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Mishná

A Mishná em hebraico od ,"oãçiteper" ,‫משנה‬verbo '' ,‫שנה‬shanah, "estudar e revisar", é uma das
principais obras do judaísmo rabínico, e a primeira grande redação na forma escrita da tradição
oral judaica, chamada a Torá Oral. Provém de um debate entre os anos 70 e 200 da Era Comum
por um grupo de sábios rabínicos conhecidos como 'Tanaim' e redigida pelo Rabino Judá HaNasi,
que terminou sua obra no ano de 189 EC.

A razão da sua transcrição deveu-se, de acordo com o Talmude, à perseguição dos judeus às
mãos dos romanos e à passagem do tempo trouxeram a possibilidade que os detalhes das
tradições orais fossem esquecidos. As tradições orais que são objecto da Mishná datam do
tempo do judaísmo farisaico. A Mishná não reclama ser o desenvolvimento de novas leis, mas a
organização de preceitos de ensinamentos orais originados desde a entrega da Torah por Moisés
ao povo judeu. Comentários rabínicos à Mishná nos três séculos seguintes à sua redação
(guardados sobretudo em aramaico) foram redigidos como a Guemará.

Estrutura
A Mishná está ordenada em seis ordens (em hebraico sedarim, plural de seder, ‫)רדס‬, cada uma
contendo 7 a 12 tratados (masechtot, plural de masechet, ‫תכסמ‬, "rede"). Existem 63 tratados no
total. Cada masechet é dividida em capítulos (perakim, plural de perek) e depois em parágrafos e
versículos (mishnaiot, plural de mishná). A Mishná é também chamada de Shás, uma abreviatura
de Shishá Sedarim – as "seis ordens"). O termo Shas é usado também para se referir a um
Talmude completo, o qual segue a estrutura da Mishná.

A Mishná ordena o seu conteúdo por assuntos temáticos, em vez de contexto bíblico e discute
temas individuais mais profundamente que o Midrash. Inclui uma seleção mais alargada de
assuntos haláquicos (da Lei Judaica) do que o Midrash.

Lista de Ordens
As seis ordens são:

Zeraim ("Sementes"), discute sobre rezas e bênçãos, dízimos e leis agrícolas (11 tratados).

Moed ("Festival"), referente às leis do Shabat e das Festas Judaicas (12 tratados).

Nashim ("Mulheres"), acerca do casamento e divórcio, algumas formas de juramentos e as leis


do nazir (7 tratados).

Nezikin ("Danos"), ocupa-se da lei civil e criminal, o funcionamento dos tribunais e juramentos
(10 tratados).

Kodashim ("Coisas Sagradas"), acerca dos rituais de sacrifícios, as actividades do Templo e as


leis alimentares (11 tratados).

Tahorot ("Purezas"), relativo às leis de pureza e impureza, incluindo a impureza do morto, as leis
da pureza ritual dos sacerdotes ('Cohanim'), as leis da "pureza familiar" (as leis menstruais) e
outras (12 tratados).
Em cada ordem (com a excepção de Zeraim), os tratados estão organizados do maior (em
número de capítulos) para o menor.

A palavra 'Mishná' pode também indicar um único parágrafo ou verso do próprio trabalho, ou seja,
a mais pequena unidade da estrutura da Mishná.

O Talmude Babilónico (no tratado Hagigá 14a) declara que havia seiscentas ou setecentas
ordens da Mishná. Hillel, o Velho organizou-as em seis ordens para torná-la mais fácil de
memorizar. Porém, é disputado o rigor histórico desta tradição. Existe também a tradição de que
Ezra, o escriba, ditou de memória não apenas os 24 livros do Tanakh mas também 60 livros
esotéricos. Não é absolutamente certo que isto seja uma referência à Mishná, mas existirá razão
para o dizer, já que a Mishná é composta realmente por 60 livros. (O total actual é de 63, mas
Makkot era originalmente parte de Sanhedrin, e Baba Kamma, Baba Metzia e Baba Batra podem
ser vistos como subdivisões de um único tratado, Nezikin.)

