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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO

I. ORIGEM DO NOME
A designação de Novo Testamento dada à segunda parte da Bíblia vem do latim Novum Testamentum, que é
uma tradução do grego Diatheke. Essa expressão grega significa a “última vontade de alguém, ou testamento”,
ou seja, era algo que se podia aceitar ou rejeitar, mas nunca alterar.
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II. CONTEÚDO
O conteúdo do Novo Testamento consiste na revelação do “novo pacto ou testamento” por meio das palavras
escritas de Jesus Cristo e dos seus seguidores. O Novo Testamento compreende vinte e sete obras distintas, de
nove escritores diferentes. Estes documentos foram escritos num espaço de pouco mais de meio século,
provavelmente, entre os anos de 45 à 100 d.C.
O conteúdo do Novo Testamento pode classificar-se de duas maneiras: a) pelo caráter literário, b) pelos autores.
Esta classificação não é final ou exclusiva, mas sim, unicamente em vista do assunto geral do livro.

A) Caráter Literário
Históricos - Os cinco primeiros livros do Novo Testamento têm caráter histórico. Os quatro
primeiros esboçam, de diferentes pontos de vista, a vida e obra de Jesus. O livro de Atos continua a história
dos seguidores de Jesus, especialmente à carreira do missionário Paulo.

Doutrinais - A maior parte dos livros doutrinais foi escrita na forma de cartas às igrejas, com o
propósito de instruir nos princípios fundamentais da fé e da prática da moral cristã. Eram todos de caráter
informal, ao tratar das emergências correntes nos grupos a que eram dirigidas. Incluem-se nesta classificação:
Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, Hebreus, Tiago, I e
II Pedro, Judas e I João.

Pessoais - Estes foram escritos como cartas pessoais a particulares, não a grupos, com a intenção de
serem usadas como conselho e instrução privados. Mas, por causa de seus receptores estarem ligados à chefia
das igrejas, estes livros adquiriram um significado mais amplo do que o de epístolas privadas, e passavam a ser
considerados documentos públicos, embora originalmente não o eram. As cartas de caráter pessoais são: I e II
Timóteo, Tito, Filemon, II e III João.

Profético - Sem dúvida alguma o livro de Apocalipse enquadra-se nesta classificação. Ele trata
tanto do passado, como do presente, quanto do futuro; utilizando-se em seu estilo, de alto simbolismo, que
envolve visões e revelações sobrenaturais.

B) Autores
Apóstolos - Do grupo dos apóstolos, apenas Mateus, Pedro e João escreveram livros.

Discípulos dos Apóstolos - Eles trabalharam na igreja primitiva ou estiveram em contato com o
grupo apostólico, ainda antes da morte de Jesus. São eles: Marcos, Judas e Tiago
Posteriores - Eles não tiveram contato direto com Jesus, antes de sua morte, mas eram pessoas bem
conhecidas dos apóstolos e discípulos da época. Destes, somente Lucas não era judeu. Paulo era um doutor na
lei.

Desconhecido - Por ora, não discutiremos o assunto, mas apenas informá-lo. A carta aos hebreus
não se tem nenhuma evidência externa de seu autor, por isso, a consideramos como autor desconhecido.

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III. CONTEXTO
O contexto no qual foi vivido e escrito o Novo Testamento aborda quatro áreas distintas: a) O mundo político;
b) O mundo social; c) O mundo econômico e d) O mundo religioso.

A) O Mundo Político

a1. - Império Romano - No tempo em que o Novo Testamento foi escrito, todo o mundo civilizado
conhecido estava debaixo do domínio de Roma. Exceto, o pouco conhecido oriente (Índia). O Império
Romano dominava desde o Rio Eufrates e Mar Vermelho no oriente, até o Oceano Atlântico no ocidente, desde
o sul da Rússia, ao norte, até o deserto do Saara ao sul.
Durante a infância de Jesus, o imperador era Augusto (27 a C. a 14 d.C.). Augusto promoveu
a paz e a prosperidade no império. Durante o ministério e morte de Jesus o imperador era Tibério (14 a 37 d.C.)
Desconfiado por causa de uma conspiração contra ele no ano 31, Tibério imediatamente punha em desgraça
qualquer homem que recebesse a mais simples sugestão de rebeldia.
Nos primórdios da igreja, os imperadores foram Calígula (37 a 41), Cláudio (41 a 54); Nero
(54 a 68); Galba (68); Otão (69); Vespasiano (69 a 79); Tito (79 a 81); Domiciano (81 a 96); Nerva (96 a 98) e
Trajano (98 a 117). Destes se destacam:
 Calígula, que se fez adorar como um deus, chegando a ponto de ordenar a construção de uma estátua
sua no templo de Jerusalém, ordem que não foi cumprida. Alguns acham que Mc 13:14 refere-se à essa ordem.
 Cláudio, que expulsou os judeus de Roma por causa de alguns tumultos provocados por um tal de
Chrestus. Não se sabe, se é uma referência à pregação dos apóstolos acerca de Jesus Cristo ou se esse Chrestus
existiu mesmo. Provavelmente, esta expulsão foi a causa da saída de Áquila e Priscila de Roma (At 18:2)
 Nero, o incendiário de Roma, acusou os Cristãos de terem colocado fogo na cidade, e por isso os
perseguiu, torturando-os até à morte. Durante seu império e o de Cláudio, ocorreu o grande período de expansão
missionária.
 Vespasiano, destruiu Jerusalém e o templo no ano 70. Construiu o Coliseu.
 Domiciano, reconstruiu os templos dos velhos deuses romanos e perseguiu as religiões estrangeiras,
especialmente aos cristãos, por sua força em conquistar adeptos. Exigiu que lhe prestassem adoração.

a2. - Governo Provincial - O Império Romano era uma miscelânea de cidades independentes,
estados e territórios sujeitos ao governo central. Alguns deles, tinham-se tornado parte do império por meio de
alianças voluntárias e outros anexados por conquista. A Palestina, no tempo de Cristo, estava sob a direção do
imperador, de quem Pôncio Pilatos era representante no ano da morte de Jesus. Paulo em suas cartas,
mencionava sempre as províncias romanas, enquanto que Lucas usava também as divisões nacionais.

a3. - O Estado Judaico - O Estado Judaico era governado pela dinastia Herodiana. Ela começou
com Antípatro. O seu filho Herodes, chamado o Grande, herdou de seu pai toda a sua habilidade em assumir o
trono da Judéia. Herodes começou o seu reinado em 37 a C. com a idade de 22 anos e sob a “bênção” de
Roma. Um dos seus primeiros atos foi nomear um sumo sacerdote. Herodes, o Grande, que morreu no ano 4 a
C. (razão porque se diz ter Jesus nascido em 6 a C. conf. Mt 2:1-18).
A seguir, o Estado Judaico foi governado por Herodes Antipas (4 a C.
a 39 d.C.) Ele foi o construtor de Tiberíades. Herodes Antipas seguia o judaísmo. Foi ele que atendeu ao
pedido para decapitar João Batista.
Seu sucessor foi Herodes Agripa (37 a 44). Agripa prendeu e
executou Tiago, filho de Zebedeu, prendeu Pedro (que foi liberto por uma intervenção divina - At 12:11-19.
Agripa morreu, subitamente com grave enfermidade intestinal dentro de cinco dias)
Sucedeu-o Herodes Agripa II (44 a 100) que se tornou conselheiro de
Festo, o governador de toda a Judéia. (At 25:13-26:32).

B) O Mundo Social
A sociedade do Novo Testamento era formada de ricos e pobres, escravos e livres. Na sociedade
judaica, o poder social residia nas mãos dos sacerdotes. A tribo dos hasmoneus prevalecia sobre as demais.

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Dirigiam o movimento comercial relacionado com o templo e tinham sociedade nos lucros provenientes da
venda de animais para os sacrifícios e dos tributos pagos ao templo.
A maioria do povo da Palestina era pobre. Uns eram lavradores, outros viviam do comércio. A
escravidão não era grande no judaísmo. As categorias sociais entre os judeus eram um tanto restringidas pelas
obrigações comuns que a lei impunha. No conceito judaico todos eram moralmente iguais, contudo, os ricos
eram considerados como excepcionalmente abençoados por Deus e, por consequência, mais justos.
Durante o Império Romano, na região da Palestina, eram quatro as principais línguas do mundo
romano: latim, grego, aramaico e hebraico. O latim era a língua dos tribunais e da literatura de Roma O grego
era a língua da cultura no império e era a língua popular ao leste de Roma até a Palestina. O Aramaico era a
língua do oriente próximo. Paulo e Jesus várias vezes falaram em aramaico, visando ultrapassar uma barreira,
facilitando a compreensão dos ouvintes. (At 22:2; Jo 1:42; Mc 7:34; Mt 27:46). O hebraico era uma língua
falada apenas entre os sacerdotes, desde o tempo de Esdras

C) O Mundo Econômico
A sociedade antiga tinha um perfil econômico menos abrangente do que o atual, mas com muitas
semelhanças. A agricultura, a pecuária, a indústria, a finança, as viagens e transportes eram as principais
atividades econômicas.
Cada pequena povoação tinha os seus operários que produziam o que lhes era necessário, como as
miudezas, o mobiliário e os artigos domésticos; apenas materiais mais trabalhados vinham de fora da
comunidade, como vasos de cobre, linho, papel e outras mercadorias de luxo.
A moeda padrão mais citada no Novo Testamento era o denário, que equivalia a um dia de trabalho
de um operário no oriente (Mt 20:2). Como Roma não tinha a prática de proibir a circulação de

moedas próprias dos territórios conquistados, era comum várias qualidades de dinheiro em circulação, o que
favorecia e enriquecia os cambistas (Mt 21:12). O comércio bancário era geralmente praticado, embora que não
com o complicado sistema de finanças que temos hoje.

