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SUMÁRIO

1 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM .................................................... 3

2 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ............................ 11

2.1 Quando a criança começa a falar? ..................................................... 21

2.2 O que é esperado para cada etapa do desenvolvimento de linguagem?


........................................................................................................... 22

3 AS DIFERENTES LINGUAGENS NO DESENVOLVIMENTO LEXICAL,


FONOLÓGICO, SINTÁTICO E PRAGMÁTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NAS
SÉRIES INICIAIS ...................................................................................................... 23

4 DISTÚRBIOS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ORAL E


ESCRITA DA CRIANÇA ............................................................................................ 32

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 46

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1 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

Fonte: www.paramim.com.pt

A linguagem verbal é a matéria do pensamento e o veículo da comunicação


social, não existindo sociedade sem linguagem, nem sociedade sem comunicação. A
realidade material como: organizações de sons, palavras, frases, a linguagem é
relativamente autônoma, e conclui como expressão de emoções, ideias, propósitos,
ela é orientada pela visão de mundo, pelas injunções da realidade social, histórica e
cultural de seu falante.
A comunicação realizada por meio da linguagem promove a interação entre os
indivíduos, para que essa integração se efetive entre os participantes da sociedade,
torna-se necessário à comunicação como um pré-requisito funcional da sociedade.
Pode-se compreender a linguagem não só como meio de comunicação, mas
também como um dos principais instrumentos de desenvolvimento dos processos
cognitivos do ser humano.
Abordamos os aspectos que interferem na aquisição e desenvolvimento da
linguagem oral. Para atingir este objetivo torna-se importante tecer algumas
considerações sobre as teorias de aquisição e desenvolvimento da linguagem oral.
Quando nós relatamos a respeito da competência, é referido o sistema de
regras que cada um de nós possui, organizadas e utilizadas de uma forma particular,
um “saber linguístico” que subentende os comportamentos verbais - o desempenho.
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A competência pode ser compreendida também como a possibilidade ilimitada que
todos possuem de construir e compreender um infinito número de frases.

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A visão de Piaget é que o aparecimento da linguagem se dá na superação do


estágio sensório-motor, em torno dos 18 meses. Neste estágio para o autor acontece
o desenvolvimento da função simbólica. Para Piaget a linguagem é uma manifestação
da função simbólica, a capacidade cognitiva mais especificamente humana.
O conceito central é o de representação, a capacidade de representar uma
imagem, um gesto, um objeto. Desta forma, a criança vem desenvolvendo a
capacidade de imitação e interiorizando esses modelos e passa a representá-los. “A
aptidão para representar mentalmente, essencial para Piaget, é contemporânea da
aquisição das palavras.
Para Piaget a função simbólica permite que a criança adquira a linguagem e é
na evolução das condutas sensório-motoras que se deve verificar as fontes da
linguagem.

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Fonte: www.image.slidesharecdn.com

Piaget buscou uma explicação para a fala egocêntrica no sistema cognitivo em


desenvolvimento da criança. Para ele a inteligência da criança é fruto do ambiente
tanto quanto de certas estruturas mentais que interagem entre si. Piaget conclui que
no desenvolvimento destas estruturas a criança passa por estágios numa sequência
fixa (a velocidade varia de acordo com cada criança).
Os estágios principais são: sensório -motor (do nascimento aos 18 meses), o
pré-operacional (dos 18 meses aos 7 anos), operações concretas (7 a 11 anos) e
operações formais (11anos em diante). Nos seus estudos ele não buscou uma teoria
da linguagem, mas por meio de suas investigações ele se contrapõe as ideias de
Vygotsky ao abordar que a linguagem acompanha o pensamento e não o direciona.
Ele afirmou que para a criança possuir uma compreensão sobre o mundo, não
basta obter informações, ela deve agir sobre ele. Pois poucos acreditam que as
crianças esperem passivamente para que o desenvolvimento de qualquer espécie
lhes seja transmitido.
No entanto, acredita-se que o papel da interação social foi subestimado por
Piaget. A inteligência da criança pré-verbal não é posta em dúvida, mas a conclusão
de que a inteligência não pode ter origem social, simplesmente porque a criança não
sabe falar, vem sendo questionada.

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Fonte: www.4.bp.blogspot.com

Além disso, Piaget afirma que o desenvolvimento da linguagem é limitado pelo


desenvolvimento cognitivo, ele nega que a linguagem seja uma fonte suficiente para
a cognição, nega também que o desenvolvimento cognitivo seja suficiente para o
desenvolvimento da linguagem.
Para Piaget a criança aprende as palavras por imitação, quando se torna capaz
de pensamento representativo. Tendo como base a abordagem genética do
desenvolvimento da linguagem, Vygotsky observa que o pensamento na criança
pequena inicialmente evolui sem a linguagem, igualmente, os primeiros balbucios da
criança se constituem numa forma de comunicação sem pensamento. Como desde
muito cedo a criança tenta atrair a atenção do adulto, por meio dos sons que produz,
o autor ressalta que a função social da fala existe. Desta forma ele conclui a criança
nos primeiros meses de vida, possui um pensamento pré-linguístico e uma linguagem
pré-intelectual.

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Fonte: www.centropsicopedagogicoapoio.com.br

A concepção de Piaget e Vygotsky sobre a fala egocêntrica é um ponto de


diferenciação na teoria de ambos. Para Piaget a fala egocêntrica observadas em
crianças pré-escolares evidencia um indicativo de a criança estaria adaptada
socialmente.
Para Piaget além do fato de que a linguagem reflete o pensamento sem
modelá-lo, a criança deveria atingir um certo estágio de desenvolvimento até tornar-
se um ser social.
Vygotsky concorda que a fala egocêntrica é transitória, porém ele percebe que
a fala está sendo precursora do pensamento verbal, para ser uma manifestação de
um processo prestes a internalizar-se, pensamentos que começam a serem falados.
Segundo Vygotsky pensamento e linguagem são independentes nos dois
primeiros anos de vida e a partir desse momento passam a estabelecer uma relação
de interdependência, a linguagem passa a contribuir para a estruturação do
pensamento.

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Fonte: www.image.slidesharecdn.com

Cláudia Lemos, pesquisadora brasileira, denomina sua postura de


interacionista.
Scarpa coloca-nos que a autora se inspira nas ideias de Saussure e Lacan
(psicanalista) e estuda as relações do sujeito com a língua, questionando as noções
de desenvolvimento e conhecimento linguístico. Posiciona-se contra a noção de
conhecimento própria do sujeito psicológico, que está presente nas noções de
desenvolvimento e contra a noção de representação mental, que é fonte do
conhecimento linguístico.
A mesma recusa a concepção consagrada pela expressão desenvolvimento
linguístico. Pois nenhuma das explicações é suficiente para que se fale num dado
momento de conhecimento pleno da língua ou estágio estável. Ao invés dos termos
em desenvolvimento ou construção, ela compreende que a estrutura é a mesma que
move o adulto.

