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ESTUDO BÍBLICO NOVO TESTAMENTO

CONTEXTO DO NOVO TESTAMENTO


Maio de 2019
Paróquia Santa Isabel de Portugal – Diácono Cesar
A PALESTINA NO TEMPO DE JESUS
A PALESTINA,
TERRITÓRIO EM
QUE JESUS VIVEU

A TERRA DE JESUS
Jesus viveu na Palestina, uma
pequena faixa de terra com área de
20 mil km2, com 240 km de
comprimento e máximo de 90 km de
largura.
A PALESTINA, TERRITÓRIO
EM QUE JESUS VIVEU 20 mil
< R. Noroeste do PR km2
10X

Área do Paraná: 199 mil km2.


Região Noroeste: 26,4 mil km2 .
A Palestina é dividida de alto
a baixo por uma cadeia de
montanhas.

Jerusalém está situada ao sul no extremo de um


planalto, 760m acima do nível do mar Mediterrâneo.
As terras cultiváveis estão na parte norte, na região da
Galileia e no vale do rio Jordão. Palestina: região
A região da Judeia é montanhosa e se presta mais a pasto
de rebanhos e cultivo de oliveira. essencialmente agrícola
POVO DE ISRAEL?
POVO HEBREU? JUDEU?
Entre 1.900 a 1.700 a.C., alguns
grupos se deslocaram de Ur
para região de Canaã.
Esses eram denominados
Habiru, “os homens da areia”. É
provável que a denominação
Hebreus seja uma derivação
deste termo.
O termo Habiru designaria o
grupo étnico dentro do qual se
encontram os ancestrais dos
Judeus. Nesse contexto, Abraão
se insere e se sente “chamado”.
POVO HEBREU
12 TRIBOS de ISRAEL – 1.200 a.C. Josué 13-21

Gn 32, 29 (ISRAEL)

POVO DE ISRAEL
Juízes Samuel Saul;
Josué Sangar, Gideão, 1Sm 7,15 Davi e
Jefté, Sansão e
Samuel 1Sm 8,5-22 Salomão

Monarquia
unificada
Após a morte de Salomão, houve a divisão política e
religiosa das tribos e o fim da MONARQUIA UNIFICADA.
Os hebreus dividiram-se!
• Dez tribos do norte e formaram o Reino de Israel,
liderados por Jeroboão.
(Apesar de terem a Javé como Deus, foi sendo
introduzido o culto a vários “deuses”).
• Duas tribos do sul formaram o Reino de Judá,
liderados por Roboão, filho de Salomão (924 a.C.).
JUDEU
CRONOLOGIA BÍBLICA SINTÉTICA DO A.T.
ANO EVENTOS BÍBLICOS NARRADOS NO A.T.:
1800-1300 a.C. Abraão e histórias dos patriarcais
1300-1050 a.C. Formação do Povo de Israel
1040- 931 a.C. Monarquia unida em Israel: Saul – Davi – Salomão
931 a.C. Divisão da monarquia: Reino de Israel (N) e o Reino de Judá (S)
721 a. C. Fim do Reino do Norte – domínio Assírio
586 a.C. Fim do Reino de Judá – domínio Babilônio
586-536 a.C. Exílio na Babilônia
536-332 a.C. Judéia: colônia Persa
332-141 a.C. Judéia: colônia Grega
167-164 a. C. Revolta dos Macabeus
140-63 a.C. Independência: governo dos Asmoneus
63 a.C. Palestina sob domínio do Império Romano
Duas regiões bem diferentes:

• Galileia ao Norte:

• Judeia e Samaria ao Sul:


GALILEIA: “pode vir coisa boa?”
• A região onde Jesus foi criado e de onde
saíram seus discípulos, não era muito bem
vista pelos judeus de sua época.
• A Galileia era território de passagem de
muitos estrangeiros em viagem. Isso
contribuía para o que eles consideravam
como impureza, ou seja, o contato com os
pagãos.
• Além disso, a distância que eles estavam do
Templo de Jerusalém impedia que pudessem
comparecer àquele local para se “purificar”.
JUDEIA
• Era o centro do poder religioso e político;
• Por estarem mais próximos do Templo, se
consideravam “melhores e mais puros”.
Vamos conhecer (um pouco) como era a sociedade
no tempo de Jesus

ESTUDO BÍBLICO – NOVO TESTAMENTO – PARÓQUIA STA ISABEL DE PORTUGAL


DIÁCONO CESAR
SOCIEDADE NO
TEMPO DE JESUS
A Palestina, desde o
ano 62 a.C.,
era colônia do
Império Romano.
GOVERNO NA REGIÃO DA PALESTINA NO
TEMPO DE JESUS

No NORTE - A Galileia tinha um rei, que na época de Jesus, era


Herodes.