D) O Mundo Religioso - Geral


O cristianismo não começou a sua implantação num vácuo religioso, em que encontrasse os homens em
branco, à espera de alguma coisa em que acreditar. Pelo contrário, a nova fé em Cristo teve de lutar, para abrir
o seu caminho, contra as crenças religiosas enraizadas que vigoravam havia séculos. Havia em geral, cinco
tipos distintos de expressões religiosas:
d1. O Panteão Greco-Romano - Primitivamente, os romanos adoravam deuses da sua herdade
e lar. Com o contato com os gregos, houve uma fusão de divindades sob a influência dominante do panteão
grego. Nos tempos de Cristo, o culto a esses deuses estava em declínio.
d2. O Culto do Imperador - O culto do imperador não foi estabelecido arbitrariamente.
Desenvolveu-se gradualmente da crescente atribuição de honras sobre-humanas ao imperador e do desejo de
centralizar nele a obediência do povo. À princípio, todos os imperadores eram divinizados após a sua morte.
Calígula é considerado como o primeiro a reivindicar esse título ainda em vida, mas como era considerado um
louco, esse intento não foi concretizado. O primeiro imperador que forçou seus súditos a lhe prestarem culto
foi Domiciano (81 a 96). O culto ao imperador tinha grande valor para o estado, ele unificava o patriotismo e
tornava a obediência ao estado um dever religioso.
d3. As Religiões de Mistério - As religiões de mistério eram, na maior parte de origem
oriental. Todas tinham seu centro num deus que morreu e ressuscitou. Cada uma tinha um ritual que
representavam as experiências de seus deuses, por meio dos quais o iniciado era levado a essa experiência divina
e tornava-se um candidato à imortalidade. Suas práticas equivalem-se às sociedades secretas atuais como:
Maçonaria e Rosacruz.

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d4. A Adoração do Oculto - Para estas religiões, o mundo inteiro era povoado por espíritos e
demônios que podiam ser invocados e ordenados à obediência, desde que a pessoa conhecesse o rito próprio
desse espírito ou demônio. Há passagens do Novo Testamento que nos sugerem ser referência à essas religiões:
At 8:9-24; 13:6-11; 19:19; I Co 10:20-21). A astrologia era uma dessas religiões e até hoje é seguida.
d5. As Filosofias - Todos os mistérios do universo exigem uma explicação que somente a
filosofia pode dar. Essa era a principal argumentação daqueles que seguiam as correntes filosóficas como
verdadeiras religiões. O platonismo, o gnosticismo, o epicurismo, o estoicismo, o cinismo, etc... devem ser
bem analisados, pois o Novo Testamento, em muitas passagens, procura dar uma resposta espiritual às questões
filosóficas contrárias à fé cristã.

E) O Mundo Religioso - Judaísmo


Sem sobra de dúvida, a religião de maior influência para o cristianismo, foi o judaísmo. Toda a base
doutrinária do Novo Testamento provém do Antigo Testamento, que é uma das expressões escritas da religião
judaica.
O judaísmo existente na época de Cristo era produto do exílio babilônico. O cativeiro babilônico pôs o povo
judeu perante uma dura alternativa: Ou eles se entregavam inteiramente ao culto a

Jeová, o único Deus verdadeiro, ou eles seriam engolidos política e religiosamente pelas nações pagãs. Diante
de tal impasse, foi abolida a idolatria.
Como fruto desse evento, nasceram as sinagogas como novos centros de culto e como ambiente para o estudo da
lei. Para se organizar, uma nova sinagoga bastava que dez homens se reunissem com esse propósito. As
sinagogas persistiram, mesmo com a reedificação do templo por Esdras, e sobrevivem até hoje.
A sociedade judaica estava dividida entre dois conceitos: o civil (secular) e o religioso. O ano
religioso começava no mês de Nisan (abril), na época da páscoa e encerrava com a festa do purim no mês de
Adar (março); enquanto que o civil começava em Tishri (outubro). As festas e celebrações religiosas judaicas
eram:
14 de Nisan - páscoa 15 de Nisan - pães asmos
21 de Nisan - fim da páscoa 6 de Iyar (maio) - pentecostes (dádiva da lei)
1 e 2 de Tishri (outubro) - trombetas - Rosh Hashanah - início do ano civil
10 de Tishri - Expiação 15 a 21 de Tishri - Tabernáculos
25 de Kislev (dezembro) - das luzes ou dedicação - Hanukkah
14 de Adar (março) - Purim
As principais seitas do judaísmo eram: os fariseus, os saduceus, os essênios, os zelotes, hebraístas e helenistas.
Suas principais características são:
a) Fariseus - Era a maior seita e a de maior influência. Seu nome deriva do verbo parash “separar”.
Eram puritanos. Afastavam-se de todas más associações e buscavam obediência total à lei de Moisés.
Acreditavam na existência de anjos, de espíritos, na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, praticavam
a oração e o jejum, entregavam o dízimo meticulosamente e guardavam com extremo rigor o sábado.
b) Saduceus - Segundo a tradição, seu nome deriva dos filhos de Zadok, que foi sumo-sacerdote nos dias
de Davi e Salomão. Embora menores em número do que os fariseus, os saduceus detinham o poder civil, sob o
domínio de Herodes. Seguiam unicamente a Torah como único escrito canônico. Negavam a existência de
anjos e espíritos, a imortalidade da alma. Muitos sacerdotes eram saduceus. Sua religião era friamente ética e
literal.
c) Essênios - Diferentemente dos fariseus e saduceus, os essênios constituíam uma fraternidade ascética
para o qual só poderiam entrar aqueles que se submetessem aos regulamentos do grupo e as cerimônias de
iniciações. Abstinham-se do casamento, mantinham em comum as suas propriedades, de sorte que não havia
rico nem pobre, viviam do trabalho manual de cada um. Qualquer desvio da sua ordem era punido com a
expulsão da comunidade. Teologicamente, eram semelhantes aos fariseus
d) Zelotes - Os zelotes eram, na verdade, um grupo de nacionalistas fanáticos, que advogavam o uso da
violência para libertarem-se do jugo de Roma.

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e) Hebraístas - Não eram um grupo nacionalista como os zelotes, mas sim, um grupo de judeus que
mantinham não somente a fé religiosa do judaísmo, mas também o uso da língua hebraica, ou aramaica, e os
seus costumes. Paulo parece identificar-se com eles (At 22:3).
f) Helenistas - Eram o inverso dos zelotes. Os helenistas, apesar de serem judeus de sangue, assimilaram
toda a cultura grega, falavam grego, praticavam os costumes dos gregos, só não abriram mão da fé judaica.
Atos 6 refere-se a esse grupo de judeus-helenistas.

IV. O CÂNON

Ao final do primeiro século, apenas os escritos de Paulo formavam uma coleção, mas não havia na época uma
estrutura que tivesse autoridade de defini-los como “Escritura”. No contexto da história do cânone do Novo
Testamento, o alexandrino Orígenes possui importância vital. Orígenes observou cuidadosamente o costume
das várias igrejas por onde passou quanto aos escritos que aceitavam e emitiu julgamentos a respeito da
autoridade canônica desses escritos. Orígenes dividiu esses escritos em três categorias:
1. homologoúmena (aqueles que são incontestáveis na Igreja de Deus debaixo do céu) - os quatro
evangelhos, as treze cartas de Paulo, 1 Pedro, 1 João, Atos e Apocalipse.
2. Amphiballómena (escritos duvidosos; ou sem muitas evidências) - 2 Pedro, 2 e 3 João, Hebreus, Tiago
e Judas. Há dúvidas sobre o julgamento de Orígenes acerca de: O Pastor de Hermas, Didaché e Carta de
Barnabé.
3. Pseudé (falsificações heréticas) - Evangelho dos egípcios, Evangelho de Tomé, Evangelho dos
basilidas, Evangelho de Matias.
Além de Orígenes, Eusébio de Cesaréia, Metódio de Olimpo, Atanásio, e outros foram importantes na definição
da qualidade divina dos escritos do Novo Testamento, contudo, Jerônimo se sobressai, pois foi sob sua
influência que o sínodo romano, em 382, proclama o cânone de Atanásio como oficial da Igreja, e é o que temos
até hoje.

V. LIVROS APÓCRIFOS

Diante da dificuldade de definição do cânon do Novo Testamento, muitos escritos antigos eram aceitos por
igrejas isoladas. Entre todos, O Pastor de Hermas, I Clemente e Epístola de Barnabé foram os escritos que
tiveram maior aceitação. O Pastor de Hermas por pouco não entrou no cânon. Estes escritos nos trazem maior
confiabilidade de autoria, mas deixa a desejar no aspecto inspirativo.
Outros escritos foram: II Clemente, O Martírio de Policarpo, O Didaché, Epístolas de: Policarpo, Inácio, a
Diogneto. Estes escritos eram reconhecidos por muitas igrejas.
Os escritos a seguir, são os de maior dúvidas quanto à autoria e inspiração: Evangelhos: segundo os Hebreus,
aos Egípcios, de Tomé, de Pedro, de Nicodemos, da Infância, dos doze apóstolos, Filipe, André, Bartolomeu;
Atos de João, de Paulo, e Tecla, de Pedro, de Tomé; Epístolas: III Coríntios, entre Paulo e Adgar, entre Paulo e
Sêneca, aos Laodicenses, dos apóstolos; Apocalipses: de Pedro, de Paulo, de Tiago.

VI. MANUSCRITOS

Como não se tem os escritos originais de nenhum livro do Novo Testamento, temos de nos basear nos
manuscritos (cópias feitas à mão) feitos pelos líderes da igreja antiga. Possuímos atualmente, cerca de 5.000
manuscritos produzidos entre os séculos I e XV. Entre eles, os principais são:
Papiros - entre os séculos I e VII. Há 76 papiros escritos em grego, que contém mais de três quartos do texto
do Novo Testamento.
Unciais - Entre os séculos IV-IX. Há 252 manuscritos escritos em grego e em letra maiúscula.
Minúsculos - Há 2.646 manuscritos, datados a partir do século IX até a invenção da imprensa (1496).
São chamados de minúsculos, porque foram escritos em letra minúscula.
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Lecionários - São assim chamados porque trazem partes selecionadas do Novo Testamento com o fim
educacional. Existem 1.997 desses manuscritos, produzidos entre os séculos IV e XI.
Todos os manuscritos mencionados acima são identificados como “Codex” e o nome do local onde foram
encontrados. Os principais são: Codex Sinaíticus (1844); Alexandrinus - conhecido por “A” (fim do século
V); Vaticanus - conhecido por “B” (325); Ephraemi Rescriptus - conhecido por “C” (século V); Bezae -
conhecido por “D” (século VI); Washintoniensis - conhecido por “W” (entre os séculos IV e VI) .
As principais dúvidas quanto a integridade de algumas passagens do Novo Testamento, devem-se a que
manuscritos elas estão relacionadas. Quanto mais antigo for o manuscrito, ou quanto maior quantidade de
citações, maior a possibilidade de veracidade. Os textos em dúvida aparecem entre colchetes nas versões
revista e atualizada e linguagem de hoje da sociedade Bíblica do Brasil.

VII. ANÁLISE DOS LIVROS

MATEUS

INTRODUÇÃO
Este evangelho era o mais utilizado em meados do século II, sendo o mais citado pelos escritores cristãos da
época. Talvez isso se deva pelo fato de Mateus ser o mais completo na apresentação, tanto das obras quanto das
palavras de Jesus. Considerando-se como autor, o coletor de impostos Levi, deve-se salientar o fato de que, com
certeza, ele possuía o conhecimento da taquigrafia, o que lhe capacitou a registrar totalmente os discursos de
Jesus.

