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Conteúdo Interdisciplinar - 7º Ano

Unidade 1 – A chegada do Herói


Cap 1 – E Deus visitou a terra
História e Religião
Cronologia da bíblica:

A cronologia do Novo Testamento possui alguns pontos diferentes em relação ao período estudado
no Antigo Testamento. O Antigo Testamento conta aproximadamente os principais fatos dos 4 mil anos
(segundo a teoria mais aceita) de história conhecidos como a.C (antes de Cristo) e descrevem
essencialmente: 1. Como o mundo foi criado “Criação”; 2. Como o mundo foi corrompido “O pecado”; 3. A
corrupção e o juízo divino “O dilúvio”; 3. O surgimento do povo escolhido “Abraão”; 4. A história dos Hebreus
“Isaque e seus descendentes”; 5. A formação do povo de Israel “Do Egito a Canaã”; 6. A conquista da terra
“Josué e Juízes”; 7. Os reis de Israel “De Saul a Babilônia”; 8. O exílio “Daniel”; 9. O retorno “A restauração
de Jerusalém”. O último episódio descrito ocorre em aproximadamente 400 a.C. O Novo testamento
descreve o período de aproximadamente 70 anos apenas: 1. O nascimento de Jesus; 2. A vida de Jesus; 3.
A morte de Jesus; 4. Os apóstolos e a pregação do evangelho; 5. O ministério de Paulo.

