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O desenvolvimento da linguagem oral em crianças pequenas, durante o contexto

pandêmico no Município de Paranaíba-MS

Ana Júlia de Freitas

1.Referencial teórico

Aquisição da linguagem oral em crianças pequenas


Este tópico é destinado a apresentar as definições dos conceitos basilares e importantes à
pesquisa aqui proposta, sendo eles: aprendizagem, linguagem oral, desenvolvimento e funções
psíquicas superiores. Tais conceitos serão apresentados a partir do referencial da Psicologia
Histórico-Cultural. Logo, as ideias principais apresentadas referem-se às concepções de Vygotsky
(1991) seus colaboradores principalmente sobre o processo de desenvolvimento humano.
Inicialmente é preciso compreender o significado de Psicologia histórico-cultural
disseminada em diferentes países ao redor do mundo. No livro elaborado por Vygotsky (1991) e
seus colaboradores ele nos elucida que cada um dos termos da referida teoria corresponde a um
significado específico. Todos os três termos (psicologia, histórico e cultural) surgem de um
contexto histórico e social na busca pela apreensão de como a formação humana ocorre.
Em seu livro Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem (2010), Vygotsky e seus
colaboradores definem da seguinte forma:

"Instrumental" se refere à natureza basicamente mediadora de todas as funções


psicológicas complexas. Diferentemente dos reflexos básicos, os quais podem
caracterizar-se por um processo de estímulo resposta, as funções superiores
incorporam os estímulos auxiliares, que são tipicamente produzidos pela própria
pessoa. O adulto não apenas responde aos estímulos apresentados por um
experimentador ou por seu ambiente natural, mas também altera ativamente aqueles
estímulos e usa suas modificações como um instrumento de seu comportamento.
Conhecemos algumas destas modificações através dos costumes populares tais
como amarrar um barbante no dedo para lembrar-se de maneira mais eficaz. [...]
(VYGOTSKY, 2010, p. 26)

O termo instrumental referido no trecho acima, representa o desenvolvimento mais amplo


das funções psicológicas complexas, destacando uma diferença substancial para com as funções
básicas humanas. As funções superiores na verdade são compostas pela incorporação de estímulos
auxiliares e em adultos esses estímulos são alterados constantemente, e modificados em função das
adaptações humanas.
Já o termo cultural é definido por Vygotsky e seus colaboradores (2010, p. 26) da seguinte
forma:
[...] envolve os meios socialmente estruturados pelos quais a sociedade organiza
os tipos de tarefas que a criança em crescimento enfrenta, e os tipos de
instrumentos, tanto mentais como físicos, de que a criança pequena dispõe para
dominar aquelas tarefas. Um dos instrumentos básicos inventados pela
humanidade é a linguagem, e Vygotsky deu ênfase especial ao papel da
linguagem na organização e desenvolvimento dos processos de pensamento.

No fragmento é possível perceber que o conceito de cultura envolve os tipos de tarefas que
os responsáveis pelas crianças propiciam a elas ao decorrer de suas vidas, como também está
relacionada aos tipos de instrumentos oferecidos a essas crianças no percurso de sua formação. O
principal destes instrumentos, que nada mais é que uma criação humana, é a linguagem, quesito
este tratado por Vygotsky com um olhar especial.
E por fim o último conceito apresentado pelos autores é o elemento histórico, que está
estritamente associada ao termo cultural. Vygotsky (2010, p. 26)) define o termo histórico da
seguinte forma:
O elemento "histórico" funde-se com o cultural. Os instrumentos que o homem usa
para dominar seu ambiente e seu próprio comportamento não surgiram plenamente
desenvolvidos da cabeça de Deus. Foram inventados e aperfeiçoados ao longo da
história social do homem. A linguagem carrega consigo os conceitos
generalizados, que são a fonte do conhecimento humano. Instrumentos culturais
especiais, como a escrita e a aritmética, expandem enormemente os poderes do
homem, tornando a sabedoria do passado analisável no presente e passível de
aperfeiçoamento no futuro [...].

