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INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMETO

UNIDADE I

Pr. Cilas de Sousa Monteiro


A MENSAGEM E O CONTEXTO DO NOVO
TESTAMENTO
A mensagem do Novo Testamento pode ser mais bem
compreendida quando temos algum conhecimento do
mundo a que ela foi dirigida primeiramente. O pano de
fundo literário, político, social, econômico e religioso,
representa o contexto da revelação de Deus em Cristo.
Os termos que os apóstolos e seus colaboradores
usaram no ensino foram tomados da vida comum de
seu tempo e eram familiares ao homem comum das
ruas da cidade de Alexandria, ou de Roma.
Já que estamos começando, anote aí um conselho: leia
os textos paralelos! Faça também um compromisso
pessoal: ler o Novo Testamento, inteiro, neste mês.
Isto é possível e viável... Tudo depende de disciplina.
Bons estudos, Pessoal!
O MUNDO POLÍTICO
No tempo em que o Novo Testamento foi escrito,
todo o mundo civilizado, exceto o pouco
conhecido reino do remoto Oriente, estava sob o
domínio de Roma. Do oceano Atlântico, o
Ocidente, ao rio Eufrates e mar Vermelho, o
Oriente; até o Saara, ao Sul, estendia-se um vasto
império sob a chefia e ditadura do imperador,
chamado no Novo Testamento tanto de “rei” (I Pe.
2: 17) como de “Augusto” (Luc. 2: 1).
O MUNDO SOCIAL E ECONÔMICO
O MUNDO SOCIAL
O mundo do século I, em alguns aspectos, não
era diferente do mundo atual, do século XXI.
Viviam, lado a lado, ricos e pobres, homens
virtuosos e homens criminosos, homens livres
e homens escravos, e as condições sociais e
econômicas predominantes eram, em muitos
aspectos, semelhantes às dos tempos
presentes.
A SOCIEDADE JUDAICA
Tanto no judaísmo como no mundo pagão havia uma aristocracia rica, que acumulava as
riquezas. No judaísmo, essa aristocracia era formada por um grupo religioso,
constituído das famílias sacerdotais e dos dirigentes rabinos. Dirigiam o movimento
comercial relacionado com o templo e tinham sociedade nos lucros provenientes da
venda de animais para os sacrifícios e do cambio de dinheiro envolvido nos tributos do
templo. Entre os membros do Sinédrio, o conselho supremo do judaísmo, havia homens
abastados, como Nicodemos e José de Arimatéia.
A maioria do povo da Palestina era pobre. Uns lavradores, outros artesões, e poucos
deles comerciantes. A escravidão não era uma prática muito disseminada no judaísmo.
Outros, como os pescadores que se tornaram discípulos de Jesus, possuíam pequenas
empresas independentes que lhes propiciavam boas condições de vida.
SOCIEDADE PAGÃ
Havia a aristocracia, a classe média, a plebe, os escravos e os
criminosos.
AS CONQUISTAS CULTURAIS
No tempo de Augusto, houve um avivamento literário em
Roma. Durante os reinados dos imperadores do século I,
Roma desenvolveu-se materialmente, e novas construções
eram feitas continuamente. A música e o teatro tinham mais
por objetivos divertir a multidão que estimular o pensamento
dos intelectuais.
LÍNGUAS
LÍNGUAS Eram quatro as principais línguas do mundo romano:
latim, grego, aramaico e hebraico. O latim era a língua dos
tribunais e da literatura de Roma. Era a língua dos
conquistadores e foi aprendida pelos submetidos que
adaptaram rapidamente sua pronúncia e vocabulário aos seus
próprios dialetos. O grego era a língua culta do império, familiar
a todos os intelectuais, como também era a língua franca da
maioria da população de Roma e dessa cidade em direção leste.
Até na Palestina se falava grego corretamente, e Jesus e os
seus discípulos, muito provavelmente, também usavam a
língua grega sempre que tinham de falar com os gentios. O
aramaico era a língua predominante no Oriente Próximo. Paulo
falou em aramaico ao povo e Jerusalém (Atos 22: 2).
As palavras “ABA”, “MARANATA”, são aramaicas.
PADRÕES MORAIS
PADRÕES MORAIS A condição moral do império
romano, considerada em sua totalidade, pode não
ter sido sombria como a pintavam alguns
historiadores. A vida humana era tida em pouca
conta e, portanto, os assassinatos eram
frequentes.
 A corrupção política, a devassidão, a fraude no
comércio, o dolo e a superstição religiosa
tornavam a vida em Roma desanimadora para a
maioria e insuportável para alguns.
O MUNDO ECONÔMICO
O MUNDO ECONÔMICO
Durante o tempo de Cristo e da igreja primitiva, o
Império Romano ocupava todos os territórios em
volta da bacia do Mediterrâneo. O Norte da África,
que atualmente é semiárido, ou até mesmo
predominantemente desértico, tinha, naquela
época, enormes propriedades, em que se criava
gado ou se cultivava frutas e vegetais.