No SUL - Na Judéia e na Samaria havia um Procurador


Romano, ou seja, alguém que governava em nome do Imperador
Romano.

Na Judéia e na Samaria, o Procurador deixava o Sinédrio –


governo judeu – exercer o poder, mas era o Procurador que
nomeava o “Sumo Sacerdote” e por sua vez o Procurador
Romano somente intervinha quando havia revoltas populares.
Cidade de Jerusalém – Centro Religioso / Político / Econômico

A cidade de Jerusalém contava com 25 mil habitantes.


Mas, por ocasião das grandes festas, chegava a receber 180 mil peregrinos!
O Templo  Centro político, financeiro/econômico e
religioso (o povo pagava impostos para manutenção).

• Lá se ofereciam sacrifícios
diariamente, um “comércio” que
movimentava todo o rebanho da
região.
• No Templo funcionava o Sinédrio,
(sendo que o Procurador romano
indicava o Sumo Sacerdote).
Todo o judeu deveria, ao menos 3 vez ao
ano, para lá peregrinar e “prestar culto a
Deus”.

A autoridade dos sacerdotes sobre o


povo acabava fazendo do Templo não só
o centro religioso, mas também o centro
econômico e político.
Principais Grupos “religiosos” ou “políticos” da época de Jesus

ANCIÃOS
Sacerdotes – sacerdócio hereditário (não por vocação);

Saduceus – famílias ricas, normalmente o sumo sacerdote era saduceu;

Anciãos – não são os mais velhos, mas sim os mais ricos;

Doutores da Lei (Escribas) - Seu grande poder reside no saber. São os


intérpretes das Escrituras. A influência deles é exercida no Sinédrio, nas
sinagogas e nas escolas formando “discípulos”.
Fariseus (os separados) tinham a Lei como verdadeiro
“tesouro de Israel”, mais que o Templo. Entendiam que
Deus teria uma obrigação para com eles.
Possuíam 613 leis “complementares”.
• 365 negativas (tempo ano 3+6+5= 14 =2x7 perfeita) e
• 248 positivas (número de ossos do corpo humano
2+4+8= 14 =2x7 perfeita)
365 + 248 = 613  6+1+3 = 10 (Totalidade).
O SINÉDRIO

A palavra sinédrio significa reunião/assembleia.


Refere-se ao grupo de 71 homens que formavam o supremo tribunal dos judeus.
No tempo de Jesus, era a mais alta corte de “justiça”.
Participavam dele os representantes da aristocracia leiga formada pelas famílias
ricas e tradicionais de Jerusalém.
Composto de sacerdotes, anciãos e escribas ou doutores da Lei.
Para alguns historiadores, o Sinédrio tinha apenas o direito de pronunciar a
sentença, que devia ser ratificada depois, pelo procurador, como no caso de Jesus
que morreu crucificado (sentença de morte em uso, na época, entre os romanos).
Essa parece ter sido a função do Sinédrio na condenação de Jesus (Jo 18,31).
O império romano exercia o poder sobre o povo e as autoridades locais, mas
concedia ao Sinédrio alguns direitos na gestão interna da comunidade judaica.

O Sinédrio, por sua vez, “pesava” sobre o povo por meio da doutrina do puro e
do impuro.
Puro e impuro: a base falsa do poder
Puro e impuro: a base falsa do poder

• O conceito de santo e santidade em Israel era reservado a Deus.


Só ele é Santo, Puro, Perfeito e Separado, enquanto o ser
humano é pecador, impuro, imperfeito e profano.
• Somente Deus podia comunicar santidade, enquanto o ser
humano, a impureza.
• Na proporção da proximidade física ou não com Deus,
manifestava-se, em maior ou menor intensidade, a santidade de
Deus.
A partir deste pressuposto, tornou-se possível estabelecer o
círculo geográfico e social de puro e impuro.
Quanto maior fosse a
proximidade da pessoa com o
lugar sagrado, a morada de Deus,
maior devia ser sua pureza e
santidade.
Deus “habitava” o
Templo, no “Santo dos
Santos”.
Ninguém podia ter acesso ao
Santo dos Santos, a não ser o
Sumo Sacerdote, e apenas uma
vez por ano, no Dia da
Expiação dos pecados.
Em ordem de “proximidade”, depois do
Sumo Sacerdote, vinham os
• Sacerdotes que entravam no Santo e
ofereciam a Deus os dons e sacrifícios
do povo. Em seguida
• os homens israelitas,
• as mulheres israelitas e por fim
• os pagãos.
(desde que não estivessem doentes ou se
contaminado)
Essa hierarquia trazia consequências
para as pessoas, sobretudo na vida em
sociedade.
• O Santo dos Santos, até o ano 586
a.C., continha a Arca da Aliança.
• Na reinauguração do segundo
templo, em 515 a.C., a arca não foi
reconstruída.
• O Santo dos Santos ficou
totalmente vazio.
• Nele não havia porta, mas era
fechado com uma cortina dupla,
conhecida como "véu do
Santuário".
Mc 15,38
Mt 27,51
Lc 23,45
No Templo de Jerusalém “trabalhavam” 7 mil sacerdotes!
• Eram encarregados de oferecer os sacrifícios e de conservar
limpa, e em ordem, a área reservada a eles no Templo.