Primeira Ordem: Zeraim


Primeira Ordem: Zeraim (‫םיערז‬, "Sementes"), sobre rezas, bênçãos, dízimos e leis agrícolas:

 Brachot (‫תוכרב‬, "Bênçãos"). Discute principalmente as leis de Shemá, da Amidá, do Birkat


Hamazon ("Bênção depois das Refeições"), Kidush ("Santificação"), Havdalá
("Separação") e outras bênçãos e rezas.

 Peah (‫האפ‬, "Esquina"). Decreta sobre a margem que se deve deixar após a colheita dos
campos, assim como as espigas caídas, os fardos esquecidos, as uvas caídas e os
cachos de uva pequenos, que devem ser deixados recolher pelos pobres.

 Demai (‫יאמד‬, "Produto Duvidoso"). Sobre os alimentos sobre os quais existe dúvida se
deles foi retirado o dízimo.

 Kilaim (‫םייאלכ‬, "Dois Tipos"). Analisa as leis dos vegetais que é proibido semear juntos, o
trabalho conjunto de animais de espécies diferentes e a mistura de linho e lã num mesmo
tecido, chamada „shaatnez‟.

 Sheviit (‫תיעיבש‬, "Sétimo Ano"). Sobre o ano sabático da terra e as leis dos frutos e vegetais
crescidos nesse ano.

 Terumot (‫תומורת‬, "Doações"). Discute os dízimos que devem ser dados ao cohen e ao
levita.

 Maasserot (‫תורשעמ‬, "Dízimos"). Sobre os diferentes tipos de dízimos.

 Maasser Sheni (‫רשעמ ינש‬, "Segundo dízimo"). Sobre os dízimos a dar aos pobres e a parte
da produção que deve ser comida em Jerusalém.

 Chalá (‫הלח‬, "Pedaço de Massa"). A parte da massa dos pães ou bolos que deve ser
separada e oferecida a um cohen.

 Orlá (‫הלרע‬, "Enxerto"). Sobre os frutos das árvores nos três primeiros anos de produção e
sobre a lei especial dos frutos no quarto ano da produção.

 Bikurim (‫םירוכיב‬, "Primeiros Frutos"). Acerca da obrigação de levar os primeiros frutos de


uma árvore ao Templo de Jerusalém.
Segunda Ordem: Moed
Moed (‫דעומ‬, "Festas"): sobre as leis do Shabat (ou Sabá) e das Festas Judaicas.

 Shabat (‫תבש‬, "Sábado"). Refere-se às leis do dia santo do Shabat, o sábado.

 Eruvin (‫ןיבוריע‬, "Misturas"). Discute sobre o eruv ou limite de Shabat, uma categoria de
construções ou demarcações que alteram os domínios do Shabat, quanto à proibição de
carregar e caminhar.

 Pessachim (‫םיחספ‬, "festa de Pessach"). Acerca de Pessach, a Páscoa Judaica, com as


leis da proibição de comer alimentos levedados, o sacrifício da Páscoa e Pessach Sheni, a
“Segunda Páscoa”.

 Shekalim (‫םילקש‬, "siclos"). Refere-se ao pagamento anual dos shekalim (plural de shekel,
siclo, a antiga moeda judaica) para a compra dos animais para os sacrifícios no Templo.

 Yomá (‫אמוי‬, "Dia"). Também chamado Kipurim ou Yom HaKipurim ("Dia do Perdão") Trata
das leis de Yom Kipur, o Dia do Perdão, sobre os rituais desse dia no Templo e o ritual de
confissão.

 Sucá (‫הכוס‬, "Cabana"). Ocupa-se das tradições da festividade de Succot, desde a


construção da „sucá‟ (cabana), às leis referentes às "Quatro espécies".

 Beitzá ou Yom Tov (‫הציב‬, "Ovo" ou ‫בוט םוי‬, "Dia Festivo"). Sobre as leis gerais das
festividades judaicas.

