Liberdade se expressa em serviço (6.1-10)
16. O contraste entre a vida de sacrifícios e o legalismo. (6.11-18)
Análise do conteúdo
Paulo começa a epístola com uma autobiografia singela, capítulos
1 e 2, cujo objetivo é a comprovação histórica da autenticidade de
sua chamada apostólica e a independência de sua doutrina em
relação a doutrina ensinada pelos demais apóstolos. Ele pretende
deixar provado que o evangelho que ele prega, um evangelho
totalmente independente do legalismo judaico não é uma
elaboração secundária, um evangelho de “segunda mão” e sim
uma obra autêntica. O argumento mais explorado é o
autobiográfico. Paulo pretende deixar demonstrado que não
recebeu o evangelho de outros apóstolos simplesmente porque
não teve contato com eles. Como reforço adiciona uma descrição
dos desentendimentos que ele teve com Pedro porque este havia
se deixado levar pela bajulação dos judaizantes chegados da
Palestina (3.11-21).
A fonte do conhecimento de Paulo
Paulo protesta aos cristãos da Galácia que o evangelho que ele
pregava não lhe foi ensinado por homem algum mas recebido por
revelação ( ) do próprio Jesus Cristo. Gl 1.12. Esta
declaração era necessária para responder à acusação feita pelos
judaizantes de que o apostolado de Paulo não era autêntico.
A reflexão que podemos fazer neste tópico mostra que a palavra
apóstolo que Paulo usava ( ) como selo da
reivindicação da autenticidade de seu apostolado é usada em dois
sentidos complementares no Novo Testamento: em primeiro lugar
ela é usada para designar doze homens que acompanharam Jesus
Cristo no seu ministério terreno. Posteriormente ela foi usada
também para outros homens que conviveram com Jesus Cristo nos
quarenta dias que sucedeu sua ressurreição. Neste último caso
estão Paulo, Barnabé e Tiago, que Paulo chama de o irmão do
Senhor 67 . Dessa forma, Paulo não ensinava um evangelho de
segunda mão e sim um evangelho autêntico.
Gálatas e Tiago
Talvez a maior contradição que a crítica bíblica encontre no Novo
Testamento seja exatamente aquela existente entre as epístolas
de Paulo aos Gálatas e a epístola de Tiago. No terceiro capítulo
de Gálatas Paulo cita Abrão como exemplo de fé salvadora e
mostra que ele não poderia ter sido salvo pela obediência às obras
da Lei porque estas só vieram 430 anos depois. Dessa forma os
que têm fé são os verdadeiros filhos de Abraão e alcançam a
salvação.68
A Cidade de Roma
Roma, a capital do Império, ficava situada na parte central da
península Itálica, junto ao rio Tibre e próxima da costa do mar
Tirreno. Perde-se no passado a história das origens da igreja
cristã naquela cidade. A interpretação mais correta para a origem
do trabalho cristão na capital do império parece ser aquela dada
por Ambrosiaster (escritor cristão do século IV) que nega a
participação de qualquer apóstolo na evangelização inicial daquela
metrópole. Possivelmente alguns judeus daquela cidade
estivessem em Jerusalém por ocasião do Pentecostes e, uma vez
convertidos, teriam levado o Evangelho até sua cidade natal.
Ao tempo em que os livros do Novo Testamento foram escritos
Roma era a capital de um grande império que se estendia desde a
Armênia (costa ocidental do mar Cáspio), ao oriente até a Lusitânia
(Portugal), Hispania (Espanha), Gália (França) e Brittania
(Inglaterra) no ocidente. Ao sul, se limitava com o deserto de
Saara, envolvendo toda a costa norte da África com o Egito, Líbia
e Cirenaica (Tunísia). Ao norte, era limitada pelos montes
Cárpatos onde viviam seus inimigos mais ferozes tais como os
Partos. Tudo isso fazia de Roma uma grande metrópole onde se
concentravam pessoas de muitas línguas e nacionalidades
diferentes atraídas pela grandeza da capital.
Propósito da Epístola
Esta é a única carta que Paulo escreveu a uma igreja que não
nasceu em consequência de seu trabalho missionário. O objetivo
especial de sua escrita pode ser encontrado na análise de algumas
passagens, como segue:
1. Romanos 1.8-15 - Paulo comunica aos cristãos de Roma sua
intenção de visitá-los para poder conhecê-los mais de perto e
contar com a colaboração deles na promoção de uma
campanha de evangelização e fortalecimento espiritual na
capital do império.
