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Linguagem Oral e
Escrita
Psicogênese da Linguagem Oral e Escrita
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Unidade Compreender a relevância da metalinguagem para
a aprendizagem da linguagem escrita
Thinkstock/Getty Images
Nesta Unidade da disciplina “Psicogênese da Linguagem Oral e Escrita:
subsídios para Alfabetização e Letramento” abordaremos a importância que a
metalinguagem possui na linguagem escrita. Vamos destacar em que medida a
metalinguagem pode contribuir para o trabalho do professor, fazendo com que as
crianças aprendam de forma mais eficiente.
Não esqueça de que você pode contar com o auxílio do professor-tutor que, prontamente,
tentará sanar suas dúvidas. Se houver problemas técnicos, você tem a possibilidade de contar
com a equipe de suporte!
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Unidade: Processos e áreas de conhecimento em Projetos
Contextualização
Fonte: Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras Fases da Alfabetização: como a intervenção em consciência
fonêmica ajuda as crianças na aprendizagem inicial da leitura. Tese de Doutorado em Educação: Psicologia
da Educação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PUC/SP.
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Compreender a relevância da metalinguagem para a aprendizagem da
linguagem escrita
Consciência da aliteração.
Consciência fonêmica
Exemplo: PALHAÇO
(consciência das menores
começa com o mesmo
unidades da fala)
som de PAÇOCA.
Siccherino, 2013
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Unidade: Processos e áreas de conhecimento em Projetos
O nosso cérebro faz a classificação e a percepção das menores unidades de som, a que
chamamos de fonemas. Os fonemas fazem diferença no significado porque um fonema trocado
modifica o significado da palavra, conforme o exemplo:
DADO DEDO
Se trocarmos o fonema /a/ pelo fonema /e/ muda o significado da palavra: a palavra
dado muda para a palavra dedo.
Dito de outro modo, os fonemas são unidades da fala, mas são representados pelas letras
da língua alfabética. Quando uma criança está aprendendo a ler e a escrever deve receber
um ensino explícito e sistematizado desses sons e das devidas correspondências com as letras
para que se tornem conscientes de como as palavras são formadas. A isso damos o nome de
consciência fonêmica.
Mas quando deve ser iniciado esse ensino?
Na Educação Infantil, as crianças podem ser iniciadas na conscientização da consciência
fonológica porque é um trabalho oral e deve ser lúdico e prazeroso. As atividades devem ser
bem planejadas e preparadas para que as crianças aprendam brincando, embora já sendo
inseridas nesse tipo de tomada de consciência da linguagem.
De acordo com Maluf e Barrera:
“É durante os anos pré-escolares e início da escolarização que as crianças
aprendem a ler e a escrever e desenvolvem a capacidade de prestar atenção
à fala analisando-a em seus diversos segmentos, a saber, fonemas, sílabas e
palavras. (1997, p. 126)”.
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Jogos de Escuta
Os jogos de escuta permitem que as crianças sejam introduzidas na arte de ouvir de forma
atenta e analítica os sons da fala. Na escola, a professora pode solicitar que as crianças ouçam
diversos tipos de sons: vento, portas batendo, outras pessoas conversando, crianças cantando,
entre outros. As crianças podem permanecer de olhos fechados e ir descobrindo de onde vêm
os sons, podem ouvir poesias, músicas. A professora pode trocar as poesias e as músicas por
trechos incorretos para que as crianças identifiquem qual a parte incoerente com o habitual.
Com isso, a professora estará permitindo a inserção das crianças no trabalho metalinguístico de
ouvir de forma consciente os sons (Adams e cols, 2006).
PETECA BONECA
2) As palavras devem ser separadas por espaços em branco quando são escritas. Na fala
contínua, esses espaços em branco não são percebidos. A professora pode brincar com
as crianças colocando fichinhas para cada pedaço falado.
iStock/Getty Images
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Unidade: Processos e áreas de conhecimento em Projetos
Consciência silábica
Depois que as crianças entenderem que as frases são formadas por palavras, a professora
pode começar a mostrar que as palavras são formadas por sequências de unidades menores:
as sílabas, que não possuem um significado, na maioria das vezes, como no exemplo a seguir:
SÍLABA COM
PÉ → SIGNIFICADO
SÍLABA SEM
BA → SIGNIFICADO
SAPATO SA PA TO
BA → /b/ /a/
Os fonemas iniciais das palavras são mais fáceis de serem percebidos em comparação aos
fonemas finais e mediais. É importante que a criança comece a perceber que quando os fonemas
são trocados as palavras mudam de significado. Veja o exemplo:
POTE → BOTE
/p/ /b/
Conciência Fonêmica
Perceber que as palavras são formadas por fonemas significa descobrir e compreender o
princípio alfabético. Essa percepção é semelhante ao entendimento de que as frases são formadas
por palavras. Contudo, quando se trata de fonemas é mais difícil porque eles não são facilmente
percebidos na fala contínua. As palavras e as sílabas são mais fáceis de as crianças perceberem.
