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 Ato 1.

Deus estabelece seu reino: Criação


 Ato 2. Rebelião no reino: Queda
 Ato 3. O Rei escolhe Israel: redenção iniciada
 Interlúdio. O período intertestamentário: um relato do reino, aguardando um
desfecho
 Ato 4. A vinda do Rei: redenção realizada
 Ato 5. Propagando a notícia do Rei: a missão da igreja
 Ato 6. A volta do Rei: redenção concluída

INTERLÚDIO – O PERÍODO INTERBÍBLICO


Introdução

Já vimos que Judá foi conquistado por Nabucodonosor. Este rei babilônico promoveu
03 (três) deportações de judeus. A primeira deu-se em 604 a.C., quando foram deportados Daniel
e seus amigos, Hananias, Azarias e Misael, bem como o próprio rei de Judá, Jeoaquim. Em 597
a.C., nova deportação, quando a maior parte da população foi levada para a Babilônia. Nessa
ocasião, Nabucodonosor levou o rei Joaquim como prisioneiro e instalou Zedequias como um
rei-fantoche. Nessa ocasião, Ezequiel foi deportado. Finalmente, em 586 a.C. Jerusalém foi
arrasada e o templo destruído. Zedequias é capturado, tem seus olhos furados e levado
prisioneiro para a Babilônia. Esta foi a terceira e última deportação.

Foram profetas durante o período do Exílio Babilônico: Jeremias (começou a profetizar


antes do exílio, no reinado de Jeoaquim e permaneceu profetizando quando Judá já havia sido
levado ao Exílio); Daniel (1ª deportação, 604 a.C.), Ezequiel (2ª deportação, 597 a.C.) e Obadias.
Foram profetas pós-exílicos, profetizando após o retorno dos judeus a Judá: Ageu, Zacarias e
Malaquias.

A Babilônia foi conquistada por Ciro, o Grande em 539 a.C., o qual emite um édito
permitindo que os judeus retornassem a Jerusalém e Judá. Sob o comando de Zorobabel 1 ,
nomeado governador da Judéia pelo rei persa e Zadoque, o sacerdote, parte dos exilados
retornam a Jerusalém em 538 a.C.

Dá-se início à reconstrução do templo (537 – 516 a.C.). Em 525 a.C. uma nova leva de
exilados retorna a Jerusalém. Esdras retorna a Jerusalém em 458 a.C. e Neemias reconstrói os
muros e a cidade de Jerusalém entre 445 – 433 a.C.

O tempo decorrido entre o Livro do profeta Malaquias (430 a. C), a última parte do
Antigo Testamento, e a aparição de Cristo é conhecido como o período intertestamentário. Pois,
neste intervalo não se registrou a ocorrência de palavra profética da parte de Deus. Por isso,
alguns o chamam de “400 anos de silêncio profético”.

1
Zorobabel foi um príncipe de Judá, descendente de Davi, que liderou o retorno dos judeus exilados na
Babilônia após a conquista da Babilônia por Ciro da Pérsia
A atmosfera política, religiosa e social da Palestina mudou significantemente durante
esse período. Muito do que aconteceu foi predito pelo profeta Daniel (Daniel, capítulos 2,7,8 e
11). Certamente, vale apena comparar as palavras deste profeta com os eventos históricos.

A Sinagoga

O termo "sinagoga" tem origem na palavra grega sunagoge (συναγωγή), que significa
assembleia ou reunião. Podendo ser entendido como a assembleia de judeus formalmente
reunidos para orar, louvar a Deus e ouvir a leitura e exposições das escrituras. As reuniões
aconteciam aos sábados e nos dias das festas religiosas judaicas. O termo também designa o
edifício onde ocorre a reunião dos fiéis para a pratica a religião judaica.

Acredita-se que as sinagogas surgiram durante o exílio do povo judeu na Babilônia.


Antes, o templo era o único lugar de adoração e reunião dos judeus devotos a Deus.

Entretanto, após a destruição do Templo em Jerusalém os judeus exilados, para não


perder sua religião, criaram as sinagogas. Em todos os lugares para onde os judeus emigraram,
abriram sinagogas. No período Inter bíblico existiram sinagogas na maioria das cidades da Judéia
e nas grandes cidades do mundo civilizado.

A comunidade judaica na Palestina e na Diáspora


Embora Ciro tenha permitido o retorno dos judeus a Jerusalém, a maioria dos judeus
permaneceu vivendo fora da Palestina. Os grupos que retornaram em 539 a.C. e 525 a.C.
estabeleceram ali uma próspera comunidade judaica, mas a maioria dos judeus estava espalhado
por diversas cidades do império persa. Esses judeus da Diáspora entendiam que Israel como um
todo continuava no Exílio e, assim, tinham um zelo especial em manter sua identidade pactual
distinta e as observâncias religiosas que a reforçavam. A Torah, especialmente, passou a ser
basilar para essas comunidades.

Para manter sua distinção cultural e religiosa, os judeus (na Palestina e na Diáspora)
criaram sinagogas para a adoração, oração e estudo das Escrituras nos sábados. A sinagoga
passou a ser o centro do judaísmo, principalmente para os judeus da Diáspora, mas jamais
substituiu o Templo. Os judeus continuaram reverenciando o Templo de Jerusalém e mantendo
a esperança de sua glória futura.

Ademais, continuavam pagando os tributos relacionados ao templo, a participar das festas


judaicas e a fazer peregrinações a Jerusalém.

A fé de Israel
 Monoteísmo
 Eleição
 Torá
 Terra da promessa
 Redenção de Israel
Nos 400 anos que separam o Antigo Testamento do Novo Testamento, estas cinco
convicções fundamentais moldaram a vida dos judeus. Examinemos brevemente cada uma delas.

O Monoteísmo: Diferentemente das nações onde viviam os judeus da Diáspora ou as nações


circundantes, no caso dos judeus da Palestina, os judeus criam em um só Deus, o Criador do
mundo e Regente da história.
A Eleição: Os judeus estavam convictos que Deus havia escolhido Israel para um propósito
especial; por meio dessa nação e nenhuma outra ele agiria para livrar sua criação do mal que a
havia desfigurado e frustrado desde o pecado de Adão.

O papel da Lei (Torah): Deus tinha dado a Lei a Israel para guiar seu modo de vida como o povo
santo de Deus e havia prometido que os israelitas seriam abençoados se continuassem firmes em
sua fidelidade à Lei.

A Terra: Deus lhes havia prometido uma terra. Cumprira sua promessa através de Moisés e Josué.
O templo fora construído no Monte Moriá. Aquela terra era a morada de Deus. Somente ali os
israelitas poderiam desfrutar de uma comunhão especial com Deus. Por causa de infidelidade de
Israel eles foram castigados com o exílio, mas agora eles estavam de volta e o templo fora
reconstruído e eles aguardavam que Deus ainda haveria de restaurar a Israel a glória que sempre
havia tencionado para a nação.

A esperança de um futuro ato redentor de Deus: A esperança de que Deus haveria de levantar
um rei descendente de Davi para derrotar os governantes pagãos que dominavam sobre Israel e
estabelecer um reino em que Israel seria a principal das nações desenvolveu-se nessa época.

Entretanto, essas convicções foram testadas severamente, tendo em vista que os judeus
permaneciam sob o domínio de pagãos estrangeiros, que ditavam sua vida política e faziam uma
enorme pressão para que os judeus assimilassem a cultura pagã. Nesse contexto, desenvolveu-
se um novo gênero literário, a apocalíptica, narrativas cheias de cenas fantásticas e repletas de
seres monstruosos, que apontavam para um futuro glorioso para Israel.

Nesse período também são escritos vários livros apócrifos que fazem parte da Bíblia
Católica, mas não da Protestante e da Judaica, como 1 e 2 Macabeus e Eclesiástico.

A vida no Império Persa


O decreto de Ciro permitindo o retorno dos judeus a Jerusalém trouxe muito júbilo
inicialmente. Parecia o cumprimento de Deuteronômio 30.5-9 e das profecias de Isaías, Jeremias
e Ezequiel. Mas o júbilo logo deu lugar à perplexidade e à frustração. A experiência dos exilados
que retornaram não estava à altura do que haviam esperado (uma revolução cósmica da obra de
Deus neles e por meio deles, os escolhidos de Deus): 1. Nem todos os exilados haviam voltado à
terra. Na verdade, a maioria dos judeus continuaram vivendo na Pérsia, Babilônia e Egito; 2. O
templo reconstruído, mas era algo desprezível se comparado com o templo glorioso da época
de Salomão; 3. Os judeus retornados à Palestina não tinham independência, continuavam sob o
jugo de pagãos estrangeiros.

O sonho de uma vida independente em sua própria terra levou muitos em Israel e olhar
novamente para as bênçãos prometidas nas Escrituras. O que encontraram ali lhes incitou um
novo zelo pela Torah (Deuteronômio 30.9-11,16).

Isso parecia fornecer a resposta à sua frustração. Se a nação ainda era política e
religiosamente uma nação no Exílio isso devia ser porque Deus ainda não havia terminado o seu
juízo sobre o povo por violar sua aliança. Assim, eles poderiam esperar uma libertação plena e
final somente quando tivessem demonstrado uma medida suficiente de fidelidade à Torah.

