Você está na página 1de 9

Estagiária: Muryel Lima de Oliveira

Escola: Leonardo Da Vinci


Turma: Nível A Faixa etária: 4 e 5 anos

Animais do Mundo

Tema: Animais do mundo

1. Justificativa
O tema escolhido, Animais de Mundo, surgiu das observações da Tuma do nível A. O projeto é
um segmento do que a professora titular trabalhou até o momento. Percebemos que durante o
isolamento algumas famílias adotaram animais como companheiros de lar. A relevância do tema
para o desenvolvimento das crianças está em os animais serem parte importante do dia-a-dia de
algumas e uma ‘lacuna’ na vida de outras que não tem acesso direto. Trabalhar os animais na
Educação Infantil, segundo o RCNEI (1998, p.188-189), trabalhar os seres vivos e suas relações
oferece inúmeras formas de aprendizagem e de desenvolvimento, ampliando a compreensão da
criança sobre o mundo, desenvolvendo atitudes básicas de socialização, respeito e preservação do
meio ambiente.

2. Fundamentação teórica
Nesse primeiro momento falaremos do desenvolvimento da criança de 4 e 5 anos,
começando por Piaget, que desenvolveu a perspectiva psicogenética do desenvolvimento humano
e a dividiu em 4 períodos. Nosso foco será no segundo período, o pré-operatório (2-7 anos). Cada
período é caracterizado pelo que o indivíduo é capaz de executar.
A principal característica desse período é o desenvolvimento da linguagem, aumentando a
interação e a comunicação com os outros e o meio, a criança antecipa o que irá fazer. O
surgimento dos jogos simbólicos (fantasias e imaginações), busca a razão de tudo (fase dos
porquês). Porém, ainda tem dificuldade de reconhecer a ordem em que mais de 3 coisas
aconteceram, pois ainda não possui o conceito de números bem formado.
Ainda é muito centrada em si mesma, tornando o trabalho em grupo desafiador. Esse
período é marcado também pelo surgimento de sentimentos interindividuais por aqueles que ela
acredita serem “superiores”, como pais e professores, esses sentimentos se tornam uma mistura de
amor e medo/temor, refletindo em seus sentimentos morais (obediência).
Percebe as regras como imutáveis e como uma verdade, mais tarde compreende que as
regras servem para organizar e ordenar. Surgimento da escala de valores da criança. Período em
que a maturação neurofisiológica da criança é completa, permitindo assim a aquisição da escrita
(coordenação motora fina).

O pensamento da criança nesse período permanece pré-lógico, caracterizando-se por quatro


classes de raciocínio:
1. Animismo: entende as coisas como cheias de vida;
2. Finalismo: definição de algo pelo seu resultado, a busca de razão pelas coisas está presente
nessa classe.
3. Artificialismo: a crença de que as coisas do mundo foram feitas pelos seres humanos ou
por uma divindade ‘toda poderosa’.
4. Realismo: conteúdos de consciência da criança como objetos concretos.