 Rosh Hashaná (‫הנשה שאר‬, "Ano Novo"). Acerca das leis de determinação do Rosh Hodesh
(começo do mês) e do Ano Novo Judaico.

 Taanit (‫תינעת‬, "jejum"). Leis dos dias de jejum.

 Meguilá (‫הליגמ‬, "rolo de Ester"). Sobre a festa de Purim, a leitura pública da Meguilat Ester,
o Livro de Ester, nessa festa; leis da leitura da Torá e regras gerais das sinagogas.

 Moed Katan (‫ןטק דעומ‬, "Pequena Festa"). Leis referentes aos dias intermédios da Páscoa e
Succot.

 Chagigá (‫הגיגח‬, "Oferenda festiva"). Discute os Três Festivais de Peregrinação (Pessach,


Shavuot e Sucot) e a oferenda que os homens eram supostos levar ao Templo nessas
ocasiões.

Terceira Ordem: Nashim


Nashim (‫םישנ‬, "Mulheres"): Leis das mulheres e da vida familiar.

 Yevamot (‫תומבי‬, "Casamento de levirato"). Sobre a lei do levirato (o casamento de um


homem com a viúva do seu irmão).

 Ketubot (‫תובותכ‬, "Acordo nupcial"). Leis contratuais de casamento e obrigações do casal.

 Nedarim (‫םירדנ‬, "Votos"). Trata das leis de votos e juramentos e as suas consequências
legais.
 Nazir (‫ריזנ‬, "Abstinente"). Define as regras da prática do nazir, uma espécie de asceta.

 Sotá (‫הטוס‬, "Mulher suspeita de adultério"). Sobre o ritual da Sotá, a mulher que era
suspeita de adultério, assim como outros rituais que envolvem uma fórmula falada (como o
ritual de quebrar a nuca do bezerro).

 Guittin (‫ןיטיג‬, "Atestado de divórcio"). Debate os conceitos de divórcio, o documento legal e


o uso de agentes no processo de divórcio.

 Kiddushin (‫ןישודיק‬, "Noivados"). Lida com o estágio inicial do casamento, o compromisso


de noivado, assim como as leis das linhagens judaicas.

Quarta Ordem: Nezikin


Nezikin (‫ןיקיזנ‬, "Danos"). Lida sobre tudo com a lei criminal e civil judaica e o funcionamento do
Bet Din, o tribunal judaico.

 Baba Kamma (‫אמק אבב‬, "Primeiro Portão"), sobre matérias civis, em especial prejuízos e
compensação.

 Baba Metzia (‫אעיצמ אבב‬, "Portão do Meio"), sobre matérias civis, sobretudo delitos e leis de
propriedade.

 Baba Batra (‫ארתב אבב‬, "Último Portão"), sobre matérias civis, na maior parte propriedade
de terras.

 Sanhedrin (" ,‫סנהדרין‬Sinédrio"), lida com as regras de procedimentos de tribunal no


Sanhedrin, a pena de morte e outros assuntos criminais.

 Makkot (‫תוכמ‬, "Açoites"), sobre os tipos de testemunho falso e suas penas, cidades de
refúgio e a aplicação de acoites como punição.

 Shevuot (‫תועובש‬, "Juramentos"), sobre os vários tipos de juramentos e suas


consequências.

 Eduyoth (‫תויודע‬, "Testimunhos"), apresenta casos de estudo de disputas legais nos tempos
da Mishná e os variados testemunhos que ilustram vários Sábios e princípios da Halachá.

 Avodá Zará (‫הרז הדובע‬, "Culto estranho"), determina as leis de interação entre judeus e
gentios e/ou os que são considerado idólatras.

 Avot (‫תובא‬, "Pais") ou Pirkei Avot é uma coleção das principais máximas éticas dos Sábios.

 Horayot (‫תוירוה‬, "Decisões"), sobre a oferta de pecado (espécie de sacrifício) coletiva


trazida ao Templo por erros importantes cometidos pelo Sinédrio.

