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DO TRIÂNGULO MINEIRO
Rua Manto nº 25 – Jardim Patrícia
UBERLÂNDIA - MG
Filipenses 1.9,10
Aluno(a): ____________________________________________________________
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Proibido a reprodução. Direitos reservados ao Seminário Teológico Batista Independente do
Triangulo Mineiro
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................3
A ÉTICA GERAL................................................................................................................................3
DEFINIÇÕES DOS TERMOS ÉTICA E MORAL..................................................................................................3
ATITUDES DIFERENTES PARA O ESTUDO DA ÉTICA..............................................................5
A ÉTICA E AS CIÊNCIAS SEMELHANTES...................................................................................6
O CONTEÚDO DA ÉTICA.................................................................................................................8
A MANEIRA DE DIVIDIR AS DIFERENTES ÁREAS DA ÉTICA................................................9
Questionário 1....................................................................................................................................11
A VIDA, A NATUREZA, A ECOLOGIA........................................................................................13
A RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E RELIGIÃO...................................................................................13
DIFERENTES ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO DA ÉTICA.....................................................15
INTERPRETAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DA ÉTICA.......................................................................................16
Questionário 2....................................................................................................................................21
A CONSCIÊNCIA.............................................................................................................................24
Questionário 3....................................................................................................................................29
A INFLUÊNCIA DA BÍBLIA SOBRE A CONSCIÊNCIA.......................................................................................31
A ÉTICA CRISTÃ.............................................................................................................................36
O FUNDAMENTO DA ÉTICA CRISTÃ............................................................................................................36
A ÉTICA ESPECÍFICA DO NOVO TESTAMENTO.............................................................................................43
PRINCÍPIOS ÉTICOS NAS CARTAS APOSTÓLICAS.........................................................................................49
A CONDUTA CRISTÃ – FRACASSOS E PROPÓSITOS.....................................................................................50
ÉTICA MINISTERIAL......................................................................................................................52
Questionário 4....................................................................................................................................57
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................58
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INTRODUÇÃO
O mundo de hoje está apresentando problemas seríssimos. Alguns problemas são
de ordem política ou econômica, mas provavelmente a maior parte é de ordem moral ou
ética.
Muitos perguntam: "O que está acontecendo com o mundo?".
Muitos dos clássicos princípios éticos estão sendo rejeitados ou transgredidos. Em
todos os países aumenta o desespero diante das leis e a negligência pelos deveres
sociais e morais. Transgressões em todas as áreas, fraudes, crimes e desmoralização
caracterizam a sociedade de hoje. A história mostra que uma nação ou um povo não pode
viver sem que haja algum sistema de normas morais para orientar o comportamento
humano. O problema surge quando um número crescente de pessoas desrespeita ou
contraria os princípios morais ensinados e exigidos pela comunidade.
Por outro lado, sempre surgem grupos que reagem contra a decadência moral e se
tornam até extremistas nos seus esforços para formular um código ou um manual que
defina, de forma determinante, o que está certo ou errado. Temos também a ética cristã, e
esta se baseia nos ensinamentos bíblicos.
“A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho”.
(Sl 119.105)
A ÉTICA GERAL
DEFINIÇÕES DOS TERMOS ÉTICA E MORAL
Existe uma relação intima entre ética e moral. Fala-se mais sobre moral do que a
ética, especialmente no sentido negativo imoral.
No Dicionário Aurélio, Ética é definido como sendo: “O estudo dos juízos de
apreciação referentes à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do
bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”.
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É a teoria, o exercício intelectual ou o processo de reflexão que analisa e avalia as
decisões e os valores que o homem revela.
A MORAL
MORAL
É a parte da filosofia que trata dos costumes, deveres e procedimento dos homens
em relação ao próximo.
MORALIDADE
A ética se interessa por todas as decisões, escolhas e avaliações que o homem faz
em todas as áreas da vida prática. Todas as atividades morais são características do ser
humano e o seu procedimento moral distingue o homem não só dos animais como
também das máquinas, computadores e robôs. O homem tem possibilidades e
necessidade de uma avaliação moral dos seus atos. Ele não é dominado por um instinto,
mas dirigido por princípios práticos do que deve ou não fazer. Por isso, o homem é
responsável pelo o que decide e faz.
A ética filosófica-humanista dá mais ênfase à liberdade do homem do que a sua
responsabilidade. Filósofos como Aristóteles, Platão e os Estóicos se interessam muito
pelas causas e menos pelas consequências. Para eles, os motivos, os predestinados, as
influências hereditárias e ambientais são mais interessantes do que os resultados e as
responsabilidades.
A possibilidade de o homem escolher livremente faz com que os seus atos possam
ser elogiados ou criticados, de acordo com o padrão ético aceito pelo grupo ou sociedade.
Transgressões sérias das normas éticas como, por exemplo, furto e assassinato exigem
não somente crítica, mas também punição. A ética não pode estudar somente os motivos
e os próprios atos, mas precisa também considerar as suas conseqüências e a
responsabilidade pessoal. O homem tem não somente responsabilidade por si mesmo
(quanto ao corpo, saúde, tempo e sustento), mas também pela família, grupo ao qual
pertence e pelo seu próximo em geral.
Um leão não pode ser culpado por matar um filhote indefeso e um cachorro não
pode ser criticado por não ter ajudado a apagar um incêndio, é, porém, normal que o
homem sinta responsabilidade em determinadas situações. Mesmo sem leis escritas ou
ensinamentos especiais, há deveres que o homem reconhece de forma natural, por
exemplo: prestar socorro a pessoas em situações difíceis ou perigosas. Compaixão,
arrependimento e sentimento de culpa são necessários na sociedade humana, mas não
existe no mundo animal.
Na ética cristã a responsabilidade pessoal é ainda maior: o homem não é
responsável apenas por si e pelo próximo, mas especialmente responsável perante Deus,
porque foi criado por Deus e deve viver em obediência a vontade de Deus. A liberdade do
homem é tão grande que ele pode contrariar os princípios divinos, mas a
responsabilidade e a punição caem sobre si próprias.
SEM PRECONCEITOS
SEM COMODISMO
Ao estudar a ética devemos ter um coração aberto para aprender, avaliar, mudar e
melhorar o nosso modo de agir e pensar. Num mundo onde há muita frouxidão moral ou
mesmo imoral, é necessário que os princípios básicos da ética, que servem para edificar
a sociedade em decadência moral, sejam ensinados e observados. É uma missão,
especialmente para os cristãos, de querer mostrar um comportamento diferente do que a
corrupção do mundo. Infelizmente, muitos cristãos se conformam mais com este mundo
(Rm 12.2) do que brilhar como luzes na sociedade (Mt 5.16).
O desejo de melhorar o seu comportamento moral exige esforços da pessoa, mas
a recompensa em forma de uma consciência limpa e uma vida em perfeita harmonia vale
todos os esforços. A aceitação de novos conceitos éticos, adaptados para a atualidade,
exige tanto sabedoria quanto prudência e coragem.
Existem várias disciplinas ou ciências que são muito relacionadas com a ética.
Estas disciplinas são:
A PSICOLOGIA
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Cabe à Psicologia estudar questões ligadas à personalidade, aprendizagem,
motivação, memória, inteligência; ao funcionamento do sistema nervoso, e também à
comunicação interpessoal, desenvolvimento, comportamento sexual; à agressividade, ao
comportamento em grupo, aos processos psicoterapêuticos, ao sono e ao sonho, prazer e
à dor, além de todos os outros processos psíquicos e comportamentais não citados.
A SOCIOLOGIA
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FILOSOFIA
É uma ciência que trata dos princípios das coisas. É um sistema de princípios
destinados a agrupar certa ordem de fatos para explica-los, especialmente em relação ao
pensamento, o raciocínio e a razão. A ética filosófica estuda à vontade, o desejo, os
preconceitos ou as motivações das ações humanas.
