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Profetas maiores

Jonathan Daminelli
Editado e publicado no Brasil por:
VINHA Editora
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Curso Pastoral Vinha – Sistema Vinha de Ensino

Direção Geral Aluízio A. Silva


Direção Acadêmica Marcos Nogueira
Direção Administrativa Cláudio Lísias

Edição e revisão de texto Aline Monteiro


Projeto gráfico e diagramação Michele Araújo Fogaça

Exceto as de outra forma indicadas, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Sagrada, Edição Revista e Atualizada
(RA), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, SP, 1993.

Direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio sem a
autorização prévia e por escrito do autor. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9610/98) é crime estabelecido pelo
artigo 48 do Código Penal.

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2010
Sumário

Introdução 5

Cap 1 – Isaías 9

Cap 2 – Jeremias 27
Cap 3 – Lamentações de Jeremias 35

Cap 4 – Ezequiel 41

Cap 5 – Daniel 45
INTRODUÇÃO

O povo de Israel viveu tempos difíceis e confusos. De um lado houve as promessas de Deus
que lhes garantiram a aproximação do Deus de Israel. Contudo, nesses dias o esforço da parte
de Deus foi imenso, até que o próprio povo cedeu às fraquezas e tentações da carne e passou
a servir a outros deuses, permitindo que o inimigo criasse força suficiente até chegar ao ponto
de dominá-los. Deus então resolveu levantar homens valentes e íntimos para profetizarem e
exortarem contra os que lhes induziam a servirem a outros deuses e a fazerem suas próprias
vontades. Esses homens, os profetas, tiveram grandes desafios, enfrentando grandes impérios e
reis com estratégias demoníacas.

Os profetas eram homens levantados e chamados para levar a mensagem de Deus para o
povo ou expressarem publicamente a mensagem religiosa, quase semelhante aos pregadores de
hoje. Alguns foram reformadores, outros evangelistas, outros trouxeram reavivamentos. Eram
também pessoas que desempenhavam a função dos escribas e, então, escreveram histórias,
biografias e anais (publicações periódicas ano a ano) da nação. Nessa função, eles compilaram
ou escreveram grandes porções dos livros do Antigo Testamento. Além disso, eram capazes de
compreender e discernir o futuro, predizendo eventos que ocorreriam mais tarde. Eles eram
considerados como “videntes”.
6 P r o f e ta s M a i o r e s

As designações
As designações “profeta maior” e “profeta menor” foram cunhadas por Agostinho no prin-
cípio do século IV d.C. “Menor” refere-se à brevidade do segundo grupo, certamente não à
sua importância relativa. Os profetas maiores estavam dispostos em ordem cronológica e os
menores não tinham essa disposição.

O nome dos profetas


Quase invariavelmente o nome de cada profeta tem um significado que se harmoniza, de
maneira extraordinária, com a sua mensagem. Essa “coincidência” providencial tinha um sig-
nificado genuíno na opinião dos hebreus antigos, para quem os nomes eram muito importan-
tes. Com frequência, Deus usou nomes para transmitir mensagens.

Profetas e sacerdotes
a) Em relação à chamada
Os profetas eram chamados para Deus individualmente, ao passo que os sacerdotes eram
designados em virtude da descendência de Arão.

b) Quanto ao cargo
Os profetas eram representantes de Deus perante o povo, e os sacerdotes eram representan-
tes do povo perante Deus.

c) Quanto à obra
Os profetas preocupavam-se com a justiça espiritual e a purificação do coração, enquanto os
sacerdotes estavam mais interessados no sistema religioso da aliança de Israel.

d) Em relação ao ensino
Ambos interpretavam a lei: os sacerdotes informavam e os profetas reformavam.

O fato histórico que ocasionou na obra dos profetas foi a apostasia das 10 tribos no fim do
reinado de Salomão, relatado em I Rs.12.

Como medida política para conservar separados os dois reinos, o reino do norte adotou
como religião o culto ao bezerro, um aspecto da religião do Egito. Logo após adicionaram o
culto a Baal, que também teve grande influência no reino do Sul. Nesse tempo de crise onde a
nação abandonava os preceitos divinos, surgiram os profetas.
Introdução 7

Nomes dos profetas


1- Eram chamados de videntes - Em hebraico, as palavras roch e chozeh podem ser tra-
duzidas como vidente. Esse título significava que o profeta possuía uma visão sobrenatural dos
acontecimentos presentes e futuros.

2- Também eram chamados de “homens de Deus”, completamente dados a Deus, separa-


dos para o uso exclusivo dEle.

3- Servo de Jeová – Homens completamente ocupados com o serviço de Jeová, prontos


para o serviço do seu Senhor.

4- Homens do Espírito - Revelam a procedência da autoridade do profeta. A autoridade é


dada por quem é o autor. Deus é o autor e concedeu autoridade a eles.

5- Atalaia – É o vigia que guardava e avisava a cidade do perigo que se aproximasse.

Mensagem e missão dos profetas


Procurar salvar a nação da idolatria e impiedade. Falavam que a nação seria destruída, porém
não completamente, pois haveria um remanescente salvo.

Do meio desse remanescente sairia uma influência que se espalharia pela terra e traria a Deus
todas as nações (conhecido como “rebento”).

Temas éticos
A condenação da idolatria, imoralidade e injustiça, seguida do convite para o arrependimento.
Capítulo

1
ISAÍAS

O mundo em que Isaías viveu


A maior potência nos dias de Isaías foi a Assíria. Vários reinos deste grande império secular
haviam tido contato com Israel e Judá. Por exemplo, o rei Salmanaser da Assíria levou Israel
para o cativeiro (II Rs. 17:6).

O Egito foi outra potência de destaque nos dias de Isaías. Porém, já se achava em decadência.

A Babilônia foi outro reino que ficou algum tempo sobre o domínio da Assíria. Mas, duran-
te o ministério de Isaías, achava-se rebelada contra esta. Dias viriam quando a Assíria teria seu
fim e então a Babilônia se tornaria império mundial principal.

Em Isaías 13, 14 e 39, o profeta descreve a grandeza futura da Babilônia e sua queda.

O povo a quem Isaías profetizava


1. O povo de Judá e Jerusalém

Eram os principais recipientes das mensagens de Isaías.


10 P r o f e ta s M a i o r e s

2. As nações estrangeiras

Abrangem a Assíria, Babilônia, Filistia, Moabe, o Egito, a Etiópia, a Arábia, e até mesmo
Israel receberam mensagem de Isaías.

Quem foi Isaías


Foi profeta do Reino do Sul, ao tempo em que o Reino do Norte, Israel, fora destruído pelos
assírios. Foi chamado por Deus no último ano do reinado de Uzias (Is. 6). Viveu em Jerusalém
durante os reinados de Uzias, Jotã, Acaz e Ezequias. A maior parte de sua vida parece ter sido
vivida como um tipo de pregador da corte ou capelão do Rei.

É o mais renomado dos profetas do Antigo Testamento, sendo que as suas visões não res-
tringiam ao seu próprio país e à sua época. Falou a todas as nações e para todas as épocas. Foi
um homem de intelecto, poderoso, de grande integridade e notável força de caráter. Ele é
mais citado do que qualquer outro profeta no Novo Testamento e, por causa da relação do seu
ensino com os tempos e lições do Novo Testamento, suas profecias têm sido vistas como uma
“ponte entre a antiga aliança e a nova aliança”. Foi usado e teve filhos.

Seu martírio: uma tradição talmisdica, aceita como autêntica por muitos dos primitivos pais
da Igreja, declara que ele resistira aos decretos idólatras de Manassés, pelo que foi preso, empre-
sado entre 2 (duas) pranchas de madeira e serrado ao meio, sofrendo, assim, morte penosissíma
e horrível. Pensa-se que isso está referido em Hb. 11:37.

As condições de Israel
O Reino do Norte

A capital do Reino do Norte era Samaria. Isaías começou a profetizar quando havia riqueza e pros-
peridade sob o domínio de Jerobão II. Porém, internamente, havia muita corrupção. Rapidamente
o reino foi destruído (621 a.C), sendo conquistado e levado para o cativeiro pelos assírios.

O Reino do Sul

A capital do Reino do Sul era Jerusalém. Durante os reinados de Acaz, Jotã e Uzias, a opres-
são, perversidade e idolatria estavam em todos os lugares. Acaz fez uma aliança com a Assíria
que, finalmente, trouxe destruição a Israel. No entanto, Ezequias ouviu a Isaías, fez reformas e
Deus destruiu os exércitos assírios antes que Jerusalém fosse destruída.
Vamos aprender com I
Isaías
11 saías

e aplicar em nossas vidas,


Características e obra de Isaías assim nosso ministério se
Seu conceito sobre Deus e sua obra torna inabalável
O conceito que temos a respeito de Deus pode determinar como vamos enxergar o chamado
e o mover de Deus em nosso ministério. O conceito que Isaías tinha de Deus mostra o nível de
revelação e intimidade que tinha com Ele.

a) Deus é verdadeiro, “único” em contraste com os “deuses” de obra de mãos de homens (Is 2: 8,
20: 31:7), ou “deuses” inventados por estes para explicar os fenômenos naturais (Is 1: 29, 30; 17:7-11).

b) Deus é santo. Havia um sentido em que todo deus o era, isto é, era diferente e distinto
de toda outra forma de existência; porém, para Isaías, somente Deus possuía santidade verda-
deira, que O separava dos homens e dos chamados deuses também. Talvez a ideia não tenha
possuído perfeição ética original, porém, para Isaías, possuía, como prova a sua reação em no
cap. 6: “homem de impuros lábios” (Veja ainda em 5: 16, “onde a santidade e a justiça social
se unem”).

c) Deus é glorioso. A raiz da palavra hebraica para “glorioso” (Kavod) dá a entender como
“pesado”, “digno”, “impressionante”, e o seu contexto bíblico quase sempre fala da luz e da
majestade que caracterizam a presença divina.

A glória de Israel não consistia em seus exércitos, mas em Javé. Isso denota a revelação do
ser, da natureza e da presença de Deus. Para a humanidade, algumas vezes a gloria de Javé
se manifestou.

d) Deus Rei, Soberano, tem Seu plano para toda a história mundial. Através dEle e, às vezes,
apesar dos propósitos humanos, o Seu desígnio vai se realizando.

Quando Isaías exigia que os reis de Judá levassem Deus em conta na sua política, era porque
Deus já era Senhor desta esfera, e só teria êxito aquele que andasse segunda as diretrizes divinas
(cp. Is. 28:23-29).

