Você está na página 1de 28

Alfabetizando na diversidade

UNI DA DE 1: CONHECENDO O NÍVEL DE LEITURA E ESCRITA


A unidade 1 do curso propõe uma reflexão sobre o processo de
alfabetização na diversidade. Conheceremos perspectivas teóricas
sobre o tema e discutiremos acerca deste assunto, elencando
vantagens e limitações. Além disso, teremos acesso a materiais de
diagnóstico que poderão nos auxiliar a identificar os diferentes
níveis de conhecimento de cada um dos nossos alunos.

O que fazer nesta unidade?

O primeiro passo é explorar os materiais disponibilizados. Entre eles estão textos, vídeos,
entrevistas, apresentações, dicas de leitura e instrumentos para diagnóstico com tabelas de
apoio às práticas. Registre suas ideias, dúvidas, experiências e sugestões. Participe, então,
do Fórum da atividade avaliativa 1: conhecendo o nível de leitura e escrita dos
alunos. A atividade requer que você aplique com ao menos um aluno - ou criança do seu
convívio - uma das propostas de sondagem diagnóstica abordadas. Os resultados devem
ser compartilhados no espaço do fórum, conforme as orientações do enunciado. Retorne em
diferentes momentos para acompanhar as discussões. Sua contribuição é fundamental.

 A diversidade como eixo de práticas pedagógicas em classes multisseriadas Livro

 Identificando o nível de alfabetização de cada aluno Livro

 Fórum da atividade avaliativa 1: conhecendo o nível de leitura e escrita dos alunos 477
mensagens não lidas
 A avaliação da atividade será realizada em até cinco dias úteis após a publicação. Para
acompanhar o seu desempenho no curso, acesse o quadro de Notas, localizado no menu
lateral, à esquerda da página.

A diversidade como eixo de práticas pedagógicas em classes multisseriadas

1. Classes multisseriadas
Classes multisseriadas, talvez em virtude do terreno de desafios sobre os quais se sustentam,
costumam ser analisadas com crítica e desconfiança. Para Arroyo,

… as escolas multisseriadas merecem outros olhares. Predominam imaginários


extremamente negativos a serem desconstruídos: a escola multisseriada pensada na
pré-história de nosso sistema escolar; vista como distante do paradigma curricular
moderno, urbano, seriado; vista como distante do padrão de qualidade pelos
resultados nas avaliações, pela baixa qualificação dos professores, pela falta de
condições materiais e didáticas, pela complexidade do exercício da docência em
classes multisseriadas, pelo atraso da formação escolar do sujeito do campo em
comparação com aquele da cidade (ARROYO, 2010, p. 10).

Desconstruir o olhar negativo sobre o contexto da multisseriação, entendendo que todo


grupo de alfabetização carrega diversidade e heterogeneidade, é um importante primeiro
passo para que se alcancem ações promissoras em relação ao desenvolvimento dos
estudantes.

A diversidade como eixo de práticas pedagógicas em classes multisseriadas

2. Por que reunir?

Estudos recentes, como o da pesquisadora da Universidade de La Plata Claudia Molinari, que


coordenou um programa de formação docente desenvolvido na província de Buenos Aires
envolvendo estudantes de Pedagogia e professores de 26 escolas rurais (MOLINARI e SIRO,
2004), destacam os benefícios das classes multisseriadas para o processo de aprendizagem.
Em entrevista à revista Nova Escola, em 2009, Claudia diz:

“A interação de alunos de diferentes níveis, antes considerada um obstáculo,


transformou-se em vantagem pedagógica. Elaboramos um projeto didático
totalmente baseado nesse princípio. E deu certo nas 26 escolas que participaram
do curso de formação” (in GENTILE, 2009).

Nesses estudos, também se ponderam as fragilidades de duas situações: a busca da


homogeneização como meta, de um lado, e a ausência de um plano comum de trabalho, de
outro, circunstâncias que reduzem a potencialidade de compartilhamento, troca e
aprendizagem mútua.

Para Teberoski (in GENTILE, 2018), práticas sociais cada vez mais individualizadas não
ajudam a formar uma comunidade alfabetizadora. E, neste viés, Molinari complementa: "ainda
que ninguém em um determinado grupo saiba ler e escrever convencionalmente, todos se
ajudam, não só permitindo, mas também facilitando a socialização dos conhecimentos. Dessa
forma, cria-se um ambiente favorável à aprendizagem" (in GENTILE, 2009).

Neste início de conversa, o que queremos destacar é que o trabalho coletivo, que valoriza a
diversidade de uma turma multisseriada, não tem como meta única fazer com que todos os
estudantes desenvolvam as atividades de forma correta, mas que, juntos, mobilizem
conhecimentos e experiências pessoais, complementando diferenças e enriquecendo
possibilidades. Para isso, sugere-se como organização de classe aquela em que os
participantes trocam informações e se ajudam mutuamente, colaborando para aprender.
Referências:


o ARROYO, Miguel González. Escola: terra de direito. In: ROCHA, M. I. A.;
HAGE, S. M. (Orgs.). Escola de direito: reinventando a escola multisseriada. Belo
Horizonte: Autêntica, 2010, p. 119-140.


o GENTILE, Paola. Claudia Molinari defende a diversidade no avanço de
classes multisseriadas. Revista Nova Escola. Jan. 2009. Disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/977/claudia-molinari-defende-a-diversidade-
no-avanco-de-classes-multisseriadas>. Acesso em: 15 maio 2017.


o GENTILE, Paola. Ana Teberosky: ''debater e opinar estimulam a leitura e a
escrita''. Revista Nova Escola. Mar. 2018. Disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/251/ana-teberosky-debater-e-opinar-
estimulam-a-leitura-e-a-escrita>. Acesso em: 19 junho 2019.


o MOÇO, Anderson. Alfabetização, leitura e escrita em sala multisseriada.
Revista Nova Escola. Fev. 2012. Disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/1979/alfabetizacao-leitura-e-escrita-em-sala-
multisseriada>. Acesso em: 15 maio 2017.


o MOLINARI, Claudia; SIRO, Ana. Un proyecto didáctico para leer y escribir en
contextos de estudio: experiencias en aulas multigrado rural. Programa de
Ayuda a La Escuelas Rurales. Fundação Perez Companc; Fundação Bunge y
Born, 1975/2004.
Identificando o nível de alfabetização de cada aluno
1. O que é estar alfabetizado hoje

De acordo com o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, por meio do Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), o Brasil tem
avançado no processo de alfabetização, mas ainda não conseguiu progressos visíveis em relação ao alcance do pleno domínio de habilidades
hoje tão importantes para a participação completa na sociedade letrada.

