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MATERIAL DE

APOIO PEDAGÓGICO
PARA APRENDIZAGENS

6º Ano
Ensino Fundamental – Anos Finais

Ensino
Religioso
VOLUME 1
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE EDUCADORES
Governo do Estado de Minas Gerais
Secretaria de Estado de Educação

Governador do Estado de Minas Gerais


Romeu Zema

Secretária de Estado de Educação de Minas Gerais


Júlia Sant’Anna

Secretária de Estado Adjunta de Educação


Geniana Guimarães Faria

Subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica


Izabella Cavalcante Martins

Diretor da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional do Educador


Weynner Lopes Rodrigues

Coordenadora de Ensino da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores


Janeth Cilene Betônico da Silva

Produção de Conteúdo
Professores-Formadores da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores

Revisão
Equipe Pedagógica da Escola de Formação

Colaboradores
Professores das Universidades parceiras
SUMÁRIO

ENSINO RELIGIOSO ................................................................................... pág 01


Planejamento 1: O poder do diálogo (parte 1........................................ pág 01
Planejamento 2: O poder do diálogo (parte 2) .................................... pág 04
Planejamento 3: Mitos (parte 1) .......................................................... pág 10
Planejamento 4: Mitos (parte 2) .......................................................... pág 13
Planejamento 5: O mito e o rito (parte 1) ............................................. pág 18
Planejamento 6: O mito e o rito (parte 2) ............................................ pág 22
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS
ANO DE ESCOLARIDADE REFERÊNCIA ANO LETIVO
6 o ano Ensino Fundamental – Anos Finais 2022

COMPONENTE CURRICULAR ÁREA DE CONHECIMENTO


Ensino Religioso Ciências Humanas e suas Tecnologias
COMPETÊNCIA
UNIDADE TEMÁTICA
Identidades e Alteridades.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
OBJETO(S) DE CONHECIMENTO HABILIDADE(S)
(EF06ER21MG) Reconhecer a importância do diálogo, do autoco-
Relações e narrativas pessoais. nhecimento e do conhecimento do outro para que haja relações
respeitosas entre as pessoas.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: O poder do diálogo (parte 1)
DURAÇÃO: 01 aula
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Inicie uma aula dialogada, solicite aos estudantes que definam o que é diálogo e diversidade. Caso seja
necessário, peça que algum estudante leia no dicionário o significado dessas palavras. Ressalte, nesse
primeiro momento, a importância da diversidade para o enriquecimento do diálogo.

B) DESENVOLVIMENTO:
Convide a turma para participar de uma atividade de mapeamento das principais características e va-
lores de cada um. Em uma folha separada, os estudantes deverão escrever cinco coisas importantes
sobre si. Não é necessário definir que tipo de coisas o estudante deve apresentar – a escolha refletirá
seus valores pessoais.
Em uma segunda etapa, convide os estudantes a comparar seus resultados com os de seus colegas,
tentando identificar a pessoa com quem teve maior número de semelhanças e de diferenças. Oriente-os
sobre o fato de que nem sempre o que parece ser diferente realmente é – se, por exemplo, um estudante
se identifica como cruzeirense e outro como atleticano, apesar da diferença na escolha ambos consi-
deram que torcer por um time é algo muito importante em sua identidade.
Por fim, conduza a discussão sobre os resultados da atividade, convide os estudantes a compartilhar
seus resultados explicitando se os resultados encontrados correspondiam às suas expectativas, e se
revelavam com quem era mais fácil dialogar entre os colegas.

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RECURSOS:
Dicionário impresso ou on-line (opcional).
Papel e material de escrita.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação deve partir da participação dos estudantes na dinâmica e na discussão. Garanta que
ninguém fique excluído da atividade. Avalie a possibilidade de os estudantes registrem sua expe-
riência através de produção escrita.

ATIVIDADES
1 – Procure no dicionário o significado das palavras (há dicionários online):
Diálogo: ______________________________________________________________________________

Diversidade: __________________________________________________________________________

2 – O diálogo sempre ocorre entre duas pessoas diferentes. Todos temos características e valores
diferentes. Por isso, vamos fazer uma atividade que nos ajudará a perceber nossas próprias caracte-
rísticas. Tente se apresentar em cinco tópicos, escrevendo coisas que são importantes sobre você.