Filosofia (o grego Φιλοσοφία, ou seja: philos = amor, amizade + sophia =
sabedoria) modernamente é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a
investigação, análise, discussão, formação e reflexão de idéias (ou visões de mundo) em
uma situação geral, abstrata ou fundamental. Originou-se da inquietação gerada pela
curiosidade humana em compreender e questionar os valores e as interpretações
comumente aceitas sobre a sua própria realidade. As interpretações comumente aceitas
pelo homem constituem, inicialmente, o embasamento de todo o conhecimento. Estas
interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração.
Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram
influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em
conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis
em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana. A
partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam
o campo das idéias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria
realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e
procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. São organizados os
padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento
humano.
Contudo, o conhecimento científico, por sua própria natureza, torna-se suscetível
às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua
observação e manipulação, o que, em última análise, implica tanto a ampliação quanto o
questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto, a filosofia surge como "a mãe de
todas as ciências".
Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das características mais gerais
e abstratas do mundo e das categorias com as quais pensamos: Mente (pensar), matéria
(o que sensibiliza noções como quente ou frio sobre o realismo), razão (lógica),
demonstração e verdade. Pensamento vem da palavra Epistemologia. Episteme
(έπιστήμη), em grego significa "ter ciência"; "logia" significa estudo. Didaticamente, a
Filosofia divide-se em:
O CONTEÚDO DA ÉTICA
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A ética estuda os deveres humanos e analisa as motivações, as próprias ações e
as conseqüências. Especialmente na ética cristã, as conseqüências são importantes
porque são consideradas em relação a Deus, quanto à culpa ou à recompensa. O estudo
da ética abrange todo o comportamento humano em suas escolhas, decisões ou
obrigações. Trata-se de uma escolha entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, entre
liberdade e responsabilidade.
A ética estuda os costumes, os hábitos e se interessa pela negligência nos
deveres, transgressões dos princípios e descuido nas escolhas de valores.
A preocupação da ética é a conduta correta em cada situação da vida, mas
também considera atitudes, preconceitos, reações, motivos e resultados das ações. A
ética procura decidir o que está certo e o que está errado.
DEVERES CIVIS
Deveres para com o estado: governo, autoridades, leis, o cidadão, política, eleição,
declaração de impostos, etc.
DEVERES PROFISSIONAIS
Servir à pátria, uso de armas, guerra, guerrilhas, invasão inimiga, armas para
autodefesa, renúncia às armas, etc.
A MORTE
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Questionário 1
1. Defina ética geral.
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16. Cite os setes diferentes áreas dos “DEVERES” dentro da ética cristã, dando um
exemplo para cada ponto.
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A VIDA, A NATUREZA, A ECOLOGIA
O SEXO
Todos os homens têm por natureza uma inclinação religiosa. Ideias religiosas têm
sido encontradas em todas as culturas humanas, mesmo entre as tribos muito primitivas.
A relação entre religião e os princípios éticos tem sido conhecida durante toda a história.
Exigem, as divindades, ou o deus adorado, práticas e obediência a certas normas. Esta
relação é tão comum que muitos acham que uma ética sem qualquer vinculo com uma
religião simplesmente não pode existir. Em tempos modernos existem, porém, sistemas
filosófico-éticos que não tem sua base na religião.
É muito notável que muitos povos ou tribos têm desenvolvido um sistema religioso
moral sem sofrer influências dos outros. Todas as religiões têm suas normas de conduta e
procedimento, mas, na prática, pode ser muito diferente de uma cultura para a outra. Os
deuses sempre foram considerados como “guardiões” da ética. No Budismo, p.ex., as
cinco normas famosas:
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1) não matar seres vivos;
2) não furtar;
3) não tocar a esposa de outro;
4) não mentir;
5) não se embriagar.
Em culturas muito primitivas tem acontecido que pessoas morrem de pavor quando
souberam que tinham transgredido uma norma estabelecida pela divindade. Isto prova
que muitos povos levam seus princípios morais e religiosos muito a sério.
Apesar das íntimas relações entre a ética e a religião, é preciso observar que a
ética não depende absolutamente da religião, mas às vezes se desenvolve por outros
caminhos. Existem também sistemas éticos que não são baseadas em doutrinas ou
religiões. Às vezes os princípios éticos mudam por influências e circunstâncias exteriores.
Os sistemas religiosos que são considerados sagrados e divinos, com dogmas
estabelecidos, não mudam facilmente. Nas religiões, inclusive no cristianismo,
encontramos ensinamentos que não têm mudado nada durante milhares de anos.
O comportamento ético, as atitudes, as avaliações morais e os valores estão em
constante desenvolvimento e mostram tendências de mudar em situações diferentes. É
especialmente em situações extremas ou radicalmente novas que os princípios éticos se
desviam dos dogmas religiosos. Estas situações são, por exemplo:
Crises e calamidades
Extrema injustiça
Ética tradicionalista
Ela ensina que o comportamento deve ser de acordo com o que predomina na
sociedade, sem maiores reflexões sobre a sua origem os seus efeitos. Isto significa
acompanhar o pensamento comum sem muitos esforços mentais. É simplesmente seguir
o sistema ético tradicional que está em vigor. Costumes que foram aceitos em tempos
anteriores, sem críticas, devem ser conservados. Certos grupos de cristãos têm uma
tendência de generalizar os costumes e igualar coisas muito importantes com coisas
menos importantes. É um sistema ético que facilmente não muda as opiniões, atitudes e
interpretações.
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Ética naturalista
Ética hedonista
É uma ética baseada no prazer. O valor de uma ação depende do prazer que
proporciona. O mal é tudo o que proporciona tristeza e dor, enquanto o bem é identificado
com tudo o que dá alegria e prazer. Aquilo de que o homem gosta e o que o faz sentir-se
bem – isto é o certo. Esta é uma filosofia ética muito comum no mundo moderno e mesmo
alguns cristãos estão influenciados por esta razão ou idéias.
Ética imediatista
Ética relativista
Ensina que o próprio homem estabelece os valores que bem entender. A escolha
do certo e errado, do bem e do mal é uma escolha individual. Cada um deve estar seguro
nas suas próprias interpretações, não existem normas absolutas ou comuns para todos.
Uma atitude pode ser tão boa quanto a outra e não se deve julgar a ação do outro. É
neste espírito que se diz que todas as religiões são boas, desde que praticadas com
sinceridade. Os valores éticos são relativos e mudam de cultura para cultura e de
indivíduo para indivíduo.
Ética estética
Dá mais ênfase ao que é belo, puro, nobre e de valor estético. Esta linha da ética
valoriza muito os sentimentos e as emoções do ser humano para dar um significado maior
à própria vida. Coisas aparentemente insignificantes podem ser transformadas em belos
valores.
Ética cristã
O Antinomismo
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O termo vem do grego anti-nomos (περίληψη), sem lei, não existe normas. É a
exclusão de todas as normas, gerais ou individuais. Os valores são subjetivos. Posições
anti-nomistas existem no existencialismo representado por Kirkegaard, Nietzsche,
Sartre, e também no emotivismo representado por Ayer.
O Generalismo
Ensina que há normas objetivas, mas todas têm exceções. O generalismo ensina
que o certo é o que geralmente é certo, mas sem ter normas universais. É o caminho do
meio, entre a total falta de regras no antinomismo e um sistema de muitas regras éticas,
por exemplo: a ética cristã. O generalismo é especialmente representado pelos
utilitaristas, que sustentam a idéia de que os valores éticos devem ser julgados pelos seus
resultados úteis. Os atos são avaliados de acordo com as conseqüências e os fins. O
valor das normas éticas está no fato de fazer bem e ajudar o próximo. Não há regras
absolutas, mas há fins absolutos. Representantes dessa linha de interpretação da ética
são:
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aumentar a felicidade e o bem-estar na sociedade, mas não
são regras universais.
c) George Edward Moore (1873-1958), filósofo inglês,
utilitarista que discorda das exceções. Para ele, a quebra das
normas tem conseqüências, mas raras, que geralmente são
úteis e não devem ser quebradas.
Uma pessoa nunca deve quebrar uma norma que a
maioria dos homens aceita como verdadeira. Moore sustenta
que todos os atos devem ser julgados pelos seus resultados.
