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19/06/23, 15:52 Linguagem

Linguagem
Carina Tellaroli Spedo
Andréia Costa Rabelo

Descrição

Introdução ao conceito de linguagem, características e funções.

Propósito

A explanação do estudo da linguagem é de suma importância para compreendermos como a comunicação humana nos difere de outros
organismos, permitindo uma melhor aplicação das funcionalidades da comunicação na evolução humana, bem como do diagnóstico e tratamento
das doenças da fala.

Objetivos

Módulo 1

Propriedades da linguagem, língua e fala

Reconhecer as definições e propriedades da linguagem, língua e fala.

Módulo 2

Aquisição da linguagem

Identificar o processo de aquisição da linguagem.

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Módulo 3

Produção da fala e escrita e fatores associados


Analisar o desenvolvimento da produção da fala e escrita e fatores associados.

Módulo 4

Linguagem e suas consequências


Identificar os transtornos de linguagem e suas consequências.

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Introdução
A linguagem representa um marco da grande distinção dos humanos para os outros animais. Além disso, ela nos traz vantagens, uma vez que,
como seres humanos, somos capazes de expressar pela fala, leitura e escrita desde informações simples até emoções muito complexas.

É por meio da linguagem que temos a possibilidade de conviver em sociedade, sendo ela uma significativa validação de que a teoria evolucionista
provê vantagens à sobrevivência das espécies.

O entendimento da espécie humana sobre o mundo, sua capacidade de raciocinar sobre ele e de ajustar-se ao ambiente são derivados de várias
características biológicas.

Todas essas questões viabilizaram que muitos biólogos contextualizassem de forma notável a analogia entre o código genético e a linguagem. Nos
últimos cinco milhões de anos, a aquisição da linguagem humana significou a oitava grande transição no processo de evolução das espécies.

Portanto, a linguagem permite a nós humanos a expressão e a aquisição de vários conceitos por meio da combinação de um conjunto de códigos,
que nos possibilita transmitir informações de uma geração para outra.

Então, no presente material, compreenderemos como a linguagem carrega informações ao longo das gerações, para assim identificarmos as
estruturas e a dinâmica cerebral envolvidas nos processos de linguagem e como se dá o desenvolvimento da linguagem na criança, bem como as
alterações que podem ocorrer na fala, caso exista alguma disfunção.

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1 - Propriedades da linguagem, língua e fala


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as definições e propriedades da linguagem, língua e fala.

Linguagem dos humanos


A linguagem é um processo de grande interesse para a Psicologia. É muito importante iniciarmos nosso estudo com a compreensão do termo
linguagem. Vejamos a seguir:

Linguagem é todo e qualquer tipo de veículo, seja um símbolo, ícones, sinais ou signos, que comunique alguma coisa a alguma pessoa. Ela ocorre
através de qualquer meio sistemático em que uma ideia, pensamento ou sentimento seja comunicado.

Para esse processo de comunicação acontecer, são necessárias uma pessoa para transmitir uma mensagem, a qual nomeamos de emissor, e pelo
menos uma pessoa para recebê-la, chamada de receptor. Essa comunicação de informação pode ser transmitida por meio de símbolos
apresentados de acordo com regras sistemáticas.

A linguagem constitui uma capacidade cognitiva importante, indispensável para a comunicação entre as
pessoas. Ela não é apenas fundamental para a comunicação, ela também se encontra intimamente ligada ao
próprio modo pelo qual pensamos e compreendemos o mundo.

(FELDMAN, 2015, p. 259)

A linguagem é fruto do desenvolvimento que ocorreu na espécie humana ao longo do tempo. Em uma nova perspectiva, os estudos de bebês em
todas as línguas e culturas nos dão informações importantes sobre os mecanismos envolvidos na linguagem e, mais recentemente, demonstram os
mecanismos de aprendizagem.

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A primeira infância é o momento em que a capacidade linguística evolui muito rapidamente, quando os bebês aprendem apenas pelo fato de ouvir a
linguagem do ambiente em que estão inseridos e iniciam reproduzindo balbucios. Aos 12 meses de idade, os bebês possuem um vocabulário de até
50 palavras, e, aos seis anos, este pode chegar a cerca de cinco mil palavras.

Essa nova visão reinterpreta certos paradoxos, por exemplo, do porquê os bebês, com algumas funções cognitivas imaturas, conseguem a
aquisição de uma nova língua com mais facilidades do que um adulto.

O linguista Noam Chomsky (1965) traz a hipótese sobre a aquisição da linguagem em que ela é regulamentada pela gramática universal; para ele, os
idiomas baseiam-se nos elementos inatos do conhecimento humano sobre o conjunto de elementos linguísticos universais. Chomsky defende que
as pessoas lembram do significado de uma sentença, mas não de sua estrutura de superfície.

Exemplo

Você pode não se lembrar exatamente das palavras ditas por uma pessoa que o ofendeu, mas você certamente vai se lembrar do significado do que
essa pessoa disse, ou seja, da ofensa.

Os humanos possuem uma estrutura neurológica hipotética que possibilita a todos nascerem programados para aprender alguma linguagem.

Segundo Kuhl (2000), o meio ambiente, no contexto cultural específico, proporciona as adaptações do ser ao meio, por meio das conexões
sinápticas no cérebro que começam a se especializar para a compreensão profunda e especializada do idioma desse meio cultural, sobre todos os
outros idiomas.

Língua e gramática
Se linguagem se refere a toda forma de comunicação (verbal ou não), língua é todo código verbal organizado, com regras próprias de
funcionamento. Dessa forma, podemos diferenciar a língua portuguesa, língua inglesa etc. Cada língua tem sua estrutura específica, com suas
regras gramaticais particulares.

O principal veículo, meio de expressão, do nosso pensamento é a língua. Alguns aspectos podem contribuir para a aquisição adequada da língua e
ser ensinados formalmente, como as regras gramaticais. Outros aspectos não dependem de ensino formal, como crianças expostas a vários
idiomas sem misturá-los.

Os idiomas diferem pelas palavras utilizadas, pela quantidade de fonemas e pelos padrões dos morfemas empregados na língua. Esses padrões
separam as palavras que ouvimos na conversa.

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Comunicar é uma das inúmeras funções da língua, existindo várias outras: generalização, associação, abstração, inferência, dedução etc. Sabemos
que o ser humano já nasce com a competência para desenvolver uma língua, mas ela só se manifesta por meio da interação com as pessoas ao
redor.

Para entendermos como a linguagem se desenvolve e está relacionada ao pensamento, devemos rever alguns dos elementos formais que
constituem a língua. A estrutura básica da língua se apoia na gramática e envolve três componentes principais: a fonologia, a sintaxe e a semântica.

Mas o que é a gramática?

Resposta

Gramática é um sistema de regras que determina como nossos pensamentos podem ser expressos.

Portanto, a linguagem é caracterizada como um sistema hierárquico de comunicação que faz uso de sons e símbolos de acordo com as regras
gramaticais. O sistema hierárquico designa que:

Orações

Podem ser divididas em frases, que são unidades menores compostas por sujeito e verbo.

Frases

As frases são constituídas por palavras, que podem ser divididas em sons.

Palavras

As palavras são compostas pelos morfemas – parte mínima dotada de significado que constitui a palavra.