Para explicitar sob qual perspectiva entendemos o que é estar alfabetizado, nos apoiamos nas
palavras de Emilia Ferreiro (in FERRARI, 2016), para quem a alfabetização supõe:

"… poder transitar com eficiência e sem temor numa intrincada trama de práticas sociais
ligadas à escrita. Ou seja, trata-se de produzir textos nos suportes que a cultura define
como adequados para as diferentes práticas, interpretar textos de variados graus de
dificuldade em virtude de propósitos igualmente variados, buscar e obter diversos tipos de
dados em papel ou tela e também, não se pode esquecer, apreciar a beleza e a
inteligência de um certo modo de composição, de um certo ordenamento peculiar das
palavras que encerra a beleza da obra literária. Se algo parecido com isso é estar
alfabetizado hoje em dia, fica claro por que tem sido tão difícil. Não é uma tarefa para se
cumprir em um ano, mas ao longo da escolaridade. Quanto mais cedo começar, melhor".

Então, professor(a), quando falamos em alfabetização neste curso, consideramos o processo


que vai além das habilidades de codificação e decodificação da escrita. A alfabetização requer
compreender como funciona a estrutura da língua e a forma como é utilizada (LOPES et al.,
2010), estando vinculada, assim, ao letramento e à aplicação da escrita em diferentes
situações e práticas sociais.

Referências:

FERRARI, Marcio. Emilia Ferreiro: ''O momento atual é interessante porque põe a escola
em crise''. Revista Nova Escola. Nov. 2016. Disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/238/emilia-ferreiro-o-momento-atual-e-interessante-
porque-poe-a-escola-em-crise>. Acesso em: 28 maio 2017.

INSTITUTO PAULO MONTENEGRO. Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). Disponível


em: <https://ipm.org.br/inaf>. Acesso em: 28 maio 2017.

LOPES, Janine Ramos. Caderno do educador: alfabetização e letramento. Janine Ramos


Lopes, Maria Celeste Matos de Abreu, Maria Célia Elias Mattos (orgs.). Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2010. 68 p.
(Programa Escola Ativa). Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5707-escola-
ativa-alfabetizacao1-educador&Itemid=30192>. Acesso em: 15 maio 2017.

2. Por onde começar?


Se temos como princípio que o processo de alfabetização não se resume às habilidades de
codificação e decodificação de sinais, então também entendemos que ele não se encerra no
primeiro ou segundo ano escolar. A ideia é que inicie no primeiro ano e continue sendo
aprimorado nos anos seguintes.

Dedicaremos este espaço à exploração de atividades que possibilitem conhecer o nível de


leitura e escrita de nossos alunos, um importante passo para auxiliá-los na construção da
língua.

Propomos a leitura do documento Conhecendo o nível de escrita e leitura do aluno, em que


são expostas atividades de sondagem divididas em duas etapas:

I. Alfabetização e letramento (1º ao 3º ano) e


II. Apropriação da escrita (a partir do 4º ano)

A primeira etapa focaliza o processo diagnóstico das hipóteses de escrita orientado pela teoria
da Psicogênese (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999), conforme apresenta a matéria de
Anderson Moço para a revista Nova Escola (2009). A segunda etapa aborda um jogo de leitura
por inferências adaptado a partir da atividade desenvolvida por Pajurkova et al. apud. McGinitie
et al. (1990). A palavra “Sarvalapo”, contudo, tem autoria desconhecida.

ATENÇÃO: o exame atento do documento subsidiará o desenvolvimento da atividade 1


do curso.

Apresentamos ainda uma sugestão de tabela para mapeamento das hipóteses de escrita dos
alunos, que ajudará a realizar um acompanhamento do desenvolvimento do grupo de

aprendizes .
Referências:

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1999.

McGINITIE, Walter; MARIA, Katherine; KIMMEL, Susan. O papel das estratégias cognitivas
não acomodativas em certas dificuldades de compreensão da leitura. In: FERREIRO,
Emilia; PALACIO, Margarita Gomes. Os processos de leitura e escrita: novas perspectivas. 3.
ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
MOÇO, Anderson. Diagnóstico na alfabetização para conhecer a nova turma. Revista Nova
Escola. Mar. 2009. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/2489/diagnostico-na-
alfabetizacao-para-conhecer-a-nova-turma>. Acesso em: 15 maio 2017.

3. Práticas e histórias de aplicação dos instrumentos diagnósticos

Professores participantes do projeto Escolas Conectadas de diversas localidades do País têm


relatado práticas e curiosidades envolvendo a aplicação dos instrumentos diagnósticos dos
níveis de leitura e escrita.

Confira os depoimentos e algumas histórias.

Aline Kerber Bruniczack E.M.E.F. Arthur Martins, Maratá, Rio Grande do Sul

A profa. Aline, participante da oficina "Como meu aluno está lendo e escrevendo? Discutindo a
construção da língua escrita", oferecida pelo projeto Escolas Rurais Conectadas em 2013,
apresenta em depoimento suas impressões sobre a atividade de sondagem diagnóstica.

Marlene Leal Franco


E.M. Franco, Espírito Santo do Dourado, Minas Gerais
A profa. Marlene, também participante da oficina "Como meu aluno está lendo e escrevendo?", relata o
processo e os resultados da socialização da atividade diagnóstica de letramento para alunos a partir do
quarto ano na sua escola.

"Trabalhar as oficinas foi um fator fundamental para todos os profissionais e alunos da Escola
Municipal Franco, pois nos proporcionaram momentos reais de interação e suavizaram nossas aulas
com um toque mágico de novidades, despertando o interesse das crianças em relação às buscas e
instigando a vontade de ler para descobrirem os enigmas. A atividade com SARVALAPO foi tão
envolvente que as professoras se uniram na criação de mais enigmas para uma continuação do
processo, que foi inovadora e de grande proveito para todos os envolvidos no trabalho.

