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O QUE A PALAVRA DE DEUS NOS ENSINA SOBRE O DINHEIRO?

O QUE O SENHOR JESUS QUER QUE FAÇAMOS COM O QUE TEMOS?

Sei que este é um assunto bastante polêmico, principalmente em nossos dias, quando há uma
quase infinita variedade de conceitos e ideias, e até mesmo de doutrinas e práticas religiosas que versam sobre
este assunto.
Há religiões e assim chamadas “igrejas” que cobram o dízimo baseadas em MALAQUIAS 3:10 e
outras passagens... Há ainda outras que “cobram” apenas as ofertas... Mas qual é, perante a Palavra de DEUS,
a prática mais coerente com o que JESUS ensinou?
Quero convidar você a examinar à Luz da Bíblia Sagrada a questão “finanças” e “posses” para
compreender a boa, perfeita e agradável vontade de DEUS sobre esse assunto.
Estou certo de que há muitos homens de DEUS que não só aprenderam, mas que também ensinam
de forma diversa esse tema... Longe de mim querer corrigi-los ou condená-los... Estou tão somente expondo o
que tenho aprendido com o SENHOR e também o que procuro praticar na minha vida...
Vamos ao nosso estudo...

O Dízimo
NA HISTÓRIA
No mundo antigo, a prática do dízimo é encontrada na Babilônia, na Pérsia, no Egito, na Grécia,
em Roma e até mesmo na China. Por causa da concepção nessas culturas antigas de que as terras como um
todo pertenciam aos deuses, um profundo significado religioso ficou arraigado ao conceito do dízimo. “A
entrega dos dízimos sobre as propriedades, para fins de sagrados, era comum por todo o Oriente Próximo
Antigo, embora evidências bem documentadas com relação a essas oferendas sejam provenientes
principalmente da Mesopotâmia”, diz o pesquisador Paulo José de Oliveira, cristão presbiteriano e autor do
livro Desmistificando o dízimo (Editora ABU).
Para ser ter uma ideia da dimensão histórica do dízimo, a prática é encontrada já no século 14
a.C., em Ugarit, cidade no litoral norte da Fenícia.

As Finanças no Antigo Testamento


No início da criação, quando DEUS criou o homem, não houve ali qualquer ordenança quanto à
“oferecer algo a DEUS”, mesmo porque do SENHOR é a Terra e a sua plenitude, Seus são todos os animais
do campo... E o homem foi colocado na Terra, criada por DEUS, para “administrá-la em comunhão com ELE”.
Quando Adão e Eva desobedeceram a DEUS, tendo sido expulsos do Jardim do Éden, começou então a história
dos “sacrifícios e oferendas”, quando o homem passa a trazer ao SENHOR suas oferendas, como vemos no
caso de Abel – que trouxe ao SENHOR das primícias de suas ovelhas (já que era pastor), e Caim trouxe do
fruto da terra (visto que era agricultor).
Desde então, aqueles que servem a DEUS têm trazido suas oferendas à DEUS... Na verdade, o
sacrifício de animais começou lá no Éden, quando DEUS matou um cordeiro para fazer vestes para Adão e
Eva... E depois disso, a oferenda dos sacrifícios veio passando de pai para filho... Abel foi ensinado por seu
pai Adão que havia a necessidade de um sacrifício (embora não soubesse, esse sacrifício representava o
sacrifício a ser feito por JESUS CRISTO, o Cordeiro de DEUS – JOÃO 1:29).
Depois do dilúvio, logo ao sair da arca, também Noé levanta um altar e oferece sacrifícios ao
SENHOR – GÊNESIS 8:20... Ao longo das Escrituras Sagradas, a vida dos homens que serviam a DEUS era

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caracterizada por uma “vida de altar” – GÊNESIS 12:7,8; 13:18; ÊXODO 17:15; JOSUÉ 8:30; JUÍZES 6:24; 1 REIS 18:30
e referências. Logo, ofertar ao SENHOR era uma prática na vida dos homens de DEUS.

A primeira menção do “dízimo” nas Escrituras, está em GÊNESIS 14:20, quando Abraão, ao
encontrar-se com Melquisedeque (uma manifestação do SENHOR JESUS, conforme HEBREUS 7:1-8) lhe dá o
dízimo de tudo.
Infere-se, portanto do texto, que em sua juventude, Abraão aprendeu sobre o “dízimo” na casa de
seus pais, que habitavam a terra de Ur dos caldeus, pois Ur era, segundo pesquisadores, uma “megalópole” de
sua época, com cerca de 65.000 habitantes. Nessa região a religião era politeísta, e a adoração à várias
divindades tinha entre suas práticas a entrega do “dízimo”.
Logo, naturalmente ao reconhecer Melquisedeque como sacerdote do Deus Altíssimo, é “natural”
que Abraão se achegasse até ele levando consigo os seus “dízimos”.
Infere-se também que Abraão tinha essa prática – dar o dízimo – pois muito tempo depois, seu
neto Jacó, filho de Isaque, ao ter que fugir de seu irmão Esaú, faz uma promessa a DEUS:
“E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para
comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus; e esta pedra,
que tenho posto por coluna, será Casa de Deus; e, de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”
(GÊNESIS 28:20-22)