Morfemas

Os morfemas são constituídos dos prefixos (o que vem no início) e sufixos (o que vem no final).

Sabendo disso, a fonologia é a parte da gramática responsável pelo estudo do sistema sonoro da língua ou idioma. É o estudo dos fonemas.

Fonemas são sons básicos produzidos pela fala, que representam cada uma das letras como partes da construção
da linguagem, ou seja, são os sons da nossa língua.
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O fonema não deve ser confundido com a letra, por exemplo, a palavra “táxi” /t/ /a/ /k/ /s/ /i/ tem 4 letras e 5 fonemas. A letra é a representação
gráfica do morfema. Pode ocorrer de um mesmo fonema ter várias representações gráficas como: zebra, casa, exímio (/z/), ou da mesma letra
representar mais de um fonema: texto (sê), exemplo (zê), xícara (chê), táxi (ks).

Antigamente, a alfabetização era feita baseada nos fonemas; aprendia-se assim: “b” com “a” é “ba”, “b” com “e” é “be”, “b” com “i” é “bi”, “b” com “o” é
“bo”, “b” com “u” é “bu”.

Fonema

A menor unidade básica do som da fala.

close
Morfema

A menor unidade da língua que contém um significado.

A Sintaxe são regras que utilizamos para organizar uma frase, e se caracteriza pelo estudo gramatical da disposição das palavras nas orações, nas
frases, nos períodos, e a relação lógica estabelecida entre essas informações. Dentro da sintaxe temos a análise sintática, em que aprendemos o
que é um verbo, sujeito, objeto, predicado, advérbio, adjetivo e tantos outros.

Toda língua é constituída por suas regras, que vão orientar e organizar a utilização das palavras para que tenham um sentido e transmitam um
significado. Dependendo de como as mesmas palavras são escritas e ordenadas, o sentido da frase muda completamente.

Exemplo
Se disser: “Mãe só tem uma”, representa o valor sentimental de uma mãe, e é bem diferente do significado de “Mãe, só tem uma”, quando se dá uma
resposta à mãe, por exemplo, a respeito de quantas laranjas têm na fruteira. Veja que as palavras são exatamente as mesmas, porém, pequenos
detalhes modificam completamente a mensagem.

Já a semântica constitui-se do estudo do sistema dos significados subjacentes às palavras, frases e orações. É o conjunto das regras utilizadas
para obter o que um morfema, palavra ou mesmo a frase quer dizer. Suas regras nos permitem utilizar palavras para significar os detalhes mais
sutis. A semântica é o componente que dá sentido, significado às palavras e frases.

Exemplo

A palavra manga, por exemplo, possui tanto o sentido de fruta quanto de uma parte de uma camisa. Ao estudar o contexto da frase na qual esta
palavra está inserida, compreenderemos a semântica da palavra [ex.: a manga ainda não está madura (manga= fruta); a manga está dobrada
(manga= parte de uma camisa).

A fala é uma maneira de expressar a língua, ato ou efeito de falar, é como o ser humano se comunica verbalmente de forma oral. Não obstante as
complexidades da língua, nós aprendemos os elementos básicos da gramática automaticamente, sem mesmo ter consciência de que estamos
aprendendo suas regras.

É claro que, apesar de apresentarmos algumas dificuldades para explicarmos formalmente as regras da gramática, nossa capacidade linguística é
tão sofisticada e vasta que podemos proferir uma quantidade gigantesca de afirmações e ideias.

Propriedades da língua

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Os bebês, ainda em fase gestacional, começam a refinar os conteúdos de entonação, que são importantes para a compreensão e o aprendizado das
experiências ao longo da vida. Pensando nesse aspecto:

Quais os mecanismos e os componentes da linguagem? Quais os tipos de linguagem da espécie humana e como
eles se desenvolvem na criança pequena? Como se constitui a linguagem de sinais? Ela é classificada de que
forma?

Vamos classificar a linguagem, seus componentes e elementos.

A linguagem possui duas características básicas.

Sistema simbólico

A primeira é o sistema simbólico, que nos permite organizar as ideias, sentimentos e comunicar a outras pessoas.

Mecanismo de intermediação

A segunda é o mecanismo de intermediação, que possui um sistema que organiza e entremeia nossas interações por meio de um
conjunto que vai além da percepção sensorial.

Dessa forma, a linguagem é possível porque ela preexiste ao pensamento. A criança desenvolve as palavras (desde um nível fonológico e
morfológico) por meio de imitação e repetição, e, só posteriormente, vai atribuindo significado (nível semântico) a elas. Essas funções estão
intrinsicamente relacionadas ao cérebro, especialmente à área de Wernicke (área sensorial da fala) e ao córtex associativo adjacente, na parte
temporal superior e parietal inferior, a parte mais externa e mais visível do córtex, e cuja principal função é vincular informações, ou “traduzir”
informações que vêm dos nossos sentidos.

O processo normal de aquisição da linguagem envolve o desenvolvimento de três sistemas interdependentes. No contexto da neuropsicologia, a
linguagem é relacionada aos componentes linguísticos, cognitivos e sociais.

Componente cognitivo
Corresponde à transformação dos estímulos provenientes do ambiente em conhecimento, envolvendo a organização, o armazenamento e a
recuperação de informações.

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Componente linguístico
São os aspectos, organizados segundo regras, fonológicos e sintáticos. Refere-se ao conteúdo lexical (dicionário) e dos discursos.

Componente social
Linguagem é organizada por regras sociais que indicam suas práticas. A maneira como a fala é expressa e percebida também decorre da cultura na
qual estamos inseridos.

Dados de estudos realizados com imagem funcional indicaram que o conhecimento construído sobre a linguagem está associado a várias áreas
cerebrais envolvidas em seu processamento.

Os componentes linguísticos e psicolinguísticos são imprescindíveis para a compreensão e produção da linguagem. A estrutura fonológica
(percepção e produção de sons para formar palavras), morfológica, de sintaxe e semântica são fundamentais. Dessa forma, vamos além da
produção e compreensão da fala.

Assim, os componentes linguísticos e psicolinguísticos estão representados pelos traços, instruções motoras da produção da fala; pelos fonemas, a
compreensão dos significados do conteúdo; pelas regras de cada língua; pelo discurso em sua construção de significados segundo regras de
coesão e coerência, com proposições articuladas de modo a constituir uma unidade de significado.

Na perspectiva do componente social, considera-se as concepções de saúde, de inclusão social e sobre como uma disfunção e/ou limitação nesse
campo influenciaram na conceituação. A funcionalidade e a qualidade de vida são imprescindíveis para a linguagem.

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É por meio da interação com o meio ambiente que absorvemos a linguagem advinda de nosso grupo social (componente social), carregada de
conhecimentos e informações (componente cognitivo) e regras linguísticas (componente linguístico) que serão estruturadas com estudo específico.

A linguagem verbal é aquela de natureza acústica, sem separação entre as palavras, a sílaba, a rima, o fonema e as emoções de quem fala. A
linguagem verbal ainda se apresenta nas modalidades escrita e oral, sendo que a linguagem oral é utilizada quando falamos. Nesse tipo de
linguagem, há interação direta entre as pessoas. A linguagem escrita acontece quando escrevemos algo para outrem.