A incredulidade de Acaz, a fé de Ezequias, o orgulho e a crueldade da Assíria e da Babilônia


eram todos instrumentos na mão de Deus, o Soberano. O “alto e sublime trono”(Is. 6) não
era parte da mobiliária celeste apenas, mas frisava a realidade do governo absoluto do Senhor,
mesmo onde os homens se achavam supremos. A história, para Isaías, não era uma sucessão
fortuita de acontecimentos, nem a soma de variadas atividades humanas, e sim uma área da
providência de Deus, onde Este atuava como Soberano.

Embora os homens ousassem zombar desse fato, dizendo “apresse-se a sua obra para que a
vejamos” (5:19), não deixou de ser uma verdade fundamental repetida apontada pelo profeta:
“A queda retumbante dos reinos, a desintegração da velha ordem do mundo hebraico perante
o poderio crescente da Assíria, para o profeta constituir a prova cabal do domínio absoluto de
Jeová, que se expressa em abaixar tudo contra ele se levanta” (Smith, Robertson. The Prophets
of Israel).
12 P r o f e ta s M a i o r e s

A relação especial entre Deus e Israel


Esse assunto, comum aos demais profetas, é básico também a Isaías. Por causa da aliança
com o seu Deus, Israel ficava nacionalmente responsável pela vida moral, espiritual e social. A
relação do israelita individual com Deus tinha a ver com a sua posição como membro da nação
a quem Deus assim honrara.

A justiça social, a exclusividade religiosa, a pureza moral não ficavam ao livre arbítrio; cabia
a ele demonstrar estas qualidades porque faziam parte da natureza de seu Deus, com quem a
nação estava unida em concerto e, portanto, “cuja qualidade deve imitar e refletir” (Lv 19:1).

Por isso Isaías ataca de um modo especial a idolatria e as alianças estrangeiras, pois estas vio-
lam um princípio que era a própria razão de ser da nação escolhida (Is.3:8). Semelhantemente,
as impurezas de fala e da ação entre o povo, por serem uma negação do que Deus era, trouxe-
ram sobre si condenação especial nos oráculos de Isaías. Não representavam pecados isolados,
e sim uma profunda e avançada apostasia nacional, cujo fim poderia ser um juízo divino cabal.

A doutrina do restante – como todos os profetas (cp. Jr 7:28, 29, Amós 2: 4), Isaías promete
castigo divino sobre o pecado nacional; característico dele porém é o ensino do “restante.” O
nome do filho “Restante voltará” encerra esta revelação divina. Este número reduzido que havia
de voltar para Deus seria o povo de Deus de verdade. O lugar do restante na economia de Deus
se explica em Rm. 9-11. Os judeus rejeitaram a justiça de Deus.

O Messias e a idade messiânica


É notável que as bênçãos do reino do Messias e as atividades dele preditas em Isaías, no
Novo Testamento, são textos-chave para reconhecer a Pessoa do Cristo (compare Mt. 11:2-6;
Lc. 7:19-23; Jô. 20:30-31 com Is. 35:5,6 e compare Lc. 4: 17-21 com Is. 61:1,2, e Is. 53 com
At. 8:32-35 e I Pe. 2:21-25.

Retrato por excelência do Messias ocorre nos capítulos no coração do Livro, que tratam do
Servo sofredor de Deus. A própria nação, serva de Deus, fracassara: o restante O serviria, mas
não de maneira suficiente. Para o plano de Deus cumprir-se, era essencial a vinda do Servo. “Só
uma figura messiânica, em que as feições de rei, sacerdote e profeta se reúnem”.

O chamado de Isaías
Características do chamado
1. Isaías teve uma visão – v. 1:
Todo homem de Deus quando chamado pelo Senhor recebe da parte de Deus uma visão.
Essa visão é do propósito de Deus. Isaías disse “vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime
trono”. Isso nos mostra a rendição para o cumprimento do propósito de Deus. Isaías teve a
revelação do governo de Deus sobre a sua vida.
Isaías 13

2. Tinha conhecimento de quem era


Isaías disse v. 5: “ai de mim! Estou perdido ! Porque sou homem de lábios impuros.”

Isaías sabia da sua condição diante de Deus, tinha um senso de conhecimento da sua vida.
Era pecador, conhecia as suas fraquezas, tinha conhecimento da sua carne.

3. Reconheceu a graça do chamamento de Deus


No verso 7, Isaías tem a experiência da remissão dos pecados. A expiação dos pecados era
adquirida pelos sacrifícios no templo. Mas o próprio anjo do Senhor tocou-lhe os lábios.

Isaías compreendeu a graça do chamado de Deus. Somos chamados por Deus mediante a
sua graça, não porque em nós mesmos possa haver algo de especial, pelo contrário, Deus chama
os que não são (Jô. 15:16, Jr. 1:5, I Cor. 1:26).

4. Respondeu prontamente
No verso 8, Isaías responde ao chamado de Deus prontamente, dizendo: “eis-me aqui,
envia-me a mim”. A resposta pronta deve estar nos lábios daqueles que são chamados por Deus.
Assim como os soldados quando chamados pelo Exército devem se apresentar ao comandante,
nós também como bom soldados de Cristo devemos nos apresentar ao Senhor como sacrifício
vivo (Rm 12:1).

Conteúdo do livro
O livro de Isaías divide-se naturalmente nas três seguintes seções:
 I. A seção condenatória contém na maior parte repreensões pelos pecados de Israel
(Caps. 1-35).
 II. A seção histórica contém o relato da invasão assíria, a libertação misericordiosa de
Jerusalém por Deus e a cura de Ezequias (Caps. 36 – 39). Estes capítulos formam um elo
entre a primeira e a última seção. Servem de apêndice à primeira seção porque registram
a profecia do cativeiro babilônico (39:5-8), que foi a punição pelos pecados de Israel,
condenados nos capítulos 1-35. Por causa dessa mesma profecia, os capítulos 36-39
formam uma introdução à última seção que trata da restauração de Israel do cativeiro.
 III. A seção consolatória contém palavras de consolo a Israel castigado e promessas de res-
tauração e bênção (Caps. 40-66). Como base do nosso estudo, usaremos o seguinte esboço:

Estudo do livro de Isaías em 4 volumes:


1. O volume da repreensão e promessa.

2. O volume do Emanuel.
14 P r o f e ta s M a i o r e s

3. O volume das profecias contra as nações.

4. O volume do consolo.

1. O volume da repreensão e da promessa


Rebelião confrontada com o Juízo e a graça
A condição de Israel diante de Deus (Is. 1: 1- 9)
O Senhor convocou céus e terra para ouvirem as acusações contra o povo rebelde. Apesar da
preocupação de Deus como o próprio Pai, o povo havia desobedecido a Ele, rejeitando-o. Em
Isaías 1:2, vemos a expressão: “o SENHOR é quem fala”. Esse trecho define a inspiração de
Deus através do profeta para alertar o povo de sua condição diante de Deus.

Qual era a condição do povo diante de Deus


Deus vê o povo de Israel como filhos. “Criei filhos e os engrandeci”. Assim como o povo
de Israel, fomos escolhidos antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis
perante Ele em amor (Ef 1:4). Somos escolhidos segundo beneplácito de Sua vontade, de Seu
bom prazer. Deus engrandeceu o povo de Israel, sendo o Senhor dos Exércitos. Exaltou o povo
tirando-o do Egito, livrando-o do Faraó, transpondo o rio Jordão, conduzindo o povo à terra
prometida, livrando Israel dos seus inimigos.

Mas o povo se revoltou contra Deus, se desviando dos Seus caminhos. O Senhor menciona
que o boi conhece o seu possuidor e o jumento o dono. Até animais irracionais obedecem ao
seu dono. Animais obedecem ao entrar na arca de Noé, o grande peixe que engoliu a Jonas
obedeceu. Mas aqueles que possuem alguns atributos de Deus não o ouvem. O povo de Israel
não tem conhecimento, não entende.

Em Oseías 4:6, “diz-se que o povo está sendo destruído por falta de conhecimento”.

Não é um mero entendimento das leis ou da vontade de Deus, mas de um profundo co-
nhecimento íntimo do Senhor e da sua vontade. O nosso dever é conhecer a mente do Senhor.

Deus descreve o “Ai” (V. 4)


“Ai desta nação pecaminosa, raça de malignos, filhos corruptores, abandonaram o Senhor,
blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás.”

Deus diz que o povo está doente, o coração está enfermo, a terra está assolada, as cidades
consumidas pelo fogo, os inimigos devoram a lavoura, a terra está devastada. A pergunta de
Deus é: “Por que haveis ainda de ser feridos, visto que continuais em rebeldia”?

Deus diz que Jerusalém será como a choça na vinha, como palhoça no pepinal. Será abandonada.
Isaías 15

Do capítulo 1, verso10 em diante, o Senhor vem com uma dura exortação aos príncipes
de Sodoma:
 Religiosidade exterior. Práticas e rituais sem o devido valor.
 O Senhor está farto de holocaustos.
 Das ofertas vãs.
 Das festas (ajuntamentos no princípio de cada mês).
 Dos sábados.

V. 15. O Senhor chega a esconder os olhos para as mãos estendidas, os ouvidos para as orações.

O Senhor faz um convite à graça


Capítulo1, verso 18: “Vinde pois e arrazoemos”. É um convite aberto para um ajustamento
de contas perante a justiça divina; ninguém sairia impune. Todos devem se apresentar diante
de Deus para o ajustamento de contas (Sl. 130:3).

Contudo, o próprio Deus se oferece para nos revestir da brancura da santidade, ao invés da
cor do carmesim que representa nossa vida de pecado. Ele mesmo removerá o pecado e nos
revestirá da sua santidade. Se houver obediência, teremos a promessa:

“Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.” (Is. 1:19).

Castigo presente visando à glória futura (Is. 2 ao 4.6)


Depois do julgamento divino purificador, Jerusalém tornar-se o centro de seu reino uni-
versal de paz. Em vez de recorrer à guerra, as nações permitiriam que o Senhor resolvesse suas
disputas. Antecipando-se à sua era vindoura de paz, o profeta exortou a sua própria geração a
buscar a direção de Deus.

No capítulo 2, versículo1 ao 5, vemos uma alusão ao que vai acontecer no reino milenar,
onde Cristo estabelecerá o governo por mil anos.