No começo, as crianças ficaram um pouco inseguras e com medo de se expressarem. Depois, foram,
aos poucos, se familiarizando, e o momento se transformou em uma competição divertida e
incentivadora, atingindo os interesses que a aplicação da atividade buscava. A palavra
SARVALAPO virou moda na escola. Foi muito legal e marcante o momento. Nossas expectativas
em relação às oficinas aumentaram ainda mais depois deste envolvente trabalho".

Ligivânia Santos das Neves


E.M. Constâncio Maranhão, Vitória de Santo Antão, Pernambuco
Na escola Constâncio Maranhão (Vitória de Santo Antão/PE), os alunos da profa. Ligivânia
também criaram novos desafios a partir do instrumento diagnóstico e jogo de leitura
"Sarvalapo". Ligivânia atendia o total de estudantes da escola - 16 crianças - em uma turma
multisseriada. Abaixo, estão algumas das inspiradoras imagens.

Fórum da atividade avaliativa 1: conhecendo o nível de leitura e escrita dos alunos


Para consultar as orientações e responder à atividade, clique no link abaixo (Fórum da
atividade avaliativa).

Olá, professora e professor!

Nessa unidade, falamos sobre a importância do diagnóstico, que nos auxilia a identificar o nível
de escrita e leitura do aluno, e conhecemos algumas atividades que permitem realizar tal
identificação.

O que fazer?
Agora, chegou a hora de aplicarmos alguma das testagens apresentadas e compartilharmos os
resultados alcançados com o grupo de colegas.

Como fazer?
1. Após o estudo dos materiais da seção Identificando o nível de alfabetização de cada
aluno, aplique um dos testes com uma criança da faixa etária indicada. Pode ser um
aluno com quem você tenha contato de forma remota, neste período de distanciamento social
e férias letivas em algumas localidades. É possível utilizar o WhatsApp, por exemplo, ou um
recurso de vídeo-chamada para realizar a testagem.

2. Relate os resultados alcançados e descreva condutas da (s) criança (s) que chamaram sua
atenção aqui no fórum, em uma única postagem.

Acompanhe as postagens de seus colegas, converse e interaja à vontade.

Abraços!

Para esta atividade fiz uma vídeo-chamada via WhatsApp. A princípio comecei com uma
conversa informal, para que o aluno sentisse tranquilo para a realização da testagem.
Depois deste momento, expliquei de forma clara como seria a atividade. Com o
entendimento do aluno, o mesmo deu início.
Após realizar a atividade proposta, foi possível diagnosticar que o aluno está no nível
(A) Alfabético. O aluno já consegue reproduzir adequadamente todos os fonemas de
uma palavra, percebendo o valor das letras e sílabas.
Algo da qual chamou minha atenção, foi perceber que mesmo no cenário de isolamento
social que estamos vivenciando, o aluno conseguiu desenvolver de forma tranquila e
confiante a atividade dentro do que estava sendo solicitado na testagem. Percebi que
quando realmente há parceria entre escola (aulas remotas) e família (acompanhamento
das atividades) é possível sim ver resultados.

UNIDADE 2: INSPIRAÇÃO NA DIVERSIDADE

Temos dado grande relevância à questão da diversidade presente nas


classes multisseriadas porque a entendemos como potencializadora dos
processos de aprendizagem. Contudo, os benefícios desta relação não
acontecem ao acaso: precisam ser cuidadosamente planejados.
A unidade 2 é dedicada ao compartilhamento de práticas pedagógicas
com foco na diversidade e na alfabetização (para além da codificação e da
decodificação). Nela, também são abordadas possibilidades de conexão
dos conceitos estudados com competências previstas na BNCC – Base
Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018). Então, professora e professor, sintam-se convidados a
explorar em profundidade o material apresentado e, se possível, a aplicar no decurso da formação as
ideias descritas aqui.

O que fazer nesta unidade?

O primeiro passo é examinar com atenção as práticas pedagógicas disponibilizadas. Conheça as


experiências vividas por outros educadores e busque estabelecer relações com o que já viveu,
com suas experiências. Após o estudo dos materiais de apoio, participe do Fórum da atividade
avaliativa 2: histórias para todos. A atividade requer a realização de uma recomendação
literária conforme as orientações do enunciado.

Inspirações para a práticaLivro


BNCC na práticaLivro

Fórum da atividade avaliativa 2: histórias para todos 249 mensagens não lida s
A avaliação da atividade será realizada em até cinco dias úteis após a publicação. Para
acompanhar o seu desempenho no curso, acesse o quadro de Notas, localizado no menu
lateral, à esquerda da página.

1. Da teoria à prática

Interagir, comunicar e escrever para leitores reais são propósitos primordiais da língua. Mas
quando as crianças podem exercer esses papéis? Que práticas adotar, como educadores, para
encorajar esse tipo de ação em contextos de grande diversidade, como o que nos apresenta a
multisseriação? E que apoio podemos ter das tecnologias digitais para auxiliar os alunos a
ingressarem no mundo letrado?
Inspirações para a prática
1. Da teoria à prática
1.1. POU – um mascote virtual na construção da identidade e da escrita
No laboratório do Projeto Escolas Rurais Conectadas (hoje Inova Escola) desenvolvido no
município de Viamão (RS), na E.M.E.F. Zeferino Lopes de Castro, crianças de primeiro a
terceiro ano receberam, em 2013, a doação de tablets para suas práticas diárias. Cada aluno,
desde então, dispõe do seu dispositivo e pode levá-lo para casa.

O grupo do terceiro ano, ao conhecer o mascote virtual Pou (aplicativo gratuito disponível
em https://play.google.com/store/apps/details?id=me.pou.app&hl=pt_BR), ficou encantado. A
professora Rosa Stalivieri, então responsável pela turma, não pestanejou: aproveitou o
entusiasmo das crianças para iniciar um trabalho de fortalecimento da identidade e do hábito
da produção escrita.

Como foi o projeto


Todas as crianças realizaram o download do aplicativo “Pou” em seus tablets. A partir do
“nascimento” do mascote, a professora desenvolveu com cada aluno a certidão do seu
“filhotinho” virtual. O modelo utilizado foi o de uma certidão real (muitos pais conseguiram
providenciar cópias das certidões dos filhos), e a docente ajudou as crianças a preencherem
individualmente os documentos, com os nomes que haviam selecionado. Os mascotes
ganhavam, naquele momento, identidade.

