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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

ESCOLA BIBLICA DOMINICAL


A formação integral do cristão – tem como objetivo principal inserir o
aluno no universo administrativo-pedagógico da Escola Bíblica
Dominical (EBD) para, por meio das informações trabalhadas ao longo
das aulas, resgatar no leitor-aluno a alegria de ensinar as Sagradas
Escrituras de forma sistemática e produtiva. Na persecução do
presente objetivo, a disciplina abordará os seguintes assuntos: o
processo de educação – da tribal até nossos dias (a educação no
Antigo e Novo Testamento, a educação no período interbíblico etc.);
a inter-relação entre escola dominical e a educação cristã (agência de
educação cristã, os desafios da EBD hoje etc.); a organização da
escola dominical (organização administrativa, pedagógica etc.) e os
elementos do processo de ensino (o aluno, o professor, o ensino etc.).
Aplica-se a disciplina na exata medida em que o conteúdo trabalhado
exerce influência sobre a dinâmica pedagógica do aluno-professor em
sala de aula.

Material preparado para uso em aula de teologia sistemática com


alunos do Curso Básico de Educação Teologica à Distância - CBETED

por Pra. Marlene Cruz

Curso Básico de Educação Teológica a Distância


Rua O, 306 – Bairro União
Parauapebas/PA
E-mail: prwanderleilima@hotmail.com
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Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998. É


expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios
(eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por
escrito, do CBETED - Curso Básico de Educação Teológica a Distância.

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de


1995, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação ao contrário.

Revisado pelo pastor Wanderlei de Lima

Autora: Pra. Marrlene Cruz

Participação: Pr. Célio Alves

Diagramação/Designer: Pr. George

O trabalho literário do escritor é de sua responsabilidade e cedido ao CBETED - Curso


Básico de Educação Teológica a Distância para publicação.

CBETED - Curso Básico de Educação Teológica a Distância


Rua O, 306 – Bairro União – Parauapebas/PA
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Contato: (94) 981933335
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Apresentação

Este é um dos fascículos que Integram o grupo das 26 disciplinas


componentes do Curso Básico de Teologia por correspondência,
patrocinado pelo Centro Superior de Educação Teológia - CESET, é vinculado
à Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de Anápolis em
Parauapebas e tem por objetivo oferecer formação teológica básica aos
evangélicos de um modo geral, quer sejam ou não obreiros, especialmente
àqueles que são impossibilitados de, por motivos diversos, frequentar um
curso regular de ensino teológico.

A elaboração dos fascículos deste curso está sedimentada em profunda


base bíblica, acrescida de pesquisas em selecionadas obras de autores
renomados e de reconhecida formação teológica, entre os quais, os de
cunho pentecostal de grande aceitação peio público evangélico, Institutos,
Seminários e Faculdades de Teologia.

O Curso Básico de Teologia por Correspondência tem a duração de dois


anos e é composto das seguintes disciplinas:
Bibliologia O Pentateuco Escola Dominical
História da igreja Ética Cristã Escatologia
As Epistolas (1) Hermenêutica Soteriologia
Doutrinas de Deus Livros Históricos Missiologia
Anjos, Homem e Pecado Heresiologia Geografia Bíblica
Atos dos Apóstolos Teologia Pastoral Livros Proféticos
Cristologia Livros Poéticos Eclesiologia
Homilética Paracletologia
As Epístolas (2) Os Evangelhos

Informações complementares poderão ser obtidas junto ao CESET,


enviando as correspondências para a Rua O, N: 306, Bairro União –
Parauapebas/PA – CEP: 68.515-000

Para informações
(94) 98168 2083 Pr. Célio - prcelioalves@hotmail.com
(94) 98193 3335 Pr. Wanderlei – prwanderleilima@hotmail.com
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COMO ESTUDAR ESTE FASCÍCULO

Geralmente estudamos muito e não temos um aprendizado


correspondente. Isto pode acontecer, em parte, peio fato de
estudarmos de forma desordenada e sem qualquer metodologia.
Embora resumida, a orientação que passamos a expor, ser-lhe-á de
grande utilidade.

1 - Busque a ajuda divina

Considere que você está estudando a Palavra de Deus, cujo autor e


Intérprete é o próprio Deus. Portanto, ore a Ele dando-Lhe graça e
suplicando entendimento.
Nunca inicie o estudo deste fascículo, sem primeiro orar.

2 - Tenha à mão o material apropriado de estudo

Além da matéria a ser estudada contida neste fascículo, você deve


ter à mão as seguintes fontes de referências e pesquisas:

- Bíblia. Se possível em mais de uma versão.


- Dicionário Bíblico.
- Atlas Bíblico.
- Concordância Bíblica.
- Caderno de apontamentos individuais.

3 - Tenham organização e métodos de estudo

Você deve adquirir o hábito de sempre tomar notas de seus estudos,


pesquisas e meditações. As anotações no caderno deverão ser feitas
de modo organizado, pois, caso contrário, nenhuma utilidade terá.
Procure verificar com cuidado todas as referências bíblicas
procurando descobrir, através deias, o propósito da matéria em
estudo, isto é, o que ela deseja comunicar-lhe. Finalmente, para
melhor fixação do aprendizado, responda as questões elaboradas ao
final de cada capítulo.
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OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS

Ao completar o estudo deste fascículo você será capaz de:

 Conceituar Escola Bíblica Dominical;


 Expor os fundamentos da EBD;
 Conscientizar de que fomos chamados para ganhas
almas para Jesus;
 Desenvolver a espiritualidade do aluno;
 Desenvolver o caráter cristão do aluno;
 Treinar o cristão para o serviço do mestre;
 Treinar o líder para uma boa liderança;
 Conhecer os Valores – grau de utilidades da EBD.

Certos do grande aproveitamento que você terá com o presente


estudo, oramos desejando que Deus lhe abençoe.
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PANORAMA DE ESTUDO ESCOLA DOMINICAL

As origens da Escola Dominical remontam aos tempos bíblicos quando


o Senhor ordenou ao seu povo Israel que ensinasse a Lei de geração
a geração. Dessa forma a história do ensino bíblico descortina-se a
partir dos dias de Moisés, passando pelos tempos dos reis, dos
sacerdotes e dos profetas, de Esdras, do ministério terreno do Senhor
Jesus e da Primitiva Igreja. Não fossem esses inícios tão longínquos,
não teríamos hoje a Escola Dominical.

Porém, antes de sumariarmos a história da Escola Dominical em sua


fase moderna, faz-se mister evocar os grandes vultos do Cristianismo
que muito contribuiu para o ensino e divulgação da Palavra de Deus.

Como esquecer os chamados pais da Igreja e lhes seguiram o


exemplo? Lembremo-nos de Orígenes, Clemente de Alexandria,
Justino o Mártir, Gregório Nazianzeno, Agostinho e outros doutores
igualmente ilustres. Todos eles magnos discipuladores. E o que dizer
do Dr. Lutero? O grande reformador do século XVI, apesar de seus
grandes e inadiáveis compromissos, ainda encontrava tempo para
ensinar as crianças. Haja vista o catecismo que lhes escreveu.
Foram esses piedosos de Cristo abrindo caminho até que a Escola
Dominical adquirisse os atuais contornos.
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ÍNDICE

Introdução 09
A Grande Comissão 12
Desperte o Interesse Dos Alunos 13
Ensine a Bíblia com toda a responsabilidade 14
Principio da Escola Dominical e Primordios 15
A Escola Dominical foi pensada para as crianças 15
Ética na Escola Dominical 17
Princípios básicos e elementares 18
Escola Dominical metodos de ensino N.1 20
Passo 1 - Capacitar docentes 22
Passo 2 - Identificar o problema, assumir e liderar 27
Passo 3 - Avaliar causas, planejar e preparar a operação 28
Passo 4 - Lançar uma campanha (Divulgar) 28
Passo 5 - Estar pronto a “Colocar a mão na massa” 29
Passo 6 - Promover uma festa de reinício 30
Passo 7- Restabelecer a equipe 32
Escola Dominical crescer no conhecimento 32
Escola Dominical incentivo a ler 36
A Familia e e Escola Dominical 38
Escola Dominical Superintendentes 43
O comportamento do crente que ama Escola Dominical 45
O comportamento do líder que aqma a Escola Dominical 47
O Professor e o aluno 49
O adulto precisa ser incentivado 52
A interação Professores e Alunos 53
A Pedagogia de Jesus 57
Fundamentos da Pedagogia de Jesus 57
Conclusão 62
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INTRODUÇÃO

QUEM COMEÇOU A ESCOLA DOMINICAL?


A Escola Dominical não começou com Robert Raikes
O anglicano Robert Raikes (1736-1811) é considerado o pai da escola
dominical, contudo ele não foi exatamente o seu fundador. O que pouca
gente sabe no Brasil é que modelos similares de ensino bíblico já existiam
antes de ele implantar o seu experimento em SootyAlley, subúrbio da cidade
de Gloucester, na Inglaterra, em 1780. Consultado obras antigas foram
destacados: O reverendo Thomas Stock (1750-1803) já havia fundado uma
escola dominical, em 1777, quando era pároco em Ashbury. Ele uniu as
forças com Raikes em Gloucester, a ponto de alguns autores concordarem
em que ele merece também o crédito de fundador do movimento.
Um monumento numa igreja de Flaxley Abbey, no condado de Gloucester,
registra que Catherine Boevey ajudava com roupa e comida os indigentes de
seu bairro e levava, num sistema de rodízio, seis crianças pobres todos os
domingos para jantar com elas, ocasião em que lhes ensinava o catecismo.
Ela morreu em 1726, dez anos antes de Raikes nascer.

Na década de 1740, Ludwig Hacker, da Igreja Batista do Sétimo Dia, fundou


uma escola dominical em Ephrata, no estado da Pensilvânia, Estados Unidos.
Esse trabalho foi desenvolvido entre os imigrantes alemães.

Em 1769, a metodista Hannah Ball (1734-1792) deu início a uma série de


estudos bíblicos dominicais em sua casa e depois nas dependências da Igreja
Anglicana em sua cidade natal, High Wycombe, na Inglaterra. Acredita-se
que essa tenha sido a primeira escola dominical no modelo que se tornou
conhecido no mundo.

Vários outros nomes e modelos semelhantes de ensino bíblico poderiam ser


citados, no entanto o reconhecimento a Robert Raikes é merecido, porque
foi ele o principal responsável pela popularização e dinamização do
movimento.

No primeiro parágrafo, uso a palavra “experimento”, porque foi exatamente


o que Raikes fez. Durante três anos, ele testou o seu modelo de ensino
dominical, e a pequena classe reunida numa cozinha se transformou em sete
classes com 30 alunos cada uma. Percebendo que o movimento tendia a se
expandir, Raikes publicou esses resultados no Gloucester Journal [Diário de
Gloucester], de sua propriedade, no dia 3 de novembro de 1783, data que
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veio a ser mundialmente reconhecida como a da fundação da escola
dominical.

Vale lembrar que no início a escola dominical atendia apenas as crianças. As


classes de adultos surgiram bem mais tarde. As circunstâncias que levaram
Raikes a se interessar pela instrução das crianças de sua cidade são bem
interessantes.

A primeira escola dominical do Brasil não foi a de Robert Kalley


Embora a escola dominical instituída no Brasil pelo escocês Robert Kalley e
sua esposa inglesa Sarah seja considerada a primeira do Brasil pelo fato de
ter se mantido de forma ininterrupta até hoje, houve outra tentativa de sua
implantação quase vinte anos antes do trabalho realizado pelo casal. Robert
e Sarah Kalley

Em março de 1836, chegou à cidade do Rio de Janeiro o missionário Justin


Spaulding, enviado pela Igreja Metodista dos Estados Unidos. Ele organizou
ali, entre estrangeiros, uma congregação de quarenta pessoas,
aproximadamente. Em junho do mesmo ano, foi inaugurada uma classe de
escola dominical com cerca de 30 alunos. James L. Kennedy, no livro
Cinquenta anos de methodismo no Brasil, informa que “alguns eram
brasileiros, ensinados na sua própria língua” — o ensino de nativos foi o que
oficializou o surgimento da escola dominical organizada por Kalley, mas
como se vê isso também ocorreu nos tempos de Spaulding.

No entanto, a Igreja Metodista dos Estados Unidos passou a enfrentar


problemas financeiros e políticos na época, e assim, em 1941, o trabalho
organizado da denominação foi encerrado no Brasil, ficando aqui apenas
uma família, os Walker, até que em 1867 o reverendo Junius E. Newman
retomou a obra missionária no Brasil. Ele organizou a primeira Igreja
Metodista no país em 1871.

Nesse intervalo, porém, no dia 10 de maio de 1855, Robert e Sarah Kalley


chegaram ao Rio de Janeiro. A missão deles era fundar aqui a Igreja
Evangélica, mais tarde chamada Igreja Evangélica Fluminense (do trabalho
dos Kalley, surgiu a Igreja Congregacional do Brasil). Mas ainda em 1855,
no final de julho, eles se estabeleceram em Petrópolis e ali iniciaram uma
escola dominical.

Por isso, não é errado dizer que Kalley é o pai da escola dominical no Brasil,
porque essa instituição de ensino que hoje reúne milhões de crentes todos

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os domingos para aprender a Palavra de Deus teve origem, de fato, no
trabalho do missionário escocês. Só não é correto dizer que foi a primeira.
A Igreja Metodista detém ainda outro pioneirismo na mesma área: a
confecção de revistas para escola dominical. O reverendo John James
Ransom produziu a primeira revista bíblica infantil, A Nossa Gente Pequena,
publicada entre de 1884 a 1886. Ele produziu também A Escola Dominical,
que era uma revista para adultos. Fonte - judsoncanto.wordpress.com

RESSUCITAR A ESCOLA DOMINICAL?


Devemos ressuscitar a escola dominical? Duas notícias vindas do Reino Unido
me chamaram muita atenção, pois sei que em breve influenciarão a nossa
sociedade. A primeira é referente ao anuncio da nova diretriz escolar que diz
que o ensino do criacionismo será proibido em todas as escolas na Inglaterra,
mesmo as confessionais. Além disso os professores terão de promover desde
as primeiras séries “o respeito pelos direitos dos homossexuais”. As
instituições que se negarem a seguir a nova diretriz, poderão ser multadas
ou terem as suas licenças de funcionamento revogadas. Uma segunda é
sobre, Eddie, um pedófilo confesso, que em um documentário exibido pelo
Channel 4 (O vizinho pedófilo) busca encorajar a sociedade a dar mais apoio
às pessoas sexualmente atraídas por crianças. O objetivo é levar os ingleses
a discutirem se devem seguir os mesmos passos que a Alemanha que já
oferece tratamento psicológico para quem sente desejos sexuais por
crianças. Com base nestas notícias pergunto, como distinguir o certo do
errado? Seria uma responsabilidade única do estado estabelecer regras para
um bom convívio em comunidade? Quem determina se as leis aprovadas
pelas autoridades constituídas são corretas ou não? Qual é a base das leis
que nos regulam como sociedade? Faço essas perguntas, pois o meu certo
nem sempre é o seu certo, principalmente em um período onde nada é
absoluto, mas sim relativo, certo? Errado!

Deus é quem determina os padrões éticos e morais de sua própria criação.


Isto mostra o quão importante a Bíblia é para a nossa sociedade, pois ela é
a Palavra de Deus. A Escola Bíblica Dominical, ou EBD, tem sido por anos o
instrumento de propagação dos ensinos bíblicos. Porém mesmo sabendo
disso é confrontada por muitos que dizem que ela é algo arcaico e
ultrapassado e por isso não atinge os objetivos de um mundo pós-moderno.
Críticas que parecem seguir os conselhos de uma das músicas do Pink Floyd
que dizia que não precisamos de educação.

Pergunto então, será que os cíticos possuem razão? Quais as causas da


constante evasão dos alunos? Quais são os desafios da nossa EBD? A

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proposta deste artigo é o de encontrar respostas para estas perguntas e
tentar apontar princípios que ajudem a EBD a retomar uma força perdida ao
longo do tempo. História da EBD Nos tempos do antigo Testamento cabia
aos sacerdotes, profetas e reis o ensino da Lei de Deus. Isto fica claro
quando analisamos a Bíblia e encontramos passagens como a do rei Josafá
que enviou levitas e sacerdotes por toda a terra de Judá para ensinar ao
povo a Lei do Senhor. [1] No livro de Neemias encontramos outros registros
de aulas dadas ao povo de manhã ao meio dia, povo ao qual chorava ao
ouvir as palavras da Lei [2]. Aulas religiosas eram também comuns nas
sinagogas sempre ministradas sobre a orientação dos doutores da lei. No
Novo Testamento encontramos Jesus como um grande professor do
Evangelho em sinagogas, casas, templos e ao ar livre. A igreja primitiva dava
também muita importância a o ensino das Escrituras. Paulo e Barnabé, por
exemplo, dedicaram suas vidas ao ensino da Palavra de Deus. Professores
que passaram um ano ensinando na igreja de Antioquia, um ano e meio na
igreja de Corinto e três anos na de Éfeso de acordo com o livro de Atos. [3]
Com a Reforma Protestante, no século 16, o estudo da Bíblia voltou a ser
algo primordial o que trouxe luz a escuridão espiritual que a igreja vivia na
Idade Média. Séculos mais tarde surge na Inglaterra a EBD com contornos
semelhantes aos que existem hoje em nossas igrejas. O responsável por esta
escola foi o jornalista Robert Raikes que iniciou aulas para crianças pobres
aos domingos. Nestas aulas eram ensinados vários materiais como
aritmética, ensino de textos bíblicos e princípios cristãos. Este modelo foi
muito criticado na época pelas igrejas que consideravam o seu projeto como
“profanador dos domingos”.