No capítulo 2, versículos 6 ao 22, Isaías nos mostra o período da grande tribulação. Verso
12: “O Dia do Senhor dos Exércitos” será contra todo soberbo e altivo. Vai ser desmoronado
e destruído o orgulho humano em várias modalidades: soberba, altivez, exaltação, arrogância,
tanto intelectual quanto financeira. “Entretanto, tal homem é infeliz, miserável, pobre, cego,
nu” (Ap. 3:17), “carente da glória de Deus” (Rm. 3:23).

No capitulo 3, vemos o julgamento de Judá e Jerusalém. Essa profecia cumpriu-se com a


destruição de Jerusalém em 586 a.C, pelos romanos 70 d.C, tudo conforme os avisos deixados
de antemão na palavra de Deus.

No verso 16, vemos a exortação às filhas de Sião com seus adornos. “O Juízo de Deus come-
ça pela sua casa” (1Pe. 4: 12: 17).
16 P r o f e ta s M a i o r e s

Mt 5. 11: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos inju-


riarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.”

No capítulo 4, vemos o Renovo do Senhor.

Verso 2 diz: “Naquele dia o Renovo do Senhor será de beleza e de glória: e o fruto da terra,
orgulho e adorno para os de Israel que forem salvos”.

Renovo do Senhor é o nome dado a Jesus no antigo testamento.

Nos versos 5 e 6, vemos a mesma descrição que ocorreu com o povo hebreu no deserto: a
nuvem de dia e a coluna de fogo à noite. A glória do Senhor será vista presenciada e testemu-
nhada como renovo aos seus filhos e amados, juízo e exílio para a nação teimosa (Cap. 5: 1; 30).

A parábola da vinha má
Esses versos formam um pequeno cântico de amor, que revela o prazer que Deus tem no
novo povo escolhido e, no fim, mostra a ingratidão daquele povo para com ele.

Alguns teólogos fazem alusão desta parábola com a de Lc. 20:9-18. A vinha do Senhor
dos exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta dileta do Senhor. O Senhor
desejou que dessem uvas boas, mas deram uvas bravas. Assim como o Senhor esperava frutos
de Israel, o Senhor espera os frutos da Igreja. Como Igreja, somos chamados a dar frutos e a
nos multiplicarmos.

Juízo e exílio para a nação teimosa (Cap 5:1; 30)


No verso 7, há um jogo de palavras na língua hebraica:

Deus desejou juízo (mishpãt) e só achou opressão (mishpãh); quis justiça (çedãqãh) e só viu
clamor (grito por justiça: çe’ãgâh).

Deus queria ver na nação juízo, equidade, justiça, mas o que chegava a Deus era opressão ao
povo e o clamor do povo por justiça.

Salmos 34:15 “Os olhos do SENHOR repousam sobre os justos, e os


seus ouvidos estão abertos ao seu clamor” (Grifo nosso).

Provérbios 21:13 “O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também


clamará e não será ouvido” (Grifos nossos).

Virá o dia em que o Senhor retribuirá cada um segundo as suas obras.


Isaías 17

Contra esses vemos o Juízo de Deus

Isaías 5:13: “Portanto, o meu povo será levado cativo, por falta de enten-
dimento; os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede.”

Isaías 5:16: “Mas o SENHOR dos Exércitos é exaltado em juízo; e


Deus, o Santo, é santificado em justiça.”

Isaías 5: 25: “Por isso, se acende a ira do SENHOR contra o seu povo,
povo contra o qual estende a mão e o fere [...]”.

2. O volume do Emanuel
O ambiente desses capítulos são de guerra siro-efraimita (735-733 a.D.) quando Arã e o
reino do norte invadiram Judá e cercaram Jerusalém. A incredulidade de Acaz, os sinais em
forma de filhos (cap 7.1, 8). Durante a guerra Siro-efraimita, Arã (Síria) e o Reino do Norte
ameaçavam substituir o rei de Judá, Acaz, por um rei das proximidades.

Isaías instou o rei Acaz a confiar nas promessas do Senhor feitas à dinastia davídica.
Quando Acaz inspecionava o sistema hídrico da cidade, em preparação ao cerco, Isaías e
seu filho encontraram-se com o rei. Isaías desafiou Acaz a pedir um sinal de confirmação,
mas Acaz se negou. Ele não negou porque já estava confiante, mas porque a incredulidade já
havia tomado o seu coração.

Acaz pareceu piedoso e cumpridor da lei: “não tentarás o Senhor teu Deus”. Contudo, na
verdade, quis lançar mão da falsa piedade para encobrir a má vontade e a falta de fé, evitando
um confronto com Deus. Esse princípio se aplica em nossa vida cristã.

Entretanto, por causa da incredulidade de Acaz, esse tempo de livramento seria efêmero.
Para punir o rei por causa da sua falta de fé, o Senhor traria à terra uma crise muito pior que
a ameaça arameu-israelita. Por ironia, os assírios que haviam recorrido a Acaz (2Rs. 16. 7-9)
invadiriam a terra e dizimariam sua população.

Quando Acaz se negou, Isaías anunciou que o Senhor daria um sinal ao rei. Num futuro
próximo, nasceria uma criança que seria chamada “EMANUEL”, que significa “Deus está
conosco”. O nome seria adequado porque ele seria uma prova viva da presença providencial de
Deus entre o povo.

Podemos considerar duas coisas referentes à promessa:

“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conce-
berá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7:14).
18 P r o f e ta s M a i o r e s

1- Essa criança, sinal da presença de Deus entre seu povo, prenunciava a Jesus, o “Deus
conosco”, no sentido mais pleno. Mateus 1:22-23 declara que o nascimento de Jesus cumpriu
a profecia de Isaías 7:14.
 Deus conosco: Cristo ressurreto residente dentro de nós.
 Deus conosco: Nosso Provedor. Jeová Jiré.
 Deus conosco: Em nosso favor. Jeová Nissi.(nossa Bandeira).

Mas, segundo os teólogos, essa profecia se cumpre de forma plena em Jesus e em parte para
a época vivida por Israel.

2- As circunstâncias em torno da profecia exigem também um cumprimento imediato. O


contexto de Isaías 7:14 indica que Emanuel nasceria nos dias de Acaz; uma criança que seria o
sinal da providência divina sobre o destino do seu povo.

O cumprimento imediato da profecia sobre o Emanuel é descrito em Is 8:3: “Fui ter com a
profetiza” (profetiza provavelmente esposa do profeta). Tiveram então uma criança que se cha-
mou Maher-Shalal-Hash-Baz, que significa “rápido para saquear, veloz para pilhar”. Maher-
Shalal-Hash-Baz mostra-nos os efeitos destrutivos do envolvimento divino, um lembrete da
presença soberana de Deus, enquanto Emanuel mostra o envolvimento de Deus na história
por meio da encarnação.

O nascimento e o reino do Príncipe da paz


Dias sombrios aguardavam o povo de Deus, especialmente o reino do Norte (8:22; 9:1). Os
assírios invadiram a Palestina pelo norte e humilharam Israel. Isaías viu além desse período de
punição, vislumbrando um livramento glorioso. Por fim, o Senhor salvaria o seu povo das mãos
dos opressores, assim como fizera com Gideão, por meio de quem aniquilara os midianitas
opressores (Jz. 6-8). Esse livramento futuro se realizou por intermédio do Messias.

Os título reais do Messias atestam sua relação estreita com Deus e retratam um guerreiro
poderoso, capaz de estabelecer seu reino.

Isaías 9:6: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo
está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro,
Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Grifos nossos).

Quatro títulos são mencionados


a) maravilhoso conselheiro
Esse é o retrato do Messias, o verbo que se fez carne e encarnou na figura humana, sendo
Deus, mas, ao mesmo tempo, homem.

Também retrata o Messias como um estrategista militar extraordinário.


Isaías 19

Ensinou que, para a guerra, é necessário:


 “Não olhar para trás” (Lc: 9:62);
 Lealdade ao general. (reconhecer a autoridade);
 Saber o propósito.

b) “Deus Forte”
Esse é o retrato do Messias; poderoso é quem executa as suas ordens.

Joel 2:11: “O SENHOR levanta a voz diante do seu exército; porque


muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as
suas ordens; sim, grande é o Dia do SENHOR e mui terrível! Quem o
poderá suportar?” (Grifo nosso).

Também retrata que o Senhor é aquele que dá e tem energia para batalhar, de modo que
manifestaria heroísmo sobre-humano contra seus inimigos.

c) “Pai da Eternidade”
Esse é o retrato do Messias, alfa e ômega, o princípio e o fim; já era desde a eternidade, e
sempre será. Aquele que é o “eterno” e que pode dar a vida eterna. Retrata o Messias como um
governante benigno que demonstra interesse paternal por seu povo, que nunca terá fim.

d) “Príncipe da Paz”
Esse é o retrato do Messias. Traz paz em tempos de guerra e acalma o mar e as ondas em
tempos de tempestades; um jorrar de manancial onde só há deserto e faz brotar em meio a uma
terra seca.

Também indica que o reino do Messias será caracterizado por justiça social e prosperidade:
o reino de justiça do Messias (Cap,11). O Senhor retalharia o império assírio, mas da árvore
genealógica de Jessé faria surgir um novo rei, o Messias. Impulsionado pelo Espírito do Senhor,
esse Rei possuiria sabedoria, capacidade de execução e lealdade ao Senhor, tudo o que é necessário
para governar de maneira justa e eficiente. Seu reino será de justiça, paz, no qual os fortes já não
oprimiriam os fracos. A terra poderá descansar e desfrutar da vida plena da criação de Deus.

Romanos 8:22 “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo,


geme e suporta angústias até agora” (Grifo nosso).

Isaías 11: 6: “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará


junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão
juntos, e um pequenino os guiará”.
20 P r o f e ta s M a i o r e s

7: “A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha
como o boi”.¬

8: “A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na


cova do basilisco”.

9: “Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá
do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar”.

10: “Naquele dia, recorrerão as nações à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos po-
vos; a glória lhe será a morada”.

3. Volume do Juízo de Deus - sentenças contra as nações


Os acontecimentos profetizados referentes às nações nos capítulos 13 a 23

Cumpriram-se algumas gerações após a sua predição. Embora essas profecias tenham en-
contrado cumprimento quase completo no regresso de Israel do cativeiro, deve-se recordar que
muitas delas terão um cumprimento futuro nos últimos dias. O fim da visão profética era o
milênio, época que traria a restauração final e a subsequente exaltação de Israel.

