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Psicogênese da

linguagem oral
e escrita
Propriedades da Linguagem

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Luciene Siccherino

Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Unidade Propriedades da Linguagem

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Você sabe desde quando a linguagem oral é utilizada?

Fonte: Thinkstock/Getty Images


• Mas, afinal, como ocorre a instalação da
linguagem oral?
• Mas, afinal, qual a base de sustentação da linguagem?
• Mas, você sabe dizer qual o objetivo da linguagem?

Nessa unidade da disciplina “Psicogênese da Linguagem Oral e Escrita: subsídios


para Alfabetização e Letramento” abordaremos, de acordo com a teoria da
Psicologia, o conceito de linguagem, sua aquisição, sua importância e algumas
propriedades que a compõem.
O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) possui todas as informações, materiais
didáticos e atividades referentes a esta unidade. Estão à sua inteira disposição
diversos recursos, elementos visuais e audiovisuais para auxiliar o seu processo
de aprendizagem a fim de torná-lo mais acessível, mais significativo e interativo.
Não esqueça de que você pode contar com o auxílio do professor-tutor que,
prontamente, tentará sanar suas dúvidas. Se houver problemas técnicos, você
tem a possibilidade de contar com a equipe de suporte!

• Conhecer o conceito de linguagem, sua função, suas propriedades, sua aquisição e


sua importância;
• Compreender a importância da linguagem oral para a aprendizagem da linguagem escrita;
• Compreender a importância da Psicologia Cognitiva, mais especificamente a Metalinguagem
na aprendizagem da linguagem escrita.

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Unidade: Propriedades da Linguagem

Contextualização

A criança e o brincar são contextos indissociáveis, o brincar é tão essencial à criança quanto
o trabalho é para os adultos. Não se pode pensar na ideia de ter uma criança sem dar-lhe
tempo e propiciar-lhe momentos de ser e de se sentir criança. A criança que não brinca não
aprende, não tem interesse, não tem entusiasmo, não demonstra sensibilidade e não desenvolve
afetividade. Daí a necessidade de compreender o brincar como uma linguagem infantil, uma
maneira que as crianças pequenas utilizam para falar não convencionalmente, mas para se
expressar e demonstrar seus sentimentos, suas vontades, suas inquietudes.
No ambiente escolar, a criança tem a oportunidade de estar com outras crianças, de entender
as diferenças e aprender a socializar-se. Regras e normas são válidas e cabíveis, mas deve-
se tomar cuidado em quando e como serão introduzidas no processo educativo. A negação
repetitiva e sem fundamento coerente gera insatisfação e desinteresse em aprender, o que
chama atenção é pensar que existem tantas escolas que focam na alfabetização e esquecem
que a proposta pedagógica das pré-escolas deve ser desenvolvida eminentemente por meio de
concepções voltadas para o brincar e cuidar.

www http://educador.brasilescola.com/orientacoes/brincar-linguagem-das-criancas.htm

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Você sabe desde quando a linguagem oral é utilizada?

A humanidade utiliza a linguagem falada por volta de 30 mil anos de maneira bem próxima
da forma de comunicação linguística atual. No entanto, pode-se dizer que os homens falam há
mais tempo quando consideramos as formas mais primitivas de linguagem oral (Morais, 1996).
O estudo acerca da aprendizagem da linguagem é vasto haja vista o período de mudança que
ocorre por parte de quem a aprende. O aprendiz altera sua condição de indivíduo não-falante
para a condição de indivíduo falante.
Por isso, vamos iniciar nossa unidade com o entendimento da conceitualização de “linguagem”.

A linguagem “se trata de um sistema de signos com regras próprias de utilização”


(Penna, 1984, p. 81).