Temos a linguagem verbal, baseada em qualquer forma de comunicação, na qual a palavra é expressa seja pela fala ou a escrita. Ela é a mais
conhecida e sempre é usada quando lemos um livro, mandamos mensagem pelo WhatsApp ou quando falamos pessoalmente com alguém.

Já a linguagem não verbal é predominantemente de natureza visual. Nela, quando se faz pela escrita, as palavras aparecem separadas de maneira
explícita e as letras são visíveis. Não existe a presença de traços prosódicos (melodia da fala) ou emocionais expressos. Existem outros meios
comunicativos, tais como placas, figuras, desenho, fotografia etc.

A valorização da imagem supõe que o leitor não tenha tempo de ler mensagens longas ou complicadas. A linguagem não verbal não usa sinais
verbais ou escritos para a transmissão da mensagem, utiliza-se de signos, expressões corporais como gestos e posturas, expressões faciais,
ilustrações, placas, músicas e entonação de voz.

Ao dirigir, basta olharmos para o semáforo para sabermos se devemos parar, ficar atentos ou seguir em frente. Ele é uma forma de transmitir uma
mensagem não verbal. Também temos a linguagem não verbal expressa por entonação, volume da voz, expressões faciais e várias outras formas.
Dependendo da entonação da voz, sabemos se realmente a pessoa nos deseja um “Bom dia”.

Existe ainda a linguagem mista ou híbrida, na qual o emissor utiliza-se tanto da linguagem verbal quanto da não verbal para expressar sua
mensagem. Podemos constatar este tipo de mensagem em charges ou revistas em quadrinhos.

Não podemos nos esquecer da língua de sinais que surgiu de forma não prevista e não planejada. Ela emerge para atender a uma parcela da
população acometida por alterações auditivas graves ou ausência da audição.

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Da mesma forma como nas línguas orais, a linguagem de sinais viabiliza a interação entre pessoas acerca de qualquer conceito, possibilitando
extensa forma de expressão. As línguas de sinais se diferenciam entre culturas e das linguagens orais porque utilizam o canal visual-espacial ao
invés do canal oral-auditivo para emitir mensagens.

Saiba mais
Nesse contexto, crianças expostas à língua de sinais são capazes de adquirir idiomas de forma diferente daqueles que adquirem idiomas verbais.

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As propriedades da linguagem e suas implicações
Neste vídeo, o professor Lincoln Poubel fará uma reflexão sobre como a linguagem preexiste ao pensamento, abordando suas características e
propriedades.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

No cartoon apresentado, o significado da palavra escrita é realçado pelas informações visuais, características da linguagem não verbal. A
disseminação das letras da palavra em balões diferentes colabora para indicar principalmente a seguinte ideia:

Mineiro de Araguari, o cartunista Caulos já publicou seus trabalhos em diversos jornais, entre eles o Jornal do Brasil e o The New York Times.

dificuldade para a conexão de pessoas e consequentemente diminuição na frequência do diálogo, gerando o sentimento
A
descrito que se apresenta de forma fragmentada.

B desaceleração da vida nos dias atuais.

C não conhecimento de possibilidades de dialogar.

D desencontro de ideias sobre um tema.

E é uma forma de ensinar como soletrar.

Parabéns! A alternativa A está correta.

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Questão 2

Qual é a afirmação correta sobre a língua de sinais?

Do mesmo modo como nas linguagens verbais, a linguagem de sinais não permite a interação entre pessoas acerca de qualquer
A
conceito.

B As línguas de sinais são as mesmas entre culturas e das linguagens orais.

Bebês expostos à língua de sinais não são capazes de adquirir idiomas de forma diferente daqueles que adquirem idiomas
C
falados.

D A língua de sinais possibilita extensa forma de expressão, do mesmo modo que nas línguas orais.

A língua de sinais é universal e basta aprendê-la e falar em qualquer lugar do mundo, não precisando se atentar a outras
E
questões.

Parabéns! A alternativa D está correta.


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2 - Aquisição da linguagem
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o processo de aquisição da linguagem.

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O desenvolvimento neurológico e a linguagem


Algumas perguntas se fazem necessárias neste momento: Como adquirimos a linguagem? Como a compreendemos?

Ao explorar a natureza do pensamento e do desenvolvimento da linguagem, teremos como enfoque os achados da psicologia cognitiva.

A evolução do sistema nervoso (SN) proporcionou que a linguagem atingisse elevado nível de complexidade. Seu desenvolvimento e das funções
cognitivas ocorrem paralelamente ao desenvolvimento da linguagem. Sabemos que os bebês, mesmo dentro do útero materno, não são indiferentes
aos inúmeros sons vindos do meio ambiente e, inclusive, podem responder a eles.

Antes mesmo do nascimento, a criança é envolvida em um mundo de sons, palavras e ruídos que a preparam para a aquisição e o desenvolvimento
da linguagem oral e, posteriormente, da linguagem escrita.

A maioria das estruturas neurais envolvidas no processamento da linguagem já está presente nos recém-nascidos, e, biologicamente, há aumento
da mielinização tanto das vias neurais quanto aumento gradual das conexões, gerando o fortalecimento das conexões já existentes e a interação
entre diferentes áreas do cérebro, formando uma verdadeira rede funcional disponível para o processamento da linguagem.

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Modelo psicolinguístico
Neste vídeo, o professor Lincoln Poubel refletirá sobre os componentes do modelo psicolinguístico e suas implicações.

É importante lembrarmos que a formação do aparelho auditivo no feto inicia-se na nona semana, e estará completo a partir da 18ª semana, quando
ele começa a escutar os sons. Mas somente a partir da 24ª semana ocorre a interação da parte interna e externa do ouvido; o bebê se torna mais
sensível e escuta melhor os sons.

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Bebês que ouvem outros idiomas durante a gestação podem ser beneficiados em seu aprendizado.

Werker e colaboradores (2010) identificaram que a linguagem do bebê começa a ser construída durante a gestação. Os pesquisadores utilizaram
métodos não invasivos para verificar como os bebês, há um mês do nascimento, respondiam quando alguém falava no idioma nativo (inglês) das
mães e em outro idioma que as mães desconheciam (japonês). O estudo mostrou um aumento dos batimentos cardíacos ao ouvir o idioma não
nativo; quando escutavam o idioma nativo, não se percebeu alterações.

Linguagem do bebê começa a ser construída durante a gestação.

Essas variações ocorrem devido às mudanças de ritmo e de entonação de um idioma para outro, pois a duração e a continuidade dos sons são
diferentes em cada um. Esses achados mostraram a importância da apresentação dos estímulos verbais aos bebês mesmo durante a gestação.

De alguma maneira, áreas cerebrais diferentes operam em conjunto para separar sons relevantes, permitindo a compreensão e a interpretação. Por
exemplo, quando ouvimos um idioma no qual não temos fluência, é difícil separar os sons relevantes e compreender o que está sendo dito.

A sequência universal do desenvolvimento da linguagem

O discurso dirigido às crianças

É interessante que o desenvolvimento da linguagem acontece da mesma forma em todos os seres humanos, independentemente do lugar onde
nascem e da língua falada em volta deles. Pode ser que algumas crianças tenham oportunidade de aprender mais de uma língua, ou que aprendam
mais ou menos rápido, mas todas seguem o mesmo padrão na aquisição de uma linguagem.