1) ________________________________________________________________________________
2) ________________________________________________________________________________
3) ________________________________________________________________________________
4) ________________________________________________________________________________
5) ________________________________________________________________________________

3 – Agora que você já construiu um pequeno perfil se apresentando, compare com o de seus colegas.
a) Quem foi a pessoa mais semelhante a você?

b) Quem foi a pessoa mais diferente de você?

c) Você esperava esse resultado? Por quê?

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d) Na sua opinião, é mais fácil dialogar com pessoas diferentes ou semelhantes? Por quê?

e) Na sua opinião, como a diversidade pode colaborar quando precisamos dialogar sobre al-
gum assunto?

REFERÊNCIAS
CONCEITO de diálogo. Conceito de, 2022. Disponível em: <https://conceito.de/dialogo>. Acesso
em: 24 fev. 2022.
CONCEITO de diversidade. Conceito de, 03 fev. 2011. Disponível em: <https://conceito.de/diversi-
dade>. Acesso em: 24 fev. 2022.

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UNIDADE TEMÁTICA
Identidades e Alteridades.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
(EF06ER21MG) Reconhecer a importância do diálogo, do autoconhe-
Relações e narrativas
cimento e do conhecimento do outro para que haja relações respei-
pessoais.
tosas entre as pessoas.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: O poder do diálogo (parte 2)
DURAÇÃO: 01 aula
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Relembre a classe sobre a atividade realizada na aula passada, conscientizando os estudantes so-
bre as diferenças e peculiaridades presentes em cada ser humano. A seguir, apresente o primeiro
quadrinho e questione os estudantes sobre qual é a maneira mais adequada de lidar com a diversi-
dade. Talvez seja necessário retomar o contexto geral dos quadrinhos da Turma da Mônica.

B) DESENVOLVIMENTO:
A partir das tirinhas apresentadas, convide os estudantes a analisar situações relacionadas ao diá-
logo, identificando desafios à sua realização e propondo métodos que o tornem viável nas mais
diversas situações. Utilizar a metodologia da aula dialogada nessa fase permite a participação co-
letiva da turma.

RECURSOS:
Tirinhas impressas ou exibidas através de projeção e/ou meios eletrônicos.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Avalie a participação dos estudantes, garantindo que ninguém fique excluído da atividade.
Caso seja necessário, é possível que os estudantes registrem sua experiência através de produ-
ção escrita.

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ATIVIDADES
1 – Observe a imagem a seguir.

MÔNICA. São Paulo: Abril, n. 175, nov. 1984. p. 40.

Nos quadrinhos da Turma da Mônica, é sempre comum ver Cebolinha ofendendo Mônica, por conta
de suas características físicas (dentuça, baixinha, gordinha). Cebolinha também tem suas limita-
ções: não consegue falar corretamente e tem apenas cinco espetados fios de cabelo. Não é co-
mum ver Mônica ofender Cebolinha por suas características. Ela, porém, se vale de ser fisicamente
mais forte e retribui as ofensas verbais com agressões físicas.

a) Como as diferenças entre Mônica e Cebolinha poderiam ser resolvidas através do diálogo?

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b) Na sua percepção as pessoas tendem mais a resolver suas desavenças através do diálogo
ou de meios inadequados, como por exemplo, a violência?

c) O que pode ser feito para que as pessoas aprendam a dialogar?

2 – Veja os quadrinhos a seguir. Esta é a primeira aparição de Mônica, em 1963.

MÔNICA 1963. Disponível em: <https://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/hqs.php >. Acesso em: 07 mar. 2022.

a) Nessa tirinha, Cebolinha não ofende Mônica por suas características. Ainda assim, você
acha que a forma que ele falou com ela foi adequada? Por quê?

b) Considerando a forma como Cebolinha fala com Mônica e a queixa dele no último quadrinho,
podemos concluir que ele se sentiu no direito de tratá-la daquela forma devido à diferença
de gênero existente entre os dois. Na sua opinião, em situações de diálogo as pessoas se
respeitam apesar de seu gênero? Por que você acha que isso acontece?

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c) Qual seria a forma mais adequada de Cebolinha ter se dirigido a Mônica?

3 - Veja os quadrinhos a seguir.