2. Romanos 15.22-24 - Paulo mostra seu desejo de que sua
estada em Roma se continue com uma campanha missionária
até o extremo ocidente do império, até a Espanha. Para
promover esta campanha ele precisava contar com a
colaboração financeira dos cristãos de Roma uma vez que os
do oriente estariam muito distantes para poder auxiliá-lo.
3. Fica evidente do estudo comparativo destes dois textos que
Paulo estava tentando convencer os crentes de Roma a
patrocinarem sua viagem missionária. Em consequência ele
apresenta a Teologia da Universalidade do Pecado e da Graça.
Além disso, Paulo, por não ter nenhuma ascendência sobre a
comunidade de Roma precisava prepará-la apresentando as
credenciais de seu apostolado uma vez que, naquele tempo, os
judaizantes se deslocavam rapidamente por todo o império
(2.17-19).
Tema
O tema de Paulo é perfeitamente coerente com o seu objetivo.
Aos crentes de Roma ele ensina a universalidade do pecado e da
graça bem como a necessidade que todos os homens, inclusive os
gentios, têm de conhecer a salvação dada por Deus, por meio da
fé. Alguns versículos chaves permitem acompanhar o raciocínio de
Paulo, o que não é tarefa muito fácil.
1. 3.23 - Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus - O pecado é uma realidade universal. Começando em
Adão, ele passou, por hereditariedade, a todos os seres
humanos. O pecado atinge tanto a judeus quanto a romanos.
Diante dele somos todos iguais.
2. 5.12 - Portanto, assim como por um só homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado a morte. Assim também a
morte passou a todos os homens porque todos pecaram. A
consequência do pecado do primeiro homem foi a sua morte.
Assim também cada homem que peca morre. A universalidade
da morte é a consequência inevitável da universalidade do
pecado.
3. 5.21 - Para que assim como o pecado veio a reinar na morte,
assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida
eterna em Cristo Jesus nosso Senhor. A contrapartida natural
do domínio da morte introduzido pelo pecado é o domínio
universal da vida eterna introduzido pela graça de Deus.
4. 6.23 - Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom
gratuito de Deus é a vida eterna por Cristo Jesus nosso Senhor.
Temos aqui uma maravilhosa síntese de toda a doutrina
exposta anteriormente.
Divisões
1. Introdução e tema
a. - Saudação (1.1-7)
b. - Ação de Graças (1.8-15)
c. - Tema da epístola (1.16-17)
2. A necessidade do evangelho
a. A condenação dos gentios (1.18-32)
b. A condenação dos judeus (2.1 - 3.8)
c. A condenação universal (3.9-20)
3. O plano de salvação
a. A justificação pela fé (3.21 -31)
b. O exemplo de Abraão (4.1-25)
c. Paz com Deus, o resultado da justificação (5.1-11)
d. A nova humanidade em Cristo (5.12-21)
4. Réplicas à objeções quanto à salvação pela graça
a. Objeção: Ela incentiva o pecado
b. Ela produz santificação (6.1-23)
c. A Lei e a Graça (7.1-25)
d. A certeza de salvação (8.1-39)
e. Objeção: Ela anula as promessas de Deus
f. A soberana escolha de Deus (9.1-33)
g. A necessidade de comunicar as boas novas (10.1-21)
h. O futuro de Israel (11.1-36)
5. Exortações práticas
a. O serviço na igreja e outros deveres (12.1-21)
b. A responsabilidade pessoal (13.1-14)
c. Como tratar os enfraquecidos na fé (14.1-23)
d. Ambições missionárias de Paulo (15.1 -33)
6. Saudações pessoais (16.1-27)
71 Lida que for esta carta entre vós, fazei-a ler também na igreja dos
laodicenses, e a dos de Laodiceia, lede-a vós também. Colossenses 4.16.
circular sem igreja destinatária definida (uma encíclica). A favor
desta segunda hipótese está a exiguidade de saudações
personalizadas, as quais são muito frequentes em toda a
correspondência paulina. Uma terceira corrente advoga que esta
seria uma das epístolas dêutero-paulinas. Aceita-se sem discussão
apenas o fato de que os leitores eram cristãos gentios.
Além disso, a autoria paulina tem sido colocada em dúvida porque:
1. A carta não apresenta referências concretas a fatos da vida do
apóstolo Paulo.