Inclusive os bebês com problemas de audição que conseguem voltar a ouvir, com a ajuda de implantes cocleares, seguem esse mesmo padrão. Até
as crianças que aprendem com a língua dos sinais têm a mesma sequência.

Em torno dos dois meses de idade, a criança demonstra bastante interesse e preferência pela voz humana. Em geral, os adultos têm um jeito
específico de falar com os bebês, usando tons mais altos e de maneira afetiva, se comunicando com palavras mais simples e repetitivas. Este tipo
de fala é chamado de baby talk, ou “discurso dirigido a crianças”.

Os autores concordam que esse tipo de fala promove o aprendizado nos bebês, estimulando-os para que se comuniquem da melhor forma possível.

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O balbucio e os gestos

Até os seis meses de idade, o bebê discrimina os fonemas que ocorrem na maioria dos idiomas, emitindo balbucios com consoantes e vogais e
evoluindo para o balbucio de sílabas (da-da, ma-ma), período que chamamos de estágio do balbucio, no qual as crianças emitem sons parecidos
com a fala, mas sem um significado.

O balbucio manifesta cada vez mais a própria linguagem utilizada no seu ambiente, a princípio refletindo a altura e tom e, posteriormente, os sons
específicos.

As crianças pequenas conseguem discernir entre todos os 869 fonemas já identificados nas línguas do mundo.

Porém, após a idade de seis a oito meses, essa capacidade vai diminuindo. Elas iniciam a “especialização” no idioma ao qual estão envolvidas e, à
medida que os neurônios se organizam em seus cérebros, respondem aos fonemas específicos que ouvem rotineiramente.

Aproximadamente com um ano de idade, esse balbucio se assemelha à língua nativa do bebê, imitando sotaque, cadências e outras características
específicas. Além dos balbucios, os bebês aprendem a produzir gestos que permitem a comunicação.

Isso acontece especialmente em crianças estimuladas com a linguagem dos sinais.

Os gestos facilitam a comunicação, em especial em bebês com 10 meses que ainda não conseguem dominar os movimentos de mandíbula e língua
para emitir palavras. Um dos primeiros sinais é o de apontar. Esse gesto, característico dos seres humanos, implica uma conexão com o outro.
Assim, bebês com 10 meses já seguem a indicação do gesto do adulto ao olhar para onde estão apontando. Da mesma forma, eles também
conseguem se comunicar apontando algum objeto que desejam pegar ou para algum lugar que desejam ir.

As primeiras palavras

Com 1 ano, as crianças emitem as primeiras palavras simples, que geralmente estão relacionadas ao seu ambiente, palavras de interação social (ex.
oi, sim, não). Mesmo crianças com um pouco menos idade podem usar palavras para nomear, comentar, pedir.

Saiba mais
Nessa fase são usadas as holófrases: uma única palavra é utilizada para expressar uma ideia completa; assim, nenê muitas vezes significa “eu
quero isso”, por exemplo. É o estágio de uma só palavra.

O início é sempre gradual. Os primeiros meses do segundo ano de vida apresentam um aumento gradual do vocabulário (alguns autores falam de
aprendizagem de uma palavra por semana, mais ou menos). Bebês nessa idade já conseguem compreender muito mais palavras do que
conseguem pronunciar.

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Nessa fase, uma criança domina mais ou menos as primeiras 50 palavras, e o vocabulário falado aumenta com muita rapidez. Dessa forma, os
bebês com 21 meses conseguem pronunciar o dobro de palavras do que um bebê com 18. Esse aumento expressivo é conhecido como explosão de
vocabulário.

Antes dos dois anos, de 18 a 24 meses, as crianças começam a adquirir mais vocabulário e conseguem juntar algumas palavras, passam a surgir
frases simples, com cerca de duas palavras, sendo este o estágio de duas palavras, ou fala telegráfica.

ala telegráfica
A fala telegráfica é usada para numerosas finalidades:

Identificar e nomear objetos (Sopa mamãe);


Pedir para repetir (mais suco);
Afirmar que algo não existe (não sapato);
Expressar posse (casaco papai);
Indicar causas de uma ação (mamãe embora);
Expressar localização (blusa cadeira);
Indicar determinada qualidade (carro vermelho).

Período crítico no desenvolvimento


Alguns teóricos afirmam existir um período de grande capacidade de aquisição para o desenvolvimento da linguagem que ocorre na primeira fase
da vida, na qual a criança é extremamente sensível às influências da língua e as absorve com uma facilidade admirável. Esse período é conhecido
como Período Crítico.

Eles sustentam que, se as crianças não forem expostas à língua durante esse período crítico, poderão ter muita dificuldade para driblar esse déficit,
ou até mesmo não o vencer, como no caso da menina Genie, que não foi exposta a nenhum tipo de linguagem entre o período de 20 meses a 13
anos de idade. Após ser resgatada e estimulada intensamente, mesmo assim, nunca foi capaz de dominar completamente a língua, limitando-se a
apenas algumas palavras.

enie
Nascida em 18 de abril de 1957 nos Estados Unidos, Genie foi descoberta pelas autoridades em 1970 na cidade de Los Angeles, após viver isolada da
sociedade por 12 anos, sendo privada de estimulação verbal e interação com outras pessoas. Ao ser descoberta, Genie apresentava um pobre
desenvolvimento cognitivo e verbal.

O pensamento e a linguagem estão intimamente relacionados. É por meio da percepção que a criança estabelece
conceitos primários, representando os objetos pelo pensamento.

J. Budin (1949), autora dos primeiros manuais de ensino da linguagem, afirma que, para verificarmos a compreensão e a capacidade de nomeação,
devemos apresentar objetos e/ou figuras para a criança, e, assim, poderemos identificar suas representações mentais. Nesse contexto, temos como
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base a compreensão de que o pensamento, a percepção e a linguagem são elementos interligados. Nas crianças de seis ou sete anos, predominam
sempre as representações objetivas e concretas.

Resumindo
Podemos dizer que nas etapas do desenvolvimento da linguagem, existem duas fases distintas. A primeira é a pré-linguística, em que são
vocalizados apenas sons (sem palavras); e a segunda é a fase linguística, quando a criança começa a falar e compreender palavras isoladas.

Posteriormente, a criança evolui para um aumento de diversidade da expressão; esse processo é contínuo e acontece de maneira ordenada e
sequencial. Os bebês iniciam com balbucios e chegam a um vocabulário de cerca de 60 mil palavras quando adultos. As pessoas costumam falar
em média 15 fonemas por segundo, ou 180 palavras por minuto.

Evolução da linguagem e da fala

Estágio do Balbucio – produção de sequências de sons. O balbucio viabiliza a estruturação


3-4 meses
de cinesias musculares que posteriormente permitirão a criação da fala.

Repetição e imitação – da fala dos adultos, sem significado. Aprende que grupos de sons
9-10 meses
estão relacionados a objetos, pessoas e situações.

Estágio de uma palavra. Fala simples – palavras simples e gestos com significado. Dizem
12 a 18 meses
palavras isoladas e aumentam o vocabulário gradativamente.