AMOROSIDADE. Disponível em: <https://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/hqs.php>. Acesso em: 07 mar. 2022.

a) Descreva, com suas palavras, o que aconteceu nessa tirinha.

b) Na sua percepção, a forma como as pessoas se tratam influencia a possibilidade de haver


diálogo? Por quê?

c) Vimos, nas tirinhas anteriores, que Cebolinha não costuma ser gentil com Mônica. Na sua
opinião, isso pode ter influenciado sua reação no último quadrinho? Por quê?

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4 – Veja os quadrinhos a seguir.

LIDANDO com emoções e sentimentos. Disponível em: <https://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/hqs.php>.


Acesso em: 07 mar. 2022.

a) Descreva, com suas palavras, o que acontece nessa tirinha.

b) Na sua opinião, a timidez e a vergonha podem criar barreiras entre as pessoas quando vão
dialogar? Por que você acha que isso acontece?

c) O que podemos fazer para deixar mais tranquila uma pessoa que queira ou precise dialogar,
mas esteja com muita vergonha?

5 - Veja os quadrinhos a seguir.

DIREITO e proteção. Disponível em: <https://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/hqs.php>. Acesso em: 07 mar. 2022.

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a) Descreva, com suas palavras, o que acontece nessa tirinha.

b) Na sua opinião, a forma como acolhemos as pessoas pode influenciar a disposição delas em
dialogar conosco? Por que você acha que isso acontece?

c) Como você acha que as pessoas podem aprender a transmitir confiança para aqueles com
quem pretendem dialogar?

REFERÊNCIAS
CONCEITO de diálogo. Conceito de, 2022. Disponível em: <https://conceito.de/dialogo>. Acesso
em: 24 fev. 2022.
CONCEITO de diversidade. Conceito de, 03 fev. 2011. Disponível em: <https://conceito.de/diversi-
dade>. Acesso em: 24 fev. 2022.

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UNIDADE TEMÁTICA
Crenças Religiosas e Filosofias de Vida.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
(EF06ER06X) Reconhecer e relatar a importância dos mitos, ritos e
Símbolos, ritos e mitos
textos na estruturação das diferentes crenças, tradições e movimen-
religiosos.
tos religiosos e culturais.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Mitos (parte 1)
DURAÇÃO: 01 aula
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Inicie a aula retomando com os estudantes os conceitos de mito. Em seguida, apresente a música
“Vira” e solicite que os educandos identifiquem os elementos relacionados a mitos presentes na le-
tra. A partir dessa experiência, conduza a reflexão sobre como os mitos estão presentes na cultura.
É importante recordar, que o mito deve ser compreendido como uma narrativa explicativa. Ele é
um relato de como alguma coisa surgiu, seja animal, planta, objeto, costume ou instituição social.
De acordo com um dos grandes pesquisadores das religiões, o romeno Mircea Eliade:
“o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial,
o tempo fabuloso do ‘princípio’. [...] É sempre, portanto, a narrativa de uma ‘criação’: ele relata de
que modo algo foi produzido e começou a ser. O mito fala apenas do que realmente ocorreu, do que
se manifestou plenamente” (ELIADE, 1986, p. 11).

B) DESENVOLVIMENTO:
Cada estudante deverá escolher (ou sortear) um mito de sua preferência e fazer uma produção es-
crita, recontando sua história. É importante que, no processo de escolha dos mitos, seja valorizada
a cultura local.
Você pode solicitar, também, que seja feita uma ilustração do mito.
Se necessário, você pode orientar que seja feita pesquisa na biblioteca escolar ou na internet, caso
você tenha boas condiçoes de acesso.
Essa produção pode ser apresentada de várias formas diferentes, a sua escolha: construção de um
portfólio, mural, sarau de leitura dos textos etc.
Ao fim do trabalho, promova uma discussão sobre os mitos como elementos da cultura.

RECURSOS:
Projetor e caixas de som para assistir ao clipe musical.
Letra da música (impressa ou disponibilizada por meio digital).
Papel e material de escrita.

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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Avalie a participação dos estudantes e seu engajamento nas atividades, garantindo que ninguém
fique excluído.
Sobre a produção material, a compreensão do mito como elemento cultural deve ser o principal
elemento avaliado.

ATIVIDADES
1 – Ouça a música a seguir e acompanhe sua letra:

a) Na letra da música, quais lendas e mitos podem ser


identificados?