Quinta Ordem: Kodashim


Kodashim (‫םישדק‬, "Coisas Sagradas"). A maior das Ordens da Mishná lida em particular com o
serviço religioso no Templo de Jerusalém, os Korbanot (ofertas de sacrifícios) e outros assuntos
considerados ou relacionados a essas "Coisas Sagradas".

 Zevachim (‫םיחבז‬, "Sacrifícios"), sobre o procedimento das ofertas sacrificiais de animais e


aves.
 Menachot (‫תוחנמ‬, "Ofertas de Alimentos"), acerca das várias ofertas de grãos no Templo.

 Chulin (‫ןילוח‬, "Coisas Comuns "), sobre as leis de abate dos animais e consumo de carne
(isto é, animais usados na alimentação diária, em oposição aos animais dos sacrifícios do
Templo).

 Bechorot (‫תורוכב‬, "Primogénitos"), acerca da santificação e redenção dos primogénitos


animais e humanos.

 Arachin (‫ןיכרע‬, "Dedicações"), em especial discute sobre uma pessoa que dedica os seus
bens ou a dedicação de um campo a favor do Templo.

 Temurá (‫הרומת‬, "Substituição"), define as leis do que acontece se um animal é substituído


por outro animal já dedicado para um sacrifício.

 Keritot (‫תותירכ‬, "Extirpações"), sobre os mandamentos cuja penalidade é karet (excisão


espiritual), assim como os sacrifícios associados com a sua transgressão (sobretudo
involuntária).

 Meilá ( ed adivedni oãçairporpa alep oãçiutitser ed siel sad acreca ,("oigélircaS" ,‫מעילה‬
propriedade do Templo.

 Tamid (‫דימת‬, "Sempre"), define o procedimento do Tamid (o sacrifício diário).

 Midot (‫תודימ‬, "Medidas"), descreve as medidas do Segundo Templo de Jerusalém.

 Kinnim (‫םינק‬, "Ninhos"), lida com as complexas leis para as situações em que ocorreram
misturas de ofertas de aves.

Sexta Ordem: Tahorot


Tahorot (‫תרוהט‬, "Purezas"). Esta ordem lida com a distinção puro/impuro e sobre a pureza
familiar. É a mais longa das ordens da Mishná, com 12 tratados.

 Kelim (‫םילכ‬, "Utensílios"), discute sobre uma grande variedade de diversos utensílios e o
seu estatuto em termos de pureza.

 Ohalot (‫תולהוא‬, "Tendas"), sobre a impureza de um cadáver e a sua propriedade peculiar


de "encobrir" objectos, tal como se fosse uma tenda.

 Negaim (‫םיעגנ‬, „‟Pragas‟‟), acerca das leis de tzaraat (lepra), uma espécie de lepra.

 Pará (‫הרפ‬, "Vaca"), sobre as leis da Vaca Vermelha.

 Tahorot (‫תרוהט‬, "Purezas"), discute sobre um grande conjunto de leis de pureza,


especialmente a real mecânica de contrair impureza e as leis de impureza de comida.

 Mikvaot (‫תואוקמ‬, literalmente "piscinas de água"), sobre as leis de construção e


manutenção de uma mikvá, tanque de imersão ritual.

 Nidá (‫הדינ‬, "Separação"), lida com a "nidá", a mulher durante o seu período menstrual.

 Machshirin (‫ןירישכמ‬, "Actos preliminares de preparação"), sobre os líquidos que tornam a


comida susceptível de contrair "tumá", ou impureza ritual).
 Zavim (‫םיבז‬, "Emissões Seminais"), lida com as leis de uma pessoa que teve uma emissão
seminal ou (idêntica).

 Tebul Yom (‫םוי לובט‬, "Imersão do dia"), discute um tipo especial de impureza em que uma
pessoa se imerge numa "mikvá", mas permanece impura pelo resto do dia.

 Yadaim (‫םיידי‬, "Mãos"), sobre a impuridade relacionada com as mãos.

 Uktzim (‫םיצקוע‬, "Hastes"), sobre as várias formas de impureza da parte externa das frutas
e vegetais, como as hastes e peles.

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