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Lato – Sensu
São Paulo
2016
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Introdução
O Grafismo
Histórico da escrita
Para alguns estudiosos a escrita pode ser considerada uma “tecnologia” aplicada
à linguagem oral, sendo essa última natural na sua possibilidade biológica e social na sua cons-
trução como sistema simbólico. Se for uma tecnologia, a escrita precisa ser conhecida, apren-
dida e dominada pelo sujeito para ocasionar algum ato social efetivo.
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A aquisição e a automatização dos mecanismos de leitura e de escrita são proces-
sos extremamente complicados porque envolvem a imagem escrita identificada por associação,
com o som da palavra: olhos e ouvidos coordenam-se quando escrevemos.
Mobilizam-se, na escrita, 500 músculos do corpo humano. Ouvimos mentalmente
as palavras que escrevemos. Escrever e falar são técnicas diferentes, ninguém escreve como
fala porque não escrevemos como falamos pela falta de sinais capazes de impregnar a língua-
gem escrita, da variedade e da riqueza da linguagem falada.
Por exemplo: Venha cá! Com raiva: VENHA CÁ! Com emoção: Venha cá...! etc
Leitura
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com as habilidades que permitem a boa comunicação oral. Simultaneamente, todas essas
habilidades da motricidade e da fala tornam possível o desenvolvimento da capacidade de
abstração, base da lógica do pensamento, que é o outro sustentáculo desse tripé que permite
a alfabetização: boa comunicação oral x bom domínio do espaço e do tempo = capacidade de
abstração favorecida.
Independente do motivo, qualquer falha que comprometa o desenvolvimento
dessas habilidades e capacitações coloca em risco a aquisição e a automatização dos mecanis-
mos de leitura e escrita podendo precipitar num risco de fracasso no domínio da leitura e da
escrita. (RODRIGUES, 2008).
Nesses casos, mesmo crianças inteligentes e com bom potencial de aprendizagem
podem apresentar falhas de leitura (geralmente truncada, sem ritmo, sem compreensão) e da
escrita (em que acontecem trocas e omissões de letras). Outros sinais decorrentes deste
mesmo problema são a desatenção e a inquietude.
Segundo Rodrigues (2008), a alfabetização só deveria ser desencadeada depois de
certificada através da avaliação foniátrica sobre a integridade das funções básicas que
viabilizam esse processo. Quando há falhas, e estas não são adequadamente identificadas e
tratadas, inúmeras crianças, com bom potencial são levadas ao insucesso escolar.
O problema mais freqüente está na dificuldade de automatizar os mecanismos de
leitura e escrita, o que torna essas práticas uma verdadeira tortura, por absoluta falta de
condições para realizá-las como seria esperado.
Marcuschi (2001) coloca que em conseqüência da dificuldade no processo de
diferenciação da fala, ficam alterados o desenvolvimento e o aprimoramento da retenção dos
sons, ou seja, a Memória Auditiva. Esta, por sua vez, compromete a habilidade de juntar e
separar sons, prejudicando a análise e a síntese auditivas.
Mesmo que a criança já tenha desenvolvido as estruturas do sistema nervoso
central, torna muito difícil a transposição correta e automática dos sons da fala para as letras
correspondentes, no ato de escrever, e das letras para os sons correspondentes, no ato de ler.
Muito antes do problema surgir, no período de alfabetização, quando cada uma dessas funções
é significativamente mais exigida, há vários sinais e sintomas com base nos quais é possível
detectá-lo. Um deles é o atraso do surgimento da fala, ou “fala distorcida”, com trocas e
omissões sistemáticas dos sons.
Também pode ocorrer desatenção, ou desligamento, que costumam ser relatados
como parecendo que a criança não entende quando falamos com ela ou pela solicitação
frequente para que repitamos o que foi falado. Seus relatos são desorganizados. Todos esses
fatores sugerem deficiências no sistema de processamento dos sons da fala, envolvendo
dificuldade de discriminação, memória, análise e sínteses auditivas.
Pode-se concluir que, uma criança com dificuldade de aprendizagem na leitura e
na escrita pode ser uma criança com aptidões mentais adequadas, adequados processos
sensoriais, estabilidade emocional, que tem um limitado número de deficiências específicas nos
processos perceptivos, integrativos ou expressivos e que impedem a eficiência desta
aprendizagem. O desempenho oscilante, gerado pela falha de automatização, resulta em mau
rendimento escolar, que pode ser interpretado como falta de interesse pela criança.