As conseqüências determinam os resultados das ações.
O Situacionismo
Ensina que existe apenas uma norma universal – o amor. Todas as outras normas
são relativas. É um caminho do meio, entre o legalismo com suas normas rígidas e o
antinomismo que não tem nenhuma norma. No antinomismo não há lei, nem amor. No
legalismo, a lei do dever, as normas estão acima do amor. No situacionismo, o amor está
colocado acima da lei de normas. O maior representante desta linha é:
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É prática: o bem, o certo é o que funciona, que satisfaz, que revela amor ao
próximo;
É relativa: há somente uma norma universal: o amor. O resto é relativo;
É emotiva: os atos devem ser mais motivados pelos sentimentos emotivos do
que por regras e preconceitos. Os fins justificam os meios;
É pessoal: as pessoas é que têm valor. As coisas não têm valor e servem
apenas para serem usadas.
O Absolutismo Não-Conflitante
Ensina que há muitas normas absolutas e universais que se harmonizam entre si.
Os absolutistas, porém, não estão de acordo quanto ao número exato de normas
absolutas, apenas quanto ao pluralismo delas. Muitos dos tradicionais pensadores
judaicos, católicos e protestantes representam esta interpretação da ética. Eles ensinam
que os próprios criados não permitem que as normas universais entrem em conflito. A
obediência às normas absolutas nunca pode resultar do mal.
Representantes do absolutismo plural são:
b) Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, que era a favor de uma pluralidade de
normas de moralidade sem conflitos entre elas. Segundo ele, há muitas normas absolutas
e invioláveis para a conduta humana. Para ele, a única base válida para a conduta ética é
o imperativo categórico, p.ex.: o dever por amor ao dever e não o dever pelo amor à
felicidade. Kant tinha um forte senso de dever e ensinou, por exemplo, que uma pessoa
nunca deve mentir, nem mesmo para salvar uma vida. Ele acreditava num bem sem
limites, uma boa vontade.
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Questionário 2
1. Comente alguns casos de conflitos dentro da ética e religião.
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2. Diga por que a religião tem uma tendência mais estável que a ética.
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Situacionismo:
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Generalismo:
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Absolutismo não-conflitante
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Outros absolutistas podem aceitar algumas modificações do
sistema de Kant, por exemplo, em casos extremos: falsificar,
enganar ou mentir para livrar um inocente de um perigoso
marginal.
O Absolutismo Ideal
Ensina que há muitas normas universais, porem têm conflitos entre si. Não existem
representantes claramente definidos desta interpretação da ética, mas os ensinamentos
principais são os seguintes:
1- Há muitas normas absolutas = princípios éticos que nunca devem ser quebrados;
2- É errado quebrar qualquer norma absoluta;
3- As normas absolutas não entram em conflito porque cada uma tem a sua própria
área separada de atividade humana, sem violar outra norma;
4- O pecado pode causar um conflito entre as normas. Um mundo de pecados e
transgressões não era da intenção de Deus e não é um mundo ideal;
5- Deve, não subentende pode. Os seguidores do absolutismo ideal não concordam
com Kant, que ensina: devo, portanto, posso. Pode haver uma responsabilidade
moral ainda quando não é possível realizar aquilo que a pessoa deve fazer;
6- Num conflito, é certo fazer o menor dos dois males. Numa circunstância, é
desculpável transgredir um principio ético em favor de outros mais importantes.
Fazer o menor de dois males é perdoável mediante a confissão da culpa.
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O Hierarquismo
1- As pessoas são mais valiosas do que coisas: não devem ser usadas, mas amadas,
ou devem ser tratadas como fins, mas nunca como meios. Os homens têm
autoconsciência, autodeterminação e podem se comunicar entre si;
2- Deus tem um valor infinito, enquanto os homens só têm valor finito: importa antes
obedecer a Deus do que aos homens;
3- Uma pessoa completa é mais valiosa que uma incompleta: pessoas incompletas
têm capacidades físicas ou mentais limitadas;
4- Uma pessoa que existe é mais valiosa do que uma pessoa em formação: é o caso
do aborto: a mãe tem mais valor do que o feto que ainda não nasceu;
5- Uma pessoa em potencial (em formação) é mais valiosa do que coisas: é por isso
que se deve dar grande respeito à vida humana, até mesmo como embrião. Uma
pessoa em potencial é de valor tão grande que não deve ser sacrificada por
nenhuma coisa no mundo. Nem um computador sofisticado ou animal treinado – e
muito úteis – jamais podem saber que são úteis e, por isso, qualquer ser humano é
superior a objetos ou animais;
6- Muitas pessoas são mais valiosas do que poucas pessoas: há algo
qualitativamente superior em muitas pessoas do que em poucas. É a questão
quando for preciso decidir salvar 50 pessoas, ou uma ou duas. O principio de maior
valor pelo maior número não pode ser aplicado para casos como grandes cidades
ou grandes famílias;
7- Atos pessoais que promovem a personalidade são melhores do que os que não
promovem. Nem todos os atos têm o mesmo valor; alguns são impessoais, outros
pessoais. Alguns atos são até antipessoais.
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4- O absolutismo não-conflitante tem muitas normas universais sem conflitos;
5- O absolutismo ideal tem muitas normas com possíveis conflitos entre si;
6- O hierarquismo tem muitas normas universais, mas os deveres são prioritários, que
isenta de deveres inferiores. É uma posição que tenta sintetizar as outras.
A CONSCIÊNCIA
Um dos aspectos mais interessantes no estudo da ética é aquele que trata da
consciência humana – essa voz interna que pretende nos guiar em nossas escolhas e
decisões. A definição exata do que realmente é a consciência, não é tão fácil e existem
varias filosofias diferentes sobre a questão. As opiniões divergem quanto à origem, função
e características da consciência humana. A consciência é algo tipicamente humana e não
se encontra no mundo animal.
A opinião do empirismo
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pode escapar do seu juízo, como por exemplo: explicações que o ato deu bons
resultados ou aceitação de outros que não consideram o ato praticado mal em si;
6- é judicial. A consciência declara o que foi errado e o que devia ter sido feito, mas
não foi feito. Isto pode tornar-se um problema para uma pessoa sensível.
Sentimentos profundos de culpa, e decorrente consciência pesada. Pode causar
depressões, desespero e até suicídio.
Uma pessoa que utiliza a sua consciência é digna de confiança porque é sensível e
reconhece os seus limites e os seus deveres. O homem de consciência sadia sabe o que
se espera dele e sabe agir de acordo com suas normas éticas, sem cálculos egoísticos.
Tal pessoa é aberta para a autocrítica e aceita a crítica corretiva quando erra. O homem
consciente conhece o caminho do arrependimento e, errando, torna-se consciente de seu
erro e o reconhece francamente.
A consciência exige que as escolhas sejam sinceras. Uma consciência sadia não
aceita fingimentos ou atitudes superficiais de uma convivência humana digna e normal. A
fidelidade à consciência é o caminho em busca da verdade do bem. Neste sentido, os
cristãos e os não-cristãos têm muito em comum. A obediência à consciência é uma boa
maneira para achar soluções dos problemas morais que surgem na vida do indivíduo ou
na sociedade. Na ética cristã, a consciência é importante para reconhecer o pecado.
A CONSCIÊNCIA EM CONFLITO
A CONSCIÊNCIA E A BÍBLIA
No Antigo Testamento
No Novo Testamento
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Questionário 3
1. O que diz a teologia ética a respeito da “consciência”?
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3. Mencione alguns exemplos de questões éticas, que foram legalizados hoje pela nossa
sociedade, as quais entram em conflitos com a própria igreja, ou os princípios cristãos.
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10. Registre um exemplo prático da “NOVA MORALIDADE”, o qual nós vivenciamos nas
ultimas décadas, aproximadamente nos anos sessenta, do nosso século.
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14. Dentro da ética cristã registre alguns princípios para formarmos um “PADRÂO
MORAL CRISTÂO”.