Mesmo com oposições em 1782 na cidade de Gloucester nasceu à primeira


escola bíblica dominical em caráter permanente através do colaborador
batista William Fox. No final de 1784 mais de 250 mil alunos estavam
matriculados em escolas espalhadas por toda a Grã-Bretanha. Esta novidade
cruzou fronteiras e já no século 19 estava presente em países como Escócia,
Holanda, Alemanha e Estados Unidos. Em 19 de agosto de 1855 os
missionários Robert e Sarah Kalley iniciaram em Niteroi, no Rio de Janeiro,
a aula inaugural da primeira EBD no Brasil cumprindo assim a Grande
Comissão.

A Grande Comissão
Jesus tem o ensinamento das escrituras como algo fundamental para os
seguidores de ontem e de hoje também. Quando Jesus apareceu para os
seus discípulos, após a sua ressurreição, ele deixou uma ordem para que
conforme os discípulos fossem fazendo discípulos de todas as nações e

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batizando-os, deveriam também ensiná-los a guardar todas as coisas que
Jesus já havia ensinado (Mateus 28.19-20).

Por isso é impossível existir uma igreja verdadeira que não ensine a palavra
de Deus. Digo verdadeira, pois Jesus não nos deixou uma opção ou uma
sugestão, mas sim uma ordem. Deixar de realizar o estudo da Bíblia é
desobediência. É isso que nos difere daqueles que o seguiam, mas logo o
abandonaram por tomar conhecimento de que: “Quem não toma a sua cruz
e não me segue, não é digno de mim. ” (Mateus 10.38).

Dizer que não precisamos da EBD ou qualquer outra forma de discipulado


ou ensino da palavra, e deixar de cumprir parte desta comissão. [5] Deixar
de estudá-la e como ser um analfabeto espiritual correndo um sério risco de
cometer erros, não gramaticais, mais sim espirituais conhecidos como
pecado. A EBD é uma ferramenta para a execução da grande comissão é
não algo predestinado a extinção. Mas como não interromper esse ciclo?

Desperte o interesse dos alunos


Quando alguém é alcançado, ou seja, ouve as Boas Novas do evangelho,
aceita a Cristo por meio do Espírito Santo e é batizado precisa amadurecer
a fé por meio do estudo da Palavra de Deus. Por que? A fim de ser enviado
e fazer um outro discípulo. Esse é o ciclo, da grande comissão, que só tem
fim com a vinda de Cristo.

Não podemos esperar com que as pessoas se interessem pelo estudo da


Palavra de Deus como que num toque de mágica. São os líderes professores
que devem esclarecer a toda a igreja que o aprendizado é algo fundamental
na vida cristã. O autor do livro Socorro sou professor da Escola Dominical,
Lécio Dornas salienta que: “É tarefa do pastor e dos educadores da igreja
despertar o interesse, motivar e conscientizar os professores da EBD da sua
importância e valor no ministério de ensino da igreja”.

Muitas igrejas, não completam o ciclo da grande comissão. Igrejas que estão
cheias de pessoas que param no estágio do batismo e de lá não saem mais.
Pessoas que não se aprofundam no conhecimento das escrituras e assim se
acomodam e não se preparam para serem enviadas. Não é de se assustar
como alguns ministérios cressem numa velocidade assustadora e outras não.
Igrejas que não prezam a Palavra de Deus, não pregam a verdade, e que
ignoram o arrependimento.

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Ensine a Bíblia com toda a responsabilidade
O professor é um privilegiado por exercer o ministério do ensino da Palavra
de Deus obedecendo e executando a missão dada por Jesus a nós. Ele nunca
se esquece de preparar as suas aulas, contextualizar os assuntos que serão
abordados em sala, dedicar tempo com Deus em oração, ser pontual e dar
todo o louvor a Deus. O resultado disso é que os alunos terão zelo no estudo
da palavra e na aplicação do que aprenderam.

Sem alguém, com muita responsabilidade, para explicar a Bíblia é impossível


conhecer as escrituras corretamente. Esta é a razão pela qual o professor
tem um papel fundamental na vida da igreja. Ele é a ponte entre as escrituras
e os alunos.

Howard Hendricks em seu livro, Ensinado para transformar vidas, diz que:
Há muitos professores que vão para a sala de aula totalmente despreparados
ou preparados apenas em parte. São como mensageiros sem mensagem.
Falta-lhes a energia e o entusiasmo necessários para produzirem os
resultados que, centralizado por direito, devemos esperar de seu trabalho.
Faça com que a igreja transmita os ensinos como testemunhas vivas. Todo
discípulo deve ser um conhecedor da palavra de Deus para que poça pregar
com convicção e autoridade a outros. A divulgação do evangelho, só deve
acontecer se os alunos realmente acreditarem nos ensinamentos da Bíblia.
“Se alguém promove o que faz, crê na sua eficácia”, diz Dornas em seu livro.
Uma pessoa convicta de que a Bíblia é poder para a salvação prega sem
mesmo abir a boca, só por meio de ações. Jesus, Paulo e outros discípulos
pregavam com autoridade por conhecerem a palavra de Deus e colocar todo
ensino em prática.

Contextualize a Bíblia tendo em mente o não crente. Um certo irmão disse


que: um colega de trabalho disse que gostaria de estudar a Bíblia e
perguntou qual seria os livros mais fáceis de serem compreendidos. Disse
para ele ler os Evangelhos. No outro dia, ele disse que havia corrido todas
as paginas da Bíblia por várias horas, na tentativa de encontrar o livro
chamado “Evangelhos”, mas não achou. Errei por não conhecer o contexto
de meu amigo. Os professores devem saber transmitir o conhecimento de
forma com que os alunos e visitantes entendam as aulas da EBD. Devem
utilizar um linguajar claro para os dois públicos, contextualizando sempre a
palavra de Deus. Precisam transmitir conhecimento de forma simples ainda
que com conteúdo. Deve conhecer o contexto de sua comunidade e estar
pronto para a mudança. O professor Eudes Martins da Silva, editor da Editora
Vida, diz que: “Não adianta seguir modelos rígidos, é preciso adaptar-se”.

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Isto quer dizer que os educadores devem estar prontos para atender as
necessidades daqueles que por algum motivo não podem frequentar a EBD
no domingo pela manhã, mas que pode assistir a aulas em dias e horários
diferentes dos tradicionais. Isto pode ser realizado pelos professores,
evangelistas ou pastores da igreja. Conduza os alunos a um culto verdadeiro.
Em entrevista para a revista Vinde, edição 46, a jornalista Mirian Leitão disse
que o estudo da Bíblia influenciou muito a sua conduta profissional e ética e
que a EBD foi fundamental para a formação de seu caráter. Esta é na
verdade o resultado de uma EDB verdadeira que tem como objetivo educar
discípulos para serem semelhantes ao nosso mestre Jesus Cristo.A EBD tem
como um de seus mais sublimados objetivos justamente a educação do
homem. Prestemos atenção a estas palavras de Paulo: “Toda Escritura é
devidamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para
corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito,
e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.16,17).A Escola
Bíblica Dominical é o local onde a liderança fiel a escritura deve deixar claro
as suas posições sobre todos os assuntos que envolvem a igreja como:
homossexualismo, aborto, liturgia, louvor e adoração, estilo de música,
pecados entre outros. Igrejas com problemas doutrinários e que estão se
dividindo são em grande parte igrejas que não tem a EBD e seus ensinos
como um dos focos principais. Membros que não sabem ao certo a posição
de suas igrejas para determinados assuntos, acabam se chocando com
opiniões divergentes. Conclusão:

O estudo da Bíblia e o plano de Deus e nossa responsabilidade é avaliar as


nossas Escolas Dominicais continuamente para que elas não percam o foco.
Os educadores e líderes da EBD, devem se preparar continuamente para
acompanhar o mundo e se manter atual e relevante. Isto faz com que a EBD
deixe de ser algo ultrapassado, para se tornar um dos grandes instrumentos
de evangelização. Além disso, nós pais, não podemos terceirizar a tarefa de
ensinar a Bíblia aos nossos filhos. Desafio você a redescobrir a alegria não
só das manhãs de domingo, mas também do conhecer a palavra de Deus e
anunciá-la principalmente aos seus filhos dia após dia.

PRINCIPIO DA ESCOLA DOMINICAL E PRIMORDIOS

A escola dominical foi pensada para as crianças.


A cidade de Gloucester era um importante polo industrial da Inglaterra no
final do século XVIII. No inverno, recebia os ricos, que se deleitavam nas
salas de concerto e nos teatros. Contudo, ao mesmo tempo em que era boa
para a aristocracia, a cidade, como o restante do país, não tratava bem os

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
seus pobres. Numa época em que as regulamentações trabalhistas não
favoreciam de modo algum a classe trabalhadora, pais e filhos de qualquer
idade trabalhavam juntos nas fábricas em jornadas desumanas e se
amontoavam em habitações insalubres e imundas nas poucas horas de
descanso. O trabalho duro, como se vê, não garantia aos trabalhadores um
mínimo de dignidade. Escolas até existiam, mas as crianças exploradas pelas
fábricas em longos expedientes não tinham ânimo ou tempo para frequentá-
las. Aos domingos, os pais descansavam, enquanto a sua prole era deixada
por conta própria. As crianças, sem supervisão, infestavam as ruas e praças
dos bairros pobres, promovendo toda sorte de distúrbios. Era o caminho
aberto para a delinquência e para o vício. Mesmo nos outros dias da semana,
ainda que em número bem menor, a algazarra e os atos de vandalismo eram
constantes, praticados pelas crianças e jovens que não trabalhavam ou não
frequentavam a escola.

No site da CPAD, um texto de Ruth Doris Lemos diz que Robert Raikes teve
a atenção despertada para os pequenos vândalos enquanto estava sentado
à sua mesa de trabalho e se sentiu perturbado com a baderna que faziam.
Não sei de que fonte ela extraiu essa história ou se a imaginou, mas nas
obras que consultei (por exemplo, FirstFiftyYearsofSundaySchool, de H. W.
Watson, secretário da União da Escola Dominical, e Robert Raikes: His
SundaySchoolsand His Friends, de Joseph Belcher) encontrei uma história
diferente.

Esses autores contam que Robert Raikes certo dia visitou o subúrbio de
Gloucester em busca de um jardineiro. Era um dia semana, e mesmo assim
ele ficou impressionado com a algazarra que as crianças do bairro
promoviam na rua.

A senhora com quem conversava então o fez ciente da real dimensão do


problema: “Ah! O senhor precisava ver esta parte da cidade no domingo! Aí
o senhor ficaria chocado de verdade! ”. O clérigo local até conseguira mandar
alguns deles para a escola, mas isso não impedia os estudantes de contribuir
para o caos que se instalava no subúrbio todo fim de semana. Raikes não
era indiferente aos males da sociedade de sua época. Assassinos, ladrões ou
simplesmente pessoas endividadas eram encerradas em prisões escuras e
sem as mínimas condições de higiene. Os que tinham a sorte de sair vivos
não recebiam outros favores lá fora. Não conseguiam emprego, e a única
forma que muitos encontravam para sobreviver era a criminalidade.
Consciente da estreita relação que havia entre a pobreza e o crime, ele
tentara ajudar os detentos a sobreviver nas miseráveis prisões, por meio de

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assistência material e espiritual, e a reintegrá-los à sociedade depois de
soltos, mas os resultados foram desanimadores.

Então lhe veio o pensamento de que a maioria dos presidiários que ele
tentara em vão ajudar haviam sido crianças malcomportadas como aquelas
que conhecera naquele dia. E teve, ali mesmo, a ideia de fazer um trabalho
de base: dar àqueles meninos e meninas uma orientação que os levasse a
outro caminho que não o da marginalidade ou o da prisão.

Decidido, perguntou à senhora com quem conversava se havia nas


vizinhanças mulheres de boa vontade e capazes de alfabetizar aqueles
jovens inquietos. Estava disposto a contratar até quatro professoras ao preço
de um xelim por domingo.

As professoras receberiam as crianças em casa e, enquanto as ensinassem


a ler, ministrariam também noções de aritmética e de moral cristã. A Bíblia
seria o livro-texto, e os alunos teriam de decorar o catecismo e ser
encaminhados ao culto dominical. Durante muito tempo, a instituição da
escola dominical dedicou-se exclusivamente às crianças.

Os primeiros registros de classes para adultos são do País de Gales e datam


de 1811 — mais de 30 anos depois de Raikes ter reunido aquele pequeno
grupo de crianças em SootyAlley.

ETICA NA ESCOLA DOMINICAL.


A interdisciplinaridade é um fator evidente na execução educacional cristã
tornando-se ainda mais acentuada quando se trata da EBD. Essa verdade
não é uma apologia ao saber fragmentado e eclético das Escrituras, muito
pelo contrário, exige rigorosidade redobrada no estudo sistemático da
Palavra de Deus. Reclama docentes que sejam éticos, zelosos, humildes,
instigadores e persistentes.

A demanda maior dessas exigências reside na posição de influência que o


educador ocupa como formador de opiniões que nortearão o caráter do
educando, inclusive preparando-o para interagir com o meio onde vive e com
as situações do dia-a-dia.

Pode parecer óbvio ou até mesmo redundância dizer que epistemologia


cristã (conhecimento) e axiologia cristã (valores) são assuntos teológicos de
primeira grandeza e que, em hipótese alguma devem estar dissociados. Que
o educador não pode ser tendencioso usando filosofia educacional truncada

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
ou parcial, omitindo a verdade bíblica para satisfazer suas ideologias.
Infelizmente existem pseudo-educadores que não se pautam por esses
princípios. Antes, narcotizados e saturados por falsa dialética e filosofia vil
adquirida por uma cátedra e suposta formação superior, desvirtuam as
pessoas com seus próprios ensinamentos (Rm 1.22).

Princípios Básicos e Elementares


O reconhecimento crível para a efetivação de um educador cristão não deve
se restringir simplesmente ao mínimo ou básico, que é dominar o conteúdo.
A constatação deve ter como base a seguinte pressuposição: a Igreja é uma
comunidade de discípulos (alunos – discentes) que tem a Cristo como o
Mestre Supremo; e, a Bíblia como única regra de fé e conduta. O termo
discípulo aparece no original grego 260 vezes mostrando a importância da
principal lição que o mesmo deve aprender, a qual é apropriar-se dos
ensinamentos do mestre para tornar-se semelhante a ele (Lc 6.40).

O educador deve conhecer o nosso credo (profissão de fé) e ser consensual


acerca das verdades fundamentais contidas nos seus 14 artigos. Em outras
palavras, deve ser um crente genuinamente convertido (Mt 18.3), de
intelecto renovado, pois só assim estará apto a trabalhar no processo de
transformação (Rm 12.2).

Comportamento ético que vem de ética, do grego etiké, ciência moral ou do


comportamento humano. No caso do educador evangélico, sua conduta deve
estar intrinsecamente identificada com os ideais da ética cristã ensinada por
Jesus Cristo no Sermão da Montanha (Mt 5—7), com ênfase específica para
o exercício do ensino no capítulo 5, versículo 19, onde Jesus revela a
gravidade de não cumprirmos os preceitos da Palavra de Deus e,
consequentemente, omiti-los no ensino.

Jesus cumpriu a Lei (Mt 5.17,18), sendo submisso à vontade de Deus. Por
isso serve-nos como referencial perpétuo. Ele poderia dizer: “Eu sou Deus.
Não preciso de ritual algum”, contudo foi fiel até a morte e morte de cruz
(Fp 2.8). Apóstolo Paulo possuía a ética cristã ordenada por Jesus. Em
virtude disso, várias vezes disse: “Sede meus imitadores” (1Co 4.16; 11.1;
Ef 5.1; Fp 3.17 e 1Ts 1.6).

Para sermos exemplo não podemos usar ética situacional, nos portarmos de
um modo no seminário, faculdade ou sala de Escola Dominical; e, no
cotidiano agir de maneira contrária (Rm 2.20-24 e Tg 2.12). Ser dúbio na
relação discurso/ação é anti-ético e, em outras palavras, hipocrisia. Pior do

18
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
que isso é a formação de cristãos de vida espiritual dividida, pois,
infelizmente, o mau exemplo é sempre o mais fácil de assimilar por causa da
nossa natureza humana (Rm 7.19).