Posteriormente, quando DEUS ordenou que os hebreus construíssem um Tabernáculo no deserto


– conforme ÊXODO CAPÍTULOS 25 E 26 – ELE moveu o coração do povo a trazer ofertas de ouro, prata, pedras
preciosas, tecidos e todo o material necessário para a construção – ÊXODO CAPÍTULO 35 – a fim de que o
tabernáculo fosse construído. Foi tal a “voluntariedade” do povo em trazer as ofertas, que Arão teve que pedir
ao povo que parasse de trazer material – ÊX. 36:5-7.
Depois de construído o tabernáculo, DEUS escolheu a tribo de Levi para o serviço sacerdotal, isto
é, a família (clã) de Levi seria responsável pelo serviço do tabernáculo e também em receber os dízimos do
restante do povo  NÚMEROS 18:21-32 e referências...
A partir de então, todos os dízimos seriam dados aos sacerdotes levíticos, aos levitas, pois estes
não faziam outro tipo de serviço, mas apenas administravam o sacerdócio (intercediam pelo povo e ofereciam
sacrifícios diante de DEUS), também faziam parte dessa tribo os cantores e porteiros que serviam no templo.
Deus deu os dízimos de Israel por herança aos levitas, em vez da terra (JOSUÉ 13:14; DEUTERONÔMIO
10:6-9; 18:1-5, NÚMEROS 18:21-24). Os levitas davam os dízimos [dos seus dízimos] e ofertas aos sacerdotes
(NEEMIAS 10:38, NÚMEROS 18). Os levitas e sacerdotes dependiam dos dízimos para comer. A casa de Deus era
um ARMAZÉM e PONTO DE DISTRIBUIÇÃO para os sacrifícios, levitas, sacerdotes e os necessitados
“Trazei todos os dízimos à CASA DO TESOURO, para que haja MANTIMENTO na Minha Casa, e
depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e
não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes” (MALAQUIAS
3:10). (NEEMIAS 13:10-13; 1 SAMUEL 8:15, 17; 2 CRÔNICAS 31:11; DEUTERONÔMIO 12:6-7; 17-19; 14:22-23). Na lei,
houve somente uma exceção para se converter o dízimo em dinheiro. Segundo muitos eruditos, tal exceção foi
mais tarde abolida. DEUTERONÔMIO 14:24-27 mostra essa antiga exceção, provando que sistemas financeiros
estavam em vigor, sem que o dizimo fosse baseado em dinheiro. Nessa antiga exceção, poder-se-ia vender o
dízimo da produção da terra em circunstâncias específicas, para se gastar o dinheiro no que se desejasse,
contanto que isso fosse compartilhado com o levita local. Esses versos também deixam claro que “se a
distância fosse longa demais para CARREGAR O SEU DÍZIMO”, provando que o dízimo NÃO era baseado
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em dinheiro. O Novo Testamento mostra os fariseus dizimando não sobre o lucro ou dinheiro, mas sobre o que
eles POSSUÍAM E CULTIVAVAM (LUCAS 18:12; MATEUS 23:23), mostrando que o dízimo era baseado na
PRODUÇÃO AGRÁRIA – conforme LEVÍTICO 27:30-33.

Ainda que houvesse a ordem de “dar o dízimo” de tudo, vemos em DEUTERONÔMIO 15:7-11, que
DEUS ordena aos mais abastados que supram a necessidade de seus irmãos mais pobres, sendo aqui
estabelecido o princípio do “repartir”.

ALGUNS ESCLARECIMENTOS
Durante todo o tempo que o sacerdócio levítico foi mantido, pelo fato de que eles não exerciam
qualquer atividade para seu sustento, o povo de Israel sustentava-os com seus dízimos. Até mesmo quando
JESUS nasceu, a Antiga Aliança ainda estava em vigor, ao ponto de o próprio Jesus ordenar a um homem que
curou, que fosse ao templo oferecer o sacrifício segundo a lei de Moisés, conforme MARCOS 1:44; LUCAS 5:14.
Por ser judeu, JESUS guardava o sábado, porque o sábado é um sinal entre DEUS e o povo judeu – ÊXODO
31:13.
JESUS também foi circuncidado – porque essa era uma aliança entre DEUS e os descendentes de
Abraão – GÊNESIS 17:10-12; LUCAS 1:59; 2:21. JESUS veio para o povo “judeu” (veio para o que era seu, mas os
seus não O receberam... – JOÃO 1:11) ...

Voltando à questão do dízimo...