AUTOR
O historiador Eusébio é a principal fonte de referência quanto a autoria dos livros do Novo Testamento. Ele
cita outras fontes mais antigas como Papias, Irineu e Orígenes para reforçar suas definições. Eusébio cita este
evangelho como de autoria do apóstolo Mateus, ou Levi, o coletor de impostos. Diz a tradição que este
evangelho foi escrito originariamente em hebraico e, mais tarde, traduzido para o grego (Papias e Irineu). O
que mais nos deve importar em toda a Bíblia, não é quem foi o seu autor humano, mas antes, o que faremos com
as palavras destes livros, cuja autoria é divina. Nosso maior problema é se as praticamos. Quanto de Cristo
expresso nessas palavras são infundidos em meu ser, transformando-me segundo a imagem de Cristo?

DATA
A data mais provável está entre 60 e 70

LOCAL
Não se sabe ao certo o local, mas há fortes evidências de que foi escrito em Antioquia, pelo fato de a cidade
ter-se tornado um forte centro cristão. Inácio, bispo de Antioquia tinha real preferência por este evangelho,
utilizando-o acima de todos os outros.

DESTINO

O testemunho antigo é de que este evangelho visava sobretudo os judeus recém-convertidos, como uma espécie
de manual de instrução na fé. Se de fato ele foi escrito em hebraico, mais ainda, se confirma a hipótese acima.

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TEMA PRINCIPAL
Apresentar Jesus como O Messias e que a fé nEle não envolvia o repúdio do Antigo Testamento, mas era o
próprio alvo para o qual a revelação do Antigo Testamento apontava.

PROPÓSITO
Diante das muitas citações do Antigo Testamento, percebe-se que o autor indica o cristianismo como uma
graduação acima do judaísmo, e não uma contradição do mesmo. Isso implica em que o autor acreditava que a
antiga e a nova dispensação se combinava com Cristo e sua igreja, e que a igreja contém o “melhor judaísmo”,
na pessoa do Messias Jesus.
Mateus apresenta Jesus, como o novo Moisés, e seus ensinamentos são a nova lei (5 a 7). A grande
quantidade de citações de milagres deve-se ao fato de que os escritos rabínicos mostravam que o messias
esperado seria poderoso operador de milagres. Logo, Mateus quer evidenciar Jesus, como o messias prometido.

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. O nascimento e infância de Jesus - as profecias do messias, realizadas - 1:1-2:23
2. O começo do ministério de Jesus - 3:1-4:11
3. O ministério de Jesus:
a) Na Galileia - 4:12-18:35
 O discurso inaugural - os princípios do Messias anunciados - 4:12-7:29
 O poder do Messias revelado - 8:1-11:1
 O programa do Messias explanado (principais parábolas) - 11:2-13:53
 O propósito do Messias declarado - 13:54-19:2
b) Na Peréia - 19:1-20:16
c) Na Judéia - 20:17-34
d) Em Jerusalém - 21:1-25:46
4. A Paixão de Cristo - 26:1-27:66
5. A Ressurreição - 28:1-15
6. A grande incumbência (ordenança) aos seus seguidores - 28:16-20

MARCOS

INTRODUÇÃO

O Evangelho de Marcos é conciso, claro e direto, num estilo que agradaria à mentalidade romana, que não
gostava de abstrações e fantasias literárias. Há muitas expressões latinas em Marcos que vem fortalecer essa
tese, além do que, Marcos insiste pouco na lei e nos costumes judaicos e, quando os menciona, explica-os mais
completamente do que os outros evangelhos.

AUTOR

Do autor deste evangelho sabe-se relativamente pouco. Em nenhum lugar se vê o nome do autor. A tradição
identifica-o como João Marcos, primo de Barnabé, ajudante e substituto de Barnabé, Pedro e posteriormente,
Paulo. Filho de Maria, amiga dos apóstolos. Sua casa sempre foi centro de eventos bíblicos. (At 11:30-12:25;
13:5-13; 15:37-39; II Tm 4:11; II Pe 5:13).

DATA

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Os mais antigos testemunhos acerca deste evangelho, ligam-no à pregação de Pedro em Roma, na década de
70 da era cristã. Irineu nos declara que: “depois da morte de Pedro e Paulo, Marcos nos transmitira por escrito as
coisas pregadas por Pedro. Alguns preferem datar entre 50 e 54.

LOCAL

Muito se tem falado acerca de Roma. É a evidência mais forte.

DESTINO

Diante do que já expomos, fica claro que era para os romanos que estavam sendo evangelizados.

TEMA PRINCIPAL
Diante da clara intenção de Marcos, em destacar os fatos acima das teorias, seu tema destaca-se como “Um
Rei que servia em amor e para resgatar a muitos” (10:45), apresentando um ministério ativo de Jesus.

PROPÓSITO
É claramente manifesta a intenção do evangelista em não discutir teologia, mas, acima de tudo, representa seu
esforço para pôr diante do público a pessoa e obra de Cristo, fora do contexto do Antigo Testamento, pois seus
ouvintes nada sabiam acerca de seu conteúdo. As suas descrições breves, as suas frases agudas, as suas
aplicações diretas da verdade, são exatamente aquilo que um pregador de rua usaria para pregar Cristo a uma
multidão promíscua. Seu principal propósito é falar da pessoa de quem se ocupa o evangelho, e dá um retrato
de Cristo investido em fato e inesquecível.

PRINCIPAIS DIVISÕES

1. Título - 1:1
2. Preparação para o ministério de Cristo - 1:2-13
3. O Ministério de Jesus na Galiléia - 1:14-5:43; 6:7-30
4. O ministério de Jesus em Nazaré - 6:1-6
5. As retiradas da Galiléia - 6:31-9:50
6. Ministério de Cristo na Peréia e Jerusalém - 10:1-13:37
7. A Paixão e a Ressurreição de Cristo - 14:1-16:8
8. Pós escrito - 16:9-20 (A maior evidência é de que este trecho foi acrescido ao texto original de Marcos
por algum copista posterior).

LUCAS

INTRODUÇÃO
O Evangelho de Lucas nos apresenta uma questão nova em termos de inspiração para as Escrituras. Como
Deus poderia falar a Lucas através do processo de acurada investigação e, num tempo em que já outros escritos
haviam sido feitos. Por que Deus faria mais um? Seria possível as palavras de Deus estarem na boca das
pessoas entrevistadas?

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Diante de tudo isso, torna-se claro que Deus pretende produzir escritos acerca da vida de Jesus sob ângulos
diferentes. Um mais narrativo, outro mais ensinador, outro mais sobrenatural e outro mais histórico. Este
último é o de Lucas.
O evangelho de Lucas, pelo fato de ser produzido após os evangelhos de Marcos e Mateus já terem sido
escritos, acompanha a mesma sequência de acontecimentos deles, mas com muitos acréscimos que só aparecem
em Lucas. Lucas também segue o mesmo estilo de Paulo, ao colocar uma introdução dedicatória.

AUTOR
Chegar ao autor do Evangelho de Lucas depende, inevitavelmente, de se definir quem foi o autor do livro de
Atos, pois ambos tiveram o mesmo autor (Lc 1:1-4; At 1:12). Por isso, não trataremos do assunto aqui.
Aguarde até o momento de estudar o livro de Atos.

DATA
Com certeza a data mínima é 60, mas alguns preferem considerá-lo entre 75-80.
LOCAL
Não há dúvidas de que este evangelho foi escrito fora da Palestina, mas não há nenhuma boa tradição primitiva
acerca do lugar para que se possa ao menos supor.

DESTINO
O destinatário do evangelho é identificado como sendo Teófilo. Ele pode ser uma pessoa gentia, de
importância considerável, que estava se aproximando do cristianismo ou recém-convertido. Mas, também, pode
ser uma denominação genérica de todos os “amigos de Deus”. Pode ser uma referência subliminar aos cristãos
perseguidos pelo império romano.

TEMA PRINCIPAL
O grande tema do evangelho de Lucas é: Jesus Cristo, o Salvador divino. Desde o início o tema é enfocado,
mesmo antes do nascimento, com a ação do anjo, do preparo para a vinda da “voz que clama no deserto” e do
próprio Senhor.

PROPÓSITO
Não há dúvida que Lucas pretende enfatizar a vinda do Senhor Jesus como Salvador Universal – para pessoas
de todas as idades ou raças: para os judeus (1:13; 2:10), para os samaritanos (9:51-56), para os pagãos (2:32;
3:6, 38), para os publicanos, pecadores e desprezados (7:37-50), para as pessoas respeitáveis (7:36), para os
pobres (1:53) e também para os ricos (19:2; 23:50).

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Prefácio - 1:1-4
2. Anunciações - 1:5-2:52
3. Nascimento e João - 1:57-80
4. Nascimento e infância de Jesus - 2:1-52
5. Introdução ao ministério público de Jesus - 3:1-4:13
6. Ministério de Jesus na Galiléia - 4:14-9:50
7. Viagem a Jerusalém - 9:51-19:27
8. Ministério de Jesus em Jerusalém - 19:28-22:38

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

9. Crucificação e Ressurreição - 22:39-24:12


10. Aparições de Jesus após a ressurreição - 24:13-49
11. Despedida e Ascensão de Jesus - 24:50-53

JOÃO

INTRODUÇÃO
O evangelho de João, embora siga a mesma sequência de acontecimentos dos demais evangelhos, destaca-se
por seu estilo e estrutura diferentes. Não contém parábolas. Apresenta apenas sete milagres e, cinco deles
aparecem apenas neste evangelho. Os discursos de Jesus dizem respeito apenas a Sua Pessoa e não à doutrina.
João é o grande evangelho da Cristologia.

AUTOR
Tradicionalmente atribui-se a sua autoria a João, filho de Zebedeu, o discípulo amado. (21:20-24)

DATA

A data mais aceita é entre 80 e 98. Devido às evidências internas que apontam para um escrito em um
ambiente gentílico, pois os costumes e as festas judaicas são explicados em benefício daqueles que não estavam
familiarizados com elas (2:13; 4:9; 19:31). E, sabe-se, que o apóstolo João esteve exilado em Patmos por esse
período e, antes disso, residiu por muito tempo em Éfeso.

LOCAL

Diante das afirmações acima, o local mais evidente para que o evangelho tivesse sido escrito com as
características internas, é a cidade de Éfeso. É pouco provável que também tenha sido escrito em Patmos, pois
o evangelho não apresenta as mesmas características das cartas e do apocalipse.