Robert J. Sternberg é Professor de Psicologia e
Fonte: “Psicologia Cognitiva”, Robert J. Sternberg, Editora Cengage Learning (2010)

Educação da IBM no Departamento de Psicologia


da Universidade de Yale. Reconhecido pela Science
Digest como um dos cem maiores jovens cientistas
dos Estados Unidos. O premiado autor tem mais de
quarenta livros e inúmeros artigos publicados.
Podemos dizer que a linguagem representa uma
forma de utilizar uma combinação de palavras com o
intuito de estabelecer a comunicação. A aquisição da
linguagem permite ao aprendiz pensar sobre diversas
coisas que podem não estar presentes, não podem ser
vistas, cheiradas ouvidas ou sentidas, ou seja, essas
coisas fazem menção às ideias que não possuem formas
palpáveis (Sternberg, 2010).
A comunicação permite a partilha de pensamentos
e sensações que nem sempre ocorre só por meio
da linguagem oral. A comunicação, então, envolve
outros aspectos, além das palavras faladas, escritas ou
outros sinais. Ela envolve, portanto, gestos, expressões
faciais, olhares, aperto de mão, abraços, acenos, entre outros (Sternberg, 2010).
Dessa forma, a criança consegue se comunicar mesmo antes de saber falar porque usa
outras formas de comunicação, como o olhar, a expressão facial, os gestos. Outra capacidade
da criança, mesmo antes de começar a falar refere-se à discriminação dos sons da fala.
Por volta dos dois anos a linguagem oral se instala na criança, vista como expressão da
capacidade simbólica. A partir desse momento ela mostra-se capaz de utilizar a linguagem para
suas vivências cotidianas. Para se comunicar e interagir com seus pares, a criança faz uso desse
novo instrumento de comunicação: a linguagem oral. Vejamos como ela se instala.

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Unidade: Propriedades da Linguagem

Mas, afinal, como ocorre a instalação da linguagem oral?


A instalação da linguagem oral depende de processos biológicos determinados, ou seja, esses
processos são ativados assim que o bebê entra em contato com a linguagem do ambiente no
qual ele vive, ou, entendido de outra forma: toda criança é capaz de adquirir a linguagem oral,
desde que exposta às experiências linguísticas e livre de algumas patologias biológicas.
A partir daí a criança começa a falar e a compreender sem ter o conhecimento da estrutura
da língua, nem tampouco as regras existentes para o tratamento dessa língua. (Gombert, 2003).

Jean-Emile Gombert. Doutor em Psicologia Genética, École des Hautes Études en


Sciences Sociales, Paris. Professor de Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo
da Université de Rennes II Haute Bretagne, Diretor do Centre de Recherches
em Psychologie, Cognition et Communication dessa universidade. Entre seus
principais trabalhos incluem-se Le développement metalinguistique, Reading and
Language in Down and Williams Syndrome. Special Issue of Reading and Writing,
Metalinguagem e aquisição da escrita: contribuições da pesquisa para a prática da
alfabetização, publicado no Brasil no ano de 2003. Membro de diversos comitês
científicos e Diretor da Coleção francesa Crocolivre.

Por essa razão, a linguagem oral pode ser considerada objeto do desenvolvimento, ou seja,
munida de instrumentos necessários, a criança consegue desenvolver a linguagem sem a
necessidade de um ensino explícito. Essa comunicação que a criança consegue estabelecer com
seus pares e o exercício da linguagem espontânea - que põe em ordem seu pensamento e suas
ações - podem ser entendidos como conhecimento implícito da língua oral (Maluf, 2010).

Maria Regina Maluf. Doutora em Psicologia pela Université Catholique de Louvain


(1972). Pós-doutorado na University of California, Los Angeles (UCLA), e no
Institut National de la Recherche Pédagogique, INRP-CRESAS, Paris. Professora
Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde é docente e
pesquisadora no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação, área de
Psicologia da Educação. Professora livre docente da Universidade de São Paulo,
Instituto de Psicologia. Past President da Sociedade Interamericana de Psicologia
(SIP) no período 2011-2013). Membro da Diretoria da International Association
of Applied Psychology, IAAP (2003-2010; 2010-2018). Membro da Academia
Paulista de Psicologia (Cadeira n. 28).