Como resultado, desenvolveu-se uma tradição de ensino oral, na qual os estudiosos


buscavam aplicar as antigas leis da Torah às novas situações que as pessoas estavam vivendo. A
par disso, devido ao fato de que inicialmente os dominadores serem babilônicos, em seguida
persas e depois gregos, o idioma hebraico passou a ser cada vez menos utilizado. Assim, os
comentários, os targuns, foram escritos em aramaico (língua da Babilônia) e formaram o Talmud
(composta da Mishnah e da Gemarah). O hebraico ficou restrito às leituras nas sinagogas.
O Império Macedônio sob Alexandre, o Grande
O domínio persa pouco influenciou a cultura dos povos conquistados, mas quando os
gregos tudo foi diferente. Alexandre derrotou os persas e assumiu seu império e impôs um
projeto de helenização, ou seja, de fusão da cultura grega com as culturas orientais.

Com Alexandre, a helenização era menos impositiva e mais persuasiva. Alexandre


fundou centenas de cidades, várias delas chamadas de Alexandria, as quais se tornaram centros
difusores da cultura grega. Resultado disso é que o idioma grego foi difundido em toda a parte
oriental do império macedônio e passou a ser a língua do comércio e da diplomacia.

O Império grego após Alexandre, o Grande


Com a morte de Alexandre, seus generais repartiram entre si o império e formaram
quatro reinos, que logo passaram a guerrear entre si, cada um querendo a totalidade do antigo
império alexandrino.

Depois da morte de Alexandre Magno seu império foi dividido por quatro de
seus principais generais: Cassandro (Macedônia e Grécia); Lisímaco (Ásia Menor e
Trácia); Seleuco (Pérsia, Mesopotâmia e Síria); e, Ptolomeu (Egito e Palestina)
Os dois reinos gregos que nos interessam aqui são os reinos sediados no Egito e na
Síria. Ptolomeu assumiu o Egito e Seleuco a Síria. A Palestina coube inicialmente a Ptolomeu, mas
os gregos da Síria logo começaram a disputá-la.

Durante o domínio ptolomaico (311 – 198 a. C.), os judeus viveram relativa


tranquilidade, mas quando Antíoco III conquistou a Palestina, tudo começou a mudar. Inclusive,
foi em Alexandria, capital do reino ptolomaico, que o Antigo Testamente foi traduzido para o
grego, esta versão que ficou conhecida como a Septuaginta (LXX).

No período selêucida (198 – 164 a. C.) Israel viu-se sob um feroz regime de helenização
forçada, principalmente sob o domínio de Antíoco IV Epifânio, que foi celebrado em vida como
“um deus manifesto”.

O reino selêucida enfrentava duas grandes ameaças: (1) A ameaça externa de Roma,
que já despontava à época como uma grande potência militar, que cobrava tributo de Antíoco IV
para não invadir a Síria e (2) a ameaça interna da própria diversidade étnica e cultural dos seus
domínios. Para fazer frente a essas ameaças, Antíoco IV passou a saquear os estados vassalos
(como era o caso de Israel) e adotou uma feroz política de helenização forçada a fim de
homogeneizar culturalmente os povos e assim garantir a integridade do reino.

Todavia, em Israel, o tiro saiu pela culatra. Os judeus piedosos viram esse esforço de
aculturação como um ataque direto à vida da nação como povo pactual de Deus.

Antíoco IV baixou leis severíssimas e tomou atitudes brutais que levaram o povo a se
rebelar:

 O rei designava o sumo sacerdote segundo sua conveniência


 Proibição da circuncisão
 Proibição da observação do sábado
 Proibição da realização das festas judaicas
 Proibição da posse e leitura das Escrituras judaicas (Tanah)
Além disso, frustrado em sua intenção de conquistar o Egito por causa da intervenção
de Roma, Antíoco IV saqueou o templo de Jerusalém e assassinou muitos judeus. Dois anos
depois, enviou seu general Apolônio para impor o paganismo à força. Nessa campanha, os muros
da cidade foram derrubados, inúmeros judeus foram mortos, muitas casas incendiadas. Um altar
consagrado a Zeus e uma estátua desse deus foram erigidos no templo e o próprio Antíoco IV
sacrificou um porco naquele altar. Para os judeus esse sacrifício era o “abominável da desolação”
previsto pelo profeta Daniel (Daniel 11.31).

Os judeus então se rebelaram contra seus senhores selêucidas sob o comando de uma
família, que ficou conhecida como os Macabeus, que fundaram a dinastia dos Hasmoneus, que
assim inauguraram um breve período de independência de Israel até que o general romano
Pompeu conquistou a Síria e a Palestina em 63 a. C., mas essa história será contada na próxima
aula.

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