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Fonte: www.image.slidesharecdn.com

Apesar de ser possível destacar alguns estágios de desenvolvimento


linguístico, a partir das teorias de aquisição percebe-se que os estágios são dinâmicos
e as diferenças de desenvolvimento entre crianças, apresentam uma enorme gama
de possibilidades de interpretação.
Teoricamente, por volta de três anos, uma criança já deveria ser capaz de
utilizar um vocabulário que possibilitasse sua comunicação efetiva socialmente,
fazendo-se compreender por todas as pessoas, inclusive por aquelas que não fazem
parte de seu universo familiar.
Vale ressaltar, qualquer pessoa que trabalhe com crianças pequenas sabe que,
o desempenho linguístico depende das circunstâncias nas quais a linguagem foi
evocada.
Em algumas circunstâncias torna-se evidente que existem distúrbios de
linguagem que interferem no processo comunicativo da criança, impedindo muitas
vezes seu pleno desenvolvimento. Muitos são os aspectos que influenciam no
desenvolvimento da linguagem, sabemos que podemos ter no máximo a possibilidade
de determinar fatores predominantes e fatores desencadeantes.

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Fonte: www.1.bp.blogspot.com

Mazzafera e Sordi desenvolveram um projeto de cunho preventivo, destinado


a avaliar, acompanhar e propiciar atendimento às crianças com queixas relativas à
comunicação. De 1997 a 2001 foram avaliadas 279 crianças neste projeto, destas 165
apresentaram atrasos nos processos de aquisição e desenvolvimento da linguagem.
Dentre os fatores causais que puderam ser destacados naquela ocasião, podem ser
citados aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
A partir dessas breves considerações pôde-se verificar que os estudos em
aquisição e desenvolvimento da linguagem têm apresentado enorme avanço nas
últimas décadas. Sabe-se que muitos são os fatores que interferem no processo de
desenvolvimento da linguagem e que ainda não foi possível precisar o valor de cada
interferência neste processo.
Scarpa alerta, no que diz respeito à aquisição da linguagem, o desafio continua
a ser a relação entre o inato e o adquirido, entre o biológico e o sócio histórico, entre
o linguístico e o extralinguístico, entre o sujeito aprendiz e o objeto a ser aprendido.

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Fonte: www.i.ytimg.com

A linguagem pode ser considerada como uma das primeiras formas de


socialização da criança, por meio dela a criança adquire valores, regras e
conhecimentos advindos de sua cultura.
A linguagem possui, além de uma função comunicativa, a função de contribuir
e permitir o crescimento e desenvolvimento do ser, por isso a importância da aquisição
e desenvolvimento de qualquer forma de linguagem.
Por meio da linguagem oral, escrita ou não verbal, expressamos nossos
desejos e estabelecemos a comunicação com nossos semelhantes, fundamentamos
nossa racionalidade, criatividade e consciência, tornamo-nos parte da sociedade.

2 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

As alterações da aquisição da linguagem estão entre os mais frequentes


transtornos do neurodesenvolvimento infantil com uma prevalência média de 5% da
população pré-escolar. Não é só devido à alta prevalência que esses transtornos têm
relevância na prática clínica, mas sobretudo pelo fato de estarem comumente
associados a comorbidades neuropsicológicas e neuropsiquiátricas como os
transtornos de atenção e hiperatividade, a ansiedade generalizada, os transtornos de
conduta e os transtornos específicos de aprendizagem.

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Fonte: www.4.bp.blogspot.com

Sabe-se, por exemplo, que crianças pequenas, com idade inferior a 5 anos e
atraso na aquisição da linguagem irão apresentar importantes e persistentes
anormalidades neuropsicológicas quando avaliadas com a idade de 9 anos, entre elas
a dislexia.
A linguagem, em termos amplos, relaciona-se com o vasto sistema de
comunicação através de códigos simbólicos utilizados para expressão de ideias,
significados e emoções constituídos por palavras, gestos, música, elementos auditivos
e visuais diversos.
O processo de aquisição da linguagem verbal envolve o desenvolvimento
de quatro sistemas interdependentes:

 O fonológico, relacionado com a percepção e a produção de sons


para formar palavras;
 O semântico, atribuindo às palavras o seu significado;
 O pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num
contexto social;
 O gramatical ou morfológico, compreendendo as regras sintáticas
para combinar palavras em frases compreensíveis.

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O sistema fonológico e gramatical confere à linguagem a sua forma. O sistema
pragmático descreve o modo como a linguagem deve ser adaptada a situações sociais
específicas, transmitindo emoções e enfatizando significados.

Fonte: www.image.slidesharecdn.com

Distingue-se a linguagem verbal da não verbal traduzida pela gestualidade,


pela mímica, pela expressão facial, por signos visuais, tácteis ou pela música e
expressões relacionadas com a arte de uma maneira geral.
A linguagem humana, embora adquirida, tem uma estrutura de base
filogenética própria que se modifica e se expressa de diferentes formas no curso da
ontogênese.

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Fonte: www.image.slidesharecdn.com

A linguagem é a atividade humana de maior plasticidade e também a de maior


ambiguidade, subjetividade, fazendo a ponte entre a percepção mediada pelos
sentidos, e a experiência simbólica integrada pela memória e o pensamento.
Se antes do desenvolvimento da linguagem verbal o pensamento traduz-se em
fragmentos sensório-motores, carregados pelo emocional, com a mediação da
linguagem, este pronto pensamento transcende a níveis mais complexos de abstração
e metacognição.
Infância, etimologicamente, deriva de latim infante, que significa “que ainda não
fala”. No desenvolvimento da linguagem, há uma fase pré-linguística, em que são
vocalizados apenas fonemas (sem palavras) e que pode persistir até aos 11-12
meses, quando na fase linguística, a criança começa a emitir palavras isoladas até o
posterior desenvolvimento da linguagem verbal com toda a sua complexidade e
riqueza de significados.