O conhecimento implícito da linguagem oral é resultado das experiências concretas vivenciadas


pela criança ou pelo adulto. Podemos exemplificar o conhecimento implícito manifestado em
situações cotidianas em que a criança toma a linguagem como objeto de atenção, ou seja,
quando a criança consegue corrigir a inadequação de uma palavra de uso frequente: “Não é
tenzinho é trenzinho”.
Sobre isso, Maluf (2010, p. 17), destaca: “O conhecimento implícito expressa a ocorrência de
processos funcionais de tratamentos linguísticos que não expressam ainda o autocontrole consciente.”

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Mas, afinal, qual a base de sustentação da linguagem?

A criança consegue se comunicar mesmo antes de saber falar porque utiliza outras formas de
comunicação, como o olhar, a expressão facial, os gestos. Outra capacidade da criança, mesmo
antes de começar a falar, refere-se à discriminação dos sons da fala.
O desenvolvimento da linguagem se apoia em duas bases: uma base é a estrutura
anatomofuncional determinada geneticamente e outra base se refere ao ambiente sob o qual o
indivíduo vive que pode trazer estímulo verbal (Schirmer, Fontoura e Nunes, 2004).
Sobre isso, Schirmer, Fontoura e Nunes, 2004, p. 95, destacam que a aprendizagem do código
linguístico “resulta da interação complexa entre as capacidades biológicas inatas e a estimulação
ambiental e evolui de acordo com a progressão do desenvolvimento neuropsicomotor”.

Magda L. Nunes. Professora adjunta de Neurologia e Pediatria, Faculdade de


Medicina, PUCRS. Curso de Pós-graduação em Ciências Médicas: Pediatria -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre RS, Brasil:
Mestre em Ciências Médicas: Pediatria, Fonoaudiólogo, bolsista do CNPq;
Fonoaudióloga; Mestre em Educação, Fonoaudióloga e Psicopedagoga; Livre
Docente em Neurologia, Professora Adjunta da UFRGS.

Existe relação entre a neurologia e a linguagem?


De acordo com a neurologia, o conceito de linguagem une-se com o pensamento porque a
aprendizagem de cada nova palavra implica no desenvolvimento infantil. Sobre isso, França e
cols, 2004, p. 469, destacam:

“tal movimento se converte numa ferramenta de análise e síntese que capacita


a compreensão do seu entorno e a regulação de sua própria conduta. O
desenvolvimento da linguagem depende, portanto, não somente de uma reação
percepto-motora entre as percepções e as praxias, mas de um ato complexo que
envolve a cognição”.

Com isso podemos dizer, portanto, que a aprendizagem de uma língua vai sendo modificada
pelo ambiente linguístico no qual está inserida.

A aquisição da linguagem possui alguns estágios. Vamos conhecê-los.

De acordo com Sternberg (2010), as crianças parecem nascer com uma programação
adequada ao ambiente linguístico no qual viverão e parecem passar por cinco estágios de
aquisição da linguagem. Os estágios são:

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Unidade: Propriedades da Linguagem

1º) estágio de arrulhamento


• Refere-se à oralidade dos bebês com sons vocálicos.
2º) estágio do balbucio
• A criança produz fonemas diferenciados (vogais e consoantes).
3º) estágio das elocuções de uma única palavra

elocuções - s.f. Ação ou efeito de demonstrar um pensamento (ou opinião)


através da utilização de palavras. (http://www.dicio.com.br/elocucao/)

A criança consegue pronunciar a primeira palavra rapidamente e começa a produzir outras.


Geralmente, ela usa essas elocuções também chamadas de holofrases para suas intenções,
desejos e exigências: bola – carro – mamãe – suco. Por volta dos 18 meses, as crianças
já possuem um vocabulário de 3 a 100 palavras e esse vocabulário ainda não consegue
abarcar tudo o que ela deseja discriminar. Um exemplo pode ser o cachorro. Nessa fase ela
vê qualquer animal e chama de “au, au”. Esse tipo de erro cometido pela criança pode ser
chamado de superextensão, que significa estender o significado de uma palavra no léxico,
mesmo de forma errada, para outras palavras ou ideias.