Pela inspiração do Espírito, o profeta predizia o futuro à luz do presente. Ao profetizar uma
tribulação eminente e sua restauração final de Israel, o profeta olhou além dos acontecimentos
e predisse o futuro final dos últimos dias.

Chamamos isso de “Lei da dupla referência”. Encontra-se frequentemente nas seguintes


profecias. Ex: Visão futura da reconciliação com Deus mediante a obra expiatória de Cristo,
descrita no cap 53.

Babilônia (13:1- 14:27)


A destruição do império babilônico pelos medos e persas é predita. Para o profeta, esse
acontecimento é um símbolo da destruição do império do anticristo com seu imperador e
inspirador, Satanás (14:9-17). Ela será seguida pela restauração de Israel.

Filístia (14:28-32)
Adverte aos filisteus que não se regozijem com a invasão de Israel pelos assírios, pois o seu
destino será o mesmo. No versículo 32, espera-se a restauração futura de Israel.
Isaías 21

Moabe (cap. 15 e 16)


A destruição de Moabe pelos assírios é profetizada para três anos a partir do tempo da pro-
fecia. Atente para a referência aos últimos dias em 16.5.

Damasco: a Síria (cap 17)


Ao dirigir à Síria um aviso quanto ao juízo vindouro, o profeta menciona também o seu
aliado, Efraim (as dez tribos do norte).

Isaías 17:3: “A fortaleza de Efraim desaparecerá, como também o reino de Damasco e o res-
tante da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel, diz o SENHOR dos Exércitos. Naquele
dia, a glória de Jacó será apoucada, e a gordura da sua carne desaparecerá.” Para Israel, brilha
um raio de esperança de restauração nos últimos dias (V: 6,7,13).

Etiópia (Cap. 18)


Este capítulo descreve como a Etiópia passaria dias de grande agitação, enviando embaixa-
dores em todas as direções, buscando ajuda contra um esperado invasor assírio. Isaías aconselha
esses embaixadores que voltem e esperem quietamente e vejam como Deus há de frustrar a
tentativa assíria de conquistar Judá.

Isaías 18: 5: “Porque antes da vindima, caída já a flor, e quando as uvas


amadurecem, então, podará os sarmentos com a foice e cortará os ramos
que se estendem.”

Egito (Cap. 19 e 20)


Aqui estão profetizados os juízos de Deus no Egito: guerra civil, o jugo de um opressor e
a decadência nacional. Aguardando os dias milenários, o profeta vê o Egito restaurado com a
Assíria, formando uma aliança com Israel (19:18-25).

“O deserto do Mar”: Babilônia (Cap. 21: 1-10)


Outra profecia de subjugação da Babilônia pelos medos e persas.

Duma: Edom (21: 11,12)


Outro nome de Edom, território dos descendentes de Esaú. Edom ficava nas montanhas e
nos planaltos do monte Seir, à sudeste de Judá, além do mar Morto.
22 P r o f e ta s M a i o r e s

Força Política de Edom


Os edomitas eram um povo orgulhoso e ousado, conhecido pela sua sabedoria e força. As
montanhas em que viviam lhes davam isolamento, proteção natural e os seus rebanhos. Sela
(gr. Petra) é uma das cidades mais coloridas da terra. Erguida sobre arenito, é quase invulne-
rável. Ficou perdida para o mundo ocidental até ser redescoberta em 1812. Edom vê-se em
grande ansiedade investigando o futuro. A resposta causa decepção, mas mostra simpatia.

“O vale da visão”: Jerusalém (Cap 22)


O profeta interrompe as suas denúncias das nações pagãs para proferir uma advertência contra
os habitantes de Jerusalém, que se entregavam ao luxo e ao prazer, enquanto os inimigos estavam
à sua porta. O Senhor pede e convida para uma mudança. Isaías 22: 12: “O Senhor, o SENHOR
dos Exércitos, vos convida naquele dia para chorar, prantear, rapar a cabeça e cingir o cilício.”

Tiro (Cap. 23)


Isaías predisse que Tiro seria devastada, sua fama comercial humilhada, suas colônias se
tornariam independentes e a própria cidade seria esquecida por setenta anos.

Mas havia uma promessa de restauração


Profecias de Juízos mundiais que terminam com a redenção de Israel

No capítulo 24, o profeta anuncia um juízo geral da Palestina, dos reis e das nações da terra,
seguindo pela restauração de Israel.

O capítulo 25 registra o cântico que Israel entoará depois da sua restauração, um cântico
que celebra o poder de Deus para destruir as cidades de seus inimigos e a sua fidelidade em
defender Jerusalém. Deus fará uma festa para todas as nações no monte Sião, tirará o véu da
cegueira espiritual de seus olhos, abolirá a morte e enxugará todas as lágrimas.

Os capítulos mencionados contêm uma série de “ais” contra Samaria, Jerusalém e Edom,
intercalados, e terminam com promessas consoladoras de restauração e benção para Israel:
 Ai dos chefes espirituais e civis de Samaria e Jerusalém, soberbos, escarnecedores e
bêbados (Cap 28).
 Ai de Jerusalém, pelo formalismo e pela falta de sinceridade no seu culto (29.1-14).
 Ai daqueles que procuram fazer planos em segredo, pensando em escondê-los de Deus
(29.15-24). Profecias de Juízos mundiais que terminam com a redenção de Israel.
 Ai daqueles que vão ao Egito buscar auxílio em vez de confiar no Senhor (Caps 30-
31). Aqui o profeta introduz um quadro do reino milenar, onde prevalecerá a justiça
administrada pelo Rei justo de Deus, o Messias (Cap 32).
 Ai dos assírios por seu modo traiçoeiro de tratar o povo de Deus (Cap. 33).
Isaías 23

 Ai de Edom, o implacável inimigo de Israel, símbolo de seus inimigos dos últimos dias
(Cap 34). A gloriosa restauração de Israel na terra santa (Cap 35).

4.Volume do consolo
O propósito da Paz (Cap. 40 a 48)
O capítulo começa fazendo menção da palavra “consolai, consolai”. O profeta, nestes capí-
tulos, fala da consolação da restauração e da vinda do Messias.

O Messias é o pastor que apascenta com amor. Isaías 40: 11: “Como pastor, apascentará o
seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamen-
tam ele guiará mansamente”.

No evangelho de João, vemos o Senhor Jesus dizendo: “Ele é o bom pastor.”

O Messias sendo a nossa fortaleza


Isaías 40: 29: “Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os
jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR
renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e
não se fatigam.”

Redenção pelo sofrimento e sacrifícios (Caps. 49-57)


Esses capítulos descrevem o autor da redenção espiritual de Israel: o Servo de Deus.
 O ministério do Messias, o servo de Deus (Cap. 49).
 A humilhação do Messias pelo rebelde Israel (Cap. 50).
 Encorajamento do remanescente fiel de Israel a que confie em Deus para resgate do
seu longo desterro babilônico e da sua dispersão atual (51.1-52.12).
 A rejeição, humilhação, morte, ressurreição e glorificação do Messias (52.13-53.12).
 O arrependimento de Israel e pela rejeição do Messias será seguido pela restauração
(Cap. 54).
 Com o resultado da restauração de Israel, todas as nações chamadas a crerem no
Messias (Caps. 55 e 56).
 Promessas consoladoras ao remanescente fiel em Israel e denúncias dos ímpios da
nação (Cap. 57).
 A glória futura do povo de Deus (Caps. 58-66).
 O estabelecimento do reino universal de Deus e seu triunfo sobre toda forma de mal.
 Uma exortação à religião prática em oposição à mera formalidade (Cap. 58).
24 P r o f e ta s M a i o r e s

Exortação ao verdadeiro jejum


Ler Isaías 58:6 a 12.

A glória futura do povo de Deus (Caps. 58-66)


Uma exortação para que Israel abandone os pecados que causavam sua separação de Deus
(59 1-15). Ao ver o desamparo de Israel na sua iniquidade e a incapacidade de seus chefes de
prestarem auxilio, o próprio Deus, na pessoa do Messias, vem para resgatá-los de seus pecados
e de seus inimigos, fazendo, em seguida, um pacto eterno com eles, colocando o seu Espírito
dentro deles (59. 16-21).

Segue-se uma descrição da glória de Israel depois de sua aflição (Cap. 60).

O capitulo 61 expõe a missão dupla do Messias de trazer a misericórdia do evangelho na sua


primeira vinda e o Juízo sobre os incrédulos e consolo para Sião na sua segunda vinda.

Isaías 61:1: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o


SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-
me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos ca-
tivos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do
SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que
choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez
de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de
espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plan-
tados pelo SENHOR para a sua glória.”

A prescrição de orações intercessoras para a restauração de Sião (Cap. 62)


Isaías 62: 1: “Por amor de Sião, me não calarei e, por amor de Jerusalém, não me aquietarei,
até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação, como uma tocha acesa. As
nações verão a tua justiça, e todos os reis, a tua glória; e serás chamada por um nome novo, que
a boca do SENHOR designará”. Nome novo indica o novo nascimento.

Os versículos de 1 a 6 do capítulo 63 por si só apresentam-nos um quadro vivo do Messias


como vingador do seu povo na sua segunda vinda.

Os capítulos 63.7 a 64.12 registram as orações intercessoras dos judeus fieis remanescentes.
Lembram a Deus de sua misericórdia e graça anteriores para com a nação, rogam por esta mes-
ma misericórdia e graça pelo perdão de seus pecados e pela reintegração na sua terra.

Em resposta à oração de seu povo (65.1-6), Deus justifica a sua maneira de tratá-lo. Por
causa da apostasia, ele o rejeitou e chamou um povo que não o buscava e que nem foi chamado
por seu nome: os gentios. Em Israel, Deus distinguia duas classes: seus próprios servos e os
apóstatas. Os primeiros serão salvos e os últimos perecerão.
Isaías 25

Isaías encerra a sua profecia com uma gloriosa previsão do reino milenar vindouro (65:17-
24; 66:24).