Ao expressar-se, o educador deve ser claro naquilo que está querendo dizer,
para não ser mal-entendido e provocar ambigüidades. Se o intuito é
comunicar, então não podemos esquecer o fato de que toda mensagem
(falada ou não) que se quer transmitir possui dois aspectos, o denotativo e
o conotativo.

a) Denotação — representa o significado da palavra em si e que é expresso


pelo dicionário e é comum a todas as pessoas.

b) Conotação — é o que o transmissor atribui a um termo ou expressão,


fugindo do seu sentido literal e que pode ser de fundo positivo, negativo ou
mesmo jocoso.

A palavra usada de forma denotativa é objetiva e, mesmo se não for


esclarecida pode ainda surtir efeito pelas pesquisas do próprio estudante. Já
a palavra de sentido conotativo é subjetiva, podendo ter múltiplos
significados. Seja qual for a forma não use de nenhuma palavra incomum
sem antes pesquisar sua etimologia e suas variadas acepções e desinências.

Evite o uso de expressões chulas, pejorativa e gírias.


O educador que realmente deseja influenciar seus alunos deve em todas as
circunstâncias usar linguagem adequada, criando ambiência para que eles
possam interagir. Acontecimentos atuais que tenham correlação com o tema
da lição ou assunto estudado, é uma boa dica para quebrar a barreira da
timidez e iniciar um debate, produzindo um aprendizado mais dinâmico.
Essa atitude do educador leva os alunos à interacionalidade ou feedback
(alimentação/retorno), sendo uma via de mão dupla, onde docentes e
discentes compartilham os mesmos ideais. Com certeza, isto trará um
substancial progresso na elucidação de temas conflitantes e
constrangedores. Mesmo porque o ensino da Palavra de Deus não visa
apenas informar para satisfazer a curiosidade, mas sim para transformar
vidas.

Agindo dessa maneira, saiba ouvir, pois o aluno, outrora calado, mudará sua
conduta, sentirá mais liberdade de expressão para expor suas idéias e
sentimentos. Você provocou uma reação e um posicionamento por parte do
educando. A partir de então, ficou estabelecido um clima de confiança e uma

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
relação autêntica entre vocês. Não se contente com isso, preocupe-se com
uma transformação contínua na vida do aluno (santificação), resultado da
ação do Espírito Santo e do estudo da Palavra de Deus (Pv 4.18; Jo 17.17 e
2Tm 3.14-17), sendo você, o sujeito principal deste processo.

ESCOLA DOMINICAL METODOS DE ENSINO N.1


A necessidade de se repensar a Escola Dominical é ponto pacífico entre os
pastores, estudiosos da Educação Cristã, superintendentes, professores e
demais envolvidos. Entretanto, é preciso esclarecer que o ato de repensar
algo não significa, necessariamente, inová-lo ou mesmo reinventá-lo, antes,
implica em reconsiderá-lo resgatando seu propósito original, ao mesmo
tempo em que se busca uma forma de mantê-lo relevante para o momento
histórico, a fim de superar a crise ou solução de continuidade sofrida pela
instituição, empreendimento ou programa.

É calcado neste primeiro saber que nos propomos a falar da Escola


Dominical, pois, a despeito de seus benefícios práticos? “Instrução;
evangelização; assimilação, cuidado, comunidade e unidade; vida e
vitalidade espiritual; ação cristã e; preparação para liderança e ministério”?
Ela é o único programa de Educação Cristã que contempla a totalidade do
propósito original de Deus para a Igreja, exposto na Grande Comissão (Mt
28.19,20). Rob Bukhart, doutor em Educação Cristã, afirma que as nossas
Escolas Dominicais têm perdido a razão de ser por diversos motivos e
entende que não é fácil organizá-las, não obstante, reconhece que:

Para cumprir com os propósitos de Deus no mundo, a igreja deve alcançar


os perdidos e ajudar-lhes a converterem-se em dedicados discípulos.

A igreja deve ajudar aos crentes a crescerem até alcançarem a maturidade


espiritual e dar expressão do seu amor a Deus tanto em adoração como em
sua vida diária. Isso deve ajudar a forçar os laços de amor e lealdade dentro
da igreja, e em amor e testemunho da verdade de Deus, tanto com palavras
quanto com atos. O fracasso não é uma opção, mas muitos estão
fracassando.

De todos os departamentos que a igreja tem à sua disposição, a EBD tem o


maior potencial para lograr estes fins.

É o meio ideal. Já está disponível uma maior infra-estrutura sobressalente


de currículo e preparação. É demonstrado que a igreja pode cumprir melhor
com os propósitos de Deus com a EBD do que sem ela.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
Finalmente, a igreja necessita de uma ED com qualidade mais do que nunca.
São muitas as congregações que divagam sem visão e estratégia. É uma
fórmula para o desastre. Deus dará a visão e a EBD oferece a estratégia.

É hora de despertar o gigante adormecido.


Quando falamos sobre repensar a Escola Dominical e seus métodos de
crescimento, reconhecemos que existe uma necessidade de readequá-la ao
paradigma educacional dos novos tempos a fim de cooptar novos alunos e
(re) integrar os antigos. Pois, levando “em conta que a nossa tarefa
educativa é gigantesca, pois devemos ensinar ‘todas as coisas’ que Jesus
ensinou a ‘todas as nações’ (Mt 28.19,20), é imprescindível pensar em como
realizarmos o nosso trabalho de maneira cristã em moldes contemporâneos”.

Qual é essa “nova” visão?

A “nova” visão do que é ED, na verdade, é uma readequação ao que ela


sempre foi, mas que, de um tempo para cá deixou de ser. [...] Nessa
readequação, devemos saber que sem aluno não se tem ED. Por isso,
entender a missão e a visão de Deus para a educação cristã é o ponto crucial
para podermos estabelecer uma “política de qualidade” pela qual a equipe
da ED deverá se pautar.

A célebre pergunta do marketing não é “O que queremos vender? ”, mas


“Quem é o nosso cliente? ” É preciso saber quem são os nossos alunos
potenciais, qual o seu perfil, e assim, sem modificarmos a Verdade,
readequarmos nossos métodos de atração, conquista, atendimento e
manutenção dos mesmos. É preciso, a exemplo de Jesus, oferecer respostas
ao que as pessoas buscam (Jo 3.1-21; 4.1-30). É fato que elas poderão não
gostar de todas as respostas, mas, a satisfação proporcionada nas ocasiões
anteriores assegurará a freqüência e dirão, parafraseando Pedro: “Para onde
iremos nós? Só a ED tem as Palavras de vida eterna” (Jo 6.68).

O que aquelas crianças e adolescentes precisavam para viver bem e se


sentirem humanas e encontraram no trabalho de Robert Raikes há 225 anos,
são as mesmas necessidades que motivam as pessoas pós-modernas a
buscarem uma ED:

• Um propósito para o qual viver;


• Pessoas com quem viver;
• Princípios pelos quais viver;
• Força para seguir vivendo.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Uma ED que não oferece satisfação e repostas para essas quatro


necessidades básicas não está à altura de representar o Reino de Deus como
agência de educação cristã. Evidentemente que cada pessoa, de acordo com
a faixa etária, maturação biológica e mental, e condição social, possui
carências de diferentes matizes e formas de manifestar diante das quatro
necessidades acima elencadas. Um exemplo típico do que está sendo
colocado pode ser visto na diferença que existe entre lecionar para uma
classe de adultos na faixa etária dos 25 aos 40 anos e lecionar para pessoas
da Terceira Idade. Os anseios e motivos podem ser os quatro enunciados
acima, no entanto, a forma pela qual irá se manifestar a necessidade bem
como a sua satisfação serão diferentes. Os interesses de ambos os grupos
são distintos.

A administração, ou a gestão dessa demanda é o que deverá orientar o


trabalho da equipe da ED. A missão educativa da Igreja está determinada
há dois mil anos. Devemos ensinar e educar. A pergunta inquietante é: Como
atrair as pessoas pós-modernas para a ED, quando a mídia, o estresse e
outras coisas oferecem a ‘tentação’ de prendê-las ao conforto do sofá aos
domingos? A resposta é simples: Precisamos motivá-las. E isso representa
um duplo desafio: criar ou identificar a necessidade e apresentar um
elemento adequado para satisfazer essa carência.

Aqui chegamos ao ponto crucial de nossa reflexão. A fim de alavancarmos a


Escola Dominical, tomaremos como base o exemplo da reconstrução do
templo e dos muros de Jerusalém, e percorreremos o caminho protagonizado
por Esdras e Neemias? Exemplos de liderança comprometida? e
verificaremos Sete Passos imprescindíveis para reiniciar e implantar uma
nova dinâmica no maior e mais popular programa de Educação Cristã da
Igreja.

PASSO 1 - Capacitar Docentes


Uma leitura desarticulada de textos como 1 Coríntios 12.28; Efésios 4.11; 1
João 2.20,27 etc. comumente nos fazem acreditar que aqueles que possuem
o dom de ensinar ou o ministério de ensino? Os mestres ou doutores?
Prescindem de alguma formação ou preparação técnica e/ou acadêmica,
podendo apoiar-se no Espírito Santo e confiar unicamente na capacitação
divina. Pois, afinal, “a letra mata” (2Co 3.6). Evidentemente que esta é uma
visão equivocada de passagens bíblicas que são lidas e interpretadas
isoladamente sem levar em consideração o contexto ou analogia geral da
Bíblia Sagrada sobre determinado assunto.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

Um simples exemplo, como o texto de Romanos 12.7b, que diz: “se é


ensinar, haja dedicação ao ensino”, mostra a impossibilidade em harmonizar
esse pensamento com o ensino bíblico sobre o tema. Outra versão substitui
a palavra “dedicação” por “esmero”. O que é esmero? Segundo o Dicionário
Aurélio Eletrônico, esmero é “Cuidado excepcional em qualquer serviço ou
atividade”.

Outro exemplo, que, independentemente do ministério de ensino, é princípio


geral para a atual eclesiástica, é o texto de 2 Timóteo 2.15: “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Segundo Deborah
Menken Gill, comentarista das epístolas pastorais do colossal Comentário
Bíblico Pentecostal (CPAD), esse texto de segunda Timóteo 2. 15, assim
como aparece na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) ou como
apresenta-se na tradução da KJV [King James Version], “que compartilha
corretamente”? “A palavra da verdade”? São expressões que ocorrem
somente no Novo Testamento. Este verbo significa literalmente “ser objetivo,
compartilhar a palavra da verdade diretamente, sem distrações” Paulo ao
escrever aos Romanos, parece estar exortando cada um dos seus leitores a
concentrar seus esforços na procura da perfeição no dom que recebeu
individualmente, para o bem do “corpo” como um todo (Romanos 12.6-8).
Inclui nisto o mestre, e insiste em que o mestre desenvolva o seu ministério
de ensino. Escrevendo a Timóteo, Paulo o admoesta a “procurar apresentar-
se aprovado”, a ser “obreiro que não tem de que se envergonhar”, e que
“maneja bem a Palavra da Verdade” (II Timóteo 2.15). Paulo apela à
diligência no estudo, e apela a Timóteo no sentido de ele pensar na
aprovação de Deus, e na possibilidade de passar vergonha se não se dedicar
à tarefa de todo o seu coração, bem como da necessidade de exatidão, sem
erros, na exposição da Palavra. Tal lembrança, e tal apelo, deve se repetir
no caso de todo professor cristão. A tarefa exige da parte do mestre o melhor
que ele possa vir a ser!

Concordamos com Roy B. Zuck que, ao dissertar sobre O Papel do Espírito


Santo no Ensino Cristão na excelente obra Manual de Ensino para o Educador
Cristão (CPAD), afirma o seguinte:

[Alguns] pedagogos realçam a obra do Espírito Santo em favor da


negligência de professores humanos. Eles sugerem que a educação é inimiga
da espiritualidade; a educação é obra da carne e entra em conflito e opõe-
se à obra do Espírito. Este ponto deixa passar o fato de que nos primórdios

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
do Cristianismo Deus usava professores humanos (Mt 28.19; At 5.42; 15.35;
18.11,25; 28.31; 2Tm 2.2), e o Senhor concedeu o dom de ensinar paras
alguns crentes (Rm 12.6,7; 1Co 12.28; Ef 4.11). Professores humanos, como
instrumentos do Espírito Santo, podem estimular e desafiar os alunos,
guiando-os em uma adequada compreensão e aplicação da Palavra de Deus.
Ressaltar o papel do Espírito Santo no processo pedagógico não sugere que
os professores não precisem estudar e preparar-se. Longe disso! “Só o
professor que está bem preparado pode cumprir a tarefa com mais
eficiência, enquanto que, ao mesmo tempo, confia no Espírito Santo para
agir por meio dele e de seus alunos”. Visto que ensinar na Igreja é um
processo divino-humano, um ministério que conjuntamente envolve o
Espírito Santo e os professores, o preparo torna o professor um instrumento
melhor, uma ferramenta mais afiada nas mãos de Deus. Depender do
Espírito Santo no ensino que o crente transmite não significa estar
despreparado e “deixar que o Espírito Santo fale por mim”, como se a
preparação competisse com a espiritualidade. Justamente o oposto é
verdade. O despreparo não é sinal de ser “mais espiritual”. Às vezes, porém,
o Espírito Santo pareceu usar esforços pedagógicos parcamente preparados
e manifestamente realizou muito. Como explicar este fato? Porquanto seja
verdade que o Espírito Santo anule e realmente reduza a nada o serviço
malfeito de um professor, a falta de preparação não é encorajada em
nenhuma parte da Bíblia.

As palavras de Paulo em 1 Coríntios 3.6: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus
deu o crescimento”, deixam claro que o esforço humano é acompanhado,
não substituído, pela obra divina do próprio Deus. Em vez de ser desculpa
para a preguiça ou ignorância, o papel do Espírito no processo educacional
proporciona um desafio para a excelência.

No Mensageiro da Paz, edição de março deste ano, nosso maior expoente


da Escola Dominical nas Assembléias de Deus, pastor Antonio Gilberto,
falando sobre esse assunto, afirmou que é “fundamental a dependência do
Espírito Santo”, e acrescentou que o “ensinador eficiente não é simplesmente
aquele que sabe lançar mão de fontes de consulta”, mas que este “deve
depender do Espírito Santo para o guiar na escolha, iluminar sua mente e
também conduzir o trabalho”. Alguém pode então pensar que tudo o que foi
dito até aqui não tem importância. Espere! Quando perguntaram ao pastor
Antonio Gilberto “o que é mais importante para o ministério de ensino”, sua
resposta foi enfática: “O mais importante é a pessoa dedicar-se mais, ou
seja, não julgar que aquilo que já sabe é tudo que existe. Ao contrário, o

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
universo de Deus nessa parte é infinito, de modo que quem ensina precisa
estar aberto para aprender mais”.

Insistimos neste ponto sobre capacitação docente, por saber que “o principal
responsável pelo atendimento de necessidades discentes é o professor da
ED, pois as aulas podem ser elementos satisfatórios na busca de respostas
espirituais”. E, como dissemos em nosso mais recente artigo? Educar
adolescentes cristãos na pós-modernidade: desafio e necessidade?
Publicado na Revista Ensinador Cristão (CPAD), “ser atualmente um
educador cristão é algo que demanda muito mais que conhecimento e boa
didática, é uma posição que reclama equilíbrio emocional e um bom
relacionamento intra e interpessoal. Isso exige docentes que sejam éticos,
instigadores, criativos, dedicados e profundamente interessados com as
demandas educacionais do Reino”.

Nada menos que isso é suficiente para este tempo, pois é preciso que os
educadores sejam como o sacerdote Esdras, do qual a Bíblia afirma que “era
escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel” (Ed 7.6b).
Bem, podemos até pensar que não temos nenhuma novidade na informação
de que Esdras “era escriba hábil na Lei de Moisés”, pois, sabemos que o
“cargo de escriba, de acordo com o que se lê no Antigo e no Novo
Testamento, era ocupado somente por homens hábeis e capazes,
Competentes e instruídos, homens que soubessem descrever todos os
acontecimentos históricos de sua época”. Portanto, a “habilidade” de Esdras
tinha uma origem: sua dedicação.

Mas, o que levou Esdras a fazer a diferença? Ele não se limitou a ser apenas
mais um sacerdote nem mais um escriba, pois já havia muitos em Israel. O
que o destaca dos demais está registrado em três momentos do mesmo
capítulo 7: a “mão do Senhor estava sobre ele” (vv. 6,9,28). Por ter um
compromisso sério com Deus e com a Palavra, Esdras percebeu que se
quisesse fazer alguma coisa para mudar a situação e buscar uma renovação
espiritual, não poderia limitar-se a fazer apenas o que era sua obrigação.

Qual era a função de um escriba? Responde-nos com propriedade John D.


Davis em seu clássico Dicionário da Bíblia (Juerp):

1. Notário público, Ez 9.2, empregado como amanuense para escrever o que


lhe ditavam, Jr 36.4, 18, 32, e lavrar documentos públicos, 32.12.

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2. Secretário do governo para correspondência oficial e registro dos dinheiros
públicos, 2 Rs 12.10; Ed 4.8. Os levitas serviam de escribas para tomar conta
dos negócios com a reparação do templo, 2 Cr 34.13.