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Textos do NT sobre uma consciência contaminada
uma pessoa, com consciência endurecida, pratica o mal (1 Tm 4.1-2);
naufrágio na fé por não seguir a sua consciência (1 Tm 1.19);
uma consciência contaminada perde a capacidade de discernir entre o bem e o
mal, o certo e o errado (Tt 1.15);
uma consciência entenebrecida é o mesmo que um coração endurecido: é
insensível e se acostuma a fazer o mal (Ef 4.18-19 e Mc 3.5);
com uma consciência fraca e contaminada, a pessoa se corrompe por imitar ou ser
seduzida a praticar o errado (1 Co 8.7,10,l2).
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A NATUREZA E A FUNÇÃO DA CONSCIÊNCIA
Todas as pessoas têm por natureza certas noções sobre o certo e o errado. Isto se
chama geralmente “lei natural”. Em todas as civilizações existem certos princípios básicos
que parecem ser naturais para o homem, por exemplo: respeitar a vida, a propriedade ou
a esposa de outra pessoa. Mentir, fraudar, torturar, abandonar filhos ou família são
atitudes muito comuns no mundo, mas o conceito universal é que tudo isto é errado.
O apóstolo Paulo fala sobre uma lei natural escrita nos corações dos gentios,
mesmo sem conhecer Deus e o evangelho de Cristo (Rm 2.14-15). Esta lei natural porem
nunca é completa. A consciência precisa ser desenvolvida através de ensinamentos,
conselhos, advertências, princípios, experiências de vida e crença religiosa.
A consciência verdadeira que está em pleno acordo com a vontade de Deus se
perdeu pela queda no pecado pelos primeiros homens. Cada pessoa precisa, portanto, se
esforçar e lutar para restabelecer os padrões morais originais.
Muitas coisas podem contribuir para estabelecer os padrões morais de uma
pessoa, por exemplo: família, amigos, sociedade, escola, igreja ou cultura. As funções da
própria família e os ensinamentos no lar são de suma importância para a formação do
caráter e do padrão moral de uma pessoa. A corrupção moral em nossos dias muitas
vezes é causada pela falta de padrão moral adquirido no próprio lar. Quase sempre os
chamados "marginais" se criaram sem instruções, normas e instrução sobre o certo e o
errado. Família, educação e ensino são fatores importantes para a formação de normas
éticas. Para os cristãos, a palavra de Deus e o Espírito Santo são indispensáveis para a
formação de normas ético-cristãs.
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A CONSCIÊNCIA APLICA O PADRÃO MORAL
É o caso da “lei natural escrita nos corações" de que Paulo fala em Romanos,
capítulos 1 e 2. Paulo diz que os gentios, que praticam males e adoram outros deuses,
são inescusáveis porque têm alguma capacidade interna e natural de discernir entre o
bem e o mal (Rm 1.18-21, 28,32; 2.14-15). A consciência, portanto, presta testemunho de
um Criador e pode acusar uma pessoa por não seguir a lei natural escrita no coração.
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A consciência acusa, julga e incomoda o agir errado
Não é possível discutir com a consciência, porque ela não se deixa convencer por
desculpas ou justificativas. Mesmo havendo fatores favoráveis ou resultados aceitáveis de
ambas as partes, a consciência é categórica e não muda de opinião. Ela também fala nas
horas mais inadequadas.
Ela pode desmanchar planos já elaborados, perturbar o sono. Anos após a
consciência pode lembrar erros cometidos. Muitos querem se livrar das acusações
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persistentes da consciência, mas é um recurso que Deus tem dado ao homem para
capacita-lo a mudar de comportamento, e sentir alívio através do arrependimento e
recebimento de perdão.
A consciência funciona o tempo todo, mas a sua força pode variar. Pode falar
suavemente, mas também pode acusar violentamente. A consciência é suave por
natureza, mas dificilmente engana. É como uma bússola que sempre aponta para a
mesma direção. A consciência geralmente se recusa a ser influenciada por outras forças,
nem mesmo em situações de perigo, acidente ou pânico. A consciência é teimosa e firme,
porém nem sempre infalível, porque pode estar corrompida.
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A ÉTICA CRISTÃ
Inicialmente, queremos dizer que o termo bíblico para ética vem de uma palavra
grega, ethos (ήθος) que significa: estilo de vida, conduta, costumes ou prática. Na Bíblia,
aparece apenas treze (13) vezes. Em: Lc 1.9; Lc 2.42; Lc 22.39; Jo 19.40; At 6.14; At
15.1; At 16.21; At 21:21; At 25:16; At 26.3; At 28.17 e Hb 10.25. Em todos estes textos
aparece no singular e só uma vez no plural (ethe = ήθη): 1 Co 15.33.
Ao estudarmos Ética Cristã, temos que particularizá-la, pois ela se distingue das
demais, quanto aos seus motivos, meios e fins.
No contexto evangélico, “Ética Cristã" é um somatório de princípios que formam e
dão sentido à vida cristã normal. Podemos dizer que ela é a marca registrada de cada
crente e refere-se ao que cada um é, pensa, e faz. O crente depende de Deus e do
próximo, sendo que isto é demonstrado por aquilo que ele é e o que faz, sendo esta a
fundamental diferença entre a ética cristã e ética propriamente dita.
A ética cristã é:
absoluta, isto é, única, pois procede do Deus criador do céu e da terra, o qual
também é absoluto;
transcendente, quer dizer, vai além do infinito, pois emana de um Deus infinito;
direcionista, pois não muda conforme a situação, e não depende da situação;
imutável, não sofre mudanças com o tempo nem com o local;
normativa, e como tal é para nós uma norma, que funciona como um instrumento
que mede e indica a correção moral.
É do conhecimento de todos que há muitas coisas na nossa vida diária que não
podemos esconder. Isto também é verdade no terreno espiritual e para tanto
mencionaremos alguns exemplos, respectivamente: riqueza e pobreza; a beleza e a
feiúra; uma vida de retidão a Deus e uma vida de hipocrisia diante Dele. Isto está em
consonância com o texto de Mateus 5.14, que diz: “Não se pode esconder uma cidade
edificada sobre o monte”; de igual modo é impossível esconder por muito tempo as
virtudes de uma vida em plena comunhão com Deus.
A ética cristã é uma norma de vida a ser vivida por tantos quantos experimentam a
viver a vida abundante que há em Cristo Jesus. Como tal deve ser demonstrada por meio
de um íntimo relacionamento com Deus, que será expresso em forma de cooperação com
o próximo e com a sociedade de uma forma geral.
Às vezes o crente entra em dúvida sobre o melhor caminho a escolher. Pode surgir
uma pequena discordância entre um texto bíblico e o que a sua igreja ensina e exige de
seus membros.
A maioria dos evangélicos acredita que o Espírito Santo foi dado tanto à igreja
como para ao crente em particular. A decisão correta deve, portanto, ser tomada em
perfeita harmonia com o Espírito Santo, com a palavra de Deus e com os ensinamentos
da igreja. O cristão não pode resolver todos os problemas éticos que surgem na sua vida
sem saber o que a sua igreja tem a dizer sobre o assunto, por exemplo: relações pré-
conjugais e a questão do divórcio. O cristão tem liberdade e pode buscar a vontade de
Deus sozinho, mas, diante de certos problemas, deve procurar saber o que os outros da
sua igreja têm a dizer sobre o assunto. O crente tem tanto liberdade quanto
responsabilidade, mas deve respeitar os princípios éticos do grupo (igreja) ao qual
pertence, porque é membro da família cristã e deve viver de tal maneira que não cause
problemas para a igreja que pertence. Um cristão que enfrenta situações morais
complicadas deve saber o que a sua igreja e a Bíblia têm a dizer sobre o assunto. A
37
decisão final, porém, é de cada individuo. A igreja não é responsável pelas decisões
particulares de cada membro, porque a responsabilidade final é de cada pessoa.