DESTINO

Parece-nos sobressair do texto de João a intenção clara de produzir um texto, cujos destinatários conheciam as
profecias acerca da vinda do Messias, profecias essas, cumprida em Jesus. Logo, o destinatário do evangelho
de João é o povo judeu.

TEMA PRINCIPAL

Desde o início com “vimos a Sua glória” (1:14) até o seu final onde diz que “todos os feitos de Jesus não
caberiam nos livros” (21:25), fica clara a intenção do autor em destacar a divindade, a sobre naturalidade e os
grandes feitos de Jesus. Para João, o grande tema é que “Jesus é Deus feito carne e habitando entre nós”.
(1:14)

PROPÓSITO

O propósito do evangelho de João é, entre todos, o mais evidente, pois o próprio autor o declara: “Estes foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome”. (20:30-31) Quem João espera que creia em Jesus? É-nos evidente que são os judeus, que tanto

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

aguardavam a vinda do Messias e, quando Ele vem, o desprezam, o rejeitam, não o aceitam como Messias. Por
isso, João registra o que ele crê, serem provas de que Jesus é o Messias esperado por Israel.

PRINCIPAIS DIVISÕES

1. Prólogo - 1:1-18
2. João Batista e Jesus - 1:19-51
3. Revelação de Jesus na Judéia, Galiléia e Samaria - 2:1-4:54
4. Período de conflitos e controvérsias - 5:1-11:57
5. Período de ministério aos discípulos - 12:1-16:33
6. O Sumo Sacerdote intercedendo - 17:1-26
7. Do - 17:1 ao Calvário; a grande consumação - 18:1-19:42
8. A ressurreição e os aparecimentos de Jesus - 20:1-21:14
9. Epílogo do autor - 21:15-25

ATOS DOS APÓSTOLOS

INTRODUÇÃO

O livro de Atos dos apóstolos é o segundo volume da obra do autor do evangelho de Lucas. (At 1:1) Por isso,
possui a mesma característica histórica contida no evangelho e, também, o mesmo propósito e destinatário.

AUTOR

O autor do livro de atos inclui-se na história, usando várias vezes o pronome na primeira pessoa do plural “nós”,
dando-nos a entender que na época ele era o companheiro de Paulo. O livro de Atos dos apóstolos é o segundo
volume da obra do autor do evangelho de Lucas. (At 1:1) Logo, se definirmos o autor de Atos, estaremos
definindo também, o autor do evangelho de Lucas.
A menção mais antiga acerca de quem é o autor, encontramos no Cânon de Muratori: “Este Lucas, que era
médico, depois da ascensão de Cristo e desde que Paulo o tomou consigo, compô-lo em seu próprio nome e de
acordo com o seu pensamento.”
Num exercício de eliminação de possíveis nomes entre os companheiros de Paulo, chega-se, invariavelmente, a
Lucas, o médico amado (Cl 4:14; Fm 24; II Tm 4:11). O próprio texto de Atos nos conduz a isso, quando lança
mão de termos conhecidos apenas entre os médicos gregos. (Lc 4:38; 7:15; At 5:5, 10; 9:40; 12:23; etc...) e
utiliza uma linguagem pouco comum em Israel, sendo, portanto, um gentio.

DATA
Alguns estudiosos entendem que os escritos de Lucas foram produzidos após o ano 70 (da queda de
Jerusalém), pois o autor narra com detalhes as palavras de Jesus acerca desse evento, colocando-as como
proféticas (Lc 19:42-44). Esses detalhes, que não estão nos demais evangelhos, são fruto do conhecimento de
alguém que presenciou a cena, dizem eles. Sendo assim, a data provável está entre os anos 70 e 90.

LOCAL
Como não há nenhuma referência antiga acerca desse ponto, não podemos defini-lo. Alguns “sugerem”:
Cesaréia; outros Acaia; ou ainda Decápole, talvez a Ásia Menor; e quem sabe, Roma.

DESTINO
O destino do Livro de Atos é o mesmo do Evangelho de Lucas. Veja comentário anterior.

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

TEMA PRINCIPAL
O tema principal do livro de Atos é a obediência à ordem de Jesus antes da ascensão e como a igreja primitiva
cumpriu essa ordem. (1:8)

PROPÓSITO
O propósito do livro é narrar a história especial sobre o estabelecimento e a expansão da igreja entre judeus e
gentios; seu desenvolvimento, a partir de Jerusalém, até alcançar Roma, a capital do império. Lucas se
preocupa em deixar claro, que essa expansão se deve ao poder atuante do Espírito Santo, que batizou a igreja em
pentecostes e a tornou vencedora na tarefa de conquistar vidas para o Reino de Jesus.

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Prefácio - 1:1-5
2. A ascensão de Jesus - 1:6-11
3. O início da Igreja - 1:12-2:47
4. A Igreja em Jerusalém - 3:1-5:42
5. A Igreja na Palestina - 6:1-8:40
6. A conversão de Saulo – 9:-31
7. Ministério de Pedro na Palestina, primeiros gentios convertidos - 9:32-11:18
8. A Igreja em Antioquia - 11:19-30
9. Expansão da Igreja de Antioquia a Roma - 13:1-28:31

ROMANOS

INTRODUÇÃO
Nenhum dos livros do Novo Testamento foi aceito como canônico antes da epístola aos Romanos, pois
quando se fizeram as primeiras declarações sobre o cânon - 13:1, a epístola aos Romanos sempre foi incluída, e
isso nos pronunciamentos de grupos ou pessoas ortodoxos ou heréticos.
Essa epístola foi escrita antes de qualquer dos evangelhos, com uma única possível exceção do evangelho de
Marcos, ainda que, em ordem cronológica, ela apareça em sexto lugar entre os escritos de Paulo.

A epístola aos Romanos é a mais longa, mais sistemática e a mais profunda de todas as epístolas de
Paulo. Isso deve-se, com certeza, ao fato de a epístola ser dirigida a uma igreja onde Paulo nunca tinha ido.
Não foi Paulo que a organizou, que a discipulou e doutrinou. (1:10-15)

AUTOR
Apesar de Tércio citar-se como escritor da epístola, é certo que ele foi apenas o escrevente do que Paulo
ditava. Muito já se disse acerca de Paulo não enxergar bem, por isso ele mesmo não escrevia diretamente suas
cartas, com exceção da epístola aos Gálatas, que ele escreveu em letras grandes (6:11). A epístola aos
Romanos nunca sofreu dúvidas, acerca da sua autoria paulina.

DATA
A data em que foi escrita, situa-se próxima do ano 58, em virtude das dificuldades que passava a igreja em
Jerusalém, que todos estudiosos a datam próxima do ano 58. (Rim 15:25-26)

LOCAL
O apóstolo Paulo se achava em Corinto (15:25-26 conf. II Co 8:1-9:15)

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

DESTINO
É indiscutível o destinatário da carta, diferente do proposto no início da carta: 1:7

TEMA PRINCIPAL
Não podemos delimitar a carta aos Romanos a um único tema. O capítulo 8 é o mais profundo de todos, e
nele está o tema central da carta, se assim o podemos chamar. A carta está dividida em partes temáticas que são:

a) A justiça de Deus que requer um plano de redenção para o homem - caps. 1 a 3


b) A fé é o veículo pelo qual fluem as bênçãos de Cristo - caps. 4 a 5
c) Cristo é a justiça de Deus que pode ser imputada aos homens - caps. 5 a 8
d) A identificação espiritual com Cristo mediante o batismo espiritual - cap. 6
e) O conflito entre a antiga e a nova natureza - cap. 7
f) As relações entre Israel e a Igreja Cristã - caps. 9 a 11
g) A conduta cristã ideal diante do mundo, da igreja e dos irmãos - caps. 12 a 16

PROPÓSITO
O propósito principal da carta é orientar os cristãos de Roma contra os judaizantes, que exigiam para os
cristãos a prática dos mesmos ritos judaicos como instrumentos de salvação. Havia também, o problema de
novos cristãos que não abandonavam as festas pagãs de Roma, abusando assim da liberdade cristã. Paulo tinha
também o propósito de ensinar e orientar de forma ordeira e completa as mais importantes verdades cristãs e
suas influências na vida cotidiana do cristão.

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Introdução e saudação - 1:1-7
2. Destinatários - 1:8-15
3. O primeiro grande tema - 1:16-17
4. A necessidade do Evangelho - a condenação dos gentios - 1:18-32
5. A necessidade do Evangelho - a condenação dos judeus - 2:1-3:8
6. A necessidade do Evangelho - a condenação de todos os homens - 3:9-20
7. O plano de salvação e o instrumento da justiça de Deus: a fé - 3:21-31
8. A promessa a Abraão, a base da justiça de Deus - 4:1-25
9. O resultado da justificação - 5:1-21
10. Os aspectos da justiça prática - 6:1-7:25
11. O resultado da salvação, a vida no Espírito - 8:1-39
12. A relação da justiça para o judeu - 9:1-11:36
13. A aplicação da justiça à vida da igreja - 12:1-15:13
a) Chamada à consagração - 12:1-2
b) O emprego dos dons - 12:3-8
c) Relações pessoais - 12:9-21
d) Relações políticas - 13:1-7
e) Relações públicas - 13:8-14
f) Relações fraternais - 14:1-15:13
14. Conclusão - 15:14-33
15. Saudações pessoais - 16:1-24
16. Bênção - 16:25-27

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

I e II CORÍNTIOS

INTRODUÇÃO
Estas cartas são, na realidade, a Segunda e terceira que o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios (1 Co 5:9). A
primeira carta está até hoje perdida, não se tendo condições de supor seu conteúdo; algumas colocações de I
Coríntios nos ajudam a vislumbrar apenas algumas coisas que Paulo escreveu na carta perdida. A questão
principal desta I carta é a reação insatisfatória da igreja quanto ao que Paulo expunha na carta perdida. Apolo e
Cefas tinham se retirado para outro campo, e a igreja em Corinto, privada de liderança, estava passando por
alguma confusão de doutrina e prática.
Em meio a toda essa confusão, Estefanas, Fortunato e Acaio, três membros da igreja de Corinto, vão até Éfeso,
levando donativos da igreja para Paulo e também uma carta, contendo certas perguntas, que Paulo responde na I
carta.
Todo o alvoroço que sempre abateu sobre a igreja de Corinto, gerou a 2 carta de Paulo. Carta essa, muito mais
voltada a assuntos pessoais e de defesa do apostolado de Paulo diante de muitos oponentes judaizantes.