4º) estágio das elocuções contendo duas palavras


• A criança entre um ano e meio e dois anos, começa a usar palavras combinadas para
expressar-se verbalmente. Nesse estágio inicia-se a compreensão da sintaxe. Entretanto,
como ainda não usa artigos e preposições a fala fica telegráfica, como “pega colo” e “quero
bola”. Essas combinações, apesar de simples, transmitem várias informações as quais a
criança quer transmitir.

Sintaxe - sin.ta.xe (ss) sf (gr syntaxis) Gram 1 Parte da gramática que ensina a
dispor as palavras para formar as orações, as orações para formar os períodos e
parágrafos, e estes para formar o discurso. 2 Livro que trata das regras da sintaxe.
S. de colocação: conjunto de regras para a posição ou ordem das palavras na
estrutura da frase. S. de concordância: a que trata das mudanças de flexão das
palavras para se porem de acordo com o gênero, número e pessoa de outras a
que se referem. S. de regência: a que trata das relações de dependência entre as
palavras e as frases. S. figurada: a que se ocupa das figuras e tropos.

5º) estágio da estrutura básica de sentenças de um adulto.

O vocabulário aumenta muito rapidamente e varia de 300 palavras, em média, nas crianças
de dois anos, para aproximadamente 1000 palavras, na criança de três anos. Aos quatro
anos, a estrutura da língua da criança adquire os fundamentos da sintaxe de um adulto.

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Com essas informações, portanto, podemos reforçar que a linguagem oral é considerada
fruto de desenvolvimento, o que significa dizer que uma pessoa com os aparatos biológicos
desenvolve a linguagem sem a necessidade de um ensino explícito. Estando inserida em um
ambiente linguístico uma pessoa adquire essa aprendizagem.

Concluindo a primeira parte de nosso estudo, podemos dizer que a pessoa, ao aprender
a linguagem oral, torna-se capaz de codificar os significados das palavras em sons e a
decodificar os sons das palavras em significados (França e cols, 2004).


Mas, você sabe dizer qual o objetivo da linguagem?
O objetivo da linguagem é a comunicação, mas para chegar à comunicação, existe um percurso
que é a própria linguagem. Ela pode ser entendida como um instrumento social utilizado nas
formas de interações (Sternberg, 2010).
A linguagem é caracterizada por algumas propriedades gerais, como por exemplo:
comunicativa, arbitrariamente simbólica, regularmente estruturada, estruturada em níveis
múltiplos, a gerativa/produtiva e dinâmica (Sternberg, 2010). Vejamos abaixo, de forma sucinta,
as características de cada propriedade da linguagem:
1) Comunicativa - possibilita que as pessoas possam conhecer os pensamentos e sentimentos
umas das outras, por meio da escrita, por exemplo.
2) Arbitrariamente simbólica - Diz respeito à comunicação que pode ser feita por meio
de um sistema de símbolos arbitrários que podem representar indicar ou propor alguma coisa.
Como a forma de combinação dos sons é arbitrária permite que as diferentes línguas possam
utilizar-se de sons bastante diferentes para se referirem à mesma coisa. Existem dois princípios
que regulam o significado das palavras: o princípio de convenção e o princípio do contraste. O
princípio de convenção significa que as palavras são formadas de acordo com as convenções
postas para cada língua e, portanto, terão o significado de acordo com aquilo que as convenções
determinarem. O princípio do contraste determina que as palavras, por serem diferentes, de
acordo com o princípio de convenção, terão significados diferentes. Portanto, o objetivo de
existirem palavras diferentes é que elas simbolizam coisas também diferentes. A propriedade
arbitrariamente simbólica quer dizer que a comunicação pode ser feita por meio de um sistema
de símbolos arbitrários que podem representar indicar ou propor alguma coisa.
3) Gerativa e Produtiva - faz referência às formas de expressar a linguagem, dentro dos
limites da estrutura linguística.
4) Dinâmica – faz alusão às formas de evolução e dinamismo da linguagem, ou seja, a
criação das palavras integra o dicionário, ou até mesmo podem cair em desuso e deixarem de
fazer parte do dicionário, o que permite a evolução da língua.
5) Estruturada regularmente – se refere à estrutura da linguagem, ou seja, somente
arranjos de símbolos configurados especificamente possuem significado.