Para saber escolher certo em situações delicadas, o crente tem vários recursos. As
soluções podem ser tiradas de varias fontes:
Os deveres do cristão, ensinados pela ética cristã, podem ser divididos em três
dimensões. Como um ser criado e amado pelo Criador, o homem tem muitos deveres
para com Deus:
Sendo um principio de vida, bem definido, a ética cristã tem como suporte de apoio
entre outros: o decálogo, os profetas e sábios do Antigo Testamento; a doutrina a respeito
38
o homem e do pecado, a vontade de Deus, Jesus Cristo e o reino de Deus, ou seja, do
Gênesis ao Apocalipse. Temos muitas outras bases, que servem de apoio para a ética
cristã, as quais poderiam ser mencionadas aqui; porém, trataremos apenas destas,
mencionadas a seguir.
O Decálogo
Os Profetas
Os Sábios
39
sua fonte em Deus e que qualquer tipo de vida ou ocupação descentralizada de Deus é
pura vaidade.
O apóstolo Paulo disse que, “Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito
para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes
das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança” (Rm 15.4). Isto fala do AT, o qual junto
com o Novo, formam a Bíblia Sagrada, tão atual quanto o jornal de amanhã. Portanto tudo
isto funciona como a revelação da vontade de Deus para a nossa vida hoje, também em 2
Timóteo 3.16 ele diz, “Toda a escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para
repreensão, para a correção e para a instrução na justiça”.
Conceitos Éticos
Como dinâmica da vida, a ética cristã pode ser manifestada através do conceito ou
julgamento que se faz a respeito de determinados valores que integram o nosso dia, dia.
Ao longo desta lição abordaremos os conceitos da ética cristã: o bem; o mal; a realidade;
o comportamento e o caráter.
No decorrer dos tópicos desta lição enfatizaremos, fundamentalmente, o seguinte:
40
em vista que o caráter é aquilo que nós somos, por isso devemos deixar que Cristo forme
o seu caráter em nós.
O cultural e o permanente
O AT tem muitos bons conselhos que devem ser observados ainda hoje:
Levítico. 20.7 diz: “Santificai-vos e sede santos";
Êxodo 22.21-22 ordena: “misericórdia para o estrangeiro, a viúva e o órfão”;
Gênesis 50.17 dá um belo exemplo: de perdoar os que têm causado mal;
A maioria dos princípios éticos que encontramos no Pentateuco tem relação com a
religião judaica, por exemplo, quanto ao culto, sacerdócio, sacrifícios e purificações
cerimoniais. Dizemos que o povo de Israel tinha uma ética teocrática, baseada
unicamente em Deus. Todas as leis e todos os princípios de comportamento moral foram
dados por Deus ao povo de Israel. Os deveres são, em sua maioria, deveres para com
Deus. Em parte, são também deveres de uns para com os outros, mas normas universais
são muito raras.
As leis e as ordenanças são dadas por Deus de uma forma direta e imperativa:
“faça ou não faça”. Os deveres têm alternativas ou opções, mas são definitivas. Não
existem avaliações subjetivas, a questão é obedecer ou ser punido. As escolhas éticas só
podem ser em favor ou contra as normas determinadas. Interpretações individuais da lei e
dos deveres não são aceitos, a questão é apenas obedecer ou desobedecer. As normas
exigem e mandam: terá, fareis, faça, não farás, trará, quando fizer, será, etc. O Senhor
Deus é soberano que exige do seu povo. Ele sabe o que lhes é melhor. Deus trata de seu
povo como um pai trata o seu filho pequeno, com conselhos imperativos e firmes, mas
com um grande propósito.
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A ética do AT é prática e se interessa pelo indivíduo
Os dez mandamentos, bem como muitos outros deveres, têm como alvo o bem-
estar da sociedade e o bom relacionamento entre os indivíduos. Muitos conselhos de
natureza moral, no AT, mostram que Deus quer um mundo onde a justiça e a verdade
estejam presentes, onde os homens se respeitem mutuamente e vivam em paz uns com
os outros. Muitos conselhos divinos a esse respeito são encontrados no AT, por exemplo,
temer ao Senhor e se afastar do mal (Jó 28.28 e Mq 6.8), que claramente mostra que
Deus quer que os homens pratiquem a justiça, benevolência e humildade.
Um livro de caráter muito prático é o livro de Provérbios. É um verdadeiro manual
sobre o que o homem deve ou não fazer. De uma forma poética, prática e às vezes até
humorística, Provérbios ensina o que se deve fazer e o que deve ser rejeitado para o bom
funcionamento da sociedade. Provérbios avisa contra males e defeitos como: egoísmo,
preguiça, imoralidade, opressão, bebedeira, orgulho, mentira, violência, fofoca, briga,
impiedade e maldade. Tudo isto são coisas de um mau procedimento que prejudica tanto
o individuo quanto a própria sociedade.
De outro lado, o livro de Provérbios adverte quanto um bom procedimento,
praticando coisas como: prudência, diligência mansidão, paciência moderação, justiça,
obediência, verdade, fidelidade, amor, misericórdia, castidade, humildade, sabedoria,
pureza, generosidade, bondade, honestidade e piedade.
A ética do NT não é uma ética geral, mas uma ética limitada para os seguidores de
Jesus Cristo. Os princípios do Reino de Deus são muito diferentes do que os princípios do
mundo e, portanto, há um conflito entre o comportamento do mundo e do Reino de Deus.
A ética do NT é especialmente uma ética eclesiástica, uma ética para a Igreja. As
exortações não são dirigidas à sociedade em geral, mas para os cristãos ou comunidades
de igrejas. A ética cristã tem, portanto, a sua validade limitada ao Reino de Deus, ou seja,
durante o período em que a igreja permanece na terra.
A conversão e o novo nascimento proporcionam ao cristão uma nova vida, onde
princípios divinos são exigidos. A nova vida em Cristo significa uma mudança radical de
comportamento. O cristão tem, em primeiro lugar, o dever de seguir os princípios éticos
do Reino de Deus e, por isso, o seu comportamento difere, e muito, do comportamento do
mundo.
O Reino de Deus tem um papel importante no ensino de Jesus. O mais importante
para o cristão é buscar os princípios do Reino de Deus porque as outras coisas são
consideradas secundarias (Mt 6.33). O Reino de Deus é uma realidade espiritual que já
chegou ao mundo na pessoa de Jesus Cristo. O Reino de Deus é diferente de todos os
outros reinos deste mundo, porque, segue outros princípios (Lc l7.20-21 e Jo 18.36). O
Reino de Deus está presente onde a vontade de Deus domina. O Reino consiste de todos
aqueles que aceitam e obedecem a vontade de Deus. Por esta razão, o Reino pode ainda
vir (Mt 6.10). O Reino vem e se estende por meio de todas as pessoas que se convertem
ao Senhor, inclusive os que ainda hão de crer.
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Os ensinamentos éticos do NT são destinados aos que são do Reino. Através dos
seguidores de Cristo, novos princípios de ética são demonstrados ao mundo e surge um
conflito entre trevas e luz, entre a conduta do Reino de Deus e a conduta deste mundo.
A ética cristã é a soma de princípios do NT que formam e dão sentido à vida cristã.
É tudo o que o crente deve fazer e pensar; trata-se mais de princípios do que leis. Um
aspecto importante do NT é a libertação da escravidão da lei. As ameaças, as punições e
as proibições da lei não estão mais em vigor, porém, os princípios divinos básicos nunca
foram abolidos. O cristão não é dominado pela lei, mas pelo Espírito Santo. A ética do NT
não é tão imperativa como a lei do AT. Os princípios éticos do NT têm um aspecto mais
positivo, porque, recomenda fazer, e não como a lei que proíbe e ameaça. A lei dizia "não
faças, não terás", porém Jesus diz: "Bem-aventurados os que fazem"; ou "quando fizer,
faça assim". A lei mostra listas sobre o que não era licito fazer, mas o NT apresenta os
deveres, isto é, o que se deve fazer, por exemplo: amar, perdoar, usar de misericórdia,
ser generoso, hospitaleiro.
O jugo de Jesus é mais leve do que o jugo da lei (Mt 11.29-30). Os ensinamentos
de Jesus valem mais como informações e conselhos. Jesus estimula e dá motivações
para fazer o bem e evitar o mal.