Vira
O gato preto cruzou a estrada
Passou por debaixo da escada
E lá no fundo azul, na noite da floresta
A lua iluminou a dança, a roda, a festa
b) Os mitos fazem parte da cultura de um povo. Você co-
Vira, vira, vira
nhece algum mito brasileiro? Qual?
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira lobisomem
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Bailam corujas e pirilampos
Entre os sacis e as fadas
c) Os mitos são histórias fantásticas. Mesmo assim, eles
E lá no fundo azul, na noite da floresta
são apontados como explicação para muitas coisas
A lua iluminou a dança, a roda, a festa reais. Na sua opinião, por que isso é possível?
SECOS & MOLHADOS. O vira. São Paulo: Warner
Music Brasil, 1973. LP (2:14). Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=tBxf_gp2Xho

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2 – Escolha um mito de sua preferência e faça uma produção escrita sobre ele.
Dê preferência para os mitos e lendas que são próprios de sua cidade ou região.
Se você tiver dificuldade, pode consultar na biblioteca ou na internet. Mas não vale copiar, deve ser
uma produção sua, ok?
Aproveite para fazer também um desenho bem bonito sobre o mito que você escolheu.
Seu professor irá orientá-lo sobre como será a apresentação do trabalho.
Vamos lá?

REFERÊNCIAS
SECOS & MOLHADOS. O vira. São Paulo: Warner Music Brasil, 1973. LP (2:14). Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=tBxf_gp2Xho>. Acesso em: 07 mar. 2022.
ABEL, Brutus. Mircea Eliade e o mito. Kalíope, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 66-79, 2005. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/index.php/kaliope/article/view/3141/2073>. Acesso em: 02 mar. 2022.

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UNIDADE TEMÁTICA
Crenças Religiosas e Filosofias de Vida.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
(EF06ER06X) Reconhecer e relatar a importância dos mitos, ritos e
Símbolos, ritos e mitos
textos na estruturação das diferentes crenças, tradições e movimen-
religiosos.
tos religiosos e culturais.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Mitos (parte 2)
DURAÇÃO: 01 aula
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Inicie a aula relembrando a atividade da aula passada, o conceito de mito e sua importância para a
explicação da realidade em muitos movimentos culturais e religiosos.
O ser humano não aceitou olhar a realidade a sua volta sem buscar compreendê-la. Ainda não havia
o pensamento científico. A forma encontrada de explicação foi criar narrativas míticas. Elas o aju-
davam a se situar e entender o mundo e tudo que nele existe.

B) DESENVOLVIMENTO:
Apresente o mito iorubá e o mito bíblico sobre o surgimento do arco-íris. Preferencialmente, isso
deve ser feito através de contação de histórias, com os estudantes sentados em roda. Caso não
seja possível, conduza a leitura dos textos.
Em seguida, convide os estudantes ao debate. Ressalte sempre que os mitos não são mentiras ou
verdades, mas expressões de como uma cultura enxerga o mundo. Também é importante deixar
claro que os mitos fazem parte do processo de construção das doutrinas das religiões.
Por fim, convide os estudantes a comparar as semelhanças e diferenças entre os mitos. Lembre-se
de enfatizar que o mito de Noé é um registro escrito, e que o mito iorubá faz parte da tradição oral.
É importante, nessa atividade, zelar para que não haja manifestações preconceituosas ou proseli-
tistas na classe.
Caso ainda haja tempo, solicite que os estudantes registrem, em seu caderno, as histórias que fo-
ram contadas na aula de hoje.

RECURSOS:
Texto dos mitos impresso (opcional).
Caderno e material de escrita (opcional).

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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Avalie a participação dos estudantes na discussão sobre os mitos, garantindo que ninguém fique
excluído da atividade.

ATIVIDADES
1 – Você já parou para pensar por que existe o arco-íris? Hoje, vamos contar um mito de origem io-
rubá que explica sua origem.
Os iorubás vivem, em grande parte, no sudoeste da Nigéria, havendo também comunidades em
Benim, Togo e Gana. Muitas pessoas de origem iorubá foram trazidas escravizadas para o Brasil no
período colonial. Por isso, muitos elementos dessa cultura, principalmente religiosos, tornaram-se
parte da cultura brasileira.