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Dificuldades de leitura e de escrita
1. Agrafia - Incapacidade para escrever que, geralmente, costuma ser parte integrante da
afasia de Broca. No entanto, agrafia não raramente pode ser encontrada em indivíduos sem
qualquer distúrbio de fala.
2. Disgrafia - Constitui-se numa manifestação das afasias e implica numa anomalia do grafis-
mo. Numa abordagem funcional, trata-se de perturbações da escrita, que surgem em crianças,
e que não correspondem a lesões cerebrais ou problemas sensoriais, mas a perturbações
funcionais.
5. Dislexia - Existem 3 tipos de dislexia: a auditiva, visual e a combinação das duas, o erro
mais comum é se julgar que a criança apresenta dificuldades tanto visuais como auditivas, mas
não, o problema está no processamento cerebral tanto da informação proveniente da visão
como da audição.
Dislexia é a palavra utilizada para definir um tipo de distúrbio de leitura e escrita que ocorre
em crianças consideradas “normais”. É caracterizada, na escrita, pelas trocas e omissões de
letras, que são mal distribuídas no espaço, de tamanho irregular e que pioram com o decorrer
da atividade gráfica.
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A criança rotulada como disléxica tem falhas nos mecanismos envolvidos na transposição dos
sons para as letras (escrita) e das letras para sons (leitura). Essas falhas só se manifestam de
maneira contundente, após os 7 anos.
6. Disortografia - Caracteriza-se pelo conjunto de erros da escrita que afetam a palavra, mas
não o seu traçado ou grafia. (GARCIA 1989), ou seja, na disortografia vamos encontrar erros
apenas na escrita, sem que se repitam na leitura.
Para que a criança tenha sucesso na apropriação da leitura e escrita é necessário que a escola
proponha tarefas de acordo com o desenvolvimento infantil. Além disso, leitura e a escrita são
pré-requisitos para as outras aprendizagens escolares, portanto, devem ser priorizadas.
A dificuldade da escrita trabalha com a questão do ato de escrever e toda a sua estrutura gra-
matical, ortográfica fonética etc., pois a construção da escrita é um dos últimos processos de
aprendizagem e um dos mais complexos a ser adquirido pelo homem porque para escrever é
necessário que se observem operações cognitivas que resultem da integração dos níveis ante-
riores da linguagem.
De acordo com Kato (1994) a escrita surgiu para atender as necessidades do homem e da so-
ciedade, enquanto a escrita da criança aparece como meio de exploração e de um interesse
por aquilo que ainda não conhece e compreende. A escrita requer o processo de translação dos
sons da fala juntamente com o processo de visualização, isto é, as letras. A escrita depende
muito da percepção auditiva, da discriminação e da memória seqüencial auditiva.
Ou seja, quando falamos sobre a escrita, nos vem à mente, que para escrever, é necessário
organizar um pensamento, discriminar os sons das letras, palavras, conhecer a gramática,
ortografia, sentença e aí começar a escrever, tudo isso é muito difícil para quem está apren-
dendo, é claro que a fala acaba sendo mais utilizada, pois ela pode sair espontaneamente sem
precisar pensar em todas essas questões.
A escrita é um processo complicado que vai exigir vários anos de esforços escolares para a sua
total aprendizagem, pois envolve habilidades diferentes e independentes que necessitam ser
treinadas. Quando pensamos no ato de escrever, estamos falando de solucionar problemas,
transmitir uma mensagem, como será escrito, a quem será dirigido o escrito etc.
Finalizando, para chegar a uma escrita, é importantíssimo o aprendizado escolar, onde a cri-
ança estará diante das normas gramaticais que a levarão a uma escrita adequada. Não esta-
mos afirmando que ela não possa aprender isso fora da escola, mas é, normalmente, na es-
cola, que ela irá conhecer todo o processo e normas.
“ Educador, é toda pessoa que com sua sensibilidade e criatividade, cria condições
para que o outro realize suas próprias descobertas”. (Maria de Lourdes Carvalho).
O professor de hoje tem de estar voltado para o futuro, preparando seus alunos para
as mudanças rápidas da sociedade atual. É necessário, para isso, que faça previsões sobre o
modelo de ensino que resultará em descobertas, e acredite que conhecimento é poder, e logo a
importância da educação é suprema em nossa sociedade.
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Devemos permitir que o aluno se desenvolva com autonomia na construção de sua
aprendizagem, tendo em mente que o debate sobre a alfabetização de jovens e adultos ainda se
mostra muito necessário, uma vez que muitos destes estão excluídos da sala de aula como tam-
bém do mercado de trabalho.