Tanto o elemento histórico quanto o cultural se articulam pois não é possível percebe-los de
forma estanque. Os meios pelo qual o homem domina seu ambiente não surgiram pela criação de
um Deus, na verdade esses elementos foram inventados pelo homem na busca pelo
aperfeiçoamento de sua atividade. Desta forma, a linguagem contém uma vasta gama de conceitos
que fomenta o conhecimento humano, ou seja, o elemento histórico está relacionado a todas as
produções humanas e sua reprodução.
Dentro da teoria preconizada por Vygotsky e seus colaboradores está explanado o conceito
de aprendizagem. Para muitos, aprender significa somente destinar um tempo específico em sala de
aula, e somente pelo fato de o aluno frequentar o espaço escolar ele consecutivamente irá aprender.
Mas, para de fato isso ocorrer são necessários vários outros aspectos, tais como o desenvolvimento
de um conteúdo lógico, uma boa sequência didática e principalmente de contexto familiar propenso
a estímulos à aprendizagem.
Considerando a perspectiva de Vygotsky (1991) os significados de aprendizagem ao
decorrer dos anos sofreram inúmeras mudanças por conta da evolução humana. Mas a perspectiva
histórico-cultural de Vygotsky e seus colaboradores afere um novo sentido a esse termo, que passa
a ser compreendido como mudanças nos processos psíquicos humanos conforme o homem interage
com o seu meio. Isso significa que o processo de aprendizagem das crianças está estritamente
associado em como ela se relaciona em seu ambiente familiar e escolar.
Ainda segundo Vygotsky (1991), a aprendizagem está presente no desenvolvimento das
funções psicointelectuais (funções psíquicas superiores), isso significa - atenção, fala, memória e
imaginação, linguagem e pensamento-, que estão embasadas em dois pilares, sendo eles: o
desenvolvimento de atividades coletivas no uso de funções interpsíquicas e no pilar das atividades
individuais, situações que envolvam o pensar de forma articulada.
Vygotsky e seus colaboradores ainda fazem outros apontamentos de extrema importância
para apresentar como a aprendizagem se dá: “A Aprendizagem, por isso, é um momento necessário
e universal para o desenvolvimento, na criança, daquelas características humanas não naturais, mas
formadas historicamente” (VYGOTSKY, 1984 p. 161), ou seja, aprender não está necessariamente
associado somente aos processos psíquicos, é na verdade um combinado entre processos mentais e
a aquisição do conhecimento historcamente produzido, reproduzido e articulado, para que
eventualmente possa ser formado novos processos psíquicos e o desenvolvimento dos processos
que já existem.
Outro aspectos atrelado à aprendizagem é o conceito de linguagem oral. Primeiramente é
necessário compreender que a linguagem articulada é uma função psíquica superior, presente
somente em seres humanos, e que ela surgiu das diversas formas de contatos que os humanos
estabeleceram entre si ao decorrer dos anos. É preciso a compreensão de que a linguagem é
apresentada às crianças pequenas desde o seu nascimento.
Para Vygotsky (1991), a linguagem é uma criação humana em constante estado de
mudança, pois é por meio dela que os humanos estabelecem algo pertencente unicamente a nós – a
fala. A linguagem, nesta perspectiva, carrega um apanhado de informações que, quando articulado,
nos auxilia a comunicar algo. A linguagem não somente a sonora, mas também todas as outras,
surgem através das diversas vivências que cada grupo apresenta com seus pares, necessitando da
sua perpetuação ao longo das gerações.
Desta forma, Silva (2021, p.12) aponta que: “[...] esse cruzamento não decorre de um
desenvolvimento espontâneo, mas de um longo processo de formação da criança, que se inicia com
a comunicação estabelecida com os adultos ao seu redor, amplia-se qualitativamente com seu
ingresso na escola e não se encerra nela.” Conforme apontado pela autora, esse processo de
aquisição da linguagem ocorre ao passar dos tempos e com o contato que as crianças têm com os
adultos ao seu redor.
Vygotsky (apud SILVA, 2021, p. 120), faz um apanhado a respeito do que se trata a
linguagem, considerando os aspectos da Psicologia histórico-cultural:

1) na ontogênese, o pensamento e a fala possuem raízes genéticas distintas; 2) no


seu desenvolvimento, a criança passa por um estágio pré-intelectual da fala e
um estágio pré-verbal do pensamento; 3) até certo momento, as duas linhas de
desenvolvimento seguem caminhos diferentes, independentes um do outro; e
4) mais tarde, ao ocorrer o cruzamento de ambas as linhas, a fala se torna
intelectual e o pensamento verbalizado.