Geografia e Religião
As histórias bíblicas do Novo Testamento ocorreram ao longo de dois: Ásia e Europa (a partir
de Israel até a Itália). Novamente no centro da história está o território de Israel. Aos dias de Cristo,
quando os romanos dominavam o território, o espaço era dividido da seguinte maneira:
Terras bíblicas do N.T.
Alguns aspectos importantes devem ser observados ao longo deste território. Ele possui regiões
extensas de deserto árido, cadeias de montanhas e densas floresta ao norte.
- Galileia = A Galileia ficava ao Norte de Israel. Era uma região montanhosa, coberta por algumas
florestas e possuía grandes fontes de água. O grande ponto de referência deste território era o
conhecido “Mar da Galileia”, que é na verdade um lago de água doce. A população desta região
era caracterizada pela grande presença de vilarejos com moradores estrangeiros, portanto, havia
uma mescla nos moradores da região a tornou conhecida como “Galileia dos gentios”. Gentios era
uma palavra usada pelos judeus para denominar todos aqueles que não faziam parte do povo
judeu.
- Samaria = A Samaria estava na região central de Israel. O território era composto por grandes
planícies entrecortadas pela cadeia de montanhas que leva ao sul. Os povos que habitavam a
região eram compostos por uma mistura entre os descendentes dos israelitas, (10 tribos do norte
conhecida como Israel, após a divisão do reino) e povos pagãos (estrangeiros de religião politeísta).
Esta “mistura” tornou os samaritanos, alvo do preconceito racial dos judeus que tornava a relação
entre os dois povos altamente tensa.
- Judéia = A Judéia era o território ao Sul de Israel. Além de montanhosa, a região tinha grandes
desertos e apresentava ao leste o “Mar morto”, um lago com grande concentração de sal, onde
tradicionalmente teria sido a região de Sodoma e Gomorra. Na Judéia ficam os principais
representantes dos romanos, além das famílias sacerdotais, judeus mais religiosos, grandes
comerciantes e representantes da alta sociedade.
Contexto da vida diária no N.T.
No início do primeiro século os judeus faziam parte do império romano que havia conquistado
a região em 37 a.C. Os romanos mantinham o controle de suas províncias a partir de Roma e
escolheram como governante da região um homem meio judeu, meio idumeu chamado Herodes,
que posteriormente ficou conhecido como “O grande”. Ao longo de todo território foram instaladas
na região diversas construções que representavam a cultura greco-romana como teatros, fóruns,
hipódromos, casas de banho, templos pagãos, etc. O território estava dividido em três partes: a
Galileia ao norte, onde viviam predominantemente cidadãos não judeus (algo que a tornou
conhecida como a “Galileia dos gentios”); a Samaria, região ocupada por uma mistura de israelitas
e povos de outras regiões (algo que tornava os samaritanos odiáveis aos olhos dos judeus); e a
região da Judeia que possuía população predominantemente judia e extremamente religiosa.
A Judéia dos ricos:
A maior parte dos cidadãos ricos habitava a região da Judéia onde construíam residências
luxuosas cercada por funcionários.
As casas era possuíam: 1. Salões para recepção, 2. pátio para animais, 3. solários para
descanso, 4. piscinas de purificação, 5. quartos para hóspedes, entre outras.
As estrebarias e Sinagogas:
Outro tipo de moradia muito comum eram as “estrebarias”, nestas residências coletivas era
possível alugar quartos, armazenar animais e ter alimentação. Elas serviam também de ponto de
parada para viajantes que poderiam pagar determinada quantia para passar apenas a noite. Nas
sinagogas aconteciam os principais eventos sociais e a vida religiosa das comunidades judias não
apenas na Judéia, mas, espalhadas ao longo de todo império.
As aldeias:
Contudo, a maior parte da população vivia nas aldeias afastadas dos grandes centros, onde
poderiam desfrutar de maior tranquilidade e segurança. Haviam cerca de 240 aldeias judias
espalhadas pelo território das quais encontra-se Nazaré, uma aldeia da Galileia.
As principais atividades:
Nas regiões mais afastadas, as principais atividades envolviam:
Mulheres: Cuidado da casa
Homens: Serviços como agricultura, pecuária, ferreiros, carpinteiros, tecelão e pescadores.
Crianças: Meninas ajudavam em casa, enquanto os meninos iam para a Sinagoga estudar.
Cap 2 – Caminho Real
Parte I
As estradas romanas (em latim: viae; singular: via) eram uma infraestrutura física vital para
a manutenção e desenvolvimento do Estado romano e foram construídas a partir de cerca de 300
a.C., através da expansão e consolidação da República Romana e do Império Romano. No auge
do desenvolvimento de Roma, não menos do que 29 grandes estradas militares irradiavam a partir
da capital e 113 províncias do final do Império estavam interligadas por 372 grandes estradas. O
conjunto composto por mais de 400.000 km de estradas, dos quais mais de 80.500 km eram
calçados. Elas forneceram meios eficientes para o movimento terrestre dos exércitos, de
funcionários do governo e de civis, além de comunicações oficiais e bens de comércio.
Por estas estradas circulavam não apenas cidadãos plebeus romanos, mas também, a mais
alta realeza. Era costume dos grandes imperadores e governantes romanos, realizar suas viagens
em grandes comitivas, porém, à frente da comitiva iam os mensageiros para avisar a chegada do
governante. Estes mensageiros oficiais já eram utilizados a muito tempo, exemplo disso é a história
do surgimento da “Maratona”, onde Pheiddípedes sacrificou sua vida correndo 40km para avisar
aos gregos a vitória sobre os persas.
Parte II
Cerca de 150 anos do nascimento de Jesus, surgiram na palestina diversos grupos religiosos que
batizavam as pessoas por diferentes objetivos. Dentre eles, um grupo conhecido como essênios
começou a realizar estas práticas ao sul da Judéia, os chamados “banhos de purificação”. O
principal local de atuação dos essênios era uma comunidade na região desértica do mar morto
chamada Qunram.

Provavelmente João o “Batista” tenha participado desta comunidade e aprendeu a prática do


batismo com seus membros. Contudo, o batismo de João introduziu alguns elementos diferentes:
1. Era realizado apenas uma vez;
2. podia ser realizado para judeus e não judeus;
3. o foco era o arrependimento;
4. era “passivo”, ou seja, alguém batizava o fiel;
5. o objetivo era preparar o povo para a chegada do Messias.