As práticas de alimentação, cuidados com a saúde e com o lazer do mascote eram registradas
diariamente pelas crianças em um diário online. Cada uma delas escrevia segundo as suas
possibilidades. A criatividade dos pequenos também foi expressa por meio de histórias em
quadrinhos sobre cada “Pou” e da confecção de bonecos reais.

Registros feitos por uma aluna


Outras informações sobre o projeto
O trabalho fez muito sucesso na escola, contagiando outras crianças. Em um evento para
a apresentação de projetos, a aluna Luciana, cujos depoimentos no diário acabamos de ler,
introduziu a um grupo de visitantes as produções com o mascote:
“O nosso Pou é um bonequinho tecnológico. Ele saiu do tablet e ficou real. A gente fez a
certidão de nascimento, cada dia o diário dele e, aqui, a gente também fez uma história em
quadrinhos sobre ele”.

Ficou curioso (a) para conhecer o projeto? Quer conferir o que os alunos e cuidadores dos
mascotes criaram? Com a palavra, as crianças:
Inspirações para a prática

1. Da teoria à prática

1.2. Escrita para todos – construindo sites com base em Projetos


de Aprendizagem
Experiências desenvolvidas no laboratório do projeto Inova Escola – Fundação Telefônica na
E.M.E.F. Zeferino Lopes de Castro (Viamão/RS) são ilustrativas do aproveitamento das
tecnologias digitais no apoio ao processo de letramento com crianças que apresentam diversos
níveis de apropriação da língua. Uma delas parte dos Projetos de Aprendizagem, um dos
componentes da agenda da escola e que contempla todos os alunos, da educação infantil ao
9º ano do ensino fundamental.

Como funcionam os projetos?


No método, as crianças são reunidas conforme interesses de investigação, expressos por meio
de perguntas de pesquisa. A lógica do trabalho não é a seriação, mas a curiosidade genuína,
verdadeira do aluno (FAGUNDES, MAÇADA e SATO, 1999). Assim, crianças de 1º, 2º e 3º ano
(carinhosamente batizadas de “grupo Curió”) podem trabalhar juntas. Alunos de 4º a 9º ano
também podem se organizar em grupos para investigar as questões que os mobilizam.
Em 2014, as professoras Jamile Rodrigues e Cristiane Cecchin resolveram delegar aos alunos
que estavam sob sua orientação, todos em fase de letramento, a missão de construírem, com a
maior autonomia possível, o próprio site. As crianças investigavam “como se constrói um
foguete” e “o que é areia movediça”. Uma parte do resultado pode ser visualizada a seguir:

Um aspecto interessante do projeto foi a manutenção, na primeira versão da página, das


hipóteses de escrita das crianças e de eventuais irregularidades que seriam, mais tarde, foco
de reflexão. O objetivo de comunicação viria a ser, assim, o propulsor para a correção. Esta,
por outro lado, não inibiria o desejo das crianças de se comunicarem e compartilharem suas
aprendizagens.
É claro que, além da construção do site, atividades paralelas aconteceram, enriquecendo o
projeto e ocupando todos os integrantes: enquanto alguns pesquisavam experimentos
relacionados às perguntas de investigação, outros, por exemplo, buscavam vídeos e fotografias
que pudessem ser incorporados à publicação online.

Outro ponto de destaque foi a utilização de pesquisa por recurso de voz, que favoreceu às
crianças com hipóteses mais iniciais de escrita o pleno envolvimento no projeto e o contato
cada vez mais frequente com registros que poderiam contribuir com o desenvolvimento de
seus níveis de alfabetização.

Quer conhecer alguns dos autores desse trabalho? Neste vídeo, você acompanha o
depoimento da aluna Heloísa e da professora Jamile.

Referência:

FAGUNDES, Léa da Cruz; MAÇADA, Débora e SATO, Luciane. Aprendizes do futuro: as


inovações começaram. Coleção Informática para a Mudança na Educação. Brasília: SEED,
MEC, PROINFO, 1999. Disponível
em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraDownload.do?
select_action=&co_obra=40249&co_midia=2>. Acesso em: 30 março 2017.

Inspirações para a prática


1. Da teoria à prática
1.3. Relato de experiência: projetos didáticos em contextos de estudo
“O projeto didático é uma modalidade organizativa extremamente importante para que a
turma aprenda comportamentos leitores e escritores em contexto real de uso. Ao longo de
um projeto, alunos e alunas desenvolvem a habilidade de comunicar ao outro aquilo que
estão aprendendo nas etapas de estudo. Nessa modalidade, toda a turma, em conjunto
com a professora ou o professor, estabelece acordos de trabalho com o intuito de alcançar
os propósitos planejados e um produto final. É nessa perspectiva que se insere o relato a
seguir, com foco nas aprendizagens de cada um da turma e a articulação com os
interlocutores, entrelaçando ações dentro da sala de aula e fora dela, assegurando uma
importante parceria entre a escola e comunidade” (NASCIMENTO, 2015, p. 10).

Conheça o relato de Aline Carvalho Nascimento sobre a experiência da Escola Municipal José
Américo, na comunidade de Colônia, Itaetê, Bahia (páginas 10 a 14). O projeto descrito,
intitulado “Conhecendo mais sobre os animais peçonhentos”, foi realizado em uma classe
multisseriada em 2013 pela professora Nelma Silva Serafim, sob coordenação de Arlete
Almeida da Invenção.
Referência:

NASCIMENTO, Aline Carvalho. Projetos de pesquisa / Aline Carvalho Nascimento. São


Paulo: Fundação Victor Civita, 2015 (Coleção Classes Multisseriadas em Escolas do Campo; v.
2). Idealização: Fundação Telefônica Vivo. Realização: Instituto Chapada de Educação e
Pesquisa (ICEP). Disponível em:
<http://fundacaotelefonica.org.br/wp-content/uploads/pdfs/projeto-de-pesquisa.pdf>. Acesso
em: 28 maio 2017.

Inspirações para a prática


1. Da teoria à prática
1.4. Nasce o registro de uma língua indígena
* Relato proveniente da matéria homônima produzida pela revista Nova Escola – Victor Civita,
disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/2536/nasce-o-registro-escrito-de-uma-lingua-
indigena.

O projeto foi relatado à Revista Nova Escola em abril de 2009.

