Você está na página 1de 5

Estamos debaixo de um novo sistema

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio
de nosso Senhor Jesus Cristo. (Rm 5.1)

Uma vez que você foi justificado, o grande sinal é a paz. Se você compreende a
mensagem da graça, a sensação é de alívio e descanso.

Por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé,


a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na
esperança da glória de Deus. (Rm 5.2)

Nós estamos firmes na graça. Vivemos na graça e não estamos mais debaixo da lei. A
lei do espírito da vida em Cristo Jesus nos livrou da lei do pecado e da morte. A lei do
pecado e da morte é também a lei de Moisés. Por quê? Porque a lei dos mandamentos
é a força do pecado. E o pecado produz morte, porque a morte é o salário do pecado.
Todavia, a lei do espírito da vida, a lei suprema elevada, a lei da graça, da Nova Aliança,
nos liberta da lei dos mandamentos.
A Bíblia mostra claramente que não há lugar para a lei na vida do crente. Se eu não
estou mais debaixo da lei, então não tenho mais um guia moral? Como cristão, posso
agora fazer o que eu quiser? Estou liberado para fazer qualquer coisa que me vier à
cabeça? Se a lei não nos serve de guia moral, quem exerce esse papel?
Como cristãos, temos o desejo inato de que o nosso comportamento seja o correto. É a
vontade de agradar a Deus que leva alguns a abraçar o erro de uma vida baseada na
lei.
Felizmente, Deus não nos tirou de debaixo da lei para nos deixar sem nada. Quando
cremos, o Espírito Santo passa a viver em nós. Ele produz frutos por nosso intermédio
quando dependemos d’Ele.
O sistema da graça
Este é o problema: muitas pessoas compreendem o evangelho de maneira muito trivial
e superficial. Saiba, porém, que sua experiência de conversão e novo nascimento não
foi algo pequeno. Aconteceu algo grandioso. Deus tirou o coração de pedra e colocou
um coração de carne no lugar.
Você nasceu de novo, por isso tem a natureza de Deus dentro de si. Todo aquele que
nasceu de novo tem o desejo de fazer o certo. Isso é espontâneo. Você não precisa de
mandamento e lei para isso. É a sua nova natureza, você agora quer agradar a Deus.
Entretanto, é importante reconhecer o “sistema” utilizado pelo Espírito Santo no lugar
da lei. Ele opera por um sistema radicalmente diferente: a graça. Reconhecer a obra do
Espírito Santo em nossa vida requer um sólido entendimento da graça.
Com frequência, no entanto, a ideia que temos da graça nada mais é do que receber
misericórdia. Nesse caso, a definição típica de graça poderia ser algo como: “A graça
entra em ação quando o castigo é reduzido ou dispensado depois que alguém faz algo
errado”.
A graça costuma ser vista como uma resposta ao pecado, algo muito parecido com o
perdão de um crime.
O Novo Testamento, porém, retrata a graça de maneira muito mais ampla. Observe o
que ela faz na vida dos cristãos:
Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os
homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões
mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta
era presente. (Tt 2.11-12)