TRANSPORTES E VIAGENS
O domínio de Roma sobre as provinciais era
grande e facilitado pelo seu excelente sistema de
estradas, que até a era recente do automóvel, era
O MUNDO RELIGIOSO
O cristianismo não começou seu crescimento em um vácuo religioso, no
qual encontrasse os homens vazios totalmente à espera de alguma
coisa em que acreditar. Ao contrário: a nova fé em Cristo teve de lutar
para abrir seu caminho contra crenças religiosas enraizadas que
vigoravam havia séculos.
Havia o PANTEÃO GREGO ROMANO: a principal de Roma nos primeiros
tempos da República era o animismo. Cada pequeno agricultor adorava
os deuses de sua propriedade e lar. Deuses da floresta e dos campos,
deuses dos céus e dos rios, da sementeira e da ceifa. Com o tempo veio
a influência das divindades gregastais como Júpiter, Zeus, Juno, etc.
 Depois vem o CULTO AO IMPERADOR Júlio Cesar, que depois de sua
morte, foi chamado de Divus Julius. Calígula ordenou que fosse erigida
sua estátua no templo de Jerusalém.
Também as RELIGIÕES DE MISTÉRIO. O culto a Cibele, a grande mãe,
veio da Ásia. Isis e Osíris, do Egito. O mitraísmo teve origem na Pérsia.
As religiões de mistério satisfaziam o desejo de imortalidade pessoal e
de igualdade social.
Havia a ADORAÇÃO DO OCULTO. Para eles, o mundo inteiro era povoado
por espíritos e demônios que podiam ser invocados ou mandados
obedecer à vontade da pessoa, desde que esta conhecesse tão
somente o rito próprio e a fórmula a usar. Judeus e gentios partilhavam
dessas crenças supersticiosas; os Judeus mais do que gentios.
AS FILOSOFIAS
 Para Platão, conhecimento é salvação; pecado é ignorância.
Gnosticismo
Afirmava que a matéria era equiparada ao mal. Salvação tem a ver
com renúncia do mundo material e busca do mundo invisível. Se o
corpo existe só temporariamente, seus atos não tinham importância.
Epicurismo
 Dizia que neste mundo de acaso não podia haver nem propósito nem
desígnio. Não poderia haver nenhum bem final ou absoluto. O bem
mais elevado possível, dizia Epicuro, era o prazer que ele definia como
a ausência de sofrimento.
Estoicismo Dizia que o universo tinha que ser recebido como era, e
não ser mudado. Para eles, todos os males que apareciam eram apenas
partes de um bem maior. Tal ideia eliminava a possibilidade de reforma
ou mudança das coisas.
Cinismo Procurava abolir o desejo. A virtude é a carência de
necessidade.
 Ceticismo Para quem todos os termos de juízo são relativos e
geraria uma paralisia intelectual. No entanto, essa ideia não obteve
sucesso, pois era demasiadamente abstrata. Nesse tempo vem a
verdade, “Nele vimos a Sua Glória, glória como do Unigênito do Pai,
cheio de graça e de verdade”; (João 1: 14).
JUDAÍSMO
 Entre as religiões do Império Romano no século I, o judaísmo ocupou um
lugar único. Era nacional e se originou no povo judeu, mas não se
confinava a esse povo, pois seus prosélitos eram numerosos.
Todo estudante do Novo Testamento precisa ter algum conhecimento do
judaísmo, porque o cristianismo é filho do judaísmo. Os livros do Novo
Testamento foram escritos com duas exceções por judeus. Quase todas as
doutrinas têm seu solo fundamento no Antigo Testamento.
Sua Teologia
A crença fervorosa na unidade e na transcendência de Deus era o ponto
central em toda doutrina do judaísmo. Filo, que pertencia à ala helenística
do judaísmo, tinha uma concepção filosófica de Deus. Deus é eterno,
imutável, santo, livre e perfeito. Segundo a teologia judaica, o homem é
criação de Deus, dotado da capacidade de escolher.
O templo
Era o principal centro de culto de Jerusalém. Jesus, e mais tarde seus
apóstolos, ensinavam e pregavam dentro de seus átrios. Tão tardiamente
como em 56 d.C., a igreja de Jerusalém ainda tinha homens que faziam
votos no templo e que estavam intimamente ligados às ordenanças legais.
Só com o crescimento das igrejas gentílicas cessou a ligação do templo
com o cristianismo.

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A sinagoga
 Desempenhou um grande papel no crescimento e
na persistência do judaísmo. Era um centro social
em que os judeus, que habitavam numa cidade,
se reuniam semanalmente. Era uma instituição de
educação para conservar a lei diante do povo e
para instruir as crianças na fé ancestral.
Os judeus palestinos liam o Pentateuco a cada três
anos, enquanto que os judeus babilônicos
completavam a leitura em um ano.
A páscoa
Era a mais importante de todas as festas, tanto do
ponto de vista histórico quanto religioso. Um sinal
característico da vida judaica era o entusiasmo
pela educação. Mais do que outra nação da
antiguidade, os judeus eram o povo de um livro.
As facções do judaísmo
 Todas as suas seitas mantinham lealdade para com a lei, mas suas
características iam do liberalismo ao racionalismo.
Os fariseus
Seita de maior influência nos dias do Novo Testamento. Sua teologia se
fundamenta no Cânon completo do Antigo Testamento. Acreditavam na
existência de anjos e de espíritos, na imortalidade da alma e na ressurreição
do corpo. De todas as seitas do judaísmo, só o farisaísmo sobreviveu.
Tornou-se o fundamento do judaísmo ortodoxo moderno.
Os saduceus
Derivam seu nome dos filhos de Zadoque, sumo sacerdote nos dias de Davi
e de Salomão. Como seita judaica, os saduceus seguiam estritamente a
intepretação literal da Torá, que acreditavam ter maior autoridade do que os
Profetas e as Escrituras.
Os essênios
Outra seita que encontramos na construção do Novo Testamento era os
essênios e pouco se sabe deles. Era uma comunidade ascética. Abstinham-
se do casamento e mantinham seus adeptos pela adoção. Compartilhavam
seus bens. Ninguém era pobre ou rico; eram sábios e restritos em conduta.