Nanã, a mãe do arco-íris


Em um passado muito antigo, vivia a mais velha de todas as mulheres, a mais antiga de todas. Ela
era tão velha que até ajudou Oxalá, orixá criador do mundo, a criar a humanidade, emprestando-lhe
a lama do fundo do lago onde ela vivia para que ele moldasse o primeiro ser humano.
Apesar de velha, ela era uma mulher lindíssima e uma deusa. Seu nome era Nanã, que significa
“raiz”. Ela é a orixá das chuvas, dos mangues, dos pântanos, da lama e senhora da morte. É res-
ponsável pelos portais do nascimento e da morte.
Nanã era rainha de um povo e tinha poder sobre os mortos. Para roubar esse poder, Oxalá se
casou com ela, mas não lhe dava atenção. Nanã, então, fez um feitiço para ter um filho. Tempos
depois, nasceu o bebê, que foi chamado Omolu. Porém, por causa do feitiço, ele nasceu todo de-
formado, com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, Nanã acabou
abandonando-o numa praia, onde Iemanjá o encontrou quase morrendo. Ela o curou e o criou
como se fosse sua mãe, dando-lhe todo amor e carinho. Omolu se tornou o orixá da varíola e das
doenças contagiosas, senhor das doenças e da saúde. Porém, devido às marcas em seu corpo,
veste-se sempre com a pele coberta por palha.
Quando Oxalá soube que Nanã havia abandonado o filho, condenou-a a ter mais filhos e a expulsou
do reino, ordenando que fosse viver em um pântano escuro e sombrio. Tempos depois, nasceu
de Nanã um filho saudável e belo, que se chamava Oxumarê. Porém, como castigo por ter aban-
donado Omolu, este segundo filho foi embora, viajando por toda parte. O príncipe Oxumarê usava
roupas de todas as cores, que realçavam ainda mais sua beleza.
Certa vez, a Terra quase foi destruída pelas chuvas. Chovia o tempo todo, o solo ficou encharcado,
os rios transbordaram para fora de seus leitos, de tanta água. As plantas e os animais morriam
afogados, a doença e a morte prosperavam.
“- A chuva é coisa boa, mas não pode durar para sempre”, pensou Oxumarê.
Então, o jovem filho de Nanã apontou seu punhal de bronze para o alto e com ele fez um grande
corte em arco no céu, ferindo a chuva. A chuva parou de cair e o Sol pôde brilhar de novo.
Desde então, quando chove muito, Oxumarê risca o céu com seu punhal de bronze. Quando isso
acontece, todos podem ver o belo príncipe vestido com suas roupas multicoloridas, na forma de
arco-íris. Na língua iorubá, Oxumarê quer dizer exatamente isso: o arco-colorido.
Texto adaptado de Colonese e Lima (2022).

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a) Você já tinha ouvido essa história?

b) Essa é uma história que não está registrada em nenhum livro sagrado, mas é transmitida
através da tradição oral. O que isso significa?

c) Você conhece a explicação científica para o surgimento dos arco-íris? Se não conhece pes-
quise sobre esse tema. Em que ela se parece com esse mito?

d) Além da origem do arco-íris, esse mito explica também a atribuição de funções a vários ori-
xás. Quais são eles?

2 – Agora, vamos ler outro mito sobre a origem do arco-íris.


Este mito faz parte da tradição judaico-cristã e está registrado na Bíblia. Ele é muito mais longo em
sua versão original. Aqui, vamos conhecer apenas partes selecionadas do texto.

O dilúvio
Quando o Senhor Deus fez o céu e a terra, não haviam brotado capim e nem plantas, pois o Senhor
ainda não tinha mandado chuvas, e não havia ninguém para cultivar a terra. Mas da terra saía uma
corrente de água que regava o chão. Então, do pó da terra, o Senhor formou o ser humano. O Senhor
soprou nele uma respiração de vida, e assim ele se tornou um ser vivo [...].
Esta é a história de Noé. Ele foi pai de três filhos: Sem, Cam e Jafé. Noé era um homem direito e
sempre obedecia a Deus. Entre os homens do seu tempo, Noé vivia em comunhão com Deus. Para
Deus todas as outras pessoas eram más, e havia violência por toda parte. Deus olhou para o mundo
e viu que estava cheio de pecado, pois todas as pessoas só faziam coisas más.