AUTOR
As evidências internas e externas das duas cartas são tão contundentes que não há outra possibilidade além da
autoria paulina para ambas.

DATA
Para a primeira carta, a data mais provável é no inverno de 55, no auge de seu trabalho na igreja de Éfeso. A
segunda carta, supõe-se ter sido escrita cerca de 6 meses após a primeira. (I Co 16:5-8; At 24:17; II Co 7:6-16)

LOCAL
O local mais provável é a cidade de Éfeso, conforme os textos acima.

DESTINO
Não há dúvidas quanto ao destinatário desta carta, a saber, a Igreja em Corinto.

TEMA PRINCIPAL
O tema principal de I Coríntios podemos definir como: “A doutrina da cruz na sua aplicação social”. E, o da
Segunda carta: “O ministério de Paulo como vocacionado por Cristo.”

PROPÓSITO
O propósito das duas cartas aos Coríntios, como o de outras mais, é o de rebater heresias judaizantes que se
infiltravam sorrateiramente no seio da igreja e podiam corromper e destruir a evidência da graça de Cristo, bem
como a liberdade de vida que a graça nos proporciona.

PRINCIPAIS DIVISÕES
I Coríntios
1. Saudação - 1:1-9
2. Resposta ao relatório dos “da família de Cléo” - 1:10-6:20
a) Lutas e facções - 1:10-3:23
b) Defesa do ministério de Paulo - 4:1-21
c) Crítica à imoralidade - 5:1-13
d) Crítica aos pleitos judiciais - 6:1-11
e) Resposta ao libertiníssimo - 6:12-20

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

3. Resposta às perguntas contidas na carta da Igreja a Paulo - 7:1-16:8


a) Casamento - 7:1-24
b) Virgens - 7:25-40
c) Coisas sacrificadas a ídolos - 8:1-11:1
d) Problemas da adoração - 11:2-34
e) Dons espirituais - 12:1-14:40
f) A ressurreição do corpo - 15:1-58
g) A coleta - 16:1-9
4. Saudações finais - 16:10-24

II Coríntios

1. Saudação - 1:1-2
2. Explicação da conduta pessoal - 1:3-2:13
3. A defesa do ministério - 2:14-7:4
a) A natureza do ministério - 2:14-3:18
b) A sinceridade do ministério - 4:1-6
c) A perseverança do ministério - 4:7-15
d) A perspectiva do ministério - 4:16-5:10
e) As sanções do ministério - 5:11-19
f) O exemplo do ministério - 5:10-6:10
g) O apelo do ministério - 6:11-7:4
4. Comentário sobre os efeitos da carta - 7:5-16
5. A graça de dar - 8:1-9:15
6. Defesa pessoal - 10:1-12:13
7. Preparação para a visita - 12:14-13:10
8. Saudação final - 13:11-14

GÁLATAS

INTRODUÇÃO
A carta aos Gálatas pode muito bem ser chamada de “a Carta Magna da emancipação espiritual”, ao declarar
que “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se, ele mesmo, maldição por nós...para que pela fé nós
recebamos a promessa do Espírito”. (Gl 3:13-14)
A carta deixa transparecer, que seu autor se apercebia de que nem gentios nem judeus podiam ser libertos dos
seus pecados pelos esforços próprios, ao procurar aderir a um sistema de princípios éticos. Alguns gostam de
chamá-la de a “Declaração da Independência Cristã”.

AUTOR
A carta aos Gálatas é a última do grupo chamado de “clássicos paulinos”, pois todas as evidências internas e
externas apontam para um único autor, a saber, Paulo. Ou essas quatro cartas são paulinas ou não.
Fundamentando-se um autor para qualquer uma delas, fundamenta-se para as demais.

DATA
A data mais provável situa-se entre os anos de 54 e 55, apesar de alguns quererem datá-la em 49, o que é
improvável, tendo em vista que Paulo deve Ter-se convertido entre os anos de 31 e 32, e ele mesmo, na carta,
apresenta o tempo decorrido de 14 anos até a aceitação de seu ministério apostólico, o que nos leva ao ano de 45
ou 46 para o início do ministério paulino. É certo que Paulo visitou a região na sua primeira viagem
missionária, contudo, não foi tão imediatamente que Paulo escreveu a carta a uma igreja já organizada.

LOCAL

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

O local mais provável é a cidade de Antioquia, antes da assembléia de Jerusalém (At 15:1-11). Esta carta
pode ter sido um dos motivadores da assembléia.

DESTINO

O termo Galácia é ambíguo, pois indicava duas regiões distintas: a Galácia do Norte, na Ásia Menor; ou a
região romana da Galácia, no sul da Ásia menor. Contudo, as evidências maiores apontam para a região
Romana da Galácia, onde há evidências da estada de Paulo e onde Paulo fundou igrejas em outras cidades,
como: Listra, Icônio, Derbe, etc... (At 13:14-14:23)

TEMA PRINCIPAL
O tema é indubitavelmente: “a justificação pela fé e não por obras”.

PROPÓSITO
O propósito da Paulo ao escrever esta carta é registrar um protesto contra a distorção do evangelho de Cristo,
quando da exigência de se guardar a lei. A carta nos traz a indignação do apóstolo, diante da quebra de um
princípio espiritual em favor de um erro legalístico. Para conferir, basta ler o texto de Gl 1:8.

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Introdução - 1:1-9
2. O único e verdadeiro evangelho - 1:6-10
3. A comissão apostólica de Paulo - 1:11-17
4. Relações de Paulo com os demais apóstolos - 1:18-2:10
5. O evangelho de Paulo, independente das pressões apostólicas - 2:11-18
6. A fé de Paulo e sua independência da lei - 2:15-21
7. A vitória da graça divina e o fracasso do legalismo - 3:1-4:31
8. A responsabilidade do cristão debaixo da graça - 5:1-6:10
9. Conclusão - 6:11-18
a) A origem da liberdade: a cruz - 6:11-16
b) O preço da liberdade: o sofrimento - 6:17
c) A bênção da liberdade - 6:18

EFÉSIOS

INTRODUÇÃO

A carta aos Efésios é a primeira das quatro cartas da prisão – acrescente-se mais Filipenses, Colossenses e
Filemon – pois todas fazem menção às prisões de Paulo (Ef 3:1; 4:1; 6:20; Fp 1:12-13; Cl 1:24; Fm 1)
Supõe-se que a necessidade de escrever uma carta a Filemon acerca de Onésimo, motivou a Paulo escrever
outras mais às igrejas da Ásia que ficavam próximas de Colossos, onde residia Filemon. É provável que a
carta aos Efésios fosse uma encíclica que deveria circular por todas as igrejas da Ásia, talvez por isso a carta não
traga dedicatória pessoal. A dedicatória registrada no início da carta, pode ser uma inserção na cópia destinada
à igreja de Éfeso. Esta carta é o único escrito do Novo Testamento a trazer o termo “igreja”, num sentido
universal e não apenas local.

AUTOR

Há pouco espaço para dúvidas quanto a autoria Paulina para esta carta, pois a forma como está escrita,
demonstra ser de alguém que possui íntimo relacionamento com essa igreja e ninguém melhor que seu fundador.

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

DATA

A época provável de produção desta carta é entre os anos 56 e 61, durante o período da prisão de Paulo.

LOCAL

A opinião geral é de que foram escritas em Roma. Tanto as evidências internas (Ef 3:1; 4:1; 6:20-21) quanto
externas (Fp 1:13, 22-23; 4:22) apontam para Roma.

DESTINO

Como já foi dito, o mais provável é que esta carta era uma circular a todas as igrejas da Ásia, e que nos restou
apenas o manuscrito destinado a Éfeso.

TEMA PRINCIPAL

O tema principal é: A Igreja de Jesus, O propósito de Deus ao estabelecê-la, sua doutrina e prática.

PROPÓSITO

É muito evidente que esta carta não foi escrita para novos convertidos. Seu propósito primeiro é fortalecer
doutrinariamente os líderes das igrejas da Ásia, pois, para compreendê-la é necessário já ter alcançado uma certa
maturidade e experiência na vida cristã.
As divisões do texto de Efésios sucedem-se logicamente, conduzindo o crente, de uma compreensão da origem
da sua salvação no pensamento e ação do Deus Triuno, à aplicação prática dessa salvação na vida diária.

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Introdução - 1:1-2
2. A constituição da Igreja, pelo Pai, no Filho e mediante o Espírito - 1:3-14
3. A consciência da Igreja - 1:15-23
4. A criação da Igreja, o meio e propósito - 2:1-10
5. A concórdia da Igreja, união entre judeu e gentio - 2:11-22
6. A chamada da Igreja - 3:1-21
7. A conduta da Igreja - 4:1-6:9
a) Seu ministério - 4:1-16
b) Seus padrões morais - 4:17-5:14
c) Seu comportamento coletivo perante o mundo - 5:15-21
d) Seus padrões domésticos - 5:22-6:9
8. O conflito da Igreja, sua real batalha - 6:10-20
9. Conclusão - 6:21-24

FILIPENSES

INTRODUÇÃO
De todas as cartas da Paulo destinadas a igrejas, esta é a mais pessoal. Em todas as suas páginas, emprega-se
a primeira pessoa do pronome pessoal, nada menos do que cem vezes. A igreja de Filip os tinha-lhe sido muito
fiel, e Paulo sentia que podia falar-lhe livremente das suas tribulações e ambições espirituais.

AUTOR

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

Todas controvérsias e evidências pertinentes à carta aos Efésios enquadram-se igualmente aos Filipenses.

DATA
A data da carta aos Filipenses é a mesma para aos Efésios entre os anos 56 e 61, durante o período da prisão de
Paulo, ou, quando muito, ao final do período de prisão de Paulo.

LOCAL
O local é igualmente o mesmo da carta aos Efésios, a saber, a cidade de Roma.

DESTINO
Os destinatários da carta são os crentes da igreja em Filipos, que Paulo havia evangelizado há cerca de 10 anos
antes e que haviam abraçado o evangelho com muito ardor. À igreja pertenciam muitas mulheres. Esta igreja
sustentou-o no começo de seu ministério na Macedônia e que agora estava contribuindo novamente com Paulo,
procurando aliviar as dores da prisão.

TEMA PRINCIPAL
Há dois temas principais nesta carta: O Evangelho e a Alegria.