Os zelotes
 Não eram religiosos, mas um grupo nacionalista fanático que advogava a
violência como meio de libertação de Roma.
O NOVO TESTAMENTO
 Podemos começar dizendo que o Novo Testamento se move a
partir das sombras, dos tipos e dos modelos vindos do Antigo
Testamento.
O Antigo Testamento fala de Jesus Cristo em todas as páginas,
mas fala em sombras, tipos, símbolos e nas profecias - todos
desejosos pela vinda de alguém. Uma promessa constante
atravessa todas as suas páginas – “Alguém está vindo!” “Alguém
está vindo!”
Já quando abrimos os Evangelhos no Novo Testamento
encontramos alguém que caminha em seus passos sob uma
plenitude de vida e missão. Todo cristão tem em alto relevo os
Evangelhos. Eles são uma das partes mais fascinante do perene.
João escreveu: "Nele vimos a sua Glória... como do unigênito do
Pai" (João 1:14). Na Bíblia vemos Cristo como ele realmente é.
Lembre-se que, o que Ele foi, é o que Ele é; e o que Ele é, é o que
você tem. Se você é um cristão, toda a plenitude de seu caráter
está disponível para você, e a nós cabe aprender que esses
recursos são como temos visto Nele. É por isso que os registros
dos Evangelhos são tão importantes para nós.
Quatro Evangelhos?
As pessoas muitas vezes perguntam: por que temos
quatro Evangelhos? Há uma razão muito boa para isso. É
interessante notar que cada um desses Evangelho é um
desenvolvimento de uma instrução que se encontra no
Antigo Testamento. No Antigo Testamento aparecem
quatro vezes – quatro vezes diferentes - uma declaração a
respeito do Messias, introduzido sempre pela palavra eis.
 Em um dos profetas, lemos: "Eis que o teu rei, ó Israel!"
 Em outro lugar lemos: "Eis o homem!"
Em um terceiro lugar, lemos: "Eis o meu servo!"
E ainda um quarto lugar, lemos: "Eis que o teu Deus!"
 Essas quatro declarações são amplificadas e
desenvolvidas nos quatro Evangelhos - Mateus, o
Evangelho do Rei; Marcos, o Evangelho do Servo; Lucas, o
Evangelho do Filho do homem; e João, o Evangelho de
Deus - a apresentação do Filho de Deus.
Se você passar a ler Lucas e João, poderá ver que eles
ainda são diferentes de Mateus e Marcos, mas, Mateus,
Marcos e Lucas são mais semelhantes entre si do que
qualquer um desses três é para o Evangelho de João, por
isso são chamados de EVANGELHOS SINÓTICOS. No
entanto, eles são todos diferentes.
 Esses quatro Evangelhos nos dão quatro aspectos do
caráter e da pessoa do nosso Senhor.
Os Evangelhos não são, estritamente falando, biografias.
Eles são realmente esboços sobre a Pessoa de Cristo -
relatos de testemunhas oculares - aqueles que o
conheceram pessoalmente, ou aqueles que eram
imediatamente a ele associados. Portanto, eles têm um
selo de autenticidade e trazem aos nossos corações a
primeira impressão de que o nosso Senhor fez em cima
de seus próprios discípulos e, em seguida, sobre as
multidões que o seguiam. Nenhum personagem mais
incrível já andou entre os seres humanos.
O Evangelho de Mateus foi escrito para apresentar
Cristo como o Rei. O Evangelho de Marcos
apresenta seu personagem como um servo. O
Evangelho de Lucas apresenta-o como o Filho do
homem - o homem em sua humanidade essencial.
O Evangelho de João apresenta-o como o Filho de
Deus, isto é, sua divindade.
Os Evangelhos e seus destinatários
Também os destinatários destes Evangelhos eram
bem diferentes:
Mateus escreveu seu Evangelho principalmente
para os judeus, e está cheio de referências e
citações do Antigo Testamento.
Marcos escreveu o seu Evangelho para a mente
romana. É considerado atualmente como o
primeiro dos quatro a serem escritos. Este é o
Lucas escreveu para a mente grega, a mente
filosófica. Aqui, você tem a conversa de mesa do
Senhor, quando ele se sentou com os seus
discípulos em comunhão íntima - os gregos
amavam isso. Seus discursos são declarações
filosóficas; a representação de seus pensamentos
e sabedoria como um homem.
João, no entanto, escreve para os cristãos, e,
portanto, o Evangelho de João é o mais querido
para os corações cristãos. Em João você tem a
ênfase na divindade de Cristo. A esperança da
Igreja e a intimidade de comunhão entre Senhor e
o seu próprio povo, o ministério do Espírito Santo,
são todos assuntos enfatizados no Evangelho de
João.
Existem outros evangelhos além dos quatro no Novo Testamento.
Existe o Evangelho de Barnabé, por exemplo, e o Evangelho de
Pedro, e ainda outros evangelhos. Eles podem ser encontrados
em um livro chamado "O Novo Testamento Apócrifo“.
Temos que reconhecer que os Evangelhos são carimbados com as
impressões digitais de Deus. O próprio padrão desses livros
reflete a marca divina, e você não pode lê-los ou compará-los
com o Antigo Testamento sem ver que eles vêm de uma fonte de
inspiração. Além disso, você tem apenas de compará-los com os
evangelhos apócrifos para ver quão tola é essa alegação.
 Enquanto você lê os relatos dos Evangelhos, espero que algo
desse fascínio atinja em cheio o seu coração, e que o precioso
Espírito Santo nos auxilie nesta missão.
O conteúdo do Novo Testamento consiste na revelação dessa
nova aliança por meio do registro das palavras de Jesus Cristo e
de seus seguidores. Consiste de 27 fragmentos distintos, escritos
por nove autores diferentes, a menos que Paulo seja o autor de
Hebreus, então ficaria oito. Esses documentos foram escritos por
um período de meio século, provavelmente do ano de 45 d. C. e
100 d. C.
Os cinco primeiros livros do Novo Testamento –
Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos – são
históricos. Narram uma história.
 Os livros a seguir: Romanos, 1 e 2 Coríntios,
Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2
Tessalonicenses, Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1
João e Judas, são doutrinais.
Ainda outro grupo pode ser chamado de escritos
pessoais: 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemom, 2 e 3
João. Foram escritos como cartas pessoais e
individuais.
MARCO FONTE
 Apocalipse, oSúltimo livro do Novo
Q Testamento, é
FONTE
profético devido ao seu estilo chamado de PRÓPRI
A
literatura apocalíptica.
