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Apostila do módulo Diálogo Inter-religioso

JUDAÍSMO
INTRODUÇÃO

Judaísmo (do hebraico ‫ יהדות‬Yehadut, vindo do termo ‫ יוהדה‬Yehudá ) é o nome


dado à religião do povo judeu, e é a mais antiga das três principais religiões monoteístas
(as outras duas são o cristianismo e o islamismo).
O judaísmo é considerado a primeira religião monoteísta a aparecer na história.
Tem como crença principal a existência do Deus único que não se materializa. Para os
judeus, Deus fez um acordo com os hebreus, fazendo com que eles se tornassem o povo
escolhido, prometendo-lhes a terra de sua origem e escolhendo-os para a
responsabilidade de difundir o monoteísmo.
Atualmente a fé judaica é praticada em várias regiões do mundo, porém é no
estado de Israel que se concentra um grande número de praticantes.
O Deus apresentado pelo Judaísmo é uma entidade viva, vibrante, transcendente,
onipotente e justa. Entre os homens, por sua vez, existem laços fraternos, e o dever do
ser humano consiste em "praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar
humildemente nas sendas divinas".
A prática da religião está presente no dia-a-dia do judeu. Ela se estende até sua
alimentação, com certas restrições a certas carnes, como a suína, mistura de leite com
carne, entre outras substâncias que não são consideradas apropriadas. Outro hábito
arraigado é a observação do Shabat, o dia do descanso, que se estende do pôr-do-sol da
sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado, e que é celebrado com rezas, leituras e liturgias
na Sinagoga (o templo judaico). No Shabat contempla-se o ato da criação do mundo e
por este se agradece.
Em essência, o Judaísmo ensina que a vida é uma dádiva de Deus e, por isso,
devemos nos esforçar para fazer dela o melhor possível, usando todos os talentos que o
Criador nos concedeu.
Lembramos que não somos os donos do mundo e que devemos respeitar a
natureza.

ORIGEM E HISTÓRIA

A Bíblia é a referência para entendermos a história de nosso povo. De acordo


com as escrituras sagradas, por volta de 1800 a.e.c., Abraão recebeu um sinal de Deus
para abandonar o politeísmo e para viver em Canaã (atuais territótios de Israel e
Palestina). Isaac, filho de Abraão, tem um filho chamado Jacó. Este luta, num certo dia,
com um anjo de Deus e tem seu nome mudado para Israel. Os doze filhos de Jacó dão
origem as doze tribos que formavam o povo judeu. Por volta de 1700 a.e.c., o povo
judeu migra para o Egito, porém são escravizados pelos faraós por aproximadamente
400 anos. A libertação do povo judeu ocorre por volta de 1300 a.e.c. A fuga do Egito foi
comandada por Moisés, que recebe as tábuas dos Dez Mandamentos e todas as leis
básicas de ética e moral, além de rituais, no monte Sinai. Durante 40 anos ficam
peregrinando pelo deserto, até receber um sinal de Deus para voltarem para a terra
prometida, Canaã.
Jerusalém é transformada num centro religioso, e capital, pelo rei David. Após o
reinado de Salomão, filho de David, as tribos dividem-se em dois reinos: Reino de
Israel e Reino de Judá. Neste momento de separação, aparece a crença da vinda de um
messias que iria juntar o povo de Israel e restaurar o poder de Deus sobre o mundo.

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Em 721a.e.c. começa a diáspora judaica com a invasão do Reino de Israel pelos


Assírios. Em 586 a.e.c., o imperador da Babilônia, após invadir Judá, destrói o templo
de Jerusalém e deporta a maior parte da população judaica.
O templo reconstruído parcialmente por volta de 520 a.e.c. é destruído. Os
romanos, ao invadirem o Reino de Judá no século I, e dominarem a região da Palestina,
o destroem definitivamente no século seguinte, assim como Jerusalém que chamavam
de Aelea Capitolina.
No século I, os romanos invadem a Palestina e destroem o templo de Jerusalém.
No século seguinte, destroem a cidade de Jerusalém, provocando a segunda diáspora
judaica. Após estes episódios, os judeus espalham-se pelo mundo, mantendo a cultura e
a religião. Em 1948, com a reconstrução do Estado de Israel, o povo judeu consegue
realizar o seu anseio de retomar o caráter de unidade e se libertar de perseguições
milenares (como por exemplo, o Holocausto).
A palavra Palestina deriva do grego Philistia. Filístia foi o nome dado pelos
autores da Grécia Antiga a esta região, devido ao fato de em parte dela (entre a atual
cidade de Tel Aviv e Gaza) se terem fixado no século XII a.e.c. os Filisteus.
A história do judaísmo é a história de como se desenvolveu a religião principal
da comunidade judaica que, ainda que não seja unificada, contém príncipios básicos que
a distingue de outras religiões. De acordo com a visão religiosa o judaísmo é uma
religião ordenada pelo Criador através de um pacto eterno com o patriarca Abraão e sua
descendência. Já os estudiosos crêem que o judaísmo seja fruto da fusão e evolução de
mitologias e costumes tribais da região do Levante unificadas posteriormente mediante
a consciência de um nacionalismo judaico.
Ainda que seja intimamente relacionada à história do povo judeu, a história do
judaísmo se distingue por enfatizar somente a evolução da religião e como esta
influenciou o povo judeu e o mundo.
Ainda que o judaísmo só vá ser chamado como tal após o retorno do Cativeiro
em Babilônia , de acordo com a tradição judaico-cristã a origem do judaísmo estaria
associada ao chamado de Abraão à promessa de DEUS. Abraão, originário de Ur
(atualmente Iraque, antiga Caldéia), teria sido um defensor do monoteísmo em um
mundo de idolatria, e pela sua fidelidade a DEUS teria sido recompensado com a
promessa de que teria um filho, Izaque do qual levantaria um povo que herdaria a Terra
prometida. Abraão é chamado de primeiro hebreu (do hebraico ‫ ִע ְב ִרית‬ivrit aquele que
vem do outro lado), e passa a viver uma vida seminômade como muitos povos de
Canaã.
De acordo com a Bíblia, DEUS seria o Príncipio Uno que criou o mundo, e que
já havia se revelado a outros justos antes de Abraão. Mas com Abraão inicia-se um
pacto de obediência, que deveria ser seguido por todos os seus descendentes se
quisessem usufruir das bençãos de DEUS. Alguns rituais tribais são seguidos pelos
membros da família de Abraão que depois serão incorporados à legislação religiosa
judaica.
Alguns estudiosos, no entanto, crêem que Deus trata-se de uma divindade tribal,
que apenas posteriormente será elevada ao status de Deus único. A questão é que com a
libertação dos descendentes de Israel da terra do Egito pelas mãos de Moisés será
organizado pela primeira vez o culto à esta Divindade. Ao contrário de outras religiões
antropomórficas, Deus é tido como uma figura transcendente, que não se materializa
toda-poderosa, ilimitada, que influencia a sociedade humana e revela aos israelitas sua
Torá, que consistiriam em mandamentos de como ter uma vida justa diante de Deus. A
religião mosaica pré-judaísmo só atingirá sua maturação com o início da monarquia
israelita e sua subsequente divisão em dois reinos: Yehuda (Judá) e Yisrael (Israel). Esta

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divisão marcará uma separação entre os rituais religiosos dos reinos do norte e do sul
que permanecem, até hoje, entre o judaísmo e o judaísmo samaritano.
No entanto, a visão histórica e bíblica mostra que esta religião mosaica não era
única e exclusiva. Durante todo o período pré-exílio as fontes nos informam que os
israelitas serviam diversas outras divindades, dos quais o mais proeminente era Baal.
Enquanto a maioria dos religiosos aceita que a mistura entre os israelitas e os cananitas
após a conquista de Canaã tenha corrompido a religião israelita, a maioria dos
estudiosos prefere aceitar que o mosaismo era apenas mais uma das diversas crenças
entre as tribos israelitas, e que só virá a se firmar com os profetas e com o exílio.
A hierarquia e os rituais de culto mosaico serão firmemente estabelecidos com a
monarquia, quando serão elaboradas as regras de sacerdócio e estabelecidos os padrões
do culto com a contrução do Templo de Jerusalém. Este novo local de culto, substituto
do antigo Tabernáculo portátil de Moisés, serviu como centro da religião judaica ,ainda
que em meio a outros cultos estrangeiros.

Exílio na Babilônia e o ínicio da Diáspora


Um dos elementos fortes da religião pré-judaísmo é o surgimento dos profetas,
homens de diversas camadas sociais que pregariam e anunciariam profecias da parte de
Deus. Sua pregação anunciando os castigos da desobediência para com Deus encontrou
eco com a destruição de Israel em 722 a.e.c. e com a conquista de Judá pelos babilônios
em 586 a.e.c..
Com a dispersão dos reinos israelitas, muitos judeus assimilaram-se aos povos
para o qual foram dispersos. Mas as comunidades israelitas remanescentes
desenvolveram sua cultura e religião, criando o que temos hoje como Judaísmo. O
fortalecimento da comunidade e a descentralização do culto (através da criação das
sinagogas), além do estabelecimento de um conjunto de mandamentos que deveria ser
aprendidos pelos membros da comunidade e obedecidos em qualquer lugar em que
vivessem, aliaram-se à esperança no restabelecimento novamente na Terra Prometida,
dando aos judeus uma consciência messiânica. No entanto, com a liberação do retorno
dos judeus para a Judéia, poucas comunidades para lá retornaram.

O período do Segundo Templo


Com o retorno de algumas
comunidades judaicas para a Judéia, uma
renovação religiosa levou a diversos eventos
que seriam fundamentais para o surgimento
do judaísmo como uma religião mundial.
Entre estes eventos podemos mencionar a
unificação das doutrinas mosaicas, o
estabelecimento de um cânon das Escrituras,
a reconstrução do Templo de Jerusalém e a
adoção da noção do "povo judeu" como povo escolhido e através do qual seria redimida
toda a humanidade.
A comunidade judaica da Judéia cresceu com relativa autonomia sob o domínio
persa, mas a história judaica tomará importância com a conquista da Judéia por
Alexandre Magno em 332 a.e.c. Com a morte de Alexandre, o seu império foi dividido
entre seus generais, e a Judéia foi dominada pelos Ptolomeus e depois pelos Selêucidas,
contra os quais os judeus moveram revoltas que culminaram em sua independência (ver
Macabeus).

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Com a independência e o domínio dos Macabeus como reis e sacerdotes, surgem


as diversas ramificações do judaísmo da época do Segundo Templo: os fariseus, os
saduceus e os essênios. As diversas polêmicas entre as várias divisões do judaísmo
levaram ao enfraquecimento e conseqüentemente a conquista da Judéia pelo Império
romano (63 a.e.c.).
O domínio romano sobre a Judéia foi, em todo, um período conturbado.
Principalmente em relação aos diversos governadores e reis impostos por Roma, o que
levou à Revolta judaica que culminou na destruição do Segundo Templo e de Jerusalém
em 70 e.c.. Muitas revoltas judaicas explodiram durante o Império Romano, que
levaram à Segunda revolta judaica sob o comando de Shimmon Bar-Kosiva e do rabino
Akiva que, após seu fracasso, em 135 e.c, levou o estado judeu à extinção. Depois disso,
ele voltou a existir apenas em 1948.

As seitas da época do Segundo Templo e posterior desenvolvimento do


judaísmo
Por volta do primeiro século d.e.c. havia várias grandes seitas em disputa da
liderança entre os judeus e, em geral, todas elas procuravam, de forma diversa, uma
salvação messiânica em termos de autonomia nacional dentro do Império Romano: os
fariseus, os saduceus, os zelotas e os essênios. Entre estes grupos, os fariseus obtiveram
grande influência dentro do judaísmo, já que após a destruição do Templo de Jerusalém,
a influência dos saduceus diminuiu, enquanto os fariseus, que controlavam a maior
parte das sinagogas, continuaram a promover sua visão de judaísmo, que originará o
judaísmo rabínico. Os judeus rabínicos codificaram suas tradições orais nas obras
conhecidas como Talmud.
O ramo dos saduceus dividiu-se em diversos pequenos grupos, que no século
VIII rejeitaram a lei oral dos saduceus pela lei oral dos fariseus/rabinos registrada na
Mishná (e desenvolvida por rabinos mais recentes no Talmud), pretendendo confiar
apenas no Tanach. Estes judeus criaram o judaísmo caraíta, que ainda existe hoje em dia
embora o seu número de seguidores seja muito menor que o do judaísmo rabínico. Os
judeus rabínicos defendem que os caraitas são judeus, mas que a sua religião é uma
forma de judaísmo incompleta e errónea. Os caraítas defendem que os rabinitas são
idólatras e necessitam retornar às escrituras originais.
Os samaritanos continuaram a professar sua forma de judaísmo, e continuam a
existir até os dias de hoje.
Ao longo do tempo, os judeus também foram se diferenciando em grupos étnicos
distintos: os asquenazitas - (da Europa de Leste e da Rússia), os sefarditas (de Espanha,
Portugal e do Norte de África), os Judeus do Iêmen, da extremidade sul da península
Arábica e diversos outros grupos. Esta divisão é geo-cultural e não se baseia em
qualquer disputa doutrinária, mas acabou levando a diferentes peculiaridades na visão
de cada comunidade sobre a prática do judaísmo.