• Não desempenhavam suas funções todos os dias, pois eram


muitos. Estavam divididos em 24 classes sacerdotais.

• Exerciam o ofício no Templo, aos sábados de manhã e à tarde,

imolando os cordeiros para a realização dos sacrifícios.


Os Sacrifícios no Templo:
Para cada sacrifício, eram necessários:

1 sacerdote para imolar a vítima;

1 para aspergir o sangue;

8 para oferecer o sacrifício e mais

8 para renovar o incenso nas taças, sobre a mesa dos pães da


proposição (Ex 25), e para a troca semanal dos doze pães (Lv 24).
O culto a Deus
O culto a Deus era feito por meio da oferta de
sacrifícios de animais no altar dos
holocaustos: sobre ele queimavam-se as
vítimas dos sacrifícios, como cordeiros, touros,
cabritos e outros animais.

O ritual era acompanhado por sons de cantos


e instrumentos, alternados com orações e
salmos.
• O essencial do culto consistia em queimar
animais inteiros ou algumas partes deles, como
a gordura e as vísceras.
• Havia uma intensa fumaça, fuligem e muita
poluição ambiental.

• Usava-se muito incenso cujo perfume


atenuava um pouco o forte odor das carnes
carbonizadas (o couro dos animais não era
queimado, pois pertencia aos sacerdotes).
No Templo realizavam-se diariamente três tipos de sacrifícios:
1 - Sacrifícios Perpétuos

Todos os dias imolavam-se dois cordeiros de um ano, um


pela manhã e outro à tarde. Esse era considerado o
sacrifício perpétuo que se oferecia ao Deus de Israel.

2 - Os humilhantes sacrifícios oficiais

Diariamente Israel oferecia um sacrifício a Deus pelas


intenções do imperador romano e “não ao imperador”.
3 - Sacrifícios particulares ou pessoais
Os sacrifícios particulares eram oferecidos pelos
fiéis na forma de promessa.

Aconteciam com mais frequência na época das


festas de peregrinação.

Não se sabe quantos eram oferecidos por dia, porém


deviam ser muitos pelo fato de Herodes, o Grande, ter
ampliado a área do Templo. Sem dúvida devia ser
para responder à crescente piedade popular.
O Dia da Expiação era celebrado com jejum e orações, durante
24 horas. Celebrava-se essa festa penitencial no outono, antes da
Festa das Tendas. O sumo sacerdote presidia a cerimônia.

Nesse dia, ele entrava no Santo dos Santos para depor o turíbulo
com o incenso e lançar contra a pedra, sobre a qual havia se
apoiado a Arca da Aliança, o sangue do cordeiro oferecido em
holocausto (morto) pelas próprias culpas e as culpas do povo.
Depois o Sumo Sacerdote oferecia um bode em expiação pelos seus pecados

e um outro bode pela expiação dos pecados do povo.

Depois de cumprido o rito, os bodes eram afugentados para o deserto


carregando, simbolicamente, os pecados do sumo sacerdote e de todo o povo de
Israel.

(Depois do ano 70 d.C., o ritual da expiação não foi


mais possível de ser realizado, mas transformou-se em
um dia de confissão de pecados, jejum e orações,
conhecido como Yom Kipur.)
Lv 16, 20-22
O Templo constituía a fonte de renda do sumo sacerdote.
Ele era o primeiro a escolher sua parte entre as ofertas feitas
ao Templo e destinadas aos sacerdotes.
A maior parte do comércio que se desenvolvia junto ao
Templo pertencia à família do sumo sacerdote. Ele podia
confiá-lo aos grandes comerciantes, que lhe ofereciam
propinas para participar dos seus negócios lucrativos.
No Templo comercializavam-se os animais para os
sacrifícios, a madeira para manter aceso o fogo, o incenso ...
A sinagoga
A sinagoga surgiu no período em que os
israelitas viviam dispersos em meio a outros
povos, especialmente a partir da destruição do
Templo e do exílio na Babilônia. Eles
precisavam encontrar um lugar comum para
celebrar a fé e oferecer seu culto a Deus.