Cap 3 – Vitória no deserto


A história dos judeus é repleta de passagens interessantes e práticas rituais cheias de
significados. Algumas destas práticas são vistas até hoje como: “Rosh Hashanah” o Ano Novo
Judaico; “Yom Kippur” o dia do perdão; “Pessach” a páscoa; “Bar Mitzvá” maioridade; entre outras.
Todas estas datas, trazem consigo uma série de ações que são ensinadas aos judeus desde a
infância. Dentre as práticas mais comuns, uma das mais utilizadas, é a prática do jejum.
O jejum é a abstinência de alimentação durante algum período, onde a finalidade é alcançar
benefícios físicos e espirituais. Essa prática era feita desde a antiguidade por muitos israelitas em
momentos de dificuldades, mas, foi após a destruição dos judeus pelo império da Babilônia (586
aC.) que tornou a prática algo obrigatório na religião judaica.
Nos dias de Jesus, haviam grupos que além do jejum, se isolavam das grandes cidades,
retirando-se para lugares mais solitários, para ali meditar a respeito da vida. Muitos destes grupos,
iam para o deserto. Cerca de 60% do território de Israel é composto por deserto. Ao contrário das
tradições imagens vistas no Saara, os desertos israelenses são compostos por grandes cadeias de
montanhas, com pouca vegetação e assim como qualquer deserto do mundo, é também uma região
altamente perigosa. Dentre os principais desertos desta região, temos: Arad, ao sul; Cesareia, a
oeste; Beit She’na, ao norte; e Judéia, ao leste. Jesus se retirou para o deserto da Judéia para ali
passar momentos a sós com Deus em oração.

Cap 4 – Grupo de Elite


A educação nas comunidades primitivas era um ensino informal e visava um ensino das
coisas práticas da vida coletiva, focada na sobrevivência e perpetuação de padrões culturais, ou
seja, não havia uma educação confiada a uma instituição específica., porque ela acontecia
espontaneamente mediada pela convivência em grupo. É o aprender fazendo, inter-relacionando
vida e trabalho nesse processo.
Com a conquista grega é que vem toda uma revolução na tradição do ensino, passando a
ser vista de uma maneira mais racional. O termo escola vem do grego “Scholé” significando “lazer,
tempo livre”. Esse termo era utilizado para nomear os estabelecimentos de ensino pelo fato de a
tradição greco-romana não valorizar a formação profissional e o trabalho manual. Formar o homem
das classes dirigentes era o ideal da educação grega. O professor não deveria ensinar de acordo
com suas concepções, mas de acordo com a exigência da sociedade, devendo formar os futuros
governantes e ocupantes dos altos cargos. O mestre filósofo era o responsável pela educação dos
seus discípulos, em geral cinco e geralmente ensinava política, artes, aritmética e filosofia.