2. Observa-se completa ausência de saudações pessoais, o que
só tem paralelo em Gálatas.
3. A linguagem e o estilo de composição não conferem com o que
se tem nas demais epístolas paulinas. Isto, se não é um
argumento definitivo para afastar a hipótese de autoria paulina,
pelo menos conduz à hipótese de que o texto atual poderia ter
sido editado por um escritor diferente.
4. A teologia apresentada nesta epístola não combina com o que
se conhece de teologia paulina porque:
1. Esta carta não faz qualquer referência à volta de Cristo, o
que poderia nos levar a datá-la de época posterior ao
primeiro século.
2. A visão do casamento como figura da união entre Cristo e
Igreja, paralela a figura veterotestamentária da união entre
Deus e seu povo, não combina com a interpretação do
casamento encontrada em I Coríntios 7.
3. A atribuição a Paulo de um ministério de unificação entre
judeus e gentios não combina com o seu conhecido
posicionamento com apóstolo dos gentios.
Tempo, local e objetivo teológico.
A análise destes dados tem levado à admissão da hipótese de que
esta carta teria sido escrita mais tardiamente por um discípulo de
Paulo que teria usado o nome de seu mestre como pseudônimo. O
fato de sua linguagem apresentar estilo semita permite concluir que
o autor desta epístola era um judeu palestino convertido ao
Cristianismo. Dentro dessa concepção uma data alternativa de
composição tem sido marcada entre os anos 80 e 100 da era cristã
e o local aceito como mais provável é a província da Ásia (Éfeso ?).
Se, por outro lado, a carta é realmente autêntica, sua composição
deve ser marcada para o ano 62 ou 63 e o local mais provável para
Roma.
Nesta carta o autor trabalha especificamente o tema “vocação dos
gentios” que ele chama de o grande mistério de Deus que
permaneceu oculto aos antigos e que, por intermédio de Jesus
Cristo, foi revelado aos seus apóstolos e profetas e a necessidade
de santificação. Dessa forma, os judeus não são os únicos
agraciados por Deus com um lugar especial na História da
Salvação. Todo o mundo está incluído.
Divisões
1. Saudação (1.1,2)
a. Ação de graças pelo plano de salvação
b. O propósito de Deus para igreja (1.3-6)
c. A redenção de Cristo traz união (1.7-12)
d. O selo do Espírito (1.13,14)
2. Oração (1.15-23)
3. A unidade de todos os crentes em Cristo
a. Unidade com Cristo e livramento do pecado e da morte
(2.1-10)
b. Gentios e judeus unidos pela cruz de Cristo (2.11-22)
c. A vocação dos gentios (3.1-13)
d. Oração e doxologia (3.14-21)
4. Exortações ao comportamento cristão
5. Para andar na unidade do Espírito (4.1-16)
6. Para andar em novidade de vida (4.17-32)
7. Para andar em amor (5.1-21)
8. Cuidados com os deveres domésticos (5.22 - 6.9)
9. Exortação ao fortalecimento espiritual (6.10-17) - a armadura
de Deus
10. Exortação à oração (6.18-24).
Colossenses 4:3 orando ao mesmo tempo também por nós, para que
Deus nos abra uma porta à palavra, para falarmos o mistério de Cristo
pelo qual também estou em cadeias,
75 Pois ele é a nossa paz, ele que dos dois fez um e derrubou o muro da
separação, a inimizade, tendo abolido na sua carne a lei dos
mandamentos contidos em ordenanças, para que dos dois ele criasse em
si mesmo um homem novo, fazendo assim paz, Efésios 2.14-15.
10. A epístola de Paulo aos
Filipenses
Objetivos de Estudo
1. Discorrer sucintamente sobre a cidade de Filipos e sobre o
início do trabalho cristão nesta localidade.
2. Discutir a autoria, tempo e local de composição desta
epístola.
3. Discutir o objetivo teológico para a composição desta
epístola.
4. Apresentar a cristologia encontrada na epístola aos
Filipenses.
76 Atos 16.7-13
77 Atos 16.14, 25-31.
78 Filipenses 1.1,2.
79 Filipense 1.13
80 Filipenses 4.22
81 Filipenses 1.19
com sua intenção de visitar Filipos82.
2. A distância entre Roma e Filipos era um impedimento à
manutenção de correspondência frequente.