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Fonte: www.scielo.br

A aquisição é contínua e ocorre de forma ordenada e sequencial, com


sobreposição considerável entre as diferentes etapas deste desenvolvimento.
Assim, a aquisição da linguagem representa a interação entre todos os
aspectos do desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social da criança. À
medida que amadurecem as estruturas cerebrais necessárias à produção de sons, à
discriminação auditiva, ao controle fonatório da fala, há maior complexidade na
associação de significados e contextos que facilitam tanto a forma, a interação como
a comunicação social da criança com os pais, outros adultos, outras crianças e com
ela mesma.
Tal desenvolvimento formará a base da natureza narrativa do discurso, do
pensamento e da metacognição.
O balbucio inicia-se ao redor dos 3 meses e os bebês partem da imitação
acidental dos sons ouvidos e, posteriormente, evoluem para uma imitação mais
voluntária.
Por volta do final do 1º ano de vida, as crianças emitem a sua primeira
palavra e, cerca de 8 meses a 1 ano mais tarde, começam a falar utilizando frases.
O choro também expressa uma comunicação bastante variada do lactente
e os pais muitas vezes são capazes de distinguir seu significado pelos diferentes
matizes, tonalidade e intensidades que podem sinalizar fome, sono ou
aborrecimento.

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Durante as 6 semanas e os 3 meses de vida, os bebês começam a produzir
sons quando estão contentes emitindo murmúrios e sons vocálicos.
Dos 3 aos 6 meses, os bebês começam a brincar com os sons da fala e tentam
ajustá-los de acordo com as pessoas que encontram à sua volta.
Entre os 6 e os 10 meses, a criança começa a repetir sequências de
consoantes-vogais como “ma-ma, da-da, pa-pa”. Sendo que está fala não é uma
verdadeira linguagem, na medida em que não comporta significado.
O desenvolvimento da linguagem prossegue com a imitação acidental dos sons
da fala que as crianças ouvem e depois reproduzem. Com cerca de 9 a 10 meses de
vida, os lactentes imitam deliberadamente sons sem os compreenderem. Acredita-se
que lactentes começam a reconhecer os sons da fala ainda no útero. São capazes de
distinguir sons da fala da língua materna. Estudos com potenciais evocados mostram
que recém-nascidos têm lateralização hemisférica para a linguagem e familiaridade
para fonemas comuns na língua materna.

Fonte: www.manuelafischer.com.br

O reconhecimento de padrões métricos (sílabas acentuadas e não acentuadas)


também parece desenvolver-se à medida que as crianças se tornam cada vez mais
familiarizadas com a sua própria língua. Lactentes com 8 meses prestam atenção ao
modo como as palavras soam e armazenam esses padrões de sons na memória.

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Aparentemente, ao prepararem-se para compreender o discurso, começam por se
familiarizar primeiro com os sons das palavras e, mais tarde, associam-lhes
significados.

Fonte: www.turmadatiamari.com.br

Entre os 9 e os 12 meses, aprendem alguns gestos sociais convencionais,


como dizer adeus, abanar com a cabeça para significar sim, abanar com a cabeça
para significar não e por volta dos 13 meses, a criança usa gestos representacionais
mais elaborados como, por exemplo, levar uma xícara vazia à boca ou levantar os
braços para mostrar que quer ser levado ao colo. Gestos simbólicos, tais como soprar
para significar “quente”, geralmente emergem na mesma fase que a criança pronuncia
as suas primeiras palavras, esses gestos revelam que as crianças compreendem que
os objetos e as ideias têm nomes e que os símbolos podem referir-se a coisas,
episódios, desejos e circunstâncias específicas do cotidiano.
A criança emite, em média, a primeira palavra por volta dos 10 meses, iniciando
o discurso linguístico, ou seja, a expressão verbal que veicula um significado. Passará
a usar muitas palavras e irá mostrar alguma compreensão da gramática, da pronúncia,
da entoação e do ritmo.

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Fonte: www.f.i.uol.com.br

As primeiras palavras compreendidas entre os 9 ou 10 meses são as que, em


geral, ouvem mais vezes. Essas palavras são o seu próprio nome e a palavra “não”.
Por volta dos 13 meses, a maioria das crianças compreende que uma palavra
representa um objeto ou acontecimento específico, podendo rapidamente aprender o
significado de uma nova palavra. À media que as crianças começam a depender mais
das palavras para se expressarem, os sons e os ritmos da fala tornam-se mais
elaborados.
O vocabulário continua a aumentar e o avanço linguístico seguinte ocorre
quando uma criança pequena junta 2 palavras para expressar uma ideia. A primeira
frase da criança está, normalmente, relacionada com acontecimentos rotineiros,
objetos, pessoas ou atividades que a rodeiam.
As crianças, inicialmente, utilizam o discurso telegráfico, o qual, como a maioria
dos telegramas, inclui apenas algumas palavras fundamentais, as palavras de
conteúdo.
Entre os 20 e os 30 meses, adquirem os fundamentos da sintaxe, ou seja, as
regras para juntar frases na sua língua: começam por usar artigos, preposições,
conjunções, plurais, terminações de verbos, tempos passados dos verbos e a forma
do verbo “ser”.

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Por volta dos 3 anos, o discurso é fluente, mais extenso e complexo, apesar
das crianças, muitas vezes, omitirem partes do discurso, conseguem manter o seu
significado.

Fonte: www.image.slidesharecdn.com

Crianças com atraso de linguagem podem apresentar dificuldades nas várias


dimensões, como a fonológica, a morfológica, a semântica e a pragmática. A criança,
inicialmente, desenvolve as palavras faladas e atribui significado a elas.
Esta função relaciona-se com a área de Wernicke e córtex de associação
adjacente, localizado na região temporal superior e parietal inferior. Crianças com
disfasia receptivo têm dificuldade na discriminação auditiva das palavras, bem como
na atribuição de significado. Por outro lado, preferem interação não verbal para a
comunicação, como a expressão gestual, a táctil e a visual.

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Fonte: www.3.bp.blogspot.com

Aproximadamente 12 a 18 meses, conhecem o significado do não, entendem


expressões como me dá, venha aqui, e, é apta para apontar partes do corpo. Aos 2
anos de vida, obedece a ordens simples sob comando e consegue apontar vários
objetos nomeados. Com a idade de 3 a 4 anos já nomeia objetos e conhece
preposições.
A linguagem expressiva, tem curso mais lento do que a receptiva. Crianças
com atraso de linguagem têm, a recepção mais íntegra do que a expressão.
Crianças com 10 e 12 meses adquiriram uma ou duas palavras específicas e o
vocabulário desenvolve-se bastante aos 18 a 24 meses, sendo que a criança com
2 anos já é capaz de formular sentenças de 2 palavras e com 3 a 4 anos usa
sentenças com 4 palavras, usando expressões verbais no passado e no futuro.
A linguagem humana é a mais complexa, e a que coloca-nos em condição de
superioridade em relação aos outros animais, a linguagem verbal não é a única forma
de comunicação.
Podemos transmitir a outro indivíduo, nossos pensamentos, emoções, etc,
através de gestos, através do corpo e provavelmente através de muitos códigos que
sejam comuns à locutor e interlocutor.

