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no Processo de
Alfabetização
A Leitura em Contextos de Alfabetização e Letramento
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Unidade A Leitura em Contextos de Alfabetização e
Letramento
Thinkstock/Getty Images
• Sugestões Didáticas
Esta Unidade tem como objetivo principal favorecer a prática pedagógica dos que
pretendem trabalhar com crianças em contexto de alfabetização e letramento,
apresentando os principais pressupostos que contribuem para que as crianças
aprendam a ler.
Nesta Unidade, iremos refletir sobre o trabalho com leitura em contextos de alfabetização e
letramento e entrar em contato com algumas sugestões práticas que favoreçam o aprendizado
da leitura pelas crianças nesse contexto.
Esse estudo será feito a partir das contribuições apresentadas por Fonseca (2012), Goodman
(1997), Pannuti (2012), Cardoso e Ednir (2002), Piccoli e Camini (2012).
Para isso, não se esqueça de acessar o link Materiais Didáticos. Lá você encontrará o conteúdo
desta Unidade e as atividades propostas.
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Unidade: A Leitura em Contextos de Alfabetização e Letramento
Contextualização
Hoje em dia, muito se discute sobre a necessidade de se aliar boas práticas de alfabetização
e letramento. A grande questão é: como trabalhar com esses dois conceitos paralelamente, de
modo a favorecer o aprendizado da leitura pelas crianças?
Nesta Unidade, vamos refletir, portanto, sobre como contribuir para a formação de leitores
em contextos de alfabetização e letramento.
Para dar início aos estudos, assista ao vídeo disponível no link a seguir, que trata
dos desafios contemporâneos da escola para assegurar a leitura e a escrita, em
contextos de alfabetização e letramento:
• <https://www.youtube.com/watch?v=SmBiBchAKmw>.
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Introdução
Nesta Unidade, entraremos em contato com os pressupostos que devem orientar o trabalho
com leitura em contextos de alfabetização e letramento, como o acionamento de estratégias de
leituras que auxiliem as crianças a inferir o que está escrito, o estabelecimento de um objetivo
claro para a leitura e o desenvolvimento de comportamentos de leitor.
Além disso, veremos algumas sugestões didáticas para o trabalho com as crianças também
nesse contexto1.
Para aprofundar seus estudos sobre o tema leitura, leia o artigo Discutindo
sobre leitura, de José Aroldo da Silva, disponível em <http://periodicos.unifap.
br/index.php/letras/article/viewFile/326/n1jose.pdf>.
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Unidade: A Leitura em Contextos de Alfabetização e Letramento
Na alfabetização, conforme Isabel Solé (1998, p. 24 apud PICCOLI; CAMINI, 2012, p.63),
“é necessário dominar as habilidades de decodificação e aprender as distintas estratégias que
levam à compreensão”.
Acreditamos que a leitura se inicia na vida de cada um em um momento diferente e
não acaba nunca. O modo como cada um irá atribuir sentido ao que lê dependerá também
dos conhecimentos de que dispõe, das suas experiências prévias, dos objetivos que o levam
a procurar essa leitura e da parceria estabelecida com aquele que se coloca como par mais
desenvolvido. E, na alfabetização, essa figura é assumida pelo professor.
É comum, em diversas situações da vida, observarmos uma pessoa executando uma ação e,
a partir dessa situação, aprendermos a fazê-la da mesma forma.O que também acontece com a
leitura: aprendemos a ler, vendo ou participando de eventos de letramento, em que as pessoas
leem textos diversos e em diferentes suportes.
É nesse sentido que devemos criar situações na escola em que as crianças tenham modelos de
leitor e bons motivos para ler, ou seja, que, além de observarem outras pessoas lendo, possam
participar de situações em que sejam usuárias reais da escrita, leiam porque têm objetivos
verdadeiros.
Cardoso e Ednir (2002, p.45), ao relatar uma experiência em uma sala de alfabetização,
dizem que “em vez de trabalharem com fragmentos, isto é, com letras, sílabas ou palavras, as
crianças, desde o início, relacionam-se com textos e com as possibilidades da língua escrita”.
Assim, elas veem sentido no que lhe é apresentado e se sentem estimuladas a usar a língua
escrita com criatividade e segurança.
Para que isso aconteça, destacamos a necessidade de o professor criar condições em que as
crianças aprendam a usar diferentes modalidades de leitura e desenvolvam as capacidades e os
procedimentos necessários para o desenvolvimento do comportamento leitor.
Segundo Roger Chartier (2009, p. 77 apud PICCOLI; CAMINI, 2012, p. 63), “os gestos
mudam segundo os tempos e lugares, os objetos lidos e as razões de ler. Novas atitudes são
inventadas, outras se extinguem”. Isso significa que o modo como o leitor recorre ou manuseia
um livro é diferente da forma com que, por exemplo, comporta-se diante de um texto que lê
na tela do computador. Logo, diferentes estratégias de leitura devem ser ensinadas para que as
crianças saibam quando usá-las, de acordo com os diferentes textos e suportes que circulam nas
diversas esferas sociais.
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Diferentemente dos que preveem o fim da leitura e dos livros por causa dos
computadores, Chartier – acha que a internet pode ser uma poderosa aliada para
manter a cultura escrita. “Além de auxiliar no aprendizado, a tecnologia faz circular
os textos de forma intensa, aberta e universal e, acredito, vai criar um novo tipo de
obra literária ou histórica. Dispomos hoje de três formas de produção, transcrição
e transmissão de texto: a mão, impressa e eletrônica – e elas coexistem”.
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/roger-chartier-livros-resistirao-tecnolo-
gias-digitais-610077.shtml>.
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Unidade: A Leitura em Contextos de Alfabetização e Letramento
Estratégias de seleção
O leitor elege apenas os índices que lhe são produtivos, já que um texto oferece informações
que não são igualmente relevantes. A busca, no jornal, para saber o horário de um filme que está
passando no cinema é um exemplo dessa estratégia de ação (PICCOLI; CAMINI, 2012, p. 65).
Estratégias de predição
O leitor é capaz de antecipar o final de uma história, a lógica de uma explicação, a estrutura
de uma oração e a terminação de uma palavra, vez que constrói esquemas na tentativa de
compreender a pauta e a estrutura do texto (PICCOLI; CAMINI, 2012, p. 65).
Estratégias de inferência
O leitor complementa a informação disponível no texto, inferindo o que está implícito ou o
que será explicitado mais adiante (PICCOLI; CAMINI, 2012, p. 65).
Estratégias de confirmação
O leitor coloca em funcionamento estratégias que buscam confirmar os sentidos que ele
previamente construiu para um texto, baseando-se em suas predições e inferências (PICCOLI;
CAMINI, 2012, p. 65).
Estratégias de autocorreção
O leitor utiliza-as para reconsiderar a informação selecionada ou obter índices adicionais,
caso não confirme suas expectativas, para, então, elaborar uma hipótese alternativa (PICCOLI;
CAMINI, 2012, p. 65).
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Goodman (1997) afirma que os leitores desenvolvem estratégias para trabalhar
com o texto, de modo a possibilitar a construção do significado ou compreendê-
lo. Essas estratégias podem ser alteradas durante a leitura, de acordo com a
dificuldade encontrada pelo leitor. Por isso, a orientação do professor durante
todo o processo é fundamental.
Segundo Goodman (1997), os leitores adotam estratégias de seleção, de predição,
de inferência, de confirmação ou rejeição. Na seleção, o leitor retém apenas os
índices que são úteis, descartando aqueles que são redundantes. Essa estratégia
evita que se sobrecarregue o aparelho perceptivo e se liga às características
do texto e do significado. É possível encontrar nos textos pautas recorrentes e
estruturas específicas que oportunizam ao leitor antecipar o texto. São as chamadas
estratégias de predição e envolvem o conhecimento prévio do leitor. A predição
também ocorre na atividade de seleção que é feita com base na predição.
As estratégias de inferência são utilizadas para complementar o conhecimento
conceptual e linguístico do leitor e possibilitam inferir o que não está explícito
no texto. Também operam por meio do levantamento de marcas formais e
possibilitam a compreensão do texto até mesmo quando existe erro de impressão.
Os leitores fazem uso das estratégias de inferência frequentemente e por isso é
comum ficarem em dúvida se um aspecto estava implícito ou explícito no texto.
Por esses procedimentos, o leitor controla sua atividade de leitura, corre riscos,
selecionando elementos e levantando predições que carecem de fundamento. Para
alcançar sucesso na leitura, os leitores usam estratégias para confirmar ou rejeitar
as predições feitas ou mesmo alterando as estratégias adotadas. As estratégias de
autocontrole ajudam os leitores a aprenderem a ler.
Fonte: Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul (CELSUL).
Em relação aos comportamentos leitores, que são as atitudes relacionadas à leitura, também
destacamos a necessidade de serem ensinados pelo professor. Este pode, assim, demonstrar aos
alunos como é possível:
• Socializar critérios de escolha de livros;
• Comentar com as pessoas o que está lendo;
• Antecipar o que segue em um texto;
• Saltar o que não entende ou não interessa e avançar a leitura para compreender melhor;
• Identificar-se ou não com um autor, tendo uma postura crítica diante do que lê;
• Ler trechos de textos de que mais gostou para os colegas;
• Relacionar o que leu com experiências vividas;
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Unidade: A Leitura em Contextos de Alfabetização e Letramento
Para isso, o professor precisa ler para as crianças, colocando-se na posição de leitor para
elas. Assim, estará contribuindo para que elas aprendam não apenas o conteúdo da leitura e as
características do gênero escolhido, mas uma prática social, um comportamento de leitor.