FONTE MATEU
PRÓPRI
S
LUCAS
A
OS EVANGELHOS
Os três primeiros evangelhos: Mateus, Marcos e Lucas foram
chamados pela primeira vez no final do século 18 de
Evangelhos Sinóticos, que significa ver em conjunto.
 No entanto, é fundamental compreender os quatro evangelhos
em sincronia: O Evangelho de Mateus foi escrito para
apresentar Cristo como o Rei.
O Evangelho de Marcos apresenta seu personagem como um
servo.
O Evangelho de Lucas apresenta Cristo como o Filho do homem
- o homem em sua humanidade essencial.
 O Evangelho de João apresenta-o como o Filho de Deus, isto é,
sua divindade. Se você estiver familiarizado com o ensino do
Antigo Testamento sobre as festas de Israel, você vai se
lembrar de que cinco festas eram especialmente marcantes
para eles, e estão refletidas nos Evangelhos.
Uma das cinco festas era a oferta pelo pecado, refletida no
Evangelho de Mateus, onde se tem o sacrifício de nosso Senhor
e do seu efeito sobre o pecado humano.
Em seguida, no Evangelho de Marcos, a oferta pela culpa
é enfatizada; isto é, os efeitos do pecado, a manifestação
dele, as ações dos homens.
 Em Lucas, você tem o que responde à oferta de paz.
 Em João, está o holocausto. Para Israel, o holocausto era a
expressão de dedicação e devoção absoluta e completa, o
compromisso com a obra de Deus. Todo o holocausto deve
ser consumido, cada pedaço. Tudo isso fala de uma vida
totalmente entregue a Deus. Isto é exemplificado tão
lindamente no Evangelho de João, onde você tem a
devoção de nosso Senhor, como ele agradou ao Pai.
Todos os quatro evangelhos falam da oferta de cereais, ou
seja, a perfeita humanidade de nosso Senhor, sem
pecado.
Entre os estudiosos sempre surge algumas perguntas
como por exemplo: por que não há relato da luta de nosso
Senhor no Getsêmani, no Evangelho de João?
Você encontra o registro da agonia do Getsêmani, em Mateus e
Marcos, mas nenhuma menção em João. Porque no jardim, ele gritou e
questionou o Pai, "Se for possível, afaste este cálice de mim" (Mateus
26: 39 RSV, Marcos 14: 3435). Agora, o Filho de Deus não põe em
causa o Pai.
 Em Lucas, ele é apresentado como homem, então existe o detalhe
máximo de sua luta humana. Mas em João, onde ele é apresentado
como o Filho de Deus, a história da luta é deixada de fora. É também
por isso que em Mateus, os sábios são registrados como vindos para
oferecer seus presentes, enquanto que em Lucas é a vinda dos
pastores que foi registrado.
A ascensão não é mencionada em João, porque Jesus é o Filho de Deus,
e Deus está em toda parte. Deus é onipresente e não vai da terra ao
céu ou do céu para a terra; portanto, não há nenhuma história da
ascensão em João.
Por que não há genealogia de nosso Senhor em Marcos e em João? Há
uma genealogia em Mateus e Lucas, mas nenhum em Marcos nem
João. Os reis exigem genealogias; você tem que saber a sua descida na
linha real. Um homem está interessado em sua ascendência; assim a
genealogia em Lucas, mas ninguém se preocupa com a ascendência
de um servo, e Deus não tem ascendência, portanto, não há
genealogia em Marcos e João.
Tudo isso mostra a supervisão do Espírito Santo.
 Estes Evangelhos não são apenas cópias, um
baseado em outro, como os críticos nos dizem,
mas são projetados do Espírito Santo
especialmente para apresentar os diferentes
aspectos do Senhor Jesus.
 Finalmente, devemos olhar o Novo Testamento
como uma pérola de valor inestimável. O NOVO
TESTAMENTO é o pleno sol da apresentação do
Filho de Deus.
Mateus, o primeiro livro do NT
 Mateus é o primeiro livro do Novo Testamento, e este é o
ponto em que a maioria das pessoas começa a ler a Bíblia.
Portanto, isso faz de Mateus o livro mais lido em todo o mundo.
Na verdade, René, o cético francês, disse deste livro: "Este é o
livro mais importante de toda a cristandade". Ele também
disse: "O livro mais importante que já foi escrito é o Evangelho
de Mateus”. Mas ele tem seus críticos também. Há aqueles
que afirmam que este livro não contém nada de histórico.
Outros críticos fazem a alegação de que este é apenas um dos
muitos evangelhos que foram circulados.
O Evangelho de Mateus foi escrito por Matthew, também
conhecido como Levi. Ele era um publicano, e publicanos eram
aqueles homens que cobravam os impostos do povo. Seu
nome significa "dom de Deus", e para chamar um cobrador de
impostos por esse nome, obviamente, indica que ele foi
convertido. Foi talvez o nosso próprio Senhor que o designou
Mateus, assim como ele mudou o nome de Simão para Pedro,
e talvez os nomes de outros dois discípulos também.
A tradição nos diz que Mateus viveu e ensinou na Palestina
por 15 anos após a crucificação e depois começou a viajar
como missionário, primeiro para a Etiópia e, em seguida,
para a Macedônia, Síria e Pérsia. Por fim, morreu de morte
natural em algum lugar da Etiópia ou da Macedônia,
informação não segura historicamente e uma das lendas ou
tradições sobre Mateus que chegaram até nós.
O livro obviamente data de um período bem cedo na história
do cristianismo. A ideia de que ele foi escrito no século IV é
duvidosa, porque há muitas evidências de que as datas são
do início do primeiro século. É citado, por exemplo, no bem
conhecido Didaquê, que é o ensinamento dos doze
apóstolos que data do início do segundo século, por isso,
obviamente que precede.
Papias, que foi discípulo do apóstolo João, diz que “Mateus
compôs seu Evangelho na língua hebraica, e cada um
interpreta como é capaz”. Isso foi confirmado por Irineu e
Orígenes, dois dos primeiros Padres da Igreja e que eram
bem familiarizados com o Evangelho de Mateus.
No primeiro século, temos vozes judaicas que comprovam a
existência de Mateus. Dois judeus, o proeminente rabino
Gamaliel e sua irmã, Immashalom (que, aliás, significa
“mulher de paz”, embora ela estivesse longe de ser isso)
lançaram uma maldição sobre os cristãos nestes termos:
“Maldição sobre os leitores das Escrituras evangelísticas do
Novo Testamento”.
 Agora, as únicas Escrituras evangelísticas do Novo
Testamento vigentes naquele tempo (cerca de 45 ou 50