É importante salientar que vivemos um novo tempo, portanto um novo profissional de-
ve ser incutido em nós, professores, que somos o perfil daquele ser que conhece tudo, enfim o
exemplo. Somos aquele ser que deve levar para a sala de aula uma proposta pedagógica bem
mais complexa, que vai além de manuais, os quais não deixam livres as ações dos professores,
ações estas de pensar e decidir a sua prática pedagógica.
A leitura, como qualquer uso da linguagem, é produzida em determinadas condições.
Vários são os componentes das condições de produção de leitura, a história da leitura nas diferen-
tes épocas; a história de leitura do texto; a história de leitura do leitor. Percebe-se que até o que os
jovens e adultos trazem consigo mesmos é importante na função social que a língua exerce sobre
todo o contexto da sala de aula e, conseqüentemente, no momento da aprendizagem.
O professor nunca deve perder de vista as histórias de leitura dos diferentes leitores
(seus alunos jovens ou adultos), pois são repletas de particularidades, como também ser sensível
às características de seus alunos.
A concepção de linguagem (ler e escrever) é tão importante quanto a postura que se
tem relativamente à educação.
A primeira idéia a ser abordada é a linguagem como expressão do pensamento. Aqui
cabe ressaltar que as pessoas não se expressam bem porque não pensam, e o papel do professor
é justamente fazer com que seu aluno construa o pensamento de forma definida, estruturada, coe-
sa, levando em consideração que a expressão se constrói no interior da mente.
Existem regras a serem seguidas para a organização lógica do pensamento e, conse-
qüentemente, da linguagem. Isto é o que constitui o escrever. “ Grandiosa é a função social que a
escrita exerce no indivíduo”.
A segunda idéia,é a linguagem como instrumento de comunicação, onde signos (sig-
nificado e significante) se combinam exercendo um ato social. É através do ler e escrever que os
nossos alunos se integrarão à sociedade, capazes de transmitir uma mensagem, expressando-a de
maneira oral (expressar-se bem) ou por meio da escrita.
O professor entusiasta, que deve ser o professor de hoje, deve ter princípios básicos
com relação ao seu aluno. O adulto ou o jovem já tem um conhecimento e outros novos conheci-
mentos serão aprendidos a partir dos velhos. O aluno aprende pensando, construirá e reconstruirá,
criará, recriará, produzindo um novo conhecimento.
O aluno descobrirá as regras convencionais do sistema escrito através dos erros,
tentativas de respostas e saídas para as situações de conflito cognitivo. Isto mostra que o aluno
pensa no momento que escreve.
Todavia, alguns professores se sentem frustrados quando não conseguem o resultado
que gostariam. Pense que “ensinar não se identifica com aprender, porque nem sempre as estru-
turas cognitivas do sujeito são suficientes para compreender uma informação ensinada. “ (Maria de
Lourdes Carvalho)
O aluno, pode ter como característica a distração, a falta de concentração, a preguiça
de estudar ou até mesmo a ignorância sobre todo o contexto em que vive.
A aprendizagem, seja da vontade de ler, ou escrever e fazer da escrita a sua comuni-
cação, a sua função social, não é um processo linear, é um desenvolvimento que passa por mo-
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mentos de estagnações, podendo até retroceder ao velho ou bruscamente atingir o novo conheci-
mento.
Nós, educadores, estamos acostumados a ver a arte na dança, no teatro, nas mani-
festações artísticas como um todo, porém nos esquecemos de refletir sobre a relação da aprendi-
zagem da língua na função social da leitura e da escrita.
A arte de ler e a arte de escrever, no entanto, abrigam em si as mesmas questões que
todo processo criativo e artístico enfrenta.
A língua sofre um desgaste de significação por ser de tanto valor utilitário. Seu uso
constante a torna banal.
Assim como a oralidade, a leitura e escrita também padecem dessa desvalorização,
por sua grandiosa utilização na escola: a maioria dos trabalhos é de leitura e escrita. Ao aluno
compete ouvir, estar atento, registrar e repetir o que lhe foi apresentado. Não é de se estranhar que
a partir de certo tempo, a rejeição pela leitura e escrita se configure.
Isto é o que os professores têm de mudar. O aluno deve se apoiar no apreciar, no
contexto e no produzir este contexto, porém de maneira diferenciada. E, somente nós, educadores,
oferecemos as técnicas do novo para tratar do assunto em questão.