Nos tempos de Cristo, a educação era um elemento muito importante da sociedade. Quando a
criança tinha a oportunidade de, além do ofício do lar, aprender na escola dos rabinos, sua
rotina não era fácil. Ela passava a manhã inteira na sinagoga, em uma sala com cerca de 25
alunos. A parte da tarde era dedicada ao trabalho que estava aprendendo com o pai. A escola
fundamental que as crianças frequentavam na sinagoga era conhecida pelo nome de BeitHa Sêfer,
isto é, A Casa do Livro. Ali aprendia-se a ler, escrever, fazer contas e falar em público.
Memorização, repetição e resolução de problemas eram os métodos pedagógicos mais usados na
ocasião.
As Escrituras, especialmente a Torá, formavam a base do ensino.O cálculo matemático, por
exemplo, era ensinado a partir do tempo de duração da vida dos patriarcas ou das profecias que
incluem cronologia. A geografia era ilustrada nas guerras de Israel. Já a medicina, por meio das
prescrições mosaicas, e assim por diante.
O período da escola primária ia dos cinco aos 12 ou 13 anos de idade. Depois, o aluno passava
por um estágio mais avançado na Beit Midrash, ou Casa da Interpretação, que ficava em um lugar
separado da sinagoga. Ali, o aluno poderia receber uma espécie de educação superior
acompanhado por algum mestre da lei. Assim, se um jovem quisesse avançar em seus estudos,
deveria iniciar-se no mundo rabínico, no qual se tornaria um escriba ou doutor da lei. Para isso, ele
deveria escolher como tutor um mestre ou rabino de renome e segui-lo, na condição de que o rabino
aceitasse o aluno.
O jovem aprendiz, ou seja, que era aceito pelo mestre, deveria ser submisso da mesma forma como
seria a seu pai, e também deveria estar pronto para servi-lo enquanto estivesse em sua companhia.
Com aquele sábio homem, o jovem aprenderia muitas lições, mas, especialmente, a difícil arte de
interpretar a lei e colocá-la em prática nas mais diversas situações.
Em alguns casos, ao invés de o jovem se oferecer para o curso, o próprio mestre ou rabino,
reconhecendo seu potencial, o convidava para ser seu discípulo. Sendo assim, entendemos os
episódios em que dois discípulos de João pedem para seguir a Jesus, e Ele os aceita, e quando
Jesus é quem dá a iniciativa e convida pescadores para segui-Lo.

Cap 4 – As aparências enganam


Os teatros gregos
Os teatros (de theatron, "local onde se vê") da Grécia antiga tiveram suas origens ligadas
a Dionísio, divindade da vegetação, da fertilidade e do vinho. Durante as celebrações, que duravam
seis dias, em honra ao deus, em meio a procissões e com o auxílio de fantasias e máscaras, eram
entoados cantos líricos, chamados “ditirambos”, que mais tarde evoluíram para a forma de
representação plenamente cênica como a que hoje conhecemos através de peças consagradas.
Seu florescimento ocorreu entre 550 a.C. e 220 a.C., sendo cultivado em especial
em Atenas, que neste período também conheceu seu esplendor, mas espalhou-se por toda a área
de influência grega, desde a Ásia Menor até a Magna Grécia e o norte da África. Sua tradição foi
depois herdada pelos romanos, que a levaram até as suas mais distantes províncias, e é uma
referência fundamental na cultura do ocidente até os dias de hoje.
Pelo apelo popular, os teatros estavam presentes em várias cidades desde o período
helenístico (período grego). Ele era o principal ponto de encontro dos habitantes de uma cidade e
local não apenas de entretenimento, mas também, de propagação das ideias culturais, religiosas e
políticas, como visto anteriormente. Para diferenciar o teatro de um anfiteatro, basta entender que
o teatro é a metade de um anfiteatro (Ex. o teatro da cidade de Éfeso é a metade do anfiteatro
conhecido como Coliseu na cidade de Roma). Os teatros situavam-se ao ar livre, nos declives das
encostas, locais que proporcionavam uma boa acústica. Inicialmente os bancos eram feitos
de madeira, mas a partir do século IV a.C. passaram a ser construídos em pedra. O mais comum
era a utilização da lateral de um monte, para criação de arquibancadas e possibilidade de utilização
da posição geográfica para explorar a acústica. Onde não era o possível o uso desta técnica, se
construía uma estrutura capaz de proporcionar visão clara de todos os ângulos e acústica que não
prejudicasse o espetáculo.

1. Exemplo de teatro em encosta. 2. Exemplo de anfiteatro construído

Os atores do teatro grego eram todos homens, e interpretavam vários papéis durante o
mesmo espetáculo. Justamente por isso, quando a dramatização passou a ser comum nas cidades
de cultura grega, para interpretar os diversos papéis, os homens utilizavam máscaras. Na tragédia
existiam três atores e na comédia quatro. Na tragédia os atores utilizavam uma túnica até aos pés,
chamado “quíton”, e o “coturno”; na comédia usavam-se roupas próximas às utilizadas pelos
cidadãos e calçavam-se sandálias.