3. Homem encarregado de fazer cópias do livro da lei e de outras partes das


Escrituras, Jr 8.8. O mais notável dos escribas foi o sacerdote Esdras, doutor
muito hábil na lei de Moisés e que tinha preparado o seu coração para buscar
a lei do Senhor e para cumprir e ensinar em Israel os seus preceitos e as
suas ordenanças, Ed 7.6, 10. Neste respeito é ele o protótipo dos escribas
dos últimos tempos, e que era ao mesmo tempo intérprete oficial da lei. Em
o Novo Testamento tem ele o nome de grammateis, ou mais exatamente,
nomikoi, doutores da lei, e nomodidaskaloi, que ensinam leis. Empregam-
se: (a) no estudo e interpretação da lei, tanto civil como religiosa, e nos
pormenores de sua aplicação na vida prática. As decisões dos grandes
escribas constituíam a lei oral, ou tradição. (b) dedicavam-se ao estudo das
Escrituras em geral, sobre assuntos históricos e doutrinais. (c) ocupavam as
cadeiras de ensino que ministravam a um grupo de discípulos [...].

A profissão de escriba recebeu grande impulso, depois que os judeus


voltaram do cativeiro, quando havia cessado a profecia, restando apenas o
estudo das Escrituras para servir de alicerce à vida nacional.

O diferencial é exatamente o fato de que “Esdras tinha decidido dedicar-se


e estudar a Lei do SENHOR, e a praticá-la, e a ensinar os seus decretos e
mandamentos aos israelitas” (Ed 7.10 – Nova Versão Internacional). A esse
respeito nos fala o saudoso “apóstolo da imprensa evangélica pentecostal no
Brasil”, Emílio Conde, em seu Tesouro de Conhecimentos Bíblicos (CPAD):

Desde a Babilônia, os judeus se apegaram à religião para defender sua


integridade nacional. Quando retornaram, o ressurgimento religioso baseou-
se na Lei, a cujo estudo se dedicaram de todo o coração. Esdras foi o
iniciador do movimento, porque instituiu a leitura da Torá (“Tõrãh”) aos
sábados, nas festas e em todas as ocasiões públicas. A leitura era uma
exposição e uma interpretação da Lei.

Foram os escribas que, sem dúvida, fixaram o cânon do Antigo Testamento


hebraico, tanto que nos séculos seguintes foram denominados de homens
de Grande Assembléia. Seu trabalho principal era o de mestre e comentarista
da Torá e dos demais escritos bíblicos do cânon hebraico. Assim, surgiu o
“Halãkãh”, a tradição oral e o “Aggãdãh”, fruto de exegese edificante das
Escrituras. Dos dois, surgiu o Talmude.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
O método que os escribas usavam para a interpretação das Escrituras era
analítico, levando em conta que cada palavra ou frase da “Tõrãh” tinha um
significado especial. Assim, davam uma interpretação plena e
pormenorizada. Os escribas incutiram a idéia de que as formas práticas de
solução estavam implícitas no Pentateuco. Essas atividades interpretativas
abriram o caminho para novos estudos e maior desejo de conhecer a Lei.
Depois de Esdras, o escriba foi classificado como tal e era versado na Torá,
chamado também de doutor da lei, mestre ou rabino (Mt 22.35; Lc 5.17).
Desde que em Israel cessaram os profetas, os sábios se ocuparam
profissionalmente da interpretação das Sagradas Escrituras; assim foi
formado um grupo de doutores da lei, os escribas, que logo chegaram à
categoria de condutores do povo.

A partir deste propósito, Esdras deixa de ser apenas um copista estatal e


passa a ser então “o escriba das palavras, dos mandamentos do SENHOR e
dos seus estatutos sobre Israel” (Ed 7.11), ou seja, há uma mudança de
paradigma aqui que afetou não somente o próprio Esdras, mas toda a classe
de escribas (contemporânea e posterior), conforme comentários
supracitados, pois, eles passaram a ser professores do povo. O fato de o
Senhor Jesus se referir aos escribas de forma negativa (Mt 23.1-39; Lc
11.37-53) é claramente explicável, visto que nesse tempo eles já pertenciam
à seita dos fariseus, que “complementavam” a Lei com suas tradições,
tornando-a obscura e sem efeito. Assim, a “função de escriba era nobre e
digna, porém os que a exerciam falharam em observá-la”.

O professor de Escola Dominical não deve se menosprezar diante dos


professores da escola laica ou mesmo por causa de outras funções e
departamentos da igreja, mas ver-se como o professor das coisas de Deus.
Um dos maiores erros cometidos? Inclusive repetidos durante muitos anos?
Por quem liderava a Escola Dominical era escolher pessoas despreparadas
para o corpo docente. Agora, percebe-se uma busca desenfreada pela
qualidade do ensino, pois essa é a única esperança da igreja para combater
as heresias e os modismos da pós-modernida

PASSO 2 - Identificar o problema, assumi-lo e liderar escola


dominical.
Nossa reflexão avança agora no tempo e tomamos o livro e, particularmente
a vida de Neemias como fio condutor. Neemias, ocupando a função
importantíssima de copeiro do rei Artaxerxes recebeu a visita de um de seus
patrícios e, ao perguntar sobre a situação de Jerusalém, foi surpreendido

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
pela informação de que, além de os muros fendidos e as portas queimadas,
o povo da cidade estava em grande miséria (Ne 1.1-3).

Aqui Neemias toma consciência do problema e todos sabem que a


identificação de um problema é o caminho mais curto para sua resolução.
Os mais otimistas afirmam que só este ato constitui 50% de resposta para a
equação. Mas, o que poderia ter acontecido? Ele simplesmente poderia ter
ignorado. Mas, Neemias não fez isso, pelo contrário, ele não só identificou o
problema e entristeceu-se por isso (v.4), mas o assumiu tornando-se parte
dele e conseqüentemente ocupou a liderança do movimento (vv.5-11; 2.1-
5).

Assim deve ocorrer conosco na Escola Dominical. Mesmo assumindo a


postura mais otimista e considerando a metade do problema solucionado,
existe ainda um longo caminho para implementarmos as mudanças exigidas
e alcançarmos o nível ideal para termos uma ED de qualidade. É bom não
esquecer que, Neemias, assim como Esdras, contava com “a boa mão do
Senhor” (2.8). O pastor, superintendente, professores e todos os demais
envolvidos na Educação Cristã para empreender as mudanças necessárias
na Escola Dominical, deverão contar, acima de tudo, com a mão do Senhor.
Além disso, é preciso que saibam avaliar causas do problema, identificar
essas causas, assumir-se como parte do problema e tomar a iniciativa de
liderar o movimento de “reforma”. Isso implica em desgaste de imagem,
impopularidade e até mesmo inimizades, pois, lamentavelmente, alguns
(ignorante ou conscientemente) perseguem a Escola Dominical e acreditam
que estão prestando um serviço a Deus.

PASSO 3 - Avaliar causas, planejar e preparar a operação


Neemias sabia? e todos os povos daquela época, principalmente os inimigos?
Que uma das evidências de que uma cidade possuía liderança era o fato de
o povo ter suprimentos e esta possuir muros e portas. Por este motivo,
Neemias, como ótimo empreendedor, administrador e líder, realizou uma
viagem com propósitos definidos: a) Fazer parcerias (2.9); b) Guardar os
planos em segredo por um tempo (2.12,16); c) Avaliar as causas e
inspecionar (2.13). É preciso proceder da mesma forma em relação à Escola
Dominical.

PASSO 4 - Lançar uma campanha (divulgar)


O povo agora precisava de incentivo. Uma das formas de incentivar é
fomentar boas notícias e reavivar a esperança de que nem tudo está perdido.
Além disso, o trabalho e o envolvimento de todos, faz com que as pessoas

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amem o projeto, pois elas desenvolvem o senso de pertencimento. Foi o que
fez Neemias (2.17,18). Envolver a todos no projeto de reformulação da
Escola Dominical é uma das melhores formas de incentivar o crescimento da
Escola Dominical.

PASSO 5 - Estar pronto a “colocar a mão na massa” e lidar com a


oposição
O capítulo 3 do livro de Neemias é um vigoroso exemplo de como o trabalho
em equipe é importante na Obra do Senhor. Quando o objetivo é o mesmo
os cargos e as posições são esquecidos, pois prevalece o alvo comum. É
preciso também entender que haverá oposição (Ne 2.19,20; 4.1-3), e,
lamentavelmente, às vezes a oposição consegue desanimar a equipe (4.4-
23; capítulos 5 e 6).

Organização da equipe
A equipe incumbida de determinada missão pode ou não levá-la a efeito.
Tudo depende de sua organização, visão de trabalho, política de qualidade
e acima de tudo coesão. Jesus Cristo expressou essa grande verdade ao
dizer que um “país que se divide em grupos que lutam entre si certamente
será destruído; a família que se divide em grupos que lutam entre si também
será destruída” (Lc 11.17; NTLH).

a) Estabelecimento de objetivos: Antes de formar qualquer equipe, devemos


pensar em que cada pessoa irá se ocupar. Após esse procedimento, devemos
estabelecer alguns parâmetros para recrutá-las e pedir a graça de Deus para
a seleção dos membros. Jesus Cristo bem sabia o porquê de ter formado
uma equipe (Jo 15.16).

b) Reuniões Periódicas: A equipe da Nova Escola Dominical deve reunir-se


em todo final e início de novo trimestre, para fazer um balanço de suas
atividades e auto-avaliação de cada membro. As reuniões devem servir como
catalisação do trabalho e missão da equipe. Nela será visto os pontos fracos
e fortes, onde a equipe acertou e falhou, o que é preciso fazer para o
próximo trimestre etc.

c) Elaboração de Projetos: A projeção é vital para a consecução de grandes


empreendimentos, por isso, a equipe precisa projetar os seus planos para
campanhas de incentivo á Escola Dominical, para o exercício da filantropia,
para a aquisição de algum bem para o educandário etc.

29
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
d) Quantidade de pessoas à Altura da Demanda na ED: O crescimento do
corpo discente determinará o crescimento do corpo docente e da equipe da
Nova Escola Dominical. É importante que esse “detalhe” seja observado.
Nada de sobrecarregar uma só pessoa com a desculpa que não existe outras
pessoas de confiança e competência. Lembremo-nos do conselho de Jetro
(Êx 18.14-24). É bom atentar para as qualidades que os escolhidos deveriam
ter (Êx 18. 21).

e) Qualidade na Prestação dos Serviços: Até pouco tempo atrás era comum
ouvirmos pessoas dizerem ao serem convidadas para cantar: “Olhem irmãos,
eu não ensaiei, mas é para louvar a Jesus mesmo, por isso, se houver alguma
falha peço perdão”. Ora, usava-se esse argumento como se isso fosse
humildade. Para louvarmos a Deus devemos estar o mais preparado possível.
A Nova Escola Dominical exige a certificação qualitativa de todos que nela
trabalham. Não há como prestar um bom serviço na Obra de Deus, se não
houver qualificação para tal. A Obra de Deus pode ser glorificada ou
banalizada segundo o nosso desempenho.

PASSO 6 - Promover uma festa de reinício


Observe como as coisas mudam, quando as pessoas entendem que o ensino
ministrado é para o bem delas, e que poderá ser praticado:

"E levaram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido,


faziam que, lendo, se entendesse.

E Neemias (que era o tirsata), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas


que ensinavam ao povo disseram a todo o povo: este dia é consagrado ao
Senhor, vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo
o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei.

Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai


porções aos que não tem nada preparado para si; porque esse dia é
consagrado ao nosso Senhor, portanto, não vos entristeçais, porque a alegria
do Senhor é a vossa força.

E os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é
santo; por isso, não vos entristeçais.

Então, todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a fazer


grandes festas, porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber " (Ne
8.8-12; grifo do autor). No texto acima vemos claramente os requisitos que

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
uma boa Escola Dominical precisa preencher para que seu número de alunos
cresça e a cada dia ela se torne mais popularizada.
A equipe possuía...
- Apoio do líder majoritário (Neemias; representando o pastor);
- Orientação do líder departamental (Esdras; representando o
superintendente da ED);
- Auxiliares instruídos e capacitados (seis homens à direita de Esdras e sete
à sua esquerda; representando os porteiros e introdutores da ED);
- Professores qualificados e entendidos (Os Levitas; representando os
professores da EBD) .... Funcionava sincronicamente...
- O líder majoritário convocou o povo (Ne 8.1);
- O líder departamental “prendeu” a atenção de todos com a leitura do Livro
(Ne 8.3);
- Os auxiliares estavam “em pé”, ou seja, prontos para orientar o povo (Ne
8.4);
- Os professores (re)liam, explicavam e interpretavam* a lição (Lei), para
que os alunos (povo) entendessem (Ne 8.7).

...e unia-se no momento final para alcançar o objetivo geral:


E Neemias (pastor), e o sacerdote Esdras (superintendente), e os Levitas
(professores), disseram a todos:

"Este dia é consagrado ao Senhor, vosso Deus, pelo que não lamenteis, nem
choreis.

Então todo o povo saiu para comer, beber, repartir com os que nada tinham
preparado e para celebrar com grande alegria, pois agora compreendiam as
palavras que lhes foram explicadas" (Ne 8.12; Nova Versão Internacional,
grifo do autor).

É necessário saber que esse acontecimento tinha toda uma estrutura


preparada anteriormente, pois os muros da cidade foram reconstruídos em
apenas 52 dias, equipes qualificadas foram estabelecidas para atender o
povo, e o líder principal, Esdras, havia se habilitado para tal mister (Ed 7.8-
10). Assim a necessidade precípua da nação que era a questão espiritual foi
suprida. Não só essa, mas várias outras, como necessidade de auto-
afirmação (Jerusalém era o símbolo do poderio da nação), de segurança com
a reconstrução da “proteção” da cidade, de sociabilidade com a reabitação
do povo etc.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
Tudo o que aconteceu aqui, na verdade nada mais foi do que a
conscientização do povo acerca de sua real necessidade (Buscai primeiro o
Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas, ou seja, as outras
necessidades serão supridas, contidas ou dirigidas). Com essa atitude eles
conseguiram fazer uma convergência entre o sentimento e o pensamento do
povo, o que conseqüentemente resultou em uma ação. E essa ação era o
objetivo que Neemias e toda a sua equipe havia vislumbrado previamente,
por isso conseguiram atingi-lo.

Mas como conseguir isso em minha Escola Dominical?


Uma das formas é exatamente observar os sete passos dessa reflexão.

PASSO 7 - Restabelecer a Equipe


Após todo o trabalho de reestruturação, vemos que a equipe que se
desdobrou deveria agora ser restabelecida, ocupando os membros suas
funções originais (12.44-47; 13.30,31). Seria uma impropriedade deixar o
serviço por fazer. Depois de todos se empenharem neste momento inicial, é
preciso que novos postos de trabalho sejam criados e os demais voltem as
suas atividades originais. Manter a supervisão nesse sentido é crucial para
manter o esforço e o ritmo, combustível eficiente no trabalho.

ESCOLA DOMINICAL CRESCER NO CONHECIMENTO


Antes crescei na graça e conhecimento de Nosso Senhor e Salvador, Jesus
Cristo. A Ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade.
Amém”, 2 Pe 3.18. O apóstolo Pedro teve suas dificuldades no início da sua
fé em Cristo, e também ao longo dela, como registra o Novo Testamento.
Jesus, antes do calvário, chegou a adverti-lo de que Satanás estava a tramar
contra os Doze, inclusive ele, Pedro, para arruinar a sua fé. “Disse-lhe
também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos
cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça; e
tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”, Lc 22.31,32.

O texto bíblico que abre este artigo mostra-nos que na vida espiritual, do
crente mais simples ao líder cristão mais destacado, o elemento basilar é a
fé em Cristo, priorizada, mantida, fortalecida, purificada, renovada e, ao
mesmo tempo, seguida do conhecimento de Deus.

“Crescei na graça e conhecimento”, diz o texto sagrado. Essa ordem jamais


deve ser invertida. Cuidar da nossa fé é cuidar do nosso crescente
relacionamento e comunhão com Deus. Estamos falando da fé como

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
elemento da natureza divina, como atributo de Deus (Atos 16: “...a fé que é
por Ele...”; Gálatas 5.5: “...pelo Espírito da fé...”).

A fé em Deus, basilar e primacial como é na vida do cristão, deve ser seguida


do conhecimento espiritual. “Criado com as palavras da fé e da boa
doutrina”, 1 Tm 4.6. Veja também 2 Pedro 1.5, onde o conhecimento deve
seguir-se à fé. Fé sem conhecimento, segundo as Escrituras, leva ao
descontrole, ao exagero, ao misticismo, ao sectarismo e ao fanatismo final
e fatal. Sobre isso adverte-nos o versículo 17, anterior ao que abre o
presente artigo, que os leitores farão bem em lê-lo. É oportuno observarmos
que o dito versículo remete-nos claramente ao versículo 18, que estamos
destacando. “Antes” é um termo conclusivo; refere-se a uma conclusão à
qual se chega.