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Fonte: www.image.slidesharecdn.com

A linguagem e fala não são sinônimas, tanto que muito antes do bebê emitir
suas primeiras palavras, já é capaz de utilizar-se de codificação para inter-relacionar-
se com o meio e seus semelhantes. Ainda assim, acreditamos que o desenvolvimento
da linguagem e da fala não precisam ser considerados separadamente, pois um tem
muita relação com o outro.

2.1 Quando a criança começa a falar?

Por volta dos 2 anos a maioria das crianças já tem um número de vocábulos
que lhes permite expressar-se verbalmente com facilidade. Algumas nessa idade, e
até um pouco antes, já utilizam frases simples, com verbos, adjetivos e preposições,
relatam fatos e criam seus próprios vocábulos.
Contudo, além das diferenças individuais, que devem ser respeitadas,
precisamos estar atentos à fatores determinantes na aquisição, e que quando
alterados, podem interferir no desenvolvimento normal da linguagem. Esses fatores
podem ser subdivididos em biológicos, psicológicos e sociais.

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2.2 O que é esperado para cada etapa do desenvolvimento de linguagem?

Os padrões de normalidade do desenvolvimento de linguagem, em função da


idade, são os seguintes:

IDADE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO DE


(meses) LINGUAGEM
- Vocalizações (repetições de vogais e sons guturais) não
linguísticas. Essas produções têm pouca influência da língua da
mãe.
- Sorriso reflexo.
0a3
- Apresenta movimentos corporais bruscos ou acorda ao ouvir
estímulo sonoro.
- Aquieta-se com a voz da mãe.
- Procura fonte sonora com movimentos oculares.
- As vocalizações começam a adquirir algumas características de
linguagem, ou seja, entonação, ritmo e inicia-se a modulação de
ressonância.
- A fase de lalação aparece por volta dos 3 a 4 meses e se distingue
3a6
por sua fonação lúdica . A criança sente prazer em balbuciar (brincar
com os órgãos fono-articulatórios).
- Pará de chorar ao ouvir música.
- Começa a voltar a cabeça em direção a um som lateral e próximo.
- Pré-conversação. A criança vocaliza principalmente durante os
intervalos em que é deixada livre pelo adulto, e também encurta
suas vocalizações para dar lugar as respostas do adulto.
6a9 - Localiza diretamente a fonte sonora lateralmente e indiretamente
para baixo.
- Responde quando chamada.
- Repete sons para escutá-los.
- Localiza diretamente a fonte sonora para baixo.
- Reage paralisando a atividade quando a mãe fala "não".
- Vocaliza na presença de música.
- Compreende algumas palavras familiares, por ex.: "mamãe,
"papai", "nenê".
9 a 12 - Compreende ordens simples, por ex.: "bate palmas" e dar "tchau".
- Vocalizações mais precisas e melhor controladas quanto a altura
tonal e a intensidade. Agrupa sons e sílabas repetidas `a vontade.
- Pede, recebe objetos e oferece-os de volta.
- Usa gestos indicativos.
- Surge a primeira palavra, muitas vezes não inteligível.
- Surgem as primeiras palavras funcionais que, em geral, se dá um
prolongamento semântico, por ex.: chama "cachorro" a todos os
12 a 18 animais.
- Crescimento quantitativo de compreensão e produção de palavras.
- Localiza fonte sonora indiretamente para cima.

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- Gosta de música.
- Compreende verbos que representam ações concretas (dá,
acabou, quer).
- Identifica objetos familiares através de nomeação.
- Identifica parte do corpo em si mesma.
- Utiliza-se de palavra-frase (usa uma palavra que corresponde a um
enunciado completo).
- Repete palavras familiares.
- Tenta contar.
- Surgimento de frases de dois elementos.
- Localiza fonte sonora em todas as direções.
- Presta atenção e compreende estórias.
18 a 24 - Identifica parte do corpo no outro.
- Inicia o uso de frases simples.
- Usa gesto representante.
- Usa o próprio nome.
- Iniciam-se sequências de três elementos, por ex.: "nenê come pão"
(fala telegráfica.
- Aponta gravura de objeto familiar descrito por seu uso.
- Identifica objetos familiares pelo nome e uso.
- Aponta cores primárias quando nomeadas (vermelho, azul,
amarelo...)
2a3
- Compreende o "Onde ? " "Como?"
anos
- Pergunta o que?
- Nomeia ações representadas por figuras.
- Refere-se a si mesmo na 3ª pessoa.
- Combina objetos semelhantes.
- Constitui frase gramatical simples (com verbos, preposições,
adjetivos e advérbio de lugar).

3 AS DIFERENTES LINGUAGENS NO DESENVOLVIMENTO LEXICAL,


FONOLÓGICO, SINTÁTICO E PRAGMÁTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E
NAS SÉRIES INICIAIS

Fonte: www.alienado.net

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O desenvolvimento lexical é condição fundamental no processo de
desenvolvimento e aquisição de novos saberes, cabendo à escola, a partir dos 6 anos,
a responsabilidade de potenciar o alargamento do capital lexical das crianças e
promover o desenvolvimento progressivo da sua consciência lexical.
O conhecimento lexical faz parte do conjunto de conhecimentos que todos os
falantes possuem acerca da sua língua materna. Na medida em que a capacidade de
linguagem supõe, entre outros saberes gramaticais, o domínio do léxico da língua,
pode dizer-se que qualquer falante, escolarizado ou não, possui este conhecimento.
Cada comunidade linguística consome, transforma e cria palavras, pelo que o
léxico de cada língua, longe de constituir um fundo estático, pode antes ser concebido
como uma base de dados em atualização permanente, como refere Duarte.
Nesta ordem de ideias, integram o conhecimento lexical quer o conjunto de
palavras que cada sujeito conhece e às quais atribui significado quer as palavras que
virtualmente podem vir a fazer parte da língua. Entende-se, assim, que o
conhecimento lexical seja parcialmente diferente de falante para falante, dado que o
conhecimento das palavras e a sua utilização são fortemente influenciados pelo
contexto vivencial dos falantes.
Nesta perspetiva, torna-se clara a distinção entre léxico e vocabulário. O léxico
é composto pelo conjunto de todas as palavras possíveis de uma determinada língua,
enquanto o vocabulário é o conjunto de palavras usadas num determinado contexto e
numa determinada situação.
É neste sentido que se pode afirmar que, o conhecimento e utilização de um
determinado vocabulário é imagem de marca do meio social a que se pertence, daí
que em termos de desenvolvimento da linguagem seja um dos domínios mais
afetados pelo ambiente sociocultural em que se cresce.
O conhecimento lexical que cada sujeito detém depende de um conjunto de
fatores, nomeadamente: do meio socioeconómico de origem, do nível de
escolarização, do meio em que se insere, da atividade profissional que desempenha,
dos seus gostos e preferências, da idade e do sexo. São inúmeros os fatores que,
articulados entre si, determinam a amplitude e diversidade do conhecimento lexical
dos falantes de uma mesma língua.
A consciência fonológica pode ser entendida como um conjunto de habilidades
que vão desde a simples percepção global do tamanho da palavra e de semelhanças
fonológicas entre as palavras até a segmentação e manipulação de sílabas e