A humanidade desfrutará de longevidade como no tempo dos patriarcas: possuirá casas e vi-
nhas (65:17-24); até a natureza das feras será mudada (65:25); a religião chegará a ser espiritual
e universal, os cultos místicos e idólatras desaparecerão e seus adeptos serão castigados. A po-
pulação de Sião aumentará maravilhosamente e o povo regozijar-se-á. Deus escolherá ministros
vencedores para que sirvam perante ele como representantes de um culto universal (V.: 22-2).
Capítulo

2
JEREMIAS

Introdução
Jeremias era filho de Milquias, um sacerdote de Anatote, terra de Benjamim. Foi chamado
ainda muito moço (1:6) em 627 A.C. quando Jerusalém foi parcialmente destruída em 605 A.
C. Outra vez foi devastada em 597 A.C. e, finalmente, incendiada e assolada em 587.

Jeremias tinha uma natureza sensível, meiga, tímida e inclinada para a melancolia. Era de-
voto da religião e, naturalmente, temia causar dor aos outros. Porém, era ousado e corajoso de
forma comum, embora isso o tenha levado a ser odiado e a sofrer o mal. Em todos os lugares
havia uma nota de julgamento e, por causa disso, ele foi chamado “o profeta da condenação”.
Também é chamado de “o profeta chorão”; sofreu por causa da desobediência e da apostasia de
Israel e pelos males que ele previu. Por ser muito religioso, sofreu por causa da impiedade do
seu tempo.

No reinado de Zedequias, foi preso como desertor e permaneceu na prisão até a tomada da
cidade, época em que foi posto em liberdade por Nabucodonosor, que lhe permitiu voltar de
Jerusalém. Quando de seu regresso, procurou dissuadir o povo de regressar para o Egito, a fim
de escapar do que acreditava ser um perigo iminente. No entanto, o povo recusou seus apelos e
emigrou para o Egito, levando-o consigo. No Egito, continuou seus esforços para levar o povo
28 P r o f e ta s M a i o r e s

de volta ao Senhor. Uma antiga tradição conta que encolerizados por causa de admoestações e
repreensão, os judeus mataram no Egito.

Viveu mais ou menos uns cem anos depois de Isaías. Isaías salvara Jerusalém da Assíria.
Jeremias tentou salvá-la da Babilônia, mas não conseguiu.

Tema
Isaías e Jeremias levaram mensagem de condenação do Israel apóstata. Isaías era vigoroso e
severo, e Jeremias era moderado e suave. Isaías levava uma expressão da ira de Jeová contra o pe-
cado de Israel, e Jeremias uma expressão de seu pesar por causa dele. Ao repreender Israel, Isaías
imergiu sua pena no fogo e Jeremias, nas lágrimas. Isaías, depois de denunciar a iniquidade de
Israel, manifestou-se extasiado de alegria ao ver a antecipação da independência vindoura.

Jeremias teve um vislumbre do mesmo acontecimento feliz, mas esse vislumbre não foi o
suficiente para enxugar-lhe as lágrimas ou dissipar a névoa de seu pesar pelo pecado de Israel.
Por causa deste último fato, Jeremias é conhecido como “o profeta das lágrimas.”

Essa frase serviu como tema para seu livro: “o amor é imutável de Jeová ao seu povo apóstata
e sua tristeza por causa da condenação deste”.

A mensagem de Jeremias
Desde o começo, 20 anos antes do desfecho da porfia, Jeremias insistiu que Babilônia seria
a vencedora. Em todas as suas queixas contínuas e amargas contra a impiedade de Judá, as
seguintes ideias sempre apareceram:

1. Judá vai ser destruída pela vitoriosa Babilônia.

2. Se Judá deixar sua impiedade, de algum modo Deus a livrará de ser destruída às mãos
da Babilônia.

3. Mais adiante, quando já não parece qualquer esperança de Judá arrepender-se, Jeremias
trouxe a mensagem de última oportunidade: se, apenas como expediente político, ele se sub-
meter à Babilônia, será poupado.

4. Judá, destruída, será restabelecida e ainda dominará o mundo.

5. Babilônia, destruidora de Judá, será ela mesma destruída, para nunca mais se reerguer.

A ousadia de Jeremias
Incansavelmente, Jeremias advertia Jerusalém para que se rendesse ao rei da Babilônia, tan-
to assim que seus inimigos o acusaram de traição. Nabucodonosor recompensou-o por essa
Jeremias 29

advertência ao povo, não só lhe poupando a vida, mas lhe oferecendo uma honraria qualquer
que ele quisesse aceitar, até mesmo dignidade na corte babilônica (39:12). Todavia, Jeremias
bradava alto e contínuo que o rei da Babilônia estava cometendo um crime destruindo o povo
do SENHOR e, por essa causa, no devido tempo, esse país seria assolado para sempre (Ver
caps. 50, 51).

O livro
O livro de Jeremias é composto principalmente de traços de biografia, história e profecia,
mas os eventos e os capítulos não se encontram em ordem cronológica. Ele encerra o período
da monarquia e marca a destruição da cidade santa e do santuário, falando da agonia mortal da
nação de Israel, o povo escolhido por Deus. Contudo, ele viu muito além dos julgamentos de
um futuro próximo, enxergando um dia mais brilhante quando os propósitos eternos da graça
divina seriam concretizados.

Assim, o livro enfatiza a glória de Deus, que havia de permanecer mesmo que Israel perecesse.

Ele viu essa glória futura:


 (1) Na salvação do renascente, fiel, 4: 27; 5:10, 18; 30: 11.
 (2) Na restauração desse renascente, 3: 12, 21, 22; 16:14-15.
 (3) No surgimento de uma nova Jerusalém onde Deus iria habitar, 33:16.
 (4) Na vida do rei messiânico, 23: 4-6; 30:9,31.
 (5) Na nova aliança de perdão e graça, 31:33, 34; 32; 40; 33:8.
 (6) Na presença de Jeová no meio de seu povo, 3: 16.
 (7)Na volta das nações de Jeová, 3:17, 4:2, 16:19; 33:9.

Jeremias contribuiu de duas formas para com a verdade, como era compreendida em
sua época.
 (1) A espiritualidade da religião. Ele viu a ruína vindoura da religião formal e nacional
e mostrou que para sobreviver àquela destruição a religião não deveria ser nacional,
mas individual e espiritual.
 (2) A responsabilidade pessoal (31:29-30). Se a religião devia ser uma condição espiri-
tual do indivíduo, a doutrina de responsabilidade pessoal era uma necessidade lógica.

Esses dois ensinos constituem um grande avanço.

Conteúdo do livro
1- O chamado e a comissão de Jeremias (Cap1).

2- Mensagem geral de repreensão a Judá (Cap.2-25).


30 P r o f e ta s M a i o r e s

3- Mensagens mais detalhadas de repreensão, juízo e restauração(Caps. 26-39).

4- Mensagens depois do cativeiro (Caps.40-45).

5- Profecias referentes às nações (Caps.46-51).

6- Retrospecto: o cativeiro de Judá (caps.52).

O chamado e a comissão de Jeremias


O chamado de um homem de Deus demonstra a obra de Deus que lhe aguarda. Jeremias era
de uma família de herança sacerdotal que morava em Benjamim (V.1). Seus pais serviam ao
Senhor, dizendo que o chamado era para toda a família. Quando Noé foi chamado por Deus
para construir a arca, toda sua família esteve incluída na obra.

Sua herança consistia em saber o que o Pai fazia e ser instruído no caminho do Senhor. A verdadeira
herança que podemos deixar para nossos filhos é um legado de mover e intimidade com o Senhor.

Seu chamado
Para ser um profeta às nações (V. 4,5).
 O chamando de Deus antes do ventre: com certeza muitos irmãos recebem uma pala-
vra de Deus ao ministério com esse trecho do chamamento de Jeremias.
 O Senhor o conhecia desde a fundação do mundo.
 Somos criados pelo Senhor para o cumprimento de um propósito.
 Somos consagrados (Dedicação irremissível) (Lv.27:28).
 Somos comissionados, convocados para nos apresentar diante do propósito. Hoje o
Senhor nos chama para vivermos como um sacrifício vivo (Rm.12:1).

Sua investidura
Tinha um sentimento de incapacidade (V. 6).
 “Não passo de uma criança” (Demasiadamente novo). Jeremias tinha cerca de 24 anos
de idade.
 Normalmente um judeu é considerado adulto com cerca de 30 anos, apesar que al-
guns consideram a maturidade somente após os 40.
 A idade espiritual é que tem o maior valor.

Tinha a promessa de que o Senhor o conduziria (V. 7.b; 8).


 “Não temas diante deles porque sou contigo para te livrar”.
 Existe um contraste entre covardia e medo.
Jeremias 31

Recebeu uma unção específica (V. 9)


 Unção é a capacitação sobrenatural de Deus para executar um obra que não pode ser
edificada meramente por dons naturais.
 Unção é a ferramenta que recebemos de Deus para a execução da obra. Tudo o que
precisamos para fazer a obra de Deus, Deus já nos deu através da unção.

1Jo. 2:27. “Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece
em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como
a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não
é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou”.

Sua comissão
Sua missão era profetizar a queda e a restauração das nações. Assim como Jeremias, somos
chamados a manifestar o reino de Deus. Jesus se manifestou para desfazer as obras do Diabo e
estendeu essa grande comissão a sua Igreja.

Profetizamos a queda de Satanás porque sabemos que o Senhor Jesus Cristo já o venceu na
cruz do calvário. Pregamos as boas novas aos quebrantados, curamos os quebrantados de cora-
ção e proclamamos libertação aos cativos, declarando o ano aceitável do nosso Deus.

Sua mensagem a Israel


Sua mensagem era profetizar a invasão babilônica vindoura (simbolizada por uma panela fer-
vente) e a iminência desse acontecimento (simbolizada por um ramo de amendoeira, v. 11-16).

A amendoeira é uma árvore que floresce na primavera, normalmente antes das folhas. O
profeta frisa que Deus está operando continuamente na história e nas pessoas, fazendo frutifi-
car seus planos.

A panela com fogo inclina-se para o norte; a boca inclinada para o norte é de onde viriam
as calamidades.

A promessa a Jeremias

V:18: “Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro e
por muros de bronze, contra todo o país, contra os reis de Judá, contra os
seus príncipes, contra os seus sacerdotes e contra o seu povo” (Grifo nosso).

Com essas palavras, podemos ver o chamado de Deus se cumprindo de forma plena, saben-
do que:
32 P r o f e ta s M a i o r e s

 É Deus quem chama.


 Deus quem inspira nossa pregação.
 Deus quem protege e prova nossas necessidades.
 Deus quem determina a forma de nossas ações.
 Obedecer a vocação traz poder para cumpri-la.

