Você está na página 1de 5

Aula 25, 26 27 e 28

Tema 8: Pensamento e Linguagem: Generalidades


Pensamento e pensar são, respectivamente, uma forma de processo mental ou faculdade
do sistema mental. Pensar permite aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele
de uma forma efectiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. Palavras que se
referem a conceitos e processos similares incluem cognição, consciência, ideia, e
imaginação.
O pensamento é considerado a expressão mais "palpável" do espírito humano, pois
através de imagens e ideias revela justamente a vontade deste.
O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem (Piaget).
O pensamento é constructo e construtivo do conhecimento.

8.1 Conceito de pensamento


Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo,
podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da realidade.
O pensamento é um fenómeno psíquico que exprime as relações externas e internas
entre os objectos do mundo real. (Manual de Saúde Mental).

8.2 Elementos de pensamento


Elementos do pensamento são:
- Raciocínio,
- Memória,
- Imaginação,
- Vontade e
- Sentimento.
Estes elementos consistem em agrupar e coordenar imagens, em lhes apreender as
conexões constituídas, a fim de as retocar e agrupar em novas correlações mais ou menos
originais ou completas, segundo a maior ou menor potência intelectual do indivíduo junto
com a capacidade de percepção e comparação, promove a associação de ideias.
8.3 Ligação entre o pensamento e a linguagem
Definição de Linguagem
A palavra linguagem tem pelo menos dois significados fundamentais: a linguagem como
um conceito geral; e a linguagem como um sistema linguístico específico (língua
portuguesa, por exemplo). Em português, utiliza-se a palavra linguagem como um
conceito geral e a palavra língua como um caso específico de linguagem.
A linguagem primordialmente, é a faculdade mental que permite aos seres humanos
realizarem qualquer tipo de comportamento linguístico: aprender línguas, produzir e
compreender enunciados
Linguagem e Pensamento
De acordo com Lev Semenovich Vygotsky (1896–1934), todas as actividades cognitivas
básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam se constituindo
no produto do desenvolvimento histórico-social de sua comunidade (Luria, 1976).
Portanto, as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do indivíduo
não são determinadas por factores congénitos. São, isto sim, resultado das actividades
praticadas de acordo com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve.
Consequentemente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história
pessoal desta criança são factores cruciais que vão determinar sua forma de pensar. Neste
processo de desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel crucial na determinação
de como a criança vai aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento
são transmitidas à criança através de palavras (Murray Thomas, 1993).
Para Vygotsky, um claro entendimento das relações entre pensamento e língua é
necessário para que se entenda o processo de desenvolvimento intelectual. Linguagem
não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pela criança. Existe uma inter-
relação fundamental entre pensamento e linguagem, um proporcionando recursos ao
outro. Desta forma a linguagem tem um papel essencial na formação do pensamento e do
carácter do indivíduo.
8.4 A natureza da linguagem
As origens da linguagem podem ser divididas segundo algumas premissas básicas.
Algumas teorias sustentam a ideia de que a linguagem é tão complexa que os
especialistas não conseguem imaginar que simplesmente apareceu do nada na sua forma
final, mas que ela deve ter evoluído a partir de um sistema pré-linguístico anterior
existente entre os nossos ancestrais pré-humanos. Essas teorias podem ser chamadas de
teorias baseadas na continuidade. O ponto de vista oposto afirma que a linguagem é um
traço humano único, que não pode ser comparado a qualquer coisa encontrada entre os
não-humanos e que deve, portanto, ter aparecido repentinamente na transição entre os
pré-hominídeos e o homem primitivo. Essas teorias podem ser definidas como a teoria da
descontinuidade. Da mesma forma, algumas teorias vêem a linguagem em sua maioria
como uma faculdade inata que é em grande parte geneticamente codificado, enquanto
outros a vêem como um sistema que é em grande parte cultural, que se aprende através da
interacção social18. Actualmente, o único defensor proeminente da teoria da
descontinuidade é Noam Chomsky19. De acordo com ele, "alguma mutação aleatória
ocorreu, talvez depois de algum chuveiro de raios cósmicos estranhos. O cérebro foi
reorganizado, implantando assim um órgão da linguagem num cérebro primata".
Acautelando-se a fim dessa história não ser tomada literalmente, Chomsky insiste que ela
"pode ser mais próximo da realidade do que muitos outros contos de fadas que são
contadas sobre processos evolutivos, incluindo a linguagem". As teorias baseadas na
continuidade são tidas actualmente pela maioria dos estudiosos, mas elas variam na
forma como encaram esse desenvolvimento. Aqueles que vêem a linguagem como sendo
principalmente inata, como Steven Pinker por exemplo, mantém como precedentes a
cognição animal, enquanto aqueles que veem a linguagem como uma ferramenta de
comunicação socialmente aprendido, como Michael Tomasello vê-na como tendo
desenvolvido a partir da comunicação anima l6 , da comunicação gestual ou ainda da
comunicação vocal. Há ainda outros modelos de continuidade que vêem a linguagem
sendo desenvolvida a partir da música.
Uma vez que o surgimento da linguagem está localizada no início da pré-história do
homem, os desenvolvimentos relevantes na língua não deixaram vestígios histórico
directo, nem muito menos existe a possibilidade de processos similares serem observados
hoje. Teorias que dão ênfase a continuidade muitas vezes olham para os animais a fim de
ver se, por exemplo, os primatas mostram qualquer traço que pode ser visto como
análogo a alguma tipo de linguagem que os pré-humanos utilizaram. Alternativamente, os
primeiros fósseis humanos podem ser inspeccionado para procurar vestígios de adaptação
física para usar a linguagem ou com alguns traços pré-linguístico. Actualmente, é
indiscutível que em sua maioria, os pré-humanos australopitecos não tinham sistemas de
comunicação significativamente diferentes daqueles encontrados nos símios em geral,
mas as opiniões na academia variam quanto à evolução desde o aparecimento do Homo,
cerca de 2,5 milhões de anos atrás. Alguns estudiosos assumem o desenvolvimento de
sistemas primitivos de linguagem (protolíngua) tão cedo quanto o Homo habilis,
enquanto outros colocam o desenvolvimento da comunicação simbólica primitiva apenas
com o Homo erectos (1,8 milhões de anos atrás) ou o Homo heidelbergensis (0,6 milhões
de anos atrás). O desenvolvimento da linguagem como a conhecemos estaria com o
Homo sapiens sapiens, há menos de 100.000 anos atrás, na África. Análise linguística
usadas por Johanna Nichols , linguista da Universidade da Califórnia, Berkeley, estimou
que o tempo necessário para atingir a actual difusão e diversidade nas línguas modernas,
aponta que a linguagem vocal surgiu, pelo menos, há 100.000 anos atrás.