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Como vamos fantasiar com bruxas e dragões, como vamos chamá-los de super-
heróis com naturalidade, como vamos chamá-las de princesas sem a verdade que
o apelido exige... a leitura nos faz crer nessa fantasia. E eles embarcam, porque
são crianças, é fácil para eles e é BOM.
Sim, ler para as crianças diariamente é necessário, mas antes disso o professor deve
ler para si, para ser o modelo de algo genuíno, acreditando no que está produzindo.
Disponível em: <http://www.contilnetnoticias.com.br/movel/opiniao/opiniao/30-
noticias/13355-o-professor-leitor>.
Ao ter em mente o objetivo da leitura, as crianças saberão o que fazer, que tipo de texto
escolher, quais procedimentos realizar. Diante de cada propósito de leitor, o professor explicita
às crianças quais são os procedimentos mais adequados (FONSECA, 2012, p. 29-30).
Os procedimentos de leitura têm a ver com o que fazer diante de um texto. O mesmo texto
pode ser lido usando procedimentos diferentes. O que determina essa mudança é justamente o
objetivo que se estabelece para essa leitura.
Consideramos o que vimos até aqui, e de forma sintética, podemos considerar as seguintes
estratégias no trabalho com leitura:
• Definir um objetivo para a leitura do texto selecionado;
• Levantar os conhecimentos prévios dos alunos em relação ao que será lido;
• Favorecer o levantamento ou a formulação de hipóteses/previsões sobre o texto;
• Contribuir para que os alunos comentem o que leram, quais sentidos atribuíram e suas
impressões;
• Comentar a leitura, esclarecendo possíveis dúvidas que tenham surgido durante a leitura;
• Fazer generalizações ou sínteses do que foi lido.
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Unidade: A Leitura em Contextos de Alfabetização e Letramento
Sugestões Didáticas
Neste item, veremos algumas sugestões didáticas para colocar em prática o que discutimos
anteriormente. Essas sugestões têm por base as propostas apresentadas por Piccoli e Camini
(2012, p. 67- 9).
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Explorar a estrutura dos textos narrativos lidos, indicando os elementos
que geralmente aparecem em cada parte
Proponha que os alunos identifiquem palavras e expressões que caracterizam as partes que
compõem esses textos e que as registrem em um cartaz, a ser afixado na sala de aula e consultado
em situações diversas, como a de uma produção escrita.
Exemplo:
Então...
Desenvolvimento
De repente...
É a ação do texto, a parte na qual acontece Depois que...
a trama principal e a movimentação dos
Durante o almoço...
personagens.
Quando Cristina chegou...
Então...
Desenvolvimento
De repente...
É a ação do texto, a parte na qual acontece Depois que...
a trama principal e a movimentação dos
Durante o almoço...
personagens.
Quando Cristina chegou...
Bingo de leitura
Proponha que as crianças confeccionem cartelas com várias palavras. Em seguida, faça um
sorteio de imagens que representem essas palavras. Nesse momento, pela leitura, eles devem
localizar em suas cartelas as figuras sorteadas. Sugira a produção de cartelas com cores variadas
e diferentes níveis de dificuldade. As palavras também podem fazer parte de uma história,
música, jogo ou de qualquer outro texto explorado pela turma, como uma notícia de jornal
(PICCOLI; CAMINI, 2012, p.68).
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Unidade: A Leitura em Contextos de Alfabetização e Letramento
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Material Complementar
Artigo 1
- BELINTANE, Claudemir. Leitura e alfabetização no Brasil: uma busca
para além da polarização. São Paulo, 2006. Disponível em: <www.scielo.br/
pdf/ep/v32n2/a04v32n2.pdf>.
Neste artigo, o autor nos traz algumas reflexões sobre o ensino da leitura e a
alfabetização no Brasil. Para isso, toma como base as discussões contemporâneas
entre os ‘métodos’ e ‘metodologias’ ou ‘linhas’, ‘filosofias’, ‘teorias’ de alfabetização
e de leitura;
Artigo 2
- JUSTO, Márcia Adriana Pinto da Silva; RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira.
Letramento: O uso da leitura e da escrita como prática social.
Disponível em: <http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdf/v4-n1-
2013/marcia.pdf>
As autoras desse artigo apresentam uma visão mais clara e abrangente sobre
o letramento, tendo por base as propostas de uso da leitura e da escrita, como
ferramentas de práticas sociais dentro e fora da escola.
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Unidade: A Leitura em Contextos de Alfabetização e Letramento
Referências
CARDOSO, B.; EDINIR, M. Ler e escrever, muito prazer! São Paulo: Ática, 1998.
FONSECA, E. Interações: com olhos de ler. Josca A. Baroukh (coord.). São Paulo: Blucher,
2012. (Coleção InterAções).
PANNUTI, Daniela. Interações: encontros de leitura e escrita. Josca Ailine Baroukh (coord.)
São Paulo: Blucher, 2012. (Coleção InterAções).
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Anotações
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