Essa dificuldade pode ser justificada pelo fato de os fonemas serem as menores unidades da
língua e por não terem significado.
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Uma possibilidade para as crianças perceberem os fonemas pode ser a percepção da
pronúncia, utilizando espelhos a fim das crianças observarem o movimento das próprias bocas
enquanto pronunciam as palavras.
Adams e seus colaboradores destacam:
“As pesquisas demonstram que, uma vez que as crianças tenham dominado
a consciência fonêmica dessa forma, geralmente se segue um conhecimento
útil do princípio alfabético com bastante facilidade. Isso não é de admirar:
tendo aprendido a prestar atenção e a pensar sobre a estrutura da língua dessa
forma, o princípio alfabético faz sentido. E tudo o que falta para que ele se
torne utilizável é o conhecimento da letra específica pela qual cada fonema é
representado.” (2006, p 124)
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Unidade: Processos e áreas de conhecimento em Projetos
Concluindo
Diante disso, podemos dizer que as crianças, desde pequenas são capazes de utilizar a
linguagem como forma de comunicação. Sem um ensino formal e explícito, as crianças vão
adquirindo o conhecimento linguístico de forma implícita porque estão inseridas em um meio
social no qual as pessoas utilizam a linguagem oral para se comunicar.
Entretanto, quando se trata da linguagem escrita, é necessário o conhecimento linguístico que
envolve a manipulação intencional da linguagem, como objeto de pensamento. É aqui que podemos
citar a metalinguagem, ou seja, a habilidade de refletir sobre os aspectos formais da língua.
Desde a década de 1980, vários pesquisadores da área da Psicologia Cognitiva vêm
apresentando interesse em estudar os aspectos metalinguísticos. Hoje, há um consenso de que
o conhecimento metalinguístico está relacionado à aquisição da linguagem escrita. Os estudos
demonstram que para essa aprendizagem deve haver certo grau de reflexão sobre a linguagem.
Além disso, os estudos mostram que a reflexão sobre a linguagem é fruto de um ensino explícito,
ou seja, de natureza escolar.
Sobre a importância da metalinguagem Roazzi e Carvalho destacam: “Quanto mais a criança
possui experiências com a linguagem e quanto mais reflete sobre seu uso, maior será sua
consciência metalinguística.” (1995, p. 480).
De acordo com a literatura da área e com as pesquisas, podemos afirmar que a metalinguagem
e suas diferentes habilidades são essenciais para a aprendizagem da linguagem escrita,
especialmente a consciência fonológica, uma vez que ela se refere à reflexão da linguagem em
várias unidades: sons, frases, palavras, letras e fonemas.
Devemos adquirir cada vez mais conhecimentos a respeito de questões que cercam a
aprendizagem da linguagem escrita, os estudos mais recentes e as implicações pedagógicas
trazidas por esses estudos.
Na medida em que os resultados de pesquisas vão surgindo mais questões técnico-
metodológicas vão sendo preparadas. Diante disso, mais conhecimentos vão chegando para
auxiliar os profissionais da educação a lidar com as questões da alfabetização.
Por fim, Maluf e Gombert, (2008, p. 134), afirmam:
Pesquisas recentes, realizadas no contexto da teoria cognitiva da leitura, vêm
produzindo evidências de que o método de alfabetização mais eficiente é aquele
que favorece a instalação de duas competências básicas: consciência fonêmica
e o domínio do princípio alfabético. Aí reside a captação da lógica indispensável
para aprender a ler e a escrever.
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Material Complementar
Para ampliar seus conhecimentos, leia os dois artigos científicos indicados a seguir:
Revista CEFAC
Vol. 16, n. 1, pp. 328-335, Out, 2012
A influência das habilidades em consciência fonológica na terapia para os desvios
fonológicos
Carolina Lisbôa Mezzomo et.al
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Unidade: Processos e áreas de conhecimento em Projetos
Referências
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Anotações
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