8.5 Linguagem e comportamento.


Nós, seres humanos contamos com a linguagem verbal para auxiliar em nossa expressão
de pensamentos, aspecto único entre todos os animais existentes.
Sabemos que diversas espécies apresentam algum tipo de linguagem, entretanto, apenas
o ser humano é dotado da capacidade de falar, expressar suas idéias por meio da
linguagem verbal e também escrita. Podemos também fazer uso de outras linguagens,
como a corporal/gestual, mas mesmo essas, estão fortemente ligadas ao que temos
processado internamente como linguagem, aspectos aprendidos culturalmente e pela
nossa capacidade cognitiva.
A linguagem é a capacidade mais fantástica do ser humano, ela nos diferencia, nos
marca, nos torna únicos, soberanos entre os animais, é de todas as habilidades
neurológicas a mais complexa, pois envolve capacidades cognitivas, motoras, sensitivas e
emocionais. Podemos dizer que se fossemos comparados a um carro, nós humanos
seríamos o top de linha.
Utilizamos linguagem desde muito cedo em nossa vida inicialmente como forma simples
de expressão de nossos desejos de sobrevivência, depois, através dos vínculos
estabelecidos e das informações e estimulações trazidas de figuras significantes (pai,
mãe, avós, cuidadores) o pensamento vai se estruturando num código lingüístico e num
prazo breve de um ano, já somos capazes de iniciar nossas verbalizações mais directas,
chamando mamãe, papai, expressando a fome, sede e repetindo infinitas combinações de
sons que formarão novas palavras.
Aos 3 anos já apresentamos um conteúdo imenso de palavras, somos capazes de realizar
frases complexas e cantamos pequenas músicas com adequado ritmo, melodia e letra.
Mesmo que ainda nessa fase possamos ter alguns erros de pronúncia, somos plenos na
capacidade de nos fazer entender pelo outro.
O pensamento nessa fase é rico de simbolismos e processos imaginativos e associativos
que nos ajudam a compreender e copiar o meio que nos cerca. Desenvolvendo esses
aspectos, (aparentemente apenas cognitivos) estamos também nos educando para um
outro componente: nosso comportamento em sociedade. Quanto mais formos capazes de
utilizarmos nossa expressão verbal para o que sentimos ou desejamos, menor será a
necessidade de reacções físicas inadequadas.
È fundamental que os pais e adultos que convivam com as crianças auxiliem para essa
melhora da capacidade verbal como forma de controle do comportamento, pois isso
facilitará o convívio da criança no meio social, bem como ensinará a lidar melhor com
suas reacções emocionais.

Você também pode gostar