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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA INDEPENDENTE

DO TRIÂNGULO MINEIRO
Rua Manto nº 25 – Jardim Patrícia
UBERLÂNDIA - MG

ÉTICA GERAL E CRISTÃ


Esta é a minha oração: que o amor de
vocês aumente cada vez mais em
conhecimento e em toda a percepção,
para discernirem o que é melhor, a fim de
serem puros e irrepreensíveis até o dia de
Cristo,

Filipenses 1.9,10

Aluno(a): ____________________________________________________________

1
Proibido a reprodução. Direitos reservados ao Seminário Teológico Batista Independente do
Triangulo Mineiro

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................3
A ÉTICA GERAL................................................................................................................................3
DEFINIÇÕES DOS TERMOS ÉTICA E MORAL..................................................................................................3
ATITUDES DIFERENTES PARA O ESTUDO DA ÉTICA..............................................................5
A ÉTICA E AS CIÊNCIAS SEMELHANTES...................................................................................6
O CONTEÚDO DA ÉTICA.................................................................................................................8
A MANEIRA DE DIVIDIR AS DIFERENTES ÁREAS DA ÉTICA................................................9
Questionário 1....................................................................................................................................11
A VIDA, A NATUREZA, A ECOLOGIA........................................................................................13
A RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E RELIGIÃO...................................................................................13
DIFERENTES ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO DA ÉTICA.....................................................15
INTERPRETAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DA ÉTICA.......................................................................................16
Questionário 2....................................................................................................................................21
A CONSCIÊNCIA.............................................................................................................................24
Questionário 3....................................................................................................................................29
A INFLUÊNCIA DA BÍBLIA SOBRE A CONSCIÊNCIA.......................................................................................31
A ÉTICA CRISTÃ.............................................................................................................................36
O FUNDAMENTO DA ÉTICA CRISTÃ............................................................................................................36
A ÉTICA ESPECÍFICA DO NOVO TESTAMENTO.............................................................................................43
PRINCÍPIOS ÉTICOS NAS CARTAS APOSTÓLICAS.........................................................................................49
A CONDUTA CRISTÃ – FRACASSOS E PROPÓSITOS.....................................................................................50
ÉTICA MINISTERIAL......................................................................................................................52
Questionário 4....................................................................................................................................57
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................58

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INTRODUÇÃO
O mundo de hoje está apresentando problemas seríssimos. Alguns problemas são
de ordem política ou econômica, mas provavelmente a maior parte é de ordem moral ou
ética.
Muitos perguntam: "O que está acontecendo com o mundo?".
Muitos dos clássicos princípios éticos estão sendo rejeitados ou transgredidos. Em
todos os países aumenta o desespero diante das leis e a negligência pelos deveres
sociais e morais. Transgressões em todas as áreas, fraudes, crimes e desmoralização
caracterizam a sociedade de hoje. A história mostra que uma nação ou um povo não pode
viver sem que haja algum sistema de normas morais para orientar o comportamento
humano. O problema surge quando um número crescente de pessoas desrespeita ou
contraria os princípios morais ensinados e exigidos pela comunidade.
Por outro lado, sempre surgem grupos que reagem contra a decadência moral e se
tornam até extremistas nos seus esforços para formular um código ou um manual que
defina, de forma determinante, o que está certo ou errado. Temos também a ética cristã, e
esta se baseia nos ensinamentos bíblicos.

“A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho”.
(Sl 119.105)

A ÉTICA GERAL
DEFINIÇÕES DOS TERMOS ÉTICA E MORAL

Existe uma relação intima entre ética e moral. Fala-se mais sobre moral do que a
ética, especialmente no sentido negativo imoral.
No Dicionário Aurélio, Ética é definido como sendo: “O estudo dos juízos de
apreciação referentes à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do
bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

 É a disciplina, a ciência, a teoria, a doutrina ou o estudo do comportamento do


homem;
 É a ciência que trata das motivações teóricas e a compreensão doutrinária dos
deveres, praxes e normas do procedimento humano;
 É o estudo sobre as faculdades morais e as escolhas do homem;
 É a doutrina sobre o comportamento humano em diferentes áreas;
 E uma análise sistemática da vida moral do homem;
 É o estudo sobre os padrões do certo e errado do homem, pelos quais a conduta
possa ser guiada;
 É a doutrina sobre os princípios morais e as avaliações sobre o bem e o mal, o
certo e o errado;
 É a ciência que estuda os deveres dos seres humanos;

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 É a teoria, o exercício intelectual ou o processo de reflexão que analisa e avalia as
decisões e os valores que o homem revela.

A MORAL
MORAL

É a parte da filosofia que trata dos costumes, deveres e procedimento dos homens
em relação ao próximo.

MORALIDADE

É o agir de acordo com os princípios da moral. O que procede segundo as normas


éticas estabelecidas pela sociedade é moral. O que transgride e desrespeita estas
normas é imoral (ou amoral), que quer dizer que é contrário aos bons costumes, devasso,
libertino ou escandaloso. É possível conhecer a ética, mas ser um imoral.

Princípios básicos da ética


A necessidade de normas – Qualquer sociedade ou grupos de pessoas precisa ter
princípios éticos para orientação do comportamento comum.
O homem precisa de normas éticas para o seu procedimento, não apenas em
relação a si mesmo, mas também em relação às outras pessoas da sociedade em que
vive. Uma sociedade sem leis ou normas estabelecidas não pode funcionar
satisfatoriamente. É necessário ter direitos e deveres para fazer uma convivência possível
numa sociedade. É subentendido pela ética que em todas as relações humanas é
necessário ter normas éticas para o bem do próprio indivíduo e da sociedade.
O termo "norma” significa esquadro, régua e é um padrão para seguir, mostrando
qualquer desvio. Normas são os meios que medem a correção moral. Os filósofos da
ética dividem as normas em diferentes graus.

 Regras morais, concretas "não faça assim, é feio, faz mal";


 Princípios, diretrizes mais gerais, o que se deve fazer porque é bom;
 Doutrinas básicas, afirmações estabelecidas, que a sociedade ou a palavra de
Deus estabelece e exige.

A liberdade e responsabilidade do homem


A ética repousa sobre o fato de o homem ter sua liberdade de escolha entre o bem
e o mal. O homem tem o livre arbítrio, que lhe possibilita a escolha de opções na vida –
fins, valores e alvos. Ele também é livre para aceitar ou rejeitar as exigências da vida, ou
do dever.
Toda a vida consiste em uma série de escolhas que são inevitáveis, mas exigem
sabedoria. O homem tem a liberdade de escolher profissão, onde morar, amigos, prazer
ou tipo de vida que desejar; entretanto, nem sempre estas escolhas dão os resultados
desejados. Durante a vida, o homem faz escolhas que têm importância para sua própria
vida ou para a própria família. Ele precisa também tomar decisões corretas para estar em
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harmonia com a sociedade em que vive. Espera-se de cada cidadão que aceite as
normas gerais, as quais são aceitas pela sociedade. Pessoas que contrariam os
princípios éticos fundamentais tomam-se problemáticas ou até perigosas para a
sociedade. O "marginal" é a pessoa que vive á margem da sociedade, ou seja, fora dos
padrões da sociedade.

A ética se interessa por todas as decisões, escolhas e avaliações que o homem faz
em todas as áreas da vida prática. Todas as atividades morais são características do ser
humano e o seu procedimento moral distingue o homem não só dos animais como
também das máquinas, computadores e robôs. O homem tem possibilidades e
necessidade de uma avaliação moral dos seus atos. Ele não é dominado por um instinto,
mas dirigido por princípios práticos do que deve ou não fazer. Por isso, o homem é
responsável pelo o que decide e faz.
A ética filosófica-humanista dá mais ênfase à liberdade do homem do que a sua
responsabilidade. Filósofos como Aristóteles, Platão e os Estóicos se interessam muito
pelas causas e menos pelas consequências. Para eles, os motivos, os predestinados, as
influências hereditárias e ambientais são mais interessantes do que os resultados e as
responsabilidades.

A responsabilidade pessoal da ética

A possibilidade de o homem escolher livremente faz com que os seus atos possam
ser elogiados ou criticados, de acordo com o padrão ético aceito pelo grupo ou sociedade.
Transgressões sérias das normas éticas como, por exemplo, furto e assassinato exigem
não somente crítica, mas também punição. A ética não pode estudar somente os motivos
e os próprios atos, mas precisa também considerar as suas conseqüências e a
responsabilidade pessoal. O homem tem não somente responsabilidade por si mesmo
(quanto ao corpo, saúde, tempo e sustento), mas também pela família, grupo ao qual
pertence e pelo seu próximo em geral.
Um leão não pode ser culpado por matar um filhote indefeso e um cachorro não
pode ser criticado por não ter ajudado a apagar um incêndio, é, porém, normal que o
homem sinta responsabilidade em determinadas situações. Mesmo sem leis escritas ou
ensinamentos especiais, há deveres que o homem reconhece de forma natural, por
exemplo: prestar socorro a pessoas em situações difíceis ou perigosas. Compaixão,
arrependimento e sentimento de culpa são necessários na sociedade humana, mas não
existe no mundo animal.
Na ética cristã a responsabilidade pessoal é ainda maior: o homem não é
responsável apenas por si e pelo próximo, mas especialmente responsável perante Deus,
porque foi criado por Deus e deve viver em obediência a vontade de Deus. A liberdade do
homem é tão grande que ele pode contrariar os princípios divinos, mas a
responsabilidade e a punição caem sobre si próprias.

ATITUDES DIFERENTES PARA O ESTUDO DA ÉTICA

SEM PRECONCEITOS

Para fazer um estudo proveitoso da ética é preciso abandonar os preconceitos.


“Sem preconceitos” significa abandonar todas as idéias e atitudes que temos antes de
começar o estudo. O estudo da ética é um método sistemático e científico que não deve
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ser orientado por preconceitos. É preciso ter uma mente aberta para os diferentes valores
e as revelações alternativas.

SEM EXAGEROS (IS 28.10-13 E MT 23.23)

Certas pessoas ou certos grupos exigem um manual ético muito severo.


Especialmente entre grupos cristãos tradicionais, fundamentalistas ou conservadores,
encontram-se atitudes éticas muito severas. Para muitos, a idéia do cristianismo é uma
série de leis e exigências com muitas proibições. Os fariseus de todos os tempos têm sido
inflexíveis e presos a pormenores.

SEM COMODISMO

O contrário de uma ética muito severa é uma atitude de apatia e comodismo.


Ninguém deve se aproximar da ética com o pensamento que tudo já está bom. A pessoa,
o grupo ou a igreja pode sentir-se satisfeito com o estado presente das coisas, não
sentindo necessidade e nem desejo de analisar e avaliar os princípios morais tradicionais.
Cada novo tempo traz novos problemas e nem sempre é possível seguir alguns princípios
estabelecidos e atuais numa época muito distante ou diferente do que a nossa.

COM O DESEJO DE MELHORAR

Ao estudar a ética devemos ter um coração aberto para aprender, avaliar, mudar e
melhorar o nosso modo de agir e pensar. Num mundo onde há muita frouxidão moral ou
mesmo imoral, é necessário que os princípios básicos da ética, que servem para edificar
a sociedade em decadência moral, sejam ensinados e observados. É uma missão,
especialmente para os cristãos, de querer mostrar um comportamento diferente do que a
corrupção do mundo. Infelizmente, muitos cristãos se conformam mais com este mundo
(Rm 12.2) do que brilhar como luzes na sociedade (Mt 5.16).
O desejo de melhorar o seu comportamento moral exige esforços da pessoa, mas
a recompensa em forma de uma consciência limpa e uma vida em perfeita harmonia vale
todos os esforços. A aceitação de novos conceitos éticos, adaptados para a atualidade,
exige tanto sabedoria quanto prudência e coragem.

A ÉTICA E AS CIÊNCIAS SEMELHANTES

Existem várias disciplinas ou ciências que são muito relacionadas com a ética.
Estas disciplinas são:

A PSICOLOGIA

A Psicologia é a ciência que estuda os processos mentais (sentimentos,


pensamentos, razão) e o comportamento humano.

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Cabe à Psicologia estudar questões ligadas à personalidade, aprendizagem,
motivação, memória, inteligência; ao funcionamento do sistema nervoso, e também à
comunicação interpessoal, desenvolvimento, comportamento sexual; à agressividade, ao
comportamento em grupo, aos processos psicoterapêuticos, ao sono e ao sonho, prazer e
à dor, além de todos os outros processos psíquicos e comportamentais não citados.

A Psicologia restringe suas investigações sobre o comportamento do homem ao


que pode ser explicado por fatores casuais e biológicos. A Psicologia lida com os fatos de
uma forma mais cientifica e tenta descobrir as relações entre causa e efeito.
Psicologia moral é a parte da teologia moral que trata das operações da vontade
como manifestações da natureza humana. A Psicologia lança muita luz sobre problemas
éticos especiais a respeito das consequências da escolha livre do homem. A psicologia
também se interessa pelas normas e motivações do comportamento humano.
A Psicologia Social estuda as influências do ambiente social sobre o
comportamento humano.

A SOCIOLOGIA

A Sociologia é uma ciência que estuda o comportamento humano em função do


meio e os processos que interligam o indivíduo em associações, grupos e instituições.
Enquanto o indivíduo, na sua singularidade, é estudado pela Psicologia, a
Sociologia estuda os fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em
grupos de tamanhos diversos, e interagem no interior desses grupos.
Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas dos
sociólogos. Cobrindo todas as áreas do convívio humano – desde as relações na família
até a organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade até o
comportamento religioso –, a Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de
intensidade, a administradores, políticos, empresários, juristas, professores em geral,
publicitários, jornalistas, planejadores, sacerdotes, mas, também, ao homem comum.
Entretanto, o maior interessado na produção e sistematização do conhecimento
sociológico é o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina
científica.
Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu
universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa
da Sociologia transformar as malhas da rede, com a qual ela capta a realidade social,
cada vez mais estreita. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus
conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento
de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas
múltiplas relações sociais e, conseqüentemente, de si mesmas como seres
inevitavelmente sociais.
A Sociologia se ocupa, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo nas
relações sociais, para daí formular generalizações teóricas, como também de eventos
únicos e sujeitos à inferência sociológica, como o surgimento do capitalismo ou a gênese
do Estado Moderno, para explicá-los no seu significado e importância singulares.
É a ciência que estuda as instituições sociais (família, escola, emprego) e o
desenvolvimento das sociedades humanas. É o estudo sobre as relações sociais entre
indivíduos ou grupos da sociedade.
O dicionário define: “É a ciência das questões políticas e sociais que estuda o
desenvolvimento das sociedades humanas e no qual se pretende fundar a moral e a
legislação, tirando as noções do direito e do dever o seu caráter obrigatório".

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FILOSOFIA

É uma ciência que trata dos princípios das coisas. É um sistema de princípios
destinados a agrupar certa ordem de fatos para explica-los, especialmente em relação ao
pensamento, o raciocínio e a razão. A ética filosófica estuda à vontade, o desejo, os
preconceitos ou as motivações das ações humanas.
Filosofia (o grego Φιλοσοφία, ou seja: philos = amor, amizade + sophia =
sabedoria) modernamente é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a
investigação, análise, discussão, formação e reflexão de idéias (ou visões de mundo) em
uma situação geral, abstrata ou fundamental. Originou-se da inquietação gerada pela
curiosidade humana em compreender e questionar os valores e as interpretações
comumente aceitas sobre a sua própria realidade. As interpretações comumente aceitas
pelo homem constituem, inicialmente, o embasamento de todo o conhecimento. Estas
interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração.
Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram
influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em
conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis
em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana. A
partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam
o campo das idéias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria
realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e
procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. São organizados os
padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento
humano.
Contudo, o conhecimento científico, por sua própria natureza, torna-se suscetível
às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua
observação e manipulação, o que, em última análise, implica tanto a ampliação quanto o
questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto, a filosofia surge como "a mãe de
todas as ciências".
Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das características mais gerais
e abstratas do mundo e das categorias com as quais pensamos: Mente (pensar), matéria
(o que sensibiliza noções como quente ou frio sobre o realismo), razão (lógica),
demonstração e verdade. Pensamento vem da palavra Epistemologia. Episteme
(έπιστήμη), em grego significa "ter ciência"; "logia" significa estudo. Didaticamente, a
Filosofia divide-se em:

 Lógica: trata da preservação da verdade e dos modos de se evitar a inferência de


raciocínios inválidos;
 Metafísica: ou ontologia: trata da realidade, do ser e do nada;
 Epistemologia ou teoria do conhecimento: trata da crença, da justificação e do
conhecimento;
 Ética: trata do certo e do errado, do bem e do mal;
 Filosofia da Arte ou Estética: trata do belo.

O CONTEÚDO DA ÉTICA

A ÉTICA ESTUDA OS DEVERES HUMANOS

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A ética estuda os deveres humanos e analisa as motivações, as próprias ações e
as conseqüências. Especialmente na ética cristã, as conseqüências são importantes
porque são consideradas em relação a Deus, quanto à culpa ou à recompensa. O estudo
da ética abrange todo o comportamento humano em suas escolhas, decisões ou
obrigações. Trata-se de uma escolha entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, entre
liberdade e responsabilidade.
A ética estuda os costumes, os hábitos e se interessa pela negligência nos
deveres, transgressões dos princípios e descuido nas escolhas de valores.
A preocupação da ética é a conduta correta em cada situação da vida, mas
também considera atitudes, preconceitos, reações, motivos e resultados das ações. A
ética procura decidir o que está certo e o que está errado.

O COMPORTAMENTO E O CARÁTER SÃO DISTINGUIDOS

O comportamento é o conjunto de todas as ações que podem ser observadas


numa determinada pessoa. É o que a pessoa faz e mostra para outros. Um bom
comportamento significa seguir os princípios fundamentais que são aceitos pelo grupo ou
pela sociedade. O comportamento cristão significa viver de acordo com as normas
bíblicas e a vontade de Deus.
O caráter é o que somos, comportamento o que fazemos. Uma boa definição do
caráter é: “O caráter é o triunfo de nossa determinação sobre nossa inclinação".

A MANEIRA DE DIVIDIR AS DIFERENTES ÁREAS DA ÉTICA


DEVERES PARA CONSIGO MESMO

 Os deveres quanto ao corpo, saúde, higiene, vestimenta, alimento, condições


físicas, etc.;
 Os deveres quanto à alma, estudos, educação, formação, maturidade, bem-estar,
etc.;
 Os deveres quanto ao espírito (só na ética cristã), vida devocional, oração, vida
espiritual, desenvolvimento cristão, santificação, etc.;
 Controle das paixões e autodomínio;
 Valorização de sua própria dignidade e uma autoimagem correta;
 Cuidados com suas emoções, sensibilidade, vontade e personalidade.

DEVERES PARA COM O PRÓXIMO

 Deveres benéficos: amar, ajudar, respeitar, dar e receber favores;


 Evitar calúnias, ódio vingança, desonestidade desentendimentos;
 Atitudes corretas em relação aos pobres e doentes, bem como diante da
discriminação racial, opressão humana e escravidão.

DEVERES DOMÉSTICOS OU FAMILIARES

 Casamento, deveres entre esposo e esposa, sexo, namoro;


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 Problemas matrimoniais, casamento misto, infidelidade, adultério divórcio;
 Família: lar, deveres do pai e da mãe, filhos, educação, obediência, respeito,
autoridade no lar, culto doméstico.

DEVERES CIVIS

 Deveres para com o estado: governo, autoridades, leis, o cidadão, política, eleição,
declaração de impostos, etc.

DEVERES PROFISSIONAIS

 Quanto ao trabalho: sustento próprio, profissão, emprego, salário, honestidade,


relação patrão - empregado, preguiça, greve, INSS, etc.

DEVERES EM RELAÇÃO À PROPRIEDADE, BENS, DINHEIRO

 Propriedade, imóveis, bens materiais, herança, mordomia, negócios, honestidade,


declaração de impostos, fraudes, injustiças, sonegação, extravio, furto, etc.

DEVERES EM RELAÇÃO Á PÁTRIA

 Servir à pátria, uso de armas, guerra, guerrilhas, invasão inimiga, armas para
autodefesa, renúncia às armas, etc.

CRIMINALIDADE E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

 Comportamento anormal, crimes, assaltos, furtos, casos ilegais;


 Segurança pública, justiça, punição, culpa penalidades;
 Dependência química: uso de álcool, drogas, vícios, comportamento irresponsável.

SOFRIMENTOS, DOR, MALES

 O mal do mundo: causas e conseqüências, doenças, sofrimento de inocentes,


oprimidos, solidão, menores abandonados, atitudes diferentes.

A MORTE

 Preparação para a morte, angústia, esperança, fé;


 Homicídio, suicídio, aborto, eutanásia, pena de morte.

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Questionário 1
1. Defina ética geral.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2. Moralidade é ____________________________ com os princípios da moral.

3. O que é uma norma?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

4. Os filósofos da ética dividem as normas em diferentes graus. Cite-os.

 __________________________________________________________________
__________________________________________________________________

 __________________________________________________________________
__________________________________________________________________

 __________________________________________________________________
_________________________________________________________________

5. Marque a questão errada.

( ) A ética se interessa por todas as decisões, escolhas e avaliações que o homem


faz em todas as áreas da vida prática.
( ) Todas as atividades morais são características do ser humano e o seu
procedimento oral distingue o homem não só dos animais como também das
máquinas, computadores e robôs.
( ) O homem tem possibilidade e necessidade de uma avaliação moral dos seus
atos.
( ) O homem é dominado por um instinto, e não é dirigido por princípios práticos do
que deve ou não fazer.

6. Quais as relações da responsabilidade do homem na ética cristã?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

7. Cite as atitudes diferentes para o estudo da ética.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

8. Cite as ciências semelhantes.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

9. A Psicologia é a ________________ que estuda os processos __________


(sentimentos, pensamentos, razão) e o __________________humano.
10. O que é Sociologia?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
11. O que é Filosofia?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

12. O que é moral e cívica?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
13. Qual é a preocupação da ética?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

14. O que a ética procura decidir?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

15. Defina caráter.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

16. Cite os setes diferentes áreas dos “DEVERES” dentro da ética cristã, dando um
exemplo para cada ponto.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

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A VIDA, A NATUREZA, A ECOLOGIA

 O respeito pela vida, não matar, a caça de animais em extinção;


 Ecologia, desmatamento, meio ambiente, preservação da natureza, poluição, lixo
radioativo, energia nuclear, mudanças climáticas, abusos, etc.;
 Respeito ao Criador e descoberta dos seus propósitos para com a criatura.

O SEXO

 Em relação à procriação: relacionamento sexual, gravidez indesejada, controle de


natalidade, planejamento familiar, meios anticoncepcionais, inseminação artificial,
bebê de proveta;
 Desvios e problemas com sexo: homossexualismo, lesbianismo, pornografia,
exploração do sexo, prostituição, amantes, estupros, incestos, conduta sexual pré-
conjugal, masturbação, promiscuidade.

SAGRADO E PROFANO (especialmente na ética cristã)

 Respeito ao que é sagrado, exemplo de vida justa e piedosa, caráter cristão,


santidade;
 Influências mundanas: prazeres e diversões; modas e tradições; radicalismo e
conservadorismo; certo e errado ou licito e não licito no aspecto cristão.

A RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E RELIGIÃO

EM TODAS AS RELIGIÕES EXISTEM NORMAS ÉTICAS

Todos os homens têm por natureza uma inclinação religiosa. Ideias religiosas têm
sido encontradas em todas as culturas humanas, mesmo entre as tribos muito primitivas.
A relação entre religião e os princípios éticos tem sido conhecida durante toda a história.
Exigem, as divindades, ou o deus adorado, práticas e obediência a certas normas. Esta
relação é tão comum que muitos acham que uma ética sem qualquer vinculo com uma
religião simplesmente não pode existir. Em tempos modernos existem, porém, sistemas
filosófico-éticos que não tem sua base na religião.
É muito notável que muitos povos ou tribos têm desenvolvido um sistema religioso
moral sem sofrer influências dos outros. Todas as religiões têm suas normas de conduta e
procedimento, mas, na prática, pode ser muito diferente de uma cultura para a outra. Os
deuses sempre foram considerados como “guardiões” da ética. No Budismo, p.ex., as
cinco normas famosas:

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1) não matar seres vivos;
2) não furtar;
3) não tocar a esposa de outro;
4) não mentir;
5) não se embriagar.

Em culturas muito primitivas tem acontecido que pessoas morrem de pavor quando
souberam que tinham transgredido uma norma estabelecida pela divindade. Isto prova
que muitos povos levam seus princípios morais e religiosos muito a sério.

CASOS CONFLITANTES ENTRE A ÉTICA E A RELIGIÃO

Em alguns casos, as normas morais exigidas podem entrar em conflito com a


própria religião. Isto é o caso quando há uma mitologia religiosa muito detalhada e onde
as próprias divindades praticam abusos ou fazem erros. Será difícil de manter a
monogamia e a fidelidade conjugal, quando os próprios deuses são infiéis e vivem em
poligamia. Também será muito difícil de manter o respeito pela vida do outro, quando a
própria divindade é representada por uma imagem muito gorda ou conhecida por abusos
no consumo de bebidas alcoólicas. O deus adorado não pode exigir o que ela não
cumpre.

A religião tem uma tendência mais estável de que a ética

Apesar das íntimas relações entre a ética e a religião, é preciso observar que a
ética não depende absolutamente da religião, mas às vezes se desenvolve por outros
caminhos. Existem também sistemas éticos que não são baseadas em doutrinas ou
religiões. Às vezes os princípios éticos mudam por influências e circunstâncias exteriores.
Os sistemas religiosos que são considerados sagrados e divinos, com dogmas
estabelecidos, não mudam facilmente. Nas religiões, inclusive no cristianismo,
encontramos ensinamentos que não têm mudado nada durante milhares de anos.
O comportamento ético, as atitudes, as avaliações morais e os valores estão em
constante desenvolvimento e mostram tendências de mudar em situações diferentes. É
especialmente em situações extremas ou radicalmente novas que os princípios éticos se
desviam dos dogmas religiosos. Estas situações são, por exemplo:

Crises e calamidades

Em tempos de guerra, fome, seca, inundação ou catástrofe, os princípios éticos


ficam facilmente eliminados ou mudados. O que antes era considerado errado é
justificado pela situação desesperadora. Famintos invadindo e saqueando mercados no
Nordeste, adultos brigando com crianças por um pedaço de pão durante a guerra no
Iraque, os mais fortes e rápidos conseguiram seus lugares nos botes salva-vidas,
deixando outros para morrer. Em casos extremos, pessoas se permitem invasões
ilicitamente, furtos para a sobrevivência e diferentes métodos de autodefesa e instinto de
preservação própria. Mas podem ser pessoas profundamente religiosas.

Extrema injustiça

As reações de populações oprimidas e exploradas são imprevisíveis. Um pobre


pode ser tentado a roubar daqueles que são ricos sem considerar isto errado; um
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determinado grupo não faz apenas greve, mas agressões e violências para conseguir
seus direitos.
Quando policiais, não suportando a liberdade de perigosos marginais formando um
“esquadrão de morte”, ou lojistas constantemente sendo assaltados formando um
sindicato e fazendo a justiça com as próprias mãos. Famoso é o lendário Robin Hood, que
furta dos impiedosos ricos e distribui para seus amigos pobres.

Desvios éticos muito comuns podem ser legalizados

Um comportamento ético anormal é escandaloso, rejeitado e até punido quando há


apenas poucos casos. Uma anormalidade que se torna muito comum, porém passa a ser
considerado normal, “todo o mundo o faz” – e o erro é ignorado. Sendo muito comum e
havendo fortes pressões para mudanças, certas coisas podem ser legalizadas, p.ex.: o
divórcio, o aborto, a prostituição, os cassinos, casamentos entre homossexuais. E tudo
isto sob os mais fortes protestos da igreja e de grupos religiosos ou idealistas.

Deveres religiosos e éticos em conflitos

Em situações extremas, como nos casos citados acima, os


deveres religiosos geralmente são mais fortes do que os
deveres éticos. Numa situação caótica é muito mais fácil orar a
Deus do que amar o seu próximo. As tendências religiosas são
muitas vezes mais fortes do que o comportamento ético-
prático. Também pode ser o contrário. Motivados por
compaixão, misericórdia e amor ao próximo, regras e tabus
religiosos podem ser superados em determinadas situações.
Na Bíblia existem vários exemplos disso, por exemplo: Davi e
os seus homens comendo os pães da proposição no
tabernáculo, por causa da fome, ou Jesus curando enfermos no
dia de sábado e comendo algumas espigas de um campo,
causando a reação de alguns religiosos judeus (Mt 12.1-14).

DIFERENTES ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO DA ÉTICA

DIVISÃO TRADICIONAL DAS DIFERENTES LINHAS DA ÉTICA

Ética tradicionalista

Ela ensina que o comportamento deve ser de acordo com o que predomina na
sociedade, sem maiores reflexões sobre a sua origem os seus efeitos. Isto significa
acompanhar o pensamento comum sem muitos esforços mentais. É simplesmente seguir
o sistema ético tradicional que está em vigor. Costumes que foram aceitos em tempos
anteriores, sem críticas, devem ser conservados. Certos grupos de cristãos têm uma
tendência de generalizar os costumes e igualar coisas muito importantes com coisas
menos importantes. É um sistema ético que facilmente não muda as opiniões, atitudes e
interpretações.

15
Ética naturalista

Ensina que o homem é um produto da evolução biológica. Os fracos não têm


condições de sobreviver, mas os fortes tomam a posição de domínio. É uma ética
puramente materialista, que acredita no processo continuo de evolução humana.
Os que cuidam dos mais fracos na sociedade são criticados porque o mal é intervir no
destino de cada indivíduo e contrariar as leis da natureza e da evolução progressiva.

Ética hedonista

É uma ética baseada no prazer. O valor de uma ação depende do prazer que
proporciona. O mal é tudo o que proporciona tristeza e dor, enquanto o bem é identificado
com tudo o que dá alegria e prazer. Aquilo de que o homem gosta e o que o faz sentir-se
bem – isto é o certo. Esta é uma filosofia ética muito comum no mundo moderno e mesmo
alguns cristãos estão influenciados por esta razão ou idéias.

Ética imediatista

É o que dá mais valor para as ações imediatas. Os motivos e os preconceitos não


são considerados. O comportamento é direto e natural, sem premeditações ou objetivos
calculados, é valorizado. Segundo esta escola, as reações devem ser naturais e
imediatas como, p.ex., as ações e as reações de uma criancinha.

Ética relativista

Ensina que o próprio homem estabelece os valores que bem entender. A escolha
do certo e errado, do bem e do mal é uma escolha individual. Cada um deve estar seguro
nas suas próprias interpretações, não existem normas absolutas ou comuns para todos.
Uma atitude pode ser tão boa quanto a outra e não se deve julgar a ação do outro. É
neste espírito que se diz que todas as religiões são boas, desde que praticadas com
sinceridade. Os valores éticos são relativos e mudam de cultura para cultura e de
indivíduo para indivíduo.

Ética estética

Dá mais ênfase ao que é belo, puro, nobre e de valor estético. Esta linha da ética
valoriza muito os sentimentos e as emoções do ser humano para dar um significado maior
à própria vida. Coisas aparentemente insignificantes podem ser transformadas em belos
valores.

Ética cristã

É baseada no ensino bíblico, especialmente sobre a vida e os ensinamentos de


Jesus Cristo e dos seus apóstolos. O comportamento deve ser baseado na palavra de
Deus e de acordo com a vontade divina. A ética cristã tem vários aspectos radicais que
estão em oposição ao comportamento corrupto no mundo de hoje.

INTERPRETAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DA ÉTICA

O Antinomismo

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O termo vem do grego anti-nomos (περίληψη), sem lei, não existe normas. É a
exclusão de todas as normas, gerais ou individuais. Os valores são subjetivos. Posições
anti-nomistas existem no existencialismo representado por Kirkegaard, Nietzsche,
Sartre, e também no emotivismo representado por Ayer.

a) Sören Aabye Kierkegaard (1813-1855), filósofo e escritor


religioso da Dinamarca. Ele é o pai do existencialismo que
defendeu a singularidade de cada individuo. A sua idéia básica
é transcender o que é ético. Os valores religiosos têm uma
prioridade diante dos valores éticos, ilustrado no exemplo
quando Abraão levou seu filho amado para ser sacrificado. A
verdade não é absoluta, mas definida individualmente em cada
situação. Princípios éticos são submissos aos deveres
religiosos e desentronizados quando entram em conflito com
obrigações religiosas.

b) Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), filósofo


alemão, critico do cristianismo e doente mental durante os
últimos 11 anos, com sua filosofia sobre a morte de Deus. Ele
elimina todos os valores éticos: a ética e os valores éticos
morrem com Deus. Portanto, não há pecado, transgressão,
culpa, lei ou moral. Nietzsche apresenta um ideal estético-
heróico, um homem dominador com a força da vontade, um
super-homem. Para ele, a ética cristã era uma “moralidade de
fraqueza” e “uma forma maligna de falsidade”. Ele sustenta
uma moralidade para os fortes. No seu sistema ético são
valorizadas características como: dureza, aspereza, domínio e
força mental. Ele rejeita todos os valores absolutos e apresenta
uma nova moralidade baseada em filosofias modernas. Cada
indivíduo tem plena liberdade de criar os seus próprios valores
éticos. Não há normas gerais.

c) Jean-Paul Charles Aymard Sartre (1905-1980), filósofo e


escritor francês que desenvolveu o existencialismo de
Kierkegaard. Ele rejeitou todos os valores éticos. Para ele, a
totalidade da vida humana é absurda e toda amoral. O homem
é uma paixão inútil, uma bolha vazia no mar do nada. O
homem é livre e tudo é permitido porque não existe Deus. O
homem escolhe livremente seus valores, porém é responsável
pelo que faz. Não há leis ou normas que possam guiar uma
pessoa na sua escolha de valores. Não existem valores fora da
liberdade do indivíduo.

d) Alfred Jules Ayer (1910-1989), filosofo inglês lançou em


1930 as idéias, para uma nova escola filosófica. A sua idéia
básica é eliminação da ética. Ele aceita apenas valores que
podem ser analisados cientificamente. Todas as declarações
metafísicas ou religiosas não têm valor nenhum. Para ele, as
declarações éticas são apenas emotivas, baseadas em
sentimentos e, portanto, não verdadeiras. Não há deveres
éticos. Os valores são subjetivos. Não é possível achar um
critério para determinar os valores éticos.
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Aspectos negativos do antinomismo
 perigo de anarquia e confusão geral pela falta de normas gerais;
 irresponsabilidade individual pela absoluta falta de normas - não há nada que se
deve ou que se é obrigado a fazer;
 é irracional porque não se sujeita á critérios de raciocínio;
 há contrariedade nas escolhas livres. Assim, mentir ou furtar pode ser certo ou
errado;
 impossibilidade de solucionar problemas morais quando tudo é relativo.

Aspectos positivos do antinomismo


 um relacionamento livre e pessoal entre pessoas, sem restrições éticas;
 valorização da responsabilidade pessoal pelas ações;
 valorização das ações emotivas do individuo;
 o resultado é mais importante do que a norma ou motivo.

O Generalismo

Ensina que há normas objetivas, mas todas têm exceções. O generalismo ensina
que o certo é o que geralmente é certo, mas sem ter normas universais. É o caminho do
meio, entre a total falta de regras no antinomismo e um sistema de muitas regras éticas,
por exemplo: a ética cristã. O generalismo é especialmente representado pelos
utilitaristas, que sustentam a idéia de que os valores éticos devem ser julgados pelos seus
resultados úteis. Os atos são avaliados de acordo com as conseqüências e os fins. O
valor das normas éticas está no fato de fazer bem e ajudar o próximo. Não há regras
absolutas, mas há fins absolutos. Representantes dessa linha de interpretação da ética
são:

a) Jeremy Bentham (1748-1832), filosofo inglês, pai do


utilitarismo. A sua idéia fundamental é que as ações devem
servir para proporcionar o maior prazer possível para o maior
número possível de pessoas. Os utilitaristas são herdeiros dos
hedonistas, que apresentam o prazer como o sumo bem do
homem. O valor ético consiste em prazer físico proporcionado
ao próximo. O bem consiste em evitar a dor e procurar o
prazer. O homem que vive entre as duas virtudes, a dor e o
prazer, deve se esforçar na busca dos valores que lhe dá mais
satisfação para si mesmo ou para o próximo. As ações se
justificam pelos fins, ou seja, o bem é produzir mais prazer do
que a dor. Os atos não têm valor ético fora de suas
conseqüências.

b) John Stuart Mill (1806-1873), filósofo e político inglês,


utilitarista. Ele sustenta a idéia de que os valores éticos
dependem dos bons resultados. Ele vai um pouco além de
Bentham, ensinando que o homem não só deve buscar os
prazeres, mas especialmente os prazeres mais elevados, p.ex.,
prazeres intelectuais Estes são superiores aos prazeres
sensuais, ou físicos. As normas que existem são baseadas na
experiência humana através dos tempos. As normas podem

18
aumentar a felicidade e o bem-estar na sociedade, mas não
são regras universais.
c) George Edward Moore (1873-1958), filósofo inglês,
utilitarista que discorda das exceções. Para ele, a quebra das
normas tem conseqüências, mas raras, que geralmente são
úteis e não devem ser quebradas.
Uma pessoa nunca deve quebrar uma norma que a
maioria dos homens aceita como verdadeira. Moore sustenta
que todos os atos devem ser julgados pelos seus resultados.
As conseqüências determinam os resultados das ações.

d) John Langshaw Austin (1911-1960). Este utilitarista


inglês ensina que nenhuma regra geral deverá ser quebrada
pelo fato de ser regra geral. O homem não é capaz de julgar
quando há exceção de regras. As normas éticas se justificam
pelos resultados gerais. Os atos não devem ser julgados
individualmente, mas de acordo com o grupo de atos ao qual
pertence. Desta maneira, um pobre não pode furtar do seu
vizinho rico alegando motivos de utilidades, porque, se o furto
fosse generalizado, o efeito seria desastroso para a sociedade.

Aspectos negativos do generalismo


 admitindo exceções de algumas regras, a tendência será de quebrar outras regras
também;
 nem sempre é possível calcular o resultado bom ou mau de um ato;
 reduz o valor ético dos atos isolados, ensinando que nenhum ato é bom em si
mesmo, apenas o resultado;
 não há normas universais, apenas normas com extensão limitada;
 uma tendência materialista com alvos de puro prazer.

Aspectos positivos do generalismo


 admite uma necessidade de normas;
 solução de problemas éticos delicados pela exceção das normas gerais;
 alguns utilitaristas sustentam que as normas gerais não devem ser quebradas.

O Situacionismo

Ensina que existe apenas uma norma universal – o amor. Todas as outras normas
são relativas. É um caminho do meio, entre o legalismo com suas normas rígidas e o
antinomismo que não tem nenhuma norma. No antinomismo não há lei, nem amor. No
legalismo, a lei do dever, as normas estão acima do amor. No situacionismo, o amor está
colocado acima da lei de normas. O maior representante desta linha é:

a) Joseph Francis Fletcher (1905-1991), ensina que a


maior virtude que existe é agir com amor e responsabilidade.
Todas as outras normas são úteis, mas não inquebráveis.
Contar a verdade para alguém é necessário somente se a
situação exige ou se realmente é um ato de amor. São quatro
as características desta ética:

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 É prática: o bem, o certo é o que funciona, que satisfaz, que revela amor ao
próximo;
 É relativa: há somente uma norma universal: o amor. O resto é relativo;
 É emotiva: os atos devem ser mais motivados pelos sentimentos emotivos do
que por regras e preconceitos. Os fins justificam os meios;
 É pessoal: as pessoas é que têm valor. As coisas não têm valor e servem
apenas para serem usadas.

Aspectos negativos do situacionismo


 uma única norma não pode ser aplicada para todas as situações éticas;
 medo do legalismo com muitas normas e posições extremas a este;
 nem todas as situações podem ser definidas sob o aspecto do amor;
 afirmação categórica de uma única regra, excluindo a possibilidade de outra norma
fundamental, p.ex., a compaixão do budismo.

Aspectos positivos do situacionismo


 tem uma posição normativa. Há uma norma absoluta e outras que são úteis;
 uma norma absoluta de amor, da qual não há exceções;
 uma possibilidade de solução para questões conflitantes;
 valoriza circunstâncias diferentes. O amor define questões;
 valoriza o próprio homem e focaliza o verdadeiro amor.

O Absolutismo Não-Conflitante

Ensina que há muitas normas absolutas e universais que se harmonizam entre si.
Os absolutistas, porém, não estão de acordo quanto ao número exato de normas
absolutas, apenas quanto ao pluralismo delas. Muitos dos tradicionais pensadores
judaicos, católicos e protestantes representam esta interpretação da ética. Eles ensinam
que os próprios criados não permitem que as normas universais entrem em conflito. A
obediência às normas absolutas nunca pode resultar do mal.
Representantes do absolutismo plural são:

a) Platão (427-317 a.C.), filósofo grego de Atenas. Ele combateu o relativismo e


apresentou formas universais e absolutas. Famosas são suas três idéias básicas: o
verdadeiro, o belo, o bem.
Para o comportamento ético do ser humano, Platão apresentou
quatro virtudes:
 Coragem, que para ele significa poder em todas as
circunstâncias;
 Temperança, que significa ordem, controle, domínio próprio;
 Sabedoria, que significa capacidade intelectual;
 Justiça, que significa uma vida independente e uma função útil
na sociedade.

b) Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, que era a favor de uma pluralidade de
normas de moralidade sem conflitos entre elas. Segundo ele, há muitas normas absolutas
e invioláveis para a conduta humana. Para ele, a única base válida para a conduta ética é
o imperativo categórico, p.ex.: o dever por amor ao dever e não o dever pelo amor à
felicidade. Kant tinha um forte senso de dever e ensinou, por exemplo, que uma pessoa
nunca deve mentir, nem mesmo para salvar uma vida. Ele acreditava num bem sem
limites, uma boa vontade.
20
Questionário 2
1. Comente alguns casos de conflitos dentro da ética e religião.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2. Diga por que a religião tem uma tendência mais estável que a ética.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

3. Dê alguns exemplos de desvios éticos.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

4. O que ensina a ética naturalista?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

5. O que é a ética hedonista?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

6. Escreva aqui as diferentes linhas da ética.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

7. Fale sobre as diferentes linhas da Ética.


 Antinomismo:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

 Situacionismo:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

 Generalismo:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

 Absolutismo não-conflitante
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

 Absolutismo ideal: ___________________________________________________


__________________________________________________________________

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Outros absolutistas podem aceitar algumas modificações do
sistema de Kant, por exemplo, em casos extremos: falsificar,
enganar ou mentir para livrar um inocente de um perigoso
marginal.

Aspectos negativos do absolutismo não-conflitante


 aceitação de normas absolutas e universais sem um exame
completo;
Immanuel Kant  tendências legalistas e de inflexibilidade (não mentir para
salvar vidas);
 o aspecto não-conflitante não parece ter relação entre si;
 a igualdade entre muitas normas é duvidosa porque na vida real há conflitos éticos
e prioridades morais.

Aspectos positivos do absolutismo não-conflitante


 valorização das normas absolutas de moralidade;
 harmonia não-conflitante entre as muitas normas morais;
 tentativa de definições claras de normas absolutas.

O Absolutismo Ideal

Ensina que há muitas normas universais, porem têm conflitos entre si. Não existem
representantes claramente definidos desta interpretação da ética, mas os ensinamentos
principais são os seguintes:
1- Há muitas normas absolutas = princípios éticos que nunca devem ser quebrados;
2- É errado quebrar qualquer norma absoluta;
3- As normas absolutas não entram em conflito porque cada uma tem a sua própria
área separada de atividade humana, sem violar outra norma;
4- O pecado pode causar um conflito entre as normas. Um mundo de pecados e
transgressões não era da intenção de Deus e não é um mundo ideal;
5- Deve, não subentende pode. Os seguidores do absolutismo ideal não concordam
com Kant, que ensina: devo, portanto, posso. Pode haver uma responsabilidade
moral ainda quando não é possível realizar aquilo que a pessoa deve fazer;
6- Num conflito, é certo fazer o menor dos dois males. Numa circunstância, é
desculpável transgredir um principio ético em favor de outros mais importantes.
Fazer o menor de dois males é perdoável mediante a confissão da culpa.

Aspectos negativos do absolutismo ideal


 uma tendência legalista e um atendimento errado da responsabilidade moral;
 problemas da cristologia, se há situações onde o pecado e inevitável.

Aspectos positivos do absolutismo ideal


 o esforço de manter muitas normas absolutas;
 a tentativa de explicar a natureza da responsabilidade e da graça;
 um critério simples quanto à culpa, uma norma universal nunca deve ser quebrada.
Uma solução sem exceção.

22
O Hierarquismo

Ensina que há normas universais ordenadas hierarquicamente (em ordens


graduadas ou subordinadas uma às outras).
As normas são ordenadas com variações entre o menos bem e o máximo bem. Os
valores devem ser avaliados ou pesados e a pessoa deve agir de acordo com isto.
Os bens maiores têm prioridade sobre os inferiores. Os seguintes princípios são
oferecidos como guia para fazer decisões, tendo em vista possíveis conflitos de valores:

1- As pessoas são mais valiosas do que coisas: não devem ser usadas, mas amadas,
ou devem ser tratadas como fins, mas nunca como meios. Os homens têm
autoconsciência, autodeterminação e podem se comunicar entre si;
2- Deus tem um valor infinito, enquanto os homens só têm valor finito: importa antes
obedecer a Deus do que aos homens;
3- Uma pessoa completa é mais valiosa que uma incompleta: pessoas incompletas
têm capacidades físicas ou mentais limitadas;
4- Uma pessoa que existe é mais valiosa do que uma pessoa em formação: é o caso
do aborto: a mãe tem mais valor do que o feto que ainda não nasceu;
5- Uma pessoa em potencial (em formação) é mais valiosa do que coisas: é por isso
que se deve dar grande respeito à vida humana, até mesmo como embrião. Uma
pessoa em potencial é de valor tão grande que não deve ser sacrificada por
nenhuma coisa no mundo. Nem um computador sofisticado ou animal treinado – e
muito úteis – jamais podem saber que são úteis e, por isso, qualquer ser humano é
superior a objetos ou animais;
6- Muitas pessoas são mais valiosas do que poucas pessoas: há algo
qualitativamente superior em muitas pessoas do que em poucas. É a questão
quando for preciso decidir salvar 50 pessoas, ou uma ou duas. O principio de maior
valor pelo maior número não pode ser aplicado para casos como grandes cidades
ou grandes famílias;
7- Atos pessoais que promovem a personalidade são melhores do que os que não
promovem. Nem todos os atos têm o mesmo valor; alguns são impessoais, outros
pessoais. Alguns atos são até antipessoais.

Aspectos negativos do hierarquismo


 a dificuldade de determinar certas normas superiores e inferiores;
 a possibilidade de haver discordância sobre a ordem dos valores;
 a possibilidade de transgredir normas universais que não têm prioridades no caso
em questão.

Aspectos positivos do hierarquismo


 a própria Bíblia apresenta uma hierarquia em questão de valores morais;
 as normas de amor e misericórdia sempre têm prioridade;
 os maiores valores nunca são sacrificados em favor de menores;
 há casos de isenções de normas inferiores, mas nunca exceção a elas;
 as normas absolutas são universais somente no seu contexto;
 o hierarquismo tenta ser uma síntese das demais opções da ética;

Um resumo das opções da interpretação da ética


1- O antinomismo exclui todas as normas e responsabilidades;
2- O situacionismo sustenta apenas uma norma universal – o amor;
3- O generalismo tem muitas normas, mas todas sujeitas a exceções;

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4- O absolutismo não-conflitante tem muitas normas universais sem conflitos;
5- O absolutismo ideal tem muitas normas com possíveis conflitos entre si;
6- O hierarquismo tem muitas normas universais, mas os deveres são prioritários, que
isenta de deveres inferiores. É uma posição que tenta sintetizar as outras.

A CONSCIÊNCIA
Um dos aspectos mais interessantes no estudo da ética é aquele que trata da
consciência humana – essa voz interna que pretende nos guiar em nossas escolhas e
decisões. A definição exata do que realmente é a consciência, não é tão fácil e existem
varias filosofias diferentes sobre a questão. As opiniões divergem quanto à origem, função
e características da consciência humana. A consciência é algo tipicamente humana e não
se encontra no mundo animal.

DIFERENTES CONCEITOS E DEFINIÇÃO DA CONSCIÊNCIA

A opinião do empirismo

O empirismo é a filosofia sobre a experiência humana. Ensina que todas as ideias


e todo o conhecimento que o homem possui vêm de experiências através da história.
Para o empirismo, a consciência humana é um produto natural do próprio homem,
resultante de muitos fatores e muitas experiências ao longo do tempo histórico. A
consciência seria, portanto, um produto da própria evolução humana.

A opinião do idealismo ético

O idealismo é um ramo filosófico que ensina, desde Platão, que a essência


fundamental do ser é de caráter idealista ou espiritual. Os valores subjetivos do próprio eu
são mais valorizados do que os valores objetivos.
Para o idealismo ético, a consciência não surgiu com resultado de experiências,
mas é hereditária. As experiências humanas não são infalíveis, mas muitas vezes
contraditórias. As opiniões humanas não são constantes, mas muito relativas e tem uma
tendência de mudar com os tempos e de individuo para indivíduo. O idealismo ético diz
que a consciência acompanha o homem desde seu nascimento porque já a criancinha
sabe escolher entre o gostoso e o ruim.
Tribos primitivas e totalmente isoladas de outras culturas revelam também um
senso pelo bem e o mal. Outro argumento que o idealismo ético usa é que os seres
humanos sentem culpa e se arrependem ao fazer o mal, mas sentem alegria ao fazer o
bem. Estas reações são naturais para o homem e o distinguem dos demais animais.
O idealismo ético é secular e neutro no sentido religioso. Reconhece as atividades
da consciência e representa as seguintes características da consciência humana:
1- é hereditária e segue o homem desde o seu nascimento;
2- é comum. Todos os seres humanos têm consciência e capacidade de sentir os
seus próprios erros. Ninguém deve julgar os erros de outros;
3- é individual e cada um tem responsabilidade por si mesmo;
4- é infalível, sempre tem razão;
5- é categórica e só conhece dois resultados: culpado ou livre, certo ou errado, não
há meio termo ou neutralidade. A consciência é a autoridade absoluta e não se

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pode escapar do seu juízo, como por exemplo: explicações que o ato deu bons
resultados ou aceitação de outros que não consideram o ato praticado mal em si;

6- é judicial. A consciência declara o que foi errado e o que devia ter sido feito, mas
não foi feito. Isto pode tornar-se um problema para uma pessoa sensível.
Sentimentos profundos de culpa, e decorrente consciência pesada. Pode causar
depressões, desespero e até suicídio.

A opinião da ética teológica ou cristã

A consciência está relacionada com Deus, e o cristão não consegue explicar a


existência dela sem a fé num criador. Para alguns cristãos, a consciência é a imagem de
Deus no homem, ou mesmo a voz de Deus no coração do homem. A Igreja Católica
sustenta, desde muito cedo na história, um dogma muito rigoroso a este respeito – "Lex
naturae", a lei de Deus nos corações, escrita na mente e reconhecida pela consciência.
Os reformadores protestantes, Lutero e Calvino, seguiram estes pensamentos e nos seus
escritos existem idéias sobre uma lei moral que Deus tem implantado no homem. A
consciência é vista como a verdadeira essência da alma e de origem divina.
Os chamados “pais da Igreja”, especialmente Agostinho de Hipona (354-430) e
Tomás de Aquino (1225-1274), em suas cartas falam muito sobre a consciência. De
Aquino, por exemplo, escreve que “a consciência é a luz de Deus que ilumina a alma".

Durante muitos séculos, o termo consciência desapareceu da


teologia ética, mas voltou a ser usado nos tempos modernos, tanto
pela teologia como pela psicologia. O filósofo francês Jean Jaques
Rosseau (1712-1778) glorificou a consciência humana como "o
instinto divino" ou "a voz celestial e imortal".
A teologia ética geralmente ensina que a consciência não é
diretamente a voz de Deus, mas pelo menos um órgão divino que o
capacita a ouvir a voz de Deus, ou seja, um órgão pelo qual o homem
percebe e aceita as idéias éticas que vem de fora. A consciência é
órgão do juízo ético, o monitor das decisões e das ações.

Consciência tem o sentido de conscientizar, conhecer ou saber junto, com. Para o


cristão isto significa concordar com Deus sobre o que está certo e o que está errado. O
M.llesby define a consciência como: “a percepção de uma lei sagrada e sobre- humana”.
A consciência significa concordância com Deus, mas também com a nossa
herança: ensinamentos, cultura e ambiente. Uma boa consciência é harmonizar-se com
Deus e depender dele. A consciência é importante para possibilitar sentimentos, tais
como: culpa, arrependimento, perdão e paz interior. A consciência, na opinião cristã, se
relaciona em primeiro lugar com o reconhecimento do pecado e a libertação pela
salvação. Através do arrependimento e perdão do pecado, o homem é justificado e chega
a possuir uma consciência limpa perante Deus. Este aspecto da consciência é ignorado
ou esquecido por muitos humanistas contemporâneos.
Muitos cristãos pensam que uma consciência que não se relaciona com Deus não
é uma ética digna de confiança, ou muito incompleta, e o aspecto mais profundo e sério
da consciência é da responsabilidade pessoal pelos atos praticados. Uma consciência
cristã pura e sincera é aquela que no último dia se revela na pergunta: “Quando te vimos
nu e te vestimos, com fome e te demos de comer, ou enfermo e te visitamos”?
E a resposta de Jesus é: “... O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais
pequeninos, também a mim deixaram de faze-lo” (Mt 25.45). Para viver em perfeita
25
harmonia com a vontade de Deus é preciso utilizar a consciência e se relacionar com ela
de maneira adequada.

Opiniões modernas e materialistas sobre a consciência

Para alguns, a consciência é como um desmancha-prazeres, uma voz irritante que


avisa a pessoa a fim não fazer algo que gostaria de fazer.

Outro conceito, na sociedade moderna, identifica a consciência como um forte


senso de responsabilidade. A consciência se manifesta num homem que reage contra as
injustiças e se envolve nos problemas éticos e sociais da comunidade. É uma consciência
que reage contra os preconceitos e discriminações. Pessoas que, às vezes consideradas
como "a consciência da humanidade", envolvem-se em questões como: violação de
direitos humanos, opressão física ou psíquica, lavagem cerebral, injustiças sociais,
reforma agrária e o legalismo carente de sensibilidade. Mesmo na ética puramente
materialista existe uma busca de valores verdadeiros, adquirido no confronto com as
experiências de vida própria, ou de outros, para o beneficio geral da humanidade e
especialmente dos oprimidos.

A importância e o valor da consciência

Uma pessoa que utiliza a sua consciência é digna de confiança porque é sensível e
reconhece os seus limites e os seus deveres. O homem de consciência sadia sabe o que
se espera dele e sabe agir de acordo com suas normas éticas, sem cálculos egoísticos.
Tal pessoa é aberta para a autocrítica e aceita a crítica corretiva quando erra. O homem
consciente conhece o caminho do arrependimento e, errando, torna-se consciente de seu
erro e o reconhece francamente.

A consciência exige que as escolhas sejam sinceras. Uma consciência sadia não
aceita fingimentos ou atitudes superficiais de uma convivência humana digna e normal. A
fidelidade à consciência é o caminho em busca da verdade do bem. Neste sentido, os
cristãos e os não-cristãos têm muito em comum. A obediência à consciência é uma boa
maneira para achar soluções dos problemas morais que surgem na vida do indivíduo ou
na sociedade. Na ética cristã, a consciência é importante para reconhecer o pecado.

A CONSCIÊNCIA EM CONFLITO

Influências que corrompem a consciência

Um problema na sociedade moderna é que muitas forças e tendências têm uma


influência desastrosa sobre a consciência. Hoje, o prazer e o lucro dominam sobre a
consciência.
As pessoas da sociedade hodierna sentem cada vez menos restrições interiores
contra a desobediência de qualquer principio moral, social ou religioso. Existem fortes
tendências de abertura, liberdade individual, frouxidão moral, negligência e desrespeito na
sociedade moderna. A tolerância é cada vez maior. Coisas que antigamente eram
escandalosas não são mais, princípios éticos praticados por todos em outras épocas são
rejeitados e as transgressões das leis são cada vez mais freqüentes.
A lei e os princípios são vistos como inimigos e considerados como obstáculos ou
impedimentos à liberdade individual que está em moda hoje. Num mundo agitado e
violento, injusto e egoísta, os homens não dão ouvidos à voz interior da consciência, mas
transgridem repetidamente princípios da ética. Os homens se tornam duros, insensíveis,
26
frios, apáticos, negligentes e até criminosos. O pecado não é fazer o mal, mas ser
apanhado em flagrante. Mentir não é errado se for a beneficio da própria pessoa.
Juramentos e testemunhos em processos judiciais nem sempre merecem crédito.
Perseverando no caminho do erro e da injustiça, a voz da consciência pode ficar
tão corrompida ou apagada que a pessoa perde a sua sensibilidade normal. Tal pessoa
não tem mais condições de reagir de maneira normal. Com uma consciência totalmente
apagada, o homem é endurecido e torna-se um perigo para toda a sociedade. Tal homem
não tem mais capacidade de arrepender-se dos seus males ou mudar de vida. Não
havendo mais reações da consciência, o homem perde uma de suas mais delicadas
características e se aproxima do mundo animal.

Conflito entre diferentes culturas e tradições


No mundo moderno de turismo e intercâmbio internacional, costumes e
comportamentos entram em constantes conflitos. Diferentes culturas, tradições, religiões,
modas, atitudes e avaliações estão constantemente se enfrentando.
Os meios de comunicação transmitem idéias diversas oriundas de muitíssimas
fontes ao redor do mundo. Existe no mundo de hoje uma grande liberdade, e o
individualismo está em alta. A liberdade individual deve ser respeitada e é preciso haver
tolerância com os que são diferentes. Grupos exclusivos, como por exemplo: hippies,
punks e homossexuais exigem respeito e tolerância dos que discordam do seu
comportamento e seus costumes.
Valores éticos e tradicionais se chocam com novos valores morais, ou melhor, com
a falta destes. O entendimento entre as gerações, mesmo entre pais e filhos, é dificultado
por causa das constantes influências do mudo moderno.

Princípios cristãos em conflito com influências mundanas

Um número muito grande de pessoas, na sociedade, é constituído de cristãos. Eles


vivem em constantes conflitos entre os princípios do Reino de Deus e as influências do
mundo. Uma grande questão é como o cristão possa continuar mantendo as restrições
éticas, quando a maioria dos homens na sociedade as tem eliminado.
O cristão reconhece que a consciência pode ser corrompida pelas influências do
mundo. As pessoas de fora podem apagar a sensibilidade até mesmo do crente. As
igrejas cristãs entram em conflito com a própria sociedade em questões como, por
exemplo: legalização do divórcio, do aborto ou do homossexualismo.
Alguns males ou pecados tornam-se tão frequentes que são legalizados e recebe
apoio da própria lei governamental. O cristão enfrenta frequentemente situações onde
precisa escolher entre seguir os princípios éticos que a Bíblia ou sua igreja ensina, ou
fazer aquilo que todo o mundo faz e o que é comumente aceito. Em algumas questões, a
Bíblia dá certa liberdade nas escolhas: “Julgai entre vós mesmos se é conveniente". Para
o cristão, o erro não consiste apenas numa transgressão de um princípio divino, pois,
fazer algo contra a sua própria consciência é também um erro.

A CONSCIÊNCIA E A BÍBLIA
No Antigo Testamento

A palavra consciência não aparece no AT, mas a função da consciência é várias


vezes expressa pelo termo “coração”. Em 2 Samuel 24.10, onde está escrito que "o
coração de Davi o acusou”, algumas traduções usam a palavra "consciência".

A função da consciência no sentido de acusar sentimentos de culpa e angustia é


claramente mostrada em casos como estes:
27
 Adão e Eva se escondendo no jardim do Éden após a queda
(Gn 3.8);
 o desgosto de Caim depois de ter matado Abel (Gn 4.12-13);
 a culpa e a angústia dos irmãos de José por tê-lo vendido (Gn
42.12-21);
Página do Antigo Testamento,  a expressão de profunda angústia de Davi pelo crime que
datado do 11º século, escrito em
aramaico
cometera (Sl 32.1-5).

Muitos outros textos sobre o coração parecem também se referir à consciência:


 o coração do velho Salomão que não reagia como antes (1 Rs 11.4);
 o coração que acusaria, como um fogo, se Jeremias não continuasse no ministério
de anunciar o Senhor Deus para o povo (Jr 20.9);
 a lei divina escrita no coração dos homens (Is 51.7 e Jr 31.33);

 o coração alegre, ou espírito oprimido, como uma consciência limpa ou pesada.


(Pv 17.22);
 num coração quebrantado, pode haver culpa e angustia (Is 61.1).

No Novo Testamento

O Novo Testamento grego usa a palavra syneidesis para designar a consciência


moral do ser humano. A palavra não ocorre nos quatro evangelhos, mas em uma versão,
em João 8.9, diz: “Quando ouviram e pela consciência convencidos..." (em contraste com
o próprio Jesus em João 8:46).
A palavra consciência é introduzida no NT por Paulo. Em Rm 1.19-20 e 2.14-15 ele
faz referência à função da consciência falando de uma lei natural escrita no coração,
mesmo daqueles gentios que nunca ouviram falar do evangelho.
No capitulo 14 de Romanos, Paulo ensina sobre a função da consciência. Para ele
é importante ter uma convicção moral e agir de acordo com esta convicção. Um erro é
pecado, é agir contra a sua própria convicção (consciência). Ninguém deve julgar o outro,
mas cada um deve agir de acordo com a sua própria consciência. (Rm 14.14,17 e 23).
Em Romanos 13, Paulo ensina que a pessoa que segue a sua consciência não
precisa temer da ira ou da injustiça; só a pessoa que praticar o mal e não obedecer à sua
própria consciência deve ter este temor. (Rm 13.3-5).

28
Questionário 3
1. O que diz a teologia ética a respeito da “consciência”?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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2. Cite algumas influências da sociedade moderna para corromper a consciência das


pessoas hoje.
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________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________

3. Mencione alguns exemplos de questões éticas, que foram legalizados hoje pela nossa
sociedade, as quais entram em conflitos com a própria igreja, ou os princípios cristãos.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

4. A palavra de Deus tem como objetivo _________a _______________ o ___________.

5. A consciência aplica o padrão moral na pessoa. O que é este padrão moral?


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________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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6. Sobre o que a consciência reage?


________________________________________________________________________
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7. Onde se fundamenta a ética cristã?


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8. Caracterize a ética cristã.


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9. Quais os deveres do homem na ética “TEÌSTICA”?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

10. Registre um exemplo prático da “NOVA MORALIDADE”, o qual nós vivenciamos nas
ultimas décadas, aproximadamente nos anos sessenta, do nosso século.
29
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

11. No A.T. temos uma ética em __________________________ é a ética de


___________ religioso que _____________ em rumo à ________________ em Cristo.

12. O que é e para quem é a ética do N.T.?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

13. Em termos éticos. O que a lei diz e o que Jesus diz?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

14. Dentro da ética cristã registre alguns princípios para formarmos um “PADRÂO
MORAL CRISTÂO”.
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________________________________________________________________________
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30
Textos do NT sobre uma consciência contaminada
 uma pessoa, com consciência endurecida, pratica o mal (1 Tm 4.1-2);
 naufrágio na fé por não seguir a sua consciência (1 Tm 1.19);
 uma consciência contaminada perde a capacidade de discernir entre o bem e o
mal, o certo e o errado (Tt 1.15);
 uma consciência entenebrecida é o mesmo que um coração endurecido: é
insensível e se acostuma a fazer o mal (Ef 4.18-19 e Mc 3.5);
 com uma consciência fraca e contaminada, a pessoa se corrompe por imitar ou ser
seduzida a praticar o errado (1 Co 8.7,10,l2).

Textos do NT sobre uma consciência pura


 uma consciência que rejeita coisas ocultas e vergonhosas é recomendada (2 Co
4.2);
 deve se conservar uma boa consciência dando ouvido à voz de Deus (1 Tm 3.8-9);
 manter a consciência limpa perante Deus e os homens (At 23.1; At 24.1-6 e 2 Tm
1.3);
 esta é a nossa glória (2 Co 1.12);
 um coração purificado ou tranqüilo - uma consciência limpa (Hb 10.22 e 1 Jo 3.19);
 uma boa consciência para com Deus significa estar de acordo com Ele, concordar,
conscientizar (1 Pe 3.21);
 a consciência do cristão é no Espírito Santo (Rm 9.1);
 o sangue de Jesus Cristo purifica a consciência de obras mortas (Hb. 9.14);
 uma boa consciência pode significar um bom comportamento, mesmo sendo
criticado (1 Pe 3.16);
 uma boa consciência é conservada mostrando desejo de um comportamento
correto em tudo (Hb 13.18);
 a consciência deve funcionar com liberdade, sensibilidade e responsabilidade (1
Co 10.23,25 e 27-29).

A INFLUÊNCIA DA BÍBLIA SOBRE A CONSCIÊNCIA

A palavra de Deus reforça as acusações da consciência porque tanto a consciência


quanto a Bíblia têm como princípio básico a vontade de Deus, o bem e o verdadeiro. A
consciência serve para ajudar uma pessoa a voltar para os caminhos do Senhor. A Bíblia
mostra que a nossa consciência é tão séria e assustadora quanto ela própria indica. As
transgressões que o homem faz não são apenas contra si mesmo ou contra o próximo,
mas mais profundamente contra o próprio Deus.
O filho pródigo confessou: "...: Pai, pequei contra o céu e contra ti..." (Lc 15.21); e
Jesus ensinou que tudo o que é feito em favor ou contra um dos mais pequeninos irmãos
é feito a Ele próprio (Mt 25.40).
Deus pode usar a sua palavra de muitas maneiras, por exemplo: como uma
advertência, um sermão, uma repreensão ou uma leitura bíblica. A tristeza e a dor que a
palavra pode causar têm como objetivo levar o homem de volta a Deus. É o caso dos
milhares no dia de pentecostes em Jerusalém (At 2.37), e o carcereiro de Filipos (At
16.30).
A palavra de Deus atinge a consciência (ou o coração) e tem como objetivo levar o
homem ao arrependimento e conversão para alcançar uma consciência limpa e em
harmonia com Deus e com todos (At 3.19).

31
A NATUREZA E A FUNÇÃO DA CONSCIÊNCIA

A consciência é uma capacidade interna do homem. É possível sentir as pressões


da consciência. Lutar com ela ou confiar nela, mas é difícil de explicar cientificamente o
que realmente é. Todas as interpretações ou idéias diferentes sobre a consciência
concordam com o fato de que ela é importante e indispensável.
A consciência é algo que existe dentro do homem e não é algo que é de origem
externa. Muitas vezes, a consciência é identificada como a interiorizarão de influências
externas, p.ex.: a aceitação interna de princípios que vêm de fora em forma de conselhos,
ensinamentos, leis, costumes e princípios. Estas formas podem ser fornecidas por pais,
amigos, professores, igrejas, Bíblia ou governos; mas a própria consciência é algo
essencialmente interno do ser humano.

A CONSCIÊNCIA FUNCIONA COMO O EGO MORAL

É a parte da mente ou da psique que trabalha com as avaliações do certo e do


errado. A consciência tem elementos diferentes e consiste em componentes mentais,
racionais, emocionais e decisivos (da vontade). A função da consciência é um trabalho
interno, sem opiniões ou pressões de fora.
A consciência recebe certa influência dos ensinamentos e das experiências da vida
que são exclusivas para cada individuo. Mas a consciência é muito individual e funciona
em cada pessoa de modo diferente ou de modo particular. A consciência não fala para
grupos, mas individualmente.

O PADRÃO MORAL QUE A CONSCIÊNCIA USA É FORMADO POR APRENDIZADO

Todas as pessoas têm por natureza certas noções sobre o certo e o errado. Isto se
chama geralmente “lei natural”. Em todas as civilizações existem certos princípios básicos
que parecem ser naturais para o homem, por exemplo: respeitar a vida, a propriedade ou
a esposa de outra pessoa. Mentir, fraudar, torturar, abandonar filhos ou família são
atitudes muito comuns no mundo, mas o conceito universal é que tudo isto é errado.
O apóstolo Paulo fala sobre uma lei natural escrita nos corações dos gentios,
mesmo sem conhecer Deus e o evangelho de Cristo (Rm 2.14-15). Esta lei natural porem
nunca é completa. A consciência precisa ser desenvolvida através de ensinamentos,
conselhos, advertências, princípios, experiências de vida e crença religiosa.
A consciência verdadeira que está em pleno acordo com a vontade de Deus se
perdeu pela queda no pecado pelos primeiros homens. Cada pessoa precisa, portanto, se
esforçar e lutar para restabelecer os padrões morais originais.
Muitas coisas podem contribuir para estabelecer os padrões morais de uma
pessoa, por exemplo: família, amigos, sociedade, escola, igreja ou cultura. As funções da
própria família e os ensinamentos no lar são de suma importância para a formação do
caráter e do padrão moral de uma pessoa. A corrupção moral em nossos dias muitas
vezes é causada pela falta de padrão moral adquirido no próprio lar. Quase sempre os
chamados "marginais" se criaram sem instruções, normas e instrução sobre o certo e o
errado. Família, educação e ensino são fatores importantes para a formação de normas
éticas. Para os cristãos, a palavra de Deus e o Espírito Santo são indispensáveis para a
formação de normas ético-cristãs.

32
A CONSCIÊNCIA APLICA O PADRÃO MORAL

O padrão moral de cada pessoa é o conjunto de crenças, princípios, avaliações e


ensinamentos sobre o certo e o errado que foram adquiridos ao decorrer dos anos. O
padrão moral que uma pessoa segue não é estabelecido pela própria consciência, mas a
consciência fortalece o padrão moral que a pessoa possui e tenta persuadi-la a viver de
acordo com ele.
A consciência não é um instinto como no caso de animais, nem hereditário em sua
forma completa. A capacidade moral que chamamos de consciência acompanha o
homem durante toda a vida, mas depende de muitos fatores externos de como a pessoa
vai utilizar sua consciência. A própria consciência é a capacidade interna, mas o padrão
moral adquirido é a base ou a fonte que a consciência usa para tomar suas decisões.

DIFERENTES FUNÇÕES DA CONSCIÊNCIA

A consciência age de muitas maneiras diferentes. A utilização da consciência


depende também de vários fatores. Algumas pessoas nunca receberam os ensinamentos
ou princípios morais que formam a base para as avaliações éticas. Outros podem
contrariar sua própria consciência até o ponto de ficarem inteiramente endurecidos ou
insensíveis para as reações da consciência. Pessoas com um alto grau de sensibilidade
podem até ouvir a voz da consciência falando pela sua própria boca.

A consciência exige submissão e quer servir de guia

A consciência pretende orientar o homem nas suas escolhas morais e decisões


sobre o certo e o errado, pois ela lê e interpreta o padrão moral diante de certas questões.
A consciência exige que a pessoa se ajuste às suas convicções sobre o bem e o mal.
Uma consciência sadia, que funciona, é um dos valores mais altos na sociedade
humana. É muito natural que os cristãos vejam na consciência uma intervenção divina no
ser humano. A consciência é de origem divina e o seu objetivo é guiar o homem na
vontade de Deus.

A consciência avisa sobre erros e desvios

A consciência reage antes mesmo da própria ação. Diante de uma tentação, a


consciência tenta convencer a pessoa a escolher o certo e a se desviar para o mal. Surge
um debate entre a consciência e a natureza egoísta sobre o certo e o errado. É uma
batalha de moralidade e honestidade. A consciência não vacila, mas revela
imediatamente o seu julgamento. Uma pessoa que faz algo errado percebe a voz da
consciência tanto antes quanto depois da ação. Quem está a caminho do mal ouve a voz
da consciência avisando do desvio iminente. Antes da própria ação, a consciência coloca-
se em posição de alerta, aviso e julgamento. Antes do ato praticado, a consciência tenta
avisar, controlar e dirigir, mas logo após o ato ela passa a culpar e julgar.

A consciência pode culpar uma pessoa mesmo sem muito conhecimento

É o caso da “lei natural escrita nos corações" de que Paulo fala em Romanos,
capítulos 1 e 2. Paulo diz que os gentios, que praticam males e adoram outros deuses,
são inescusáveis porque têm alguma capacidade interna e natural de discernir entre o
bem e o mal (Rm 1.18-21, 28,32; 2.14-15). A consciência, portanto, presta testemunho de
um Criador e pode acusar uma pessoa por não seguir a lei natural escrita no coração.
33
A consciência acusa, julga e incomoda o agir errado

Logo após qualquer desvio do padrão moral ou transgressão de alguma lei, a


consciência passa para o julgamento do ato.
Ela faz o julgamento de maneira insistente, com freqüência e incansavelmente.
Quando a consciência for violada, a pessoa pode sofrer grandes danos e sentir remorso,
mal-estar, desconforto abatimento e desespero. A consciência acusa porque compara as
nossas ações com o nosso próprio padrão moral, com o comportamento correto de outros
e com a vontade de Deus escrita na Bíblia.
A consciência não explica porque condena uma determinada ação, apenas diz se é
certa ou errada. Às vezes acusa com tal intensidade que a pessoa perde o ânimo, o sono
e a vontade de continuar fazendo aquilo em que estava ocupado na ocasião de errar.
A consciência julga:
 as ações erradas praticadas em qualquer circunstância;
 os motivos das ações erradas, porque estes são causa direta e fundamental de
nossas ações;
 as palavras que usamos, o que dizemos e o que elas dizem;
 os pensamentos ocultos e impuros. É o ponto onde mais se abafa a voz da
consciência, porque não ocorreu nenhuma ação concreta ou visível. Pensamentos
acusados pela consciência, mas constantemente abafados, podem diminuir a
sensibilidade e resultar em atitudes erradas;
 as atitudes, porque revelam nossos sentimentos íntimos e nossas opiniões sobre
as coisas. Há muitas atitudes diferentes, carnais e espirituais, como por exemplo:
de amor, ódio, desprezo, solidariedade, severidade, ira; de indiferença,
nervosismo, orgulho, racismo. As atitudes estão num nível um pouco abaixo dos
pensamentos, mas a consciência tem acesso a todos estes níveis da nossa mente.

Reações humanas para estas acusações da consciência

Uma pessoa vive em constante conflito com a sua consciência. É inerente à


natureza humana reagir contra as críticas e acusações, mas revoltar-se contra a voz da
consciência apenas lhe aumenta o poder de acusação.
O desejo de escapar da responsabilidade e da culpa é uma reação natural do
homem pecaminoso. Adão e Eva se esconderam da presença de Deus quando pecaram
(Gn 3.7-8); mas Davi confessou o pecado e se arrependeu (2 Sm 24.10). O homem que
sente a culpa do pecado prefere evitar a presença de Deus, tem medo de assistir a um
culto religioso e não quer saber nada sobre a morte, condenação e inferno.

As diferentes atitudes humanas perante as acusações da consciência


 tentativas de fugir, apagar, abafar, ignorar e se endurecer;
 tentativas de se desculpar, diminuir, justificar, inferiorizar o erro;
 corrigir, arrepender-se, pedir perdão, melhorar, reabilitar-se do erro.

A consciência não aceita explicações e não muda

Não é possível discutir com a consciência, porque ela não se deixa convencer por
desculpas ou justificativas. Mesmo havendo fatores favoráveis ou resultados aceitáveis de
ambas as partes, a consciência é categórica e não muda de opinião. Ela também fala nas
horas mais inadequadas.
Ela pode desmanchar planos já elaborados, perturbar o sono. Anos após a
consciência pode lembrar erros cometidos. Muitos querem se livrar das acusações
34
persistentes da consciência, mas é um recurso que Deus tem dado ao homem para
capacita-lo a mudar de comportamento, e sentir alívio através do arrependimento e
recebimento de perdão.
A consciência funciona o tempo todo, mas a sua força pode variar. Pode falar
suavemente, mas também pode acusar violentamente. A consciência é suave por
natureza, mas dificilmente engana. É como uma bússola que sempre aponta para a
mesma direção. A consciência geralmente se recusa a ser influenciada por outras forças,
nem mesmo em situações de perigo, acidente ou pânico. A consciência é teimosa e firme,
porém nem sempre infalível, porque pode estar corrompida.

Uma consciência pura

Poucas recompensas podem ser comparadas com a profunda satisfação de ter


uma consciência pura e sadia. Este é um dos valores mais preciosos da existência
humana: ter uma consciência pura e, portanto, viver em perfeita harmonia consigo
mesmo, com o próximo e especialmente para com Deus. A Bíblia (1 Co 8.5-10) tem muito
a dizer a esse respeito.

Uma consciência contaminada ou inexistente

A consciência não é totalmente infalível em todos os casos e em todos os


indivíduos Muitas vezes é enfraquecida, apagada ou pervertida de tal maneira que não é
mais um guia infalível para nos orientar. Em alguns indivíduos, a consciência é
praticamente inexistente, e por diferentes razões. Pessoas, cujas consciências não
funcionam normalmente, são pessoas de comportamento imprevisível. Geralmente
perigosas, que se constituem numa ameaça para todos. Sem uma consciência que
funciona, não há desejo de fazer o bem e nem aversão ao mal.
É uma pessoa apática, insensível e sem possibilidade de reconhecer seus erros ou
se arrepender e mudar de vida. É o caso de numerosos criminosos e marginais, que
constituem um problema continuo para a sociedade e autoridades de segurança pública.
Uma consciência totalmente apagada, ou inexistente, corresponde ao estado de
endurecimento que faz uma pessoa tão insensível que se aproxima do mundo animal.
Estes estados graves de completa falta de consciência são acusados por diferentes
influências:
 falta de influências sadias, ou seja, uma consciência que nunca foi desenvolvida. A
pessoa cresceu numa absoluta falta de ensinamentos morais e sociais e, portanto,
nunca se formou um padrão moral que a consciência pudesse utilizar para orientar
as decisões sobre o bem e o mal;
 influências desastrosas sobre a consciência. Circunstâncias especiais e extremas
podem apagar a sensibilidade das pessoas, por exemplo: fome, pobreza, guerra,
vida de crime e militarismo. A dureza da vida e uma constante luta pela
sobrevivência criam pessoas ásperas e insensíveis;
 somente uma justiça social, educação, restauração de famílias sadias e penetração
universal dos princípios bíblicos podem mudar as tendências marcantes de
corrupção moral em nossos dias.

35
A ÉTICA CRISTÃ

Inicialmente, queremos dizer que o termo bíblico para ética vem de uma palavra
grega, ethos (ήθος) que significa: estilo de vida, conduta, costumes ou prática. Na Bíblia,
aparece apenas treze (13) vezes. Em: Lc 1.9; Lc 2.42; Lc 22.39; Jo 19.40; At 6.14; At
15.1; At 16.21; At 21:21; At 25:16; At 26.3; At 28.17 e Hb 10.25. Em todos estes textos
aparece no singular e só uma vez no plural (ethe = ήθη): 1 Co 15.33.
Ao estudarmos Ética Cristã, temos que particularizá-la, pois ela se distingue das
demais, quanto aos seus motivos, meios e fins.
No contexto evangélico, “Ética Cristã" é um somatório de princípios que formam e
dão sentido à vida cristã normal. Podemos dizer que ela é a marca registrada de cada
crente e refere-se ao que cada um é, pensa, e faz. O crente depende de Deus e do
próximo, sendo que isto é demonstrado por aquilo que ele é e o que faz, sendo esta a
fundamental diferença entre a ética cristã e ética propriamente dita.

O FUNDAMENTO DA ÉTICA CRISTÃ

A ética cristã está totalmente fundamentada na pessoa de Jesus Cristo e na sua


palavra, por isso a nossa ética é “Cristocêntrica”. A Bíblia é a autêntica palavra de Deus,
cujo propósito principal é comunicar as boas novas de perdão e nos revelar normas
éticas, dando-nos assim entendimento de sua vontade, conduzindo-nos a escolhas sábias
em relação ao certo e errado, bem e mal, bom e mau. Temos também a poderosa pessoa
do Espírito Santo, o qual está sempre conosco, comunicando-nos toda a verdade. Jesus
refere-se a Ele como o nosso conselheiro, que está a nos guiar a toda verdade, ou seja,
aquilo que é certo para a nossa vida. Nela somos confrontados para alternativas sobre as
quais a Bíblia não fala explicitamente. Ficamos muitas vezes confusos com pontos de
vistas e valores conflitantes, expressos por terceiros e, consequentemente, temos que
atravessar por territórios novos e estranhos, não mapeados para nossa vida.
Necessitamos de um método organizado para explorar certas questões e,
determinar a vontade de Deus; entretanto, ao prosseguirmos na investigação do certo e
errado, devemos estar conscientes da presença reveladora da pessoa do Espírito Santo.
Declaremos-Lhe a nossa dependência Dele, e assim tomaremos decisões sob a sua
orientação e poderemos chegar a decisões sábias, boas e certas.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ÉTICA CRISTÃ

A ética cristã é:
 absoluta, isto é, única, pois procede do Deus criador do céu e da terra, o qual
também é absoluto;
 transcendente, quer dizer, vai além do infinito, pois emana de um Deus infinito;
 direcionista, pois não muda conforme a situação, e não depende da situação;
 imutável, não sofre mudanças com o tempo nem com o local;
 normativa, e como tal é para nós uma norma, que funciona como um instrumento
que mede e indica a correção moral.

ALGUMAS EVIDÊNCIAS DE UMA ÉTICA CRISTÃ


A ética cristã apresenta o crente ao mundo sob quatro formas diferentes e, assim,
evidencia a sua presença no indivíduo, e que é refletida através do comportamento
pessoal, conforme veremos a seguir:
36
Uma pessoa que foi nascida de novo. Para que isto ocorra é necessário que o
homem tenha um novo nascimento, isto é, nascer do céu para as coisas do céu. Esta
condição foi proferida por Jesus a Nicodemos (Jo 3.3). Só o nascimento espiritual, reveste
o homem da natureza divina, capacitando-o para esta vida. Pois é vivendo para Deus que
o homem estará habilitado a viver para o seu próximo, pois passamos a gozar vida
abundante, a qual devemos comunicar aos nossos próximos (Jo 10.10).
Sal da terra. Os que já experimentaram o novo nascimento passam a viver
conforme a vocação divina. O sal tem a propriedade de conservar, equilibrar e dar sabor.
Igualmente, o crente possui esta responsabilidade para com este mundo e perante Deus.
A salinidade do cristão é o seu caráter. Assim como o sal deve preservar a sua salinidade,
de igual modo o crente deve conservar sua semelhança a Cristo.
Luz do mundo (Mt 5.14). Jesus disse que seus seguidores deveriam ser “luz do
mundo”. Como a luz dissipa as trevas, assim também Jesus Cristo quer que nós a
sejamos neste mundo. O cristão deve ser uma luz a iluminar o caminho para as pessoas
chegarem até Cristo (Mt 5.16).
Testemunha de Cristo Jesus. A experiência que o crente adquire, através de uma
vida em comunhão com Cristo, leva-o a testemunhar da pessoa de Jesus Cristo, a
respeito daquilo que ele experimentou no convívio Ele. É o compartilhamento daquilo que
Cristo fez e ainda realiza na vida daqueles que por Ele se achegam a Deus.

DEMONSTRAÇÕES DE UMA ÉTICA CRISTÃ

É do conhecimento de todos que há muitas coisas na nossa vida diária que não
podemos esconder. Isto também é verdade no terreno espiritual e para tanto
mencionaremos alguns exemplos, respectivamente: riqueza e pobreza; a beleza e a
feiúra; uma vida de retidão a Deus e uma vida de hipocrisia diante Dele. Isto está em
consonância com o texto de Mateus 5.14, que diz: “Não se pode esconder uma cidade
edificada sobre o monte”; de igual modo é impossível esconder por muito tempo as
virtudes de uma vida em plena comunhão com Deus.
A ética cristã é uma norma de vida a ser vivida por tantos quantos experimentam a
viver a vida abundante que há em Cristo Jesus. Como tal deve ser demonstrada por meio
de um íntimo relacionamento com Deus, que será expresso em forma de cooperação com
o próximo e com a sociedade de uma forma geral.

A ÉTICA BÍBLICA E A IGREJA CRISTÃ

Às vezes o crente entra em dúvida sobre o melhor caminho a escolher. Pode surgir
uma pequena discordância entre um texto bíblico e o que a sua igreja ensina e exige de
seus membros.
A maioria dos evangélicos acredita que o Espírito Santo foi dado tanto à igreja
como para ao crente em particular. A decisão correta deve, portanto, ser tomada em
perfeita harmonia com o Espírito Santo, com a palavra de Deus e com os ensinamentos
da igreja. O cristão não pode resolver todos os problemas éticos que surgem na sua vida
sem saber o que a sua igreja tem a dizer sobre o assunto, por exemplo: relações pré-
conjugais e a questão do divórcio. O cristão tem liberdade e pode buscar a vontade de
Deus sozinho, mas, diante de certos problemas, deve procurar saber o que os outros da
sua igreja têm a dizer sobre o assunto. O crente tem tanto liberdade quanto
responsabilidade, mas deve respeitar os princípios éticos do grupo (igreja) ao qual
pertence, porque é membro da família cristã e deve viver de tal maneira que não cause
problemas para a igreja que pertence. Um cristão que enfrenta situações morais
complicadas deve saber o que a sua igreja e a Bíblia têm a dizer sobre o assunto. A
37
decisão final, porém, é de cada individuo. A igreja não é responsável pelas decisões
particulares de cada membro, porque a responsabilidade final é de cada pessoa.

Para saber escolher certo em situações delicadas, o crente tem vários recursos. As
soluções podem ser tiradas de varias fontes:

1) orientação do Espírito Santo, que habita nele;


2) a palavra de Deus nos casos em que o assunto é tratado na Bíblia;
3) ensinamentos da igreja através do pastor e outros líderes;
4) pedir sabedoria e solução diretamente do Senhor pela oração;
5) usar o bom senso e pensar bem sobre o assunto;
6) fazer comparações com outros casos positivos ou negativos;
7) ouvir a voz da sua própria consciência.

A ÉTICA CRISTÃ E OS DEVERES DO CRISTÃO

Os deveres do cristão, ensinados pela ética cristã, podem ser divididos em três
dimensões. Como um ser criado e amado pelo Criador, o homem tem muitos deveres
para com Deus:

Deveres do homem para com Deus. Dimensão vertical, ética teística.


1) aceitar e crer na sua existência, confiar na sua providência;
2) reconhecer a sua presença em cada circunstância da vida;
3) aceitar a sua soberania e direito de dominar sobre nós, e de ser adorado;
4) confiar Nele e servi-Lo em amor, cooperar na divulgação do seu reino;
5) ansiar por uma comunhão eterna com Ele.

Deveres do homem para consigo mesmo. Dimensão pessoal. Ética individual.


1) valorizar a imagem divina que possui, reconhecer que é um ser espiritual;
2) lembrar a sua própria dignidade, ter auto-aceitação e auto-imagem certa;
3) apreciar a liberdade que possui e agir com responsabilidade;
4) cuidar do seu corpo quanto à saúde condição física, pureza e higiene;
5) são se entregar aos vícios e drogas;
6) desenvolver a sua mente, cultura, sensibilidade e vontade;
7) exercer autodomínio, controlando as paixões, as reações e os sentimentos;
8) responsabilizar-se por seu próprio sustento, através do trabalho e provendo sua
alimentação;
9) apreciar o que lhe é concedido pela graça divina e pelo novo nascimento.

Deveres do homem para com o próximo. Dimensão horizontal. Ética social ou os


deveres para com o próximo em geral.
1) Amor, que inclui misericórdia, compaixão, bondade, generosidade, perdão e
auxilio em diferentes formas;
2) Honestidade e sinceridade, verdade genuína em palavras e ações;
3) Respeito em relação às autoridades, leis, pais, professores, idosos,
excepcionais, outras raças. Respeito pelos bens, reputação e esposa de outro.

BASES DA ÉTICA CRISTÃ

Sendo um principio de vida, bem definido, a ética cristã tem como suporte de apoio
entre outros: o decálogo, os profetas e sábios do Antigo Testamento; a doutrina a respeito
38
o homem e do pecado, a vontade de Deus, Jesus Cristo e o reino de Deus, ou seja, do
Gênesis ao Apocalipse. Temos muitas outras bases, que servem de apoio para a ética
cristã, as quais poderiam ser mencionadas aqui; porém, trataremos apenas destas,
mencionadas a seguir.

O decálogo, ou os dez mandamentos, corresponde ao primeiro


tratado ético que o Senhor deu através de Moisés, com o
propósito de regular o comportamento do homem no
cumprimento dos seus deveres para com Deus, para com o
próximo e para consigo mesmo.

A doutrina acerca do homem e do pecado trata daquilo que o homem é e poderá


ser desde que se conscientize do propósito de Deus para sua vida, a despeito de sua
aderência voluntária ao pecado. A vontade de Deus revelada nas Escrituras, e a obra do
Espírito Santo na vida do homem o direcionarão a abandonar o pecado, levando-o a
descobrir que o segredo de se viver uma vida cristã, abundante e proveitosa, consiste em
fazer a vontade divina. Tudo isto coloca o homem numa posição de cumprir com o seu
dever para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo.
Por fim, na pessoa de Jesus Cristo e sua relação com o reino de Deus,
encontramos a bússola que nos indicará como é possível viver uma vida cristã com
padrões espirituais, morais e sociais muito acima dos princípios impostos pela sociedade
moderna. Jesus é o maior expoente, em termos de exemplo, de uma ética cristã para
cada um de nós hoje.

O Decálogo

Os dez mandamentos, também chamados "decálogo", dados por Deus a Moises no


monte Sinai (Ex 20), foram o primeiro tratado ético dado pelo Senhor com o propósito de
controlar o comportamento humano. Como tal, o decálogo estabelece os deveres do
homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo.
A despeito de Deus haver abolido a maldição da lei através da obra que Cristo
efetuou na cruz, a lei continua como um princípio de vida que deve ser observado pelo
homem do nosso século; pois, moralmente, diante do tribunal de Cristo, todos os crentes
serão julgados segundo a sua Lei.

Os Profetas

Aos profetas, de modo especial, coube a responsabilidade de interpretar e


popularizar o ensino da lei, sendo eles uma espécie de vigilantes e promotores do
desenvolvimento espiritual e social da nação, na qualidade de mensageiros da vontade
divina.

Os Sábios

Precisamente, Davi, Jó e Salomão exerceram um papel específico e decisivo na


forma da ética cristã. Com Jó aprendemos o quanto o homem pode sofrer sem se afastar
de seu redentor que vive (Jó 19.25). Nos Salmos de Davi aprendemos que a despeito de
nossas limitações, Deus é Senhor do universo e vela por nós (SI. 121). Com Salomão,
através de seus Provérbios e Eclesiastes, aprendemos que a verdadeira sabedoria tem

39
sua fonte em Deus e que qualquer tipo de vida ou ocupação descentralizada de Deus é
pura vaidade.
O apóstolo Paulo disse que, “Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito
para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes
das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança” (Rm 15.4). Isto fala do AT, o qual junto
com o Novo, formam a Bíblia Sagrada, tão atual quanto o jornal de amanhã. Portanto tudo
isto funciona como a revelação da vontade de Deus para a nossa vida hoje, também em 2
Timóteo 3.16 ele diz, “Toda a escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para
repreensão, para a correção e para a instrução na justiça”.

Conceitos Éticos

Como dinâmica da vida, a ética cristã pode ser manifestada através do conceito ou
julgamento que se faz a respeito de determinados valores que integram o nosso dia, dia.
Ao longo desta lição abordaremos os conceitos da ética cristã: o bem; o mal; a realidade;
o comportamento e o caráter.
No decorrer dos tópicos desta lição enfatizaremos, fundamentalmente, o seguinte:

1) O lar é uma expressão física do casamento e principal núcleo da sociedade,


da religião e da Pátria, pelo que deve ser conservado sob a santa e sábia
tutela do Senhor;
2) Biblicamente, toda propriedade pertence a Deus, que é seu criador, a
despeito de reconhecermos que a fé bíblica admite a necessidade de
propriedade individual dentro de certa medida;
3) A despeito de a igreja ser um organismo espiritualmente vivo, e não uma
organização humana, cremos no poder que ela, como um todo, ou os seus
membros individuais possuem no sentido de alterar o curso da história
humana e do comportamento da sociedade;
4) A família cristã e uma entidade na qual Deus é o elemento central, o marido
exerce as funções de sacerdote e profeta, onde esposa-mãe é de
inestimável valor, e onde os filhos são bênçãos de Deus;
5) O bem e o mal na ética cristã. O bem não possui existência independente de
Deus, e só tem validade quando aceitável em Deus. Sabemos que ambas
as realidades estão revelados na própria Escritura Sagrada. O mal é o
oposto do bem. É essencialmente aquilo que é desagradável e ofensivo a
Deus.

A chamada “nova moralidade” de fato nada mais é do que a velha imoralidade


vestida de um falso moralismo, abominável aos olhos de Deus e repudiável pelo cristão.
Isto se enquadra numa ética antinomista, (do grego, como já vimos anteriormente), isto é,
contra leis ou regras. Exemplo disto são os hippies, que pretendiam viver sem regras ou
sem leis, tendo um viver desregrado e degenerativo, tanto física como espiritualmente.
Dois grandes vultos que exerceram fortes influências foram Josef Fletcher (1905-
1991) com seu livro, “Ética de Situação” e Hugh Hefener (1926) editor da revista
“Playboy”.
Comportamento é definido como o “conjunto de ações de um indivíduo,
observáveis subjetivamente". Neste particular, o comportamento do cristão deve ser digno
de forma tal que influencie os homens a se chegarem a Deus (Mt 5.16). Não podemos
perder de vista que o nosso comportamento é aquilo que nós fazemos.
Nos domínios da fé, o caráter cristão se constitui na mais evidente prova de que o
homem não somente nasceu do Espírito, mas também anda no Espírito (Gl 5.25), tendo

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em vista que o caráter é aquilo que nós somos, por isso devemos deixar que Cristo forme
o seu caráter em nós.

A ÉTICA NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento temos um Deus que vai se revelando a nós


progressivamente, bem como a sua vontade, até chegar a Cristo, que é a sua revelação
ampla e completa. Por isso reconhecemos a inspiração de toda a Bíblia e, como tal, ela
determina padrões para nossa vida e nosso modo de viver.
É importante observar que, no AT, temos uma ética progressiva: é a ética de um
povo em desenvolvimento religioso que vai progredindo em rumo à perfeição da
moralidade em Cristo. Portanto, o AT mostra mais o que o povo fazia, enquanto o NT
mostra o que o crente pode e deve fazer.

O cultural e o permanente

Ao analisarmos, na Bíblia, o desenvolvimento da ética, temos que levar em conta


os fatores que são apenas culturais, os quais sofrem mudanças no tempo e no espaço.
Um exemplo disto é que as próprias leis bíblicas normalmente estão relacionadas aos
costumes de cada época. Entretanto, em toda a Bíblia encontramos os deveres do
homem para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo. Entre outros: amor,
justiça, misericórdia, etc., os quais têm validade em qualquer situação e para sempre.

O AT tem muitos bons conselhos que devem ser observados ainda hoje:
 Levítico. 20.7 diz: “Santificai-vos e sede santos";
 Êxodo 22.21-22 ordena: “misericórdia para o estrangeiro, a viúva e o órfão”;
 Gênesis 50.17 dá um belo exemplo: de perdoar os que têm causado mal;

Muitos outros textos falam sobre a importância de confiar no Senhor a observar a


sua palavra.
Além de conselhos e princípios éticos no AT, existem também muitos exemplos.
Temos no AT muitas pessoas que são bons exemplos de paciência, de fé, de pureza, de
perseverança, de obediência, de hospitalidade, de generosidade, de amor e de
misericórdia. Existem também muitos maus exemplos de pessoas cujos procedimentos
não são dignos de ser imitados. Em geral, o AT fala mais sobre o que o povo de Deus não
devia fazer enquanto o NT fala mais sobre o que o povo de Deus deve e pode fazer. A
ética do AT é uma ética em desenvolvimento e em parte condicionada à época. É, porém,
possível encontrar deveres do homem para com Deus, para com o próximo e para
consigo mesmo.

O decálogo (os 10 mandamentos)

Os dez mandamentos (Ex 20.1-17 e repetidos em Dt 5.7-12) são provavelmente a


parte mais importante da ética do AT. É um tratado ético, claro e sistemático, que o
Senhor deu para o povo de Israel. Eles foram dados na forma especial de duas tábuas de
pedras escritas com o próprio dedo de Deus. O decálogo estabelece os deveres do
homem para com Deus e para com o próximo, e mostra a necessidade de normas
básicas para um bom relacionamento numa sociedade.
À luz do NT, os dez mandamentos têm um aspecto muito rígido e negativo. Oito
dos dez mandamentos começam com "não". Além de proibir e avisar, os dez
mandamentos também inserem um sentido de ameaça e punição. Qualquer transgressão
41
dos dez mandamentos seria seriamente punida (Ex 20.5-7 e Lv 20.10). Durante todo o
tempo do AT valiam as leis sobre as bênçãos ou maldições. Obediência e o bem foram
recompensados com bênçãos em forma de riqueza, muitos filhos, prosperidade e
longevidade; mas transgressões e o mal foram punidos com castigos como saraiva, seca,
enfermidade ou morte.
Os dez mandamentos não estão mais em vigor com a rigidez da lei. Ninguém é
apedrejado ou morto por transgredir um dos mandamentos. A dureza da lei foi abolida por
Cristo. Mas os dez mandamentos têm validade ainda hoje porque representam princípios
divinos básicos, e como tais nunca podem ser abolidos.
Ainda hoje Deus quer exatamente que os dez mandamentos ajam como normas
para a nossa vida. Os três primeiros mandamentos se referem ao dever do homem para
com Deus: aceita-lo como único Deus; não adorá-lo através de uma imagem; respeitando
sua santidade (seu nome).
O quarto mandamento trata de um dever individual, o dia do descanso que é tanto
para o homem como para Deus. O dever do homem para consigo mesmo é descansar do
seu trabalho; e o dever para com Deus é santificar o dia do descanso através de culto e
adoração a Deus.
Os seis últimos mandamentos são deveres do homem em relação ao próximo.
Estes incluem deveres como: respeito e obediência aos pais, respeito ao próximo quanto
a sua vida, reputação e todas as coisas que lhe pertencem (esposa, casa e todos os
bens).
Os dez mandamentos foram aperfeiçoados por Jesus Cristo, que os resumiu em
dois positivamente: "amar a Deus e ao próximo como a si mesmo", (Mt 22.34-40). Quem
cumprir os dois mandamentos de Jesus está também cumprindo os dez. A diferença é
que os dez ameaçavam e exigiam a morte para os transgressores, enquanto os dois
mencionados por Jesus são acompanhados pela graça e pelo perdão que Ele mesmo nos
oferece por nossas transgressões.

A ética do AT está muito relacionada com a religião

A maioria dos princípios éticos que encontramos no Pentateuco tem relação com a
religião judaica, por exemplo, quanto ao culto, sacerdócio, sacrifícios e purificações
cerimoniais. Dizemos que o povo de Israel tinha uma ética teocrática, baseada
unicamente em Deus. Todas as leis e todos os princípios de comportamento moral foram
dados por Deus ao povo de Israel. Os deveres são, em sua maioria, deveres para com
Deus. Em parte, são também deveres de uns para com os outros, mas normas universais
são muito raras.

A ética do AT é muito imperativa

As leis e as ordenanças são dadas por Deus de uma forma direta e imperativa:
“faça ou não faça”. Os deveres têm alternativas ou opções, mas são definitivas. Não
existem avaliações subjetivas, a questão é obedecer ou ser punido. As escolhas éticas só
podem ser em favor ou contra as normas determinadas. Interpretações individuais da lei e
dos deveres não são aceitos, a questão é apenas obedecer ou desobedecer. As normas
exigem e mandam: terá, fareis, faça, não farás, trará, quando fizer, será, etc. O Senhor
Deus é soberano que exige do seu povo. Ele sabe o que lhes é melhor. Deus trata de seu
povo como um pai trata o seu filho pequeno, com conselhos imperativos e firmes, mas
com um grande propósito.

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A ética do AT é prática e se interessa pelo indivíduo

Os dez mandamentos, bem como muitos outros deveres, têm como alvo o bem-
estar da sociedade e o bom relacionamento entre os indivíduos. Muitos conselhos de
natureza moral, no AT, mostram que Deus quer um mundo onde a justiça e a verdade
estejam presentes, onde os homens se respeitem mutuamente e vivam em paz uns com
os outros. Muitos conselhos divinos a esse respeito são encontrados no AT, por exemplo,
temer ao Senhor e se afastar do mal (Jó 28.28 e Mq 6.8), que claramente mostra que
Deus quer que os homens pratiquem a justiça, benevolência e humildade.
Um livro de caráter muito prático é o livro de Provérbios. É um verdadeiro manual
sobre o que o homem deve ou não fazer. De uma forma poética, prática e às vezes até
humorística, Provérbios ensina o que se deve fazer e o que deve ser rejeitado para o bom
funcionamento da sociedade. Provérbios avisa contra males e defeitos como: egoísmo,
preguiça, imoralidade, opressão, bebedeira, orgulho, mentira, violência, fofoca, briga,
impiedade e maldade. Tudo isto são coisas de um mau procedimento que prejudica tanto
o individuo quanto a própria sociedade.
De outro lado, o livro de Provérbios adverte quanto um bom procedimento,
praticando coisas como: prudência, diligência mansidão, paciência moderação, justiça,
obediência, verdade, fidelidade, amor, misericórdia, castidade, humildade, sabedoria,
pureza, generosidade, bondade, honestidade e piedade.

A ÉTICA ESPECÍFICA DO NOVO TESTAMENTO

Princípios do Reino de Deus só estabelecidos para os cristãos

A ética do NT não é uma ética geral, mas uma ética limitada para os seguidores de
Jesus Cristo. Os princípios do Reino de Deus são muito diferentes do que os princípios do
mundo e, portanto, há um conflito entre o comportamento do mundo e do Reino de Deus.
A ética do NT é especialmente uma ética eclesiástica, uma ética para a Igreja. As
exortações não são dirigidas à sociedade em geral, mas para os cristãos ou comunidades
de igrejas. A ética cristã tem, portanto, a sua validade limitada ao Reino de Deus, ou seja,
durante o período em que a igreja permanece na terra.
A conversão e o novo nascimento proporcionam ao cristão uma nova vida, onde
princípios divinos são exigidos. A nova vida em Cristo significa uma mudança radical de
comportamento. O cristão tem, em primeiro lugar, o dever de seguir os princípios éticos
do Reino de Deus e, por isso, o seu comportamento difere, e muito, do comportamento do
mundo.
O Reino de Deus tem um papel importante no ensino de Jesus. O mais importante
para o cristão é buscar os princípios do Reino de Deus porque as outras coisas são
consideradas secundarias (Mt 6.33). O Reino de Deus é uma realidade espiritual que já
chegou ao mundo na pessoa de Jesus Cristo. O Reino de Deus é diferente de todos os
outros reinos deste mundo, porque, segue outros princípios (Lc l7.20-21 e Jo 18.36). O
Reino de Deus está presente onde a vontade de Deus domina. O Reino consiste de todos
aqueles que aceitam e obedecem a vontade de Deus. Por esta razão, o Reino pode ainda
vir (Mt 6.10). O Reino vem e se estende por meio de todas as pessoas que se convertem
ao Senhor, inclusive os que ainda hão de crer.

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Os ensinamentos éticos do NT são destinados aos que são do Reino. Através dos
seguidores de Cristo, novos princípios de ética são demonstrados ao mundo e surge um
conflito entre trevas e luz, entre a conduta do Reino de Deus e a conduta deste mundo.

Mais do que duras leis, liberdade e conselhos

A ética cristã é a soma de princípios do NT que formam e dão sentido à vida cristã.
É tudo o que o crente deve fazer e pensar; trata-se mais de princípios do que leis. Um
aspecto importante do NT é a libertação da escravidão da lei. As ameaças, as punições e
as proibições da lei não estão mais em vigor, porém, os princípios divinos básicos nunca
foram abolidos. O cristão não é dominado pela lei, mas pelo Espírito Santo. A ética do NT
não é tão imperativa como a lei do AT. Os princípios éticos do NT têm um aspecto mais
positivo, porque, recomenda fazer, e não como a lei que proíbe e ameaça. A lei dizia "não
faças, não terás", porém Jesus diz: "Bem-aventurados os que fazem"; ou "quando fizer,
faça assim". A lei mostra listas sobre o que não era licito fazer, mas o NT apresenta os
deveres, isto é, o que se deve fazer, por exemplo: amar, perdoar, usar de misericórdia,
ser generoso, hospitaleiro.
O jugo de Jesus é mais leve do que o jugo da lei (Mt 11.29-30). Os ensinamentos
de Jesus valem mais como informações e conselhos. Jesus estimula e dá motivações
para fazer o bem e evitar o mal.
Em questões jurídicas há três classes:
1) o que é proibido por na lei;
2) o que é ordenado, dever, exigido, que não traz punição;
3) o que é livre e julgado pessoalmente.
A ética do NT se caracteriza por certa liberdade de agir nas áreas que são
consideradas menores na vida. Jesus proclamou liberdade (Lc 4.18 e Jo 8.36) e reagiu
fortemente contra o sistema ético-religioso dos fariseus, com pesados e insuportáveis
fardos (Mt 23.3-4). O apóstolo Paulo ensina claramente que todas as coisas são licitas,
mas nem tudo convém (1 Co 10.23). A ética do NT é mais livre, mas subordinada a um
bom senso, uma avaliação pessoal em algumas questões. Esta liberdade pode ser
perigosa, e em Gálatas 5 o apóstolo Paulo argumenta a respeito de uma liberdade com
responsabilidade. Ele ensina que o cristão deve permanecer na liberdade em Cristo e não
se dobrar debaixo de um jugo de escravidão (Gl 5.1). Esta liberdade, porém, não pode ser
abusada ou ultrapassada, dando assim ocasião para a carne (Gl 5.13). As decisões
sempre devem estar subordinadas ao principio de amar a Deus e amar ao próximo (Gl
5.14). Veremos mais sobre a ética de Paulo.

A ética do NT não é definitiva, sistematizada ou completa

A Bíblia não dá todas as respostas que queremos, mas revela a vontade de Deus e
os princípios divinos de uma forma tão clara, que isto pode servir de orientação nos casos
onde não ensina ou dá a solução definitiva. Não existem, na verdade, listas de deveres
que podem ser aplicadas em todas as complicadas situações morais de hoje. Alguns
assuntos éticos, na Bíblia, são muito bem tratados, outros nem existiam naqueles tempos.
O sermão da montanha de Jesus levanta muitas questões importantes, mas omite muitas
outras.
Mesmo a ética do NT é limitada, e não há normas para todas as situações da vida
de hoje. Deus não tem respondido nem resolvido todos os detalhes nas questões éticas
de hoje.
Deus criou o homem com uma capacidade de raciocinar, questionar, avaliar e
decidir e escolher os seus valores. A Bíblia mostra quem Deus é e o que Ele quer, mas o

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homem tem certa liberdade de interpretar o sentido ou o espírito do problema que
enfrenta hoje, de acordo com a vontade de Deus.
O que fazer nos casos em que a Bíblia não define nem responde? A resposta é
que o homem deve tentar pensar e agir segundo os pensamentos de Deus (quer dizer,
segundo os princípios divinos expressos em sua Palavra), num determinado caso.
É pertinente a pergunta. "Em meu lugar, o que teria feito Jesus?”. Pelo estudo da
palavra de Deus é possível ter um senso muito forte do que Deus pensa e quer. O
Espírito Santo é também o guia do cristão, e Ele sempre está de acordo com os princípios
divinos.

Exemplos de comportamento moral no NT

Além de ensinamentos sobre a conduta cristã, encontramos muitos exemplos no


NT.
Abraão é mostrado como exemplo de fé; Lídia, de generosidade; Dórcas, de boas
obras; Estevão, de firmeza espiritual; Pedro, de fervor. Mas a Bíblia também é muito
realista e apresenta os servos do Senhor também com suas falhas: a dúvida de Tomé, os
exageros de Pedro e o desentendimento entre Paulo e Barnabé. Mesmo as falhas podem
servir de exemplos para nós.

Recompensas e penas na ética do NT

Os ensinamentos sobre as futuras recompensas pelas práticas do bem e o


julgamento pelas práticas do mal ocupam um papel importante na ética do NT. O
cristianismo sempre tem sido muito criticado com a sua doutrina sobre o dia do juízo e o
inferno para os que não querem servir a Deus. O castigo eterno nas trevas exteriores ou
no fogo do inferno, como conseqüências de certas negligencias ou falta de fé, é uma
doutrina bíblica que é fortemente rejeitada hoje em dia, mesmo por muitos com o nome de
cristão. O argumento que se usa é que muitos não-cristãos fazem mais o bem, e têm um
comportamento melhor de que muitos cristãos. Atrás da critica à doutrina do julgamento
existe, geralmente, liberdade exagerada, egoísmo ou espírito de revolta. O mundo exige
liberdade total, mas não quer assumir responsabilidade. O espírito de egoísmo se revolta
contra qualquer autoridade e detesta ser subordinado. Os ensinamentos sobre penas e
recompensas fazem parte do evangelho.
Estes ensinamentos mostram a enorme importância de uma conduta justa e reta
perante Deus. Deus leva muito à sério a liberdade e responsabilidade de cada ser
humano. Se o cristianismo for criticado pela doutrina sobre o juízo eterno, o próprio Jesus
deve ser criticado, pois ele fala freqüentemente, e com grande autoridade, sobre o fogo
do inferno (Mt 5.29-30 e 10.28; Mc 9.42-48; Lc 3.9 e Mt 8.12). É também um ensinamento
importante que encontramos em todo o NT, por exemplo, em: 1 Co 9.9-10; Ef 5.6; 2 Ts
1.7-9 e Ap 20.15.
Por outro lado, Jesus fala muito das recompensas maravilhosas para os que
querem segui-lo e servi-lo (Mt 19.28-29 e 25.34; Lc 22.29-30; Jo 14.1-3). Isto também é
ensinado em muitas partes do NT, por exemplo: 1 Ts 4.15-18; Ap 2.7 e 2 Pe 3.13. Os
ensinamentos sobre as recompensas ou penas nunca podem em si produzir um
verdadeiro amor. As boas obras não serão praticadas para ganhar a entrada no céu, nem
por medo do inferno. Tal comportamento contraria os princípios de Deus.
O bem ao próximo nunca pode ser valorizado por motivos egoístas. O ensino do
NT é muito claro sobre a questão: as recompensas são dadas unicamente pela graça de
Deus e nunca como méritos para ganhar a salvação. Ninguém é salvo por fazer boas
obras, mas os salvos têm um dever de servir a Deus e praticarem boas obras (Mt 25.31).

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Mostra que a recompensa até pode ser uma surpresa e não algo planejado por ganância
ou obras conscientes.
A questão sobre penas e recompensas só pode ser entendida pelo ES, que o
mundo não tem. Estes ensinamentos sobre as penas estão intimamente relacionados
com a queda do homem e a obra redentora de Cristo. A culpa e a condenação do ser
humano foram lançadas sobre Cristo (Is 53.5 e Rm 8.1-4). O medo do inferno e a
condenação são uma conseqüência do pecado, bem como de uma consciência pesada;
mas o amor a Cristo lança fora este medo do castigo eterno (1 Jo 4.18).

O grande mandamento do amor

Toda a ética do NT está controlada pelo princípio do amor. Jesus ensinou que toda
a lei e os profetas (todo o AT) se cumprem no mandamento duplo de amor: amar a Deus
de todo o coração e amar o próximo como a si mesmo em (Mt 22.34-40). O amor de Deus
é o grande tema do NT. Deus amou o mundo e deu seu Filho. Nós amamos porque Deus
nos amou primeiro, e o amor de Deus é derramado em nossos corações. Extraordinária
descrição do perfeito amor é encontrada na primeira carta aos Coríntios, capítulo 13. O
apóstolo João fala repetidas vezes sobre o mandamento do amor (Jo 13.341 e Jo 4.7-21).
O amor é o contraste do egoísmo. O amor não se aproveita ou se utiliza para
interesses próprios, mas ao contrário: o amor dá, serve, ajuda e se compadece. O amor
não é baseado em leis, obrigações ou emoções, mas num profundo sentido de servir,
socorrer, ou agradar a Deus. A tarefa da ética cristã é saber aplicar os princípios de amor
em todas as situações da vida. O comportamento do cristão deve orientar-se pelo
exemplo de Jesus Cristo; andar em amor como Ele andou (1 Jo 2.6 e Ef 5.2) e ter o
mesmo sentimento que houve nele (Fp 2.5).
Tudo o que o cristão faz deve ser dominado pelo amor. O amor deve estar
presente no relacionamento da família, com os vizinhos ou irmãos da igreja e mesmo
carregando a cruz ou sendo servo (escravo) de Cristo.

Os princípios éticos do sermão da montanha

O grande “sermão da montanha”, de Jesus, em Mateus 5 a 7, é um dos pontos


culminantes na ética do NT. Estes ensinamentos foram de certo modo proclamados em
oposição ao legalismo dos fariseus. Com os princípios que Jesus apresenta, ele mostra
que os fariseus estavam muito longe daquilo que era a vontade de Deus. E apesar de
algum espírito de polêmica no discurso, os princípios éticos no sermão da montanha
apresentam normas com validade não somente para o Reino de Deus, mas para a
sociedade em geral.
O fanatismo legal dos fariseus não era um bom modelo para a comunidade,
enquanto o sermão da montanha apresenta novos e melhores princípios que são
características do Reino de Deus. Os ensinamentos precisam ser encarados como um
sistema novo, visto que Jesus não aboliu a lei, mas a cumpriu (Mt 5.17). Jesus mostra
claramente que não é a cega observância da lei ou o ato em si mesmo que vale, mas,
sim, o coração e a motivação. Certas obras não têm valor se não forem feitas em amor. É
o mesmo pensamento que Paulo apresenta em 1 Coríntios 13.1-3.
Jesus até é contra atos exteriores que não correspondam a uma mente pura. As
esmolas, os jejuns e as orações dos fariseus eram apenas aparências, mas sem
verdadeiro amor. Jesus exige amor e sinceridade e não aceita boas obras ou atos
religiosos com motivos falsos.
Jesus reagiu com muita autoridade contra as manifestações exteriores e o
fingimento religioso (Mt 23). Boas obras, praticadas por obrigação, por lucros ou
recompensas, ou para serem vistas por outros, são condenadas por Jesus. Os princípios
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éticos que Jesus apresenta aqui são desejáveis para toda a sociedade, mas são tão
elevados que constituem um contraste grande com os princípios que orientam este
mundo mau.
O que Jesus exige dos seus fiéis discípulos, Ele não pode exigir do mundo inteiro
que jaz no maligno. É uma utopia muito grande esperar que todo o mundo siga os
ensinamentos de Jesus Cristo. Como seria o mundo então? O que seria diferente na
sociedade de hoje se os princípios de Cristo fossem aplicados em todos os setores? Um
problema ético é que nem sempre os cristãos conseguem cumprir tudo o que Jesus
ordenou, pois também são fracos e tropeçam.
Será possível viver hoje sem se preocupar pelo dia de amanhã (Mt 6.34), não
ajuntar alguns bens (Mt 6.19), ou tirar primeiro a trave do seu próprio olho (Mt 7.5)?

As bem-aventuranças

As nove bem-aventuranças constituem a própria introdução ao sermão da


montanha e são grandes características para o Reino de Deus. Exatamente os valores
rejeitados, ridicularizados e esquecidos pelo mundo são os que Jesus mais valoriza.
Os deveres e as atitudes que Ele apresenta se chocam com o procedimento
comum neste mundo, mas todos os que seguem os princípios de Cristo podem contar
com grandes recompensas; são bem-aventurados, e isto é um dos maiores valores que o
homem pode possuir.

São bem-aventurados
1) Os pobres de espírito – os crentes espirituais, os que reconhecem que
precisam ser ajudados e salvos; os que sabem que nada merecem, mas
buscam porque acreditam na graça divina. Os que são humildes e desejam
ser ajudados por Deus, que é superior, e estão vazios para receber. São
pobres porque se esvaziaram do orgulho, egoísmo, merecimento e
superioridade. São bem-aventurados porque deles é o reino dos céus;
2) Os que choram – que são sensíveis e têm sentimentos normais, não são
duros ou inflexíveis, mas podem sentir tristeza pelo pecado, reconhecer a
sua miséria e fraqueza; que se humilham e sentem que nada são. Jesus
chorou por causa da incredulidade do povo, pelo pecado, mas também
chorou sobre Lázaro, por sentimentos humanos de ausência, tristeza e
compaixão. Os que choram são bem-aventurados porque serão consolados;
3) Os mansos – que sabem se dominar, de temperamento manso e que são
controlados, dominados pelo Espírito Santo, e são como Jesus. São
cordeiros que não brigam. Não são perigosos, mas estão prontos para
perder os seus direitos sem resistência violenta. São controlados e não
ultrapassam os seus limites, não causam escândalos ou inimizades; servem
antes de ser servidos. São bem-aventurados porque herdarão a Terra;

4) Os que têm fome e sede de justiça – os que têm um procedimento justo e


reto diante de Deus e dos homens, que gostam dos valores certos e
verdadeiros na vida e os procuram: são inclinados para a retidão. Eles são
bem-aventurados porque serão fartos;
5) Os que são misericordiosos – que têm compaixão com os necessitados e os
que sofrem; que têm um profundo sentimento de amor e sempre estão
prontos para ajudar; que cumprem seu dever para com os necessitados, que
podem perdoar. Eles são bem-aventurados porque alcançarão misericórdia;

47
6) Os que são limpos de coração – que têm uma pureza interna vivem em
harmonia com Deus. São os que têm motivos certos, sinceros e honestos e
têm atitudes e pensamentos puros, não conhecem fingimentos. Eles serão
bem-aventurados porque eles verão a Deus;
7) Os que são pacificadores – os que não somente gostam da paz, mas
sempre procuram promover a paz, criando um ambiente de calma e
tranqüilidade. São contra inimizades e partidos e procuram reconciliações.
Eles são bem-aventurados porque serão chamados filhos de Deus;
8) Os que são perseguidos por causa da justiça – os que sofrem por causa da
fé e princípios cristãos que aceitaram; os que sofrem como inocentes só
porque querem servir a Jesus. Eles serão bem-aventurados porque deles é
o Reino dos Céus;
9) Os que são injuriados e difamados por causa de Cristo – os que são
rejeitados e desrespeitados porque querem seguir a Cristo. Eles são bem-
aventurados porque terão um grande galardão nos céus.

Outros princípios éticos do sermão da montanha


1) O cristão como sal da terra e luz do mundo – (Mt 5.3-16) O dever de ser
diferente e ter uma influência positiva sobre o mundo. Servir de exemplo e
agir como representantes do Reino de Deus; dar um bom testemunho pela
vida e pelas ações para que a atenção do mundo seja dirigida a Deus. Não
uma vida escondida e anônima, mas uma vida aberta, visível e correta;
2) A posição do cristão – é mais importante no Reino de Deus do que no
mundo. No mundo é característico o desejo de ser grande, rico e poderoso.
No reino de Deus é ao contrário: os valores que não aceitos pelo mundo são
os que o Senhor mais aprova. Os pequenos no mundo, muitas vezes, são os
grandes no Reino de Deus (Mt 5.19-20). O maior é o servo;
3) Mandamentos do AT ampliados (Mt 5.21-48) – Para Jesus, os atos de
matar, adulterar e jurar não são apenas pecaminosos e condenáveis em si,
mas a própria atitude que antecede a ação é também pecaminosa. Para
Jesus é importante que o coração esteja limpo. Os pensamentos, os motivos
e atitudes também precisam estar puros diante de Deus;
4) A prática de esmolas, orações e jejuns (Mt 6.1-18) – Jesus mostra
claramente que é possível fazer estas coisas com motivos errados e,
portanto, desagradáveis a Deus. Um ato ou dever ético-religioso, que em si
é bom e recomendado pode causar efeitos contrários se não for feito com
motivos corretos perante Deus. Jesus mostra como deve ser feito, e como
não deve ser feito;
5) O cristão e as suas prioridades (Mt 6.19-34) – segundo o ensino de Jesus, o
cristão deve em primeiro lugar se preocupar com coisas que pertencem ao
Reino de Deus e a vida futura. É errado deixar-se dominar pela vida
material, riquezas, bens, preocupações ou sustento;

6) O perigo das escolhas erradas – por exemplo, o perigo de se interessar mais


pelos outros do que por si mesmo; de não distinguir entre o santo e o
profano; de seguir o caminho errado; dos falsos profetas; de misturar coisas
boas e más; de construir a casa de sua vida sobre valores que não duram e
que não resistem na provação.

48
PRINCÍPIOS ÉTICOS NAS CARTAS APOSTÓLICAS

Em todas as cartas apostólicas encontramos muitos conselhos de caráter ético.


Especialmente Paulo, Pedro e João muito têm a nos dizer a respeito da vida, fé e
comportamento do crente.

Imitar e seguir os bons conselhos

O maior exemplo que o crente pode seguir é o de Cristo (Jo 13.15 e 1 Pe 2.21). O
apóstolo Paulo era imitador de Cristo (1 Co 11.1) e se colocou como um exemplo de vida
(Fp 3.17; 2 Ts 3.7-9 e 2 Tm 3.10). Outros cristãos podiam aprender dos exemplos de
Paulo e Apolo (1 Co 4.6) e deveriam imitar a fé e a vida dos servos de Deus (Hb 11.2-3).
Todos os crentes poderiam servir de exemplo para o mundo e viver em santo
procedimento e piedade (II Pe 3.11). Mesmo o jovem Timóteo podia ser um exemplo na
palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (2 Tm 4.12).

A aplicação do grande mandamento do amor

Todos os escritores do NT fazem várias referências ao grande mandamento do


amor que Jesus ensinou. Assim faz Paulo em Gl 5.14 e Rm 13.8-10; Pedro em 1 Pe 2.17;
Tiago em Tg 2.8 e João em 1 Jo 4.7-11, 20-21 e 5.1-2. O apóstolo Paulo faz uma
extraordinária explicação sobre o comportamento do verdadeiro amor (1 Co 13.1-7).

Uma certa liberdade e sensibilidade em questões delicadas

As grandes e corajosas declarações de Paulo – que tudo é lícito (1 Co 6.12 e


10.23), não podem ser mal-entendidas. O próprio Paulo coloca quatro condições para
esta liberdade:
 Nem todas as coisas convêm – embora não seja pecado, não é recomendado ao
cristão, pois é prejudicial e escandaloso. O amor não se porta inconvenientemente;
 Nem todas as coisas edificam – embora não sejam erradas em si, são fúteis, sem
valor ou podem prejudicar e causar danos;
 Nada pode nos dominar – ocupando o primeiro lugar em nossa vida, tomando-nos
assim escravos de alguma coisa;
 Não abusar da liberdade para dar ocasião à carne (Gl 5.13), não cair em tentações,
não ultrapassar os limites, não perder o controle.

Geralmente o apóstolo Paulo tem muita autoridade nas suas declarações e


ensinamentos. O motivo é que os recebeu do Senhor Jesus Cristo, sendo normas
absolutas e indiscutíveis (1 Co 11.23; 15.3 e Gl 1.12). Mas às vezes Paulo sente liberdade
para dar o seu próprio conselho (1 Co 11.13). Certas coisas podem ser examinadas e
postas à prova, por exemplo, profecias (1 Co 14.29). Mas é possível tirar alguma coisa
boa, enquanto o resto é rejeitado após o exame (1 Ts 5.21). A vida está realmente
exposta a muita confusão e é preciso um bom discernimento espiritual (1 Co 2.1-5). Tudo
tem que ser subordinado ao mandamento do amor, à vontade de Deus e do Espírito
Santo.
O cristão, que vive num mundo corrupto e complexo, sofre influências de todos os
lados. Às vezes o crente fica perturbado ao se confrontar com o mau procedimento dos
ímpios (II Pe 2.7) ou pelo fanatismo religioso, repleto de proibições e regrinhas (Cl 2.20-
23). O cristianismo não é um ascetismo fanático.

49
O cristão está no mundo não para gozar, abusar, se escravizar, mas para servir.
Uma boa regra é sempre procurar ser sensível e flexível, sendo judeu para os judeus e
grego para os gregos (1 Co 9.20).
Em algumas questões, a sensibilidade era maior no tempo do NT do que em
nossos dias. Tradições judaicas, gregas e romanas estavam em constante conflito. Os
judeus convertidos tinham muita dificuldade de se livrar totalmente dos preceitos da lei
quanto à circuncisão, festas, sábados, comidas, sangue, vestimentas e a posição da
mulher. Assim a questão da comida é tratada em Rm. 14, em Cl 2.16, em 1 Co 8.1-13; e
em 1 Tm 4.4. A circuncisão, em At 16.3 e 21.10-31, em 1 Tm 2.11 e em 1 Pe 3.1-7. A
preocupação dos apóstolos em tomar as decisões prudentes naquela situação é mostrada
em Atos 15. O cristão não deve seguir as tradições dos anciãos judaicos (Mc 7.5), mas
dos apóstolos (2 Ts 2.15 e At 2.42).
Em todas as questões delicadas de tradições, costumes e situações claramente
definidas, o NT tem várias recomendações. É errado:
 ferir a consciência do outro irmão (1 Co 8:12);
 desprezar ou julgar um irmão que não tem fé para fazer (Rm. 14.3-5, e 10-13);
 entristecer outros irmãos (Rm 14.13);
 ser contencioso (1 Co 11.16).

A conduta do cristão, em questões delicadas, deve ser prudente, moderada,


natural; orientada por convicção de fé e consciência pura, evitando tudo o que é
exagerado, excessivo, abusado, irritante, provocante ou extremado. O cristão deve
cuidar-se para não cair (1 Co 10.6-12).

A CONDUTA CRISTÃ – FRACASSOS E PROPÓSITOS

Desvios de Comportamento Comum

Falhas e fracassos são comuns na vida, mesmo na vida do cristão. A Bíblia é muito
real mostrando as grandes personagens com falhas ocasionais. Em circunstâncias
normais, a pessoa consegue controlar as suas ações; porém, em situações de grande
pressão, as reações podem se desviar do comportamento normal da pessoa.
Esquecimento, decisões erradas, excesso de irritação e uma série de fatores
negativos podem mudar a conduta de uma pessoa. Alguns fracassos são prejudiciais
apenas para a própria pessoa, mas outros envolvem alguns ou mesmo um bom número
de pessoas.
Os fracassos podem ser causados por desobediência, teimosia, ignorância, pressa
ou falta de experiência. Às vezes as intenções podem ser boas, mas o resultado é
negativo. Em alguns casos, a compreensão ou a interpretação errada de um texto bíblico
pode ser a causa da decisão errada.
O fracasso é mais sério quando a conseqüência negativa do ato já era conhecida
ou prevista. Mesmo sabendo que certo ato não era certo, a tentação foi muito forte e a
satisfação do próprio ego venceu. O cristão também pode concordar que certo
procedimento realmente é de acordo com a vontade de Deus, mas argumenta que
mesmo assim parece conveniente ou aceitável.
De todos os lados o pecado rodeia e quer embaraçar o cristão (Hb 12.1). A
possibilidade de cair no pecado sempre existe (1 Jo 2. 1), mas o cristão nunca pode
continuar voluntariamente pecando, andando no caminho errado (Hb 10.26).