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Deus disse a Noé:
“– Resolvi acabar com todos os seres humanos. Eu os destruirei completamente e destruirei tam-
bém a terá, pois está cheia de violência. Pegue madeira boa e construa para você uma grande bar-
ca. […] Vou mandar um dilúvio para cobrir a terra, a fim de destruir tudo o que tem vida; tudo o que
há na terra morrerá, mas com você eu vou fazer uma aliança. Portanto, entre na barca e leve com
você sua mulher, seus filhos e as suas noras. Também leve para dentro da barca um macho e uma
fêmea de todas as espécies de aves, todas as espécies de animais e de todas as espécies de seres
que se arrastam pelo chão, a fim de conservá-los vivos. Ajunte e leve todo tipo de comida para que
você e os animais tenham o que comer.”
E Noé fez tudo conforme Deus havia mandado. […] No dia dezessete do segundo mês, se arreben-
taram todas as fontes do grande mar, e foram abertas todas as janelas do céu, e caiu chuva sobre a
terra durante quarenta dias e quarenta noites. […] Morreu tudo o que havia na terra, tudo que tinha
vida e respirava. Somente Noé e os que estavam com ele na barca ficaram vivos. […] Só cento e
cinquenta dias depois é que a água começou a baixar.
Então Deus lembrou de Noé e de todos os animais que estavam na barca. Deus fez com que um
vento soprasse sobre a terra, e a água começou a baixar. […] No primeiro dia do primeiro mês, Noé
tirou a cobertura da barca e viu que a terra estava secando. No dia vinte e sete do segundo mês, a
terra estava bem seca. […] Assim Noé e sua mulher saíram da barca, junto com os seus filhos e as
suas noras. Também saíram todos os animais e as aves, em grupos, de acordo com suas espécies.
Noé construiu um altar para oferecer sacrifícios a Deus, o Senhor. Ele pegou aves e animais puros,
um de cada espécie, e os queimou como sacrifício no altar. O cheiro dos sacrifícios agradou ao
Senhor, e Deus pensou assim: “Nunca mais eu vou amaldiçoar a terra por causa da raça humana,
pois eu sei que desde a sua juventude as pessoas só pensam em coisas más. Também nunca mais
destruirei todos os seres vivos, como fiz dessa vez. Enquanto o mundo existir, sempre haverá se-
meadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite. […]
Deus disse a Noé e aos seus filhos: […]
“-Eu faço a seguinte aliança com vocês: prometo que nunca mais os seres vivos serão destruídos
por um dilúvio. E nunca mais haverá outro dilúvio para destruir a terra. Como sinal desta aliança que
estou fazendo para sempre com vocês e com todos os animais, vou colocar o meu arco nas nuvens.
O arco-íris será o sinal da aliança que estou fazendo com o mundo.”
Porções selecionadas do livro de Gênesis, capítulos 02 a 09.

a) Você já tinha ouvido essa história? Por que o ser humano criou os mitos?

b) Essa história está registrada em livros sagrados, como a Torah do judaísmo e a Bíblia cristã.
Como esse relato bíblico-mítico se relaciona com a preservação dessa história para o futuro?

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c) Há pontos em comum entre o mito iorubá que ouvimos hoje e o mito do dilúvio? Quais?

d) Quando ouvimos o mito iorubá de surgimento do arco-íris, percebemos que ele tem alguns
elementos que o aproximam da explicação científica para o fenômeno. Isso também acon-
tece no mito do dilúvio? Justifique sua resposta.

3 – Faça um registro, em seu caderno, das histórias que você ouviu. Destaque as partes que você
achou mais interessantes.

REFERÊNCIAS
BÍBLIA Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
COLONESE, Paulo Henrique; LIMA, Mariana de Souza. Arco-íris, chuvas e enchentes na mitolo-
gia Yorubá (África). Espaço Ciência Viva, 2022. Disponível em: <http://cienciaviva.org.br/index.
php/2020/02/26/arco-iris-na-mitologia-yoruba-africa/>. Acesso em: 07 mar. 2022.

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UNIDADE TEMÁTICA
Crenças Religiosas e Filosofias de Vida.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
(EF06ER07X) Estabelecer e exemplificar a relação entre mito e rito,
Símbolos, ritos e mitos e a presença de símbolos nas práticas celebrativas, familiares e das
religiosos. comunidades, de diferentes culturas e tradições religiosas, especial-
mente das matrizes de formação do povo brasileiro.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: O mito e o rito (parte 1)
DURAÇÃO: 01 aula
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Recorde, com a turma, as narrativas dos mitos apresentadas na última aula. Se possível, solicite que
os próprios estudantes façam o reconto, com base nos registros que fizeram em seus cadernos.

B) DESENVOLVIMENTO:
Apresente a foto de um devoto de Omolu em um ritual e peça aos estudantes que tentem identificar
a qual personagem dos mitos se refere. Relembre com os estudantes a parte do mito iorubá que
explica a origem de Omolu e suas atribuições. Através de aula expositiva participada, os estudan-
tes devem reconhecer a relação entre o mito e as práticas de devoção ao orixá. Direcione os estu-
dantes a pesquisar ou relembrar o que é sincretismo religioso. Ajude-os a perceber os pontos em
comum nos mitos que levaram, no passado, ao sincretismo entre Omolu e os santos católicos São
Roque (nascido através de súplicas à Virgem Maria, com a marca de uma cruz em seu peito) e São
Lázaro (ressuscitado por Jesus depois de quatro dias morto, padroeiro dos leprosos).
É importante, nessa atividade, zelar para que não haja manifestações preconceituosas ou proseli-
tistas na classe.
Também é importante relembrar, com os estudantes, por que existe sincretismo religioso no Bra-
sil. Enfatize o quão prejudicial e desrespeitoso foi, em termos sociais, culturais e religiosos, o se-
questro dos povos negros para o trabalho escravo nas Américas.

RECURSOS:
Fotos impressas ou exibidas por meios eletrônicos.
Material para pesquisa (enciclopédia ou acesso à internet).

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Avalie a participação dos estudantes na aula e nas possíveis pesquisas dela decorrentes, garantin-
do que ninguém fique excluído da atividade.

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ATIVIDADES
1 – Observe atentamente a figura a seguir e responda:
Omolu

Disponível em: <http://ilealaketuasebabaonanlayo.blogspot.com/p/blog-page_24.html>. Acesso em: 07 mar. 2022.

a) De acordo com a descrição dos personagens feita no mito iorubá sobre o surgimento do
arco-íris, quem está retratado na figura ao lado?

b) Por que você chegou a essa conclusão?

c) Como isso se relaciona com sua representação?

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Você sabia? Em religiões de matriz africana, como o candomblê, os devotos se
tornam a representação de seu orixá de referência no mundo físico. Por isso, é
comum que se vista como esse orixá é descrito nos mitos.

Igreja de São Lázaro e São Roque em Salvador (BA)

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_São_Lázaro_e_São_Roque>. Acesso em: 07 mar. 2022.

d) Pesquise e responda: o que é sincretismo religioso?

e) No Brasil, é comum que Omolu seja cultuado sincretizado com São Roque ou São Lázaro.
Pesquise e responda: quais características desses santos, de acordo com a tradição católica,
que são comuns ao mito de Omolu e permitiram que essa associação fosse feita no passado.

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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Anderson Diego da Silva. Artefatos do “Quebra”: indumentária étnica, história e estética
da coleção perseverança. Oodere, ano 1, n. 1, v. 1, jan./jun. 2016. Disponível em: <https://periodi-
cos2.uesb.br/index.php/odeere/article/download/1540/1327/2603>. Acesso em: 07 mar. 2022.
FERRETI, Sérgio. Sincretismo afro-brasileiro e resistência cultura. Horizontes Antropológicos,
Porto Alegre, v. 4, n. 8, p. 182-198, jun. 1998. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ha/a/QWFNF-
Zz6HMycJzMPJ5j8sgC/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 02 mar. 2022.
ISER – A dança dos sincretismos. Comunicações do ISER, v. 13, n. 45, 1994. Disponível em: <https://
www.iser.org.br/wp-content/uploads/2020/07/comunicacoes-45.pdf>. Acesso em 02 mar. 2022.
HISTÓRIA de São Lázaro. Cruz Terra Santa, 2022. Disponível em: <https://cruzterrasanta.com.br/
historia-de-sao-lazaro/150/102/>. Acesso em: 07 mar. 2022.
HISTÓRIA de São Roque. Cruz Terra Santa, 2022. Disponível em: <https://cruzterrasanta.com.br/
historia-de-sao-roque/161/102/>. Acesso em: 07 mar. 2022.
ÓMÓLÚ. Ìlé Alaketu àse bàbá òná làiyó, 2022. Disponível em: <http://ilealaketuasebabaonanlayo.
blogspot.com/p/blog-page_24.html>. Acesso em: 07 mar. 2022.