d.C.) eram Mateus e talvez o Evangelho de Marcos. Acredita-
se que a data de redação desse Evangelho seja por volta de
45 ou 50 d.C. Foi provavelmente o primeiro escrito em
hebraico e, em seguida, traduzido para o grego.
Há muitas pessoas que pensam que o Evangelho de Mateus
é um dos livros mais difíceis do Novo Testamento para
delinear, mas gostaria de desafiar isso e acho que não há
nenhum livro na Bíblia que se presta mais facilmente à
definição do que o Evangelho de Mateus. A razão é que o
próprio Espírito Santo tem dado o contorno dentro do livro.
Isso ocorre em vários dos livros das Escrituras, e se você
estiver atento, você poderá ver essas marcas. As principais
divisões de Mateus nos são dadas pela repetição de uma
frase em particular, que aparece duas vezes e divide o livro
em três seções.
Primeiro, há uma seção introdutória que nos leva ao capítulo
quatro, em que temos a primeira ocorrência dessa frase. Ele
diz (verso 17): Desde então, Jesus começou a pregar,
dizendo: "Arrependei-vos, porque o Reino dos céus está
próximo." (Mateus 4:17). Isso marca um importante ponto de
virada na discussão e na apresentação desse livro. Você vai
encontrar no capítulo 16 uma frase semelhante, na
introdução da terceira seção. Lemos (versículo 21): “Desde
então, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que
precisava ir a Jerusalém e sofrer muito por parte dos anciãos,
e dos principais sacerdotes e dos escribas, e ser morto, e ao
terceiro dia ressuscitar”. (Mateus 16:21 RSV). Essa é a
primeira menção da crucificação em Mateus. Desse ponto
em diante, torna-se objetivo o desenvolvimento deste livro.
Existem ainda outras subdivisões dadas da mesma maneira
por outro tipo de frase. Você vai encontrar as subdivisões
marcadas por um versículo que aparece cinco vezes. A
primeira ocasião é no capítulo 7 (sete), no final do Sermão
da Montanha. Lemos (versículos 28, 29): “E quando Jesus
tinha terminado este discurso, as multidões se maravilhavam
da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem
autoridade e não como os escribas”. (Mateus 7: 28-29 RSV) .
No capítulo 11, versículo 1, você encontrará uma outra
subdivisão: “É quando Jesus acabou as instruções aos doze
discípulos, partiu dali e começou a ensinar e a pregar nas
suas cidades”. (Mateus 11: 1).
Olhe para o capítulo 13, versículos 53 e 54, onde você tem
outra subdivisão indicados: “E, tendo Jesus concluído estas
parábolas, retirou-se dali, e vindo para a sua própria terra,
ensinava o povo na sinagoga, de modo que eles se
admiravam, dizendo: „Onde obteve este homem esta
sabedoria e estes poderes milagrosos? ‟(Mateus 13: 53-54
RSV).
No capítulo 19, lemos (versículos 1 e 2): “Agora, quando
Jesus concluiu estas palavras, partiu da Galileia e entrou
na região da Judéia, além do Jordão, e grandes multidões o
seguiam, e curou-os ali”. (Mateus19: 1-2).
 Quando Jesus concluiu todas essas palavras, disse aos
seus discípulos: "Vocês sabem que a Páscoa está
chegando, e o Filho do homem será entregue para ser
crucificado”.
Você percebe que cada um deles apresenta uma completa
mudança de direção - um novo assunto. Estas são as
divisões deste livro.
A primeira divisão é tudo sobre a preparação do Rei para o
seu ministério. Mateus é o Evangelho do Rei, e a profecia
foi cumprida na entrada triunfal quando nosso Senhor
entrou na cidade de Jerusalém, exatamente dessa forma.
"Eis que o teu rei vem a ti"; o profeta Zacarias disse,
"humilde e montado num jumento, num jumentinho, filho
de jumenta" (Zacarias 9: 9b RSV).
Mateus é o Evangelho do Rei, e os magos trouxeram presentes
dignos de um rei. Mas, pastores ordinários comuns foram ver o
homem perfeito, Aquele que veio a ser um de nós, igual a nós, em
nosso nível. E essa foi a ênfase de Lucas.
 Por que não há a história da ascensão de nosso Senhor em
Mateus?
Bem, porque como Rei, ele veio para governar a Terra. A ênfase de
Mateus é no reino da Terra. "Seja feita vossa vontade assim na
terra como no céu."
É tarefa de Mateus, apresentá-lo como o Rei. O livro abre, portanto,
com a genealogia do Rei. Cada rei tem que ter uma genealogia. A
ascendência de um rei é a coisa mais importante sobre ele. Ele tem
que voltar para alguém; tem que estar na linha real. Portanto,
Mateus abre com a genealogia exaustiva que traça desde Abraão
até José, seu padrasto, que foi chamado de o marido de Maria. José
estava na linha real de Davi. É a partir de José que nosso Senhor
recebe o seu direito ao trono real, porque ele era o herdeiro de
José. Embora sua mãe, Maria, também fosse da linhagem real de
Davi. Seu direito legal vem por intermédio de José, e seu direito
hereditário por meio de Maria. José, é claro, não era realmente seu
pai, mas Maria era realmente sua mãe.
O primeiro capítulo também relata seu nascimento.
O segundo capítulo descreve os eventos que se seguiram,
incluindo a fuga para o Egito.
 No terceiro capítulo, lemos sobre o batismo de nosso Senhor.
Os dois primeiros capítulos querem relacioná-lo com a terra. Sua
genealogia amarra a linha real de David, terrena, mas seu
batismo refere-o para o céu e dá suas credenciais celestiais - sua
autoridade celestial. Vemos os céus abertos, e de forma
surpreendente, a voz do Pai dizendo: “Este é o meu Filho
amado”.
Há aqui uma linhagem real declarada de acordo com o padrão
celestial.
No quarto capítulo, você tem o teste do Rei. Trata-se da
experiência da tentação no deserto, em que ele está relacionado
a todos os poderes das trevas e o inferno é solto em cima dele.
Agora, o teste de nosso Senhor é a chave para o Evangelho de
Mateus. Ele é testado como um homem representativo. Ele vai
para o deserto como o Filho do homem e é testado para saber se
ele pode cumprir a intenção de Deus para o homem.
Ray Stedman, em sua mensagem de Mateus, afirma que
o ser humano é composto por corpo, alma e espírito, e
foi nesses três níveis que o nosso Senhor foi testado.
Você vai notar, em primeiro lugar, que ele foi testado no
nível de exigências do corpo. A paixão dominante do
corpo é autopreservação. A primeira tentação de nosso