Enxergou uma adaptação bacana dessa prática para sua sala de aula? Quer saber mais sobre
o projeto? Clique aqui e leia na íntegra o relato da ação.

Referência:

SANTOMAURO, Beatriz. Nasce o registro escrito de uma língua indígena. Revista Nova
Escola. Abr. 2009. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/2536/nasce-o-registro-
escrito-de-uma-lingua-indigena>. Acesso em: 15 maio 2017.
Inspirações para a prática
1. Da teoria à prática
1.5. Projeto didático: recomendações literárias

"O projeto foi desenvolvido pela professora Márcia Regina Barreto, que atuava no
ciclo I, no ano de 2009, na Escola Municipal Barbosa Romeo, localizada em
Salvador, Bahia. Em primeiro lugar, a professora tinha clareza de que, para ensinar
seus alunos a produzir textos, seria importante desenvolver situações didáticas em
que as crianças pudessem atuar realmente como escritoras, independentemente de
estarem alfabetizadas ou não. Assim, ela precisaria planejar situações em que seus
alunos enfrentassem diversos desafios inerentes às atividades de leitores e
escritores 'de verdade'" (MONTEIRO, 2015, p. 20).

Acesse o texto “Projeto didático: recomendações literárias” (páginas 20 a 30), presente no


caderno Gestão da sala de aula, da Coleção Classes Multisseriadas em Escolas do Campo, de
autoria de Elisabete Monteiro, e conheça a iniciativa.

Referência:

MONTEIRO, Elisabete. Gestão da sala de aula / Elisabete Monteiro. São Paulo: Fundação
Victor Civita, 2015 (Coleção Classes Multisseriadas em Escolas do Campo; v. 4). Idealização:
Fundação Telefônica Vivo. Realização: Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP).
Disponível em: <http://fundacaotelefonica.org.br/wp-content/uploads/pdfs/gestao-da-sala-de-
aula.pdf>. Acesso em: 28 maio 2017.
1. Da teoria à prática
1.6. Alfabetizando em contexto de um computador por aluno

Em 2007, a E.E.E.F. Luciana de Abreu (Porto Alegre/RS) foi uma das primeiras no país a
receber o laptop do projeto federal “Um Computador por Aluno” - PROUCA.

Embora não fosse uma classe multisseriada, a turma de 1º ano da escola era composta de
crianças de seis anos de idade em diferentes momentos do processo de construção da língua
escrita. Em julho, quando receberam os equipamentos:


o 7 alunos estavam pré-silábicos;
o 2 alunos estavam silábicos sem valor sonoro;
o 2 alunos estavam silábicos usando as letras;
o 2 alunos estavam silábico-alfabéticos;
o 6 alunos estavam alfabéticos.

Diante do desafio de alfabetizar sua turma, aproveitando a diversidade de conhecimentos de


seus alunos, a professora criou o projeto "Curiosidade Premiada". No projeto, as crianças eram
incentivadas a fazer perguntas sobre as quais tinham curiosidade, e algumas delas gerariam
uma investigação. O nome do projeto faz referência ao livro "A curiosidade premiada" (de
autoria de Fernanda Lopes de Almeida e Alcy Linares), que a professora utilizou para disparar
o processo de compartilhar perguntas.

Ao longo do semestre, cinco curiosidades foram selecionadas pelos alunos e nortearam a


proposta pedagógica da professora:


o Por que os tiranossauros não ficam banguelas?
o Como o elefante bebe água?
o O que os leões fazem além de atacar e comer?
o Os morcegos chupam sangue?
o O que os golfinhos comem?

Como parte do processo de investigação, os alunos buscavam informações em livros e na


internet, e a professora lia em voz alta para eles, fazendo discussões sobre os conteúdos
encontrados.

Com os laptops em mãos, os alunos participaram de muitos momentos de uso real da língua
escrita. A busca de imagens dos animais do projeto em estudo em motores de busca foi um
deles. As crianças, pouco a pouco, se familiarizaram com os passos necessários para acessar
a internet, digitar o endereço do buscador e fazer as pesquisas. Crianças em fase inicial de
construção da língua escrita utilizavam diferentes estratégias para escrever os nomes dos
animais.

Além de salvar as imagens em seus próprios laptops, as crianças as compartilhavam em seu


diário (blog) no ambiente virtual da escola, a fim de registrar as descobertas do projeto e
socializar com os seus colegas de classe. Todos os alunos do 1º ano tinham um nome de
usuário e senha para ter acesso ao mesmo. Cada aluno criou um perfil com a sua foto, como
ilustra a imagem a seguir:

Quase diariamente entravam no ambiente virtual e escreviam sobre suas descobertas acerca
das questões de pesquisa. As crianças faziam seus registros de acordo com suas hipóteses de
escrita. Em alguns momentos, a professora realizava intervenções com alguns alunos, com o
objetivo de desestabilizar suas certezas e fazê-los refinar suas hipóteses.

PARA REFLETIR

Esse tipo de prática contribui para o desenvolvimento da fluência da língua escrita, uma vez
que os alunos têm oportunidade de usá-la com significado e não apenas como a aprendizagem
de uma técnica de codificação e decodificação.

Veja, a seguir, alguns registros de alunos conforme sua hipótese de escrita no diário:
Registro 1

Registro 2

Registro 3

Além do registro dos projetos, o ambiente virtual permitia a comunicação por escrito entre os
alunos da turma e da escola. Os alunos pré-silábicos também participavam de todo esse
processo. Eles usavam suportes escritos para copiar algo para o ambiente virtual. Além disso,
aprendiam algumas formas fixas, como o nome dos animais do projeto.
O trabalho por projetos de aprendizagem, com suporte da tecnologia digital e da internet, em
um ambiente no qual os alunos podiam expressar suas hipóteses de escrita, criou sentido para
a leitura e a escrita, e favoreceu o processo de letramento desses alunos.

Referência:

ALMEIDA, Fernanda Lopes de; LINARES, Alcy. A curiosidade premiada. Porto Alegre: Ed.
Ática, 1991.

