Você está na página 1de 10

FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E

BIOTECNOLOGIASDA CGADB

ALEXANDRA NUNES DE LIMA DE MELLO

RESUMO DO LIVRO: A SOMBRA DO TEMPLO - CAPITULOS 1; 2 E 5.:


As influências do judaísmo no cristianismo primitivo
Autor OskarSkarsaune

Rio de Janeiro/RJ
2016
ALEXANDRA NUNES DE LIMA DE MELLO

RESUMO DO LIVRO: A SOMBRA DO TEMPLO - CAPITULOS 1; 2 E 5.:


As influências do judaísmo no cristianismo primitivo
Autor Oskar Skarsaune

Trabalho apresentado como exigência da


disciplina de Introdução ao NT do curso de
Teologia, sob orientação do professor
Claudio Martins.

Rio de Janeiro/RJ
2016
2

1 INTRODUÇÃO

Oskar Skarsaune é doutor em Teologia pela Universidade de Oslo, professor


de Patrística e História da Igreja Primitiva da Noruega.
O autor leva-nos a uma reflexão sobre a relação entre o judaísmo e o
cristianismo nos primeiros séculos da história da igreja primitiva. Disserta sobre
diferentes teorias e pontos de vista.
A fim de contar a história dos primórdios da igreja Cristã o escritor explica as
mudanças que ocorreram na religião dos Judeus desde a época de Moisés até o
período de tempo compreendido entre os dois testamentos, e as raízes judaicas do
cristianismo. Considera como ponto de partida o período pré-constantiniano.
3

2 DIMENSÃO CULTURAL

Judaísmo e Helenismo
O judaísmo da época de Jesus não era o mesmo das épocas
veterotestamentárias. O judaísmo sofreu algumas influencias no período
intertestamentário.
Depois do exílio babilônico, os judeus da Judéia viveram sob domínio
estrangeiro até 175 a.C. Os judeus, em alguns aspectos, desfrutavam de uma
autonomia limitada, tendo como representante oficial do povo o sumo sacerdote. A
dinastia reinante na síria, os selêucidas, tinham origem grega e remontavam à época
de Alexandre, o Grande. Desde o início eles mantiveram a política de tolerância
cultural e religiosa.
No ano de 175 a.C., subiu ao poder o governante selêucida Antíoco IV. Ele
construiu um altar e decretou que todos os habitantes do vilarejo oferecessem
sacrifício a um ídolo instalado na praça. O sacerdote Matatias e seus filhos, João,
Simão, Judas Macabeu, Eleazar e Jonatas, que foram os responsáveis pela
chamada revolta macabéia 167 a.C, a qual, muitos judeus, preferiram dar a vida a
negar seu Deus e sua lei. Começava assim, um estado judaico parcialmente
autônomo e reconhecido pelos sírios e, mais tarde, um estado judeu independente,
que perdurou até 63 a.C.
Oskar aponta que a cultura e o pensamento helenista eram apreciados na
sociedade em que Jesus viveu. Esse fato se deu, pois, as culturas dos povos
conquistados não tiveram força política para vencer a cultura de Alexandre. Assim,
os judeus, os gregos e até os apóstolos e discípulos cristãos carregavam o rico
pensamento helênico dentro de si. A helenização da Judéia dependia da
helenização de Jerusalém, mas os judeus dessa cidade mantiveram-se à parte do
helenismo para serem fiéis a Torá, o que permitiu o judaísmo até hoje existir.

Alexandre, o grande e o triunfo do helenismo


Alexandre o Grande, já havia demonstrado interesse em sintetizar as
culturas gregas com as demais culturas dos povos conquistados, privilegiando-se,
naturalmente, a sua cultura em detrimento das demais, muito embora acredita-se
que havia na antiguidade um “amor secreto” pela sabedoria oriental que
reconhecidamente era de raízes mais antigas, que a grega.
4