PROPÓSITO
Há alguns propósitos bem definidos na carta:
1. Encorajar uma boa acolhida aos mensageiros Timóteo e Epafrodito e desarmar qualquer crítica
contra Epafrodito. (Fp 2:19 e ss.)
2. Havia muitas dificuldades de relacionamentos na igreja, por questões pessoais. 2:1-4:14; 4:2
3. Agradecer o sustento que a igreja sempre enviou a Paulo em momentos oportunos. 1:15; 4:10s
4. Animar a igreja a permanecer firme em meio às perseguições. 1:27, 2:15 e 4:1

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Saudações - 1:1-2
2. Ação de graças pela comunhão pessoal - 1:3-11
3. A coragem pessoal de Paulo - 1:12-26
4. Encorajamento aos filipenses - 1:27-30
5. Características da vida cristã - 2:1-18
6. Acolhida aos mensageiros - 2:19-30
7. Aviso contra o legalismo - 3:1-4:1
8. Conselhos finais - 4:2-9
9. A carta de gratidão - 4:10-20
10. Saudações finais - 4:21-23

COLOSSENSES

INTRODUÇÃO

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

Colossenses e Efésios são epístolas gêmeas. Suas semelhanças são tão grandes que alguns críticos julgaram
que Efésios era uma cópia de Colossenses. É certo que Paulo não plantou essa igreja. Talvez, como fruto de
seu ministério em Éfeso, Timóteo e Epafras tenham ido a Colossos e plantado essa igreja. (1:7; 2:1)

AUTOR
Como já foi dito anteriormente, Colossenses faz parte do segundo grupo de escritos paulinos, o das cartas da
prisão, que, igualmente, não sofrem muitos ataques quanto à autoria paulina.

DATA
A época provável de produção da carta é entre os anos 56 e 61, durante o período da prisão de Paulo.

LOCAL
Como já foi dito anteriormente, o local mais provável de produção desta carta, é a cidade de Roma.

DESTINO
Os crentes de Colossos, aos quais Paulo não havia doutrinado. (1:7; 2:1)

TEMA PRINCIPAL
O tema principal é a apresentação da pessoa de Cristo, como preeminência para a salvação pela graça, acima
de qualquer realização de boas obras ou cerimonialismos.

PROPÓSITO

O propósito é de combater as heresias místicas que valorizavam as emoções acima da fé, nas palavras de
Cristo; que promoviam mais os anjos do que Jesus (2:18).
PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Saudação - 1:1-2
2. A preeminência de Cristo nas relações pessoais - 1:3-2:7
3. A preeminência de Cristo na doutrina - 2:8-3:4
4. A preeminência de Cristo na Ética - 3:5-4:6
a) Negativamente – despojai-vos - 3:5-11
b) Positivamente - revesti-vos - 3:12-17
c) Nas relações familiares - 3:18-4:1
d) Em geral - 4:2-6
5. Saudações pessoais - 4:7-18

I e II TESSALONICENSES

INTRODUÇÃO
Estas duas cartas foram escritas muito próximas uma da outra, durante o ministério de Paulo na região
da Acaia. A primeira foi escrita após a recepção do relatório que Timóteo levou para Corinto. E a segunda para
corrigir distorções de compreensão quanto à primeira carta.
A primeira e a segunda epístolas aos Tessalonicenses figuram entre os mais antigos escritos de Paulo e
testificam que a mensagem que Paulo pregava não era novidade naqueles dias; outros já estavam pregando a
mesma fé.

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AUTOR
Estas cartas são as últimas do grupo de escritos irrefutáveis de Paulo. Nos falta ver apenas Filemon.

DATA

Estas duas cartas pertencem, cronologicamente, à estada de Paulo em Corinto em finais de 51. Separam-nas
poucos meses.

LOCAL

Ao que tudo indica, Paulo estava na região da Acaia, mais precisamente na cidade de Corinto.

DESTINO

Os destinatários são os crentes de Tessalônica. Igreja plantada por Paulo e que, devido a sua saída apressada da
cidade, faltou firmar alguns conceitos cristológicos, aos quais Paulo se dedica nesta carta.

TEMA PRINCIPAL
O tema principal da primeira carta é o louvor pela firmeza dos tessalonicenses perante a perseguição dos
judeus e a correção de erros e mal entendidos que tinham surgido no meio deles. O principal mal entendido
doutrinário, dizia respeito à volta de Cristo.
Já a Segunda carta foi escrita para, principalmente, combater a ideia incorreta de que o dia de Cristo estava já
perto. Talvez, a veemência com que Paulo tratou do assunto na primeira carta, tenha gerado esse
sentimento, ao qual Paulo procurou corrigir, ou quem sabe alguém estava introduzindo heresias na igreja (2:2).

PROPÓSITO

Firmar entre seus filhos na fé de Tessalônica o conceito que, com certeza ele já havia exposto, da volta
eminente de Cristo. Contudo, apesar dessa volta ser certa, ela não aconteceria tão brevemente quanto alguns
julgavam.

PRINCIPAIS DIVISÕES

I Tessalonicenses
1. Saudação - 1:1
2. O estado da Igreja - 1:2-10
3. Relacionamento de Paulo com a igreja - 2:1-3:13
4. Os problemas da igreja - 4:1-5:11
a) Moralidade sexual - 4:1-8
b) Conduta social - 4:9-12
c) O estado dos mortos - 4:13-18
d) Os tempos e estações - 5:1-11
5. Exortações finais e saudação - 5:12-28

II Tessalonicenses
1. Saudação - 1:1-2
2. Expectativa na perseguição - 1:3-12
3. Explicação dos acontecimentos presentes e futuros - 2:1-17
4. Exortações à prontidão - 3:1-15

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

a) À oração - 3:1-5
b) À atuação - 3:6-15
5. Bênção e despedida - 3:16-18

I e II TIMÓTEO

INTRODUÇÃO
Estas cartas são muito importantes para a composição da história de Paulo e da Igreja antiga. Elas nos trazem
evidências de que Paulo foi absolvido e solto da sua primeira prisão – quando escreveu as cartas da prisão – e
nos mostram também uma igreja mais estruturada, e não apenas caseira.
A nova batalha da Igreja era contra a inúmeras heresias e atitudes pagãs que estavam se infiltrando, ao que
Paulo exorta a Timóteo para que agisse com firmeza contra elas. Na nova realidade eclesiástica, os cargos e
funções eram fixos e atraíam alguns que buscavam evidência, assim como o culto tornou-se um cerimonial mais
sistemático. O surgimento da Segunda ou terceira geração de cristãos diminuiu a vitalidade da igreja iniciante.
Discutir doutrinas, tornou-se mais importante do que evangelizar e testemunhar.

AUTOR
As duas cartas a Timóteo e mais Tito, pertencem a um grupo de escritos cuja autenticidade tem sido disputada,
devido às diferenças entre elas e o conjunto da literatura paulina. Mas, na mesma medida em que elas trazem
dúvidas quanto a autoria, trazem também evidências que nos apontam para Paulo. Visto que o vocabulário e o
estilo podem variar com a idade e com as circunstâncias vividas, preferimos optar pela autoria paulina.

DATA
Não se tem nenhuma dica interna ou externa quanto à data de autoria destas epístolas. Sabe-se apenas que ao
final do primeiro século elas já estavam em circulação. Alguns sugerem uma data entre 60 e 64. Quem não as
considera como de autoria paulina, datam-nas entre 64 e 68 ou até 90.

LOCAL
Por não se ter certeza quanto ao autor, a data e o local tornam-se impossíveis de serem aferidos.

DESTINO
Considerando-se a autoria paulina, seus destinatários eram os jovens ministros que Paulo colocou à frente das
igrejas que ele fundou. A Timóteo, Paulo colocou à frente da igreja em Éfeso.

TEMA PRINCIPAL
Há três temas básicos nas duas cartas:
1. A necessidade de combater heresias
2. A necessidade de encorajar os jovens ministros
3. A necessidade de instrução quanto à vida cristã

PROPÓSITO

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

O propósito de Paulo é escrever uma carta pessoal a um colega de ministério, que ele formou e que estava
passando por dificuldades no trato da igreja, e das questões sociais e doutrinárias de sua época, visando com
isso, delinear uma conduta correta de Timóteo diante dessas pressões.

PRINCIPAIS DIVISÕES
I Timóteo
1. Saudação - 1:1-2
2. Necessidade de refutar os falsos ensinamentos - 1:3-7
3. O uso apropriado da lei - 1:8-11
4. A experiência de Paulo - 1:12-17
5. A comissão de Timóteo - 1:18-20
6. A fé cristã é para todos - 2:1-7
7. A adoração pública e as mulheres - 2:8-15
8. Qualificações dos pastores, presbíteros e bispos - 3:1-7
9. Qualificações dos diáconos - 3:8-13
10. A igreja em seu caráter ideal - 3:14-16
11. Os adversários da igreja - 4:1-5
12. O ministro ideal de Cristo - 4:6-16

13. O ministro e os grupos específicos - 5:1-6:19


a) Viúvas - 5:1-16
b) Anciãos - 5:17-19
c) Crentes decaídos - 5:20-25
d) Escravos - 6:1-2
e) Falsos encenadores - 6:3-8
f) Pessoas avarentas - 6:9-10
g) Homens de Deus - 6:11-16
h) Os ricos e a riqueza - 6:17-19
14. Saudação final - 6:20-21

II Timóteo
1. Saudação - 1:1-2
2. O padrão pastoral - 1:3-3:17
3. Como o ministro ideal cumpre seu ministério - 4:1-8
4. Questões pessoais relativas a Paulo - 4:9-18
5. Saudações e exortações finais - 4:19-22

TITO

INTRODUÇÃO
Tendo Paulo saído de Éfeso, foi para a Macedônia e dali para Creta. Nessa ocasião passou um tempo ali e
iniciou uma igreja, na qual deixou Tito para completar sua organização. As informações que Paulo recebe a
seguir acerca da igreja em Creta é desanimadora: os homens eram relaxados, as mulheres de idade fofoqueiras e
beberronas, as mais novas ociosas e dadas a casos amorosos.
Talvez, todo esse quadro a que Tito deveria corrigir, deve-se ao conceito distorcido dos cretenses quanto à
liberdade cristã e à ética cristã.

AUTOR, DATA e LOCAL

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

Todas as questões levantadas em relação às cartas a Timóteo enquadram-se também a Tito, no que diz respeito
ao autor, a data e ao local.

DESTINO
O destinatário da carta é Tito, um dos primeiros gentios convertidos, servindo-o de exemplo quando da
assembléia de Jerusalém. (Gl 2:1-3) Paulo deixou Tito em Creta, e é precisamente onde ele está quando
recebe esta carta de Paulo.

TEMA PRINCIPAL e PROPÓSITO


O tema e o propósito da carta a Tito é o mesmo da carta a Timóteo, excetuando-se a apresentação de um credo
de fé. O credo de fé é:
1. Deus - 2:10-11; 3:4, 6
2. Jesus Cristo - 2:13-14; 3:6
3. Espírito Santo - 3:5
4. Trindade - 3:5-6
5. Salvação - 2:11; 3:5
6. Justificação - 3:7
7. Santificação - 2:12, 14
8. Vida eterna - 3:7
9. Volta de Cristo - 2:13

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Saudação - 1:1-4
2. Qualificações dos Anciãos ou Supervisores - 1:5-8
3. Dever dos supervisores de combater as heresias - 1:9-16
4. Dever dos supervisores quanto à igreja - 2:1-10
5. Conduta dos supervisores e a volta de Cristo - 2:11-15
6. A conduta cristã num mundo pagão - 3:1-11
7. Instruções e saudações finais - 3:12-15

FILEMON

INTRODUÇÃO
A carta a Filemon foi escrita ao mesmo tempo e nas mesmas circunstâncias que aos Efésios e Colossenses. É
a última (na verdade, considera-se como a primeira) carta da prisão. Veja mais detalhes na introdução da carta
aos Efésios.

AUTOR
Indubitavelmente, o apóstolo Paulo.

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

DATA
A época provável de produção da carta é entre os anos 56 e 61, durante o período da prisão de Paulo.

LOCAL
Quase com certeza a cidade de Roma.

DESTINO
O destinatário desta carta é um rico comerciante de Colossos que, com certeza, já havia se convertido ao
cristianismo sob os cuidados do apóstolo Paulo.

TEMA PRINCIPAL
O tema principal da carta é o amor e perdão.

PROPÓSITO
O propósito da carta é encaminhar Onésimo de volta ao seu senhorio em Colossos de tal forma que ele fosse
aceito de volta sem sofrer uma disciplina corretiva por parte de Filemon, que poderia custar até a morte de
Onésimo.

PRINCIPAIS DIVISÕES

1. Saudação - 1-3
2. Comunhão - 4-7
3. Pedido em favor de Onésimo - 8-21
4. Pedido de hospitalidade - 22
5. Saudações de alguns amigos de Paulo - 23-24
6. Bênção - 25

HEBREUS

INTRODUÇÃO

A carta aos Hebreus não é propriamente uma carta. Somente o capítulo 13, é que caracteriza Hebreus como
uma carta. Excluindo-se esse capítulo, Hebreus torna-se um livro de comparações entre a velha e a nova
dispensação, entre o velho e o novo testamento. A melhor definição para Hebreus é a de um discurso.

AUTOR
O autor de Hebreus não revela seu nome e nem circunstâncias que poderiam nos levar à sua pessoa. O certo é
que era alguém de alta competência literária; que não era discípulo imediato de Cristo (2:3); era muito versado
no Antigo Testamento da Septuaginta; era amigo de Timóteo (13:23) e, provavelmente, do círculo de influência
de Paulo.

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

A igreja oriental (ortodoxa), desde os primeiros tempos considera esta carta como produto de Paulo. Eusébio
declarou, que Clemente de Alexandria afirmava que Paulo a escrevera em hebraico, e que Lucas a traduzira para
o grego. Orígenes já preferia dizer que só Deus sabe quem foi que realmente escreveu esta carta.

DATA
A epístola foi escrita já na Segunda geração de cristãos (2:1-4) e decorrido um considerável espaço de tempo
de suas conversões (5:12; 10:32) e seus antigos líderes já haviam morrido (13:7). Timóteo tinha estado na
prisão, mas continuava vivo (13:23). As alusões ao sacerdócio, indicam que o templo ainda estava de pé. Tudo
isso nos leva a uma data próxima do ano 70. (67-70)

LOCAL
O local em que a carta foi escrita é impossível de ser identificado.

DESTINO
O destinatário da carta aos Hebreus é desconhecido, pois a carta não contém qualquer saudação formal.

TEMA PRINCIPAL
O tema da carta gira em torno da palavra “melhor”, empregada numa série de comparações para mostrar como
a revelação de Deus em Cristo é superior à revelação dada através da lei, e é final e definitiva.

PROPÓSITO
O propósito da carta aos Hebreus é solucionar um dilema que tomou conta da igreja antiga. À medida que os
gentios iam se convertendo a Cristo, mais os judeus e seus cerimoniais perdiam espaço na vida da igreja.
Muitos judeus começaram a reafirmar os ritos judaicos antigos para a vida da igreja, o que aumentou mais ainda
o conflito entre judeus e gentios. Em meio a esse quadro, surge a carta aos Hebreus, propondo uma nova visão
do judaísmo, sob o prisma cristão. Os ritos antigos eram apenas para apontar para o ministério do Messias.
Uma vez que o Messias já havia vindo, os ritos perderam sua força e necessidade em favor de uma nova
realidade, muito maior e mais abrangente que a antiga.

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. O melhor mensageiro: o Filho - 1:1-2:18
2. O melhor apóstolo - 3:1-4:13
3. O melhor sacerdote - 4:14-7:28
4. O melhor concerto - 8:1-9:28
5. O melhor sacrifício - 10:1-31
6. O melhor caminho: a fé - 10:32-12:29
7. Conclusão: à prática da fé - 13:1-17
a) Nas relações sociais - 13:1-6
b) Nas relações espirituais - 13:7-17
8. Saudações pessoais - 13:18-25

TIAGO

INTRODUÇÃO
A carta de Tiago exibe notável semelhança com nosso Senhor. Uma comparação desta carta com o sermão do
monte, revela pelo menos doze claros paralelismos. Escolhido como moderador da igreja de Jerusalém após o
pentecostes, Tiago deu à sua epístola um ar de autoridade sem presunção. Sem apresentar qualquer apologia,
seus 108 versículos trazem 54 mandamentos.

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

AUTOR
Tradicionalmente se atribui a autoria desta carta a Tiago, irmão do Senhor e Moderador da assembléia de
Jerusalém, que também era irmão de Judas (Jd 1; Gl 1:19; 2:9, 12; I Co 15:7; At 12:17; 15:13 e 21:18). Tiago,
filho de Zebedeu e irmão de João, foi decapitado a mando de Herodes Agripa em 44. Outros Tiagos bíblicos
não dispunham de influência suficiente para escreverem uma carta dessa importância.

DATA
A escassez de discussão cristológica, a forte ênfase sobre a ética e os paralelos evidentes com o ensino de
Jesus, parecem indicar que a epístola foi escrita numa época em que a igreja ainda se situava dentro da esfera
geral do judaísmo e antes de ser transformada num movimento religioso independente. Embora não seja
possível provar conclusivamente que a epístola de Tiago tivesse sido escrita em época tão recuada como 45-50,
o seu conteúdo enquadra-se bastante bem nessa época. Como a história aponta a morte de Tiago, irmão do
Senhor, para algo em torno de 60 a 66, esta carta deve, obrigatoriamente, ser anterior a esse fato.

LOCAL
A maior evidência aponta para Jerusalém, contudo, qualquer outro centro do judaísmo fora da Palestina,
também se torna possível, como Alexandria.

DESTINO
A carta de Tiago não é destinada a uma única pessoa e nem a uma única igreja. Ela é, verdadeiramente
universal, isto é, destinada a toda a Igreja Cristã.

TEMA PRINCIPAL
O tema principal da carta é “a religião pura” (1:27). E, para Tiago, a religião pura não consiste apenas de
expressões de fé, mas sim, de que essa fé modifique nossa conduta vivencial, a fé prática, manifesta em obras
pessoais e coletivas.

PROPÓSITO
O propósito da carta é mostrar aos crentes fiéis, que vale a pena sofrer pela fé, e aos infiéis que necessitam
deixar de ser meros contempladores e faladores de sua fé, para tornarem-se praticantes da fé.

PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Saudação - 1:1
2. A natureza da verdadeira religião - 1:2-27
3. A natureza da verdadeira fé - 2:1-3:12
4. A natureza da verdadeira sabedoria - 3:13-5:18
5. Conclusão – o objetivo da sabedoria - 5:19-20

I PEDRO

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

INTRODUÇÃO
O texto da primeira carta de Pedro é de um grego elevado, de alguém que conhecia muito bem a língua, o que
tem provocado muitas discussões quanto à autoria de Pedro, um pescador galileu. Contudo, a carta não perde
sua importância para a vida da igreja, na época de Nero, e também para os nossos dias. I Pedro é uma carta aos
perseguidos, por sua fé em Jesus Cristo.
AUTOR
Todas as evidências externas apontam para Simão Pedro, o mais conhecido dos apóstolos. Contudo, um
estudo mais aprofundado do texto levantará muitas dúvidas quanto à autoria direta de Pedro.
DATA
As tradições afirmam que Pedro foi martirizado durante o reinado de Nero. As perseguições de Nero contra os
cristãos tiveram início no ano 64. Logo, a autoria desta carta está entre 65 e 67, após muitas das cartas de Paulo
já terem sido escritas.
LOCAL
A carta nos dá uma pista do local em que foi escrita: 5:13 menciona a Babilônia, o que, com muita certeza
deve ser uma referência simbólica da cidade de Roma.
DESTINO
A primeira carta de Pedro é dirigida aos crentes dispersos e perseguidos por Nero. (1:1)

TEMA PRINCIPAL
A enorme lista de termos imperativos demonstra que o tema da carta é mostrar aos crentes como devem viver
a sua redenção num mundo hostil. A salvação pode acarretar sofrimento, mas traz consigo a esperança na graça
de Deus, que se vai ampliando na vida do crente.
PROPÓSITO
No espírito de um pastor fiel, Pedro enviou esta carta pastoral a fim de confirmar o seu rebanho na
consoladora esperança do Espírito, enraizando-se nas paixões de Cristo, abstendo-se das paixões da carne e que
seus sofrimentos, por amor à justiça, Deus os transformaria em bênçãos.
PRINCIPAIS DIVISÕES
1. Introdução - 1:1-2
2. O caráter da salvação: Preservação - 1:3-12
3. As prerrogativas da salvação: santidade - 1:13-2:10
a) Santidade pessoal - 1:13-21
b) Santidade social - 1:22-25
c) Santidade eclesiástica - 2:1-10
4. O comportamento dos salvos - 2:11-3:12
a) Perante o mundo - 2:11-12
b) Perante o Estado - 2:13-17
c) Perante o lar - 2:18-3:7
d) Sumário - 3:8-12
5. A confiança dos salvos - 3:13-4:11
6. O conselho dos salvos - 4:12-5:11
7. Saudações finais - 5:12-14

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

II PEDRO

INTRODUÇÃO

Há uma grande diferença entre a primeira e a segunda epístola de Pedro. A segunda epístola está escrita num
grego menos fluente e mais inculto. Talvez Pedro tenha utilizado um amanuense diferente ou até quem sabe, o
próprio Pedro tenha transcrito a carta.
Enquanto a primeira carta se preocupa com o sofrimento, a segunda se preocupa com o conhecimento.