3. Exemplo de máscaras utilizadas no teatro e roupas como o quíton.


Com a expansão do império grego, o teatro foi amplamente utilizado para ensinar as
mitologias tão presentes na cultura grega. Contudo, os filósofos surgiram tentando combater aquilo
que na visão deles era extremamente prejudicial aos cidadãos gregos e incentivando o cultivo da
razão por meio da reflexão sobre coisas existências.

Do teatro, vieram grandes contribuições que estão presentes até hoje na cultura ocidental.
Pode-se destacar o termo HIPÓCRITA. A palavra “hipocrisia” vem do grego
antigo ὑπόκρισις (hupókrisis), que significa "encenar", "interpretar". O adjetivo hipócrita vem do
grego ὑποκριτής (hupokritḗs), que significa "ator". Assim, na cultura grega, um hipócrita era um
ator. Portanto, a hipocrisia era utilizada para qualquer tipo de performance pública, incluindo a arte
da retórica e o hupokritḗs (hipócrita) era um termo técnico para um ator de palco e não era
considerado um papel adequado para figuras públicas.

Em uma passagem do Novo Testamento Jesus chama os fariseus de hipócritas, ou seja, Ele
estava os condenando por encenar ser uma coisa que eles realmente não eram. Deste modo, pode-
se entender que do mesmo como a arte de encenar transformou o mundo da antiguidade, deve-se
entender que não podemos acreditar em tudo aquilo que nossos olhos veem, pois, em um mundo
cheio de encenação e dramaturgia, as aparências enganam.

Cap. 6 – SOS de Deus

A arte de contar histórias

A contação de histórias é uma das mais antigas artes ligadas à essência humana. No
passado, ela expressava e corporificava o mundo simbólico pelo uso das palavras e dos gestos
para um conjunto de ouvintes da família ou da aldeia. O contador de histórias tinha uma grande
importância social e cultural, visto que detinha as experiências e a sabedoria de sua época:
trabalhava com a construção oral coletiva que se fundamentava na identidade cultural de seu povo.
Assim entendido, antes da escrita, os saberes da humanidade eram transmitidos por meio da
oralidade e, à medida que o falar tornou-se insuficiente para expressar e manifestar a cultura de
uma sociedade, o homem começou a pensar em materiais palpáveis que organizassem o
conhecimento adquirido, isto é, a escrita. Dessa forma, a oralidade materializou-se trazendo
consigo a necessidade da leitura em um determinado suporte, decorrendo que as histórias foram
narradas a partir de um texto escrito, causando impacto positivo entre os ouvintes, posto que a
qualidade dos escritos era melhor elaborada e a multiplicidade dos textos tornou-se mais
socializada.

Ancião conta histórias de seus ancestrais a sua família.


Considerando que a arte de contar histórias se constitui em um ritual muito antigo, os líderes
organizavam rituais noturnos em torno de uma fogueira, onde crianças, jovens e adultos ouviam
histórias contadas por sábios e comunicativos feiticeiros, os quais detinham a sabedoria a ser
transmitida para essas gerações. As histórias narradas oralmente buscavam o entendimento dos
mistérios que envolviam a natureza, como o surgimento do céu e da terra, o aparecimento e o
desaparecimento da lua, a origem do dia e da noite, a criação dos homens, como o Gênesis, por
exemplo. Esses contadores de histórias da antiguidade, chamados de aedos pelos gregos,
utilizavam basicamente o recurso da palavra falada, reunindo multidões que se identificavam e se
encantavam com suas sábias narrativas, como é o caso de Jesus Cristo.
Da arte de contar histórias, surgiu a mitologia. A palavra “mitologia” é utilizada para se referir
ao conjunto de mitos de uma determinada cultura. Um exemplo é a mitologia egípcia, conjunto de
mitos que explicam a visão de mundo e a religião dos egípcios antigos. Além disso, essa palavra é
também usada para se referir ao estudo, realizado por especialistas, dos mitos de um determinado
povo. Mitos são formas encontrada pelos povos antigos para explicar sua própria realidade, a
origem de suas tradições, dos homens, os eventos da natureza, etc. Os mitos são classificados de
duas formas: mitos cosmogônicos e mitos de origem. Os primeiros estão relacionados a eventos
que explicam o surgimento do Universo, enquanto os mitos de origem explicam o surgimento de
um local ou de uma tradição.

