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Alfabetização, Letramento e

Multiletramento

CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY – Aula 5


Objetivos
Conhecer as teorias de Vygotsky sobre a aprendizagem.
Relacionar as pesquisas de Vygotsky às práticas de alfabetização e letramento.

Conteúdos
Pensamento e linguagem
Brinquedo e desenvolvimento
Zona de desenvolvimento proximal
Mediação
Isabela Cristina da Silva - Psicopedagoga
Vygotsky e o conceito de pensamento
verbal
Para Vygotsky, é o pensamento verbal
que nos ajuda a organizar a realidade
em que vivemos.
POR: Rodrigo Ratier, Camila Monroe
01 de Agosto de 2011
Revista Nova Escola

• Um dos grandes saltos evolutivos do homem em relação aos


outros animais se deu quando ele adquiriu a linguagem, ou seja,
quando aprendeu a verbalizar seus pensamentos.

• É por meio das palavras que o ser humano pensa.

• A generalização e a abstração só se dão pela linguagem e com


base nelas melhor compreendemos e organizamos o mundo à
nossa volta. Um dos maiores estudiosos sobre essa habilidade
humana foi o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934),
que em meados dos anos 1920 criou o conceito de pensamento
verbal.
Revista Nova Escola 1/08/2011
• Vygotsky dedicou anos de estudo para compreender as relações
entre o pensamento e a linguagem - e esse foi um dos maiores
acertos de seu trabalho. Até então, os estudos sobre o tema
buscavam dissecar os dois conceitos isoladamente.
• De acordo com João Batista Martins, professor da Universidade
Estadual de Londrina (UEL), entender o desenvolvimento
humano desmontando as partes que o constituem é errado.
"Vygotsky reconhecia a independência dos elementos, mas
afirmava que o caminho era compreender como um se comporta
em relação ao outro, como eles interagem em suas fases iniciais",
explica.

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• Vygotsky buscou analisar o desenvolvimento da criança. De


acordo com ele, mesmo antes de dominar a linguagem, ela
demonstra capacidade de resolver problemas práticos, de utilizar
instrumentos e meios para atingir objetivos. É o que o
pesquisador chamou de fase pré-verbal do pensamento. Ela é
capaz, por exemplo, de dar a volta no sofá para pegar um
brinquedo que caiu atrás dele e que não está à vista. Esse
conhecimento prático independe da linguagem e é considerado
uma inteligência primária, também encontrada em primatas
como o macaco-prego, que usa varetas para cutucar árvores à
procura de mel e larvas de insetos.
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Embora não domine a linguagem como um sistema simbólico, os pequenos
também utilizam manifestações verbais. O choro e o riso têm a função de alívio
emocional, mas também servem como meio de contato social e de comunicação.
É o que Vygotsky chamou de fase pré-intelectual da linguagem. Essas fases
podem ser associadas ao período sensório-motor descrito pelo psicólogo suíço
Jean Piaget (1896-1980), no qual a ação da criança no mundo é feita por meio de
sensações e movimentos, sem a mediação de representações simbólicas. "É a
fase na qual a criança depende de sentidos como a visão para atuar no mundo e
se manifesta exclusivamente por meio de sons e gestos, ligados à inteligência
prática", diz Martins.

Por volta dos 2 anos de idade, o percurso do pensamento encontra-se com o da


linguagem, e o cérebro começa a funcionar de uma nova forma. A fala torna-se
intelectual, com função simbólica, generalizante, e o pensamento torna-se
verbal, mediado por conceitos relacionados à linguagem. Revista Nova Escola 1/08/2011

O significado das palavras une pensamento e linguagem

No livro Vygotsky - Aprendizado e Desenvolvimento, um Processo Sócio-Histórico, Marta


Kohl, professora da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o significado das
palavras tem papel central: é nele que pensamento e linguagem se unem. Para
Vygotsky, os significados apresentam dois componentes: o primeiro diz respeito à
acepção propriamente dita, capaz de fornecer os conceitos e as formas de organização
básicas. Por exemplo, a palavra cachorro: ela denomina um tipo específico de animal do
mundo real. Mesmo que as experiências e a compreensão das pessoas sobre
determinado elemento sejam distintos, de imediato o conceito de cachorro será
adequadamente entendido por qualquer pessoa de um grupo que fale o mesmo
idioma.