RETIRADO DO SITE: http://www.ensinandodesiao.org.br/Abradjin/geo.htm

Judaísmo a partir da Idade Média


O cristianismo teria surgido como uma ramificação messiãnica do judaísmo no
século I e.c. Após o cisma que levou à separação entre judaísmo e cristianismo, o
cristianismo desenvolveu-se separadamente, e também foi perseguido pelo Império
romano. Com a adoção do cristianismo como religião do império no século IV, a
tendência a querer erradicar o paganismo e a visão do judaísmo como uma religião que
teria desprezado Jesus Cristo, levou a um constante choque entre as duas religiões, onde
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a política de converter judeus à força levava à expulsão, espoliação e morte, caso não
fosse aceita a conversão. Esta visão anti-judaica era compartilhada tanto pelo
catolicismo, quanto por seitas protestantes surgidas no século XVI.
Os judeus e diversas minorias tornaram-se vítimas de diversas acusações e
perseguições por parte dos cristãos. A conversão ao judaísmo foi proibida pela Igreja, e
as comunidades judaicas foram relegadas à marginalidade em diversas nações ou
expulsas. O judaísmo tornou-se então uma forma religiosa de resistência à dominação
imposta pela Igreja, desenvolvendo algumas das doutrinas exclusivistas cujas tradições
persistiram até a atualidade.
Com o surgimento do Islam no século 7 d.e.c. e sua rápida ascensão entre
diversas nações, inicia-se a relação deste com o judaísmo, caracterizado por períodos de
perseguição e outros de paz, no qual deve-se enfatizar a Era de Ouro no judaísmo na
Espanha mulçumana.

OS LIVROS SAGRADOS

A Torá ou Pentateuco, de acordo com os judeus, é


considerado o livro sagrado que foi revelado diretamente por
Deus. Fazem parte da Torá : Gênesis, o Êxodo, o Levítico, os
Números e o Deuteronômio. O Talmud é o livro que reúne muitas
tradições orais e é dividido em dois o Talmud de Jerusalém e o
Talmud da Babilônia, temos também a Mishná, Targumin,
Midrashim e Comentários.
As escrituras sagradas, as leis, as profecias e as tradições
judaicas remontam a aproximadamente 3.500 anos de vida
espiritual. A Torá, que também é conhecida como Pentateuco,
corresponde aos cinco primeiros livros do Primeiro Testamento
bíblico que continua com os diversos livros proféticos e históricos
e também com os escritos, que incluem, os Salmos, Provérbios e
diversos outros. O Talmud é uma coleção de leis que inclui a
Mishná, compilação e detalhamento das leis orais, e a Gemará, comentários dessas leis,
feitos pelos rabinos, em aramaico.

RITUAIS E SÍMBOLOS

Os cultos judaicos são realizados num templo chamado de sinagoga (casa de


reunião) e são comandados por um líder religioso conhecido como rabino. O símbolo
sagrado do judaísmo é a Torá. Além desta temos outros como, por exemplo, a menorá,
candelabro com sete braços.
Estrela de David – conhecida também como Escudo de David –
é uma expressão que vem do hebraico ‫מגן דוד‬, “Magen David”,
referindo-se a um símbolo em forma de estrela formada por dois
triângulos sobrepostos, iguais, tendo um a ponta para cima e outro para
baixo. Outro nome dado a este símbolo é "Selo de Salomão".
A palavra magen significa escudo, broquel, defesa, governante,
homem armado, escamas. O substantivo magen, refere-se a um objeto
que proporciona cobertura e proteção ao corpo durante um combate.

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Entre os rituais, podemos citar a circuncisão dos meninos ( aos 8 dias de vida ) e
o Bar Mitzvá que representa a iniciação na vida adulta para os meninos e a Bat Mitzvá
para as meninas ( aos 12 anos de idade ).
Os homens judeus usam a kipá, solidéu, que representa o respeito a Deus no
momento das orações.
Nas sinagogas, existe o Aron Hakodesh (uma arca sagrada), onde se guarda o
que representa a ligação entre Deus e o Povo Judeu. Nesta arca são guardados os
pergaminhos sagrados da Torá.
Mezuzá (do hebraico ‫" הזוזמ‬umbral") é o nome de
um mandamento da Torá que ordena que seja afixado no
umbral das portas um pequeno rolo de pergaminho (klaf)
que contém as duas passagens da Torá que ordenam este
mandamento, "Shemá" e "Vehaiá" (Deuteronômio 6:4-9
e 11:13-21). A mezuzá deve ser afixada no umbral
direito de cada dependência do lar, sinagoga ou
estabelecimento judaico como lembrança do criador.
Deve ser posto a sete palmos de altura do chão,
apontando para dentro do estabelecimento com a extremidade de cima. Os judeus
costumam beijar a mezuzá toda a vez que se passa pela porta, para lembrar das rezas
que estão contidas ali dentro e os princípios do judaísmo que elas carregam.

CALENDÁRIO E PRINCIPAIS COMEMORAÇÕES

As datas das festas religiosas dos judeus são móveis, pois seguem um calendário
lunisolar. As principais são as seguintes:
Purim - os judeus comemoram a salvação de um massacre elaborado pelo rei
persa Assucro.
Pessach (Páscoa) - comemora-se a libertação da escravidão do povo judeu no
Egito, em 1300 a.e.c.
Shavuót - celebra a revelação da Torá ao povo de Israel, por volta de 1300 a.e.c.
Rosh Hashaná - é comemorado o Ano-Novo judaico.
Yom Kipur - considerado o dia do perdão. Os judeus fazem jejum por 25 horas
seguidas para purificar o espírito.
Sucót - refere-se a peregrinação de 40 anos pelo deserto, após a libertação do
cativeiro do Egito.
Chanucá - comemora-se o fim do domínio assírio e a restauração do tempo de
Jerusalém.
Simchat Torá - celebra a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés.

Calendário hebraico (do hebraico ‫ )הלוח העברי‬ou Calendário judaico é o


nome do calendário utilizado dentro do judaísmo para a determinação da data das
festividades, dos serviços religiosos e de outros eventos da comunidade.
O calendário hebraico é um calendário do tipo lunar baseado nos ciclos da Lua,
composto alternadamente por 12 ou 13 meses de período igual ao de uma lunação,
(Lunação é um ciclo lunar completo e corresponde ao espaço de tempo entre duas luas
novas consecutivas. O intervalo de tempo entre duas luas novas consecutivas é em
média de 29 dias) de forma a que o primeiro dia de cada mês é sempre o primeiro dia de
lua nova. Nos tempos bíblicos a determinação dos tempos era realizada pela observação
direta de testemunhas designadas para este fim, método seguido pelos Caraítas até os
dias de hoje, os quais determinam o primeiro mês do ano como Abib.

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O método atual entre os judeus rabínicos, no entanto é um calendário fixo criado


devido à necessidade de um calendário permanente para comunidades que vivessem
fora de Israel. Este calendário tem base lunar, mas ajusta-se pelo calendário solar
(enquanto o Calendário antigo ajustava-se pela maturação da colheita) para a inclusão
de um novo mês, além de determinar o início do ano no mês de Tishrei.

1 Tishrei 30 dias

2 Cheshvan 29 ou 30 dias Número Dia Hebraico Nome em hebraico


3 Kislev 30 ou 29 dias 1 Domingo ‫ראשון םוי‬ Yom Rishon
4 Tevet 29 dias 2 Segunda ‫ינש םוי‬ Yom Sheni
5 Shevat 30 dias 3 Terça ‫ישילש םוי‬ Yom Shlishi
6 Adar I 30 dias 4 Quarta ‫יעבר םוי‬ Yom Revi´i
* Adar II 29 dias 5 Quinta ‫ישימח םוי‬ Yom Ḥamishi
7 Nissan 30 dias 6 Sexta ‫שיש םוי‬ Yom Shishi
8 Iyar 29 dias 7 Sábado ‫ תבש םוי‬mais usual ‫ תבש‬Yom Shabbat
9 Sivan 30 dias

10 Tammuz 29 dias

11 Av 30 dias

12 Elul 29 dias

DENOMINAÇÕES

O desenvolvimento do judaísmo chassídico


O judaísmo hasídico foi fundado por Israel ben Eliezer (1700-1760), também
conhecido por Ba'al Shem Tov, ou pelo Besht. Os seus discípulos atraíram muitos
seguidores, e eles próprios estabeleceram numerosas seitas hasídicas na Europa. O
judaísmo hasídico acabou por se transformar no modo de vida de muitos judeus na
Europa, e chegou aos Estados Unidos durante as grandes vagas de emigração judaica na
década de 1880.
Algum tempo antes, tinha havido um sério cisma entre os judeus chassídicos e
não-chassídicos. Os judeus europeus que rejeitavam o movimento hasídico eram
chamados pelos hasidim de mitnagdim, (literalmente os contrários, oponentes). Alguns
dos motivos para a rejeição do judaísmo hasídico radicavam-se na exiberância opressiva
da prece hasídica - nas suas imputações não-tradicionais de que os seus líderes eram
infalíveis e alegadamente operavam milagres, e na preocupação com a possibilidade de
o movimento se transformar numa seita messiânica. Desde então, todas as seitas do
judaísmo hasídico foram absorvidas pela corrente principal do judaísmo ortodoxo, e em
particular pelo judaísmo ultra-ortodoxo.

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O desenvolvimento das seitas modernas em resposta ao


Iluminismo
Nos finais do século XVIII, a Europa foi varrida por um conjunto de
movimentos intelectuais, sociais e políticos conhecidos pelo nome de Iluminismo. O
judaísmo desenvolveu-se em várias seitas distintas em resposta a este fenómeno sem
precedentes: o judaísmo reformista e o judaísmo liberal, muitas formas de judaísmo
ortodoxo (ver também Hassidismo) e judaísmo conservador (ver também Judaísmo
liberal) e ainda uma certa quantidade de grupos menores.

Judaísmo na atualidade
Na maior parte das nações ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido,
Israel e a África do Sul, muitos judeus secularizados deixaram há muito de participar
nos deveres religiosos. Muitos deles lembram-se de ter tido avôs religiosos, mas
cresceram em lares onde a educação e observância judaicas já não eram uma prioridade.
Desenvolveram sentimentos ambivalentes no que toca aos seus deveres religiosos. Por
um lado, tendem a agarrar-se às suas tradições por razões de identidade, mas por outro
lado, as influências da mentalidade ocidental, vida quotidiana e pressões sociais tendem
a afastá-los do judaísmo. Estudos recentes feitos em judeus americanos indicam que
muitas pessoas que se identificam como de herança judaica já não se identificam
enquanto membros da religião conhecida como judaísmo. As várias seitas judaicas nos
EUA e no Canadá encaram este fato como uma situação de crise, e têm sérias
preocupações com as crescentes taxas de casamentos mistos e assimilação entre a
comunidade judaica. Uma vez que os judeus americanos têm vindo a casar mais tarde
do que acontecia antigamente, têm vindo a ter menos filhos, e a taxa de nascimentos
entre os judeus americanos desceu de mais de 2.0 para 1.7 (a taxa de substituição é de
2.1) (This is My Beloved, This is My Friend: A Rabbinic Letter on Intimate relations,
p.27, Elliot N. Dorff, The Assembleia rabínica|Rabbinical Assembly, 1996).
Nos últimos 50 anos todas as principais representações judaicas têm assistido a
um aumento de popularidade, com um número crescente de jovens judeus a participar
na educação judaica, a aderir às sinagogas e a se tornarem (em graus diversos) mais
observantes das tradições. Existe um artigo separado sobre o movimento Baal teshuva,
o movimento dos judeus que regressam à observação do judaísmo.
Nos dois últimos séculos, a comunidade judaica dividiu-se numa série de
denominações; cada uma delas tem uma diferente visão sobre que princípios deve um
judeu seguir e como deve um judeu viver a sua vida. Apesar das diferenças, existe uma
certa unidade nas várias denominações.
O judaísmo rabínico, surgido do movimento dos fariseus após a destruição do
Segundo Templo, e que aceita a tradição oral além da Torá escrita, é o único que hoje
em dia é reconhecido como judaísmo, e é comumente dividido nos seguintes
movimentos:
• Judaísmo ortodoxo - considera que a Torá foi escrita por Deus que a ditou
a Moisés, sendo as suas leis imutáveis. Os judeus ortodoxos consideram o
Shulchan Aruch (compilação das leis do Talmud do século XVI, pelo rabino
Joseph Caro) como a codificação definitiva da lei judaica. O judaísmo
ortodoxo exprime-se informalmente através de dois grupos, o judaísmo
moderno ortodoxo e o judaísmo haredi. Esta última forma é mais conhecida
como "judaísmo ultraortodoxo", mas o termo é considerado ofensivo pelos
seus adeptos. O judaísmo chassídico é um subgrupo do judaísmo haredi.
Corrente que se caracteriza pela observação rigorosa dos costumes e rituais

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em sua forma mais tradicional, segundo as regras estabelecidas pelas leis


escritas e na forma oral. É a mais radical das vertentes judaicas.
• Judaísmo conservador - fora dos Estados Unidos é conhecido por
judaísmo Masorti. Desenvolveu-se na Europa e nos Estados Unidos no
século XIX, em resultado das mudanças introduzidas pelo Iluminismo e a
emancipação dos judeus. Caracteriza-se por um compromisso em seguir as
leis e práticas do judaísmo tradicional, como o Shabat e o kashrut, uma
atitude positiva em relação à cultura moderna e uma aceitação dos métodos
rabínicos tradicionais de estudo das escrituras, bem como o recurso a
modernas práticas de crítica textual. Considera que o judaísmo não é uma fé
estática, mas uma religião que se adapta a novas condições. Para o judaísmo
conservador, a Torá foi escrita por profetas inspirados por Deus, mas
considera não se tratar de um documento da sua autoria. Esta corrente
defende a idéia de que o Judaísmo resulta do desenvolvimento da cultura de
um povo que podia assimilar as influências de outras civilizações, sem, no
entanto, perder suas características próprias. Assim, o Judaísmo Conservador
não admite modificações profundas na essência de suas liturgias e crenças,
mas permite a adaptação de alguns hábitos, conforme a necessidade do fiel.
• Judaísmo reformista - formou-se na Alemanha em resposta ao
Iluminismo. Rejeita a visão de que a lei judaica deva ser seguida pelo
indíviduo de forma obrigatória, afirmando a soberania individual sobre o que
observar. De início este movimento rejeitou práticas como a circuncisão,
dando ênfase aos ensinamentos éticos dos profetas; as orações eram
realizadas na língua local. Hoje em dia, algumas congregações reformistas
voltaram a usar o hebraico como língua das orações; a circuncisão é
obrigatória e a kashrut, estimulada. O Movimento Reformista defende a
introdução de novos conceitos e idéias nas práticas judaicas, com o objetivo
de adaptá-las ao momento atual. Para esta corrente, a missão do judeu é
espiritualizar o gênero humano - a partir deste ponto de vista, torna-se
obsoleto qualquer preceito que vise separar o judeu de seu próximo,
independentemente de crença ou nação.
• Judaísmo reconstrucionista: formou-se entre a década de vinte e quarenta
do século XX por Mordecai Kaplan, um rabino inicialmente conservador que
mais tarde deu ênfase à reinterpretação do judaísmo em termos
contemporâneos. À semelhança do judaísmo reformista não considera que a
lei judaica deva ser suprema, mas ao mesmo tempo considera que as práticas
individuais devem ser tomadas no contexto do consenso comunal.

Para além destes grupos existem os judeus não praticantes, ou laicos, judeus que
não acreditam necessariamente em Deus (Ateu) mas ainda assim mantêm culturalmente
costumes judaicos; e o “judaísmo humanístico”, que valoriza mais a cultura e história
judaica.

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