Na teoria de Erik Erikson, dividida em oito idades, cada fase tem um conflito básico. Essa
fase é marcada pela dualidade: iniciativa x culpa. Nesse período a criança passa a perceber as
diferenças sexuais, papéis desempenhados por homens e mulheres na sociedade, entendendo
melhor o mundo que a cerca. A criança também passa a imaginar o futuro, como será e o que fará.
A iniciativa faz parte do mundo humano, muito importante no processo de aprendizagem.
Nessa fase a criança deseja ganhar sem estabelecer limites, momento em que aflora a
competitividade nas atividades. A culpa vem em contraponto a fantasias de morte ou libidinosas,
que ela logo deseja reparar, também proveniente da raiva e da sua iniciativa em alguma ação, a
criança passa a acreditar que é má ou que ‘estraga as coisas’, esse é o passo para o equilíbrio e a
formação do senso de dever moral.
Já para Vygotsky o desenvolvimento da criança ocorre na relação entre indivíduo e meio, na
interação. Ele fala de desenvolvimento real e potencial, o real é aquele que a criança já alcançou e
o potencial é o que ela virá a alcançar com o auxílio de outro indivíduo. A distância entre um
desenvolvimento e outro é chamada de zona de desenvolvimento proximal, que é um período em
que a criança faz uso de algum ‘apoio’ para realizar determinada tarefa, como um ensaio em que
ela só precisa virar uma chave interna para conseguir executar.
Ao pensarmos em desenvolvimento da fala, Vygotsky diz que no período entre os 3 e 7 anos
a criança se encontra em um estágio de fala ‘egocêntrica’ caracterizado pelo controle da própria
criança, em que a ela frequentemente fala em voz alta.
Wallon, em seus trabalhos escreveu que em torno dos 3 anos ocorre a etapa da crise de
personalidade. A criança começa a se diferenciar das demais pessoas, expulsa o ‘outro’ de dentro
de si, ou seja, tudo o que lembra o outro, que pode ser os pais ou adultos referência. Essa expulsão
pode acarretar em um ‘mau comportamento’ ou atitudes desafiadoras, nessa fase as disputas por
objetos são intensas, pois quer assegurar seu espaço e poder.
Freud fala de complexo de Édipo, já Wallon entende que essa relação abrange não só os
pais, mas quaisquer pessoas que representem uma referência para a criança. Essa fase pode durar
até os 6 anos, preenchida por aspectos emocionais, aquisições simbólicas e em suas capacidades
de execução.
Quando a criança se torna mais segura de si esses conflitos começam a reduzir e a criança
entra no que Wallon chama de ‘idade da graça’, um estado em que a criança busca o ‘aplauso’, ser
o centro das atenções, quer ser vista como boa ou mostrar suas habilidades exemplares aos adultos
que lhe despertam admiração. Porém, ainda que suas atitudes sejam bem articuladas, as crianças
entre 5 e 7 anos ainda tem o pensamento bastante confuso e sincrético.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010) entendem a criança
como:
Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas
que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,
deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre
a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (p.12)

Com isso, um ensino de qualidade, que respeite as narrativas pessoais de cada criança como
ser em construção, é aquele que promove conhecimento de si e do mundo, experiências corporais
e sensoriais de motricidade fina e ampla, gestual, verbal, dramática, plástica e musical. Que
propicie a autonomia e confiança da criança em relação a cuidados pessoais. Elucidando sobre
questões éticas e coletivas. Uma educação que incentive a curiosidade, o encantamento, a
exploração, a imaginação e a interação com a natureza (DCNEI, 2010, p.12-26).
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2013, p.94) acrescentam que
“experiências que promovam o envolvimento da criança com o meio ambiente e a conservação
da natureza e a ajudem elaborar conhecimentos, por exemplo, de plantas e animais, devem fazer
parte do cotidiano da unidade de Educação Infantil”. Desenvolvendo, assim, uma educação ética
e ecológica, de empatia e de preservação dos animais e seu habitat.
Segundo a RCNEI (1998) na faixa entre os 4 e 6 anos há uma ampliação do repertório motor
da criança, possibilitando uma melhoria na execução de atividades como: recortar, colar, encaixar
pequenas peças etc. A criança nessa idade passa a planejar seus gestos e movimentos, antecipando
brincadeiras através da sua imaginação. Consegue manter-se na mesma posição por mais tempo,
expressa-se de forma rítmica através da dança e dramatização.
Lembrando que nós como seres humanos demoramos muitos anos para alcançar certa
desenvoltura física, conforme Tani (2011, apud LEITE, 2017, p.56):
são necessárias cerca de vinte anos para que o organismo se torne maduro,
autoridades em desenvolvimento da criança concordam que os primeiros anos de
vida, do nascimento até os seis anos, são anos cruciais para o individuo. As
experiências que a criança tem durante esse período determinarão, em grande
extensão, que tipo de adulto a pessoa se tornará.