Em questões jurídicas há três classes:
1) o que é proibido por na lei;
2) o que é ordenado, dever, exigido, que não traz punição;
3) o que é livre e julgado pessoalmente.
A ética do NT se caracteriza por certa liberdade de agir nas áreas que são
consideradas menores na vida. Jesus proclamou liberdade (Lc 4.18 e Jo 8.36) e reagiu
fortemente contra o sistema ético-religioso dos fariseus, com pesados e insuportáveis
fardos (Mt 23.3-4). O apóstolo Paulo ensina claramente que todas as coisas são licitas,
mas nem tudo convém (1 Co 10.23). A ética do NT é mais livre, mas subordinada a um
bom senso, uma avaliação pessoal em algumas questões. Esta liberdade pode ser
perigosa, e em Gálatas 5 o apóstolo Paulo argumenta a respeito de uma liberdade com
responsabilidade. Ele ensina que o cristão deve permanecer na liberdade em Cristo e não
se dobrar debaixo de um jugo de escravidão (Gl 5.1). Esta liberdade, porém, não pode ser
abusada ou ultrapassada, dando assim ocasião para a carne (Gl 5.13). As decisões
sempre devem estar subordinadas ao principio de amar a Deus e amar ao próximo (Gl
5.14). Veremos mais sobre a ética de Paulo.
A Bíblia não dá todas as respostas que queremos, mas revela a vontade de Deus e
os princípios divinos de uma forma tão clara, que isto pode servir de orientação nos casos
onde não ensina ou dá a solução definitiva. Não existem, na verdade, listas de deveres
que podem ser aplicadas em todas as complicadas situações morais de hoje. Alguns
assuntos éticos, na Bíblia, são muito bem tratados, outros nem existiam naqueles tempos.
O sermão da montanha de Jesus levanta muitas questões importantes, mas omite muitas
outras.
Mesmo a ética do NT é limitada, e não há normas para todas as situações da vida
de hoje. Deus não tem respondido nem resolvido todos os detalhes nas questões éticas
de hoje.
Deus criou o homem com uma capacidade de raciocinar, questionar, avaliar e
decidir e escolher os seus valores. A Bíblia mostra quem Deus é e o que Ele quer, mas o
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homem tem certa liberdade de interpretar o sentido ou o espírito do problema que
enfrenta hoje, de acordo com a vontade de Deus.
O que fazer nos casos em que a Bíblia não define nem responde? A resposta é
que o homem deve tentar pensar e agir segundo os pensamentos de Deus (quer dizer,
segundo os princípios divinos expressos em sua Palavra), num determinado caso.
É pertinente a pergunta. "Em meu lugar, o que teria feito Jesus?”. Pelo estudo da
palavra de Deus é possível ter um senso muito forte do que Deus pensa e quer. O
Espírito Santo é também o guia do cristão, e Ele sempre está de acordo com os princípios
divinos.
45
Mostra que a recompensa até pode ser uma surpresa e não algo planejado por ganância
ou obras conscientes.
A questão sobre penas e recompensas só pode ser entendida pelo ES, que o
mundo não tem. Estes ensinamentos sobre as penas estão intimamente relacionados
com a queda do homem e a obra redentora de Cristo. A culpa e a condenação do ser
humano foram lançadas sobre Cristo (Is 53.5 e Rm 8.1-4). O medo do inferno e a
condenação são uma conseqüência do pecado, bem como de uma consciência pesada;
mas o amor a Cristo lança fora este medo do castigo eterno (1 Jo 4.18).
Toda a ética do NT está controlada pelo princípio do amor. Jesus ensinou que toda
a lei e os profetas (todo o AT) se cumprem no mandamento duplo de amor: amar a Deus
de todo o coração e amar o próximo como a si mesmo em (Mt 22.34-40). O amor de Deus
é o grande tema do NT. Deus amou o mundo e deu seu Filho. Nós amamos porque Deus
nos amou primeiro, e o amor de Deus é derramado em nossos corações. Extraordinária
descrição do perfeito amor é encontrada na primeira carta aos Coríntios, capítulo 13. O
apóstolo João fala repetidas vezes sobre o mandamento do amor (Jo 13.341 e Jo 4.7-21).
O amor é o contraste do egoísmo. O amor não se aproveita ou se utiliza para
interesses próprios, mas ao contrário: o amor dá, serve, ajuda e se compadece. O amor
não é baseado em leis, obrigações ou emoções, mas num profundo sentido de servir,
socorrer, ou agradar a Deus. A tarefa da ética cristã é saber aplicar os princípios de amor
em todas as situações da vida. O comportamento do cristão deve orientar-se pelo
exemplo de Jesus Cristo; andar em amor como Ele andou (1 Jo 2.6 e Ef 5.2) e ter o
mesmo sentimento que houve nele (Fp 2.5).
Tudo o que o cristão faz deve ser dominado pelo amor. O amor deve estar
presente no relacionamento da família, com os vizinhos ou irmãos da igreja e mesmo
carregando a cruz ou sendo servo (escravo) de Cristo.
As bem-aventuranças
São bem-aventurados
1) Os pobres de espírito – os crentes espirituais, os que reconhecem que
precisam ser ajudados e salvos; os que sabem que nada merecem, mas
buscam porque acreditam na graça divina. Os que são humildes e desejam
ser ajudados por Deus, que é superior, e estão vazios para receber. São
pobres porque se esvaziaram do orgulho, egoísmo, merecimento e
superioridade. São bem-aventurados porque deles é o reino dos céus;
2) Os que choram – que são sensíveis e têm sentimentos normais, não são
duros ou inflexíveis, mas podem sentir tristeza pelo pecado, reconhecer a
sua miséria e fraqueza; que se humilham e sentem que nada são. Jesus
chorou por causa da incredulidade do povo, pelo pecado, mas também
chorou sobre Lázaro, por sentimentos humanos de ausência, tristeza e
compaixão. Os que choram são bem-aventurados porque serão consolados;
3) Os mansos – que sabem se dominar, de temperamento manso e que são
controlados, dominados pelo Espírito Santo, e são como Jesus. São
cordeiros que não brigam. Não são perigosos, mas estão prontos para
perder os seus direitos sem resistência violenta. São controlados e não
ultrapassam os seus limites, não causam escândalos ou inimizades; servem
antes de ser servidos. São bem-aventurados porque herdarão a Terra;
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6) Os que são limpos de coração – que têm uma pureza interna vivem em
harmonia com Deus. São os que têm motivos certos, sinceros e honestos e
têm atitudes e pensamentos puros, não conhecem fingimentos. Eles serão
bem-aventurados porque eles verão a Deus;
7) Os que são pacificadores – os que não somente gostam da paz, mas
sempre procuram promover a paz, criando um ambiente de calma e
tranqüilidade. São contra inimizades e partidos e procuram reconciliações.
Eles são bem-aventurados porque serão chamados filhos de Deus;
8) Os que são perseguidos por causa da justiça – os que sofrem por causa da
fé e princípios cristãos que aceitaram; os que sofrem como inocentes só
porque querem servir a Jesus. Eles serão bem-aventurados porque deles é
o Reino dos Céus;
9) Os que são injuriados e difamados por causa de Cristo – os que são
rejeitados e desrespeitados porque querem seguir a Cristo. Eles são bem-
aventurados porque terão um grande galardão nos céus.
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PRINCÍPIOS ÉTICOS NAS CARTAS APOSTÓLICAS
O maior exemplo que o crente pode seguir é o de Cristo (Jo 13.15 e 1 Pe 2.21). O
apóstolo Paulo era imitador de Cristo (1 Co 11.1) e se colocou como um exemplo de vida
(Fp 3.17; 2 Ts 3.7-9 e 2 Tm 3.10). Outros cristãos podiam aprender dos exemplos de
Paulo e Apolo (1 Co 4.6) e deveriam imitar a fé e a vida dos servos de Deus (Hb 11.2-3).
Todos os crentes poderiam servir de exemplo para o mundo e viver em santo
procedimento e piedade (II Pe 3.11). Mesmo o jovem Timóteo podia ser um exemplo na
palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (2 Tm 4.12).