Conteúdo geral
1. O chamado e a comissão de Jeremias (Cap.1).

2. Mensagem geral de repreensão a Judá (Cap. 2-25).

3. ¬

4. Mensagens mais detalhadas de repreensão, juízo e restauração (Caps.26-39).

5. Mensagens depois do cativeiro (Caps. 40-45).

6. Profecias referentes às nações (Caps. 46-51).

7. Retrospecto: o cativeiro de Judá (Cap. 52).

Para podermos continuar o estudo de Jeremias, leia 2Rs, 22 a 25, que nos fornecerá um
fundo histórico do livro.

Mensagem geral de repreensão a Judá (Cap. 2-25)


Nesta seção temos 15 mensagens proferidas por Jeremias a Judá.

Nessa primeira mensagem, Deus repete o passado de Israel, recorda-lhe suas bênçãos e
libertações recebidas, repreende-o por sua apostasia atual, sua autojustiça e idolatria e pede-lhe
que volte para ele.

Na segunda, Deus lembra a Judá o fato de ter lançado fora de sua vista as dez tribos, por
causa de sua idolatria. Vemos um discurso à porta do templo (Caps.7-10). Por causa do forma-
lismo do culto de Israel, da idolatria, da violação à lei de Deus, da rejeição de seus mensageiros,
Deus entrega a terra à invasão.

Temos a mensagem do pacto violado (Caps. 11 e 12); a maldição de Deus sobre Judá por
causa da violação do pacto mosaico.

A mensagem do cinto de linho (Cap13); vemos ações simbólicas do profeta de pôr um


cinto, enterrá-lo nas margens do Eufrates e, em seguida, desenterrá-lo, simbolizando a eleição
de Israel por Deus. Profecia motivada por seca na Judéia; Jeremias reconhece essa seca como
castigo de Deus e intercedeu pelo povo (Cap.14). O sinal do profeta solteiro (Cap.16); Deus
Jeremias 33

ordenou a Jeremias que não se casasse, como sinal da iminência dos castigos divinos, cujo terror
faria que o estado de solteiro fosse preferível ao de casado.

A loucura de viver sem o conselho de Deus (Cap.17), mensagem referente ao sábado


(Cap.19); o sábado era um sinal do pacto de Deus com os filhos de Israel. Ex.: 31.16,17.

O sinal da casa do oleiro; o poder de Deus de tratar com as nações segundo sua soberana
vontade simboliza-se pela formação dos vasos pelo oleiro (Cap.18.) (Rm. 11:33) (2Tm. 2:20).

A primeira perseguição de Jeremias; Jeremias profetiza a destruição de Jerusalém, mas o filho


de um sacerdote chamado Pasur profetizou que a veria em segurança. Jeremias é infringido
com um doloroso castigo de ser atado ao tronco, mas Deus manda um castigo para Pasur.
Na última parte do capítulo 20 temos a perseguição sobre a natureza tímida de Jeremias. “Foi
tentado a serrar os lábios de profetizar. Mas o fogo interno era mais poderoso do que o exterior:
assim ele continuou a pregar”.

A mensagem ao rei Zedequias (Cap.21e22); Deus falou acerca dos reis ímpios de Israel.
Agora promete a vinda do Rei justo, o Messias que restaurará Judá e Israel (23.5-6).

Também as denúncias:
 Aos pastores: 23.1.
 Aos falsos profetas. 23;14,16, 25,26,32.

O sinal das duas cestas de figos (Cap24); sob a figura de figos bons e maus mostra-se o fu-
turo dos judeus na primeira deportação do reinado de Joaquim e do cativeiro final no reinado
de Zedequias. Os versículos de 1-4 do capitulo 25 contem uma profecia dos setenta anos de
cativeiro de Judá, que será seguida pela destruição da Babilônia.

Os opressores de Israel; sob a figura do cálice de vinho da ira, e exposto o juízo de Deus
sobre as nações (25.15-38).

Mensagens mais detalhadas de repreensão, juízo e restauração (Caps. 26-39)

O conflito da Fé (26.1 29.32). As repetições de Jeremias referentes à suas mensagens de


destruição de Jerusalém põem em perigo a sua vida. Porem, é protegido e livrado por Deus. O
profeta contempla o futuro e vê Israel liberto da tribulação final no fim dos tempos, vivendo
sobre o Reino do Messias, filho de Davi, limpo de seus pecados e desfrutando as bênçãos do
novo pacto (Caps. 30 e 31).

O aprisionamento de Jeremias no cap. 37; Jeremias aproveita a partida do exército sitiante,


preparando-se para visitar sua terra natal. Ao fazê-lo, foi preso como desertor. O capitulo 39
mostra a queda de Jerusalém, o cativeiro final de Judá, a morte de Zedequias, a libertação de
Jeremias por Nabucodonosor e a recompensa de Ebede-meleque.
34 P r o f e ta s M a i o r e s

Mensagens depois do cativeiro (Caps. 40-45)


Tendo oferecido a escolha de ir à Babilônia com a possibilidade de vantagem material ou
voltar ao seu próprio povo, Jeremias nobremente escolheu o último. Voltou e morou com
Gedalias, governador da terra, nomeado pelo rei da Babilônia. Este último recebeu notícias de
uma conspiração contra a sua vida, que imprudentemente negligenciou (Cap.40).

A conspiração foi realizada e Gedalias foi assassinado por Ismael, filho de Netanias.

O capítulo 44 contém a última mensagem de Jeremias a Judá. As profecias restantes do livro


referem-se aos gentios. Não passou muito tempo o povo se entregou à sedução da idolatria
egípcia e, quando foram repreendidos por Deus, expressaram audaciosamente a sua intenção
de sacrificar a rainha do céu: Vênus. Por causa dessa atitude, a sua destruição é profetizada e,
como sinal dela, previu-se a invasão do Egito por Nabucodonosor.

Profecias referentes às nações (Caps.46-51)


 Egito: (cap. 46) Esse capítulo contém três profecias distintas. A derrota de Faraó Neco,
rei do Egito, pelo rei da Babilônia.
 Filístia e tiro (Cap. 47): É predita a invasão desses países por Nabucodonosor.
 Moabe (Cap.48): Um juízo em forma de invasão e devastação pelos caldeus é pronun-
ciada sobre Moabe.
 Amom (Cap. 49.1-6): Amom deve ser julgado por ter tomado a terra de Gade quando
as dez tribos foram ao cativeiro (2rs 17), sendo Judá, e não Amom, herdeira desse
território.
 Edom (49.7-22): Deus pronuncia a sentença de destruição completa sobre uma nação
que sempre foi inimiga de Israel.
 Damasco, capital da Síria: Essa cidade foi invadida por Nabucodonosor cinco anos
depois da destruição de Jerusalém.
 Quedar e Hazor: O castigo de dispersão é pronunciado contra essa nação.
 Elão: O castigo de dispersão é pronunciado contra essa nação, talvez por ter ajudado
Nabucodonosor.
 Babilônia: Deus usou a Babilônia como chicote sobre Israel e as nações vizinhas. O
fato de ter sido usado por Deus não a salvará do juízo por seus pecados.

Retrospecto: o cativeiro de Judá (Cap.52)


Repete-se o relato da destruição de Jerusalém registrado em 2Rs. 24 e 25: 2, Cr. 36 e Jr. 39.
É natural que o registro do acontecimento que fez Jeremias derramar tantas lágrimas e que
quase partiu seu coração sirva de conclusão para seu livro.
Capítulo

3
LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS

Autor
Jeremias

Tema
As desolações de Jerusalém, o resultado de seus pecados, o castigo de um Deus Fiel que
visava conduzir o povo ao arrependimento.

Conteúdo
Daremos aqui o esboço sugerido pelo Sr. Roberto Lee, de Londres. O livro consiste de cinco
poemas:

I. Primeiro poema: a cidade representada como uma viúva que chora (Cap.1).

II. Segundo poema: a cidade representada como uma mulher com véu, chorando em meio
às ruínas (Cap.2).
36 P r o f e ta s M a i o r e s

III. Terceiro poema: a cidade representada pelo profeta que chora e lamenta ante Jeová, o
Juiz (Cap. 3).

IV. Quarto poema: a cidade representada como ouro embaçado, mudado e degradado (Cap. 4).

V. Quinto poema: a cidade representada como uma suplicante que roga ao Senhor (Cap.5).

Os judeus ainda usam este livro para exprimir o seu pesar pelos sofrimentos e pela disper-
são de Israel. Leem-se as “Lamentações” anualmente para comemorar o incêndio do Templo.
Todas as sextas- feiras, anciãos e jovens israelitas, de ambos os sexos, congregam-se no lugar
das Lamentações, em Jerusalém, perto da esquina sudoeste dos alicerces do velho templo, onde
um muro de 47 metros de comprimento e 17 metros de altura é venerado ainda como uma
memória do santuário da raça.

Escreve o Dr. Geikie: “É comovedor ver a fila de judeus de muitas nações, vestidos com
seus mantos pretos, como sinal de luto, lamentando em voz alta a ruína da casa cuja memória
ainda é tão querida para sua raça, recitando os tristes versículos das Lamentações e dos Salmos
apropriados, entre lágrimas, enquanto beijam fervorosamente as pedras.

No dia 9 do mês de abril, que corresponde mais ou menos ao mês de julho de nosso calen-
dário, este cântico triste, composto cerca de seiscentos anos antes de Cristo, é lido em voz alta
em todas as sinagogas do mundo.

Análise
I. A Miséria de Jerusalém – cap.1.

II. A Causa do Sofrimento do Povo – cap. 2.

III. A Base da Esperança – cap.3.

IV. Passado e o Presente de Israel – cap.4.

V. Apelo Final Para a Restauração – cap.5.

As mensagens
As lições sobre o pecado
Aqui há seis verdades:
 (1) O pecado será punido, indubitavelmente.
 (2) O pecado entristece o coração de Deus.
 (3) O pecado será vencido por Deus.
L a m e n ta ç õ e s de Jeremias 37

 (4) O pecado cega o homem para os seus melhores interesses.


 (5) O pecado faz com que o homem se volte contra seus melhores amigos.
 (6) O pecado destrói nações e indivíduos.