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Unidade: Propriedades da Linguagem

6) Estruturada em níveis múltiplos – faz referência aos vários tipos de análises da


estrutura da linguagem em mais de um nível, como por exemplo, os sons em unidades de
significado, em palavras, em frases.
Com isso, podemos compreender que a linguagem pode ter várias propriedades, entretanto,
ela tem o propósito de possibilitar a representação mental de uma determinada situação. Isso
nos habilita a compreendê-la e a utilizá-la com outras pessoas. Segundo Sternberg, 2010, p. “a
linguagem refere-se ao uso e não somente a um conjunto de propriedades ou a outro conjunto.
Por exemplo, fornece a base para a codificação linguística da memória”.
Podemos apontar, ainda, dois aspectos fundamentais da linguagem: 1) a compreensão
receptiva e a decodificação dos elementos da língua; 2) a codificação expressiva e a elaboração
dos produtos da língua. A decodificação diz respeito ao significado extraído de uma representação
simbólica, por exemplo, quando uma pessoa está lendo ou escutando outra pessoa.
1) a compreensão receptiva e a decodificação dos elementos da língua - a
decodificação quer dizer o significado que conseguimos retirar de uma representação simbólica.
A compreensão receptiva é a capacidade de entendimento dos elementos linguísticos escritos e
verbais, como palavras, sentenças e parágrafos;
2) a codificação expressiva e a elaboração dos produtos da língua - a codificação
possibilita expressar o pensamento, por meio da escrita, fala ou sinalizações.

Vamos exemplificar esses conceitos!


Assim como ocorre na área da Química, em que é possível analisar separadamente as
substâncias de um composto, a linguagem também pode ser fragmentada em unidades menores.
Assim sendo, a menor unidade do som da fala, o fone representa um som vocal. Outra unidade
da linguagem é o fonema que representa a menor unidade de som oral usada para diferenciar
as expressões orais de cada língua. Os fonemas, no caso de línguas como o português brasileiro
e o inglês, são formados por sons de vogais e consoantes.
O próximo nível de unidade da linguagem é o morfema: que representa a menor unidade
que carrega significado, como por exemplo, na palavra “afixos”, temos uma parte da palavra
“fixo” (que carrega a maior parte do significado, chamada de raiz). Depois temos o prefixo “a”,
uma variação do prefixo “ad”, que significa “na direção de” e sufixo “s”, que indica o plural.
Portanto, podemos acrescentar a uma raiz, um prefixo, que vem antes, um sufixo que vem
depois, e ainda, um infixo que pode vir dentro da palavra (Sternberg, 2010).
Quando temos um conjunto de morfemas de uma língua ou ainda um conjunto linguístico
de uma pessoa, formamos o léxico. Por exemplo: na palavra “estudo”, podemos acrescentar
alguns morfemas à raiz “estudo” e obtemos: “estudante”, “estudioso”, “estudando” e “estudos”
(Sternberg, 2010).
Diante disso, temos a formação do vocabulário, desenvolvido lentamente e promovido
por exposições a palavras e seus significados.
Outro nível da linguagem é a sintaxe, que significa o meio pelo qual as pessoas formam as
sentenças, dentro de uma língua, a partir do momento em que assume um papel fundamental
na compreensão da língua. O estudo da sintaxe é considerado, por seus estudiosos da linguística,
muito importante para a compreensão da estrutura da língua.