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fonemas. Fazendo parte do processamento fonológico, que se refere às operações
mentais de processamento de informação baseadas na estrutura fonológica da
linguagem oral. Assim, a consciência fonológica refere-se tanto à consciência de que
a fala pode ser segmentada quanto à habilidade de manipular tais segmentos, e se
desenvolve gradualmente à medida que a criança vai tomando consciência do sistema
sonoro da língua, ou seja, de palavras, sílabas e fonemas como unidades
identificáveis.

Fonte: www.2.bp.blogspot.com

Enquanto a consciência de segmentos suprafonêmicos desenvolve-se de


modo espontâneo, o desenvolvimento da consciência fonêmica necessita da
introdução formal a um sistema de escrita alfabético. A precedência da consciência
suprafonêmica em relação à consciência fonêmica é devido ao fato de que sílabas
isoladas são manifestadas como unidades discretas da fala, o que não ocorre com os
fonemas. Portanto para a consciência de fonemas são necessárias instruções
expressas sobre a estrutura da escrita alfabética, no intuito de familiarizar a criança
com o mapeamento que está escrita faz dos sons da fala.
Vale ressaltar que as instruções para o desenvolvimento da habilidade de
manipular os sons da fala, bem como as instruções para desenvolver a habilidade de

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converter esses sons em escrita e vice-versa, devem ser realizadas de modo a tornar
explícito à criança estas correspondências.
A rota fonológica, que se desenvolve com a estratégia alfabética, é essencial
para a leitura e a escrita competentes, pois faz uso de um sistema gerativo que
converte a ortografia em fonologia e vice-versa, o que permite à criança ler e escrever
qualquer palavra nova, apesar de cometer erros em palavras irregulares.
As características das ortografias alfabéticas, permite a autoaprendizagem pela
criança, pois ao encontrar um novo item a criança poderá fazer leitura/escrita por
codificação fonológica. Esse processo contribuirá para a criação de uma
representação ortográfica do item que posteriormente poderá ser lido pela rota lexical.
A consciência fonêmica pode também ser trabalhada com a síntese de fonemas
em jogos nos quais o aplicador deve apresentar palavras em que cada fonema é
representado por uma forma geométrica.
Adicionam-se, então, formas geométricas no início, fim e meio dos itens para
formar diferentes palavras. O aplicador deverá apresentar os cartões para as crianças
e informar que cada um dos cartões irá representar um fonema distinto. Essa atividade
possui como principal objetivo mostrar que, pela modificação na arrumação dos
fonemas nas palavras pode-se formar outras palavras distintas.

Fonte: www.santiagopaes.files.wordpress.com

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Devemos reconhecer que a linguagem não é simplesmente um meio de
comunicação, mas sim, um sistema de representação, um meio de manipular a
informação que recebemos ao longo da vida. Ou seja, antes de falar temos de ter algo
para dizer e todos os seres vivos têm uma representação do mundo que os rodeia
adequada à sua função. No entanto a parte mais importante da linguagem é a sintaxe,
porque nos distingue dos animais.
A linguagem é articulação lógica de sons, palavras, regras gramaticais e
significados e é um dos pontos mais complicados dos seres humanos dominarem no
seu início de vida. Assim sendo demora cerca de 6 anos a adquirir, sendo a
capacidade metalinguística o fim do processo de aquisição da linguagem. A partir
deste ponto a criança apenas aperfeiçoa as suas estruturas linguísticas.
As estruturas sintáticas desempenham uma função importante na memória,
pois as palavras recordam-se melhor numa estrutura do que em forma de lista. A partir
dos 18 meses aparecem os enunciados de duas ou mais palavras e estas são ligações
faladas mais longas. É nesta fase que as crianças começam a aproximar duas
unidades que se apresentam sob a forma de unidades de duas sílabas: CVCV+CVCV
e até mesmo de combinações menos frequentes VCV+ CVCV. Estas unidades
dissilábicas são geralmente simplificações das palavras mais utilizadas como popó e
papá. A tendência infantil de redobrar as sílabas explica a frequência das produções
tipo dodo, dada, gugu, etc.

Fonte: www.2.bp.blogspot.com

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Esta é a técnica sintática mais utilizada pelas crianças (sucessão), no em tanto
este tipo de enunciado não permite identificar e traduzir com certeza o seu significado
pois pode significar por exemplo: mama pota – mãe fecha a porta, mãe bateram à
porta. Para as crianças estes enunciados são iguais pois partem de uma simples
justaposição.
Uma característica da sintaxe precoce é o número de simplificações que
caracterizam as produções da criança em relação à linguagem que ela ouve. Estas
simplificações não afetam unicamente a sintaxe, mas todos os níveis estruturais das
produções. As modificações formais são de tal modo gerais e constantes que os
primeiros enunciados não têm quase nada a ver com o que diria um adulto nas
mesmas circunstâncias.
Até recentemente, as propostas curriculares da educação infantil e das
primeiras séries foram pensadas e propostas de forma independente.

Fonte: www.amaieski.files.wordpress.com

Durante muito tempo, lamentou-se, no país, a grande proporção de crianças da


escola pública que nunca havia frequentado a pré-escola. Pois bem, essa realidade
mudou.
A necessidade de integração entre os currículos da Educação Infantil e das
primeiras séries.
Até recentemente, as propostas curriculares da educação infantil e das
primeiras séries foram pensadas e propostas de forma independente.