As lições sobre o verdadeiro amor


 (1) O amor não nos torna cego para as falhas daqueles a quem amamos. Jeremias viu
o pecado de Judá.
 (2) Ele não encobre as falhas, mas tenta nos livrar delas. Jeremias pretendia salvar Israel
falando-lhes sobre os seus pecados.
 (3) Ele não abandona aquele que, negligenciando as advertências, persiste no pecado
e encontra calamidade. Jeremias foi com Judá para o cativeiro e lá chorou por seus
irmãos.

A condição das nações


 (1) Israel, o reino do norte, havia sido levado para o cativeiro, e Judá ficou sozinha
contra os seus inimigos.
 (2) Judá havia caído em um péssimo estado, mas Josias, que reinava quando Jeremias
começou o seu ministério, tentou trazer reformas e restaurar a antiga ordem.
Entretanto, depois da sua morte, a perversidade cresceu muito e, na última fase da
vida de Jeremias, Jerusalém e o templo foram destruídos por Nabucodonosor, e Judá
foi levada para o cativeiro.
 (3) As potências mundiais do tempo do nascimento de Jeremias eram a Assíria e o
Egito. Elas brigavam pela supremacia. Mas Jerusalém viveu para ver ambas as na-
ções subjugadas, e a Babilônia dominar o mundo. Ele previu como seria a queda da
Babilônia e como um reino muito maior iria surgir, um reino onde existiria a justiça
e a paz.

Aplicação espiritual
O que pode me dar esperança
Lm. 3: 22 a 36.
22. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas
misericórdias não têm fim;

23. renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.

24. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.

25. Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
38 P r o f e ta s M a i o r e s

26. Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.

27. Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.

28. Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto esse jugo Deus pôs sobre ele;

29. ponha a boca no pó; talvez ainda haja esperança.

30. Dê a face ao que o fere; farte-se de afronta.

31. O Senhor não rejeitará para sempre;

32. pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas
misericórdias;

33. porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens.

34. Pisar debaixo dos pés a todos os presos da terra,

35. perverter o direito do homem perante o Altíssimo,

36. subverter ao homem no seu pleito, não o veria o Senhor?

Nesse capítulo quero lhe trazer à memória o que nos dá esperança. Precisamos entender que
nosso Deus é o confortador (Paracleto, nosso ajudador (Jo.14). O Espírito Santo é quem nos
assiste em nossas dificuldades (Rm 8:26). Todos nós passamos por lutas e, às vezes, sentimos
tristeza, dor, cansaço. Temos a fantasia de viver uma vida sem problemas, sem oscilações, mas
a verdade é que nossa vida possui verões e invernos.

Nossa vida está cheia de circunstâncias e situações imprevistas. Há dias que somos verda-
deiros matadores de gigantes e há outros que ficamos tão sensíveis que qualquer inseto nos
assusta. Se perdermos a esperança, perdemos nossos sonhos, a empolgação, a motivação, a fé
diante do impossível.

No texto de Jeremias, o profeta de Deus está passando por dias difíceis (Cap 3.14). Faziam-
se canções zombando a seu respeito (Versos 15 e 16). Diz que a angústia sobre sua vida era tão
grande que era como se tivesse pedrinhas entre seus dentes.

O verso 18 diz: “Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como tam-
bém a minha esperança no SENHOR. Lembra-te da minha aflição e do
meu pranto, do absinto e do veneno. Minha alma, continuamente, os
recorda e se abate dentro de mim” (Grifo nosso).

Era como se ele estivesse dizendo: “chega, não aguento mais viver assim”.Quando isso acon-
tece, a esperança se vai. Não há mais sonhos, motivação, alegria. Quando a esperança se vai,
o combustível acaba. Mas no meio da tribulação pessoal é necessário que você diga assim:
“Quero trazer a memória que possa me dar esperança. Quero trazer a memória coisas que me
L a m e n ta ç õ e s de Jeremias 39

façam bem. Chega de lembranças ruins, de coisas negativas; quero coisas que me motivam,
quero encher meu coração da vida e esperança de Deus.”

Em seguida, Jeremias passa a enumerar coisas que podem nos dar esperança.

As misericórdias do Senhor

“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos,


porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm. 3 22).

Nossa vida não tem que ser assim porque nosso Deus é misericordioso. As misericórdias de
Deus não têm fim, e isso quer dizer que ele não desiste de você, independente do que você faça.
A misericórdia sempre diz respeito a algo ruim que fazemos. A necessidade de misericórdia
se faz, porque nós falhamos e transgredimos os seus mandamentos. Talvez você pense que já
esgotou a paciência do seu Pai, já aprontou todas. Se você é alguém que tem lutado contra o
pecado, eu quero lembrá-lo: “há esperança para você”. A misericórdia do Senhor não tem fim
e ela é maior que seu pecado.

A fidelidade de Deus
A segunda coisa que Jeremias trouxe à sua mente foi a fidelidade de Deus. Para ter esperança,
é preciso conhecer o Deus que é fiel.

“Grande é a tua fidelidade” (Lm 3.23).

Em outro texto bíblico, o Senhor nos diz: “Porque eu, o Senhor não mudo” (Ml 3.6). A
fidelidade está baseada no fato de que ele é imutável. Não muda. Nele não há variação de
mudança. Um dos nomes de Deus é “O Eterno”. Eterno significa algo que o tempo não altera,
que as circunstâncias não mudam. Seu caráter é o mesmo, não altera sua palavra. Mesmo que
sejamos infiéis, Deus permanece fiel. Ele é fiel ao que disse para você. Se Deus foi com Abraão
e com Davi, ele será com você.

Se eu apenas buscar o Senhor

24. “A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, espe-


rarei nele”. 25. “Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para
a alma que o busca” (Lm 3: 24.25).

Não vale a pena ficarmos parados; enchamos nosso coração de fé e busquemos ao Senhor.
Nossa vida é um quadro pintado em uma tela. No início, você não entende bem a pintura; pa-
rece um monte de borrões de tintas numa tela, não há forma, não há sentido, mas no final você
compreende a obra de arte. A obra-prima que o Senhor está fazendo em nossas vidas é inigualável.
40 P r o f e ta s M a i o r e s

Deus tem um propósito no meu sofrimento

26. “Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio”. 27.


“Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade”. 28. “Assente-
se solitário e fique em silêncio; porquanto esse jugo Deus pôs sobre ele”
(Lm 3: 26.28).

Deus permite situações difíceis para enriquecer nossas vidas (Rm5:3, 2Cor 14:17). O tra-
tamento de Deus tem um propósito. Bom é para o homem suportar o tratamento na sua
mocidade. Deus está fazendo algo em você; ele está coordenando as circunstâncias ao seu redor.
Nada sai do seu controle.

O tratamento de Deus um dia acaba

“O Senhor não rejeitará para sempre” (Lm3:31).

O tratamento de Deus um dia acabará. Não há tribulação permanente; as coisas acabam.


Há um tempo determinado para o tratamento de Deus na sua vida. O salmista já cantava: “o
choro pode durar uma noite mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5).

O caminho pode parecer longo, mas uma hora ele finda. Então você poderá entender os
caminhos de Deus e louvá-LO por tudo o que passou.
Capítulo

4
EZEQUIEL

Autor
Pouco se sabe sobre Ezequiel. Somente dois fatos são biográficos e podem ser percebidos no
livro: era filho de Buzi, o sacerdote, e diferentemente do seu contemporâneo Jeremias, Ezequiel
era casado.

Tema
Saberão que “Eu sou o Senhor”. É uma nota predominante no livro. Contamos em 62
lugares onde ocorre a frase, em 27 dos 48 capítulos, a saber: 6:7,10,13,14; 7:4,9,27; 11:10,12;
12:15,16,20; 13:9,14,21; 14:8; 15:7; 16:62; 17:21,24; 20:12,20,28,38,42,44; 21:5; 22:16,22;
23:49; 24:24,27; 25:5,7,11,17; 26:6; 28:22,23,24,26; 29:6,9,16,21; 30:8,19,25,26; 32:15;
33:29; 34:27,30; 35:4,9,12,15; 36:11,23,36,38; 37:6,13,14,28; 38:16,23; 39:6,7,22,23,28.
Israel se encontrava no exílio da Babilônia, debaixo do julgo de Nabucodonosor, mas mesmo
assim Deus coloca em vigor seu plano de salvação. Purificando pelo julgamento de Deus no
exílio da Babilônia, Israel novamente se tornará possuidora das promessas.
42 P r o f e ta s M a i o r e s

A missão de Ezequiel parece ter sido explicar e justificar a ação divina, causar ou permitir o
cativeiro de Israel, que foi devido às indizíveis abominações de que esse povo se fez culpado; as
mesmas abominações que levaram outros povos a serem riscados do mapa.

Quanto, porém, a Israel, foi uma punição. Por esse castigo chegaria, a saber, que o Senhor é
Deus, o que aconteceu de fato. O cativeiro babilônico curou-os da idolatria.

O profeta Ezequiel
Seu nome significa: Deus fortalecerá. Ele era um sacerdote e foi levado ao cativeiro por
Nabucodonosor, em 597 a.C. Tinha a sua casa junto ao rio Quebar, onde os anciãos de Judá
costumavam se reunir.

A sua esposa morreu no nono ano do seu cativeiro, onde o deleite dos seus olhos lhe foi tira-
do, mesmo quando cumpria sua missão profética. Foi um homem de um intelecto bastante po-
deroso e, aparentemente, pertencia às melhores classes daqueles que foram levados ao cativeiro.

É menos atraente do que Isaías, e é menos constante no fluir de seus pensamentos do


que Jeremias.

Não é tão tímido ou sensível como Jeremias, mas teve todo o sentimento de horror pelo
pecado e sofreu por causa da maldade do seu povo e da provação que experimentou. Na sua
coragem de expressão, não foi ultrapassado por nenhum de seus predecessores. Esteve profeti-
zando, no mínimo, durante 22 anos (29.17).

Os seus ensinos

Ele repete muito o assunto dos profetas que o antecederam: os falsos profetas (Cap. 13).

Enfatiza especialmente assuntos como: justiça, moralidade e religião espiritual, manifestan-


do, porém, menos interesse no cerimonialismo (Caps.6-9; 7:22; 33:25).

Como Jeremias, ele fala da responsabilidade moral do indivíduo e formula de modo con-
sideravelmente pormenorizado as doutrinas do arrependimento, que são necessárias para a
salvação (Caps. 14,18,33, especialmente 14:1-20;18:20-32). Ele proclama a necessidade de um
novo coração e um novo espírito (11:19; 18:31; 36:26).