Deuses da mitologia grega

Dentre os mitos antigos, alguns que obtiveram destaque foram:

Rómulo e Remo: os fundadores de Roma, segundo a lenda, foram amamentados pela loba de
Luperca após serem abandonados no rio Tibre. A criatura amamentou-os até crescerem e,
posteriormente, foram descobertos por um pastor chamado Fausto e criados pela sua mulher.
Embora esta história tenha sido muito debatida, tudo indica que se trata de uma lenda, um mito
sobre a fundação de um dos impérios mais importantes de todos os tempos: Roma.

Remo e Rômulo alimentados pela loba


Rei Artur: Também a lenda do rei Artur é uma história que ainda confunde muitas pessoas que
não sabem distinguir se esta figura era real ou fruto da literatura. Mais uma prova que mostra a
linha distorcida que às vezes separa o mito da realidade. Nas primeiras referências da literatura
celta, a lenda conta a história de Artur, um rei da Grã-Bretanha. Ele é apresentado como o monarca
ideal durante a guerra e no período de paz. Essa lenda foi usada na literatura em inúmeras ocasiões
para explicar a Idade Média e muitos dos seus eventos importantes. Ainda que não existam
evidências arqueológicas confiáveis para atestar a existência de Artur, em várias ocasiões a
existência de Artur foi apresentada como uma pessoa real ou, pelo menos, influenciou uma pessoa
real na lenda

O lendário rei Artur

Cavalo de Troia: Troia era cercada por grandes muralhas que a protegiam e impediam a entrada
dos inimigos. Após a morte de Heitor, os gregos simularam a sua retirada do território troiano
fingindo rendição. O exército grego deixou como “presente” para os troianos, que eram conhecidos
como domadores de cavalos, um enorme cavalo de madeira como símbolo de “paz”. Mas o cavalo,
na verdade, era oco e estava cheio de soldados gregos.

O mito do cavalo com soldados gregos


Cap. 9 – Metamorfose Espiritual

A inquisição e os processos de conversão em massa durante a idade média

A ascensão religiosa e ideológica da Igreja durante a Idade Média marcou fortemente a


Europa entre os séculos V e XV. Contando com igrejas, mosteiros e catedrais espalhadas por todo
esse território, e apoiado por diversas autoridades políticas da época, a igreja parecia ter controle
total nesse período.
Nesse tempo, todos aqueles que não concordavam com os ensinos da igreja eram
considerados como hereges. Influenciados por outras religiões antigas ou dando interpretação
diversa ao ideal cristão, muitos queriam um tipo diferente de vivência religiosa. Com isso, a partir
do século XIII, as primeiras investigações foram autorizadas pela Igreja contra aqueles que
representassem uma ameaça ao “Corpo de Cristo”.

Em Portugal, onde a presença de judeus no comércio era muito acentuada, o rei Manuel I
preferiu estabelecer a conversão forçada dos judeus, em 1497. Essa medida, ao invés de pacificar
o processo, somente acirrou os ânimos entre os cristãos e os “cristão-novos” (ex-judeus), pois, os
membros de nascença viam com desconfiança a conversão religiosa dos judeus. Com isso, vários
episódios de violência ocorreram no início do século XVI.
Não sustentando mais essa situação conflituosa, o rei Dom João III preferiu a autorização
para instalar os domínios do Tribunal do Santo Oficio em Portugal. Dessa maneira, os países
ibéricos (Portugal e Espanha) tornaram-se um dos principais focos de atividades da Inquisição. Por
serem nações que contavam com um amplo número de domínios coloniais na América, o Tribunal
também foi instalado no continente a fim de regulamentar a religiosidade nas colônias.