Apesar destas alegações a hipótese mais aceita atualmente é de
que esta carta foi escrita em Roma. por volta do ano 63. Seus
objetivos são claros: Confortar os crentes de Filipos por causa do
desânimo que estava tomando conta deles como consequência da
prisão de Paulo e agradecer o envio de uma oferta daquela igreja
Tema
O tema principal desta epístola pode ser resumido em um
imperativo verbal: Regozijai-vos 83 . Com esta epístola Paulo
pretende levar a igreja a recuperar o entusiasmo perdido por causa
da sua prisão.
Divisões
1. Saudação (1.1,2)
2. Ação de graças e oração (1.3-11)
3. Como devem viver os cristãos
4. Levando e evangelho (1.12,13)
5. Refletindo Cristo em suas vidas (1.14-18)
6. Entre esta vida e a futura (1.19-26)
7. O sentido real da vida (1.27 - 2.30)
8. O valor do conhecimento de Cristo (3.1-16)
9. Contraste entre amigos e inimigos da cruz (3.17 -4.1)
10. Exortações finais (4.2-23).
82 Filipenses 1.26
83 Filipenses 2.18, 3.1, 4.4.
A Cristologia de Filipenses
A epístola aos Filipenses apresenta um modelo de cristologia que
ficou conhecida como a cristologia cenótica, ou cristologia do
esvaziamento. No capítulo 2, a partir do versículo 5, encontramos
as linhas essenciais desta cristologia:
1. Jesus Cristo é Deus - 2.10,11 - O convite para que ao nome de
Jesus se dobre todo o joelho (sinal de adoração) dos que estão
nos céus (anjos e demônios), na terra (homens vivos) e em baixo
da terra (mortos), mostra que ele é Deus porque um judeu jamais
admitiria adorar alguém que não fosse Deus. Confira Romanos 1.
2. Jesus é o mesmo Deus do Velho Testamento - 2.11 - A palavra
Senhor () usada por Paulo para denominar Jesus Cristo é
a mesma que foi usada para traduzir o nome de Deus na
Septuaginta. Isto indica perfeita identidade do filho com o pai.
3. Para poder se relacionar com os homens, Jesus Cristo se
esvaziou de seus atributos divinos e assumiu a forma humana,
em obediência à vontade do Pai. Esta livre opção o levou até a
Cruz.
84 Filipenses 3. 1-11.
11. Epístolas aos Colossenses e a
Filemon
Objetivos de Estudo
1. Discorrer sucintamente sobre a cidade de Colossos e sobre o
início do trabalho cristão naquela localidade.
2. Discutir a autoria, tempo e local de composição da epístola aos
Colossenses.
3. Discutir o objetivo teológico para a composição desta epístola.
4. Sumariar o conteúdo da epístola a Filemon.
85 Colossenses 2.1
86 Colossenses 1.7
87 Filipenses 2.25
Filemon 88 . A população da cidade era constituída quase
exclusivamente de gentios.
88 Filemon 1,2
89 Colossense 2.4
90 Colossenses 2.1, 17.
91 Colossenses 2.18
92 Colossenses 2.19,20
93 Colossenses 2.21,22
94 Colossenses 2.23
cerca dos judaizantes, razão porque não podemos classificar os
membros deste grupo como discípulos daqueles. Também não é
possível identificá-los com os Gnósticos, que foram mais ativos no
segundo século porque estes tinham como doutrina básica a
negação da humanidade de Jesus Cristo. Assim sendo, a heresia
colossense parece ter sido um desvio doutrinário limitado no tempo
e no espaço, que se constituía numa forma de transição.
Tema
O tema em destaque é a atuação do Cristo Cósmico na realização
do plano de salvação. Será útil fazer um estudo comparativo deste
texto com o prólogo do quarto evangelho para perceber os pontos
de contato entre a heresia colossense e o gnosticismo. As divisões
mais aceitas para a epístola são as seguintes:
Divisões
1. Saudação (1.1,2)
2. Ação de Graças (1.3-8)
3. Oração (1.9-12)
4. A obra de Deus em Jesus Cristo
1. Redenção (1.13,14)
2. A excelência de Cristo (1.15-19)
3. A reconciliação (1.20-23)
5. O ministério de Paulo (1.24 -2.3)
6. Denúncia do ensino falso (2.4-23)
7. Regras para vida cristã (3.1 - 4.6)
8. Conclusão (4.7-18)
A Cristologia Cósmica95
Em Colossenses encontramos a fundamentação do que se
95 Colossenses 1.14-23
convencionou chamar de Cristologia Cósmica, que se apresenta
como uma alternativa para a interpretação da pessoa e da obra de
Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela apresenta o Filho como 1. Imagem
do Deus invisível, 2. Primogênito da Criação, 3. Meio pelo qual
todas as demais coisas foram criadas e 4. Mantenedor perpétuo da
obra criada. Essa cristologia que apresenta pontos de contato com
a Cristologia Joanina e diverge bastante da cristologia cenótica,
encontrada na epístola aos Filipenses, permitiu que se
levantassem dúvidas a respeito da autenticidade da autoria paulina
de Colossenses. Alguns autores chegaram a datá-la do século II
da era Cristã.