“Antes crescei” – A vida cristã normal deve ser um crescer constante para a
maturidade espiritual, como mostra 2 Coríntios 3.18: “Somos transformados
de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. ” Esse
crescimento transformador deve ser homogêneo, uniforme, simétrico; caso
contrário virão as anormalidades com suas consequências. Lembremo-nos
do testemunho do apóstolo Paulo sobre si mesmo em 1 Coríntios 13.11, e o
comparemos com o depoimento bíblico de Atos 9.19-30 e 11.25-30. Um
crente sempre imaturo na graça e conhecimento de Deus é também um
problema contínuo para ele mesmo, para outros à sua volta e para a sua
congregação como um todo. E pior ainda é quando o cristão desavisado
cuida apenas de seu conhecimento secular, terreno, humano, social, e
também quando cuido do conhecimento bíblico e teológico sem antes e ao
mesmo tempo renovar-se no poder do Alto, o poder do Espírito Santo, que
nos vem pela imensurável graça de Deus em suas riquezas (Ef 2.7). Tudo
mediante Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Crescimento do crente na graça de Deus – A graça de Deus é seu grandioso


favor imerecido por todos nós pecadores. Essa maravilhosa graça divina é
multiforme e abundante (1Pe 4.10; Ef 2.7). Nosso Deus é “o Deus de toda a
graça” (1Pe 5.10). Menosprezar essa inefável graça divina é insultar o
Espírito Santo, “o Espírito da graça” (Hb. 10.29). Só haverá crescimento na
graça de Deus por parte do crente se este invocá-la, apoderar-se dela pela
fé e cultivá-la em sua vida. “Minha graça te basta”, disse o Senhor a Paulo
quando este orava por livramento (2 Co 12.8-10).

Crescimento do crente no conhecimento – Esse conhecimento do crente na


esfera da salvação, de que nos fala a Escritura, nos vem pelo Espírito Santo

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
(Ef. 1.17, 18; Cl 1.9; 1Co 12.8). Cristo é a fonte e manancial da graça de
Deus (Jo. 1.16, 17) e também o alvo do nosso conhecimento (Fp. 1.8,10).
O conhecimento de Deus nos vem também pela comunhão com Ele, é óbvio,
sendo um meio de usufruirmos mais de Sua graça (2Pe 1.2). Quem está
crescendo na graça e no conhecimento de Deus ainda tem muito a crescer.
Afirma o texto de João 1.17 “...e graça por graça...”. Se alguém estacionar
no desenvolvimento de seu andar com Deus, virá o colapso. É como alguém
sabiamente disse: “A verdadeira vida cristã é como andar de bicicleta; se
você parar de avançar, você cai! ”.

O Senhor Jesus ensinou, dizendo: “Se permanecerdes na minha Palavra,


verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará”, Jo. 8.31,32. Não é, portanto, o conhecimento em si
que liberta; ele é um meio provido por Deus para chegarmos à verdade. Há
muitos na igreja com vasto conhecimento secular, teológico e bíblico,
contudo repletos de dúvidas, interrogações, suposições e enganos quanto a
Deus, quanto à salvação, quanto às Sagradas Escrituras etc.

Como pode o crente crescer na graça e no conhecimento de Deus – Primeiro,


orando sem cessar (1Ts 5.17; 2Co 12.8, 9; Jr 33.3). A oração é um precioso
e eficaz meio de comunhão com Deus. Segundo, lendo e estudando a Bíblia
continuamente (At 17.11; 1Pe 2.2; Sl 1.2, 3), e obedecendo a Deus, a partir
da Sua Palavra (Sl 119.9. 11; Jo 14.21, 23). E também vivendo de modo
agradável a Deus (e não somente em obediência a Deus) (Cl 1.10; 1Jo 3.22);
testemunhando de Cristo e de Sua salvação (At 1.8; 5.42); permanecendo
na doutrina do Senhor (At 2.42; Rm 6.17; 3Jo vv.3,4); frequentando a Casa
de Deus (Hb 10.25; Lc 2.37; Sl 27.4); sendo ativo no serviço do Senhor (Mt
21.28); vivendo continuamente em santidade (Lc 1.75; 2Co 7.1); mantendo-
se renovado espiritualmente (2Co 4.17; Ef 5.18) e experimentando a
progressiva transformação espiritual pelo Espírito Santo, tendo Ele em nós
plena liberdade para isso (2Co 3.18).

Sinais de “meninice” (não-crescimento) espiritual – Os cristãos da igreja de


corinto tiveram este problema (1 Co 3.1, 2). Ver também Hebreus 5.12- 14.
Crianças, no sentido físico, são fáceis de detectar; no sentido espiritual,
também – havendo exceções, é evidente. A criança fala muito, mas não diz
nada ou quase nada. A criança, por natureza, é egoísta. Tudo sou “eu” e o
todo é “meu”. A criança brinca muito e também “briga” muito. A criança
normal dorme muito – e dorme em qualquer lugar! A criança gosta muito de
ruído, de barulho, e geralmente no momento e no lugar impróprios para os
adultos. Quanto mais barulho, mais a criança gosta! A criança gosta muito

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
de doces (Ler Provérbios 25.16,27 e Levítico 2.11). Doces engordam, mas
engordar não é crescer, e nem sempre é sinal de saúde.
A criança é muito sentimentalista. Ela vive pelo que sente. Por coisa mínima,
a criança chora, amua-se e some da cena. A criança é muito crédula. Ela não
discute nem questiona as coisas da vida em geral. Ela crê em tudo, sem
argumentar. Ela aceita praticamente tudo sem averiguar, sem filtrar, sem
discutir.

A criança não gosta de disciplina. Ela não gosta de obedecer. Também a


criança é fantasiosa. Ela exagera as coisas. Ela cria o seu próprio mundo de
fantasia para si e vive esse seu mundo. A criança pequena não tem equilíbrio.
Não tem firmeza. Com facilidade, ela tropeça, escorrega, cai e levanta-se. A
criança é imitadora. Ela, se puder, imita tudo, inclusive o ato de trabalhar
dos adultos, mas tudo imitação, e às vezes machuca-se por isso. A criança,
em geral, é fraca; ela não tem a resistência dos adultos. Finalmente, a
criança não entende coisas difíceis, coisas de gente grande.

Essas verdades e realidades devem ser aplicadas à nossa vida cristã para
vermos se estamos crescendo para a maturidade ou se ainda permanecemos
quais criancinhas incipientes e crédulas. O procedimento correto para o
crente evitar um colapso na sua vida espiritual é “crescer na graça e no
conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.

Artigo publicado no jornal Mensageiro da Paz - Número 1513


• Deus declara em sua Palavra que todos pecaram, e isso inclui a criança, a
qual, independente de etnia, cultura e condição, já nasce com o estigma do
pecado (Sl 58.3 e Rm 5.12). É óbvio que a criança enquanto no estado de
inocência não tem consciência de pecado no sentido moral, isto é, o mal.
Temos que entender que quando a Bíblia diz: “todos pecaram”, isso inclui
também a criança. Em Romanos 3.23 e Tiago 4.17 vemos que o pecado pode
ser por comissão (pecado praticado), e por omissão (deixar de fazer o que
Deus estatuiu; sejam as leis espirituais das Escrituras, sejam as leis naturais,
abrangendo nosso corpo, alma, espírito, meio ambiente, família,
relacionamentos sociais, conduta etc.).

• O castigo da pessoa em continuar e persistir na prática do pecado, a partir


da incredulidade (que é o pecado máter), é a morte. Em se tratando do
pecado, morte significa ficar eternamente separado de Deus e em
sofrimento, ao morrer o corpo físico. Daí morte no sentido bíblico vai muito
além do cessar da vida física (consulte João 5.24 e Romanos 6.23).

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
• Jesus ao morrer por todos na cruz, levou sobre si os nossos pecados, para
que agora possamos ser salvos, e um dia irmos morar com Ele no Céu. Entre
as referências inerentes a esse particular estão João 14.6, Romanos 5.8 e
1Pedro 2.24.

ESCOLA DOMINICAL INCENTIVO A LER


Neste ensaio ressaltamos, entre as várias construções do ato de ler, a leitura
como ato político e como processo de crescimento cognitivo, e algumas
possibilidades educativas para despertar novos leitores, estimular a leitura e
o estudo de livros e da Sagrada Escritura desde a infância.

Ler como ato político


Paulo Freire (1987) afirmara que “a leitura da palavra é sempre precedida
da leitura do mundo”. Na concepção freireana, ler é interpretar a si mesmo
e ao mundo. Não se trata de mera decodificação de sinais gráficos e códigos
linguísticos, mas de apropriação de uma ação libertadora. Ler é exercício de
cidadania e de práxis do indivíduo no mundo.

A verdadeira função da escrita e leitura é capacitar o sujeito a aprender a ler


o mundo, compreender o seu contexto em uma relação dinâmica que vincula
linguagem e realidade, alfabetização e leitura.

A verdadeira leitura não é aquela que manipula mecanicamente o texto, mas


a que implica em percepção crítica das relações entre o texto e o contexto
da lei assim, portanto, a educação freireana prioriza a leitura e a
alfabetização como um ato político libertador. A educação, assim como a
leitura, não deve estar dissociada da realidade e do contexto dos
aprendentes, muito menos ser alienante. Quem lê deve ser capaz de
interpretar o seu mundo, de pensar e cogitar sobre o lido, de criticar e
repensar a leitura, de rever cosmovisões e construir novos caminhos.

Certo axioma atribuído a Albert Einstein diz que “a leitura após certa idade
distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras. Todo
o homem que lê de mais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de
pensar. ”

A crítica de Einstein não é contra a leitura, mas contra aqueles que usam a
leitura como alienação e fuga. Talvez, Mario Quintana desejasse afirmar a
mesma coisa quando escreveu que “os verdadeiros analfabetos são os que
aprenderam a ler e não leem”. Analfabeto não é aquele que não sabe ler,

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
mas o que nunca se apropriou da função social e política da leitura e da
escrita.

Nas palavras de Foucambert (1994), a leitura e a escrita são os instrumentos


pelos quais o sujeito alcança a democracia e o poder individual que, segundo
ele, “é a capacidade de compreender por que as coisas são como são”
(p.123). Lê-se, portanto, para interpretar e transformar a realidade.

Ler como processo de crescimento cognitivo


Atribui-se ao filósofo Sêneca o aforismo que afirma: “A leitura nutre a
inteligência”.

Mas para que isto seja potencialmente possível, é necessário, como afirma
Solé (1988), de estratégias de leituras. Estratégias de leituras, segundo Solé,
“são capacidades cognitivas ligadas à metacognição, que permitem uma
atuação inteligente e planejada da atividade de leitura” (FERREIRA & DIAS,
2002, p.46).

Para o pleno desenvolvimento cognitivo do leitor, Solé (1998, p.70) afirma


que: (1) As estratégias leitoras precisam ser ensinadas; (2) O ensino de
estratégias leitoras deve privilegiar o desenvolvimento de estratégias que
possam ser generalizadas a outras situações e não se atenham a técnicas
precisas, receitas infalíveis ou habilidades específicas.

Possibilidades de Estímulo à Leitura e à Formação de Novos


Leitores

Da parte da Escola Dominical


1. Implantação de projetos de incentivo à leitura com a presença de autores,
editores e educadores;
2. Implantação de uma biblioteca com literatura diversificada que atenda das
crianças ao adulto;
3. Criação do “Clube da Leitura”;
4. Premiar os alunos e professores com literatura;
5. Criar feiras de livros, com vendas, trocas e doações.

Da parte da Família
1. Propiciar um ambiente doméstico que valorize a leitura, a cultura e os
livros;
2. Estimular os filhos a montar uma pequena biblioteca que atenda
exclusivamente o interesse da criança;

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
3. Ler e contar histórias para os filhos;
4. Levar as crianças, adolescentes, jovens e adultos às livrarias e bibliotecas;
5. Participar de feiras de livros;
6. Dar certa quantia em dinheiro para que o leitor compre o seu próprio livro;
7. Os pais devem ser os primeiros a ler;
8. Criar “cantinhos” de leitura para as crianças;
9. Instruir as crianças a reservarem um “tempinho” para a leitura;
10. Controlar o tempo gastos na televisão e dedicar mais tempo à leitura

A FAMILIA E A ESCOLA DOMINICAL


A escola dominical é o único departamento e o maior e mais acessível
agência de educação religiosa da igreja. O seu principal objetivo é levar as
crianças, adolescentes, jovens e adultos a aprender e a praticar a palavra de
DEUS. Por isso, ela é um fator determinante na formação espiritual, moral,
social e cultural das famílias. A EBD coopera eficazmente com o lar, na
formação de hábitos cristãos legítimos, praticas e deveres sociais e bíblicos,
resultando na formação do caráter ideal segundo os princípios do genuíno
cristianismo. Ela instrui mediante o ensino da palavra de DEUS, visando
prioritariamente o coração do aluno.

A EBD quando bem estruturada torna-se um dos meios mais eficazes de


evangelização. É notório que missionários, pastores e demais obreiros e
obreiras, eram ou ainda são alunos da EBD.

1-A família
A família não foi criada para recreação ou por engano, a família é uma
instituição divina, é a base da sociedade ela exerce uma influência decisiva
na formação do indivíduo. Os ataques à família têm como objetivo único
destruir o ser humano. A Família é a célula mater da sociedade. O núcleo
familiar é o primeiro grupo social do qual participamos e recebemos, não
somente herança genética ou material, mas principalmente moral. Nossa
formação de caráter depende, fundamentalmente, do exemplo ou modelo
familiar que temos na formação de nossa personalidade.

Assim há um argumento significativo da importância da família, pois é neste


espaço que os pais têm a possibilidade de oferecer a seus filhos ensinos que
os acompanharão por toda a vida, inclusive em momentos nos quais os
mesmos não estarão mais sob a sua tutela.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
Diante deste retrato uma afirmação pode ser feita: É na família que a igreja
deve investir cada vez mais para garantir que as novas gerações possam ter
um relacionamento saudável e genuíno com Jesus Cristo.
A palavra família aparece 90 vezes na bíblia (68 no AT e 22 no NT). Logo
depois de ter criado todas as coisas, Deus criou o homem (Gn 1.26), e logo
em seguida lhe deu uma mulher (Gn 2.18), com a qual, “em pouco tempo”,
ele teve filhos (Gn 4.1,2), constituindo assim, a primeira família. A família é
tão importante para Deus que quando Ele da face da terra decidiu mandar
um dilúvio para destruir todo o povo da terra devido aos seus grandes
pecados, Ele fez questão de preservar uma família, a família de Noé, que era
um homem fiel (Gn 6.6-22). O segredo para se ter uma família saudável é,
simplesmente, dar aos seus filhos uma boa educação espiritual (Pv 22.6). Os
que são ensinados a guardar o caminho do Senhor aprendem a agir com
justiça e juízo.

Temos visto muitos filmes, documentários, entrevistas que, de maneira


direta ou indireta, tentam convencer à sociedade sobre a inutilidade da
família. De maneira analógica, observemos uma casa, a fim de analisarmos
a família.

As portas da casa são os pais, que permitem ou autorizam a entrada e saída


de informações, pessoas para a intimidade ou convívio da família.

As janelas são os filhos, que podem ver o mundo externo constantemente,


e comparando com a vida familiar, escolhem seguir o mundo externo ou os
valores ensinados em casa.

As paredes são os valores e princípios estabelecidos pelos pais e, ensinados


aos filhos; estes valores vão acompanhar os filhos por toda a vida; eles são
as estruturas para a formação de um bom caráter no indivíduo.

O telhado é a cobertura divina que os pais buscam e através de seu exemplo,


os filhos também procuram esta proteção para suas vidas.

O piso é a raiz que une a família em laços de amor, amizade,


companheirismo, cumplicidade, solidariedade, a fim de que os indivíduos
desta família possam compartilhar com outros indivíduos de outras famílias,
num relacionamento profissional, social, afetivo, ao longo de suas vidas.

Por que então a família tem sido bombardeada pela mídia, onde se diz que
o casamento é uma instituição falida e que a família é uma prisão para o

39
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
indivíduo moderno. Lembremos o que JESUS disse em Lc 17.28 a respeito
dos últimos dias, "Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de
Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam", não é
mencionado o casamento onde se forma uma família. A cada situação
alarmante que os noticiários anunciam, sobre mortes violentas, sequestros,
roubos, latrocínios, e toda sorte de agressão ao ser humano, entendemos
que a raiz do problema está na falta da criação de laços familiares, morais,
éticos e bíblicos.

Uma família sem a formação de valores e princípios éticos, morais e bíblico,


é uma família falida e sem qualidade de vida, sem estrutura e sem firmeza
que ao passar por problemas será presa fácil para o inimigo de nossas almas
que veio para destruir a criação de DEUS (Gn 3; Jo 10.10). O ensino bíblico
na família tem um papel importantíssimo na formação do indivíduo, ou
melhor, na formação da pessoa como um todo. Chegou a hora de mudar
precisamos valorizar a família e seguir a orientação bíblica. E estas palavras,
que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e
delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-
te e levantando-te (Dt 6.6-7).

2- A finalidade da EBD.
-Ganhar almas para cristo: O meio certo é usar a Palavra e confiar na
operação do Espírito Santo (Jo 16.8; 1Pe 1.23). Através da "EBD" pessoas
podem ser salvas.
-Auxiliar no ensino das escrituras: A responsabilidade do ensino bíblico
é dos pais (Dt 6.6-9), mas a igreja através de seu principal departamento de
ensino auxilia a família nesta tarefa (Dt 31.12).
-Auxilia na evangelização: A EBD ensina enquanto evangeliza e
evangeliza enquanto ensina.
-Auxilia no discipulado: O futuro do novo convertido (infante ou adulto)
depende do que for ensinado agora.
A finalidade da EBD deve ser de ajudar o aluno novo convertido a viver uma
vida verdadeiramente cristã em inteira consagração a DEUS e cheio do
Espírito Santo. Mas acima de tudo, não nos esqueçamos de que, como
discípulos de CRISTO, a nossa vida é um permanente discipulado (2 Co
3.18).

Assim a finalidade da EBD pode ser resumida em aceitar a JESUS, crescer


em JESUS, e servir a JESUS.
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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED

3-A responsabilidade dos pais na EBD


A Escola Bíblica Dominical é uma oportunidade única de estudar a Bíblia,
aplicando-a a vida pessoal e crescendo cada dia mais. A Palavra de Deus é
fonte de vida para as pessoas. E é por isso, um instrumento de crescimento
espiritual para toda a família.

“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer


não se desviará dele”. (Pv 22:6) os filhos precisam de alimento espiritual.
Por isso a necessidade de serem ensinados nos caminhos do Senhor e
instruídos no caráter de Deus. Precisam aprender que toda a vida esta
centrada em Deus. Os pais têm um papel importantíssimo na educação dos
filhos e no acompanhamento da vida espiritual dos filhos.

Ser o exemplo: O exemplo é um bom meio de comunicação. Quando os pais


participam da EBD, do ensino bíblico, dos cultos e demais trabalhos da igreja,
estão passando aos filhos a importância da Palavra de Deus.

Ajudar os filhos: A participação ativa dos pais é fundamental, ajudando-os a


estudarem a lição, a memorizarem os versículos, a serem obedientes e a
respeitarem os professores e o tempo da EBD, como uma coisa importante
para a vida deles.

Acompanhar o desenvolvimento dos filhos: Pergunte o que seus filhos


estudaram; o que aprenderam; como podem aplicar o que aprenderam em
seu dia a dia; o que gostaram mais… ajude-os, durante a semana, na leitura
da Bíblia, no estudo da lição, na interpretação dos versículos e demais
tarefas. Ensine-os a orar pelos professores, e a amar a igreja

Valorizar a EBD: A Escola Bíblica Dominical auxilia no desenvolvimento


espiritual e moral de seus filhos. Assim como se preocupa com o bom
empenho de seus filhos nos estudos escolares, do mesmo modo deve
valorizar o seu desenvolvimento espiritual e zelo pela aprendizagem dos
princípios bíblicos.

Não chegar tarde: A obra de Deus requer compromisso. Habitue-se a chegar


cedo para orar, em respeito a Deus e aos seus irmãos em Cristo. Leve o seu
filho no horário para não perturbar as classes e as crianças, pois perdem o
seguimento e o ambiente descontraído das atividades iniciais que
normalmente têm como alvo despertar o interesse.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
Por causa dos pais: As crianças deixam de frequentar a EBD, pois são
dependentes. Não acompanham as lições, não aprendem, não crescem
espiritualmente, não se habituam ao ambiente, não se introduzem no grupo
e por isso não fazem amigos na igreja. Não conhecem a Bíblia, e
consequentemente desconhecem a vontade de Deus para as suas vidas,
ficando sem referências morais e espirituais. Com o tempo, ficam tão
desmotivadas que não deseja participar de coisa alguma na igreja.
Acompanhe seus filhos à EBD.

Vemos, pois, com imensa preocupação, a realidade de nossas igrejas locais,


onde a frequência à Escola Bíblica Dominical é mínima (pesquisas de pouco
mais de cinco anos atrás indicam que a frequência média das EBDs nas
Assembleias de Deus é de apenas 10% dos membros e congregados, ou
seja, apenas o dízimo comparece à EBD!) e onde a interrupção do estudo é
uma constante, o que compromete sensivelmente o alcance dos objetivos
preconizados pela Escola Bíblica Dominical. Parte desta realidade é culpa dos
pais e a igreja precisa urgentemente trabalhar para melhorar ou restabelecer
a frequência de outrora.

4-A importância da EBD


A EBD é importante porque é a principal agencia de ensino na igreja.
Nenhuma outra reunião tem um programa de estudo sistemático da bíblia
com a mesma abrangência e profundidade.

A EBD complementa a educação cristã nos lares. No Antigo Testamento eram


os próprios pais, os responsáveis pelo ensino das escrituras e nos dias de
hoje também continua sendo os responsáveis primários pela educação cristã
(Dt 6.6,7;11.18,19;31.12).

A EBD tem como objetivo fazer que os alunos sejam sempre cumpridores da
palavra e não somente ouvintes enganando-vos com falsos discursos (Tg
1.22).

A grande maioria das famílias recebe pouca ou nenhuma instrução na


Palavra de DEUS, no lar, sob a liderança do seu chefe. Infelizmente a bíblia
tem perdido seu lugar no seio da família, a igreja ficou com a grande
responsabilidade de prover educação cristã de qualidade. Todo o impacto
desta responsabilidade caiu sobre a EBD.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
Além de aproximar pais e filhos na comunhão do corpo de CRISTO, a EBD
introduz crianças, adolescentes, jovens e adultos no conhecimento bíblico,
afastando-os da ociosidade e das más companhias.

É importante porque é fonte de genuíno avivamento (2 Cr 34.15). É chamado


á redescoberta do ensino da Palavra de Deus como base de todo o
avivamento. Não há outro caminho para manter a igreja viva a não ser o
retorno às Escrituras, como ocorreu no tempo do rei Josias.

Considerações finais
Nenhuma instituição de ensino tem efeito tão benéfico sobre a família como
a EBD. Nos países onde a EBD é valorizada, sempre há testemunha de
pessoas que se tornaram úteis à sociedade e ao mundo. Portanto, a igreja
precisa valorizar a EBD que é a maior escola de formação cristã do mundo.
Os que são assíduos na EBD absorvem o ensino da bíblia, e passam a ter
uma conduta pautada nos princípios elevados da palavra de DEUS se
assemelhando em palavras e obras ao ideal apresentado por JESUS. “A
conversão de uma alma é o milagre de um momento; a formação de um
santo é a tarefa de uma vida inteira”(AlanRedpath).

ESCOLA DOMINICAL SUPERINTENDENTE


No Hebraico: O termo “superintendente” procede do latim e significa,
“aquele que dirige na qualidade de chefe”; “aquele que inspeciona”, “aquele
que supervisiona”. No hebraico, o paqd é descrito como: inspetor,
encarregado, capataz.

O termo descreve um subordinado especial (Gn 41.34) posto em uma


posição de “supervisão de outros”. O paqîd era um funcionário real de
confiança que administrava o trabalho e funções dos soldados, sacerdotes e
levitas no Antigo Testamento. Em 2 Cro 31.13; 34.10,12,17 é o
administrador do Templo.

No Grego: O proistemi (Rm 12.8) é o que “preside”, literalmente “aquele que


está à frente de”; “liderar” ou “dirigir”. De acorco com Paulo, os líderess são
pessoas capacitadas sobrenaturalmente pelo Espírito Santo para administrar,
presidir e liderar atividades executadas pelo Corpo de Cristo para o
crescimento do Reino de Deus.

Contemporâneo: Se eventualmente admitirmos as atuais mudanças


administrativas da educação brasileira na ED, chamaríamos a função do
superintendente ou diretor de: “Gestor da Escola Dominical”. A mudança de

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
nomenclatura envolve também uma alteração de rumo ou mudança política
e administrativa dos antigos paradigmas ou modelos de organização escolar.

Funções Gestoras do Superintende da EBD.


1. Criar projetos de qualidade educacional (Projetos participativos)
2. Análise crítica do projeto educacional (Análise participativa)
3. Administrar os recursos humanos e materiais:
4. Selecionar com base na capacidade das pessoas de atenderem às
especificações das atividades docentes;
5. Criar um ambiente de cooperação que promova a excelência e uma
relação sólida e segura entre os professores e alunos, alunos e professores,
superintendente e professor, professor e superintendente; superintendente
e alunos, alunos e superintendente;
6. Envolver todos os professores e alunos na garantia da qualidade da Escola
Dominical;
7. Criar programas de capacitação continuada para os professores;
8. Atender as necessidades materiais da Escola Dominical;
9. Atender os alunos:
a) Quem são os alunos?
b) Que necessidades eles têm?
c) Como melhor aprendem?
d) Como são estimulados à busca do conhecimento?
e) Como é a relação professor-aluno?
f) Qual o conteúdo ensinado?
g) respondem ao conteúdo ensinado?
10. Atender os professores:
a) Quem são os professores?
b) Que necessidades eles têm?
c) Como ensinam?
d) Como são estimulados à busca do conhecimento?
e) Como se relacionam com a igreja?
f) Qual a formação dos professores?
g) Como usam os recursos educacionais oferecidos?

Como Agem os Superintendes Eficazes?


1. Definem objetivos claros;
2. Exibem confiança e receptividade com relação aos outros;
3. Discutem fatos abertamente;
4. Solicitam e ouvem ativamente o ponto de vista dos outros;
5. Utilizam a gestão participativa para criar um abiente de
cooperação e particiipação;

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
As Habilidades do Superintendente Eficaz:
1. Habilidade de planejamento;
2. Habilidade de manejo e controle do orçamento;
3. Habilidade de organização;
4. Habilidade de resolver problemas criativamente;

Competências administrativas e pedagógicas:


Habilidade de comunicar eficazmente;
Habilidade de mobilizar a equipe escolar e a igreja local;
Habilidade de desenvolver equipes;
Habilidade de negociar e resolver conflitos;
Habilidade de avaliar e dar feedback ao trabalho dos outros.

O COMPORTAMENTO DO CRENTE QUE AMA ESCOLA DOMINICAL.


Ele não ignora a convocação ao ensino da palavra - Neemias 8.1 E CHEGADO
o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se
ajuntou como um só homem, na praça, diante da porta das águas; e
disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o
Senhor tinha ordenado a Israel. = Provérbios 15.32 O que rejeita a instrução
menospreza a própria alma, mas o que escuta a repreensão adquire
entendimento.

Após a conclusão das muralhas de Jerusalém sob a liderança de Neemias,


deu-se inicio a outra obra, que era o ensinamento da Palavra. Neemias
juntamente com Esdras se uniram vendo a grande necessidade que o povo
tinha de voltar a aprender as escrituras. Todo esforço empreendido na
reconstrução e organização do templo como também as muralhas
reconstruídas, seria totalmente inútil se o povo não voltasse a participar das
cerimônias anuais estabelecidas pela lei mosaica. Partindo daí eles fizeram
uma convocação geral para o povo que prontamente atendeu a convocação
e se reuniram na praça diante da porta das águas em Jerusalém a fim de
receberem o ensino da palavra de Deus.

Em nossos dias infelizmente o povo não é tão unânime em atender a


convocação para a Escola Dominical. No domingo pela manhã ao passarmos
em frente uma Igreja católica a vemos lotada e não tem estudo é só a missa,
nas igrejas neopentecostais também logo cedo está lotada e é culto de
campanha dos exploradores da fé e nas igrejas serias que tem a Escola
Dominical é só um pouquinho de gente.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
Essa é uma das razões que a bíblia diz que os filhos das trevas são mais
prudentes que os filhos da luz. É difícil fazer o povo entender que a principal
coisa na vida do crente é obter o conhecimento da palavra e aquele que
recusa a fazê-lo despreza a si mesmo e negligencia os seus melhores
interesses. Todo crente lúcido espiritualmente sempre dará ouvidos às
instruções da palavra de Deus para assim caminhar com entendimento pelo
caminho da justiça divina. O crente que é consciente e temente a Deus
desenvolve coração sensível às instruções divinas.

Ele tem o desejo de ouvir e aprender a palavra - Neemias 8.2 E Esdras, o


sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de
mulheres, e todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia
do sétimo mês. = Salmos 119.105 Lâmpada para os meus pés é tua palavra,
e luz para o meu caminho.

O ensino da palavra não tem exclusividade, ele abrange a todas as idades


tanto a homens como a mulheres. Todos se juntaram organizadamente e
mostraram uma expectativa desejosa de ouvir as instruções que seriam
ministradas. É nesse espírito que o povo deve vir para os cultos de instrução
e mais precisamente a escola dominical. Deus é luz, ou seja, a sua palavra
fornece essa luz e torna-se ilustradamente uma lâmpada para os nossos pés.
Significa que é a palavra que nos dá a direção certa para que a nossa jornada
seja bem-sucedida. Todos os caminhos da justiça divina e ações serviçais
são recomendados pela palavra de Deus. A palavra fornece luz para cada
atitude, para cada passo, para cada decisão para que andemos sempre na
direção certa.

Ele não mede esforços em ser instruído na palavra - Neemias 8.3 E leu no
livro diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a alva até
ao meio dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender; e os
ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei. = 2 Timóteo 3.17
Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para
toda a boa obra

É interessante ressaltar o esforço desse povo para ouvir as instruções da lei.


Foram cerca de seis horas de ensino bíblico a qual podemos observar que
ninguém murmurou quanto à longa duração da reunião.

Também se nota que todos estavam atentos às instruções do livro da lei. O


comportamento desse povo é um grande exemplo para os crentes dos
nossos dias. Todos atenderam a convocação, chegaram no horário, se

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
organizaram, não reclamaram do tempo da instrução e não ficaram
conversando quando a palavra era ministrada. É preciso entender que a
escritura é uma regra perfeita de fé e sua prática foi designada para o
homem de Deus, porque é proveitosa para ensinar. Se seguirmos suas
orientações visto que foi dada pela inspiração divina alcançaremos uma
proveitosa evolução espiritual. A escritura satisfaz a todos esses fins e
propósitos. Por isso devemos amar a instrução e valorizar aqueles que se
dedicam a esse ministério de ensino.

O COMPORTAMENTO DO LÍDER QUE AMA A ESCOLA DOMINICAL


Ele procura auxiliares capacitados no manejo da palavra. Neemias 8.4 E
Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram para
aquele fim; e estava em pé junto a ele, à sua mão direita, Matitias, Sema,
Anaías, Urias, Hilquias e Maaséias; e à sua mão esquerda, Pedaías, Misael,
Melquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão. = 2 Timóteo 2.2 E o que
de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que
sejam idôneos para também ensinarem os outros.

Esdras escolheu homens capacitados na palavra para estarem cooperando


com ele durante a ministração da palavra. Pessoas que são escolhidas para
a área de ensino devem obrigatoriamente ter um conhecimento teológico
para exercerem essa função. É comum e muito errado separar pessoas a
revelia simplesmente para preencher uma função. Se o pastor não tem
pessoas que atendam esses requisitos é ele que tem essa incumbência. É
lamentável dizer que tem pastor incapaz de dar uma aula de Escola
Dominical.

Essa é uma realidade que vivenciamos nos dias de hoje onde qualquer um
está abrindo igreja e se intitulando pastor. Pastor que não passou por uma
faculdade teológica, está muito longe de ser um pastor. Todo pastor que se
preza deve ser capaz de ensinar outros e ser apto para isso.

Quem ensina tem grandes responsabilidades diante de Deus, pois vai dar
conta a Ele de tudo o que ensinou. A palavra de Deus deve ser transmitida
de maneira pura e incorrupta a outros.

Quando há condições de organizar a escola dominical com ensinadores,


estes devem ser fiéis, confiáveis e idôneos para ensinar a outros. Existem
alguns casos de irmãos que estudam muito a palavra de Deus e desenvolvem
uma capacidade superior de ensino, e, é com esses que acontecem algumas
injustiças e perseguições. E, isso motivado por ciumeiras de pastor que não

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
quer alguém ensinando a palavra com sabedoria com medo do povo se
inclinar para o lado deste, ou de ter que ralar em buscar conhecimento para
não ficar para trás.

Ele procura trazer ao povo o conhecimento puro da palavra - Neemias 8.5 E


Esdras abriu o livro perante à vista de todo o povo; porque estava acima de
todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. = Colossenses 2.8
Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias
e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do
mundo, e não segundo Cristo; o rolo da escritura foi aberto à vista de todos,
para mostrar que o ensinamento seria exclusivamente extraído de algo
autêntico.