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Sabemos que os primeiros anos de vida são muito importantes do ponto de
vista da aprendizagem e da socialização das crianças pequenas. O desenvolvimento
da linguagem oral, o amadurecimento motor amplo e fino, as interações entre pares e
entre crianças e adultos, a noção de identidade, o reconhecimento do próprio corpo,
o conhecimento do mundo, a descoberta das múltiplas formas de brincar são alguns
entre muitos aspectos dessa etapa rica em possibilidades que as crianças vivem em
seus primeiros anos.
À medida que se aproxima dos seis anos de idade, a enorme curiosidade e
vontade de aprender da criança comporta uma programação mais dirigida às diversas
áreas do conhecimento, sem que isso signifique uma escolarização precoce nos
moldes tradicionais.

Fonte: www.i.ytimg.com

O letramento e as primeiras noções de alfabetização, a iniciação matemática,


os conhecimentos sobre o mundo natural e o mundo da cultura, a criatividade artística,
as atividades físicas e lúdicas em espaços amplos, o trabalho em grupo são
importantes para ampliar as possibilidades de desenvolvimento e expressão infantis.
Assim, deveriam ser organizadas as atividades e rotinas da Educação Infantil, em uma
concepção de respeito ao direito à aprendizagem da criança pequena.

29
Nesse processo, a criança pré-escolar aprende a ser aluno e a ser cidadã, não
há motivos para que sua passagem para a primeira série signifique um rompimento
brusco de um processo vivido intensamente por ela nos anos em que frequentou a
Educação Infantil.
Seria desejável que essa transição ocorresse de forma a ampliar as
possibilidades de aprendizagem das crianças, incorporando novas metas, sem que
para isso seja preciso desconsiderar formas de trabalho pedagógico apropriadas para
cada faixa etária.
Uma criança de cinco, seis, sete anos de idade é a mesma, seja em uma etapa
educacional, seja em outra. Os conteúdos e métodos de ensino devem estar ajustados
às suas características e potencialidades, seja em que escola ela estiver sendo
educada. Quanto mais harmoniosa for essa passagem, mais condições as crianças
terão de manter seu interesse em aprender.

Fonte:www.3.bp.blogspot.com

No entanto, muitas vezes o acolhimento dos egressos da Educação Infantil não


leva em consideração essas experiências educativas anteriores. A escola de Ensino
Fundamental não só costuma tratar todos os novos alunos da mesma forma – tenham
eles ou não já sido alunos nos anos anteriores – como também parece que faz questão
de reforçar as rupturas entre as duas etapas iniciais da educação básica: sinaliza-se

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claramente que acabou o direito à brincadeira, que a obrigação leva a melhor sobre a
motivação, que a aprendizagem é imposta e não construída, que todos devem seguir
no mesmo ritmo, independentemente de suas diferenças individuais, culturais ou de
nível de conhecimento.
Por sua vez, as instituições de Educação Infantil não gostam de preparar suas
crianças para o Ensino Fundamental. Esse futuro é muitas vezes tratado como um
castigo, como um destino não desejado, levando os educadores a uma atitude de
punição, com base em uma concepção pedagógica idealizada como algo totalmente
à parte do restante da educação básica.

Fonte: www.s-media-cache-ak0.pinimg.com

Em diversos contextos, essa postura é encontrada mais no discurso dos


adultos do que nas práticas cotidianas, que pouco mudaram desde sua origem
predominantemente assistencial e custodial.
É preciso superar essas distorções, tanto na Educação Infantil, como no início
do Ensino Fundamental, em direção a uma concepção mais integrada de educação
básica.

31
4 DISTÚRBIOS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ORAL E
ESCRITA DA CRIANÇA

Fonte: www.enscer.com.br

É certo que as práticas de ensino – e qualquer prática humana – são


respaldadas por uma crença, ainda que, por ventura, não tenhamos conhecimento
explícito disso.
Assim, na esteira do pensamento filosófico hegemônico no último século, que
muitas vezes se confunde com o senso comum e mesmo o fortalece, concebemos a
ciência como a detentora da verdade, como símbolo da racionalidade e da
imparcialidade, mais ainda, como a inimiga da imaginação e da emoção. Frente a ela
nos colocamos, de modo sisudo e subserviente, prontos a decorar, a repetir, a
transmitir o que acreditamos ser a descoberta da verdade. E, mais ainda, cremos que
as verdades científicas são eternas, inquestionáveis, são verdades que pairam sobre
os homens, independentes de seu modo de viver e conviver.
A afirmação linguística e antropológica de que todas as línguas e todas as
culturas têm um valor intrínseco igual, ou seja, de que não existe língua ou cultura
primitiva, inferior, não implica negar a existência de uma variedade padrão nem
mesmo a necessidade e o direito cidadão de acesso a tal variedade.
O acesso à língua padrão faculta a todos o direito de acesso aos bens
simbólicos, ao patrimônio cultural, científico, tecnológico de um povo, através dessa
variedade que os veicula. A negação de acesso à língua padrão, por outro lado, pode

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significar o aprofundamento da diferença social entre os indivíduos e mesmo uma
usurpação de direitos.

Fonte: www.image.slidesharecdn.com

O processo de ensino-aprendizagem, que envolve a leitura e a escrita, propõe


um grande desafio ao professor. Para que ele possa se dar de maneira eficiente, é
importante que o educador possua algum conhecimento sobre os mecanismos que
levam ao aprendizado de seu educando.
As discussões acerca do processo de alfabetização por vezes centram-se em
métodos de ensino e em algumas circunstâncias se focalizam nas concepções de
aprendizagem que os professores possuem.
Faz-se necessário que se supere essa dicotomia na medida em que se percebe
a necessidade de se inter-relacionar as duas discussões de modo a buscar a partir de
métodos e distintas estratégias de ensino a real aprendizagem, considerando a forma
sob a qual o sujeito aprende e valorizando situações nas quais esse resultado seja
atingido positivamente.
Atualmente, o fracasso escolar ainda é atribuído à má formação docente,
problema sócio cultural, dentre outras questões. Independentemente das causas
muitos alunos não se apropriam adequadamente da linguagem escrita, assim a falta

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de um domínio pleno da leitura e da escrita por parte dos alunos é um problema que
preocupa políticos, educadores, enfim a sociedade em geral.

Fonte: www.radardaprimeirainfancia.org.br

As atividades de leitura e de escrita envolvem processos de interação verbal


ativa onde a relação cooperativa entre emissor e receptor se dá de modo que ambos
se mobilizem concomitantemente, ou seja, a primeira busca transmitir suas intenções
e conteúdos de forma que o receptor o compreenda, porém ao mesmo tempo o sujeito
a quem se destina o conteúdo não apenas o recebe, mas participa dele, refletindo e
agindo a partir de seu entendimento sobre e possíveis articulações com ideias
subjetivas.
Para a criança aprender a ler e escrever no sistema de escrita alfabético, é
necessário que perceba a relação grafofônica e isto requer uma reflexão da estrutura
fonológica interna das palavras da língua. Para tanto, são fundamentais as habilidades
de identificação, análise, síntese e manipulação dos componentes fonológicos em
níveis silábico e fonêmico, que compõem a consciência fonológica.
Apesar da leitura e escrita serem processos inter-relacionados, outras variáveis
têm sido descritas como sendo precursoras da leitura. Uma delas seria a habilidade
de processamento fonológico, o qual se refere ao uso da informação fonológica no
processamento da linguagem oral e escrita.