Após a reconstrução e ativação do Templo,


com Neemias e Esdras, as sinagogas, que
passaram a existir em quase todas as cidades
em que viviam judeus.
O rolo da “Lei e dos Profetas” é o
que há de mais precioso na
Sinagoga. São guardados
cuidadosamente dentro de um
armário chamado "Armário Santo".
Ao lado ou em cima deste fica acesa
uma lâmpada dia e noite, em sinal de
respeito e veneração.
Próximo ao armário há uma mesa
para apoiar os rolos, para ser lido.
Festas judaicas:
As três principais festas na
tradição religiosa judaica são: a
Páscoa, o Pentecostes e as Tendas
(Sucote). São festas de
peregrinação.
O livro do Dt 16,16, convoca o
povo a se apresentar nessas três
festas diante do Senhor.
As festas acompanhavam o ciclo da
natureza.
SITUAÇÃO DA MULHER NA ÉPOCA DE JESUS
Sociedade patriarcal:
autoridade única e exclusiva do homem.

• A mulher pertencia:
• ao pai se solteira - podia ser vendida como
escrava entre 6 e 12 anos.
• ao marido se fosse casada.
• ao cunhado solteiro se ficasse viúva e sem
filhos.
• Não eram obrigadas a participar das questões
religiosas, mas sofriam as penalidades da lei
religiosa.
SITUAÇÃO DA MULHER NA ÉPOCA DE JESUS
• O lugar da mulher era em casa,
devia cuidar dos filhos, da casa e do
tear.
• Ao sair usava um véu cobrindo a
face e guardando o anonimato.
• Suas conversas deviam ser breves, e
não podia ser cumprimentada
publicamente.
• Seu testemunho não tinha valor (não
podia servir de testemunha).
SITUAÇÃO DA MULHER NA ÉPOCA DE JESUS

• Tinha o seu lugar reservado na


sinagoga. Mas, caso não estivessem
presentes dez homens adultos, não
havia culto, mesmo que houvessem
muitas mulheres.
• No Templo e na sinagoga ocupava
um lugar separado dos homens.
• Não podia estudar nem ser discípula
de algum rabino.
SITUAÇÃO DA MULHER NA ÉPOCA DE JESUS

Estavam condenadas à ignorância, não podiam receber


instrução religiosa.
As “regras” da boa educação proibiam:
• encontrar-se a sós com uma mulher, principalmente se
casada.
• olhar ou saudar uma mulher casada.
• falar com uma mulher na rua.
Quanto ao adultério: Se fosse noiva era castigada com
lapidação (apedrejamento). / Se fosse casada era punida com
estrangulamento.
Para o homem não havia “castigo”.
SITUAÇÃO DA MULHER NA
ÉPOCA DE JESUS
No hebraico
(língua original do AT)
as palavras:
• PIEDOSO,
• JUSTO e
• SANTO
não possuem forma feminina (a),
eram qualidades somente atribuídas aos homens.
OS DOENTES
Jo 9, 1-3
Além de serem considerados “pecadores”, devido ao
critério de puro x impuro: estavam excluídos do convívio
social e religioso.
Quando a razão da doença não era “visível”
atribuía-se sua causa a “possessões !
Instruções do Rabi (Jehuda), na época dizia que dentre as orações diárias, essa
oração devia ser feita 3 vezes: Bendito seja Deus que não me fez pagão
Bendito seja Deus que não me fez mulher
Bendito seja Deus que não me fez ignorante

Bendito seja Deus que não me fez pagão porque


todas as nações diante dele são como nada.
Bendito seja Deus que não me fez mulher
porque a mulher não está obrigada a cumprir os
mandamentos.
Bendito seja Deus que não me fez ignorante
porque o ignorante não se envergonha de pecar.
Jesus nasceu, viveu e morreu dentro do contexto histórico do séc. I.
Quando lemos o texto dos
Evangelhos, devemos estar atentos
para avaliar corretamente a
atividade de Jesus dentro desse
contexto social, econômico, político
e religioso.
Somente assim as palavras e as
ações de Jesus serão de fato
“Evangelho”, para que nós
possamos reproduzi-las na
sociedade hoje.
AGORA VAMOS CONHECER UM POUCO DA PESSOA
DE JESUS CRISTO

ESTUDO BÍBLICO – NOVO TESTAMENTO – PARÓQUIA STA ISABEL DE PORTUGAL


DIÁCONO CESAR

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