AUTOR

A Segunda carta de Pedro é uma das mais questionáveis quanto à autoria, até mesmo os pais da igreja
dividiam-se na questão. Contudo, se levarmos em conta a proximidade da morte de Pedro (1:13-14), esse fator
pode ter alterado toda lógica petrina que nos deixaria pistas mais convincentes. Mesmo quem diz que não foi
Pedro, não propôs nenhum outro autor de forma convincente. Portanto, preferimos considerá-la como sendo de
autoria do apóstolo Pedro.

DATA

Considerando-se a autoria petrina, a data provável está entre 66 e 67.

LOCAL

O local permanece o mesmo da primeira carta, a cidade de Roma.

DESTINO

Os destinatários são os crentes em geral (1:1), especialmente aos que haviam recebido a primeira carta (3:1), e
de uma região onde os escritos de Paulo circulavam com muita autoridade (3:15-16).

TEMA PRINCIPAL

Como já dissemos na introdução, o tema desta Segunda carta é o conhecimento, mais precisamente o
conhecimento de Cristo.

PROPÓSITO

O propósito do apóstolo é abordar o tema do conhecimento de Cristo para uma região, onde o gnosticismo, era
fortemente atuante e declarava ser impossível conhecer a divindade.

PRINCIPAIS DIVISÕES

1. Saudação - 1:1
2. A natureza do verdadeiro conhecimento - 1:2-21
3. O perigo de abandonar o conhecimento 2:1-22

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

4. A esperança no verdadeiro conhecimento - 3:1-18 a


5. Conclusão - 3:18b

I, II e III JOÃO

INTRODUÇÃO
Estas três cartas formam uma unidade com o evangelho de João: o evangelho foi escrito para despertar a fé; a
primeira carta foi escrita para estabelecer a certeza, a convicção; a segunda carta foi escrita para a igreja convicta
de sua fé e a terceira carta foi escrita para o pastor dessa igreja.
Alguns estudiosos querem supor que estas cartas foram escritas por discípulos de João, preocupados com as
heresias que estavam adentrando a igreja após a morte do apóstolo, reafirmando seus ensinamentos. Contudo
tal afirmação, somente pode situar-se no campo das conjecturas.

AUTOR
Se os critérios de vocabulário e estilo são, porventura, adequados para a atribuição de autoria, estas três breves
cartas devem ser atribuídas a um só autor, o mesmo que escreveu também o quarto evangelho, a saber, o
apóstolo João.
DATA
A data é indeterminada. A data mais sugerida é nos últimos 15 anos do primeiro século.
LOCAL
O local divide-se entre a cidade de Éfeso e a ilha de Patmos.
DESTINO
O destino mais provável é para as igrejas da Ásia Menor (ou uma igreja específica, mas não mencionada,
talvez Éfeso). Alguns sugerem as sete de Apocalipse, ou uma delas.
TEMA PRINCIPAL
Cristo é o verbo de Deus feito carne (I Jo 1:1-3) e com quem podemos manter comunhão, ao permanecermos
na verdade de Deus.
PROPÓSITO
O propósito da primeira carta é combater o gnosticismo na pessoa de Cristo, afirmando que quem nega o Ser
de Cristo é anticristo (2:22) e antideus (4:2-3) e não conhece a verdade de Deus.
A segunda carta abrange o mesmo propósito, mas de forma mais direta a uma igreja e, na terceira carta a um
pastor, encorajando-o a permanecer na verdade.

PRINCIPAIS DIVISÕES
I João
1. Introdução – a manifestação histórica da vida – 1:1-4
2. A certeza obtida pelo caminhar na Luz - 1:5-2:29
a) Na conduta espiritual pessoal - 1:5-2:6
b) Nas relações sociais - 2:7-11
c) Na separação do mundo - 2:12-17

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

d) No apego à verdade - 2:18-29


3. A certeza obtida pela permanência no Amor - 3:1-4:21
a) A prova ética do amor - 3:1-12
b) A prova social do amor - 3:13-24
c) A prova teológica do amor - 4:1-6
d) A prova afetiva do amor - 4:7-21
4. A certeza mediante o exercício da fé - 5:1-12
5. Conclusão – as resultantes certezas da vida - 5:13-21

II João
1. Saudação - 1-3
2. Exortações – ao amor, obediência, vigilância e recusa do erro - 4-11
3. Conclusão - 12-13

III João
1. Introdução - 1-4
2. Encorajamento aos que trabalham pela verdade - 5-8
3. Reprovando os inimigos da verdade - 9-11
4. Em louvor do testemunho da verdade - 12
5. Conclusão - 13-14

JUDAS

INTRODUÇÃO
A fraseologia da carta e até algumas passagens internas apontam para uma proximidade desta carta com a
segunda de Pedro, ou até para a mesma época. A epístola de Judas ou era desconhecida, ou foi voluntariamente
ignorada pelos pais da igreja do segundo século. Encontra-se nos escritos de Policarpo, referências semelhantes
às encontradas na carta de Judas, o que revela sua antiguidade. Muito se questionou sobre sua autenticidade
canônica. Mas, para nós, hoje, o que vale é que ela aí está.

AUTOR
O autor da carta é, sem dúvida, o irmão de Tiago, moderador da igreja de Jerusalém e irmão de Jesus. Este
Judas não era um apóstolo (17).

DATA
A data em que foi escrita é indefinível. Alguns sugerem 67 ou 68 e outros 80.

LOCAL
O local em que foi escrita é igualmente indefinível.

DESTINO
O fato de a epístola ter sido aceita primeiramente em Roma e cercanias, leva-nos a supor que Judas escreveu a
carta a cristãos em Roma. Pelo conteúdo da carta, pode-se supor que ela foi, primeiramente, levada aos cristãos
da Ásia Menor, que estavam em confronto com os gnósticos e posteriormente para Roma.

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

TEMA PRINCIPAL
O tema da carta é a soberania de Cristo, protegendo seus servos e punindo os rebeldes contra Deus.

PROPÓSITO

O propósito é combater a heresia do gnosticismo e a apostasia que ele gerava, e instruir sobre a natureza da
verdadeira fé que merece que lutemos e morramos por ela. A carta nos traz uma da mais bela bênção das
escrituras (24-25).

PRINCIPAIS DIVISÕES

1. Saudação - 1-2
2. O propósito central da carta - 3-4
3. Exemplos históricos de apostasia - 5-7
4. Denúncia dos encenadores heréticos - 8-13
5. A condenação desses encenadores heréticos - 14-16
6. A advertência dos apóstolos contra eles - 17-19
7. Os verdadeiros crentes triunfarão - 20-23
8. Bênção final - 24-25

APOCALIPSE

INTRODUÇÃO

O livro do Apocalipse é belo, além de toda e qualquer descrição. É belo em sua forma, simbolismo,
propósito e significação. Muito se tem falado desse livro, cada um puxando sardinha para sua posição
escatológica. Uma das melhores interpretações do livro do Apocalipse encontramos no livro de William
Hendriksen – “Mais Que Vencedores”; vale a pena estudá-lo.

AUTOR

O autor nos diz que seu nome é João (1:1, 4, 9; 22:8) e, pelo fato de não mencionar outro detalhe que o
identifique, parece-nos claro que esse João era uma pessoa bem conhecida no meio da igreja e, não nos resta
dúvida de que alguém chamado João, desfrutando de tamanha influência, somente pode ser o apóstolo João. A
Igreja primitiva é quase unânime em afirmar tal autoria.

DATA
Diante dos eventos externos, com evidências internas, a data mais provável de autoria do livro é 96.

LOCAL
O próprio autor nos informa que recebeu a revelação enquanto se achava na ilha de Patmos, próximo do litoral
Turco na Ásia Menor e próximo da cidade de Éfeso, local onde João viveu seus últimos anos.

DESTINO
Os destinatários do livro do Apocalipse são os crentes da época de João. Ele é a resposta de Deus às orações e
lágrimas dos crentes severamente perseguidos, espalhados pelas cidades da Ásia Menor. Contudo, diante da
riqueza do livro podemos, com certeza, afirmar que Deus o destinou a todos os crentes, em todas as épocas, que
estão constantemente em luta contra as hostes do mal.

TEMA PRINCIPAL
O tema do livro é a vitória de Cristo e de Sua Igreja sobre o dragão (Satanás) e seus agentes.

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Panorama do Novo Testamento – SEMINÁRIO TEOLÓGICO PENIEL

PROPÓSITO
Em termos gerais, o propósito do livro do Apocalipse é transmitir conforto à Igreja militante em seu conflito
contra as forças do mal. Assegura-lhes que Deus vê suas lágrimas (7:17; 21:4); suas orações exercem grande
influência no mundo (8:3-4) e que sua morte é preciosa aos olhos de Deus e lhes é garantida a vitória final
(15:2). Todo o livro nos demonstra que somos, na verdade, mais que vencedores por meio daquele que nos
amou.

PRINCIPAIS DIVISÕES
O livro do Apocalipse divide-se em sete partes semelhantes. Todas iniciam-se em algum ponto da história,
próxima do advento de Cristo e encerram-se em um evento relacionado com a parousia de Cristo. À medida
que se avança pelas partes do livro, vai-se, progressivamente, avançando também nos detalhes posteriores à essa
parousia. As sete partes são:
1. Cristo no meio dos castiçais - 1:1-3:22
2. A visão do céu, do livro e dos sete selos - 4:1-7:17
3. As sete trombetas do juízo - 8:1-11:19
4. O dragão perseguidor da Mulher e do Filho - 12:1-14:20
5. As sete taças da ira - 15:1-16:21
6. A queda de Babilônia – a grande meretriz e das bestas - 17:1-19:21
7. A grande consumação - 20:1-22:21
Além destas, podemos dividir o livro do Apocalipse em duas grandes partes:
1. O conflito na terra - 1 a 11
2. O sentido espiritual mais profundo - 12 a 22

VIII. BIBLIOGRAFIA

KÜMMEL, W. G. - INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO


São Paulo, 1982, Edições Paulinas,

TENNEY, M. C. - O NOVO TESTAMENTO - Sua Origem e Análise


São Paulo, 1984, Edições Vida Nova

McNAIR, S. E. - A BÍBLIA EXPLICADA


Teresópolis, 1949, Editora Evangélica

CHAMPLIN, R. N. - O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO


Guaratinguetá, s/d, Editora A Voz Bíblica

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