Logo, compreende-se que a linguagem e o pensamento, em específico nas crianças


pequenas, ocorrem considerando alguns critérios, tais como: a princípio ela necessita dos aspectos
genéticos associados ao início do processo do estágio pré-intelectual da fala e um estágio pré-
verbal do pensamento, em algum momento por meio do contato com o ambiente e com os demais
conviventes da crianças esses aspectos passam a atuar de forma não relacionada, apenas mais tarde
é que esses fatores se entrelaçam dando assim forma ao falar intelectual e o pensamento
verbalizado e que é necessário um extenso processo de formação da criança, iniciado pelo contato
com os pais e posteriormente ele é ampliado pelo ingresso no ambiente escolar.
Considerando que o foco principal aqui são as crianças pequenas, o seu processo de
expressão de fala passa por um período específico, conforme aponta Silva (2021), período este
caracterizado como linguagem egocêntrica, de forma geral este tipo de fala em crianças pequenas
envolve somente o emissor em suas ações, ou seja, a fala ocorre somente pra sí, e, perante a
Psicologia histórico-cultural este tipo de fala não desaparece, contrariando a teoria de Piaget, que
postula que este tipo de fala simplesmente desaparece com o decorrer do tempo.
Assim, é possível compreender que a linguagem, como estabelecida entre os humanos,
pertence somente a nós e mesmo que outros seres também tenham sua forma de comunicação, a
fala articulada e intencional ocorre somente nos humanos, pois ela faz parte de um conjunto de
funções superiores pertencentes exclusivamente aos humanos.
Mas, antes mesmo de ocorrer esse processo que conhecemos como linguagem, as crianças
pequenas também passam por um processo que junto da maturação psíquica contribuirá para o
desenvolvimento, oriundo da relação com os demais e com a aquisição de toda a produção de
conhecimento humano.
Silva (2021 p. 08) ressalta que:
A linguagem, principal meio de comunicação social, de transmissão de informações
e assimilação de conhecimentos acumulados historicamente, e o pensamento,
reflexo da realidade na consciência, são processos históricos e inter-relacionados no
desenvolvimento humano. Por meio da educação, especialmente a educação escolar,
esses processos psicológicos podem alcançar seu mais alto grau de
desenvolvimento, quando se tem o domínio da formação de conceitos.

Nas palavras de Leontiev (s/d, p.166), os processos psicológicos surgem inicialmente nas
relações estabelecidas entre os humanos devido a apropriações de ações e atitudes externas ao seu
comportamento, podendo ser um instrumento ou um determinado conhecimento, isso ocorre antes
mesmo do ser humano transformar em processo internalizado. Posteriormente o ser humano passa
de fato a se apropriar da cultura e da sua atividade, desenvolvida historicamente.
Desde o início da vida as crianças pequenas são apresentadas a diversos brinquedos,
comidas, objetos e pessoas. Ao ponto em que vão surgindo a necessidade nestas crianças, elas
começam a elaborar hipóteses e meios para utilizar os recursos dispostos a elas até esse momento, e
assim por diante elas aprendem coisas novas e, diante de uma necessidade específica, elas passam a
empregá-la para resolver conflitos da vida diária.
O ser humano quando atinge o desenvolvimento, é compreendido como detentor das
funções psicológicas superiores. Para Vygotsky (2016, p. 26) apud Gomes aponta que:
Ao fazer comparações entre o homem moderno e o primitivo, ele concluiu que as
funções psicológicas não são inatas, ou seja, tais as funções vão sendo
desenvolvidas e aprimoradas de acordo com as necessidades do indivíduo, além
disso, são suscetíveis a mudanças de acordo com o período histórico ou com a
sociedade em que o homem está inserido. Sendo assim, a diferença entre o
comportamento do homem primitivo e o do homem moderno só pode ser
compreendida numa perspectiva histórica, uma vez que cada geração inicia suas
experiências com o mundo a partir das criações de gerações passadas, da história
dos signos desenvolvidos a partir das necessidades dos homens.

Assim, as funções psicológicas superiores não estão prontas logo no nascimento da criança,
pelo contrário, elas vão sendo desenvolvidas e aprimoradas de acordo com as vivências
experienciadas pelos humanos diante de uma necessidade, como também são passíveis de
alterações em conformidade com o período histórico ou a sociedade em que a pessoa está inserida.
Logo, a diferença entre homens e animais ocorre devido o homem ser constituído perante a um
contexto histórico, onde a cada geração é iniciado um novo processo de apropriação dos signos.
Neste processo de apropriação dos meios culturais está em desenvolvimento o que a
psicologia histórico-cultural nomeou de ‘Funções psicológicas superiores’, funções estas
resguardadas somente aos seres humanos, pois os demais animais/símios apresentam somente
funções básicas.
A percepção, segundo Vygotsky e Luria (1998), ocorre quando o bebê percebe o mundo
com os seus órgãos dos sentidos (boca, mão e olhos), porém eles não conseguem diferenciar o que
está acontecendo naquele momento, ou seja, ele acredita que pode fazer tudo. Após este
desenvolvimento da percepção, a criança passa a realizar o reconhecimento de imagens, unindo-as
as experiências vivenciadas anteriormente e paulatinamente ela vai aferindo significado.
Outro aspecto que compõem esta função é a memória, perante Vygotsky e Luria (1998), a
memória é o meio pelo qual a criança recorda-se através da rememoração, pois há necessidade de
armazenar novas informações, recorrendo ao uso de novos materiais para completar essas ações,
assim sua memória trabalha para modificar algo de natural para cultural.
A atenção nas palavras de Vygotsky Luria e Leontiev (1998,p.30) é tida da seguinte forma:
Destacam que ela é observada desde o início da vida do bebê, na presença de
estímulos fortes. Essa fase da atenção é denominada pelos autores de instintivo-
reflexiva, por não haver um processo mais elaborado inicialmente nessa função.
Entretanto, para realizar atividades que exigem mais empenho, esse modo de
atenção não se mostra suficiente, assim, a partir de uma necessidade cultural
artificial, a criança passa a se atentar por um período de tempo cada vez maior,
alterando, assim, futuramente, seu comportamento e sua personalidade.

Ou seja, a atenção ocorre desde o início da vida, por meio de estímulos diários, onde
inicialmente não há um processo elaborado, mas para realizar atividades mais complexas esses
tipos de atenção são incipientes. Mas, ao decorrer do tempo e de suas necessidades a criança passa
a modificar esse pensamento.
E por fim é preciso ressaltar que a linguagem faz parte das funções psíquicas superiores,
entretanto ela já fora explicitada anteriormente, restando somente discorrer a respeito do processo
de abstração. Oliveira (2011) afirma que essa função permite que o ser humano elabore formas
diferentes de pensar e se relacionar com o conhecimento e isso só é possível por causa do
desenvolvimento da linguagem.
Objetivo Geral:
Mediante as apresentações realizadas anteriormente a respeito do referencial teórico e da
discussão oriunda do processo de aquisição da linguagem oral, fora formulado o seguinte Objetivo
Geral:

 Analisar como as professoras de um Centro de Educação Infantil da Rede Municipal de


Ensino de Paranaíba/MS percebem o desenvolvimento da linguagem oral em crianças
pequenas, logo após o período pandêmico.

Objetivo Especifico
Para tanto, mediante diálogos realizados com a minha orientadora e das aulas de Pesquisa II
ministradas pela Professora Doutora Lucélia Guimarães, formulei 3 objetivos específicos para
orientar a pesquisa aqui proposta:
 Analisar os apontamentos das produções cientificas a respeito da construção da linguagem
oral em crianças pequenas;
 Compreender como ocorreu o processo de aquisição da linguagem oral em crianças
pequenas de um município em contexto pandêmico, por meio de pesquisa de campo
 Apontar as abordagens contidas nos materiais recolhidos, a respeito do desenvolvimento da
linguagem oral em crianças pequenas.

Metodologia

Para contemplar a pesquisa proposta há dois fatores essenciais tanto para catalogar quanto
para tratar os dados recolhidos, sendo eles: o método e o tipo de pesquisa. Em relação ao método, o
escolhido foi a Materialismo Histórico-dialético, e o tipo de pesquisa escolhida é a de campo.
O método escolhido se justifica tanto pelo fato de ser o melhor que se adequa às questões
apresentadas anteriormente como também esse método está estritamente atrelado ao fato da busca
pela a compreensão da sociedade e como ela se relaciona com a produção de conhecimento
historicamente acumulado e repassado pelas gerações.
Segundo Gomide (2006) o materialismo histórico-dialético, preconizado por Marx e seus
colaboradores, é o método que busca compreender o modo de produção da sociedade, associado à
uma visão de mundo e da vida. Uma dessas produções é conhecimento, e é por meio dele que é
possível modificar a realidade em que vivemos.
Considerando isso, o método escolhido tem por objetivo apontar como a sociedade se
relaciona com o conhecimento produzido, em um processo constante de melhorar vários aspectos
da vida em conjunto. O contexto em específico em que a análise proposta para esta pesquisa
ocorrerá estará pautado em relatos de professores da Educação Infantil do Município de Parnaíba,
em instituições escolares ainda a ser definidas. Considerando esse apontamento, o método
escolhido buscará apontar quais foram os caminhos metodológicos utilizados por professores de
Educação Infantil, no desenvolvimento da linguagem oral.
Este tipo de pesquisa se justifica da seguinte forma:

Do ponto de vista metodológico, os modelos qualitativos defendem que a melhor


maneira de se captar a realidade é aquela que possibilita ao pesquisador colocar-se
no lugar do outro aprendendo os fenômenos pela visão dos pesquisadores. A
preocupação essencial da investigação refere-se aos significados que as pessoas
atribuem aos fenômenos. O desafio imposto ao pesquisador é então captar os
universos simbólicos, tendo em vista o entendimento deles. (MARTINS, p.33,
2015, grifo da autora)

Diante do exposto acima, é possível compreender que pesquisas de cunho qualitativo é o


que melhor corresponde ao intuito de compreender e analisar a sociedade, entretanto faz-se
necessário ressaltar que não basta somente observar como a sociedade se organiza e notificar as
suas falhas, é de extrema importância interagir com essas falhas com a finalidade de compreendê-
las e modificá-las, para que eventualmente as próximas gerações possam lidar com outras
problemáticas.
Outro ponto ainda relevante a respeito do Método do Materialismo Dialético, conforme
apontado por Martins (2015, p.36) é que:
Nessa direção reconhecemos a existência de inúmeras visões acerca do que seja
realidade e, para evitarmos equívocos teórico-conceituais de interpretação, é
importante lembrar que, para Marx, a realidade encerra a materialidade histórica
dos processos de produção e de reprodução da existência dos homens. O
conhecimento sobre ela é, por consequência, apenas um meio pelo qual a
consciência a reproduz intelectualmente, assimilando-a. Desse modo, a atividade
teórica por si mesma altera a existência concreta do fenômeno. Essa Alteração
apenas se revela possível quando a atividade teórica orienta a intervenção prática
transformadora da realidade.

Diante do exposto fica claro que o método não deve ser empregado somente com o intuito
de compreender o processo de produção de conhecimento da humanidade, ou seja, a atividade
teórica por si só não tem a capacidade para modificar a realidade em que vivemos, isso somente é
possível quando este método propicia meios para poder, de fato, realizar as devidas intervenções
nos contextos existentes. Assim, o método escolhido não está somente pautado em uma atividade
teórica com o objetivo de pesquisar e demonstrar falhas estruturais de nossa sociedade, o método
em sua essência se prontifica a oferecer dispositivos capazes de levar o pesquisador a produzir
novos conhecimentos a partir das falhas por ele encontrado.
O método do Materialismo histórico preconizado por Marx e seus colaboradores, é uma
forma de buscar conhecer e apresentar as produções historicamente acumuladas e produzidas pela
humanidade na busca pela evolução, mas é necessário entender que este tipo de método de
pesquisa cientifica é proposto não somente para averiguar produções acadêmicas, ele é apresentado
com uma forma de intervenção na realidade.
Considerando o método, e para compreender os objetivos propostos por esta pesquisa, o
tipo de pesquisa que melhor se enquadra no meu trabalho é da pesquisa de campo. Para isso, foram
estabelecidos alguns pontos a serem respeitados:
 A pesquisa ocorrerá com crianças nas etapas da Educação Infantil;
 Acontecerá de modo comparativo entre somente duas turmas de Jardim II;
 Será averiguada por meio de entrevistas com as/os regentes, as metodologias
utilizadas por esses profissionais para desenvolver a linguagem oral em período
pandêmico;
 As entrevistas serão realizadas com regentes que exerceram à docência durante a
pandemia em somente escolas do município.
A pesquisa de campo pode ser compreendida da seguinte forma, Gonsalves (2001, p.67):

Denomina-se pesquisa de campo o tipo de pesquisa que pretende buscar a


informação diretamente com a população pesquisada. A pesquisa de campo é o tipo
de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população
pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o
pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um
conjunto de informações a serem documentadas [...].

Logo, a pesquisa de campo é um tipo de pesquisa que trabalha e se relaciona diretamente


com o seu objeto de estudo, lidando com ele diretamente na prática e isso necessita que o
pesquisador atue mais diretamente no espaço do seu público, e, posteriormente o pesquisador
recolhe um conjunto de informações com o intuito de documenta-las.
Gonsalves (2001) faz um outro apontamento importante a respeito da produção de trabalho
científico que diz respeito a uma organização meticulosa de um cronograma, para que nenhuma
fase seja prejudicada nesse processo de recolhimento de dados.

CRONOGRAMA

Período 2023 2024


04 05 06 07 08 09 10 11 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11

Atividade

Elaboração do projeto de X X X X X X X

pesquisa
Mapeamento da bibliografia X X X X X X X X X

sobre o tema
Homologação nas plataformas X X

Entrevistas X X

Leitura e análise do material X X X X

pesquisado
Elaboração dos capítulos X X X X X X

Revisão do TCC X

Encaminhamento e apresentação X

do texto final à Banca


Examinadora

REFERÊNCIAS:

GOMIDES, Denise Camargo. O materialismo histórico-dialético como enfoque metodológico para a


pesquisa sobre políticas educacionais. Politicas Educacionais, v.10,n.1, p.1-14, 2016. Disponível em:
https://seer.ufrgs.br/Poled/article/view/69759 . Acesso em:14 dez.2019

GOMES, Tatiane Andressa de Almeida. O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL


E A SUA RELEVÂNCIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: contribuições da
psicologia histórico-cultural e da fonoaudiologia. 2016. 136 f. Tese (Doutorado) - Curso de
Psicologia, Educacional, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Estadual de
Maringá, Maringá, 2016. Cap. 4. Disponível em:
http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/3056 . Acesso em: 15 ago. 2023.

GONÇALVES, Elisa Pereira. Iniciação à pesquisa científica. Campinas, SP: Editora Alínea,
2001.Disponivel em: http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/4868/1/Farley%20Eduarda%20Alves
%20da%20Silva.pdf. Acesso em: 17 ou 2023

Oliveira, Marta. Kohl. (2011). Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo


sóciohistórico. (5 ed.), 3 impressão, São Paulo: Scipion: Disponível em:
http://maratavarespsictics.pbworks.com/w/file/fetch/74218955/51814759-Vygotsky-Aprendizado-
e-Desenvolvimento-um-processo-socio-historico.pdf. Acesso em: 2º ago. 2023

SILVA, Natália Ayres da. PENSAMENTO E LINGUAGEM NA PSICOLOGIA


HISTÓRICO-CULTURAL: contribuições de Vygotsky, Luria e Leontiev para a educação. 2021.
175 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Educação, Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 2021. Cap. 5. Disponível em:
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Vygotsky, Lev.Semiovich; Leontiev, A. N.; Luria, A. R. (1998) Linguagem, desenvolvimento e


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de São Paulo. Disponível em:
https://www.unifal-mg.edu.br/humanizacao/wp-content/uploads/sites/14/2017/04/VIGOTSKI-Lev-
Semenovitch-Linguagem-Desenvolvimento-e-Aprendizagem.pdf. Acesso em: 01 ago. 2023

Vygotsky, Lev. Semiovich. (2001). Estudo do desenvolvimento dos conceitos científicos na


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VYGOTSKY, Lev Semiovich. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes
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