Senhor veio nesse nível. Será que ele continuou a ser
um homem de Deus mesmo quando confrontado por um
desafio extremo sobre o nível de autopreservação?
Sem comer durante quarenta dias e noites, a tentação
veio sutilmente a ele: "Mude estas pedras em pão, se
você é o Filho de Deus. Preserve sua vida". Mas ele
insistiu em caminhar na vontade de Deus, apesar da
intensidade dessa pressão.
Em seguida, ele foi testado no nível da alma - isto é,
através da paixão dominante da alma, que é a
autoexpressão.
Neste nível, todos nós queremos desesperadamente
nos revelar para mostrar o que podemos fazer ou
como nos expressar. Lembre-se que foi durante esse
teste que nosso Senhor foi levado até o topo do
templo e a ele dada a oportunidade de lançar-se para
baixo e, assim, capturar a aclamação de Israel. Essa
tentação joga com o desejo de status para manifestar
o orgulho da vida. Mas apesar da pressão, ele provou-
se fiel a Deus.
Finalmente, ele foi testado na parte mais profunda,
mais essencial de sua humanidade - o espírito. A
paixão dominante do espírito é a adoração. O
espírito está sempre à procura de algo para adorar. É
por isso que o homem em toda parte, essencialmente,
é um ser religioso, porque o seu espírito interior tem
um desejo cúltico, clamando por um ídolo, alguém a
quem seguir, um herói, algo para adorar.
Foi neste nível que o Diabo veio até ele e disse: "Todos estes reinos
do mundo será seu se você cair prostrado, me adorar", Mateus 4:
9b). A resposta de nosso Senhor foi: "... está escrito: „Você deve
adorar o Senhor teu Deus e só a ele servirás'" (Mateus 4: 10b).
Assim, Ele passou no teste e se revelou plenamente e de forma
adequada para ser o homem como Deus pretendia que o homem
fosse.
 Em seguida, no Sermão do Monte, ele começa a colocar este
mesmo teste para a nação de Israel. Israel tinha sido escolhido por
Deus através dos séculos para ser seu canal de comunicação com
a humanidade, e haviam se considerado o seu povo favorecido.
Agora, a nação está sendo posta à prova no Evangelho de Mateus,
para saber se eles podem passar no mesmo teste que nosso
Senhor teve.
Esta é a história essencial de Mateus. Ele está traçando como o
Filho de Deus - o Rei de Deus - veio ao mundo e ofereceu-se para
ser o Rei de Israel, pela primeira vez no nível físico, e em seguida,
no nível da alma. Quando ele foi rejeitado em ambos os níveis,
passou para o reino do mistério do espírito humano. Na escuridão e
no mistério da cruz, ele realizou a obra redentora que iria capturar
o ser humano novamente para Deus, de maneira integral.
Redenção, portanto, começa no espírito interior. É por isso que a
obra de Cristo começa em nossos corações - embora nós
possamos ser atraídos no nível do corpo para o suprimento de
uma necessidade física; ou no nível da alma, para uma
necessidade de autoexpressão e melhoria em nossas vidas. Mas
na verdade, nunca realmente iremos mudar até que tenhamos
alcançado o nível do espírito, o lugar de adoração de base, em
que nos comprometemos Ele corpo, alma e espírito a Ele.
Em seguida, a mudança começa a ser visível. Deus torna-se
nossa maior preocupação (ultimate concern). Agora você vê
como isso funcionou no Evangelho de Mateus, tendo a nação de
Israel como o destinatário.
 O primeiro ministério começa no capítulo 4. Desde então, Jesus
começou a pregar, dizendo: “Arrependei-vos, porque o Reino dos
céus está próximo", (Mateus 4:17). Depois segue-se o Sermão
da Montanha, quando temos a apresentação do Rei e as leis do
reino, que cobre o resto dos capítulos quatro, e cinco a sete.
Nessas regras do reino no Sermão da Montanha, há uma ênfase
óbvia na vida física. Procure notar isso quando ler todo o livro.
Esta é uma das mensagens mais penetrantes, mais incisivas já
estabelecidas diante dos seres humanos, mas se aproxima de nós no nível
da vida material física ordinária. São dois os pecados físicos tratados -
assassinato e adultério.
A vida de Deus é ilustrada para nós no reino de dar esmolas e de jejum – é
a física dos atos. Deus é oferecido a nós como “Aquele que cuida de nós”,
assim, nós não precisamos pensar no amanhã - como ser alimentado,
como se vestir - e nas preocupações que nos vêm no nível físico. Nosso
Senhor está dizendo: "Se você me descobrir e receber-me como seu rei,
você vai descobrir que eu sou a resposta a todas as suas necessidades
físicas”. Nesse nível, Ele está oferecendo a si mesmo para a nação e para
nós. Este capítulo é seguido por uma seção sobre milagres.
 Dos capítulos 8 a 12 (oito a doze), você tem os milagres do reino. Estes
são alguns dos benefícios que o nosso Senhor pode conceder no nível do
físico. Não há exibição espetacular aqui, mas uma representação do poder
de nosso Senhor sobre todas as coisas que afetam o corpo - doença,
demônios e morte. Sua autoridade neste domínio é a do Rei.
Este, por sua vez, é seguido por uma seção de parábolas do reino, em que
a rejeição do reino é declarada em uma forma de mistério. Fica evidente
que mesmo antes desse tempo a nação rejeitaria a oferta de nosso
Senhor como rei neste nível físico, e assim uma nova palavra aparece.
No capítulo 11 ele começa a pronunciar a palavra "ai" - "Ai de ti,
Corazim. Ai de ti, Betsaida. Ai para aqueles que não acreditaram”
(Mateus 11:21 ff). Ele pronuncia julgamento sobre a nação nível.
Os mistérios do reino estão no capítulo 13, em que as parábolas
são dadas como a verdade escondida sob um tipo de símbolo.
Temos, então, uma seção que é simplesmente de instruções aos
indivíduos - para aqueles que vão acreditar e quem vai recebê-lo
neste nível.
 Tudo isso nessa seção, a propósito, começando com o capítulo
13, versículo 54 até o capítulo 16, versículo 20, tem a ver com
pão. É a alimentação dos cinco mil no capítulo 14; as perguntas
sobre o que contamina o homem no capítulo 15; e depois do
incidente da mulher que veio e pediu migalhas de sua mesa, e ele
disse: "O pão pertence aos filhos do reino..." (Mateus 15: 22-28).
Depois, há a alimentação dos quatro mil no capítulo 15; o