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Os transtornos de aprendizagem, em contrapartida, podem ser entendidos
como uma disfunção neurológica ou hereditária, responsável pela alteração do
processamento cognitivo e da linguagem.
Pode-se manifestar por meio de dificuldades no processo de decodificação ou
identificação de palavras, como a leitura, compreensão de leitura, raciocínio
matemático, atividades de soletração, escrita de palavras e textos.
No Brasil, a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da
Educação Inclusiva, estabeleceu critérios para a participação dos alunos da educação
especial, nas classes da rede de ensino regular.
No entanto, as crianças com transtornos de aprendizagem não foram
contempladas nesta nova política.
Com a finalidade de iniciar cada vez mais precocemente a identificação destes
transtornos de aprendizagem, estudos apontam para a necessidade de se realizar a
identificação e intervenção precoce nos escolares em fase inicial de alfabetização
para que os fatores preditivos para o bom desempenho em leitura, como a consciência
fonológica e a nomeação seriada rápida, possam vir a ser trabalhadas nos escolares
que apresentam desempenho abaixo do esperado em relação ao seu grupo.

Fonte: www.4.bp.blogspot.com

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Nos transtornos de aprendizagem, nota-se que há uma tendência bastante
prevalente entre os educadores, de encaminhar, desnecessariamente, toda e
qualquer criança com alguma dificuldade para serviços extraescolares.
Consequentemente, como reflexo de tal situação, o Sistema Único de Saúde
(SUS) está completamente sobrecarregado com filas de espera em todos os serviços
especializados que prestam atendimento a crianças e adolescentes, sendo que, com
diagnóstico adequado, poderiam estar recebendo apoio pedagógico na própria escola.
Somente os casos mais graves necessitam de acompanhamento especializado
na Saúde. Assim, acredita-se que os gastos desnecessários com procedimentos
avançados, demorados e caros, em hospitais e clínica-escolas poderiam ser evitados
com um programa de prevenção e identificação precoce no próprio ambiente
educacional.
Estudos atuais mostram a possibilidade de implementar programas de
identificação precoce de crianças em situação de risco para os transtornos de
aprendizagem.

Fonte: www.malucasporpedagogia.files.wordpress.com

Programas desta natureza necessitam ser realizados no Brasil, uma vez que
quanto mais cedo forem reconhecidos os transtornos de aprendizagem, menores

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serão os prejuízos no processo ensino-aprendizagem a serem compensados tanto
pela criança, quanto pela escola.
Quando eles são identificados e tratados precocemente, a criança consegue
suprir suas dificuldades e prosseguir no processo de alfabetização.
Além disso, estes programas possibilitarão ao profissional fonoaudiólogo
apropriar-se das habilidades envolvidas e das dificuldades apresentadas pelas
crianças no processo de diagnóstico, podendo reunir recursos para orientar a equipe
pedagógica para uma intervenção mais adequada em cada caso.
Analisar a fase de desenvolvimento da escrita e correlacionar com a
consciência fonológica e nomeação seriada rápida de crianças da Educação Infantile
do 1º ano do Ensino Fundamental I.

Fonte: www.malucasporpedagogia.files.wordpress.com

O estudo caracterizou-se como transversal, descritivo e correlacional, foi


realizado com crianças da Educação Infantil e do 1º ano do Fundamental I, de uma
creche e uma escola pública da Região Metropolitana do Recife. Este foi aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde
da Universidade Federal de Pernambuco, sob o parecer 261.858/2013.

37
A aquisição da escrita parece ser uma tarefa simples, uma vez dominada a
sequência de letras, seu traçado e nomeação, bastaria apenas o conhecimento do
som que corresponde a cada uma destas letras, depois, combinando-as, pudessem
ser formadas palavras e frases.
O funcionamento desse sistema exige que os aprendizes associem um
componente auditivo fonêmico a um componente visual gráfico.
Esta concepção reduz a escrita a um mero código de transcrição gráfica, não
resiste, no entanto, a um exame mais detalhado, do ponto de vista psicológico, do
processo de sua aquisição por parte do aprendiz. Neste sentido, a língua escrita é
mais do que um mero código de transcrição gráfica, é um sistema de representação,
e como todo sistema de representação requer do aprendiz não apenas o domínio dos
aspectos pragmáticos, mas também o conhecimento das convenções próprias ao
sistema.

Fonte:www.slideplayer.com.br

Assim sendo, a alfabetização envolve um processo de aprendizado de natureza


cognitiva e não apenas visomotor.

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Sendo a linguagem escrita um sistema simbólico, a sua apropriação vai
requerer que o aprendiz reconstrua as relações entre representações fonológicas e
as representações ortográficas.
Esta é uma tarefa complexa, tanto por sua natureza social, quanto pelas
características dos fonemas e letras. A detecção de um fonema não depende apenas
da boa acuidade auditiva, envolve construções mentais, sendo sua apropriação por
parte do aprendiz produto de uma elaboração cognitiva intensa e gradual.
No desenvolvimento da linguagem escrita, a criança passa a diferenciar o
desenho da forma escrita usual, buscando conhecer o desenvolvimento do conceito
relativo à escrita.

Fonte: www.image.slidesharecdn.com

A aprendizagem é um processo que se dá no decorrer de toda a vida do ser


humano, permitindo-lhe adquirir algo novo em qualquer idade, porém, o ser humano
só estará apto para aprender novos conteúdos a partir da aquisição de noções
básicas, que servirão como pontos de ancoragem sempre que algum conteúdo novo
for aprendido.
A aquisição da escrita não é diferente. A criança traz consigo experiências
relacionadas a essa forma de linguagem; ela não entra nesse processo sem
conhecimento anterior.

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Neste sentido, Marchesan e Zorzi afirmam que ‘’a aprendizagem da escrita
pode ter início na vida da criança muito antes de que qualquer tentativa formal de
ensino seja proposta’’.
Nos estudos sobre a aquisição da linguagem escrita existem diferentes
modelos teóricos que descrevem esse processo. Lacerda por exemplo, considera que
a habilidade de falar bem é um fator importante para o bom desenvolvimento da
criança durante o aprendizado da linguagem escrita.

