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linguagem oral
e escrita
Propriedades da Linguagem
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Unidade Propriedades da Linguagem
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Unidade: Propriedades da Linguagem
Contextualização
A criança e o brincar são contextos indissociáveis, o brincar é tão essencial à criança quanto
o trabalho é para os adultos. Não se pode pensar na ideia de ter uma criança sem dar-lhe
tempo e propiciar-lhe momentos de ser e de se sentir criança. A criança que não brinca não
aprende, não tem interesse, não tem entusiasmo, não demonstra sensibilidade e não desenvolve
afetividade. Daí a necessidade de compreender o brincar como uma linguagem infantil, uma
maneira que as crianças pequenas utilizam para falar não convencionalmente, mas para se
expressar e demonstrar seus sentimentos, suas vontades, suas inquietudes.
No ambiente escolar, a criança tem a oportunidade de estar com outras crianças, de entender
as diferenças e aprender a socializar-se. Regras e normas são válidas e cabíveis, mas deve-
se tomar cuidado em quando e como serão introduzidas no processo educativo. A negação
repetitiva e sem fundamento coerente gera insatisfação e desinteresse em aprender, o que
chama atenção é pensar que existem tantas escolas que focam na alfabetização e esquecem
que a proposta pedagógica das pré-escolas deve ser desenvolvida eminentemente por meio de
concepções voltadas para o brincar e cuidar.
www http://educador.brasilescola.com/orientacoes/brincar-linguagem-das-criancas.htm
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Você sabe desde quando a linguagem oral é utilizada?
A humanidade utiliza a linguagem falada por volta de 30 mil anos de maneira bem próxima
da forma de comunicação linguística atual. No entanto, pode-se dizer que os homens falam há
mais tempo quando consideramos as formas mais primitivas de linguagem oral (Morais, 1996).
O estudo acerca da aprendizagem da linguagem é vasto haja vista o período de mudança que
ocorre por parte de quem a aprende. O aprendiz altera sua condição de indivíduo não-falante
para a condição de indivíduo falante.
Por isso, vamos iniciar nossa unidade com o entendimento da conceitualização de “linguagem”.
Robert J. Sternberg é Professor de Psicologia e
Fonte: “Psicologia Cognitiva”, Robert J. Sternberg, Editora Cengage Learning (2010)
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Por essa razão, a linguagem oral pode ser considerada objeto do desenvolvimento, ou seja,
munida de instrumentos necessários, a criança consegue desenvolver a linguagem sem a
necessidade de um ensino explícito. Essa comunicação que a criança consegue estabelecer com
seus pares e o exercício da linguagem espontânea - que põe em ordem seu pensamento e suas
ações - podem ser entendidos como conhecimento implícito da língua oral (Maluf, 2010).
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Mas, afinal, qual a base de sustentação da linguagem?
A criança consegue se comunicar mesmo antes de saber falar porque utiliza outras formas de
comunicação, como o olhar, a expressão facial, os gestos. Outra capacidade da criança, mesmo
antes de começar a falar, refere-se à discriminação dos sons da fala.
O desenvolvimento da linguagem se apoia em duas bases: uma base é a estrutura
anatomofuncional determinada geneticamente e outra base se refere ao ambiente sob o qual o
indivíduo vive que pode trazer estímulo verbal (Schirmer, Fontoura e Nunes, 2004).
Sobre isso, Schirmer, Fontoura e Nunes, 2004, p. 95, destacam que a aprendizagem do código
linguístico “resulta da interação complexa entre as capacidades biológicas inatas e a estimulação
ambiental e evolui de acordo com a progressão do desenvolvimento neuropsicomotor”.
Com isso podemos dizer, portanto, que a aprendizagem de uma língua vai sendo modificada
pelo ambiente linguístico no qual está inserida.
De acordo com Sternberg (2010), as crianças parecem nascer com uma programação
adequada ao ambiente linguístico no qual viverão e parecem passar por cinco estágios de
aquisição da linguagem. Os estágios são:
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Sintaxe - sin.ta.xe (ss) sf (gr syntaxis) Gram 1 Parte da gramática que ensina a
dispor as palavras para formar as orações, as orações para formar os períodos e
parágrafos, e estes para formar o discurso. 2 Livro que trata das regras da sintaxe.
S. de colocação: conjunto de regras para a posição ou ordem das palavras na
estrutura da frase. S. de concordância: a que trata das mudanças de flexão das
palavras para se porem de acordo com o gênero, número e pessoa de outras a
que se referem. S. de regência: a que trata das relações de dependência entre as
palavras e as frases. S. figurada: a que se ocupa das figuras e tropos.
O vocabulário aumenta muito rapidamente e varia de 300 palavras, em média, nas crianças
de dois anos, para aproximadamente 1000 palavras, na criança de três anos. Aos quatro
anos, a estrutura da língua da criança adquire os fundamentos da sintaxe de um adulto.
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Com essas informações, portanto, podemos reforçar que a linguagem oral é considerada
fruto de desenvolvimento, o que significa dizer que uma pessoa com os aparatos biológicos
desenvolve a linguagem sem a necessidade de um ensino explícito. Estando inserida em um
ambiente linguístico uma pessoa adquire essa aprendizagem.
Concluindo a primeira parte de nosso estudo, podemos dizer que a pessoa, ao aprender
a linguagem oral, torna-se capaz de codificar os significados das palavras em sons e a
decodificar os sons das palavras em significados (França e cols, 2004).
Mas, você sabe dizer qual o objetivo da linguagem?
O objetivo da linguagem é a comunicação, mas para chegar à comunicação, existe um percurso
que é a própria linguagem. Ela pode ser entendida como um instrumento social utilizado nas
formas de interações (Sternberg, 2010).
A linguagem é caracterizada por algumas propriedades gerais, como por exemplo:
comunicativa, arbitrariamente simbólica, regularmente estruturada, estruturada em níveis
múltiplos, a gerativa/produtiva e dinâmica (Sternberg, 2010). Vejamos abaixo, de forma sucinta,
as características de cada propriedade da linguagem:
1) Comunicativa - possibilita que as pessoas possam conhecer os pensamentos e sentimentos
umas das outras, por meio da escrita, por exemplo.
2) Arbitrariamente simbólica - Diz respeito à comunicação que pode ser feita por meio
de um sistema de símbolos arbitrários que podem representar indicar ou propor alguma coisa.
Como a forma de combinação dos sons é arbitrária permite que as diferentes línguas possam
utilizar-se de sons bastante diferentes para se referirem à mesma coisa. Existem dois princípios
que regulam o significado das palavras: o princípio de convenção e o princípio do contraste. O
princípio de convenção significa que as palavras são formadas de acordo com as convenções
postas para cada língua e, portanto, terão o significado de acordo com aquilo que as convenções
determinarem. O princípio do contraste determina que as palavras, por serem diferentes, de
acordo com o princípio de convenção, terão significados diferentes. Portanto, o objetivo de
existirem palavras diferentes é que elas simbolizam coisas também diferentes. A propriedade
arbitrariamente simbólica quer dizer que a comunicação pode ser feita por meio de um sistema
de símbolos arbitrários que podem representar indicar ou propor alguma coisa.
3) Gerativa e Produtiva - faz referência às formas de expressar a linguagem, dentro dos
limites da estrutura linguística.
4) Dinâmica – faz alusão às formas de evolução e dinamismo da linguagem, ou seja, a
criação das palavras integra o dicionário, ou até mesmo podem cair em desuso e deixarem de
fazer parte do dicionário, o que permite a evolução da língua.
5) Estruturada regularmente – se refere à estrutura da linguagem, ou seja, somente
arranjos de símbolos configurados especificamente possuem significado.
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Em complemento ao estudo da sintaxe temos o estudo da semântica, cujo foco principal é
o significado em uma língua.
O nível do discurso é o último nível e abarca vários aspectos do uso da língua: conversação,
sentença, parágrafos, histórias, capítulos e livros completos.
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Material Complementar
1) O filme “Nell” estrelado por Jodie Foster, Liam Neeson e Natasha Richardson (1995)
trata da importância da linguagem para a formação do sujeito. Assista para ilustrar sua leitura.
2) Plataforma do Letramento. Magda Soares, professora emérita da Faculdade de
Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pesquisadora do Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), é um dos maiores nomes na área de alfabetização
e letramento, com ênfase em ensino-aprendizagem. Além de sua inquestionável importância
no cenário acadêmico, há 7 anos a especialista atua como consultora da rede municipal de
educação da cidade mineira de Lagoa Santa, onde desenvolve um intenso trabalho ligado à
formação de professores da rede pública.
http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-entrevista-detalhe/393/
magda-soares-discute-como-mediar-o-processo-de-aprendizagem-da-lingua-
escrita.html
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862008000300012&lng=pt&nrm=iso
www.youtube.com/watch?v=HZWGhxUisxA
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Referências
FRANÇA, M.P; Wolff, C.L.; Moojen, S. & Rotta, N.T. (2004). Aquisição da Linguagem Oral:
relação e risco para a linguagem escrita. Arquivo de Neuropsiquiatria. 62, (2-B), p. 469-472.
SCHIRMER, C.R.; Fontoura, D. R. & Nunes, M.L (2004). Distúrbios da Aquisição da Linguagem
e Aprendizagem. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro. 80 (2) 95-103.
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Anotações
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