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O cristão está no mundo não para gozar, abusar, se escravizar, mas para servir.
Uma boa regra é sempre procurar ser sensível e flexível, sendo judeu para os judeus e
grego para os gregos (1 Co 9.20).
Em algumas questões, a sensibilidade era maior no tempo do NT do que em
nossos dias. Tradições judaicas, gregas e romanas estavam em constante conflito. Os
judeus convertidos tinham muita dificuldade de se livrar totalmente dos preceitos da lei
quanto à circuncisão, festas, sábados, comidas, sangue, vestimentas e a posição da
mulher. Assim a questão da comida é tratada em Rm. 14, em Cl 2.16, em 1 Co 8.1-13; e
em 1 Tm 4.4. A circuncisão, em At 16.3 e 21.10-31, em 1 Tm 2.11 e em 1 Pe 3.1-7. A
preocupação dos apóstolos em tomar as decisões prudentes naquela situação é mostrada
em Atos 15. O cristão não deve seguir as tradições dos anciãos judaicos (Mc 7.5), mas
dos apóstolos (2 Ts 2.15 e At 2.42).
Em todas as questões delicadas de tradições, costumes e situações claramente
definidas, o NT tem várias recomendações. É errado:
ferir a consciência do outro irmão (1 Co 8:12);
desprezar ou julgar um irmão que não tem fé para fazer (Rm. 14.3-5, e 10-13);
entristecer outros irmãos (Rm 14.13);
ser contencioso (1 Co 11.16).
Falhas e fracassos são comuns na vida, mesmo na vida do cristão. A Bíblia é muito
real mostrando as grandes personagens com falhas ocasionais. Em circunstâncias
normais, a pessoa consegue controlar as suas ações; porém, em situações de grande
pressão, as reações podem se desviar do comportamento normal da pessoa.
Esquecimento, decisões erradas, excesso de irritação e uma série de fatores
negativos podem mudar a conduta de uma pessoa. Alguns fracassos são prejudiciais
apenas para a própria pessoa, mas outros envolvem alguns ou mesmo um bom número
de pessoas.
Os fracassos podem ser causados por desobediência, teimosia, ignorância, pressa
ou falta de experiência. Às vezes as intenções podem ser boas, mas o resultado é
negativo. Em alguns casos, a compreensão ou a interpretação errada de um texto bíblico
pode ser a causa da decisão errada.
O fracasso é mais sério quando a conseqüência negativa do ato já era conhecida
ou prevista. Mesmo sabendo que certo ato não era certo, a tentação foi muito forte e a
satisfação do próprio ego venceu. O cristão também pode concordar que certo
procedimento realmente é de acordo com a vontade de Deus, mas argumenta que
mesmo assim parece conveniente ou aceitável.
De todos os lados o pecado rodeia e quer embaraçar o cristão (Hb 12.1). A
possibilidade de cair no pecado sempre existe (1 Jo 2. 1), mas o cristão nunca pode
continuar voluntariamente pecando, andando no caminho errado (Hb 10.26).
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Diferentes conseqüências dos fracassos
1) Aceitação dos fracassos: Alguns podem se contentar com os seus próprios
erros porque, em comparação com os de outros, são ainda “muito bons”. É
um conforto falso; é perigoso achar que, apesar das faltas, a pessoa está se
saindo muito melhor do que os outros. É perigoso se acostumar a atitudes
erradas, pois, assim, sempre o homem será inferior ao que Deus dele pensa
e deseja. Insensibilidade e endurecimento são muito perigosos;
2) Pessimismo e desespero: Pessoas sensíveis sentem-se muito derrotadas
quando fracassam. Um espírito de pessimismo, derrotismo e desespero
toma conta da pessoa. O pecado pode arruinar tudo e estragar toda a
alegria. Um fracasso desencoraja o esforço ético. A pessoa pode achar que
não é o pior caso; o crente pode pensar que não adianta orar porque Deus
não dá força para não cair, ou pensa: se eu fosse Deus, perderia a paciência
com uma pessoa como eu que sou faltoso freqüentemente;
3) Sentimento de culpa e desejo de perdão: Uma pessoa que sente culpa ao
errar, revela sensibilidade e saúde mental. Uma consciência que funciona e
reage é de grande valor. O sentimento de culpa é relacionado com o
reconhecimento e a confissão do pecado. O exemplo clássico de sentir ou
não a culpa pelos atos praticados é o caso dos dois malfeitores crucificados
juntamente com Jesus. É muito desgastante sentir o peso da culpa, e Deus
não destinou o homem para viver debaixo da condenação (Sl 32.1-5);
4) A possibilidade de recuperação pelo perdão: Através da consciência, Deus
chama atenção para as nossas faltas, mas não para nos desencorajar,
humilhar ou punir, e sim para nos preparar para a sua ajuda. O evangelho é
a mensagem da graça, e o perdão é concedido através da obra de Jesus
Cristo.
No livro "Ética cristã para hoje", Milton L. Rudnick sugere as seguintes atitudes
para o crente formar o seu próprio padrão moral:
1) Aceitar a orientação do Espírito Santo. A ética evangélica é a ética do Espírito
Santo. Os frutos espirituais em Gálatas 5.22 são muito relacionados com o
comportamento do cristão. Trata-se de uma vida santificada;
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2) Buscar a orientação da Bíblia. As normas bíblicas servem como modelo para
formar um caráter cristão, firme e puro (1 Pe 3.8-17 e Ef 4);
3) Admitir a própria insuficiência, reconhecer a fraqueza e a grande necessidade do
poder divino para vencer. Admitir a presença do mal, que quer influenciar sobre as
decisões. Depender da presença de Cristo;
4) Analisar e usar o bom senso. Não tomar decisões apressadas, não agir antes de
pensar, controlar as reações violentas. Analisar, pesquisar, informar-se, comparar
com outros, avaliar diferentes atitudes ou alternativas e distinguir entre fatos e
opiniões que são fatores valiosos para formar bases para o comportamento moral;
5) Em cada caso, sondar a vontade de Deus. O que é que Deus mais deseja? O que
faria Deus neste caso? O que é que mais agrada a Deus?
6) Examinar, corrigir e fortalecer os motivos. Motivos podem fazer ou quebrar uma
decisão ética. Porque penso assim, o que é que me leva a isto? O que quero
afinal? Quais são as minhas aspirações? Os meus desejos estão certos? Isto tem
algum valor para o Reino' de Deus? Até que ponto eu sou movido pelo egoísmo,
pelo maligno ou por Deus?
7) Estabelecer objetivos adequados, algo que quero alcançar (Fp 3.14). O que vou
fazer para alcançar o alvo, que sistema vou adotar para conseguir?
8) Determinar e empregar meios apropriados, verificar as possibilidades. O fim não
justifica os meios, por exemplo, distribuir alimentos aos pobres na base de fraudes,
mentiras ou roubos;
9) Depender de recursos espirituais e morais. É preciso ser espiritual e moralmente
forte, não esquecendo a ajuda que Deus pode oferecer. Ter fé e entusiasmo para o
crescimento espiritual e para o futuro;
10) Fazer avaliações adequadas, testar os valores, utilizar uma crítica construtiva,
pessoal ou vinda de outros. O cristão deve estar consciente da sua possibilidade
de errar e fazer tudo para evitar os erros. Uma grande parte do sucesso é
exatamente evitar os erros e as decisões erradas.
“E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, alma e corpo
sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo”.
(1 Ts 5.23)
ÉTICA MINISTERIAL
Neste capítulo reproduzimos (com pequenos ajustes) o texto oferecido pelo Pastor
Neemias Pereira da Rocha, Presidente do Campo de Goiânia, 1º Vice-Presidente da
COMADEBG (Convenção dos Ministros Evangélicos das Assembléias de Deus de
Brasília) e Membro da Comissão de Relações Públicas da CGADB (Convenção Geral das
Assembléias de Deus no Brasil).
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à
Igreja de Deus” (1 Co 10.32).