Estágio de duas palavras, fala telegráfica. Combinação de conceitos – constrói frases de


18 a 24 meses
duas palavras; próximo aos dois anos, já emite a partir de 100 palavras variadas.

Frases longas – introdução de adjetivos e advérbios. Aos três anos, o vocabulário é de 200
2 a 3 anos
a 500 palavras, e consegue produzir quase todos os sons.

Frases mais bem elaboradas – uso de vários substantivos, verbos no passado e futuro,
A partir dos 3 anos frases compostas; possui ainda erros frequentes, que refletem a imaturidade linguística da
criança.

Tabela: Síntese das etapas do desenvolvimento da fala e da linguagem.


Adaptado de Miranda, MC; Muszkat, M & Mello CB, 2008, p. 223.

Concluímos que a linguagem é a forma simbólica que os seres humanos possuem para expressar os pensamentos, além de ser um recurso
indispensável para o aprendizado, memória e inter-relação humana. A linguagem é uma habilidade cognitiva bem complexa, importante para a
comunicação, que propicia a interação social humana.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Quais os marcos específicos da linguagem? Marque a alternativa certa:

A imitação, combinação de palavras, aquisição de conceitos complexos.

B imitação, repetição, balbucio e combinação de palavras.

C repetição, fala simples, adaptação, combinação de conceitos.

D balbucio, repetição, fala simples, frases com duas palavras e combinação de dois ou três conceitos.

E balbucio, repetição, fala simples, assimilação de conceitos.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20aquisi%C3%A7%C3%A3o%20da%20fala%20inicia-
se%20pelo%20balbucio%20sem%20significado%2C%20seguido%20pela%20repeti%C3%A7%C3%A3o%20do%20que%20se%20escuta%2C%20emiss%

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Questão 2

A linguagem se desenvolve de modo padronizado?

Sim. A produção da linguagem vai do murmúrio dos bebês aos balbucios, uso de palavras isoladas, combinação de palavras em
A
fala telegráfica, uso de sentenças completas, até aquisição de cerca de 60 mil palavras.

Não. A produção da linguagem vai do uso de palavras isoladas, combinação de palavras em fala telegráfica, uso de sentenças
B
completas, até aquisição de cerca de 60 mil palavras.

Não. A produção de linguagem é um processo subjetivo que dependerá da exposição da criança ao estímulo para determinar
C
como essa aquisição se dará.

D Sim. A produção de linguagem possui um modo padronizado, porém, nem sempre ele ocorre igualmente para todos.

E Não. A produção da linguagem depende da etnia, cultura e idade dos pais para determinar como ocorrerá.

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20produ%C3%A7%C3%A3o%20da%20linguagem%20%C3%A9%20um%20processo%20que%20ocorre%20de%20modo%20padroniza

3 - Produção da fala e escrita e fatores associados


Ao final deste módulo, você será capaz de analisar o desenvolvimento da produção da fala e escrita e fatores associados.

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A fala, a leitura e a escrita


Os processos de leitura e escrita são frutos da eficiência de vários mecanismos, incluindo a linguagem. Para a aquisição da leitura e da escrita é
necessário o bom funcionamento dos mecanismos da memória de longo prazo, memória semântica, memória de trabalho e dos diferentes tipos de
atenção e das chamadas funções executivas.

A escrita é o processo de representar a linguagem em códigos de transcrição gráfica, ou representação das unidades sonoras de forma gráfica.

unções executivas
Funções executivas são o conjunto de habilidades e capacidades cognitivas que permite ao indivíduo executar ações fundamentais para alcançar um
objetivo, além de controlar e regular seus pensamentos e comportamentos.

O surgimento da escrita se deve a um processo histórico de construção de um sistema de representação, ou seja, um processo no qual nem todos
os elementos ou relações estão determinados. Ela nasceu da necessidade de se comunicar na época primitiva, tornando-se essencial na vida das
pessoas ao ponto de hoje ser impossível viver sem ela.

A escrita cuneiforme (povo sumério) e os hieróglifos (egípcios), sistemas de escrita com mais de 5500 anos, eram característicos entre o povo sumério e egípcio.

Em termos ontogenéticos, a escrita nos seres humanos se desenvolve de forma complexa. Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1990) fizeram um
estudo com 108 crianças, por meio do método piagetiano, para entender como as crianças se apropriam da escrita e do funcionamento do sistema
de escrita.

Elas afirmam que crianças de 6 anos já sabem diferenciar um texto de um desenho, já entendem que uma letra sozinha não tem significado, e se
atentam para duas ou mais letrinhas juntas.

A linguagem pode ocorrer de várias formas, tendo a leitura e a escrita como artefatos, envolvendo o processo de alfabetização.

étodo piagetiano (Método construtivista de Piaget)


Para Piaget, o pensamento infantil passa por quatro estágios: concebe-se a fase sensório-motor entre 0 e 2 anos (essencialmente controle dos reflexos
básicos de sucção, agarrar, andar); pré-operatório (aquisições de representação verbal, símbolos e de bastante interação social).

Dos 7 aos 11 anos, se dão as operações concretas: a criança consegue utilizar a lógica para resolver problemas, dominando maior número de
conceitos e, por fim, a fase das operações formais, a partir dos 11 anos, em que há o domínio lógico e dedutivo, os conceitos são mais abstratos e há
maior senso de autonomia.

Sabe-se que, pelo construtivismo, as crianças vão se familiarizando gradualmente não somente com o desenho das letras ou da escrita, mas também
vão aprendendo a estabelecer uma relação com essa fase, cercada de perspectivas perceptivas, sociais e simbólicas.

Alfabetização

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A alfabetização é facilitada pelo vocabulário e pela fonética, ou consciência precisa dos sons das palavras.

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Aquisição da gramática

Por outro lado, a aquisição da gramática, bem como a do vocabulário, também é progressiva.

Vamos entender melhor a seguir esse processo:

Com 2 anos de idade

Dessa forma, com mais ou menos dois anos de idade, a criança consegue usar o plural, utilizando verbos e substantivos,
especialmente para elaborar a grande quantidade de perguntas que faz nessa fase. As perguntas dos porquês e o que é isso se
prolongam até cerca de três anos de idade.

Com 6 anos de idade

Uma gramática mais complexa pode ser verbalizada aos 6 anos aproximadamente, quando algumas crianças conseguem usar a voz
passiva, especialmente se foram expostas a conversas em que regularmente escutaram outros falando dessa forma. Assim, elas
podem dizer “a criança foi mordida pelo cachorro”.

Com 7 anos de idade

Em relação à leitura, as crianças podem conhecer os sons de consoantes e vogais com seis a sete anos de idade, chegando a ler
palavras simples. Com oito anos, conseguem ler frases simples, entendendo pontuação básica e chegando a compreender o que é
lido. De nove a 10 anos passam a compreender parágrafos e capítulos e respondem perguntas de interpretação de texto.

Entre 11 e 12 anos de idade

Já entre 11 e 12 anos demonstram uma leitura rápida e praticam a leitura por prazer. Logicamente, cabe destacar que esse
desenvolvimento na leitura vai depender da estimulação que a criança recebe não somente em relação à leitura em si, mas também
ao ato de estudar e aprender, em geral.

Da mesma forma, o desenvolvimento da escrita depende de características individuais e ambientais. Assim, temos as crianças que conseguem
desenvolver uma escrita com maior facilidade e prazer do que outras.