Muitos eram torturados para forçar a renúncia de suas religiões e adotar o cristianismo.

Muitos judeus fugiram das perseguições que lhes foram movidas na Península
Ibérica na inquisição espanhola (1478 -1834), dirigindo-se a vários outros territórios. Uma grande
parte fugiu para o norte de África, onde viveram durante séculos. Milhares se refugiaram no Novo
Mundo, principalmente Brasil onde foi construída a primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur
Israel.
Outros, forçadamente convertidos ao cristianismo, experimentaram viver a fé judaica
de maneira escondida. Há uma teoria que apresenta uma alternativa para estes judeus
chamados de “novos-cristãos” que ao deixar para trás o sobrenome judaico, adotaram
nomes de plantas e animais como sobrenome para que pudessem se reconhecer entre si
de forma velada. Seria daí a origem de muitos sobrenomes bastante conhecidos no Brasil
e em Portugal. Uns com nome de árvores e outros com nome de animais. Seria mesmo
uma forma de camuflar a origem judia, mas com o sobrenome da mesma natureza?
Alguns dos prováveis sobrenomes de descentes dos judeus perseguidos:

A
Abreu Abrunhosa Affonseca Affonso Aguiar Ayres Alam Alberto Albuquerque Alfaro Almeida Alonso
Alvade Alvarado Alvarenga Álvares/Alvarez Alvelos Alveres Alves Alvim Alvorada Alvres Amado
Amaral Andrada Andrade Anta Antonio Antunes Araujo Arrabaca Arroyo Arroja Aspalhão Assumção
Athayde Ávila Avis Azeda Azeitado Azeredo Azevedo

B
Bacelar Balão Balboa Balieyro Baltiero Bandes Baptista Barata Barbalha Barboza /Barbosa Bareda
Barrajas Barreira Baretta Baretto Barros Bastos Bautista Beirão Belinque Belmonte Bello Bentes
Bernal Bernardes Bezzera Bicudo Bispo Bivar Boccoro Boned Bonsucesso Borges Borralho
Botelho Bragança Brandão Bravo Brites Brito Brum Bueno Bulhão

C
Cabaco Cabral Cabreira Cáceres Caetano Calassa Caldas Caldeira Caldeyrão Callado Camacho
Câmara Camejo Caminha Campo Campos Candeas Capote Cárceres Cardozo/Cardoso Carlos
Carneiro Carranca Carnide Carreira Carrilho Carrollo Carvalho Casado Casqueiro Cásseres
Castenheda Castanho Castelo Castelo Branco Castelhano Castilho Castro Cazado Cazales Ceya
Céspedes Chacla Chacon Chaves Chito Cid Cobilhos Coche Coelho Collaço Contreiras Cordeiro
Corgenaga Coronel Correa Cortez Corujo Costa Coutinho Couto Covilhã Crasto Cruz Cunha

D
Damas Daniel Datto Delgado Devet Diamante Dias Diniz Dionisio Dique Doria Dorta Dourado Drago
Duarte Duraes

E
Eliate Escobar Espadilha Espinhosa Espinoza Esteves Évora

F
Faísca Falcão Faria Farinha Faro Farto Fatexa Febos Feijão Feijó Fernandes Ferrão Ferraz
Ferreira Ferro Fialho Fidalgo Figueira Figueiredo Figueiro Figueiroa Flores Fogaça Fonseca Fontes
Forro Fraga Fragozo Franca Francês Francisco Franco Freire Freitas Froes/Frois Furtado

G
Gabriel Gago Galante Galego Galeno Gallo Galvão Gama Gamboa Gancoso Ganso Garcia Gasto
Gavilão Gil Godinho Godins Goes Gomes Gonçalves Gouvea Gracia Gradis Gramacho Guadalupe
Guedes Gueybara Gueiros Guerra Guerreiro Gusmão Guterres

H/I/J
Henriques Homem Idanha Iscol Isidro Jordão Jorge Jubim Julião

L
Lafaia Lago Laguna Lamy Lara Lassa Leal Leão Ledesma Leitão Leite Lemos Lima Liz Lobo Lopes
Loucão Loureiro Lourenço Louzada Lucena Luiz Luna Luzarte
M
Macedo Machado Machuca Madeira Madureira Magalhães Maia Maioral Maj Maldonado Malheiro
Manem Manganes Manhanas Manoel Manzona Marçal Marques Martins Mascarenhas Mattos
Matoso Medalha Medeiros Medina Melão Mello Mendanha Mendes Mendonça Menezes Mesquita
Mezas Milão Miles Miranda Moeda Mogadouro Mogo Molina Monforte Monguinho Moniz Monsanto
Montearroyo Monteiro Montes Montezinhos Moraes Morales Morão Morato Moreas Moreira Moreno
Motta Moura Mouzinho Munhoz

N
Nabo Nagera Navarro Negrão Neves Nicolao Nobre Nogueira Noronha Novaes Nunes

O
Oliva Olivares Oliveira Oróbio

P
Pacham/Pachão/Paixão Pacheco Paes Paiva Palancho Palhano Pantoja Pardo Paredes Parra
Páscoa Passos Paz Pedrozo Pegado Peinado Penalvo Penha Penso Penteado Peralta Perdigão
Pereira Peres Pessoa Pestana Picanço Pilar Pimentel Pina Pineda Pinhão Pinheiro Pinto Pires
Pisco Pissarro Piteyra Pizarro Pombeiro Ponte Porto Pouzado Prado Preto Proença

Q
Quadros Quaresma Queiroz Quental

R
Rabelo Rabocha Raphael Ramalho Ramires Ramos Rangel Raposo Rasquete Rebello Rego Reis
Rezende Ribeiro Rios Robles Rocha Rodriguez Roldão Romão Romeiro Rosário Rosa Rosas
Rozado Ruivo Ruiz

S
Sa Salvador Samora Sampaio Samuda Sanches Sandoval Santarém Santiago Santos Saraiva
Sarilho Saro Sarzedas Seixas Sena Semedo Sequeira Seralvo Serpa Serqueira Serra Serrano
Serrão Serveira Silva Silveira Simão Simões Soares Siqueira Sodenha Sodré Soeyro Sueyro Soeiro
Sola Solis Sondo Soutto Souza

T/U
Tagarro Tareu Tavares Taveira Teixeira Telles Thomas Toloza Torres Torrones Tota Tourinho
Tovar Trigillos Trigueiros Trindade Uchôa

V/X/Z
Valladolid Vale Valle Valença Valente Vareda Vargas Vasconcellos Vasques Vaz Veiga Veyga
Velasco Velez Vellez Velho Veloso Vergueiro Viana Vicente Viegas Vieyra Viera Vigo Vilhalva
Vilhegas Vilhena Villa Villalão Villa-Lobos Villanova Villar Villa Real Villella Vilela Vizeu Xavier
Ximinez Zuriaga

Essa prática marcou um dos mais sangrentos episódios de intolerância religiosa de


toda a História. Os julgamentos e sentenças anunciadas pela Igreja foram responsáveis por
mais de 50 mil mortes ao redor do mundo. A grande maioria das vítimas eram mulheres,
que eram usualmente condenadas pela prática de bruxaria.
Ao buscar a controlar a fé, a igreja daquela época utilizou os meios que hoje causam
vergonha. A punição física e as mortes daquela época eram consideradas instrumentos de
revelação pelo qual o réu teria a dimensão de seus pecados ou garantiria sua salvação
espiritual.

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