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UNIDADE TEMÁTICA
Crenças Religiosas e Filosofias de Vida.
OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
(EF06ER07X) Estabelecer e exemplificar a relação entre mito e rito, e a
Símbolos, ritos e mitos presença de símbolos nas práticas celebrativas, familiares e das comu-
religiosos. nidades, de diferentes culturas e tradições religiosas, especialmente
das matrizes de formação do povo brasileiro.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: O mito e o rito (parte 2)
DURAÇÃO: 01 aula
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Importante: este planejamento utiliza a metodologia sala de aula invertida. É necessário que os
estudantes sejam orientados com antecedência quanto aos pontos que deverão estudar para par-
ticipar desta aula. Caso julgue necessário, retomar com os estudantes as características dessa
metodologia, para garantir de que os diferentes momentos sejam compridos.
Recorde, com os estudantes, que vocês têm estudado sobre como os mitos influenciam as práti-
cas religiosas. Explique que, na aula de hoje, vocês vão analisar a origem da celebração da Páscoa.

B) DESENVOLVIMENTO:
Divida a sala em grupos, que serão responsáveis por pesquisar e apresentar os seguintes temas:
• Moisés e a libertação do povo hebreu (a primeira páscoa).
• Celebração da Pessach no judaísmo.
• A última ceia de Jesus.
• Como as pessoas celebram a Páscoa atualmente (religião).
• Como as pessoas celebram a Páscoa atualmente (tradições não religiosas).

Os estudantes serão convidados a apresentar o resultado de sua pesquisa para a classe. Incentive
a confecção de cartazes ou outras mídias visuais. Valorize a eloquência da apresentação, incenti-
vando seus estudantes a criar o hábito de se expressar publicamente sem timidez.
Entre as apresentações, intervenha quando necessário, a fim de ajudar os estudantes a compreen-
der como a celebração do mito da libertação do povo hebreu se transformou, através do tempo,
assumindo inclusive características secularizadas. Ressalte como muitos símbolos permanecem
e/ou se transformaram. Caso sua região possua alguma tradição específica de celebração da Pás-
coa, incentive os estudantes a abordarem-na na apresentação.

RECURSOS:
Mídias visuais para apresentação, de acordo com a disponibilidade da escola e dos estudantes.

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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Avalie a preparação dos estudantes para a apresentação e sua participação no momento da aula.
Valorize a disposição de preparar mídias visuais para a apresentação – considerando, porém,
a qualidade do conteúdo sempre superior à sua aparência.
Valorize a eloquência da apresentação como forma de incentivo à participação, e não de punição
daqueles que ainda estão desenvolvendo habilidades de comunicação em público.

ATIVIDADES
1 – Você já ouviu falar sobre a Páscoa?
Essa festa, cuja celebração é comum em nosso país, tem uma origem muito antiga, em um mito que
ocorreu bem longe de nosso país – mais especificamente, no Egito.
Para compreendermos melhor essa tradição, vamos dividir a turma em grupos e pesquisar os se-
guintes temas:
• Moisés e a libertação do povo hebreu (a primeira páscoa).
• Celebração da Pessach no judaísmo.
• A última ceia de Jesus.
• Como as pessoas celebram a Páscoa atualmente (religião).
• Como as pessoas celebram a Páscoa atualmente (tradições não religiosas).

Você e seu grupo deverão pesquisar e adquirir conhecimento sobre um desses temas. Preparem,
também, material para apresentar o que vocês aprenderam ao restante de seus colegas, que pes-
quisaram outro tema.
Seu(sua) professor(a) irá marcar uma data para a apresentação do trabalho. Nesse dia, vocês troca-
rão os conhecimentos que adquiriram através da pesquisa.
Vamos lá?

REFERÊNCIAS
CRUZ, Eval. Sobre símbolos e rituais: uma revisão conceitual antropológica. Café com Sociologia,
v. 8, n. 2, p. 11-20, ago./dez. 2019. Disponível em: <https://revistacafecomsociologia.com/revista/
index.php/revista/article/view/1132>. Acesso em: 04 mar. 2022.

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