Saiba mais

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Existe uma combinação dos fenômenos biológicos e ambientais no aprendizado da linguagem escrita, que englobam a integridade motora, a
integridade sensório-perceptual e a integridade socioemocional. Assim sendo, o domínio da linguagem e a aptidão de simbolização também são
princípios significativos no desenvolvimento do aprendizado da leitura e da escrita.

O nível pré-silábico, silábico e alfabético


Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1990) estabelecem que a escrita passa por três etapas do desenvolvimento:

Pré-silábico expand_more

No nível pré-silábico, as crianças fazem traços característicos, parecidos com linhas ou emes, ou mesmo desenhos e rabiscos para
representação da escrita. Pode acontecer do tamanho da escrita ser proporcional ao tamanho do objeto, ou seja, se sua escrita se refere ao
elefante, terá traços grandes, pois o elefante é grande; enquanto, ao escrever sobre a abelha, o traço será bem menor. Não fazem a relação
do som aos fonemas, concentrando-se na quantidade de grafismos.

Sabem a diferença entre um desenho e um texto, por isso, seus signos não são desenhos, mas ainda não são letras. Além disso, conseguirão
entender que os signos podem ser letras ou números, sem diferenciar a correta utilização de cada um. Posteriormente, começam a usar os
signos, mesmo que misturados, sendo que a quantidade não corresponde à palavra (mesa=LSOEIRUHNAMPSOCLFZMDOIFEASNP).
Percebem que a palavra escrita não representa a própria coisa, mas, sim, o nome da coisa.

Silábico expand_more

Já no nível silábico, as hipóteses silábicas já recebem um valor sonoro pela criança para cada sílaba escrita. Iniciam a correlação da escrita
com a fala e, mais adiante, passam da hipótese silábica para a alfabética. Nesse momento, aproxima-se da análise de fonema por fonema,
conseguindo usar a escrita, mesmo com erros, para representar de forma crescente, as partes sonoras da palavra.

Nessa fase, é comum que a criança “coma letras”, ou as acrescente, à palavra.

Alfabético expand_more

Na etapa alfabética, a criança amadurece uma análise fonética, usando a escrita como código para transcrever e converter os sons.
Reconhece que cada letra tem um som. Ela analisa a palavra, suas vogais e consoantes. Ao alcançar a escrita convencional, a criança atinge
a última fase da aprendizagem e aquisição da escrita, que é compreensível, apesar de ainda apresentar erros ortográficos.

“Portanto, a Psicogênese da língua escrita descreve como o aprendiz se apropria dos conceitos e das
habilidades de ler e escrever, mostrando que a aquisição desses atos linguísticos segue um percurso
semelhante àquele que a humanidade percorreu até chegar ao sistema alfabético, ou seja, o aluno, na fase pré-
silábica do caminho que percorre até alfabetizar-se, ignora que a palavra escrita representa a palavra falada, e
desconhece como essa representação se processa”.

(MENDONÇA; MENDONÇA, 2011, p. 39)

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Ler e falar é quase automático para a maioria dos adultos. E essa nossa capacidade de leitura automática pode sofrer interferências quando, por
exemplo, somos solicitados a nomear a cor de uma palavra impressa em outra cor. Esse evento chama-se efeito Stroop, em que se leva mais tempo
para nomear a cor de tinta para um nome colorido quando a cor é diferente do nome.

Efeito Stroop. Ler a cor da palavra ao invés da palavra escrita produz interferências.

Problemas de aprendizagem na fala, leitura e escrita


Nesse processo de aquisição da fala e escrita, a criança pode se deparar com algumas dificuldades, transformando esse precioso período de
aquisição em um momento bastante desagradável e sofrido. Vejamos a seguir três deles:

Dislexia expand_more

É uma dificuldade de aprendizagem que tem origem neurológica. É definida pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por
comprometimento na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit fonológico da linguagem,
que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária.

Para diagnosticar a dislexia, é muito comum se deparar com um quadro de problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que
podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa. É necessário buscar ajuda especializada.

Normalmente, o tratamento é feito por uma equipe multidisciplinar composta por neuropsicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos,
neurologistas, oftalmologistas e outros.

Uma minuciosa investigação deve ser feita para garantir uma maior abrangência do processo de avaliação. A equipe de profissionais deve
verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia.

Disgrafia expand_more

É uma dificuldade na grafia, considerado como um transtorno na escrita que afeta na forma ou no significado, sendo do tipo funcional.
Apresenta um comprometimento no componente motor do ato de escrever, gerando compressão e cansaço muscular, e levam a uma
caligrafia deficitária, com letras sem muita diferenciação, mal elaboradas e sem proporção adequada.

Além da dificuldade do desenho da letra, encontramos também uma postura incorreta ao segurar o lápis ou a caneta, excesso ou
insuficiência na pressão feita sobre o papel, lentificação ou rapidez excessiva no ritmo da escrita. São seus sintomas principais:

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Falha na aquisição da escrita (implica uma inabilidade ou diminuição no desenvolvimento da escrita);


Lento traçado das letras, em geral ilegíveis;
Apresentação desordenada do texto (espaço irregular entre palavras, linhas e entrelinhas);
Postura gráfica incorreta;
Forma incorreta de segurar o instrumento com que se escreve;
Deficiência da preensão e pressão;
Ritmo de escrita muito lento ou excessivamente rápido;
Letra excessivamente grande;
Inclinação excessiva;
Letras desligadas ou sobrepostas e ilegíveis;
Traços exageradamente grossos ou demasiadamente suaves;
Ligação entre as letras distorcida.

Disortografia expand_more

É uma dificuldade que se expressa por meio da incapacidade de estruturar gramaticalmente a linguagem. Pode ser manifestada pela falta de
conhecimento ou negligência das regras gramaticais existentes. Essa dificuldade gera confusão com os artigos e pequenas palavras.

Em formas mais banais, provoca a troca de plurais, falta de acentos ou erros de ortografia em palavras correntes, ou na correspondência
incorreta entre o som e o símbolo escrito (omissões, adições, substituições e outros).

É comum a disortografia acompanhar a dislexia, porém, podem se apresentar separadamente e surgir nos transtornos ligados à má
alfabetização, na dificuldade de atenção sustentada aos sons, e na memória auditiva de curto prazo (Déficit de Atenção).Dificuldades visuais
que podem interferir na escrita podem estar relacionados. Quando a disortografia não é uma comorbidade à dislexia, o prognóstico é melhor.

video_library
Papel do psicólogo nos problemas de aprendizagem
Neste vídeo, o professor Lincoln Poubel refletirá sobre o papel do psicólogo na identificação e intervenção de problemas de aprendizagem ligados à
linguagem.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A escrita é o processo por meio do qual se representa a linguagem em códigos de transcrição gráfica ou representação das unidades sonoras.
De acordo com Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, há três etapas na aquisição da escrita:

I. Alfabetização
II. Pré-motora
III. Silábica
IV. Pré-silábica
V. Operacional

A II, III, IV

B I, III, IV

C II, IV, V

D I, III, V

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E III, IV, V

Parabéns! A alternativa B está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAs%20etapas%20de%20aquisi%C3%A7%C3%A3o%20da%20escrita%20s%C3%A3o%20divididas%20em%20fase%20pr%C3%A9-
sil%C3%A1bica%2C%20sil%C3%A1bica%20e%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o.%3C%2Fp%3E%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%2

Questão 2

No processo da fala e escrita, a criança pode se deparar com dificuldades, tornando esse processo mais delicado e dificultoso. Correlacione as
dificuldades e seus conceitos.