A cidade helenística: a polis


Sobre a Polis entende-se que era o modelo adotado pelos gregos ao formar
a cidade ideal, dentro da mentalidade grega. Contavam obrigatoriamente com: um
centro urbano, mercado, templo, teatro, ginásio, biblioteca, estádio e um hipódromo.
Estes eram mais que simples edifícios, eram instituições, verdadeiros postos de
divulgação da cultura helênica.
No período romano de governo foram inseridas as estradas, que
contribuíram ainda mais, para a expansão da cultura grega. É importante salientar
que no período de domínio greco-romano não haviam barreiras linguísticas entre os
cidadãos da cidade e os interioranos.
A instauração das polis e o decorrente processo de helenização fluiu de
modo primordialmente pacifico dentro do período selêucida e ptolomaico, entretanto
haviam algumas barreiras que impediam ou dificultavam, a adesão do judaísmo as
práticas dos gregos, a Torá impossibilitava um contato amplo dos judeus com outros
povos, haviam nas práticas gregas várias infrações ao código de ética imposto na lei
judaica, principalmente no tocante a moralidade, decência, etc. Por outro lado a
circuncisão feria os princípios “egocêntricos” dos gregos, os estilos de vida judaico e
grego entra um grande contrassenso.
Esse impasse cultural, foi importante para o posicionamento judeu, e
resultou certamente na manutenção do judaísmo, além de seu avivamento. Houve
uma aderência ao helenismo de forma parcial, e filtrada pela Torá, inclusive, na
aquisição de novos conceitos expressados pelos escritores e rabinos judeus, assim,
foi possível absorver ideias helênicas sem, contudo, perder sua identidade e raiz
essencial.
A respeito do judaísmo, o conceito dessa palavra originalmente foi atribuído
ao autor do livro de 2° Macabeus, este conceito, entretanto não corresponde a
questões biológicas e sanguíneas, e sim aos adeptos do estilo de vida pautado nas
crenças judaicas e, em primazia, de acordo com a Torá.
Sobre a língua grega entende-se que era uma linguagem adicional as outras
duas principais do povo Judeu: hebraico e aramaico, era a fala corrente da elite, dos
escritores, influenciando inclusive, de nomes próprios a inscrições em catacumbas e
etc.
Ainda sobre a língua grega, é importante salientar sua importância junto ao
5

sentimento de uma religião nacional, que foi proposta pelo zelo missionário,
comissionando os judeus a divulgar cada vez mais, suas crenças, repudiando
qualquer barreira inclusive a linguística como as línguas hebraicas e aramaicas.
6

3 A DIMENSÃO POLÍTICA

Os judeus e o império romano


Sobre a questão político-religiosa entre romanos e judeus observa-se que
houve no ano de 63 a.C. uma dissensão entre os judeus, sobre a questão do
governo, após a revolta macabéia, assumiram o domínio sobre o reinado e o
sacerdócio, despertando a insatisfação daqueles que optavam por guardar a lei.
Os romanos pouco se importavam com a religião judaica, mas foram
responsáveis por uma das maiores revoluções ocorridas na história dos judeus que
foi a destruição do Templo em 70 d. C., no intuito de precaver-se politicamente,
porém, o significado religioso desse acontecimento foi muito além de seus efeitos
políticos.
O autor afirma que três delegações judias compareceram perante o general
Pompeu em Damasco. Dois desses grupos representavam os irmãos hasmoneus
(Hircano e Aristóbolo) que disputavam o direito ao trono de sua terra. Já a terceira
delegação não representava nenhum dos príncipes hasmoneus, mas sim o “povo
judeu”, que não desejava viver sob o domínio de reis (hasmoneus), pois Aristóbolos
e Hircano queriam mudar a forma de governo da nação no intuito de escravizá-los.
Para Israel, faltava-lhe um rei de ascendência autêntica da linhagem de Davi
e um sumo sacerdote da descendência de Zadoque, conforme instrução da Torá.
Nesse momento, crescia a tensão do povo de Israel, porque os príncipes
hasmoneus ditavam normas para todas as áreas da vida dos judeus.
Oskar Skarsaune admite que há fortes razões para acreditar que Pompeu
ouviu com bastante atenção os delegados do “povo judeu”. Porém, as coisas
começaram a mudar no dia em que Herodes e seus filhos tornaram-se executores
do governo romano em Israel. O conflito envolvendo valores básicos e princípios
deram lugar à guerra e durante a primeira delas, o povo judeu perdeu seu lugar de
culto, o Templo de Jerusalém. No mesmo ano Pompeu toma a cidade de Jerusalém
e, por mais incrível que pareça, os próprios judeus abrem os portões da cidade.
A aceitação do domínio romano aos judeus, se concentrava na liberdade de
culto que eles desfrutavam, o que fazia alguns acreditarem que o governo romano
fosse o melhor até então.
A relação entre romanos e judeus viria a piorar a partir do ano 6 d.C. quando
Roma assumiu de uma forma direta o controle sobre a região judia, fato este que
7