52
ÉTICA NA CHAMADA
Nenhum obreiro deve oferecer-se para uma separação ministerial, nem tentar
agradar ao seu pastor com presentes e com bajulações para galgar o degrau aspirado
(Mc 3.13; Hb 5.4; Jd 16 e 1 Tm 3.1-3).
Nunca pensar que o cargo que lhe foi confiado é inferior; porém, no desempenho
dele procurar desenvolver um trabalho que agrade a Deus, como requer o Senhor
Jesus (Rm 12.6-8; At 11.22-23 e 1 Pe 4.10-11);
Como tratar as diversas classes na igreja (1 Tm 5.1-4);
Como se apresentar de forma adequada, principalmente em cerimônias;
Cerimônia Fúnebre: O terno deve ser escuro, de preferência preto, azul marinho,
camisa branca ou escura, como também a gravata. Devem-se evitar camisas e
gravatas vermelhas ou tons berrantes;
Cerimônias de Casamento, Bodas de Prata, Bodas de Ouro, Festa de 15 Anos e
culto em geral: O terno pode ser escuro ou de cor clara; evitando, porém, cores
berrantes, pois, elas não vestem bem o obreiro;
Cuidados gerais:
- Cuidado com o colarinho, que deve estar abotoado e limpo;
- Cuidado com as cores da gravata, que deve combinar com a roupa;
- Cuidado com a gravata de zíper (o zíper afrouxa e a gravata fica
deformada);
- Cuidado com os sapatos;
- Cuidado com a caspa no paletó;
- Cuidado com o hálito (além da higiene bucal, tenha sempre um cravo ou
halls, pois o estômago vazio provoca mal hálito);·.
- Cuidado com os odores das axilas (além do banho, faça uso de um bom
desodorante);
53
Saber sempre que aquele rebanho deve muito ao seu antecessor. Muitos
perguntarão: “O irmão está gostando?” ou “Como o irmão está vendo o trabalho?”.
Cuidado com o que irá responder, para não deixar o irmão triste e decepcionado.
Alguns vão falar mal do pastor que saiu. Não dê ouvidos a esses grupos, pois
geralmente eles são compostos de pessoas insatisfeitas, e assim como falam mal do seu
antecessor falarão de você quando for transferido.
Pelo menos durante algum tempo, não faça mudanças na igreja, até que você se
torne simpático, e aí, então, com cuidado faça as devidas mudanças. Na posse de certo
Pastor, foi servido um jantar no refeitório da igreja e ele, verificando que as mesas eram
muito altas, para fazer uma média com o Pastor-Presidente, anunciou:
“Quando o senhor vier numa próxima visita, será servido numa mesa digna, pois
amanhã mesmo mandarei serrar os pés destas mesas, para que fiquem com a
devida altura”.
O Presidente, olhando para aquele irmão, replicou:
“Espere pelo menos 3 anos para que você mande serrar a primeira perna destas
mesas”.
Lembre-se das palavras do Senhor Jesus, registradas em João 4.38: “Eu os enviei
para colherem o que vocês não cultivaram. Outros realizaram o trabalho árduo, e vocês
vieram usufruir do trabalho deles”.
Respeite sempre o trabalho que encontrar, mesmo que lhe pareça mal feito;
possivelmente foi realizado com muito amor e carinho e dentro das possibilidades daquele
que o antecedeu.
É um momento de muita dificuldade tanto para quem sai como para quem fica, pois
muitas vezes o pastor que sai deixa para trás rastros de um trabalho profícuo e intenso,
desenvolvido durante sua permanência ali. Ficam para trás filhos que se casaram, netos,
e um número sem conta de filhos na fé, bem como também filhos ministeriais. Porém, a
saída de uma igreja para outra pode representar:
oportunidade de renovação ministerial;
oportunidade de encarar novos desafios;
oportunidade de servir ao Ministério, Convenção e também a uma nova
comunidade de crentes;
oportunidade de estar saindo no tempo de Deus, evitando o desgaste;
cuidados com certas frases que podem sair dos seus lábios como:
- “Vocês entendem, por mim não sairia, mas...”;
- “Zelei por vocês todos esses anos, mais o que vem aí... na sei não!”;
- “Se vocês quiserem, é só dizer que não aceitam o outro”;
- “Agora vocês vão aprender o que é bom!”.
Lista de nomes dos membros da Diretoria da Igreja, com endereço, telefone, etc.;
Lista dos nomes dos Lideres de Departamentos, com endereço, telefone, etc.;
Lista do patrimônio da igreja, de preferência assinada por uma comissão instituída
para tal;
- Dívidas, se houverem, qual a situação;
- Como estão sendo pagas, vencimentos;
- Saldo em caixa, se houver;
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Situação dos membros; casos de disciplina (por que); quando vence a disciplina.
NO PÚLPITO ALHEIO
Saber as condições da igreja para tal, levando em conta uma série de fatores:
o meio mais viável e adequado, para que o obreiro possa vir ao local: avião, carro
próprio, ônibus, etc;
se a distância é muito longa:
- Prover o meio mais rápido e menos cansativo, pois o pastor convidado precisa
chegar a tempo hábil e descansado para pregar;
- Procure saber, com antecedência, quais as despesas que a igreja terá, para evitar
surpresas de última hora e decepções;
- Procure a melhor maneira de hospedar o servo de Deus. Se for um hotel, que
seja dentro das condições da igreja, mas objetivando sempre o melhor;
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- Quando a hospedagem for à casa de uma família, que possa lhe ser oferecido um
quarto onde o obreiro tenha privacidade sem interferência;
- mesmo que o obreiro não queira cobrar, nunca o despeça com as mãos vazias.
“Aquele que é instruído na Palavra, reparta de todos os seus bens com aquele que
instruiu” (Gl 6.6);
- Durante os dias conferência, procure encontrar um momento propício, levando o
obreiro convidado até a sua casa para juntos, desfrutarem de momentos de
comunhão.
FESTAS SOCIAIS
O obreiro, como todo membro da igreja, deve participar dos momentos sociais do
seu rebanho, fazendo-se presente tanto nos eventos na própria igreja, quanto nos lares
de seus membros. Para tanto, o obreiro precisa dar bom exemplo de fidalguia e
comportamento impecável em todas as situações, evitando com isso:
participar do “empurra-empurra do povão”. Aguarde, afinal de contas você é uma
líder da igreja, e deve postar-se como tal;
muito cuidado com o festival gastronômico, onde alguns, por falta de preparo e
conhecimento, entram na disputa, comendo tudo aquilo que lhes oferecem.
Lembre-se sempre: “Coma de tudo, mais não coma tudo” (Pv 23.1-2);
o obreiro precisa observar pelo menos os requisitos básicos de etiqueta social,
para saber usar bem os utensílios de mesa;
o obreiro precisa evitar situações constrangedoras, tais como: assuar o nariz,
principalmente durante as refeições; arrotar; palitar os dentes; fazer uma cesta com
restos de bolo e salgados para levar; etc.
Finalizando, deixo a você meu nobre companheiro, um conselho que poderá ajudá-
lo muito em seu ministério. Se procurar aplicar a ética em todos os momentos de seu
ministério, terá sempre ao seu redor companheiros e amigos satisfeitos, felizes e
dispostos; seus cabelos demorarão mais tempo para branquear ou cair e sua felicidade
será cada vez maior por estar trabalhando com zelo e sabedoria para o reino de Jesus
Cristo.
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Questionário 4
3. Para saber escolher certo em situações delicadas, o crente tem vários recursos. Cite
alguns deles.
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BIBLIOGRAFIA
B.D. WEDELAND – Ética do Novo Testamento, Editora Sinodal, 1981, São Leopoldo.
A.B. LANGSTON – Notas sobre ética prática, Casa Publicadora Batista, 1954.
ULRICH HANS REIFLER – Aética dos Dez Mandamentos, Ed. Vida Nova, 1992.
BÍBLIA SAGRADA – Nova Versão Internacional, São Paulo, 1993, (Nota; todas as
passagens bíblicas, mencionadas textualmente, foram extraídas desta).
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