Como um profeta messiânico, olhou para a restauração completa e gloriosa dos judeus sob
uma teocracia com um pleno sistema nacional centralizado no templo, o qual tem os serviços
dos sacerdotes e do profeta. Ele desejava promover a santidade popular e corrigir alguns dos
abusos que colocavam a nação em perigo. Assim, ele denunciou os pecados de Judá e predisse
a queda de Jerusalém (Caps.1-24), proclamando os julgamentos vindouros sobre as nações
estrangeiras (Caps.25-32).
Ezequiel 43

Análise do livro
I. A chamada de Ezequiel – caps.1-3.

1. A primeira visão – cap. 1.

2. A chamada – caps.2.3.

II. A destruição de Jerusalém – caps. 4-24.

1. O cerco e o inescapável julgamento da cidade – caps.4-7.

2. A condição da cidade e os pecados do povo – caps. 8-19.

3. Renomadas provas e predições sobre a condenação de Judá e Jerusalém – caps. 20-24.

III. As predições contra cidades e nações estrangeiras – caps. 25-35.

IV. As profecias acerca da restauração – caps.33-48.

1. A restauração de Judá à terra prometida – caps.33-39.

2. Os tempos messiânicos – caps. 40-48

As mensagens de Ezequiel
 (1) Sobre a natureza terrível do pecado. Ele abate e destrói tanto homens como nações.
 (2) Sobre a responsabilidade individual. Os homens não sofrem por causa dos pecados
dos outros, mas pelos seus próprios pecados (18:1-4; 33:10ss).
 (3) Sobre o poder e a majestade de Deus. Isto é visto através de vários animais, como
o leão, o boi, a águia e, em Seu controle, sobre todas as circunstâncias. Esse poder e
majestade também tornam-se a base da esperança de que o julgamento com certeza
sobreviverá àqueles que estão em pecado e os justos serão vitoriosos.

A chamada do profeta
1. A visão de Ezequiel (Cap. 1)
Como Isaías, a chamada de Ezequiel foi precedida por uma visão da glória do Senhor (Cp.
Is 6). As criaturas viventes mencionadas neste capítulo são os querubins, uma ordem de seres
angelicais, cujo ministério parece ser, com relação aos homens, a guarda e vindicação da santi-
dade de Deus. Ezequiel teve uma visão do Senhor; quando recebemos essa visão conhecemos
o propósito do chamado.
44 P r o f e ta s M a i o r e s

2. Sua missão e mensagem (2.1-3.9)


Todo homem chamado por Deus recebe uma missão, como no caso de Isaías. A mensagem
de Ezequiel foi de condenação a um povo desobediente. Nossa mensagem não deve ser o que
mais gostamos de pregar ou o que o povo gostaria de ouvir, mas aquilo que o Senhor deseja que
seja dito, aquilo que o Senhor nos manda falar.

3. Sua responsabilidade (3.10-21)


Ele é posto como atalaia sobre a casa de Israel, com uma advertência solene contra o des-
cuido de seu dever. Atalaias são as sentinelas, os vigias, aqueles que avisam o perigo eminente.
O dever de um homem de Deus é guardar o povo, é ser um vigia, que mostra o caminho do
Senhor. Um atalaia deve pregar e falar da parte de Deus.

4. Sua segunda visão da glória do Senhor (3. 22-27)


Ezequiel não devia começar imediatamente o ministério de pregação, mas devia abster-se
de falar até receber instrução do Senhor para que fizesse. Tinha de permanecer em casa até que
recebesse de Deus as revelações referentes ao destino de Israel.
Capítulo

5
DANIEL

Tema
O profeta em Babilônia
O céu revelado como o que domina a elevação e queda dos reinos deste mundo até a sua
destruição final e que estabelece seu próprio Reino.

Daniel
Daniel significa: Deus é meu Juiz. Era da tribo de Judá e provavelmente membro da família
real (1.2-6). Quando ainda muito jovem, foi levado cativo a Babilônia. No terceiro ano do
Rei Jeoaquim (11 Cr. 36. 4-7) e anos antes de Ezequiel, juntamente com outros 3 jovens, foi
colocado na corte de Nabucodonosor, a fim de obter uma preparação especial na educação dos
caldeus. Ali chegou a um dos postos mais altos do Reino, posição que reteve durante o governo
persa.

Profetizou durante todo o cativeiro, sendo proferida a sua profecia do Reinado de Ciro,
dois anos antes do regresso dos judeus à Palestina. Sua vida imaculada e a corrupção de uma
corte oriental levaram Ezequiel a mencioná-lo como um dos exemplos notáveis da piedade. O
mesmo profeta deu testemunho de sua sabedoria (Ez. 28:3).
46 P r o f e ta s M a i o r e s

Provavelmente ele nasceu em Jerusalém e foi um daqueles nobres que foram levados cativos pelo
rei Nabucodonosor em 605 a.C. Foi educado por ordem do rei e logo se destacou pela sua posição
contra a luxúria e a idolatria da Babilônia. Logo obteve grande simpatia e foi escolhido para estar
perante o rei numa das mais altas posições governamentais sob as dinastias caldéia, média e persa.

Ele viveu durante todo o período do cativeiro e, provavelmente, morreu na Babilônia. Diz-se
que não há registro de nenhuma imperfeição de sua parte. O anjo, por repetidas vezes, chamou-
lhe de “homem muito amado.” Quatro coisas de natureza miraculosa são muito importantes:
 (1) A interpretação do sonho de Nabucodonosor que o levou pela primeira vez a um
lugar de destaque.
 (2) A vitória sobre o poder do fogo onde seus amigos escaparam ilesos quando foram
lançados na fornalha ardente.
 (3) As suas visões da Babilônia, Pérsia, Grécia, e Roma, e também do reino eterno que
Deus estabeleceria.
 (4) A sua sobrevivência quando foi jogado na cova dos leões.

Os impérios mundiais no livro


 (1) O império babilônico (625-536) com Nabucodonosor como o principal rei, sendo
aquele que levou Israel cativo.
 (2) O império persa (536-330 a.C.) que se tornou uma potência mundial através de
Ciro, sob quem os judeus retornaram a Jerusalém.
 (3) O império grego, que debaixo da liderança de Alexandre, o Grande, subjugou todo
o mundo persa.
 (4) O império romano, que foi precedido pelo império sírio do qual se desenvolveu.

O propósito do livro
O propósito do livro parece ser:
 (1) Exaltar a Jeová, que liberta os seus servos, é o Deus de todas as nações, o Deus que
punirá a idolatria. É o Deus puro, justo etc.
 (2) Encorajar os seus compatriotas para resistirem às forças que ameaçavam a base de
sua fé. Isto é visto no exemplo de Daniel e seus amigos a quem Jeová salvou.
 (3) Dar uma profecia ou visão de todas as épocas desde Daniel até o período messiânico.
 (4) Esboçar a filosofia religiosa que apareceria num grande estado mundial ao qual
o Rei messiânico governaria segundo princípios de justiça e direito, e que subjugaria
todos os reinos, obtendo domínio eterno.

A ideia principal é o triunfo definitivo do reino de Deus. Apresenta dois ensinos novos
quando é comparado com os livros proféticos anteriores:
Daniel 47

(a) Acerca dos anjos.

(b) Acerca da ressurreição dos mortos.

Análise
A história de Daniel – caps.1-6
1. A sua juventude e educação – cap.1.

2. A interpretação do sonho de Nabucodonosor – cap.2

3. Na fornalha de fogo – cap.3.

4. A interpretação do sonho que Nabucodonosor teve acerca da árvore – cap.4.

5. A interpretação para Belsazar da inscrição na parede - cap.5.

6. Na cova dos leões – cap. 6.

I. Daniel e a sua visão do Reino – caps. 7-12


1. Os quatro animais – cap. 7.

2. O carneiro e o bode – cap. 8.

3. As setenta semanas – cap. 9.

4. A visão final – caps. 10-12.

1. Os quatro animais – cap. 7


Os teólogos dizem que este sonho é semelhante ao do capitulo 2, no qual Daniel interpreta
o sonho de Nabucodonosor.

a) O primeiro como leão. v 4. Significa à (Babilônia).

b) O segundo como semelhante ao urso (V. 5) significa o império medo –persa.

c) O terceiro leopardo (V. 6) significa o império grego.

d) O quarto animal significa o império de Roma.

“Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o


quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha gran-
des dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés
o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes
dele e tinha dez chifres” (Dn 7:7).
48 P r o f e ta s M a i o r e s

2. O carneiro e o bode – cap. 8


O Anjo Gabriel revelou o significado da visão a Daniel. O carneiro com dois chifres re-
presenta o império medo-persa, e o bode o império grego (de Alexandre). Os quatros chifres
seriam as quatro partes que o império de Alexandre seria dividido.

3. As setenta semanas – cap. 9


Daniel percebeu que o período de setenta anos da desolação de Judá, profetizada por Jeremias
25.11-12, logo chegaria ao fim. A profecia é datada em 605 a.C., ano em que Nabucodonosor cercou
a Jerusalém pela primeira vez. Caso se entenda que o período começou naquele ano, o período de
setenta anos então se encerraria em 535 a.C. Contudo, Gabriel revela e interpreta a visão (9.20-27).

As mensagens de Daniel
a) Acerca da sabedoria e do poder de Deus
Ele revela a Sua sabedoria através do Seu povo, que Ele conhece e que também O conhece.
O seu poder é exaltado no Seu cuidado para com o Seu povo, governando todas as coisas e
visando o bem deles.

b) Acerca dos governos humanos


Deus levanta e destrói as nações. Ele permite o desenvolvimento das nações ímpias e, então,
as destrói enquanto dá o crescimento às boas nações, preservando-as. Dessa forma, ele gover-
na todo o mundo segundo propósitos de graça, mostrando que tem poder e sabedoria para
governá-lo até o fim dos tempos.

c) Acerca do conflito entre o bem e o mal


O mal cresce de forma cada vez mais determinada, enquanto que o bem se torna cada vez
mais distinto. Daí a questão: “O mundo está melhorando?” e o resultado é que o mal e o bem
devem entrar em conflito definitivo.

d) Acerca da vida reta


As pessoas podem, apesar das circunstâncias, agir retamente (Veja Daniel). Isso pode exigir
duros testes para a fé, mas fará com que os homens conheçam o poder de Deus

e) Acerca do reino messiânico


Será uma grande potência mundial dirigida pela justiça e direito. Destruirá todas as demais
nações e permanecerá eternamente.

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