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Em complemento ao estudo da sintaxe temos o estudo da semântica, cujo foco principal é
o significado em uma língua.
O nível do discurso é o último nível e abarca vários aspectos do uso da língua: conversação,
sentença, parágrafos, histórias, capítulos e livros completos.

Vejamos essas unidades da linguagem na ilustração abaixo:

Fonema Morfema Sintaxe


(menor unidade (menor unidade (formação de Semântica Discurso
de som oral) com significado) sentenças)

LÉXICO Significado Conversação,


(conjunto de morfemas sentenças,
de uma língua) parágrafos,
histórias, capítulos,
livros completos
Vocabulário

É importante ressaltar que “a linguagem refere-se ao uso e não somente a um conjunto ou


outro de propriedades”. Ela fornece a base da memória linguística. Assim, por exemplo, somos
capazes de lembrar coisas e eventos porque podemos utilizar a linguagem como ajuda para a
evocação e o reconhecimento (Sternberg, 2010, P. 307).
Finalizamos esta aula com a argumentação de França e cols., (2004, p. 469). Segundo os
autores, a linguagem é, portanto, “um instrumento de comunicação e elaboração do pensamento”
e sua aquisição se dá a partir de um “sistema arbitrário de sinais que representa. Ao falar, se
produz e articulam sons com significado, num veículo de expressão ideativa.”

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Unidade: Propriedades da Linguagem

Material Complementar

Consulte o material a seguir para ampliar seus conhecimentos:

1) O filme “Nell” estrelado por Jodie Foster, Liam Neeson e Natasha Richardson (1995)
trata da importância da linguagem para a formação do sujeito. Assista para ilustrar sua leitura.
2) Plataforma do Letramento. Magda Soares, professora emérita da Faculdade de
Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pesquisadora do Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), é um dos maiores nomes na área de alfabetização
e letramento, com ênfase em ensino-aprendizagem. Além de sua inquestionável importância
no cenário acadêmico, há 7 anos a especialista atua como consultora da rede municipal de
educação da cidade mineira de Lagoa Santa, onde desenvolve um intenso trabalho ligado à
formação de professores da rede pública.

http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-entrevista-detalhe/393/
magda-soares-discute-como-mediar-o-processo-de-aprendizagem-da-lingua-
escrita.html

3) MOUSINHO, Renata; SCHMID, Evelin; PEREIRA, Juliana; LYRA, Luciana; MENDES,


Luciana; NÓBREGA, Vanessa. Revista Psicopedagogia, vol. 25, n. 78 (2008). Aquisição e
desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso. Disponível em:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862008000300012&lng=pt&nrm=iso

4) Entrevista com Magda Soares, abordando a Linguagem.

www.youtube.com/watch?v=HZWGhxUisxA

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Referências

FRANÇA, M.P; Wolff, C.L.; Moojen, S. & Rotta, N.T. (2004). Aquisição da Linguagem Oral:
relação e risco para a linguagem escrita. Arquivo de Neuropsiquiatria. 62, (2-B), p. 469-472.

Linguagem e Aprendizagem. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro. 80 (2) 95-103.

MORAIS, J. ( 1996). A arte de Ler. SP. UNESP.

STERNBERG, R. J. (2010). Psicologia Cognitiva. Cengage Learning. SP.

SCHIRMER, C.R.; Fontoura, D. R. & Nunes, M.L (2004). Distúrbios da Aquisição da Linguagem
e Aprendizagem. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro. 80 (2) 95-103.

GOMBERT, J.E. (2003b). Atividades Metalinguísticas e Aprendizagem da Leitura. In M.R.Maluf


(Org.), Metalinguagem e aquisição da escrita: contribuições da pesquisa para a
prática da alfabetização. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.

MALUF, M.R. (2010). Do conhecimento implícito à consciência metalinguística indispensável


na alfabetização. In S.R.K. Guimarães & M.R. Maluf (Orgs.), Aprendizagem da Linguagem
Escrita: contribuições da pesquisa. São Paulo, SP: Ed. Vetor.

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Unidade: Propriedades da Linguagem

Anotações

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