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O segundo componente é o sentido. Mais complexo, é o que a palavra representa para
cada pessoa e é composto da vivência individual. Vygotsky pretendeu ir além da
dimensão cognitiva e inscreve a criança em seu universo social, relacionando
afetividade ao processo de construção dos significados. Desse modo, concluiu que uma
pessoa traumatizada com algum episódio em que foi atacada por um cachorro, por
exemplo, dará à palavra uma acepção diferente e absolutamente particular - agressão,
medo, dor, raiva ou violência, por exemplo.
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O sentido também está relacionado ao intercâmbio social (leia a questão


de concurso na próxima página). Quando vários membros de um mesmo
grupo se relacionam, eles atribuem, com base nessas relações,
interpretações diferentes às palavras. É isso o que ocorre na escola. Ao
começar a frequentá-la, a criança recebe a intervenção do educador, o
que fará com que a transformação do significado se dê não mais apenas
pela experiência vivida, mas por definições, ordenações e referências já
consolidadas em sua cultura. Assim, ela não vai só aprender que a Lua é
diferente de uma lâmpada - em algum momento da vivência com
qualquer indivíduo mais velho - como também acrescerá outros sentidos
às palavras, entendendo que a Lua é um satélite, que gira em torno da
Terra, que é diferente das estrelas e daí em diante. "Esse é um processo
que nunca acaba, que continua ocorrendo até deixarmos de existir",
conclui Martins
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Resumo do conceito
Pensamento verbal
Elaborador: Lev Vygotsky (1896-1934)
É a capacidade humana de unir a linguagem ao pensamento para
organizar a realidade. Para Vygotsky, o pensamento deixa de ser
biológico, como o dos primatas, para se tornar histórico-social,
diferenciando o homem dos outros animais. Sua principal marca é a
construção dos significados das palavras. Ele surge por volta dos 2
anos de idade, quando a criança passa a dominar a fala e construir
seus conceitos sobre os objetos.
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Brincar - Elaborações Simbólicas


• Importância dos processos de aprendizado.

• Aprendizagem ocorre num ambiente social

• Interação é condição

• Conceito de zona de desenvolvimento


proximal - teoria sobre aprendizagem e
desenvolvimento.
Zonas de Desenvolvimento
Nível de desenvolvimento
real:
Etapas de desenvolvimento
já alcançadas;
Sua capacidade de realizar
determinadas tarefas com
autonomia.

Zonas de Desenvolvimento

Nível de
desenvolvimento
potencial:
capacidade da
criança realizar
outras tarefas com
mediação
Zonas de Desenvolvimento
• Reconhecendo a existência dos níveis real e
potencial, Vygotsky define a zona de
desenvolvimento proximal como a distância
entre um nível e outro.

• A distância entre as soluções independentes


da criança e o que ela consegue fazer sob
orientação.

Brincar - Elaborações Simbólicas


O jogo e a brincadeira
formam zonas de
desenvolvimento e
proporcionam a
socialização das crianças.
Na brincadeira, a criança
consegue comportar-se
de forma mais avançada
do que na vida real .
Brincar - Elaborações Simbólicas
FAZ-DE-CONTA

A criança é levada a agir num mundo imaginário, onde


as situações são definidas por seus significados e não
por elementos reais que estejam presentes.

O brincar: transição entre a ação da criança com


objetos concretos e suas ações com significados.

Brincar - Elaborações Simbólicas


• As regras das brincadeiras impulsionam a criança
para além do seu comportamento como criança.
• Promovem a compreensão de significados e
abstração.
• Contribuem para que a criança internalize o
universo particular dos papéis que desempenha.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Laura Monte Serrat ; SOUSA, Maria Silvia Todeschi. Segredos do Aprender;
A Psicopedagogia e as Elaborações Simbólicas. São José dos Campos: Pulso, 2010.
CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Ática, 1997.
DUPRAT, Maria Carolina. Ludicidade e Educação Infantil. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2014.
EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem linguagens da criança: a
abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999.
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo
sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 2010.
VYGOTSKY, L. SEMYONOVICH. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
VYGOTSKY, L. SEMYONOVICH. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Bom Estudo!

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