O povo ficou aproximadamente durante seis horas ouvindo os ensinamentos


ministrados por Esdras e seus auxiliares, pois sabiam que o que estavam
aprendendo era a pura verdade sem manipulações. Em toda ministração não
se pode enfatizar a sabedoria do homem em concorrência com a sabedoria
de Deus. O apóstolo Paulo diz que a doutrina do homem é maligna, pois é
cheia de fantasias que acabam destruindo a fé; com especulações ou
curiosidades que podem até prender a atenção, porém não trazem qualquer
benefício para os ouvintes.

Ele procura levar a reunião de ensino com louvor e adoração - Neemias 8.6
E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém,
Amém! Levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e adoraram
ao Senhor, com os rostos em terra. = 2 Pedro 3.18 Antes crescei na graça e
conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a
glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.

Em uma reunião de ensino também se envolve a adoração ao Senhor e foi


isso que Esdras fez. É importante que a reunião de ensino se transforme em
uma reunião de bênçãos, louvor e adoração que é algo importante antes da
ministração didática, pois não se trata de ensino secular e sim de
ensinamentos espirituais. Tem crente que vem para uma reunião de ensino,
e não é capaz de dobrar o joelho em oração, como também muitos menos
o faz na ministração do louvor e adoração. O caminho estreito que conduz a
vida é condicional a obediência de muitos preceitos estabelecidos por Deus.

É preciso uma submissão a autoridade ensinadora antes de podermos


receber de coração todas as verdades do evangelho; e a não submissão
implica também em rejeitar a verdade. Se formos afastados da verdade,

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estaremos afastados do caminho da verdadeira benção, e aí estamos no
caminho que conduz a destruição. Precisamos nos aplicar no conhecimento
do Senhor e nos esforçar com mais amplitude em conhecê-lo cada vez mais,
pois isso nos fará mais semelhantes a Ele.

Ele procura organizar a didática com o melhor para o povo - Neemias 8.7 E
Jesuá, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaséias, Quelita,
Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías, e os levitas ensinavam o povo na lei; e o
povo estava no seu lugar. = Romanos 12.7 Se é ministério, seja em
ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino.

Esdras colocou ensinadores em grupos para ministrarem ao povo. Isso


porque a grande multidão que se ajuntou não teria como ouvir o que era
passado do púlpito. Assim também deve ser nas igrejas que comporta
grande numero de pessoas. A distribuição do trabalho didático deve ser feita
criteriosamente sempre escolhendo pessoas aptas para a área de ensino.
Aquele que ensina deve colocar toda a sua fé no trabalho, para gravar as
verdades que ensina no seu próprio coração em primeiro lugar. O grande
cuidado de todo aquele que ensina é ministrar a sã doutrina, de acordo com
o modelo das sãs palavras. Quem tem habilidade de ensinar e tem se
encarregado desse campo apegue-se a ele. Seja regular, constante e
diligente no ensino; e permaneça nessa que é a sua função. Se o pastor
dividiu o trabalho te dando essa responsabilidade procure se entregar e
dedicar a isso para fazê-lo, mas fazê-lo bem. (Jornal dominical. Movimento
pent.).

ESCOLA DOMINICAL O PROFESSOR E O ALUNO


O que é estudar? Seria apenas reler ou refazer o conteúdo de um livro ou
explanação de um professor? Claro que não é tão simples assim! A maioria
dos autores concorda que estudar consiste no processo de concentrar toda
atenção em um fato, assunto ou objeto, com o fim de apreender-lhe a
essência, funcionalidade, utilização, relações de causa e consequências.
Estudar, de fato, exige certas aptidões intelectuais, tais como aprender a
ver, ouvir, redigir, ler, memorizar e raciocinar. E, acima de tudo, estudar
envolve prazer em aprender, conhecer. Isso depreendemos da própria
origem etmológica da palavra estudo (studium), que indica ardor, zelo e
aplicação. O termo estudante remete àquele que se aplica em algo,
portanto, não faz apenas porque alguém mandou, mas possui um ardor
próprio. Assim também pensava Comênios. “A escola, portanto, erra na
educação das crianças quando elas são obrigadas a estudar a contragosto,
[...] é imprescindível despertar nas crianças o amor pelo saber e pelo

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aprender [...]. Nas crianças, o amor pelo estudo deve ser suscitado e avivado
pelos pais, pelos professores, pela escola, pelas próprias coisas, pelo
método, pelas autoridades”. O problema é que os professores concentram a
maior parte do tempo no conteúdo, acreditando que as habilidades
cognitivas serão algo decorrente. Mas de acordo com Crawford W. Lindsey
Jr, “se ensinarmos habilidades cognitivas, o conteúdo emergirá como um
efeito colateral desejável e necessário”. Aí se sentirá o tal desejo de
aprender;

I. Objetivo do estudo. De modo geral podemos dizer que o estudo visa


levar o indivíduo a alcançar a compreensão, obter informes ou conseguir
eficiência em uma habilidade, referente a um fato. Pode-se dizer, também,
que o estudo é uma atividade mental provocada por uma situação
problemática, de natureza variada, que o indivíduo se propõe a resolver,
superar ou dominar. Por que estudar? Devemos estudar simplesmente
porque não há outro processo mais fácil e eficiente para se chegar ao saber.
Todo aprendizado requer esforço e perseverança por parte do estudante. O
estudo não precisa ser feito prioritariamente por meio de livros, isto é,
mediante a leitura de textos, às vezes, basta o estudante valer-se do diálogo
ou conversação com um bom mestre.

Assim se fazia nos tempos em que não existia a imprensa e em que a posse
de manuscritos era um privilégio reservado a poucos. Portanto, o que
caracteriza o estudo não é um grande esforço mental ou concentração
atentiva na captação dos materiais a ser aprendido, mas a aptidão para
vencer as dificuldades de compreensão, de um modo perseverante e
sistemático, seja qual for o modo de consegui-lo.

II. Condições para o estudo. Reiterando, estudar não é apenas ler trechos
de um bom livro, copiar artigos da internet, ou compendiar conhecimentos
prontos. Estudar requer muita concentração, tempo, ambiente apropriado,
força de vontade e abnegação. Para que o professor de Escola Dominical
estude com boas possibilidades de sucesso é preciso que algumas condições
sejam atendidas, satisfatoriamente. Essas condições podem ser classificadas
em extrínsecas e intrínsecas. Vejamos:1. Condições extrínsecas. As
condições extrínsecas de estudos são aquelas que não se relacionam com a
pessoa de quem estuda. Referem-se àquelas circunstâncias materiais e de
ambiente, quais sejam: local, conforto, material de estudo, ordem,
interrupções, períodos de estudo e horas de estudo.

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
a) Local. É importante que se estabeleça um local de estudo isolado do
burburinho da rua ou da própria casa. É aconselhável que o local de estudo
não seja utilizado para outros fins, tendo em vista estabelecer
condicionamento propício às atitudes de estudo. Assim, o local de estudo
não se deve prestar para outras práticas que não sejam com as relacionadas
com o estudo. O local deve ser suficientemente iluminado, devendo vir à luz,
tanto natural como artificial, da esquerda para a direita, com relação à
posição do estudante. Sempre que possível, dar preferência a luz natural. É
conveniente afastar da vista do estudante, coisas que lhe posam desviar a
atenção, como fotos, revistas, televisão e mesmo evitar a permanência no
local, de pessoas que, entretidas em outras atividades, possam roubar a
atenção de quem deseja estudar. Não há dúvida, no entanto, que, segundo
certas circunstâncias, música suave pode até ser estimulante para os
estudos.

b) Conforto. O local de estudos requer condições mínimas de conforto e


higiene, como cadeira e mesa de trabalho adequados, luminosidade e
temperatura satisfatórias. Estes elementos, quando corretos, contribuem
para diminuir a fadiga e aumentar a concentração mental. É conveniente
que o estudante, quando sentado, conserve a coluna vertebral ereta e
assuma uma postura física que permita o relaxamento dos músculos.

Posição física incorreta pode, em pouco tempo, determinar cansaço


muscular, acarretando, fatalmente, queda no rendimento intelectual. É claro
que outros prejuízos físicos podem advir da má postura na cadeira. A
iluminação, também, pode acarretar, quando inadequada, fadiga mental,
além de outros prejuízos para a própria vista.

c) Objetivo do estudo. Todo estudo requer um mínimo de material


informativo que permita esclarecimentos e aprofundamentos referentes aos
temas estudados. Assim, claro é que, para estudar, é necessário que haja
ao alcance das mãos, enciclopédias, dicionários de língua portuguesa e
bíblico, atlas geográfico bíblico, concordâncias; manuais bíblicos... e
compêndios, além dos elementos específicos em instrumentos ou livros,
referentes ao tema que esteja sendo estudado.

d) Ordem. Todo material de estudo deve estar separado e selecionado


quanto ao tipo de informes que possa oferecer. Devem ser providenciadas
fichas e pastas referentes a temas em geral e especificamente para cada
tema, que contenham indicações bibliográficas, anotações, indicações de

51
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
fontes de estudos, resumos e todo tipo de notas, a fim de não sobrecarregar
a memória.

Importante é que o material de estudo, seja de que natureza for, volte para
seus respectivos lugares, a fim de ser evitada aquela perda de tempo com
enervantes buscas à mínima consulta a ser feita ou à mínima necessidade
de uso de instrumentos a ser levada a efeito. Importante, também, anotar
as dúvidas, conceitos, comentários ou informações, logo que forem
surgindo, não deixando para depois, quando poderá ser tarde, devido a
possíveis falhas de memória. Quando estiver lendo e encontrar uma palavra
que não conheça, sublinhe imediatamente e consulte o dicionário assim que
puder.

e) Interrupções. É aconselhável interromper o estudo aos primeiros sintomas


de cansaço, com descanso de alguns minutos, pondo o corpo em
movimento, respirando fundo ou relaxando os músculos, voltando a seguir,
ao trabalho. De pouco adianta teimar a continuar estudando, sentindo
cansaço, porque haverá maior dispêndio de energia, com mínimo ou nenhum
rendimento. É aconselhável, também, segundo condições pessoais, realizar
interrupções nos trabalhos de estudo, de trinta em trinta minutos ou de hora
em hora, para evitar que a fadiga maior se manifeste. Parece que é ideal a
pausa de uns dez minutos, após um período de quarenta e cinco ou
cinquenta minutos de estudo.

O ADULTO PRECISA SER INCENTIVADO


Antes de iniciar a lição, o professor deve propiciar a seus alunos boas
razões para continuarem assistindo suas aulas. Contar antes uma história
interessante, uma ilustração curiosa, uma notícia de última hora ou uma
experiência vivenciada por ele mesmo, constituem excelentes formas de
incentivar o aluno. Ao escolher o elemento incentivador, o professor deve
sempre levar em conta os interesses reais de seus alunos. Quais são as
coisas que mais lhes interessam? Sobre que gostam de falar? Às vezes, é
bom usar algum acontecimento do momento como ilustração, e assim
relacionar a lição com eventos e atividades que estejam interessando os
alunos na ocasião.

Qualquer que seja essa incentivação, ela deve conduzir o pensamento, de


maneira lógica e fácil, para a lição propriamente dita, relacionando o assunto
à aspectos reais da vida. O relato de um acontecimento; a leitura de um
texto paralelo da Bíblia; citações de outros comentaristas; apresentação de
uma gravura, objeto etc. Estes são alguns dos variados recursos de que o

52
Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
professor de adultos pode dispor para vivificar o ensino e a aprendizagem,
mediante sua aproximação com a realidade e com a atualidade.

O adulto precisa ser compreendido, respeitado e valorizado

O professor deve ouvir e dialogar com seus alunos, levantando as suas


necessidades, procurando atendê-las dentro do possível, dedicando- -lhes
tempo fora da classe da Escola Dominical.
Há professores que se colocam num pedestal julgando-se “donos do saber”.
Tais professores esquecem que seus alunos, independente da
“escolarização”, possuem experiências de vida dignas de serem
compartilhadas. O conhecimento que possuem, embora, às vezes,
assistemático constitui matéria indispensável para o enriquecimento do
conteúdo da aula. O professor jamais pode subestimar seus alunos. Deve
tratá-los com respeito, valorizando sempre suas participações e
compartilhamento de idéias. Todo professor deve conhecer e praticar o
princípio do respeito e igualdade. Quando o aluno percebe que seu professor
o respeita, sente-se aceito e desenvolve um relacionamento de respeito e
admiração com aquele professor.

Vendo-se no mesmo nível de igualdade que ele, o aluno expressa-se com


mais facilidade, fica à vontade para expor suas dúvidas, fazer perguntas e
conversar sobre suas idéias. Sente-se valorizado. Ele acredita que o
professor não irá censurá-lo ou constrangê-lo com julgamentos sobre sua
capacidade intelectual, mas irá ajudá-lo a se expressar melhor.

A INTERAÇÃO PROFESSORES E ALUNOS


Na interação entre professores e alunos, supõe-se que os mestres ajudem
inicialmente os estudantes na tarefa de aprender, visto que esse auxílio logo
lhes possibilitará pensar com autonomia. Para aprender, o aluno precisa ter
alguém ao seu lado que o acompanhe nos diferentes momentos de sua
aprendizagem. Por meio da interação estabelecida entre o professor
(parceiro mais experiente e sensível) e o aluno, constrói-se novos
conhecimentos, habilidades, competências e significações.

Cabe ao professor conhecer seus alunos profundamente, afim de


familiarizar-se com os modos por meio dos quais eles raciocinam.
Conhecendo bem o pensamento dos alunos, o mestre estará em condições
de organizar a situação de aprendizagem e, sobretudo, interagir com eles,
ajudando-os a elaborar hipóteses a respeito do conteúdo em pauta,
mediante constante questionamento. Desta forma, os estudantes poderão,

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Curso Básico de Educação Teológica a Distância – CBETED
aos poucos e com os próprios esforços, formularem conceitos e noções da
matéria de estudo.

Quem é o adulto? Quais são suas necessidades, interesses e expectativas?


Segundo o dicionarista Aurélio, o termo “adulto” diz respeito ao “indivíduo
que atingiu o completo desenvolvimento e chegou à idade vigorosa; que
atingiu a maioridade. ” No âmbito psicológico diz-se do “indivíduo que atingiu
plena maturidade, expressa em termos de adequada integração social e
adequado controle das funções intelectuais e emocionais. ”

Além dos aspectos físicos e psicológicos, podemos também observá-lo pelo


prisma social e espiritual. A maioria dos adultos está estabilizada na área
financeira, familiar e social. Buscam coisas concretas e reais. Suas
expectativas estão calcadas e fundamentadas em aspectos reais da vida.
Época da mais completa manifestação da vida; tempo de grande
produtividade, período em que se manifesta a maior capacidade de
discernimento; sérias responsabilidades, amizades estáveis, grande ambição
e força de vontade. Também de comodismo espiritual, no sentido de
imaginar que já sabem tudo que diz respeito as coisas espirituais. Como
atingi-los com o ensino bíblico? Como motivá-los ao estudo da Palavra?
Como reverter o quadro de estagnação e rotina?

Para melhorarmos a qualidade do ensino ajustado aos adultos, precisamos


conhecer suas necessidades, preferências, expectativas e, principalmente,
de que modo se disponibilizam à aprendizagem. Vejamos:

O adulto precisa envolver-se totalmente no processo ensino-prendizagem. A


participação ativa dos alunos constitui fator essencial à aquisição e
principalmente a retenção do conteúdo da lição. O professor deve “abrir
espaço” para seus alunos contarem suas próprias experiências relacionadas
aos aspectos essenciais da lição. Todo ensino tem de ser ativo, e toda
aprendizagem não pode deixar de ser ativa, pois ela somente se efetiva pelo
esforço pessoal do aprendiz, visto que ninguém pode aprender por alguém.
O professor deve solicitar, quer no início, quer no decurso de qualquer aula,
a opinião, a iniciativa, o trabalho do aluno.

O adulto também requer métodos flexíveis e variados


Não devemos tornar nossos métodos tão rígidos a ponto de não admitirmos
meios de comunicação mais práticos e flexíveis. Por exemplo, o método de
preleção ou exposição oral, embora muito criticado, é o preferido,
principalmente pelos professores de adultos. Neste método, o professor fala

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o tempo todo e, às vezes, responde algumas poucas perguntas. Dentre as
desvantagens do uso exclusivo deste método, destacam-se duas: 1) A
preleção “centraliza o ensino na figura do professor, exigindo pouco ou
nenhum preparo da lição por parte dos alunos”. 2) Este método, “não
permite que o professor dê atenção especial a todos os alunos, obrigando-
o, em alguns casos, a nivelar a aula, por mera suposição. ” (Como tornar o
ensino eficaz, CPAD)
Precisamos diversificar nossos métodos e adequá-los eficientemente às
novas circunstâncias. Ou seja, mudar a maneira de comunicar uma verdade
sem alterá-la.

Um dos maiores problemas do ensino na ED, atualmente, independente de


faixa-etária, é a inadequação dos métodos de ensino. Os métodos (quando
são usados) são escolhidos sem objetivar o aluno e a transformação de sua
vida. O professor deve ser criterioso ao escolher o método que irá usar em
sua classe. Cada situação específica requer um método apropriado.