fermento dos fariseus e dos saduceus no capítulo 16 e,
finalmente, a revelação da pessoa do nosso Senhor a Pedro, nesse
tempo maravilhoso quando a Pedro foi dado o primeiro insight. Na
verdade, foi onde iria para além do nível do físico e mesmo do
anímico, para as profundezas do espírito do ser humano.
NO NÍVEL PSÍQUICO
No começo do capítulo 16, versículo 21 (já notamos essa grande
divisão), há o segundo ministério de nosso Senhor à nação, desta vez
no nível da alma. Ele está oferecendo a si mesmo neste nível. Sua
primeira revelação é para os discípulos somente, pois eles são o
núcleo da Igreja chegando, e isso nos leva até o capítulo 18, versículo
35. Aqui é a transfiguração e a primeira intimação de sua morte,
seguidas (como na primeira seção) por parábolas do rei, que são
abordadas primeiramente aos discípulos, e, em seguida, à nação.
 Todas são parábolas apresentando-o como o Rei que tem o direito de
comandar e determinar o caráter dos indivíduos. Nada é dito agora
sobre suas vidas físicas, mas sim, sobre suas vidas anímicas.
Estariam eles dispostos a segui-lo; dispostos a deixá-lo moldar suas
vidas e personagens?
Logo, temos a entrada triunfal em Jerusalém, que se torna a entrada
judicial, quando nosso Senhor julga a nação, passa para o templo,
para as ofertas, e expulsa os cambistas. Mais uma vez você ouve a
palavra "ai". No capítulo 23, versículo 13, ele diz: "Mas ai de vós,
escribas e fariseus..." (Mateus 23: 13a). No versículo 16, "Ai de vós
cegos, guias..." (Mateus 23: 16a). "Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas!" (Mateus23: 23a).
Durante todo o capítulo, tal como a sentença de morte, essa
palavra "ai" pessoa repetidas vezes, seguido por uma seção
nos capítulos 24 e 25, em que temos instruções aos
indivíduos novamente. Isto é o que chamamos de discurso
final - instruções para o remanescente crente sobre o que
fazer até que ele venha novamente. Ele revela como a
história do mundo vai moldar-se; o que vai acontecer nos
anos seguintes; que forças serão soltas sobre a terra; como
as forças das trevas vão levar o povo de Deus e testá-los,
julgá-los e abalar sua estrutura. Ele declara que eles só
podem ficar como devem ser, e que devem fazer o certo
pelo fortalecimento interior do Espírito Santo.
NO NÍVEL DO ESPÍRITO
 Finalmente chegamos à última seção, em que temos a
traição, o julgamento do Senhor Jesus, a agonia, a
crucificação e a ressurreição, quando o nosso Senhor, no
mistério da escuridão, passa pela escuridão da morte. Lá,
sozinho, abandonado por seus amigos, ele entrou em uma
briga de morte com os poderes das trevas.
No mistério da cruz, Ele prendeu as forças que dominam o espírito
humano e tudo mudou. Na maravilha da cruz, ele venceu os poderes que
foram contra a humanidade. Como Paulo colocou mais tarde, ele os
dominou, e fez um espetáculo público, triunfando sobre as forças das
trevas, e levando-os atrás dele como um conquistador levaria uma fila de
cativos em exposição aberta ao povo.
Na história da crucificação você irá vê-lo de pé, como um prisioneiro
solitário diante de Pilatos em juízo, e em seguida, passando pela
escuridão do jardim, de lá para o pelourinho, e depois para a cruz onde
ele foi pregado para morrer.
 Na angústia e neblina daquelas horríveis seis horas, ele lutou contra as
forças das trevas e as derrotou. Assim, a única coroa que ele teve como
um rei terreno foi uma coroa de espinhos; o único trono que no qual
esteve foi uma cruz sangrenta; o único cetro que ele empunhou foi um
cajado quebrado.
Mas logo houve a ressurreição, quando ele rompeu para dentro do reino
do espírito humano. Até aquele momento, com efeito, Deus não tinha
ainda se movido para dentro do espírito do homem - no terreno da fé, ele
poderia - mas agora o caminho para o centro do ser do homem é certo.
Como chegamos a conhecer o Senhor em nosso espírito, nós
descobrimos que é ali em que o culto de nossos corações é dado a ele. O
espírito é a chave para o domínio de todo ser humano.
Quando você começa no espírito de uma pessoa, você tem tudo o que
ele é – seu sábio interior. Por meio da cruz e da ressurreição, o Senhor
tornou possível passar para o santo dos santos do ser humano e habitar
dentro dele.
 Indicação de Leitura
Para conhecer mais sobre o contexto de Mateus, leiam mais um
capítulo do livro “O Novo Testamento: sua origem e análise”: O
Evangelho de Mateus – Capítulo 8.
 Considerações finais
A grande mensagem do Evangelho, então, é que Deus não está lá em
cima em algum trono; ele não está à espera de alguma sala de
julgamento distante para nos julgar. Ele está pronto e esperando para
entrar no coração de cada pessoa, matar a fome da pessoa faminta de
vida.
Quando o Rei está entronizado na vida, o reino de Deus está presente.
Essa é a mensagem de Mateus. “Arrependei-vos, porque o Reino dos
céus está próximo".
O céu não significa algum lugar no espaço; mas que Deus reina no
espírito humano. Esse reino está próximo na apresentação do Rei. A
grande questão para a qual Mateus exige uma resposta é: "Jesus Cristo
é o Rei de sua vida?“ “Recebeu-o apenas como salvador do corpo ou
Salvador da alma”?
A questão que Mateus traz diante de nós é "Ele se tornou
rei? - Será que ele penetrou no espírito? Tem Ele dominado
seu coração? Tem Ele conquistado o culto de seu coração,
de modo que Ele seja a pessoa mais importante em todo o
universo para você?”
Quando Ele se torna rei, acontece o cumprimento do
primeiro mandamento. "Não terás outros deuses diante de
mim, Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e
de toda a tua força, e toda a tua mente".
O resultado será que você irá amar o teu próximo como a si
mesmo. Espero por vocês na próxima aula!
 Referências:
TENNEY, Merril C., O novo Testamento, sua origem e
análise, São Paulo: Shedd, 2008.
 THIELMAN, Frank, Teologia do Novo Testamento, uma
abordagem canônica e sintética, São Paulo: Shedd, 2007.
CARSON, D. A.; MOO. D. J.; MORRIS, Leon. Introdução ao
Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1997.
ENCONTREIMECOMAMADOCASTELOBRANCO