Em MALAQUIAS 3:10, quando o texto fala “trazei todos os dízimos à casa do tesouro” precisamos
compreender para quem está falando, e o objetivo dessa ordem...
O texto em questão, embora uma ordem divina, foi direcionado para Israel, tendo em vista que
a “casa do tesouro” era o templo em Jerusalém, onde havia uma dispensa na qual eram colocados os “dízimos”
do produto do campo levado pelos israelitas o templo.
Precisamos entender, ao examinar as páginas da Bíblia Sagrada, que tudo o que foi feito e escrito
envolvendo o povo de Israel, foi feito como um sinal para nós...
"Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são
chegados os fins dos séculos." (I CORÍNTIOS 10:11)
O profeta Malaquias foi contemporâneo de Esdras e Neemias, no período após o exílio do povo
judeu na Babilônia em que os muros de Jerusalém tinham sido já reconstruídos em 445 a.C., sendo necessário
conduzir os israelitas da ociosidade religiosa aos princípios da Lei mosaica.
Assim como Esdras e Neemias, o profeta Malaquias também falou contra o casamento com
mulheres estrangeiras (ML. 2:11-15; CF. NE. 13:23-27), combateu a negligência sobre o dízimo (ML. 3:8-10; NE.
13:10-14), criticou severamente as práticas reprováveis de um sacerdócio corrompido (ML 1:6-2:9; NE. 13:7,8) e
repreendeu o povo pelos pecados sociais praticados (ML. 3:5; NE. 5:1-13).
Logo, a palavra dada pelo profeta Malaquias tinha destino certo: a nação de Israel... Quando, no
texto é mencionada a palavra “casa do tesouro” está especificando o templo em Jerusalém onde haviam
“depósitos” para os mantimentos.
Agora precisamos entender, à luz do Novo Testamento, da Nova Aliança estabelecida pelo
SENHOR JESUS, como funciona na Igreja a questão das finanças.

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As Finanças no Novo Testamento
Desde o início de sua pregação, o Evangelho do Reino trouxe consigo alguns princípios
relacionados com aquilo que possuímos:
“E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos
faça da mesma maneira”.
(LC. 3:11)

Tal orientação está em perfeita harmonia com o que o SENHOR falou no passado, quando deu a
seguinte ordenança ao Seu povo:

“Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não te haverás com ele como credor que
impõe juros”.
(ÊXODO 22:25)

“Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas portas, na tua terra que o SENHOR,
teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; antes, lhe
abrirás de todo a tua mão e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade”.
(DT 15:7-8)

Quando JESUS começou a pregar o Evangelho do Reino, escolheu, dentre a multidão que O
seguia, doze homens a quem também chamou de apóstolos (MT. 10:1-4). Pelo fato de JESUS viver fazendo
o bem, e curando todos os oprimidos do diabo, era natural que as pessoas abençoadas por ELE, sentissem o
desejo de lhe oferecer algo – MT. 26:7; MC. 14:3; LC. 7:37.
Por causa disto, mesmo conhecendo o coração de Judas, JESUS o estabeleceu, entre os doze,
como o responsável pelas finanças, pelo dinheiro que era doado ao “grupo” de discípulos – JO. 12:6; 13:9.
Lamentavelmente, Judas era ladrão, amava o dinheiro, e sempre roubava o que ali (na bolsa) era
lançado. Vemos, pois, que o serviço do Reino envolve gastos, envolve custos, e temos que servir ao SENHOR
com nossas posses, servir ao Reino com o que temos e não só com o que somos, como vemos nos textos de
Lucas 8:1-3; Marcos 15:40, 41; 1 João 3:17; e referências.
A partir do momento que o SENHOR mandou Seus discípulos pregarem o Evangelho, lhes deu
ordem expressa sobre questões práticas... Vejamos:
• Lucas 10:1-7;
• 2 Coríntios 11:7-9...

Na vida da Igreja do Novo Testamento, observamos uma prática muito superior à questão do dízimo, pois entre
os discípulos do SENHOR, havia a prática da “vida em comum”, eles repartiam entre eles o que tinham,
conforme a necessidade de cada um:
• AT. 2:42-47; 4:32-35;
• 2 CO. 8:12-15; 9:6-12;
• DT. 15:7-8;
• LC. 16:9-13;
• 1 JO. 3:17;
• GL. 6:6...

Aprendo, pelo Novo Testamento, que aquilo que está nas minhas mãos não é meu, é “alheio” – LC. 16:12
– sou apenas um “mordomo” – alguém a quem o SENHOR entregou os Seus bens para que eu administre! E
a Sua vontade é que eu use o que ELE põe nas minhas mãos para a edificação de Sua Casa – a Igreja – AG.
1:2-11; 1 TM. 3:15; 1 PE. 2:5; EF. 1:22,23 e referências. Não posso ajuntar tesouros na terra – MT. 6:19 –
pois a Bíblia diz que “... o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se
desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. (1 Timóteo 6:10).
Não devo usar “roupas caras” – 1 TM. 2:9; 3:4... a palavra “modéstia” fala de simplicidade, de considerar o
próximo... Como posso dizer que amo meu irmão, se gasto com luxo, enquanto a casa de DEUS está
abandonada – Ageu 1:4 – enquanto meu irmão padece necessidade (1 João 3:17)?
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