No caso da poesia, o gosto por ela pode ser aprendido desde a cantiga de ninar que se
ouve quando nasce, pois a sonoridade das palavras, o ritmo é apresentado num ato de aconchego,
assim como os jogos preferidos carregados de rimas e trocadilhos. Tudo isto, se valorizado pelo
professor, pode movimentar sons e significados nos alunos e, com certeza, o número de poetas
crescerá bastante.
A poesia é uma arte, que depende da leitura (o ler e interpretar) e escrita (análise críti-
ca). Ela dá a grande possibilidade de brincar com as palavras: som, significado, visualidade. Ofere-
ce maior liberdade de criação, permite transgressões que o texto narrativo não aceita, por conta de
regras, da estrutura gramatical.
É rico demais pensar que a linguagem poética é uma ótima cúmplice no processo de
revalorização e recuperação do desgaste lingüístico. Olhar para cada palavra por seus três ângulos
(aspecto gráfico, sons, significado), redescobrir suas diferentes possibilidades no contato com ou-
tras palavras, auxilia muito no resgate necessário da linguagem verbal (oralidade, leitura e escrita).
Para tanto a palavra tem lugar de honra na arte, dentro e fora da sala de aula. E, a
escrita ter destaque na hora de interpretar criticamente o texto, ou seja, mostrar o exercício da sua
tão grandiosa função social.
Ao professor-educador cabe algumas reflexões: o professor não pode se limitar a edu-
car o seu aluno pelo conhecimento destituído da compreensão do homem real, ele pode educar o
seu aluno qualificando-o para aprender a progredir no mundo de fora da sala de aula, oferecendo
instrumentos para dar respostas não acabadas, sem medo do novo.
O professor deve apresentar uma educação dialógica, marcada pela troca de idéias,
lembrando-se de que as diferenças, assim como o novo, só servem para somar e multiplicar aquilo
que já foi ensinado.
> o primeiro, apresenta a leitura como matéria-prima para a escrita. Seria o que
escrever. Está relacionado aos textos lidos e compreendidos, de uma maneira determinada. Estes
são a matéria prima para novas leituras e prováveis redações;
> o segundo, é quando a leitura contribui para a constituição dos modelos, é o como
escrever. A base é dar condições para o aluno elaborar sua relação com os modelos, podendo
produzir textos.
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Agora, podemos entender o apreciar o fazer e o contextualizar. Podemos vencer os
desgastes que a língua sofre por sua constante utilização: apreciando, produzindo e contextuali-
zando.
O apreciar da leitura, enxergando oportunidades para interpretar imagens e sons do
mundo, interpretar gestos, movimentos corporais, fisionomias, comportamentos. Observar cenas
do cotidiano e acontecimentos sociais relevantes, sempre ampliando o potencial da memória visual
e auditiva.
A manifestação de produções próprias, tendo como fator crucial que não escrevemos
exatamente como falamos. Podemos falar de modos diversos, mas há apenas um modo convenci-
onal de escrever: ortograficamente.
Possibilitar a contextualização, ou seja, buscar informações, ampliar conhecimento que
aos poucos vão alimentando o próprio fazer e o apreciar.
Nós, educadores, temos de pensar que são essas as oportunidades que fazem o
objetivo básico do aluno de desenvolver a leitura e sua expressão significativa. É inadmissível que
os educadores não utilizem sua própria sensibilidade para estimular que o seu aluno se torne
espontâneo na dimensão da linguagem.
Referências Bibliográficas
COOTES, Claire e SIMSON, Sarah. O ensino da ortografia a crianças com dificuldades de apren-
dizagens específicas. In SNOWLING, Margarete STACKHOUSE, Joy. (orgs.) Dislexia, fala e lín-
guagem: um manual do profissional. Trad. Magda França Lopes.Porto Alegre: Artmed, 2004.
pp.183-202.
FULGENCIO, Lúcia, LIBERATO, Yara Goulart. Como facilitar a leitura. São Paulo: Contexto,
1992. (Coleção repensando a língua portuguesa).
KATO, M. No mundo da escrita. São Paulo: Ática, 1986. MARCUSCHI, L. A. Da fala para a
escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Editora Cortez, 2000.
MONTEIRO, M. Leitura e escrita: uma análise dos problemas de aprendizagem.2 ed. Petrópolis:
Vozes, 2004.
Site
RODRIGUES, Evaldo J. B. Instituto de Foniatria e Fonoaudiologia - Home
Page: www.foniatria.med.br
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
TRABALHO FINAL
Capa :
Nome da faculdade
O curso
A unidade estudada
O tema do trabalho
O professor
O pólo
Data
O aluno
NOTA: