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TEMA 2: PSICOLOGIA DA LINGUAGEM

Candidata: Renata Gomes Navarro

1. INTRODUÇÃO
Para Papalia e Feldman (2013) o desenvolvimento humano é um processo complexo e
com três aspectos principais correlacionados, sendo eles o desenvolvimento físico, o cognitivo
e o psicossocial. O desenvolvimento cognitivo é composto por mudanças ligadas a
aprendizagem, atenção, pensamento, memória, criatividade e linguagem sendo nesse
momento o foco desse texto.
A linguagem para o psicólogo russo Lev Vigotsky é um dos meios mais importantes
para trazer significado as coisas do mundo, para o aprendizado, para construção do
pensamento, expressão do conhecimento e o caminho mais eficaz de comunicação
(VIGOTSKY, 2000).
A psicologia do desenvolvimento humano entende a linguagem como processo ativo e
importante para cada etapa que o indivíduo alcança, e também afirma que a linguagem tem
papel essencial no processo de aprendizagem. Teóricos da psicologia do desenvolvimento
humano como Vigotsky e Piaget, a psicologia Behaviorista e a psicolinguística destacam a
linguagem em seus estudos (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2006; BIAGGIO, 2000;
XAVIER e NUNES,2015).
Partiremos dos seguintes significados ligados a linguagem e ao pensamento: a
linguagem é o processo de comunicação e interação entre os indivíduos, é a expressão de cada
ser em formas diferentes de manifestação. É um sistema que engloba símbolos a fim de
representar e comunicar uma informação. E o pensamento é o conjunto mental de objetos,
fatos e ideias que são bases para nossos comportamentos. A capacidade e o desenvolvimento
da linguagem nos seres humanos são complexos e fonte de estudo para muitas áreas
diferentes, (KUHL e RIVERA-GAXIOLA, 2008) nesse texto traremos alguns olhares da
psicologia da linguagem.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Os tipos de linguagem
A linguagem é um dos diversos processos que englobam o desenvolvimento cognitivo,
para aprendermos algo de maneira cientifica ou empírica precisamos receber o estímulo,
interpretá-lo com a percepção e uma maneira de expressar esse conhecimento adquirido ou
sentimento é através da linguagem (XAVIER e NUNES, 2015).
Atualmente os tipos de linguagem são: a linguagem verbal que ocorre quando
utilizamos a palavra como código central de comunicação (exemplo: escrita ou fala). Já a
linguagem não verbal trabalha a mensagem com gestos, imagens, símbolos ou expressões
corporais (exemplos: música, dança, mímica, desenho, figuras, entre outros). A linguagem
mista ou hibrida é a mistura da verbal com a não verbal. E a linguagem digital é a combinação
de números e algoritmos para expressar uma informação.

2.2 O pensamento e a linguagem para Piaget


Piaget foi um pesquisador interessado em como surge e evolui o conhecimento,
impossível separar o crescimento orgânico do desenvolvimento psicológico da criança
explicando, portanto, os estágios cognitivos sequenciais que todos os seres humanos passam
em seu desenvolvimento, ele usa as idades cronológicas como base, mas é importante
entender que somos seres complexos e individuais, podendo ter diferenças cronológicas para
alcançar esses estágios. Sendo eles: Sensório motor, pré-operatório, operatório concreto e
operacional formal, todos contribuem para atingir a capacidade de solucionar problemas
(BIAGGIO, 2003; BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2006).
Resumidamente, o período sensório-motor (0 a 2 anos) parte da sua interação com o
meio inicialmente de maneira reflexiva e passiva até atingir a capacidade de percepção do
meio e seus objetos, manipulação e interação ativa através dos movimentos e exploração. O
período pré-operatório (2 a 7 anos) é marcado pelo uso da linguagem que auxilia a
comunicação de maneira mais efetiva, influenciando nas relações afetivas. O
desenvolvimento do pensamento leva a criança para o mundo da imitação, imaginação e
simbolização. Ainda enxerga o meio com olhar egocêntrico e sua aprendizagem é marcada
pelas suas vivências. Já o período operatório concreto (7 a 11 anos) é marcado pela
capacidade de construir o pensamento de maneira lógica, refletir, lidar com mais de um ponto
de vista. Entende melhor as suas vontades, identidade e sentimentos morais, a necessidade de
pertencer a um grupo se inicia junto com a ideia de cooperação. O último período é das
operações formais (12 anos em diante) marcado pelo início da puberdade trazendo o
sentimento de contestação, estabelecimento da capacidade de transitar entre o pensamento
concreto e abstrato. Os conflitos emocionais e afetivos são bastante presentes pela sua busca
por autonomia (XAVIER e NUNES,2015; BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2006).

Esse teórico acreditava que o desenvolvimento vem antes da aprendizagem ou também


que o pensamento vem antes da linguagem, partindo do desequilíbrio entre o indivíduo e o
objeto, para solucionar essa questão ele dizia que eram necessários os processos de
organização (necessidade de categorizar e sistematizar as informações absorvidas pelos
estímulos do meio), adaptação (ocorre pela assimilação que é a capacidade de adaptar à nova
informação ao que já é conhecido pela criança. E a acomodação vem para alterar o que já era
existente em resposta a esse novo objeto assimilado resultando na equilibração entendida na
constante adaptação as imposições do ambiente) (PAPALIA e FELDMAN, 2013). Com isso
entendeu que cada pessoa constrói ativamente o seu conhecimento, não apenas absorvendo o
que é estimulado pela interação social, elaborando um pensamento próprio e que esse
funcionamento mental promove uma boa adaptação a realidade (XAVIER e NUNES, 2015).

A linguagem não é vista como um funcionamento mecânico, ela vai se desenvolvendo


e se estruturando pela complexidade das relações existentes no desenvolvimento humano. Os
estágios cognitivos têm a linguagem como exercendo papel fundamental na organização e
alcance dos pensamentos concretos e simbólicos (PEREIRA,2012).
2.3 A linguagem e o pensamento segundo Vygotsky

Vygostky a fim de entender o desenvolvimento da linguagem parte para observação de


alguns estudos em animais, já existentes na Rússia. Um desses estudos foi com chimpanzés
para tentar entender o comportamento intelectual da linguagem não verbal com a emissão de
sons, já que os animais não têm uma linguagem verbal como nos humanos. Relaciona esse
modo de comunicação com a linguagem infantil, encontrando e enfatizando as suas
semelhanças.
O pensamento e a linguagem têm raízes genéticas diferentes, o processamento interno
vai se desenvolvendo de maneiras diferentes, a linguagem interfere diretamente na
constituição do pensamento, há uma correspondência entre esses processos que são
interdependentes. A linguagem é a principal ferramenta que os adultos têm para se comunicar
com as crianças, maneira de converter uma experiência em processos internos (VIGOTSKY,
2000).
Para Vygotsky o desenvolvimento da linguagem é visto por estágios, sendo o 1º
estágio natural ou primitivo, corresponde a fase pré-linguistica do pensamento (onde não há
elaboração das palavras de forma convencional) quando as palavras não são emitidas de
forma convencional e a pré-intelectual da fala (onde a fala não emite uma vinculação direta
com o pensamento). Esse momento é exemplificado com o momento que os bebês começam
suas primeiras emissões de sons com balbucios, ensaios vocálicos. Em um momento essas
fases se interligam e um grande marco de mudança do processo de concepção ocorre nesse
desenvolvimento, uma nova forma de comportamento, o pensamento se torna verbal e a fala
passa a servir o intelectual, fase prática e abstrata da inteligência (PEREIRA, 2012).
O segundo estágio nomeado de psicologia ingênua a criança começa a oralizar as
palavras, sentir e conhecer os objetos. Terceiro estágio chamado de fala egocêntrica quando
faz uso de signos exteriores a fala começa a ter representações imaginárias, o sentido e o
significado das palavras por meio do brincar, confusão entre o real e o que ela não consegue
visualizar. Quarto estágio é o crescimento interior, seus pensamentos e sentimentos podem ser
internalizados, até a fase anterior a criança não tinha capacidade de pensar e guarda para si
mesma, nesse momento a sua fala interior é a grande característica, vai se afastando do que
fazia parte do seu dia a dia que era o acesso ao imaginário (VIGOTSKY, 2000).
Vigotsky também acreditava que o desenvolvimento se baseava em dois processos
diferentes e complementares, a maturação e o aprendizado, sendo a maturação que cria
capacidades para que a aprendizagem aconteça, com a linguagem falada como destaque desse
processo e desenvolvida em uma sequência. A primeira é a função indicativa (pensamento
sincrético) depois a função significativa (pensamento por complexo) e no fim a função formal
(criação de conceitos simbólicos) (VIGOTSKY, 2000).
A linguagem é determinante para o desenvolvimento do pensamento, a interação da
linguagem e do pensamento é construída socialmente. Vygotsky afirma que o
desenvolvimento das fases, descritas anteriormente, precisam das relações sociais. Com isso a
criança consegue sair das funções elementares do pensamento para as funções superiores do
pensamento, alcançando toda capacidade cognitiva e intelectual (XAVIER e NUNES, 2015).

2.4. Behaviorismo e psicolinguística


BIAGGIO

3. CONCLUSÃO
Nem todos aprendem da mesma forma
Capacidade de resolver problemas de forma independente por meio de funções já
amadurecidas

4. REFERÊNCIAS
BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L.T. Psicologias: uma introdução ao
estudo de psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva,2002.
BIAGGIO, A.M.B. Psicologia do desenvolvimento. Petrópolis: Ed. Vozes, 2003.

VIGOTSKY, L. S., 1869-1934. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Ed.


Martins Fontes, 2000.

PEREIRA, L.C. Piaget, Vygotsky e Wallon: Contribuições para os estudos da linguagem.


Psicologia em Estudo, Maringá, v. 17, n. 2, p. 277-286, abr./jun. 2012

PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Ed. AMGH,
2013.
XAVIER, A. S.; NUNES, A.I.B. L. Psicologia do desenvolvimento. Fortaleza: Ed. UECE,
2015.
KUHL, P.; RIVERA-GAXIOLA, M. Neural substrates of language acquisition. Annual
Review of Neuroscience, 31, 511–534. 2008.

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