O adulto também precisa de novidades


O professor deve cultivar sempre o senso de “novidade”. Deve criar um
ambiente de constante expectativa do “novo”, do atraente, da curiosidade.
O adulto quer livrar-se do tédio e da monotonia. Ele deseja entrar em
atividade e demonstrar que é habilidoso e criativo. O conteúdo da revista
(informações e aplicações) por mais enriquecedor e profundo que seja não
é suficiente, até mesmo em função do pouco espaço para desenvolvê-lo. Os
alunos sempre esperam que o professor transmita à classe informações
complementares. O professor que simplesmente reproduz enfadonha e
rotineiramente o conteúdo da revista, sem empreender o esforço da
pesquisa, está irremediavelmente fadado ao fracasso.

Muitos professores por não dominarem o conteúdo, chegam até ser


intransigentes, acolhendo com olhar de desagrado a mínima participação da
classe, ou interrupção de sua preleção. Temem, na verdade, que o aluno
faça perguntas que não estejam atreladas direta ou indiretamente às suas
idéias pré-concebidas ou estruturas mentais arrumadas. Isto evidencia
indubitavelmente, total despreparo e descuidado com o ministério de ensino.
“O professor deve conhecer muito bem o assunto que está ensinando. Um
fraco domínio do conteúdo resulta num ensino deficiente” (John Milton
Gregory). A Palavra diz que aqueles que possuem o dom de ensinar devem
esmerar-se em fazê-lo: “... se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm
12.7b). (Notas,www.cpad.com.br)

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Chamada para o ensino e o desafio da globalização atualmente, os que
almejam cumprir o chamamento do Senhor para o ensino eclesiástico, hão
de encarar desafios bem diferentes daqueles enfrentados por mestres do
passado. Um mundo, que apesar de ultra-moderno, informatizado e
globalizado, encontra-se cada vez mais distante, alienado de Deus.

O educador cristão precisa conscientizar-se de que estamos vivendo em uma


época de revolução de conceitos, idéias, princípios, juízos e valores; de
mudanças tão profundas e de proporções tão amplas que nem sequer
podemos mensurá-las. Dentre tantas situações novas que marcam esta
época e acentuam nossos desafios, pelo menos três merecem destaque: o
acelerado avanço tecnológico; a conspiração silenciosa da violência e o
avassalador liberalismo teológico que campeia muitos de nossos
educandários e até igrejas.

Nesse mundo pós-moderno, as notícias circulam em tempo real, os celulares


estão por toda parte; computadores e Internet já são coisas triviais. Não há
como imaginar a humanidade sem controle remoto, secretárias eletrônicas,
DVDs, televisão a cabo ou via satélite. Estamos numa época de generalizada
confusão entre digital e analógico, experiências genéticas sem controle e
acelerado desenvolvimento científico. As pessoas olham para o passado com
perplexidade e para o futuro com desconfiança. Como fazer com que parem
para refletir em meio a tudo isso? Como conduzi-las a uma introspecção?
Como fazer com que tenham interesse por Deus e sua promessa de vida
eterna? Como pregar a Palavra de Deus para essas pessoas?
Indubitavelmente, é um grande desafio!

A violência na era pós-moderna


A violência é outro grande inimigo a ser vencido na era pós-moderna. Desde
tempos remotos, o ser humano utiliza-se de diversos meios e instrumentos
a fim de exercer sua força bruta e satisfazer sua sede de poder e ganância,
dominando seus semelhantes e usurpando suas riquezas materiais,
espirituais e morais. Nestes últimos tempos, este problema social tem se
propagado de forma engenhosa e sutil, ocasionando medo, crueldade e
indiferença. Antigamente, o homem se limitava a disputar terras, agora, sua
ganância e cobiça têm destruído a natureza, seus semelhantes, sua família
e a si próprio. Se, antes, utilizava-se de métodos refinados e tênues para
isso, hoje emprega os mais grotescos e animalescos.

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É urgente a necessidade de reconstruirmos novos alicerces, princípios e
objetivos, tanto para a família quanto para a sociedade, fundamentados na
Palavra de Deus.

Somente o Evangelho pode transformar o homem, tornando-o uma nova


criatura em Cristo Jesus por intermédio do Espírito Santo.Além disso, neste
período conturbado de globalização e liberdade de pensamento, a igreja
ainda enfrenta outro grande desafio: o liberalismo teológico, que procura
conciliar a fé em Deus com os postulados do Racionalismo.

A PEDAGOGIA DE JESUS
Processos educacionais superiores, resulta da reflexão sobre os problemas
da educação. Jesus não era um educador no sentido comum da palavra. Não
possuía, como homem, nenhuma experiência educativa. Sua profissão era a
do pai, segundo a tradição familiar: carpinteiro. Deixando de lado os
problemas referentes à sua origem e natureza divinas e encarando
humanamente os fatos poderíamos falar numa Pedagogia de Jesus?

FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA DE JESUS

I.1- A prática
Jesus fez uma clara opção pela prática em relação ao discurso e à fala. Este
dado tem enorme relevância para os obreiros cristãos que costumam eleger
a fala como principal instrumento de ensino.

Tomamos o Sermão da Montanha, onde Jesus inicia o ensino centrado no


discurso (Mt. 5, 6 e 7:1-23). O desfecho do sermão é onde Jesus privilegia
a prática (Mt.7:24-27). Ele não apenas recomenda a prática de seus ensinos
como também põe em prática, à vista de todos, a sua graça e sua
misericórdia. Vemos isto através das curas que realizou:

Mt. 8:1-4 ........ A cura de um leproso.


Mt. 8:5-13 ........ A cura do criado de um centurião.
Mt. 8:14-15 ........ A cura da sogra de Pedro, etc...

Com a prática das curas Jesus devolve a dignidade aos pobres, aos
marginalizados (mulher adúltera, leprosos) e outras categorias oprimidas
pelo sistema social daquela época.

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Com a prática das curas Ele restaura a saúde física, mental e espiritual do
povo: deficientes (cego, mudo, surdo, paralítico), enfermos (febre,
hemorragia, mão ressequida, lepra, etc.) e endemoninhados.

O Reino não chega apenas através da palavra falada, ou por adesão


exclusivamente intelectual, emocional, espiritual e moral. O Reino de Deus
surge através da prática da misericórdia de Jesus. Por isso, a multidão à qual
Ele devolveu a dignidade e a esperança reconhece nEle o Messias.
João Batista, preso, tem dúvida a respeito da messianidade de Jesus e lhe
envia mensageiros (Mt. 11:2-6 ). A resposta de Jesus não se traduz
propriamente em discurso, Ele manda que os mensageiros voltem e
anunciem a João o que estão vendo e ouvindo, ou seja a comprovação de
sua prática.

As parábolas de Jesus, veículo fundamental para seu ensino, se inspiram nas


mais variadas práticas da vida cotidiana:

Mt. 13:4-8........ A parábola do semeador.


Mt. 13:24-30........ A parábola do joio e do trigo.
Mt. 13:33........ A parábola do fermento.
Mt. 13:44....... A parábola do tesouro escondido.
Mt. 13:45........ A parábola da pérola.
Mt.18:10-14....... A parábola da ovelha perdida, etc....

Na verdade, todo o discurso de Jesus é, antes de tudo a explicitação de sua


prática. Ele é coerente porque sua prática é o ponto de partida de seu
discurso. Esta é uma das razões pelas quais Ele foi rejeitado. A liderança
dominadora não conhecia a pedagogia da misericórdia, aquela que, diante
dos abandonados e sofridos, começa com atos libertadores.

A prática pedagógica de Jesus exige que a sociedade humana seja colocada


ao avesso. Ela só tem sentido na lógica do Reino. Não basta que uma
pedagogia se concentre na prática para que venha a merecer o qualificativo
de cristã. Para ser cristã é fundamental que esta pedagogia esteja
comprometida com os valores do Reino.

I.2 - Os resultados
O segredo para se obter bons resultados é praticar as palavras de Jesus,
pois seu ensino não é para experiência do coração, nem para a edificação
da razão. Seu ensino exige, em primeira instância, uma prática que seja

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anúncio das bem-aventuranças do Reino e que se organiza dentro de sua
lógica.

Em diversas passagens bíblicas vemos que Jesus dava importância


fundamental aos resultados, aos frutos advindos da prática de suas palavras:
Mt. 5:13........ O sal vale pelos resultados objetivos; se ele não dá resultado
onde é colocado, para nada mais presta.

Mt. 5:14-16........ A luz igualmente deve produzir o efeito para o qual ela foi
criada, ou seja, iluminar.

Mt. 7:15-20........ Jesus nos dá um critério de valor para avaliar o resultado


de uma prática.

Mt. 5:44; 6:3-4,12 e 18:23-25........ Para Jesus a bondade é resultado de um


coração misericordioso, que pode se abrir ao perdão, à compaixão, à
solidariedade, etc.

Mt. 8:5-13........O capitão do exército romano demonstrou a prática da


misericórdia por seu servo, e Jesus vendo este resultado acolheu o seu
pedido.

Mt. 9:10-13........Jesus afirma que quer ver o resultado da prática da


misericórdia.

Mt. 13:4-8; 25:20-21........ As parábolas do semeador e dos talentos


anunciam que a boa nova do Reino se comprova pelos resultados.

Aqui, é preciso destacar que Jesus só valorizava os resultados de ações


motivadas pela misericórdia. Os resultados de uma prática que visa a
promoção pessoal, o status, a vaidade, o auto-engrandecimento, o
atendimento de interesses pessoais ou de grupos, a manipulação do
semelhante, certamente não são inspirados na lógica do Reino. Jesus
claramente condena tudo isto (Mt.6:1-8).

Jesus rejeita a religiosidade sem frutos de misericórdia (Mt. 25:44-45). Não


pode haver ausência de frutos concretos de misericórdia na vida do cristão.
São os resultados concretos que definem a que Senhor estamos servindo.
Será que os resultados que estamos produzindo no ensino evangélico são
frutos da verdadeira misericórdia cristã? Estes resultados obtidos refletem a
que Senhor estamos servindo?

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I.3 - A pessoa como centro


A pedagogia de Jesus é centrada na pessoa, o bem maior do Reino de Deus:
Mc. 2:17........ Jesus destaca a importância do homem diante da criação.
Mt. 4:18-22; 8:5-13; 15:1-3; 19:16-22, etc........ o ensino de Jesus se
estabelece a partir do diálogo. Este envolve palavras, que por sua vez
envolve ação, para não se transformar em discurso vazio. A palavra no
diálogo compromete quem fala e a quem se fala. O diálogo é
conscientizador, através dele ocorre a reflexão-ação para a mudança. Ele
enriquece o conhecimento e valoriza a relação eu-tu.
Jo. 15:13-15........ Jesus trata as pessoas de maneira carinhosa.
Mt. 18:10-14........ A parábola da ovelha perdida retrata, melhor que
qualquer outro episódio, a dimensão absoluta da pessoa, singular para
Jesus.
Mt. 25:40........ O valor da pessoa se destaca pelo termo "pequeninos",
porque dentro do sistema social vigente naquela época eles não tinham o
mínimo valor e reconhecimento. Se eles forem valorizados, toda a sociedade
já estará salva. A ausência de valor os punha em uma situação tão deplorável
que é com eles que Jesus se identifica. Só os misericordiosos entendem esta
lógica.
Lc. 20:35-36; Jo. 1:12-13........ É no contexto da família de Deus que uma
pessoa pode ter seu valor maior.

Tendo a pessoa como centro de sua preocupação, também vemos a


valorização inquestionável da criança, grupo marginalizado e desvalorizado
naquela época: Mt. 18:1-6; 19:13-15.

Também vemos na prática do Divino Mestre a valorização da mulher. No


contexto da sociedade de então, a mulher casada, depois que o marido se
cansasse dela, podia ser repudiada. Jesus entende que a valorização da
mulher passa pela absoluta valorização do amor-comunhão (Mt. 5:27-31;
19:3-9). A posição de Jesus que radicaliza a unidade indissolúvel do casal,
se prende à sua compaixão pelos oprimidos. Com seu ensino Ele devolve a
dignidade à mulher.

Outro episódio importante na questão da valorização humana é a cura dos


leprosos. Eles eram afastados do convívio social, condenados a perambular
em pequenos grupos fora dos limites da cidade. Jesus não aceita esta
condição de vida dos leprosos e se relaciona com eles misericordiosamente,
fazendo o que era possível para reintegrá-los à humanidade. Ele os tocava

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(Mt.8:1-3) e com seu gesto repudiava o abandono a que eram condenados.
A cura dos endemoninhados gadarenos (Mt. 8:28-34) tem o mesmo sentido.
Não só a pessoa recebe nova valorização, mas também a vida cotidiana
ganha nova dignidade:

Mt. 6:11....... O pão está entre os direitos da vida, pois ele é pedido ao Pai,
na oração que Cristo ensinou, A dignidade da vida inclui, para Jesus, a
simples amizade-fraternidade que cresce em torno do pão.
Mt. 8:11; 26:29........ A plenitude do Reino é, repetidas vezes, comparada a
uma ceia. Estes traços históricos indicam que a prática de Jesus valorizava
a comunhão fraterna que se desenvolve em volta da mesa. Pela amizade,
pela fraternidade da mesa e pelo partir diário do pão, no contexto maior do
Reino, o convívio humano passa a ser um bem em si, sem outro objetivo
além do prazer da fraternidade. Comer à mesa e cultivar a amizade cotidiana
é expressão de pura compaixão humana.

Tais episódios nos ajudam a enxergar na prática de Jesus sua compreensão


da importância da vida cotidiana abundante, plena, como indicação da
inauguração do Reino de Deus.

A consideração da pessoa humana como valor absoluto e o convite à


antecipação do banquete do Reino no partir diário do pão, na fraternidade e
na comunhão da verdadeira amizade entre irmãos e companheiros, de
alguma forma eleva a dignidade do cotidiano humano.

A pedagogia de Jesus acontece dentro de uma perspectiva clara direcionada


à implantação plena do Reino. E esta perspectiva se opõe radicalmente à
lógica da dominação. Daí seu grande comprometimento com os
desfavorecidos na sociedade. Se queremos praticar a pedagogia de Cristo
não podemos perder de vista esta perspectiva.

I.4 - A simplicidade
Se queremos adotar a pedagogia do Mestre em nossas igrejas e instituições
paralelas devemos estudar as lições de Cristo, Seu caráter e Suas práticas.
Precisamos nos libertar do formalismo e da tradição e apreciar a
originalidade, a autoridade, a espiritualidade, a bondade, a humildade, a
benevolência e o poder do Seu ensino.

Jesus é simples, humilde, não há em Sua instrução nada vago ou difícil de


ser entendido. Ele falava e agia com clareza e ênfase, com força solene e
convincente:

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Jesus não tinha um púlpito, ou uma escola. Ele ensinava, pregava e curava
junto ao mar (Mt. 4:18); nas sinagogas (Mt. 4:23); no monte (Mt. 5:1);
nas casas (Mt. 8:14); cidades e povoados (Mt. 9:35); no campo (Mt. 14:13
e19); no caminho (Mt. 20:17 e 29-30); no templo (Mt. 21:12,14), etc.
Seu ensino é ancorado em situações comuns do dia-a-dia das pessoas: o sal,
a luz, o relacionamento senhor X servo, as aves do céu, os lírios do campo,
o comer, o vestir, a porta estreita e a porta espaçosa, a seara, o trabalho, a
semeadura, o pastoreio, a árvore e seus frutos, etc...

Ele não escolheu sábios, nobres ou ricos para seus discípulos, mas convidou
rudes pescadores, consertadores de redes, um coletor de impostos, etc.
(Mt.4:18-22; 9:9); sentou-se à mesa com publicanos e pecadores (Mt.9:10).
Jesus estabelece um contato muito próximo e íntimo com as pessoas, estava
sempre no meio do povo, multidões o acompanhavam, Ele tocava as
pessoas, fez questão de impor as mãos sobre as crianças, etc. (Mt. 5:1;
19:13-15).

As ações e propostas de Jesus são de uma simplicidade cristalina. Veja a


solução que Jesus deu ao problema surgido nas bodas em Caná da Galiléia
(Jo.2:5-7). E também a multiplicação dos pães (Mt.14:17-l8), a parábola da
dracma perdida (Lc.15:8) etc.

CONCLUSÃO
Precisamos considerar seriamente a Pedagogia de Jesus, porque nós como
Igreja temos uma vocação divina: lutar pelo estabelecimento do Reino de
Deus e anunciar a mensagem de salvação para o homem, que é o próprio
Cristo. Esta é a razão primária da existência da. Igreja e por isto mesmo toda
a sua atividade de pregação e ensino, tem que perseguir este objetivo com
obstinação.

Num processo de pregação e ensino em que se privilegia a prática, os


resultados concretos desta prática, a pessoa como centro e a simplicidade,
a tarefa educacional da Igreja se amplia e estimula os homens a crescerem
juntos, na busca do conhecimento, da reflexão e da ação que leva a
transformações.

Afinal, foi Ele mesmo que disse: "Aprendei de mim." (Mt.11:29) e "Sede vós
perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celeste." (Mt.5:48)

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