A epístola a Filemon
Filemon era um crente de posses que morava na cidade de
Colossos. Onésimo, escravo de sua propriedade, fugiu de sua
casa e foi ter com Paulo, em Roma. No contato com o apóstolo,
Onésimo se converteu ao Cristianismo e foi encaminhado de volta
a Filemon com uma carta escrita por Paulo. Esta carta, a mais
curta de todas as epístolas paulinas, é um testemunho da
transformação que o Evangelho produz na vida de um homem.
12. As epístolas pastorais
Objetivos de Estudo
1. Conceituar epístola pastoral e listar as epístolas
classificadas sob este nome.
2. Sumariar os conteúdos destas epístolas.
3. Discutir a autoria, tempo e local de composição destas
epístolas.
4. Discutir o objetivo teológico para a composição destas
epístolas.
5. Identificar os falsos doutores que são citados nestas
epístolas.
96 Atos 16.1,2.
um cristão gentio e que foi designado para pastorear uma igreja na
ilha de Creta. Ele e Timóteo tinham, portanto, uma situação
parecida com a de Epafras em Colossos. Parece-nos que Paulo,
visando uma expansão mais rápida da obra de evangelização e a
melhor consolidação de seu trabalho evangelístico, designava
alguns de seus auxiliares mais experimentados para implantar
trabalhos pioneiros nas cidades que ele mesmo não podia atingir e
também para consolidar o crescimento cristão das comunidades já
atingidas. As epístolas pastorais são cartas que Paulo escreve a
esses dois líderes orientando-os no combate a hereges que
estavam se infiltrando em suas respectivas comunidades.
A autoria paulina
Estas cartas, juntamente com a epístola aos Efésios, tem tido sua
autoria paulina mito contestada. Eis alguns argumentos que têm
sido citados contra a autenticidade da autoria.
1. A evidência externa- As epístolas pastorais não citadas nos
documentos mais antigos tais como o cânon de Marcion e o
papiro p46.
2. A análise estatística do vocabulário usado nestas epístolas
mostra diferenças marcantes da frequência de uso de
palavras quando as comparamos com as demais epístolas
paulinas. O estilo de composição também é diferente.
3. O problema teológico - As doutrinas ensinadas pelos falsos
doutores (ver a seguir) não combina com os desvios
doutrinários já conhecidos na época em que o apóstolo
Paulo viveu.
4. Embora as epístolas pastorais não difiram radicalmente das
demais epístolas paulinas no seu conteúdo teológico, elas
diferem significativamente na terminologia usada para
descrever este conteúdo.
Os falsos doutores
O reconhecimento da heresia combatida nas cartas pastorais exige
que se faça uma identificação dos falsos doutores nelas
mencionados. Essa identificação, se feita com exatidão, vai nos
permitir tirar conclusão sobre a data provável de sua escrita. O
estudo da Epístola aos Colossenses nos permitiu identificar uma
heresia que grassava na sia Menor e que apresentava
características intermediárias entre a dos judaizantes
(predominante no Século I) e a dos Gnósticos (predominante no
Século II). Vamos tentar agora caracterizar o tipo de doutrina que
esses falsos doutores estavam ensinando:
1. Colocavam ênfase no legalismo97.
2. Prezavam as genealogias98
3. Ensinavam o celibato e proibiam o uso de alguns alimentos.
99
II Timóteo
1. Introdução (1.1-5)
Tito
1. Saudação (1.1-4)
2. Instruções gerais para a reforma religiosa (1.5-16)
3. Instruções específicas para a pregação (2.1-15)
4. Instruções finais para os crentes no mundo (3.1-15)