50
Diferentes conseqüências dos fracassos
1) Aceitação dos fracassos: Alguns podem se contentar com os seus próprios
erros porque, em comparação com os de outros, são ainda “muito bons”. É
um conforto falso; é perigoso achar que, apesar das faltas, a pessoa está se
saindo muito melhor do que os outros. É perigoso se acostumar a atitudes
erradas, pois, assim, sempre o homem será inferior ao que Deus dele pensa
e deseja. Insensibilidade e endurecimento são muito perigosos;
2) Pessimismo e desespero: Pessoas sensíveis sentem-se muito derrotadas
quando fracassam. Um espírito de pessimismo, derrotismo e desespero
toma conta da pessoa. O pecado pode arruinar tudo e estragar toda a
alegria. Um fracasso desencoraja o esforço ético. A pessoa pode achar que
não é o pior caso; o crente pode pensar que não adianta orar porque Deus
não dá força para não cair, ou pensa: se eu fosse Deus, perderia a paciência
com uma pessoa como eu que sou faltoso freqüentemente;
3) Sentimento de culpa e desejo de perdão: Uma pessoa que sente culpa ao
errar, revela sensibilidade e saúde mental. Uma consciência que funciona e
reage é de grande valor. O sentimento de culpa é relacionado com o
reconhecimento e a confissão do pecado. O exemplo clássico de sentir ou
não a culpa pelos atos praticados é o caso dos dois malfeitores crucificados
juntamente com Jesus. É muito desgastante sentir o peso da culpa, e Deus
não destinou o homem para viver debaixo da condenação (Sl 32.1-5);
4) A possibilidade de recuperação pelo perdão: Através da consciência, Deus
chama atenção para as nossas faltas, mas não para nos desencorajar,
humilhar ou punir, e sim para nos preparar para a sua ajuda. O evangelho é
a mensagem da graça, e o perdão é concedido através da obra de Jesus
Cristo.

O perdão exige três fases da parte do homem:


a) reconhecimento do pecado e da necessidade de ajuda;
b) vontade de ser ajudado através da confissão e o pedido; fé que aceita
o perdão que Cristo oferece.

Pelo perdão, os fracassos, pecados e transgressões são totalmente eliminados.


Eles desaparecem e não são mais contados. O perdão anula o medo da condenação e o
sentimento de abandono. Jesus afirma: “Teus pecados te são perdoados; vai-te e não
peques mais”.
Aceitando o perdão de Cristo, também aceitamos a responsabilidade de agir de
forma melhor no futuro. “Em vez de ser derrotado e desmoralizado, o cristão, pela virtude
do perdão através da fé em Jesus Cristo, é esperançoso. Ele sabe que Deus o aceita,
apesar de suas falhas".
O crente sabe que pode ser fortalecido, recuperado e perdoado. O seu crescimento
no Espírito precisa continuar, e pela fé o crente tem condições de vencer porque nunca
está sozinho.

Formar um padrão moral para alcançar os alvos e os propósitos

No livro "Ética cristã para hoje", Milton L. Rudnick sugere as seguintes atitudes
para o crente formar o seu próprio padrão moral:
1) Aceitar a orientação do Espírito Santo. A ética evangélica é a ética do Espírito
Santo. Os frutos espirituais em Gálatas 5.22 são muito relacionados com o
comportamento do cristão. Trata-se de uma vida santificada;

51
2) Buscar a orientação da Bíblia. As normas bíblicas servem como modelo para
formar um caráter cristão, firme e puro (1 Pe 3.8-17 e Ef 4);
3) Admitir a própria insuficiência, reconhecer a fraqueza e a grande necessidade do
poder divino para vencer. Admitir a presença do mal, que quer influenciar sobre as
decisões. Depender da presença de Cristo;
4) Analisar e usar o bom senso. Não tomar decisões apressadas, não agir antes de
pensar, controlar as reações violentas. Analisar, pesquisar, informar-se, comparar
com outros, avaliar diferentes atitudes ou alternativas e distinguir entre fatos e
opiniões que são fatores valiosos para formar bases para o comportamento moral;
5) Em cada caso, sondar a vontade de Deus. O que é que Deus mais deseja? O que
faria Deus neste caso? O que é que mais agrada a Deus?
6) Examinar, corrigir e fortalecer os motivos. Motivos podem fazer ou quebrar uma
decisão ética. Porque penso assim, o que é que me leva a isto? O que quero
afinal? Quais são as minhas aspirações? Os meus desejos estão certos? Isto tem
algum valor para o Reino' de Deus? Até que ponto eu sou movido pelo egoísmo,
pelo maligno ou por Deus?
7) Estabelecer objetivos adequados, algo que quero alcançar (Fp 3.14). O que vou
fazer para alcançar o alvo, que sistema vou adotar para conseguir?
8) Determinar e empregar meios apropriados, verificar as possibilidades. O fim não
justifica os meios, por exemplo, distribuir alimentos aos pobres na base de fraudes,
mentiras ou roubos;
9) Depender de recursos espirituais e morais. É preciso ser espiritual e moralmente
forte, não esquecendo a ajuda que Deus pode oferecer. Ter fé e entusiasmo para o
crescimento espiritual e para o futuro;
10) Fazer avaliações adequadas, testar os valores, utilizar uma crítica construtiva,
pessoal ou vinda de outros. O cristão deve estar consciente da sua possibilidade
de errar e fazer tudo para evitar os erros. Uma grande parte do sucesso é
exatamente evitar os erros e as decisões erradas.

“E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, alma e corpo
sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo”.
(1 Ts 5.23)

ÉTICA MINISTERIAL
Neste capítulo reproduzimos (com pequenos ajustes) o texto oferecido pelo Pastor
Neemias Pereira da Rocha, Presidente do Campo de Goiânia, 1º Vice-Presidente da
COMADEBG (Convenção dos Ministros Evangélicos das Assembléias de Deus de
Brasília) e Membro da Comissão de Relações Públicas da CGADB (Convenção Geral das
Assembléias de Deus no Brasil).

“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à
Igreja de Deus” (1 Co 10.32).

Ética é o comportamento que cada um de nós deve ter em todos os momentos e


lugares de nossa vida, a fim de que sempre venhamos ser alvo de elogios daqueles que
estão ao nosso redor. Em se tratando de ética ministerial, falaremos do nosso
comportamento nas diversas escalas do ministério.

52
ÉTICA NA CHAMADA

Nenhum obreiro deve oferecer-se para uma separação ministerial, nem tentar
agradar ao seu pastor com presentes e com bajulações para galgar o degrau aspirado
(Mc 3.13; Hb 5.4; Jd 16 e 1 Tm 3.1-3).

ÉTICA NO DESEMPENHO DO TRABALHO

 Nunca pensar que o cargo que lhe foi confiado é inferior; porém, no desempenho
dele procurar desenvolver um trabalho que agrade a Deus, como requer o Senhor
Jesus (Rm 12.6-8; At 11.22-23 e 1 Pe 4.10-11);
 Como tratar as diversas classes na igreja (1 Tm 5.1-4);
 Como se apresentar de forma adequada, principalmente em cerimônias;
 Cerimônia Fúnebre: O terno deve ser escuro, de preferência preto, azul marinho,
camisa branca ou escura, como também a gravata. Devem-se evitar camisas e
gravatas vermelhas ou tons berrantes;
 Cerimônias de Casamento, Bodas de Prata, Bodas de Ouro, Festa de 15 Anos e
culto em geral: O terno pode ser escuro ou de cor clara; evitando, porém, cores
berrantes, pois, elas não vestem bem o obreiro;
 Cuidados gerais:
- Cuidado com o colarinho, que deve estar abotoado e limpo;
- Cuidado com as cores da gravata, que deve combinar com a roupa;
- Cuidado com a gravata de zíper (o zíper afrouxa e a gravata fica
deformada);
- Cuidado com os sapatos;
- Cuidado com a caspa no paletó;
- Cuidado com o hálito (além da higiene bucal, tenha sempre um cravo ou
halls, pois o estômago vazio provoca mal hálito);·.
- Cuidado com os odores das axilas (além do banho, faça uso de um bom
desodorante);

ÉTICA AO SER EMPOSSADO NUMA IGREJA

Quando assumimos uma igreja, trazemos dentro de nós um misto de alegria e


tristeza. Alegria por estar recebendo um novo rebanho e tristeza por deixar para trás um
rebanho, muitas vezes chorando. Às vezes torna-se difícil administrar este misto de
emoções, pois, sorrir com o coração chorando, não é fácil. Entretanto, devemos oferecer
carinho, atenção e alegria ao novo rebanho. Muitos crentes virão cumprimentar o novo
obreiro com os olhos marejando de lágrimas pela saída do seu antecessor. Não fique
triste, lembre-se que um dia, quem sabe, estarão também chorando por sua saída.

Ética ao assumir uma igreja


 nunca assumir com ares de quem veio concertar;
 nunca menosprezar o rebanho por ser menor do que aquele que você deixou;
 nunca ter palavras de elogios somente ao rebanho anterior;
 nunca desfazer o que seu antecessor fez;
 nunca juntar-se aos inimigos do seu antecessor, desprezando os amigos dele;
 nunca falar mal do seu antecessor, ainda que tenha razão para isso.

53
Saber sempre que aquele rebanho deve muito ao seu antecessor. Muitos
perguntarão: “O irmão está gostando?” ou “Como o irmão está vendo o trabalho?”.
Cuidado com o que irá responder, para não deixar o irmão triste e decepcionado.
Alguns vão falar mal do pastor que saiu. Não dê ouvidos a esses grupos, pois
geralmente eles são compostos de pessoas insatisfeitas, e assim como falam mal do seu
antecessor falarão de você quando for transferido.
Pelo menos durante algum tempo, não faça mudanças na igreja, até que você se
torne simpático, e aí, então, com cuidado faça as devidas mudanças. Na posse de certo
Pastor, foi servido um jantar no refeitório da igreja e ele, verificando que as mesas eram
muito altas, para fazer uma média com o Pastor-Presidente, anunciou:
“Quando o senhor vier numa próxima visita, será servido numa mesa digna, pois
amanhã mesmo mandarei serrar os pés destas mesas, para que fiquem com a
devida altura”.
O Presidente, olhando para aquele irmão, replicou:
“Espere pelo menos 3 anos para que você mande serrar a primeira perna destas
mesas”.
Lembre-se das palavras do Senhor Jesus, registradas em João 4.38: “Eu os enviei
para colherem o que vocês não cultivaram. Outros realizaram o trabalho árduo, e vocês
vieram usufruir do trabalho deles”.
Respeite sempre o trabalho que encontrar, mesmo que lhe pareça mal feito;
possivelmente foi realizado com muito amor e carinho e dentro das possibilidades daquele
que o antecedeu.

AO DESLIGAR-SE DE UMA IGREJA

É um momento de muita dificuldade tanto para quem sai como para quem fica, pois
muitas vezes o pastor que sai deixa para trás rastros de um trabalho profícuo e intenso,
desenvolvido durante sua permanência ali. Ficam para trás filhos que se casaram, netos,
e um número sem conta de filhos na fé, bem como também filhos ministeriais. Porém, a
saída de uma igreja para outra pode representar:
 oportunidade de renovação ministerial;
 oportunidade de encarar novos desafios;
 oportunidade de servir ao Ministério, Convenção e também a uma nova
comunidade de crentes;
 oportunidade de estar saindo no tempo de Deus, evitando o desgaste;
 cuidados com certas frases que podem sair dos seus lábios como:
- “Vocês entendem, por mim não sairia, mas...”;
- “Zelei por vocês todos esses anos, mais o que vem aí... na sei não!”;
- “Se vocês quiserem, é só dizer que não aceitam o outro”;
- “Agora vocês vão aprender o que é bom!”.

COISAS QUE DEVEM SER PASSADAS PARA SEU SUCESSOR

 Lista de nomes dos membros da Diretoria da Igreja, com endereço, telefone, etc.;
 Lista dos nomes dos Lideres de Departamentos, com endereço, telefone, etc.;
 Lista do patrimônio da igreja, de preferência assinada por uma comissão instituída
para tal;
- Dívidas, se houverem, qual a situação;
- Como estão sendo pagas, vencimentos;
- Saldo em caixa, se houver;
54
 Situação dos membros; casos de disciplina (por que); quando vence a disciplina.

Ao deixar um trabalho, nunca deixe transparecer

 Marcação do líder contra você;


 Revolta da Igreja contra você;
 Aceite como vontade de Deus, “se o líder estiver errado, lembre-se que Deus lhe
pedirá conta”.

Procedimentos diante de seu sucessor

 Não dê opiniões, você não é mais o pastor da igreja;


 Evite telefonar ou visitar os membros e, se o fizer, evite dar opiniões sobre o seu
sucessor;
 Só volte à igreja a convite do pastor. Mesmo convidado por alguma liderança,
procure autorização do pastor.

NO PÚLPITO ALHEIO

É comum convidar um companheiro para pregar nas festividades, ministrar estudo


bíblico, proferir palestras para casais, etc. Algumas posturas que esse convidado deve
assumir na igreja visitada:
 se a programação tiver um tema, o obreiro deve orar a Deus e procurar
desenvolver a sua preleção pertinente. Se não houver, deve pedir a Deus uma
palavra que venha ao encontro das necessidades da igreja;
 evite tomar conhecimento dos problemas internos da igreja visitada, para que não
se tornem:
- Motivo de inibição para entregar a Palavra de Deus;
- Motivo de emoção, levando-o a falar somente com referência àquele problema;
- Evitar dar opiniões sobre costumes ensinados na igreja visitada;
 procure se inteirar dos horários estabelecidos na Igreja visitada, honrando e
respeitando o tempo preestabelecido. Chegue sempre na hora!
 aceite com alegria a hospedagem e o trato;
 se ficar hospedado em hotel, cuidado! Use, mas não abuse;
 evite despesas extras para a igreja hospedeira, tais como: lavagem de carro,
convidados extras, conserto de veículos, etc.;

AO CONVIDAR OUTRO OBREIRO

Saber as condições da igreja para tal, levando em conta uma série de fatores:
 o meio mais viável e adequado, para que o obreiro possa vir ao local: avião, carro
próprio, ônibus, etc;
 se a distância é muito longa:
- Prover o meio mais rápido e menos cansativo, pois o pastor convidado precisa
chegar a tempo hábil e descansado para pregar;
- Procure saber, com antecedência, quais as despesas que a igreja terá, para evitar
surpresas de última hora e decepções;
- Procure a melhor maneira de hospedar o servo de Deus. Se for um hotel, que
seja dentro das condições da igreja, mas objetivando sempre o melhor;
55
- Quando a hospedagem for à casa de uma família, que possa lhe ser oferecido um
quarto onde o obreiro tenha privacidade sem interferência;
- mesmo que o obreiro não queira cobrar, nunca o despeça com as mãos vazias.
“Aquele que é instruído na Palavra, reparta de todos os seus bens com aquele que
instruiu” (Gl 6.6);
- Durante os dias conferência, procure encontrar um momento propício, levando o
obreiro convidado até a sua casa para juntos, desfrutarem de momentos de
comunhão.

FESTAS SOCIAIS

O obreiro, como todo membro da igreja, deve participar dos momentos sociais do
seu rebanho, fazendo-se presente tanto nos eventos na própria igreja, quanto nos lares
de seus membros. Para tanto, o obreiro precisa dar bom exemplo de fidalguia e
comportamento impecável em todas as situações, evitando com isso:
 participar do “empurra-empurra do povão”. Aguarde, afinal de contas você é uma
líder da igreja, e deve postar-se como tal;
 muito cuidado com o festival gastronômico, onde alguns, por falta de preparo e
conhecimento, entram na disputa, comendo tudo aquilo que lhes oferecem.
Lembre-se sempre: “Coma de tudo, mais não coma tudo” (Pv 23.1-2);
 o obreiro precisa observar pelo menos os requisitos básicos de etiqueta social,
para saber usar bem os utensílios de mesa;
 o obreiro precisa evitar situações constrangedoras, tais como: assuar o nariz,
principalmente durante as refeições; arrotar; palitar os dentes; fazer uma cesta com
restos de bolo e salgados para levar; etc.

TRATAMENTO COM LÍDERES

A visita de um líder à nossa igreja, seja ele de procedência local, regional ou


nacional, deve ser algo que traga muita alegria tanto para o obreiro quanto para a igreja.
Ao apresentar um líder, faça-o com honra:
 seu nome completo, precedendo o título pastoral e, caso detenha o título de doutor
em alguma área: o correto é dizer Pastor Doutor fulano de tal;
 o cargo que ocupa, exemplo: Pr. Presidente do ministério, Pr. Presidente da
Convenção Regional tal, Pr. Presidente da Convenção geral, Pr. Supervisor do
Setor tal, etc.;
 jamais tratar o líder apenas pelo nome, mesmo que ele seja mais novo que você;
 reunir o maior número possível de crentes para o evento;
 dar ao líder a liberdade para dirigir o culto, fazendo de modo que se sinta à
vontade;

Finalizando, deixo a você meu nobre companheiro, um conselho que poderá ajudá-
lo muito em seu ministério. Se procurar aplicar a ética em todos os momentos de seu
ministério, terá sempre ao seu redor companheiros e amigos satisfeitos, felizes e
dispostos; seus cabelos demorarão mais tempo para branquear ou cair e sua felicidade
será cada vez maior por estar trabalhando com zelo e sabedoria para o reino de Jesus
Cristo.

Pr. Neemias Pereira da Rocha

56
Questionário 4

1. Qual o fundamento da ética cristã.


________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2. Cite algumas características da ética cristã.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

3. Para saber escolher certo em situações delicadas, o crente tem vários recursos. Cite
alguns deles.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

4. O Decálogo, ou os dez mandamentos, corresponde ao primeiro ______________ ético


que o Senhor deu a Moisés, com o propósito de ___________ o comportamento do
homem no cumprimento dos seus deveres para com Deus, para com o ________e para
consigo mesmo.

57
BIBLIOGRAFIA

M. RUDNICK – Ética cristã para hoje, Junta de Educação Religiosa e Publicações da


Convenção Batista Brasileira, 1988, Rio de Janeiro.

B.D. WEDELAND – Ética do Novo Testamento, Editora Sinodal, 1981, São Leopoldo.

A.B. LANGSTON – Notas sobre ética prática, Casa Publicadora Batista, 1954.

CLINTON GARDNER – Fé bíblica e ética social, ASTE, 1965.

JERRY WHITE – Honestidade, Moralidade, e Consciência, JUERP, 1986.

ULRICH HANS REIFLER – Aética dos Dez Mandamentos, Ed. Vida Nova, 1992.

KRISTELIG ETIK – N.H. Spe Copenhagen, 1962.

KRISTEN TROOCH MORAL – W. 1943.

INTRODUÇÃO À ÉTICA – Instituto de Educação Teológica por Extensão, CETE.

ÉTICA CRISTÃ – A vida cristã no dia a dia, CPAD.

BÍBLIA SAGRADA – Nova Versão Internacional, São Paulo, 1993, (Nota; todas as
passagens bíblicas, mencionadas textualmente, foram extraídas desta).

WIKIPEDIA Foundation Inc / Califórnia-USA – Informações e datas sobre os autores ou


terminologia grega e hebraica, foram extraídas dos respectivos sites desta Bibliografia
para Leitura Complementar Obrigatória: NORMAN L. GEISLER. Ética cristã. Ed. Vida
Nova.

* Bibliografia para Leitura Complementar Obrigatória:

NORMAN L. GEISLER. Ética cristã. Ed. Vida Nova

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