Sendo assim, todas as possíveis experiências que a criança tiver para se desenvolver como
sujeito, com controle do seu corpo, gostos e ideias nesses primeiros anos será fundamental para
seu desenvolvimento a longo prazo como adulto.
3. Objetivos
Geral:
Cognitivo:
 Conhecer os diversos animais, domésticos e selvagens;
 Identificar e associar as letras aos animais trabalhados;
 Reconhecer números e contá-los até 10;
 Classificar os animais;
Social/Afetivo:
 Cooperar nas atividades de casa propostas;
 Discutir suas ideias acerca dos temas trabalhados em aula;
 Expressar suas dificuldades e angústias;
 Apreciar leituras de histórias;
 Compreender os animais como seres vivos;
Psicomotor:
 Explorar diversos materiais de criação;
 Realizar, conforme sua capacidade, as tarefas propostas;

Específicos:
Cognitivo:
 Diferenciar os animais;
 Classificar os animais em domésticos, selvagens, aquáticos, terrestres e aéreos;
 Comparar tamanho e forma dos animais;
 Exemplificar os animais e suas categorias;
 Ilustrar através de desenhos as histórias lidas em aula;
 Inventar suas próprias histórias com base no que foi trabalhado;
 Relacionar animais aos seus específicos lugares (casa e natureza);
 Identificar e esboçar letras;
 Contar e relacionar números às quantidades;
 Listar animais trabalhados durante o projeto;
 Cantar e/ou acompanhar músicas trabalhadas durante o projeto;
Social/Afetivo:
 Ajudar nas tarefas de casa propostas ao ajudante do dia;
 Discutir e explicar o que entendeu sobre o tema proposto em aula;
 Perguntar sobre suas dúvidas;
 Propor ideias referente aos trabalhos;
 Relatar experiências vividas durante o projeto;
 Respeitar quando o outro estiver falando;
 Solicitar ajuda de um adulto, se preciso;
 Ouvir, quando solicitado;
Psicomotor:
 Realizar trabalhos propostos pela professora;
 Construir objetos conforme solicitado nas atividades propostas;
 Manipular materiais conforme suas habilidades e com a ajuda de um adulto, se preciso (ex:
tesoura, cola, furador etc);
 Pintar com lápis, tinta, giz, cola colorida em papel ou outras superfícies;
 Manusear materiais, amassá-los e colá-los conforme solicitado e dentro de suas habilidades
psicomotoras;
 Dançar, pular e expressar-se livremente;

4. Conteúdos
Segundo o que está previsto na BNCC (2018) para crianças pequenas, de 4 à 5 anos e 11 meses,
buscaremos trabalhar:
 Desenvolver a empatia, a autonomia, ampliar as relações interpessoais sempre
comunicando suas ideias e sentimentos, de forma a compreender os processos e ideias dos
demais integrantes do grupo;
 No que tange a aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor, demonstrar controle da
motricidade ampla e fina, conforme as limitações pessoais, em brincadeiras,
dramatizações, músicas e atividades de escuta.
 Criar, através do seu corpo, dobraduras, pinturas, recortes e colagens, diversas formas de
expressão artística, de forma livre e autônoma;
 Desenvolver e manter o hábito de higiene pessoal, cuidado com a saúde e o corpo;
 Expressar-se livremente através da música, canto e dança;
 Expressar suas vivências, necessidades e anseios de forma natural, com confiança e com o
sentimento de segurança no grupo;
 Trabalhar a escuta em momentos de fala de outros membros do grupo;
 Recontar histórias, relembrar atividades e acordos pré-estabelecidos através de espaços de
escuta, como a roda de partilha e momentos que lhe fizer necessário;
 Se interessar e selecionar livros sobre o assunto ‘Animais do mundo’;
 Levantar hipóteses sobre escrita, linguagem, realizando registros espontâneos sobre os
mesmos;
 Observar e relacionar objetos, registrar observações de forma espontânea, usando diversas
formas de linguagem (escrita, desenho ou números);
 Classificar objetos de acordo com o tema proposto.