viria a desencadear futuramente revoltas sangrentas, destruição do Templo, e por


fim, em 135 d.C. o banimento dos judeus de sua terra, que foi paganizada, e
completamente destituída de suas raízes judaicas.
8

4 QUANTOS "JUDAÍSMOS"?

O judaísmo da época de Jesus não era o mesmo das épocas


veterotestamentárias, o autor enfatiza um período em que “judaísmo’’ não era
uniforme. Ele chama a atenção para o famoso episódio da destruição do Templo de
Jerusalém, que liquidou com os judeus, ou, melhor, liquidou com todos exceto o que
convencionou chamar de judaísmo rabínico. Todos os partidos judaicos acabaram,
mas, por uma atitude, para uns, de covardia, para outros, de inteligência, o judaísmo
rabínico prosseguiu nas mãos de Johanan ben Zakkai, que fugira antes do colapso.
De modo similar, os cristãos perseguidos, no século I EC, garantiram a prevalência
do cristianismo porque fugiram. Esta é, segundo o autor, a teoria tradicional. Mas o
judaísmo anterior à destruição de Jerusalém não continuou igualzinho àquele que
conseguiu sobreviver. O judaísmo farisaico das primeiras décadas, deu lugar ao
judaísmo rabínico.
Nos parágrafos que se seguem, Oskar Skarsaune vai fazendo uma série de
revelações surpreendentes. Mostra que Jesus estava muito mais em sintonia com os
fariseus do que se pode pensar e que é um erro achar que o judaísmo rabínico pós
70 a.C. e seus textos (Mishná) se inserem no mesmo contexto pré 70 a.C.
Os sacerdotes eram o grupo religioso de maior prestígio, já que a vida do
judeu orbitava no Templo. Flávio Josefo ainda fala dos saduceus, fariseus e
essênios. O autor complementa com o zelotas e fala também do judaísmo sinagogal.
A elite sacerdotal não deixou escritos. Não se pode afirmar muita coisa dela.
Sabe-se somente que era composta por sábios de origens variadas e que não eram
saduceus nem pertencentes a qualquer outra facção. Os saduceus, embora
menores em número, compunham o judaísmo sacerdotal. Não há informação
consolidada quanto ao conteúdo de sua teologia. Flávio Josefo aparenta
tendenciosidade na sua descrição. A priori a informação mais disseminada entre os
estudiosos da época e também posteriores é que os saduceus não criam na
ressurreição dos mortos, nem em anjos, nem em espíritos, nem na imortalidade da
alma. Os essênios, guardadas as menores diferenças entre suas subdivisões, eram
de um rigor moral muito grande, muitos retiravam-se para regiões desertas, vestiam-
se rusticamente, criam na imortalidade da alma e na necessidade do esforço para se
alcançar a justiça. Diferentemente dos saduceus – que se aproximavam mais do
9

epicurismo -, os essênios se apropinquavam mais do estoicismo. Os fariseus


destacavam-se pela estrita observância da Lei, pelo sacerdotalismo e pela
habilidade política, mas também pela ardilosidade e pela hipocrisia. Eram muito
estudiosos e hierosolimitas, não no sentido de terem nascido em Jerusalém, mas no
sentido de que sua teologia e sua práxis moral tinha a cidade de Jerusalém como
centro. Não havia partido mais nacionalista que os zelotas (ou zelotes). Com Flávio
Josefo e Oskar Skarsaune entendemos que os zelotes eram os fariseus mais
radicais; eram direitopatas, extremistas conservadores de direita, se os
dispuséssemos no modelo político atual. Eram libertários, intransigentes. Somente
Deus os liderava. Para defender seus ideais e sua fé, pegavam até em armas e
adotavam treinamento de guerrilha (p. 124).

Você também pode gostar