Pensamento e pensar são, respectivamente, uma forma de processo mental ou faculdade do sistema mental. Pensar permite aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele de uma forma efectiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. Palavras que se referem a conceitos e processos similares incluem cognição, consciência, ideia, e imaginação. O pensamento é considerado a expressão mais "palpável" do espírito humano, pois através de imagens e ideias revela justamente a vontade deste. O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem (Piaget). O pensamento é constructo e construtivo do conhecimento.
8.1 Conceito de pensamento
Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo, podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da realidade. O pensamento é um fenómeno psíquico que exprime as relações externas e internas entre os objectos do mundo real. (Manual de Saúde Mental).
8.2 Elementos de pensamento
Elementos do pensamento são: - Raciocínio, - Memória, - Imaginação, - Vontade e - Sentimento. Estes elementos consistem em agrupar e coordenar imagens, em lhes apreender as conexões constituídas, a fim de as retocar e agrupar em novas correlações mais ou menos originais ou completas, segundo a maior ou menor potência intelectual do indivíduo junto com a capacidade de percepção e comparação, promove a associação de ideias. 8.3 Ligação entre o pensamento e a linguagem Definição de Linguagem A palavra linguagem tem pelo menos dois significados fundamentais: a linguagem como um conceito geral; e a linguagem como um sistema linguístico específico (língua portuguesa, por exemplo). Em português, utiliza-se a palavra linguagem como um conceito geral e a palavra língua como um caso específico de linguagem. A linguagem primordialmente, é a faculdade mental que permite aos seres humanos realizarem qualquer tipo de comportamento linguístico: aprender línguas, produzir e compreender enunciados Linguagem e Pensamento De acordo com Lev Semenovich Vygotsky (1896–1934), todas as actividades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam se constituindo no produto do desenvolvimento histórico-social de sua comunidade (Luria, 1976). Portanto, as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do indivíduo não são determinadas por factores congénitos. São, isto sim, resultado das actividades praticadas de acordo com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve. Consequentemente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história pessoal desta criança são factores cruciais que vão determinar sua forma de pensar. Neste processo de desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel crucial na determinação de como a criança vai aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança através de palavras (Murray Thomas, 1993). Para Vygotsky, um claro entendimento das relações entre pensamento e língua é necessário para que se entenda o processo de desenvolvimento intelectual. Linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pela criança. Existe uma inter- relação fundamental entre pensamento e linguagem, um proporcionando recursos ao outro. Desta forma a linguagem tem um papel essencial na formação do pensamento e do carácter do indivíduo. 8.4 A natureza da linguagem As origens da linguagem podem ser divididas segundo algumas premissas básicas. Algumas teorias sustentam a ideia de que a linguagem é tão complexa que os especialistas não conseguem imaginar que simplesmente apareceu do nada na sua forma final, mas que ela deve ter evoluído a partir de um sistema pré-linguístico anterior existente entre os nossos ancestrais pré-humanos. Essas teorias podem ser chamadas de teorias baseadas na continuidade. O ponto de vista oposto afirma que a linguagem é um traço humano único, que não pode ser comparado a qualquer coisa encontrada entre os não-humanos e que deve, portanto, ter aparecido repentinamente na transição entre os pré-hominídeos e o homem primitivo. Essas teorias podem ser definidas como a teoria da descontinuidade. Da mesma forma, algumas teorias vêem a linguagem em sua maioria como uma faculdade inata que é em grande parte geneticamente codificado, enquanto outros a vêem como um sistema que é em grande parte cultural, que se aprende através da interacção social18. Actualmente, o único defensor proeminente da teoria da descontinuidade é Noam Chomsky19. De acordo com ele, "alguma mutação aleatória ocorreu, talvez depois de algum chuveiro de raios cósmicos estranhos. O cérebro foi reorganizado, implantando assim um órgão da linguagem num cérebro primata". Acautelando-se a fim dessa história não ser tomada literalmente, Chomsky insiste que ela "pode ser mais próximo da realidade do que muitos outros contos de fadas que são contadas sobre processos evolutivos, incluindo a linguagem". As