Fonte: www.image.slidesharecdn.com

Autores como Marchesan e Zorzi, observaram que no início do aprendizado da


escrita as crianças não têm ideia das relações entre os sons e dessa forma, o
conhecimento do desenvolvimento normal da escrita é essencial para o profissional
que se propõe a trabalhar com a questão da intervenção nos casos de transtornos ou
dificuldades no aprendizado da linguagem escrita.
É importante que não apenas os profissionais sejam esclarecidos, mas também
os que convivem com quem apresenta este transtorno ou dificuldade.
Na prática fonoaudiologia é grande a demanda de pacientes com transtorno ou
dificuldade de aprendizagem.
Dauden e Junqueira, referem que é nesse momento que o fonoaudiólogo se
depara com outro problema, pois existe uma ‘’ausência significativa’’ de trabalhos que
tratem especificamente da linguagem escrita.

40
Para que seja possível intervir de forma satisfatória nos problemas que surgem
no aprendizado da linguagem escrita torna-se necessário compreender os processos
de aquisição da mesma, o conhecimento do processo normal é um alicerce firme no
qual o bom profissional pode apoiar-se ao deparar-se com algo alterado.
Diziam que compreender a natureza dos processos de aquisição de
conhecimento sobre a língua escrita, se faz necessário para que seja possível
contribuir na solução dos problemas de aprendizagem, ‘’evitando que o sistema
escolar continue produzindo futuros analfabetos’’.

Fonte: www.oglobo.globo.com

Quanto mais os profissionais se aprofundam nos estudos sobre o processo de


aquisição da escrita, mais facilidade eles têm de identificar se essa dificuldade na
escrita se trata de um problema pedagógico ou fonoaudiólogo.
Desta forma, torna-se necessário demonstrar a importância de se conhecer o
processo normal de aquisição da escrita, entendendo as transformações que ocorrem
na mente da criança, para só então poder intervir ao deparar-se com possíveis
dificuldades ou transtornos no aprendizado da linguagem escrita, partindo sempre do
pressuposto de que o conhecimento do processo normal fornece subsídios para uma
boa intervenção fonoaudiologia.
O conceito de aprendizagem pode tomar diferentes formas que trarão
implicações para a fonoaudiologia.

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Um modelo é o comportamentalista e o inatista em suas concepções sobre
aprendizagem. Para o modelo comportamentalista (behaviorista) a criança é um ser
vazio que se preenche a partir da somatória de respostas aos estímulos a que está
sujeita. Existe nesse caso uma relação entre estímulos e resposta. Já os teóricos
inatistas buscam elucidar estruturas potenciais de desenvolvimento que são
desencadeadas ao longo da vida da criança, pelo meio que a circunda; estes
consideram a criança como um ser potencial, e sua linguagem como um mecanismo
que se manifesta no momento oportuno de seu amadurecimento, já que é algo próprio
do ser humano.

Fonte: www.1.bp.blogspot.com

Há uma grande relação de teorias sobre aprendizagem, porém, essas teorias


podem ser resumidas a duas categorias, a Condicionante em que aprendizagem é
definida pelas suas consequências comportamentais, enfatizando as condições
ambientais como forças propulsoras da aprendizagem. Esta, após completada, faz
com que o aparecimento do estimulo evoque uma resposta, assim, a cada situação
nova, são feitas associações as experiências passadas e que são apropriadas ao
novo problema e a Cognitivistas que definem aprendizagem como um processo de
relação do sujeito com o mundo externo, onde há uma organização das informações
e integração do material à estrutura cognitiva.

42
Fonte: www.atividadeparaeducacaoespecial.com

Os teóricos cognitivistas não acreditam que o fato de uma pessoa ter passado
por várias experiências pode ser a garantia para a solução de qualquer problema, pelo
contrário, acreditam que a forma como o problema é apresentado permite uma
estrutura perceptual que leva à compreensão interna das relações essenciais do caso
em questão.
Como construtivista, Piaget relata que o desenvolvimento intelectual é
resultado de um equilíbrio entre assimilação e acomodação, o que propicia o
aparecimento de novas estruturas mentais, ou seja, a interação com o ambiente
permite a organização dos significados construídos.
Drouet afirma que várias são as condições necessárias para a aprendizagem,
mas seja qual for a teoria de aprendizagem a ser considerada, apenas “sete fatores
são fundamentais para que a aprendizagem se efetive”, a saber a saúde física e
mental, motivação, prévio domínio, maturação, inteligência, concentração ou atenção
e memória.

43
Fonte: www.lh3.googleusercontent.com

Existe uma visão tradicional de aprendizagem que define como fundamental,


para a construção da escrita, o treino das chamadas habilidades básicas (percepção
auditiva e visual, esquema corporal, lateralidade, dentre outras), porém, as autoras
discordam desta visão, pois acreditam que a prontidão para ler e escrever não é treino
de habilidades perceptuais, e sim construção de valores e uso social da escrita.
Zorzi deduz que no processo de aprendizagem também estão envolvidas as
questões biológicas, psicológicas, pedagógicas, de linguagem, familiar e social, porém
o autor discorda da ideia de prontidão.
O processo de aprendizagem concebeu como sendo “captar as relações entre
os fatos”. Ao adquirir novas informações, o sujeito irá transformá-las e transferi-las
para novas situações.
Statt relatou que o fato de afirmar que a aprendizagem resulta da experiência
anterior exclui as influências da maturação e do crescimento, as quais também afetam
o comportamento, e principalmente exclui mudanças comportamentais decorrentes de
danos cerebrais ou de qualquer outro problema.

44
Fonte: www.3.bp.blogspot.com

O aprendizado da escrita está vinculado a um conjunto de fatores que envolvem


condições internas, que dizem respeito ao organismo e externas, que estão
relacionadas ao meio e seus estímulos, condições essas que podem revelar desvios
nos processos de aprendizagem.
Vygotsky e Goldfeld enfatiza o valor da interação e das relações sociais no
processo de aprendizagem. A partir dessa interação surgirá a fala da criança
(linguagem externa), que após ser convertida em linguagem interior organizará a
aprendizagem e o pensamento.
Guerra (2002) constatou que existem vários termos usados para se referir à
criança que não tem êxito na escola, dentre os quais podem ser citados: os
transtornos, déficits, deficiências, desordens, alterações, problemas e distúrbios de
aprendizagem; sendo que o termo transtorno é adotado por toda classificação. Já a
autora optou por adotar o termo dificuldade que em sua opinião é mais amplo e aponta
dificuldades superáveis.

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