Graça é o sistema que o Espírito Santo usa para nos aconselhar e nos ensinar dia após
dia. A graça ocupa o seu lugar, tenhamos ou não cometido pecados recentes. Nossa
preocupação natural é que a ausência da lei resulte em um estilo de vida fora de
controle, mas isso contradiz o que as Escrituras declaram sobre os efeitos da graça. Ela
não é apenas um tratamento para o pecado; na verdade, é a chave para a libertação do
pecado.
A graça de Deus tem três tempos. No passado, quando você foi salvo, foi salvo pela
graça. No presente, a graça ensina você a viver de maneira santa, piedosa. E, no futuro,
ela vai lhe dar um corpo glorificado, que é a nossa santa esperança. Você precisa dela
não só quando comete pecado, mas em todas as circunstâncias.
Quando questionamos a função da graça em nossa vida, insultamos a inteligência de
Deus. Ele estabeleceria uma nova aliança para promover o pecado? Deus é sábio e Ele
sabe que somente a graça pode produzir verdadeiro temor. A verdade é que a graça
desativa o nosso orgulho.
Retirar a lei de nossa vida significa que nosso esforço próprio não é mais estimulado a
assumir o controle. A lei incentiva o esforço humano. Ela nos encoraja a depender de
recursos externos em vez de depender de Cristo, mas a aceitação incondicional da
graça desativa o esforço humano e permite que o Espírito Santo seja tudo o que Ele
quiser através de nós.
Nosso maior medo é de não termos o controle. Acontece que não fomos criados para
ocupar o controle. O autocontrole é um fruto espontâneo do Espírito Santo em nós. O
motivo pelo qual Ele vive dentro de nós é para produzir o autocontrole que tememos
perder debaixo da graça.
Paulo nos incentiva a confiar na graça debaixo da Nova Aliança citando as palavras do
próprio Jesus sobre o assunto:
Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei
nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
(2 Co 12.9)

Paulo estava com um espinho na carne, ele orou e o Senhor lhe respondeu que a graça
era suficiente. Quantos estão dispostos a dizer que a graça é suficiente? Não
precisamos da lei. O Senhor Jesus não estava receoso acerca das consequências de
tanta graça na vida de Paulo. Então, a graça não é meramente uma resposta ao pecado,
é o centro da Nova Aliança. Ela permite que o Espírito produza transformação na vida
do crente.
Depois de entender isso, Paulo conclui que a vida de Deus operando em nós é que vai
produzir toda mudança. O Senhor vai transformar aquilo que não conseguimos. Isso
valia para Paulo e vale para nós também hoje.
Muitos vivem na escravidão da lei, cumprindo mandamentos da lei. Então, de repente,
chegamos e falamos que eles são livres e, no primeiro momento, isso é assustador.
Um prisioneiro que foi liberto

Pessoas que cumprem penas judiciais longas sempre precisam lutar muito quando são
soltas, pois se acostumam aos limites da prisão. Em certo sentido, paredes e barras de
ferro proporcionavam a elas um senso de segurança. Sempre havia alguém para lhes
dizer quando tomar banho, quando comer, quando se exercitar e quando dormir. Cada
aspecto da vida era regulado sob o olhar vigilante dos guardas.
Todavia, depois que são libertas, algumas se sentem apreensivas. De uma hora para
outra, precisam decidir sozinhas para onde ir, quando fazer e o que fazer do resto da
vida.
De um modo semelhante, a libertação da lei pode inquietar alguns de nós. Quando os
limites desaparecem, cabe a nós decidirmos o que é ou não proveitoso. Mas isto é
maturidade cristã: uma vez que estamos em Cristo e Ele está em nós, não recorremos a
regras exteriores para determinar cada movimento; em vez disso, somos exortados a
nos afastar da escravidão religiosa rumo a uma maravilhosa liberdade, sem nunca olhar
para trás.
Vamos ser francos? É muito mais fácil que o pastor nos diga o que fazer. Uma das coisas
que faz parte do meu trabalho ultimamente é responder a perguntas pelo Instagram.
Muitas vezes, coloquei aquela caixinha de perguntas, e as pessoas invariavelmente
perguntavam a respeito de tatuagem. “E aí, pastor, eu posso ou não fazer tatuagem?”
Respondi de todas as maneiras possíveis, menos dizendo se pode ou não. Fiz
brincadeira, até contei piada. Lembro-me de uma resposta que dei baseada no jogador
de futebol Cristiano Ronaldo. Perguntaram-lhe por que ele não tinha nenhuma
tatuagem, e ele respondeu: “Você já viu alguma Ferrari adesivada?”
Eu respondi dessa maneira, e o pessoal ficou chateado: “Mas você está fugindo da
questão. Você está saindo pela tangente”. Porque o que eles querem é Moisés, é certo
ou é errado? É o bem ou é o mal? Isso, porém, não é cristianismo.
Até a definição de pecado no Novo Testamento é diferente. No Velho Testamento, o
pecado é quebrar a lei. Mas, no Novo Testamento, Paulo diz que tudo o que não vem
de fé é pecado. As pessoas pecam porque fazem coisas que contrariam uma convicção.
Tudo o que não vem de fé é pecado. Então, elas querem sentir uma segurança. Talvez
querem chegar diante de Deus um dia dizendo que o que fizeram foi porque o pastor
as autorizou.

Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto,


permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a
um jugo de escravidão. (Gl 5.1)

Paulo não está falando de ser liberto do pecado: “Não deixem que submetam vocês
novamente a um jugo de escravidão”. Que julgo é esse? É o jugo da lei, é viver baseado
em mandamentos. Paulo está dizendo que voltar para a lei significa se colocar debaixo
da escravidão.
Em Gálatas 4.8-10, ele diz que voltar para a lei significa se colocar debaixo da
escravidão a espíritos malignos. Mas a lei não é de Deus? Certamente a lei é boa e
perfeita, mas ela hoje é tomada pelo diabo para nos condenar e escravizar.
Todo aquele que volta para a lei tentando agradar a Deus e obter o seu favor
inevitavelmente cairá debaixo da acusação e condenação do maligno. Isso acontece
porque homem nenhum é capaz de guardar a lei completamente. E, uma vez que
caímos em condenação e acusação, voltamos a viver na escravidão.
Paulo diz que, ao voltar para a lei, os gálatas estavam também voltando aos antigos
rudimentos dos deuses dos quais eram escravos. Como esses antigos deuses a quem
eles serviam estão relacionados com a lei? Simplesmente porque a base de toda
religião é a lei. Toda religião funciona da seguinte maneira: se você se comporta bem,
terá bênção; mas, caso se comporte mal, será punido. Isso nada mais é do que a lei.
Esse tipo de relacionamento religioso produz escravidão. Toda religião é escravidão. E,
se voltamos a viver pela lei, estamos voltando para a escravidão também.
Como a religião escraviza? Todo religioso procura sempre aplacar a ira do seu Deus e
obter o seu favor por meio de boas obras. Isso era mais visível nas religiões primitivas.
A princípio, o homem oferecia do fruto como oferta para agradar ao seu deus. Faziam
isso para que chovesse e eles pudessem colher no próximo ano. Contudo, no ano
seguinte, vinha a seca, então eles procuravam algo maior para agradar ao seu deus e
assim passaram a sacrificar animais. Entretanto, a seca ainda continuava, então
passaram a sacrificar os prisioneiros de guerra. Mas aquilo ainda não funciona, pois a
praga da seca ainda persistia, assim ofereciam algo que julgavam mais valioso,
passaram a sacrificar as virgens da aldeia. Quando tudo o mais falhou, eles resolveram
sacrificar seus próprios filhos. Esse é o caminho da religião. Sempre tentando agradar a
Deus, mas nunca conseguindo.
Os crentes que vivem pela lei ainda seguem esse mesmo caminho. Eles não sacrificam
pessoas, mas estão sempre procurando uma forma de agradar a Deus e convencê-lo a
abençoá-los. Veja, por exemplo, sua tentativa de receber uma bênção financeira. Você
tenta dar o dízimo, mas, se isso não resolve, você decide dar além do dízimo.
Entretanto, ainda assim a bênção não veio. Então, você ouve alguém dizendo que você
precisa entregar o seu Isaque. Você faz de tudo para ser abençoado do mesmo jeito
que aqueles religiosos primitivos. Mudaram-se os sacrifícios, mas permanece o mesmo
princípio, a troca de favores.

Pr. Aluízio Silva

Você também pode gostar