De acordo com a RCNEI (1998, p.188-189):


 Ter conhecimento dos cuidados básicos de alguns animais;
 Diferenciar as diferentes espécies de seres vivos;
 Compreender a necessidade da existência dos animais na terra e a importância da sua
preservação;

5. Atividades
 Leitura de livros sobre o tema;
 Construção de animais com dobraduras, colagem, reciclagem e pintura;
 Confecção e exploração de jogos;
 Calendário;
 Rotina;
 Pesquisas;
 Recorte e colagem;
 Pinturas espontâneas e dirigidas;
 Atividades matemáticas;
 Máscaras, fantoches/dedoches;
 Músicas e parlendas;
 Dramatizações;
 Escrita espontânea;

6. Recursos
 Cola;
 Tesoura;
 Papel A4;
 Lápis de cor;
 Tinta guache;
 Canetinha hidrocor;
 Papel colorido;
 Tecido;
 Rolos de papel higiênico;

7. Avaliação
A avaliação será formativa, utilizando recursos como cadernos de aula com observações, as
próprias produções (escritas e artísticas) dos alunos, contando sua trajetória de aprendizagem ao
longo do projeto através de um parecer descritivo, descrevendo seu desenvolvimento durante o
projeto.
8. Referências

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. 2018. Disponível em:


http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase . Acesso em: 01 nov. 2020.

COELHO, Luana; PISONI, Silene. Vygotsky: sua teoria e a influência na educação. Revista E-
Ped. FACOS/CNEC. Osório. v. 2, n. 1. Ago. 2012. ISSN 2237-7069. Disponível em:
http://www.facos.edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/#/page/1. Acesso em: 30 out.
2020.

DIRETRIZES NACIONAIS CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA. MEC. 2013.


Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-
pdf&Itemid=30192 . Acesso em: 3 nov. 2020.

DIRETRIZES NACIONAIS CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. MEC. 2010.


Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/diretrizescurriculares_2012.pdf . Acesso
em: 03 nov. 2020.

FERREIRA, Berta Weil. O desenvolvimento da personalidade. Educação PUC-RS. Porto Alegre.


n. 1. 1978. p. 25-27.

FERREIRA, Berta Weil; RIES, Bruno Edgar. Desenvolvimento psicossocial: Erick Erikson. In:
Psicologia e Educação: Desenvolvimento humano - Infância. Porto Alegre. v.1. 2000. p.105-107.

GANDIN, Rosangela V. A construção dos significados na teoria de vygotsky: possibilidades


cognitivas para a realização da leitura. Criar Educação – Revista do Programa de Pós-Graduação
em Educação – UNESC. v. 2, n. 1. 2013. ISSN 2317-2452 Disponível em:
http://periodicos.unesc.net/criaredu/issue/view/64. Acesso em: 30 out. 2020.

LOPES, Cléa Maria Ballão; LUCCA, José Alexandre de. Psicologia da Educação II:
Piaget,Vygotsky, Winnicott e Wallon. Unicentro, Paraná. 2012. p.16-17. Disponível em:
http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/handle/123456789/864 . Acesso em 30 out. 2020.

REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Vol. 3. 1998.


Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf . Acesso em: 1. Nov. 2020.

SMITH, Vivian Hamann. Wallon e o desenvolvimento da pessoa: da indiferenciação à


individuação. Ciências & Letras. Porto Alegre. n.32. jul/dez 2002. p.96-97. ISSN 0102-4868

TANI, G.; MANOEL, E.; KOKUBUN, E. PROENÇA, J. E. Educação Física Escolar:


Fundamentos de uma abordagem Desenvolvimentista. São Paulo: 2011. Apud LEITE, Flávia dos
S. Desenvolvimento psicomotor de crianças de 4 a 6 anos de escola particular em lima
campos – MA. REVISTA BRASILEIRA DE ASSUNTOS INTERDISCIPLINARES – REBAI.
v. 1, n.1, Jan/Jul, 2017. Disponível em: http://faesf.com.br/revista-interdisciplinar-
faesf/index.php/Revista_Faesf/issue/download/3/33 . Acesso em: 3 nov. 2020.
TRÉCA, Marie-Christine; BIDAULT, Hélène. Desenvolvimento Cognitivo. In: GOLSE, B. O
desenvolvimento afetivo e intelectual da criança. Porto Alegre: Artmed. 1998. p. 163-164.

Você também pode gostar