1. Dislexia
2. Disgrafia
3. Dislalia
4. Disortografia

I. Incapacidade de estruturar gramaticalmente a linguagem pela falta de conhecimento ou negligência das regras gramaticais existentes.
II. Apresenta um comprometimento no componente motor do ato de escrever, gerando compressão e cansaço muscular, levando a uma
caligrafia deficitária, com letras sem muita diferenciação, mal elaboradas e sem proporção adequada.
III. Distúrbio da fala caracterizado por apresentar dificuldade na articulação das palavras.
IV. Definida pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por comprometimento na habilidade de decodificação e soletração.

A ordem correta após correlacionar os termos é:

A 1-I; 2-II; 3-III; 4-IV

B 1- III; 2- I; 3-IV; 4-II

C 1-IV; 2-II; 3-III; 4-I

D 1-II; 2 IV; 3- I; 4-III

E 1-II; 2-III; 3-II; 4-I

Parabéns! A alternativa C está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EDislexia%20%C3%A9%20definida%20pela%20dificuldade%20com%20a%20flu%C3%AAncia%20correta%20na%20leitura%20e%20por%2
paragraph'%3EDisgrafia%20apresenta%20um%20comprometimento%20no%20componente%20motor%20do%20ato%20de%20escrever%2C%20geran
paragraph'%3EDislalia%20%C3%A9%20um%20dist%C3%BArbio%20da%20fala%20caracterizado%20por%20apresentar%20dificuldade%20na%20articu
paragraph'%3EDisortografia%20%C3%A9%20a%20incapacidade%20de%20estruturar%20gramaticalmente%20a%20linguagem%20pela%20falta%20de

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4 - Linguagem e suas consequências


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os transtornos de linguagem e suas consequências.

Os transtornos da linguagem na infância


Os transtornos de linguagem são quadros que demonstram desvios nos padrões normais de aquisição da linguagem e podem ocorrer desde suas
etapas iniciais.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5):

“As características diagnósticas centrais do transtorno de linguagem incluem dificuldades na aquisição e no


uso da linguagem por déficits na compreensão ou produção de vocabulário, na estrutura das frases e no
discurso”.

(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 42)

Contudo, crianças normais apresentam variações na idade em que iniciam a aquisição da linguagem falada e, também, no ritmo em que suas
habilidades linguísticas se tornam mais firmemente estabelecidas.

Existem inúmeros tipos de transtornos de linguagem que podem frequentemente aparecer com comorbidades; ou seja, mais de um transtorno de
linguagem aparecer ao mesmo tempo ou um transtorno de linguagem ocorrer concomitantemente a um ou mais outros tipos de transtornos.

É comum que crianças com atrasos na aquisição da linguagem e problemas de leitura e escrita também tenham dificuldades com relacionamentos
interpessoais, que interferem diretamente em um rendimento escolar satisfatório e, consequentemente, derivam em possíveis transtornos
emocionais e comportamentais.

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Essas crianças apresentam capacidade de se comunicarem melhor em situações familiares, apesar do comprometimento da linguagem existir em
qualquer situação. Alterações da linguagem e da fala podem ocorrer devido a questões inatas ou adquiridas, envolvendo aspectos genéticos,
degenerativos, lesionais, ambientais e/ou emocionais. Alguns autores classificam os transtornos com base em dois tipos de fatores: os orgânicos,
sejam eles genéticos, neurológicos ou anatômicos; e os emocionais.

Independentemente de qual seja o tipo, esses fatores podem alterar e recair de forma desfavorável na evolução esperada tanto da comunicação
quanto da linguagem.

Saiba mais
Porém, essa diferenciação entre os transtornos de etiologia orgânica e psicológica é mais útil no adulto, embora os dois tipos de fatores devam ser
considerados de forma integrada.

Os transtornos e suas manifestações

Esses transtornos capazes de interferir na comunicação da pessoa podem estar relacionados com a voz, audição, fala ou linguagem. Os tipos de
transtornos de linguagem mais comuns são expostos a seguir.

Disartria

É a má coordenação dos músculos da fala, caracterizada por uma fala “pastosa” e oscilações incontroladas do volume da voz. A pessoa com
disartria também pode apresentar movimentos exagerados dos músculos dos lábios e maxilar ao falar.

É considerada uma alteração central do controle dos órgãos fonoarticulatórios, sendo localizada a lesão no Sistema Nervoso Central (SNC) e/ou
Sistema Nervoso Periférico (SNP).

A disartria possui tipos diferentes:

Disartria flácida expand_more

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Pode ocorrer flacidez ou paralisia, com diminuição dos reflexos de alongamento muscular, alteração do movimento voluntário, automático e
reflexo, atrofia das fibras musculares, e perda da massa muscular.

Disartria espástica expand_more

Ocorre a espasticidade, que é a rigidez muscular, associada com outras características como: a disfagia (dificuldade de deglutição),
labilidade emocional (ou instabilidade emocional) e fraqueza bulbar.

O bulbo é uma importante estrutura neurológica encontrada no tronco encefálico de onde se originam vários pares de nervos cranianos que
inervam músculos da respiração, garganta e pescoço, envolvendo funções primordiais (como respiração, deglutição, fala e movimentação da
língua).

Observe a localização do bulbo raquidiano na porção inferior do tronco encefálico.

Disartria atáxica expand_more

Os músculos afetados nesse tipo de disartria estão hipotônicos, ou seja, com diminuição do tônus, gerando movimentos lentificados.
Frequentemente pode-se observar nistagmo (movimentos involuntários dos olhos) e instabilidade ou irregularidade nos movimentos
oculares.

Também é possível observar uma voz mais áspera e monótona, com poucas variações de intensidade, se tornando uma fala inexpressiva
(aprosódia).

Disartria hipocinética expand_more

Muito relacionado à doença de Parkinson, apresenta como característica principal a fraqueza da voz, afetando a prosódia e dificultando a
compreensão da fala, com falhas articulatórias.

Dislalia

Espera-se que a criança adquira a maioria dos sons da fala até os seis anos de idade. Como a dislalia é uma alteração na articulação dos fonemas,
ela pode gerar má articulação, fazendo com que os outros tenham dificuldade de entender, bem como omissões, distorções ou substituição de um
som por outro, sons inconsistentes ou concorrentes.

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O personagem com dislalia mais conhecido é o Cebolinha. De acordo com a gravidade do distúrbio, aumenta a inteligibilidade da fala, até que se
torne completamente ininteligível.

A permanência da fala infantilizada, os déficits na discriminação auditiva ou orientação do ato motor da língua são aspectos que, somados aos
fatores etiológicos, propiciam a existência e manutenção da alteração.

Alguns hábitos orais inadequados associados são o uso prolongado da chupeta e mamadeira, onicofagia e sucção de dedo, que, associados à
dificuldade ou alteração da respiração e/ou forma errônea de mastigar e engolir alimentos, provocam esse distúrbio.

nicofagia
Hábito de roer e morder unhas: pode denotar problemas diversos e surgir a partir dos quatro anos de idade.