ENCONTREI-ME COM AMADO CASTELO


BRANCO

ENCONTREI-ME COM A MÁ DO CASTELO


BRANCO
A HERMENÊUTICA NOS AJUDA A
INTERPRETAR PASSAGENS DIFÍCEIS DA
BÍBLIA
“Então, se arrependeu o SENHOR de ter feito o
homem na terra, e isso lhe pesou no coração”
(Gn 6:6).
“Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó e
multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e
as minhas maravilhas” (Êx 7:3).
“Todavia, o coração de Faraó se endureceu, e
não os ouviu, como o SENHOR tinha dito” (Êx
7:13).
“Disse o SENHOR a Moisés: O coração de Faraó
está obstinado; recusa deixar ir o povo” (Êx
7:15).

“Vendo, porém, Faraó que havia alívio, continuou


de coração endurecido e não os ouviu, como o
SENHOR tinha dito” (Êx 8:15).

“Então, disseram os magos a Faraó: Isto é o


dedo de Deus. Porém o coração de Faraó se
endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR
tinha dito” (Êx 8:19).
“Porém o SENHOR endureceu o coração de
Faraó, e este não os ouviu, como o SENHOR
tinha dito a Moisés” (Êx 9:12).
Diante de questões difíceis na Bíblia, com
tantas acusações que os céticos fazem sobre
o texto bíblico, podemos nos perguntar: “que
garantia temos que a Bíblia é a Palavra de
Deus e não contém erros de nenhuma
espécie?”

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