Inspirações para a prática


1. Da teoria à prática
1.7. Inspirações na plataforma Escola Digital

A rede Escola Digital é uma plataforma gratuita que realiza a curadoria e disponibilização de
recursos e conteúdos digitais, distribuídos nas diferentes áreas do conhecimento, para
educadores e estudantes. A rede é uma parceria entre a Fundação Telefônica, o Instituto
Natura, a Fundação Lemann, o Instituto Inspirare e a Fundação Vanzolini. Conheça algumas
das possibilidades oferecidas pela plataforma ao desenvolvimento das hipóteses de escrita dos
estudantes.

*** Atenção: para acesso aos recursos, é necessário realizar o cadastro na


plataforma Escola Digital. ***

Descobrindo palavras, Dominó das sílabas e Identificando palavras

Colégio Cenecista Dr. José Ferreira - NOAS

Os jogos foram construídos pelo núcleo de computação aplicada do Colégio Cenecista Dr.
José Ferreira e integram o acervo da plataforma Escola Digital. Conheça os objetos a seguir.

Descobrindo palavras

O jogo digital “Descobrindo palavras” propõe, através de desenhos, que as crianças


escrevam o nome dos objetos indicados, estimulando a construção da escrita ortográfica
das palavras. É possível, por exemplo, utilizar o jogo instigando as crianças a escreverem
as palavras solicitadas em pequenos grupos, organizados por nível de construção da
escrita, o que as encorajará a interagir, discutindo as letras necessárias para cada palavra
sugerida. Pode-se, também, desafiar as crianças a construírem um jogo em papel, que
pode ter a mesma proposta do jogo digital ou outra, criada por elas. O professor pode,
ainda, utilizar o jogo para analisar o nível de construção da escrita em que as crianças se
encontram.

Disponível em:
http://www.noas.com.br/ensino-fundamental-1/lingua-portuguesa/descobrindo-as-palavras/

Dominó das sílabas

“Dominó de sílabas” é um jogo digital que propõe a associação de sílabas para a


construção de palavras, disponibilizando peças que possibilitam, quando reunidas, formar
vocábulos, deixando uma nova sílaba em aberto para uma nova construção, até que todas
as peças oferecidas sejam utilizadas. Propõe o trabalho orientado pelas hipóteses da
língua escrita para que as crianças avancem em seu processo de alfabetização. O objeto
digital pode ser utilizado também para a produção de frases, com base nas palavras
encontradas no dominó.

Disponível em:

http://www.noas.com.br/educacao-infantil/lingua-portuguesa/domino-das-silabas/

Identificando palavras

“Identificando palavras” é um jogo digital que estimula a conexão entre o desenho e a


representação escrita, a partir da vinculação das formas do quebra-cabeças proposto. O
objeto digital suscita algumas possibilidades, como confeccionar um jogo em papelão ou
outro recurso físico que as crianças tenham como manusear, instigando-as a observarem a
maneira como se escreve o nome dos desenhos. A partir da mediação do professor,
também é possível testar hipóteses de construção da escrita, à medida que as crianças
exteriorizam a maneira como registram cada palavra.

Disponível em:

http://www.noas.com.br/ensino-fundamental-1/lingua-portuguesa/identificando-palavras/

Brincando de Ditado

Nosso Clubinho

“Brincando de ditado” é um jogo digital que desafia as crianças em processo de construção da


escrita (a partir do nível silábico-alfabético) a escreverem as palavras através de um ditado que
acontece na interação do jogador com o assistente virtual. Está disponível na plataforma
"Nosso Clubinho", idealizada por Breno Dias Pinheiro. É possível trabalhar o ditado virtual com
os aprendizes observando a maneira como cada um está vivenciando o processo de
construção da escrita, desafiando-os a registrar as palavras também por meio de outros
suportes.

Disponível em:

https://www.nossoclubinho.com.br/jogos-educativos-ditado/

Referências:

COLÉGIO CENECISTA DR. JOSÉ FERREIRA – NOAS. Disponível em:


<http://www.noas.com.br/>. Acesso em: 30 junho 2019.

NOSSO CLUBINHO. Disponível em: <https://www.nossoclubinho.com.br/jogos-educativos-


ditado/>. Acesso em: 30 junho 2019.
BNCC na prática
1. Competências e habilidades da BNCC

Ao longo do curso, foi possível acessar diversas possibilidades de conexão com competências
previstas na BNCC – Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), sobretudo no contexto
do componente curricular de Língua Portuguesa para o ensino fundamental (anos iniciais).
Todo o acervo de formações do Escolas Conectadas foi atualizado com a finalidade de
explicitar as integrações com a Base e auxiliar você na sua prática pedagógica. A seguir, são
destacadas algumas das contribuições. Bons estudos!

BNCC na prática
1. Competências e habilidades da BNCC
1.1. Apresentação

Competências específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental relacionadas com o curso
Alfabetizando na diversidade*

Investir a língua de sentido de uso real é um dos desafios da escola desde os anos iniciais,
sobretudo com crianças em etapa de alfabetização, com hipóteses ainda incipientes de escrita.
Para a promoção da apropriação da linguagem escrita, é necessário entendê-la como
um meio primordial de acesso ao mundo, de produção de conhecimentos e de
construção da própria identidade. Incentivar a participação na cultura letrada é papel que
se estende à escola e à família, mas cabe à escola suprir a ausência ou a lacuna de trocas
simbólicas, em virtude do pequeno acesso a materiais escritos, ainda vivenciada, infelizmente,
por muitas crianças. Enriquecer seu repertório requer explorar diferentes meios e
suportes, físicos ou digitais, que oportunizem uma familiarização cada vez maior com recursos
textuais. Demanda também favorecer práticas e experiências literárias, que instiguem
a compreensão textual movida pela satisfação pessoal, pelo desejo de adentrar outras
dimensões, como a do lúdico e do imaginário. Todas são estratégias oportunas e
promissoras na trajetória de apoio ao desenvolvimento do letramento e da alfabetização.

E que práticas concretas podemos adotar? Veremos algumas possibilidades na próxima seção
– Mãos à obra!

1. Competências e habilidades da BNCC

1.2. Mãos à obra

Os anos iniciais do ensino fundamental são repletos de desafios do ponto de vista da


linguagem. É nessa etapa que se constituirá a base de desenvolvimento da lectoescrita, assim
como é nela que se estabelecerão os pilares de uma relação afetiva com o código, no sentido
da busca de sua compreensão pelo prazer e pela satisfação pessoal, sensações como as que
a literatura nos proporciona. Por isso, explorar o funcionamento do sistema da escrita em
estreita conexão com as práticas e os usos possíveis, sociais e pessoais, é tão importante.

Sabemos que a estruturação do sistema de escrita convencional demanda a construção de


algumas habilidades, como a BNCC (BRASIL, 2018) anuncia. Estão entre elas relacionar
elementos sonoros (sílabas, fonemas, partes de palavras) com sua representação escrita;
escrever palavras e frases de forma alfabética – usando letras/grafemas que representem
fonemas (estabelecer, portanto, a correspondência fonema-grafema); observar escritas
convencionais, comparando-as às suas produções escritas, percebendo semelhanças e
diferenças; comparar palavras, identificando semelhanças e diferenças entre sons de sílabas
iniciais; e apropriar-se de regras e convenções quanto a grafia, pontuação e segmentação.

Dispor de instrumentos que permitam tanto realizar o diagnóstico como acompanhar o


desenvolvimento das hipóteses de escrita de cada aluno é, assim, fundamental.

DICA!

Neste vídeo, a profa. Cris, do canal Certa Mente Educação, aborda razões e técnicas de
sondagem para identificar o processo de desenvolvimento da linguagem escrita e,
consequentemente, embasar as intervenções pedagógicas em turmas de alfabetização.

Um aspecto importante, destacado pela professora, é a fidedignidade, ou seja, a manutenção


das hipóteses das crianças da forma como foram trazidas (no caso, por meio da escrita). Trata-
se de um documento: do registro do ponto de partida de cada aluno em relação ao seu
processo de apropriação do código, que poderá ser comparado com registros futuros. Portanto,
o momento da sondagem não é, ainda, o momento de intervenção. As intervenções
pedagógicas virão na sequência e terão como base o diagnóstico realizado.

O trabalho com textos concretos, providos de funções específicas, que considerem, portanto, a
situação comunicativa e o interlocutor, é importante para a inserção dos estudantes no mundo
letrado. No campo da vida cotidiana, temos as quadras, as quadrinhas, as parlendas, os trava-
línguas, as listas, as agendas, os calendários, os avisos, os convites. No campo das práticas
de estudo e pesquisa, é possível explorar diagramas, entrevistas, curiosidades, entre outros
gêneros do campo investigativo.
No campo artístico-literário, o repertório é muito amplo. Histórias podem ser contadas,
recontadas, adaptadas. No princípio, o professor pode exercer o papel de escriba.
Gradativamente, as crianças podem assumir partes do texto, assim como trabalhar
colaborativamente, auxiliando umas às outras, conforme as hipóteses manifestas por cada
uma. Na área da comunicação, também é possível experimentar práticas promissoras de
escrita com estratégias relativamente simples.

COMO POSSO FAZER?

Uma alternativa é promover capturas de fotos por parte dos alunos, preferencialmente, no
contexto de um pequeno projeto de comunicação (como o jornal da turma ou o anúncio de
uma ação da escola) e solicitar que eles próprios as nomeiem, introduzindo o princípio das
legendas. Diferentes portadores de escrita podem ser utilizados com esse propósito,
principalmente por crianças em etapas iniciais da alfabetização. É importante que as
crianças tenham a oportunidade de manusear, buscar, investigar para “criar” a palavra ou o
texto que melhor descreverá a imagem produzida. Essencialmente autoral, a atividade
proverá intervenções localizadas, do lado do professor, e providas de sentido para o aluno,
a fim de que as hipóteses de escrita avancem com qualidade.

Progressivamente, a partir do segundo e do terceiro ano, por exemplo, a estratégia pode


abranger a escrita de manchetes, slogans e notícias curtas, dentro de temáticas de
interesse do universo infantil.

Avatares na alfabetização

Uma possibilidade interessante de uso das tecnologias digitais para apoio ao processo de
alfabetização é a exploração de reprodutores de palavras e frases, como o Voki (editor de
avatares), disponível em https://www.voki.com/.

A ideia é que as próprias crianças possam testar suas hipóteses de escrita (mesmo as iniciais),
digitando da forma que conseguem e supõem correta para, em seguida, ouvirem os
“resultados” da sua escrita. Tudo o que digitarem, afinal, será “lido” pelo computador. Dessa
maneira, podemos facilitar a tomada de consciência sobre as irregularidades ou, ao menos,
gerar interesse para que elas continuem brincando (e essa percepção aconteça futuramente).

Referências:

BRASIL, Ministério da Educação. BNCC: Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2018. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 17 junho 2019.

CANAL CERTA MENTE EDUCAÇÃO. Como e para que realizar a sondagem na


alfabetização? Ago. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=l_iR8PcTtH0>. Acesso em: 17 junho 2019.

ODDCAST Inc. Voki. Disponível em: < https://www.voki.com/>. Acesso em: 17 junho 2019.
Olá, professor(a)!

Nessa unidade, conhecemos alguns exemplos de práticas desenvolvidas para apoio à


alfabetização tendo como princípio a diversidade. Certamente, ao longo da leitura, você
estabeleceu relações com sua realidade, vislumbrou adaptações e cogitou novas
possibilidades.

O que fazer?

Com base nesse movimento de ideias, queremos construir com você uma atividade sustentada
no princípio da diversidade. Então, o primeiro passo é escolher, entre os livros de literatura
infantil que você já leu, um para fazer uma recomendação de leitura

Como fazer?

Para isso, elabore uma divulgação do livro: um texto que gere no leitor o desejo de
conhecer a história. Construa um ou dois parágrafos para anunciar aos colegas a obra
escolhida e compartilhe aqui no fórum da unidade.

Lembre-se de que escrever recomendação é diferente de escrever a história – não se trata


da reescrita de um texto conhecido, mas, sim, da elaboração de um texto que suscite no leitor
o desejo de conhecer a obra.

Não deixe de visitar as recomendações dos colegas e comentá-las.

Abraços!
UNIDADE 3: PRATICANDO AS APRENDIZAGENS

Estamos vivendo um momento de excepcionalidade. O novo coronavírus provocou a suspensão das


aulas presenciais, e a necessidade de trabalhar de forma remota fez com que perdêssemos nossas
referências sobre a docência. Alfabetizar nossas crianças sem estar presente no mesmo espaço físico se
tornou a grande questão e o novo desafio.

Inicialmente, desenvolver a língua escrita de forma remota parecia uma prática impensável, não é
mesmo? No entanto, estamos diante da necessidade real de manter o distanciamento físico e teremos
que reinventar nosso planejamento, criando alternativas para manter o vínculo com nossos alunos e
engajá-los com as práticas de leitura e escrita do mundo letrado.
O que fazer nesta unidade?

Nesse panorama atípico que estamos vivendo e que nos desafia a nos reposicionarmos como
professores, nossa proposta é que você compartilhe uma estratégia que tem utilizado de forma remota
ou que acha ser possível desenvolver com crianças em processo de alfabetização durante o período de
Ensino Remoto Emergencial. Publique-a no Fórum da atividade avaliativa 3: estratégias para o
apoio remoto à alfabetização e aproveite o espaço de trocas para conhecer mais experiências e
inspirações.
 Práticas e estratégias para alfabetização no Ensino RemotoLivro

 Fórum da atividade avaliativa 3: estratégias para o apoio remoto à alfabetização 183


mensagens não lidas
 A avaliação da atividade será realizada em até cinco dias úteis após a publicação. Para
acompanhar o seu desempenho no curso, acesse o quadro de Notas, localizado no
menu lateral, à esquerda da página.
Práticas e estratégias para alfabetização no Ensino Remoto
1. Orientações para a atividade final

Como apoiar os estudantes nos processos de alfabetização e letramento em tempos de


isolamento social? Como permitir que as aprendizagens continuem e que a rotina de estudos
seja preservada apesar da distância física?

Esta unidade não tem a pretensão de esgotar o tema, mas sim de oferecer algumas
referências para promover o processo de leitura e escrita remotamente e de propiciar um canal
de trocas de ideias entre vocês, educadores das mais diferentes regiões do Brasil, sobre como
trabalhar de forma significativa com os alunos.

Considerando o objetivo de nos fortalecermos como educadores nessa quarentena, a atividade


será, portanto, também um espaço de colaboração, de intercâmbio de práticas e estratégias
para promover o processo de alfabetização de forma remota. Inicialmente, para inspirar sua
participação, acesse os materiais disponibilizados:

1 Leitura e alfabetização: estratégias e ferramentas para o ensino remoto – Nova


Escola e Google.org

Disponível em: https://youtu.be/sy8UcWPI2Ks

2 Plano de aulas remotas – Como fazer? – SAE Digital

Disponível em: https://sae.digital/plano-de-aulas-remotas/

Na sequência, compartilhe no Fórum da atividade avaliativa 3: estratégias para o apoio


remoto à alfabetização uma prática ou uma estratégia que você desenvolveu de forma remota
ou que acha ser possível implementar com crianças em processo de alfabetização durante o
período de Ensino Remoto Emergencial.

Desafio!

Pense em práticas que vão além do envio de folhinhas de atividades. Procure propor uma
prática que:

 Mantenha ou desperte o interesse da criança pela língua escrita;


 Incentive uma postura curiosa;
 Mobilize com atividades lúdicas;
 Crie situações de usos sociais da leitura e da escrita;
 Envolva as famílias.

Lembre-se de informar como será o contato com os alunos ou as famílias (se por ambiente
virtual, pelas redes sociais, pelo aplicativo WhatsApp, através de envio de atividades em papel,
etc.).
Os itens a seguir deverão guiar sua proposta:

 Nome da prática ou estratégia;


 Perfil de seu grupo de alunos: quantos são, que características têm, que necessidades
apresentam, como estão distribuídos em relação às hipóteses de leitura;
 O que é a prática/estratégia;
 Como desenvolver a prática/estratégia remotamente;
 Por que é interessante;
 Pontos desafiadores de realizar a prática ou estratégia;
 Formas de avaliar o processo;
 Objetos de conhecimento (selecione ao menos dois) que podem ser abordados
e habilidades que podem ser mobilizadas nos estudantes, em alinhamento à Base
Nacional Comum Curricular, com a realização desse trabalho;
 Fontes de pesquisa utilizadas, se houver.

Após o compartilhamento, não deixe de ler e comentar as propostas dos colegas. Elas poderão
inspirar suas futuras ações.

Referências:

NOVA ESCOLA. Leitura e alfabetização: estratégias e ferramentas para o ensino remoto.


Mai. 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=sy8UcWPI2Ks&feature=youtu.be&t=1900>. Acesso em: 10 junho 2020.

SAE DIGITAL. Plano de aulas remotas – Como fazer? Disponível em:


<https://sae.digital/plano-de-aulas-remotas/>. Acesso em: 10 junho 2020.

Fórum da atividade avaliativa 3 - RESPONDER


por Pedagógico Escolas Conectadas - sexta, 15 Jan 2021, 12:08
Número de respostas: 45
Após a consulta das práticas e estratégias para alfabetização no Ensino Remoto,
compartilhe aqui a prática ou estratégia que você desenvolveu de forma remota ou que acha
ser possível implementar com crianças em processo de alfabetização durante o período de
Ensino Remoto Emergencial.

Desafio!
Pense em práticas que vão além do envio de "folhinhas" de atividades. Procure propor uma
prática que:

 Mantenha ou desperte o interesse da criança pela língua escrita;


 Incentive uma postura curiosa;
 Mobilize com atividades lúdicas;
 Crie situações de usos sociais da leitura e da escrita;
 Envolva as famílias.

Lembre-se de informar como será o contato com os alunos ou as famílias (se por ambiente
virtual, pelas redes sociais, pelo aplicativo WhatsApp, através de envio de atividades em papel,
etc.).
Os itens a seguir deverão guiar sua proposta:

 Nome da prática ou estratégia;


 Perfil de seu grupo de alunos: quantos são, que características têm, que necessidades
apresentam, como estão distribuídos em relação às hipóteses de leitura;
 O que é a prática/estratégia;
 Como desenvolver a prática/estratégia remotamente;
 Por que é interessante;
 Pontos desafiadores de realizar a prática ou estratégia;
 Formas de avaliar o processo;
 Objetos de conhecimento (selecione ao menos dois) que podem ser abordados e
habilidades que podem ser mobilizadas nos estudantes, em alinhamento à Base
Nacional Comum Curricular, com a realização desse trabalho*;
 Fontes de pesquisa utilizadas, se houver.

Para responder à atividade:

Você também pode gostar