Todos esses hábitos podem gerar alterações anatômicas e funcionais no sistema orofacial, tornando os
movimentos inadequados para a verbalização correta dos fonemas.

Tipos de dislalia:

Dislalia evolutiva
Dislalia funcional
Dislalia orgânica

Disfluência

A disfluência, conhecida popularmente como gagueira, é um transtorno da fluência da fala que gera dificuldade no fluxo ou ritmo normal, bem como
interrupções anormais e inadequadas, experienciadas pelo indivíduo que gagueja como uma perda de controle. No curso da fala, ocorrem
interjeições, repetições de sílabas e sons, repetições de frases, pausas e sons prolongados.

Para a pessoa que apresenta gagueira, esse fenômeno é vivenciado como falta de controle sobre sua própria capacidade de emitir palavras.

Desde sempre, a gagueira foi classificada como uma dificuldade rítmica da fala. Atualmente, é uma alteração da fluência verbal.

A gagueira pode aparecer entre dois e seis anos de idade (período importante no desenvolvimento da linguagem na criança) e desaparecer em três
ou quatro meses, não representando uma patologia, e sendo conhecida como gagueira do desenvolvimento.

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Mas, no caso da gagueira ou disfluência patológica, os sintomas persistem, interferindo no sucesso acadêmico, profissional e na comunicação. É
importante determinar as causas para descartar possíveis lesões neurológicas, condições médicas ou transtornos mentais.

Afasias

A afasia surge devido à perda ou prejuízo de linguagem, em sua forma expressiva ou receptiva, produzida após uma lesão neurológica, geralmente
acometendo o hemisfério cerebral esquerdo (HE).

É a alteração adquirida mais frequente decorrente de dano cerebral.

Para se classificar uma alteração da linguagem devido à lesão cerebral, como no caso da afasia, é necessário que já tenha sido concluída a
aquisição total da linguagem, ou que pelo menos esteja no seu processo.

O que define a afasia é o local lesionado no cérebro.

Ela é considerada como um transtorno de linguagem que gera a perda parcial ou total da capacidade de expressar ou compreender os pensamentos
expressos pela fala ou escrita. Vamos conhecer a seguir alguns tipos de afasia:

Afasia de Broca expand_more

É um déficit na expressão da linguagem. Nela, a fala e repetição de frases se torna não fluente; entretanto, a compreensão da linguagem
encontra-se preservada. Para o surgimento da afasia de broca, a parte cerebral acometida é a Área de Broca, responsável pelos movimentos
musculares envolvidos na fala, cordas vocais, lábios e língua.

Afasia de Wernicke expand_more

É um déficit na recepção da linguagem. Nela, a fala é fluente, mas a compreensão da fala está comprometida. Aqui a área cerebral lesionada
é a Área de Wernicke, responsável por compreender as ideias e o conhecimento do que foi dito ou o que se pretende “falar” por meio de uma
série de palavras, frases, entoações.

Isto é, ela escolhe e define o discurso, a entoação, as palavras e frases, de uma ideia ou conhecimento que queremos transmitir.

Afasia de Condução expand_more

Déficit de linguagem no qual a compreensão está parcialmente preservada e com fala fluente. Sua dificuldade surge na impossibilidade de
repetir palavras corretamente. A estrutura cerebral comprometida nesta afasia é o fascículo arqueado, responsável por conectar a área de
Broca à área de Wernicke.

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Zona azul: Área de Broca; Zona verde: Área de Wernicke.

video_library
Identificação e intervenção nas afasias
Neste vídeo, o professor Lincoln Poubel fará uma reflexão sobre como identificar e como intervir no caso das afasias.

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19/06/23, 15:52 Linguagem

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Transtornos de linguagem são quadros que demonstram desvios nos padrões normais de aquisição da linguagem que podem ocorrer desde
suas etapas iniciais. São transtornos de linguagem, exceto:

A Dislalia.

B Disfluência.

C Dispraxia.

D Afasia.

E Disartria.

Parabéns! A alternativa C está correta.


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Questão 2

Disartria refere-se a um transtorno de linguagem que envolve comprometimento dos músculos envolvidos na fala. É o tipo de disartria que
ocorre devido à diminuição do tônus, gerando movimentos lentificados, com nistagmo (movimentos involuntários dos olhos) e instabilidade ou
irregularidade nos movimentos oculares.

A Disartria hipocinética.

B Disartria atáxica.

C Disartria flácida.

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D Disartria espástica.

E Disartria hipocinética.

Parabéns! A alternativa B está correta.


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Considerações finais
A linguagem é uma capacidade que nos difere dos outros animais. Por meio dela, nos comunicamos com nossos pares e expressamos nossos
pensamentos, sentimentos e ideias. Estudar a linguagem, língua, fala e escrita, bem como as várias formas e propriedades da linguagem, é um
campo fascinante, no qual vale a pena mergulharmos.

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Podcast
Neste podcast, o especialista refletirá sobre o papel da Psicologia no estudo da aquisição da linguagem, da compreensão e produção da fala e da
escrita, e dos transtornos de linguagem e suas consequências.

Explore +
Assista ao vídeo de Jean Piaget, Estágios de desenvolvimento – construtivismo, no canal didatics, do YouTube. O conteúdo aborda estágios de
desenvolvimento e elementos relevantes com relação à aquisição da linguagem.

Assista no YouTube ao vídeo Noam Chomsky - O Conceito de Linguagem e conheça aspectos gerais e particularidades culturais interessantes
sobre a linguagem.

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Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCATION. Manual Diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BUDIN, J. Metodologia da linguagem: para uso das escolas normais e institutos de educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1949.

CHOMSKY, N. Aspects of the Theory of Syntax. Cambridge, Massachusetts : The MIT Press, 1965.

FELDMAN, R. S. Introdução à psicologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

FERREIRO, E. Lengua oral y lengua escrita: aspectos de la adquisición de la representación escrita del lenguaje. In: Congresso Internacional da
ALFAL, 9., 1990, Campinas. Anais... Campinas: IEL-UNICAMP, 1990, p. 1-15.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Tradução de Diana Myriam Lichtenstein et al. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

KUHL, P. K. A New View of Language Acquisition. Proceedings of the National Academy of Sciences. November 2000; cap. 97(22), p 11850-7.
Consultado na Internet em: 07 dez. 2021.

MENDONÇA, O. S.; MENDONÇA, O. C. Psicogênese da Língua Escrita: contribuições, equívocos e consequências para a alfabetização. Consultado
na Internet em: 07 dez. 2021.

MIRANDA, M. C.; MUSZKAT, M.; MELLO, C. B. Neuropsicologia do desenvolvimento: Transtornos do Neurodesenvolvimento. v. 2. 1. ed. Rio de
Janeiro: Rubio, 2013. 251p.

VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R. Estudos sobre a história do comportamento: símios, homem primitivo e criança. Tradução de Lólio Lourenço de
Oliveira. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

WERKER, J. F.; BYERS-HEINLEIN, K.; BURNS, T. C. The Roots of Bilingualism in Newborns. Psychological Science, 2010.

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