teorias baseadas na continuidade são tidas actualmente pela maioria dos estudiosos, mas elas variam na forma como encaram esse desenvolvimento. Aqueles que vêem a linguagem como sendo principalmente inata, como Steven Pinker por exemplo, mantém como precedentes a cognição animal, enquanto aqueles que veem a linguagem como uma ferramenta de comunicação socialmente aprendido, como Michael Tomasello vê-na como tendo desenvolvido a partir da comunicação anima l6 , da comunicação gestual ou ainda da comunicação vocal. Há ainda outros modelos de continuidade que vêem a linguagem sendo desenvolvida a partir da música. Uma vez que o surgimento da linguagem está localizada no início da pré-história do homem, os desenvolvimentos relevantes na língua não deixaram vestígios histórico directo, nem muito menos existe a possibilidade de processos similares serem observados hoje. Teorias que dão ênfase a continuidade muitas vezes olham para os animais a fim de ver se, por exemplo, os primatas mostram qualquer traço que pode ser visto como análogo a alguma tipo de linguagem que os pré-humanos utilizaram. Alternativamente, os primeiros fósseis humanos podem ser inspeccionado para procurar vestígios de adaptação física para usar a linguagem ou com alguns traços pré-linguístico. Actualmente, é indiscutível que em sua maioria, os pré-humanos australopitecos não tinham sistemas de comunicação significativamente diferentes daqueles encontrados nos símios em geral, mas as opiniões na academia variam quanto à evolução desde o aparecimento do Homo, cerca de 2,5 milhões de anos atrás. Alguns estudiosos assumem o desenvolvimento de sistemas primitivos de linguagem (protolíngua) tão cedo quanto o Homo habilis, enquanto outros colocam o desenvolvimento da comunicação simbólica primitiva apenas com o Homo erectos (1,8 milhões de anos atrás) ou o Homo heidelbergensis (0,6 milhões de anos atrás). O desenvolvimento da linguagem como a conhecemos estaria com o Homo sapiens sapiens, há menos de 100.000 anos atrás, na África. Análise linguística usadas por Johanna Nichols , linguista da Universidade da Califórnia, Berkeley, estimou que o tempo necessário para atingir a actual difusão e diversidade nas línguas modernas, aponta que a linguagem vocal surgiu, pelo menos, há 100.000 anos atrás.
8.5 Linguagem e comportamento.
Nós, seres humanos contamos com a linguagem verbal para auxiliar em nossa expressão de pensamentos, aspecto único entre todos os animais existentes. Sabemos que diversas espécies apresentam algum tipo de linguagem, entretanto, apenas o ser humano é dotado da capacidade de falar, expressar suas idéias por meio da linguagem verbal e também escrita. Podemos também fazer uso de outras linguagens, como a corporal/gestual, mas mesmo essas, estão fortemente ligadas ao que temos processado internamente como linguagem, aspectos aprendidos culturalmente e pela nossa capacidade cognitiva. A linguagem é a capacidade mais fantástica do ser humano, ela nos diferencia, nos marca, nos torna únicos, soberanos entre os animais, é de todas as habilidades neurológicas a mais complexa, pois envolve capacidades cognitivas, motoras, sensitivas e emocionais. Podemos dizer que se fossemos comparados a um carro, nós humanos seríamos o top de linha. Utilizamos linguagem desde muito cedo em nossa vida inicialmente como forma simples de expressão de nossos desejos de sobrevivência, depois, através dos vínculos estabelecidos e das informações e estimulações trazidas de figuras significantes (pai, mãe, avós, cuidadores) o pensamento vai se estruturando num código lingüístico e num prazo breve de um ano, já somos capazes de iniciar nossas verbalizações mais directas, chamando mamãe, papai, expressando a fome, sede e repetindo infinitas combinações de sons que formarão novas palavras. Aos 3 anos já apresentamos um conteúdo imenso de palavras, somos capazes de realizar frases complexas e cantamos pequenas músicas com adequado ritmo, melodia e letra. Mesmo que ainda nessa fase possamos ter alguns erros de pronúncia, somos plenos na capacidade de nos fazer entender pelo outro. O pensamento nessa fase é rico de simbolismos e processos imaginativos e associativos que nos ajudam a compreender e copiar o meio que nos cerca. Desenvolvendo esses aspectos, (aparentemente apenas cognitivos) estamos também nos educando para um outro componente: nosso comportamento em sociedade. Quanto mais formos capazes de utilizarmos nossa expressão verbal para o que sentimos ou desejamos, menor será a necessidade de reacções físicas inadequadas. È fundamental que os pais e adultos que convivam com as crianças auxiliem para essa melhora da capacidade verbal como forma de controle do comportamento, pois isso facilitará o convívio da criança no meio social, bem como ensinará a lidar melhor com suas reacções emocionais.