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Junho 2018
Rainha.
Nossa Senhora do Sagrado Coração Plinio Corrêa de Oliveira. Nossa Senhora do
Museu de Valladolid (Espanha)
Sagrado Coração. In: Legionário. São Paulo.
Ano XIV. N.410 (21 jul., 1940); p.2.
SumáriO
Escrevem os leitores ���������������������������������������� 4 Por que o Direito e o Direito
Canônico?
Revista mensal dos
Jesus e Maria: um só Coração, ...................... 33
uma só Mentalidade (Editorial) . . . . . . . . . . . . 5
...................... 30 ...................... 50
A revista Arautos do Evangelho é impressa em papel
certificado FSC®, produzido a partir de fontes responsáveis
E screvem os leitores
uma só Mentalidade
Maria é a máxima representação de todo esse afeto e doçura maternos para co-
nosco, num grau inimaginável, como ninguém teve! Mas seu Coração é sobre-
tudo a Sede da Sabedoria, uma virtude atinente não só à inteligência, mas tam-
bém à vontade. Então, o Coração Sapiencial é o coração que quer, que deseja
chora e que ama tudo de acordo com a fé, a reta razão e o bom senso.
Por que ?
a n tíssima Ao falar do “Sagrado Coração” de Jesus e Maria, em vez de “Sagrados Cora-
Maria S
ções”, São João Eudes indica formarem ambos uma só mentalidade, pois a men-
talidade enquanto tal é susceptível de união e fusão. Assim sendo, a devoção ao
Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria não seriam real-
Uma das Imagens mente a devoção à Sagrada Mentalidade de Jesus e de Maria? E não seria esta
do Imaculado devoção própria a produzir em nós uma mudança de mentalidade, mediante a
Coração de Maria troca de corações com Jesus e Maria, pela qual a mentalidade d’Eles penetre em
que choraram inex- nós e leve nossos corações a pulsarem em uníssono com o d’Eles?
plicavelmente em Desta forma, podemos conceber o Reino de Maria como a era na qual Ela –
San José da Costa Rainha dos corações e Rainha das mentalidades – atrairia a Si todas as menta-
Rica, no dia 26 de lidades e sobre elas reinaria de modo a fundi-las numa só, que seria a mentali-
abril (ver p.16-19). dade de Jesus e de Maria.
Foto: Víctor Serrano
Esta transformação, contudo, se faz pelo sofrimento. Quando se pensa no Co-
ração de Jesus perfurado por uma lança, recorda-se também o Imaculado Cora-
ção de Maria transpassado pelo gládio da dor: são Corações cheios de sofrimen-
tos, por amor a nós. Assim, quando estivermos sofrendo, lembremo-nos que o
Coração regenerador de Jesus é a fonte de graças reservadas para as épocas di-
fíceis e esplendorosas que se aproximam, e que Nossa Senhora está espiritual-
mente ao pé de todas as cruzes do mundo, com sua intercessão e seus rogos. ²
Também eu vim
como peregrino a Fátima
Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar
de mesquinhos egoísmos, veio do Céu a nossa bendita Mãe oferecendo-Se para
transplantar no nosso coração o amor de Deus que arde no seu.
I
rmãs e irmãos muito amados, aqui para celebrar o centenário da As Escrituras convidam-nos a
também eu vim como peregri- primeira visita feita pela Senhora crer: “Felizes os que acreditam sem
no a Fátima, a esta “casa” que “vinda do Céu”, como Mestra que terem visto” (Jo 20, 29), mas Deus –
Maria escolheu para nos falar introduz os pequenos videntes no mais íntimo a mim mesmo de quan-
nos tempos modernos. Vim a Fátima conhecimento íntimo do Amor Tri- to o seja eu próprio (cf. Santo Agosti-
para rejubilar com a presença de Ma- nitário e os leva a saborear o próprio nho. Confissões, III, 6, 11) – tem o po-
ria e sua materna proteção. Vim a Fá- Deus como o mais belo fato da exis- der de chegar até nós nomeadamen-
tima, porque hoje converge para aqui tência humana. te através dos sentidos interiores, de
a Igreja peregrina, querida pelo seu Uma experiência de graça que modo que a alma recebe o toque sua-
Filho como instrumento de evangeli- os tornou enamorados de Deus em ve de algo real que está para além do
zação e sacramento de salvação. Vim Jesus, a ponto de a Jacinta excla- sensível, tornando-a capaz de alcan-
a Fátima para rezar, com Maria e tan- mar: “Gosto tanto de dizer a Jesus çar o não-sensível, o não-visível aos
tos peregrinos, pela nossa humanida- que O amo. Quando Lho digo mui- sentidos. Para isso exige-se uma vi-
de acabrunhada por misérias e sofri- tas vezes, parece que tenho um lume gilância interior do coração que, na
mentos. […] no peito, mas não me queimo”. E o maior parte do tempo, não possuí-
Filha excelsa deste povo é a Vir- Francisco dizia: “Do que gostei mais mos por causa da forte pressão das
gem Mãe de Nazaré, a qual, revestida foi de ver a Nosso Senhor, naquela realidades externas e das imagens e
de graça e docemente surpreendida luz que Nossa Senhora nos meteu no preocupações que enchem a alma.
com a gestação de Deus que se estava peito. Gosto tanto de Deus!” (Me- Sim! Deus pode alcançar-nos, ofere-
operando no seu seio, faz igualmen- mórias da Irmã Lúcia, I, 40 e 127). cendo-Se à nossa visão interior.
te sua esta alegria e esta esperança Mais ainda, aquela Luz no íntimo
no cântico do Magnificat: “O meu es-
As Escrituras convidam-nos a crer dos pastorinhos, que provém do fu-
pírito se alegra em Deus, meu Salva- Irmãos, ao ouvir estes inocentes turo de Deus, é a mesma que se ma-
dor”. Entretanto não Se vê como pri- e profundos desabafos místicos dos nifestou na plenitude dos tempos e
vilegiada no meio de um povo estéril, pastorinhos, poderia alguém olhar veio para todos: o Filho de Deus fei-
antes profetiza-lhe as doces alegrias para eles com um pouco de inveja por to Homem. Que Ele tem poder para
duma prodigiosa maternidade de terem visto ou com a desiludida re- incendiar os corações mais frios e
Deus, porque “a sua misericórdia se signação de quem não teve essa sor- tristes, vemo-lo nos discípulos de
estende de geração em geração sobre te, mas insiste em ver. A tais pessoas, Emaús (cf. Lc 24, 32). Por isso a nos-
aqueles que O temem” (Lc 1, 47.50). o Papa diz como Jesus: “Não andareis sa esperança tem fundamento real,
Prova disto mesmo é este lugar vós enganadas, ignorando as Escritu- apoia-se num acontecimento que se
bendito. Mais sete anos e voltareis ras e o poder de Deus?” (Mc 12, 24). coloca na História e ao mesmo tem-
po excede-a: é Jesus de Nazaré. E num amor que se sacrifica pelos ou- gunta: “Quereis oferecer-vos a Deus
o entusiasmo que a sua sabedoria e tros, mas não sacrifica os outros; an- para suportar todos os sofrimentos
poder salvífico suscitavam nas pes- tes – como ouvimos na segunda lei- que Ele quiser enviar-vos, em ato de
soas de então era tal que uma mu- tura – “tudo desculpa, tudo acredi- reparação pelos pecados com que
lher do meio da multidão – como ou- ta, tudo espera, tudo suporta” (I Cor Ele mesmo é ofendido e de súplica
vimos no Evangelho – exclama: “Fe- 13, 7). Exemplo e estímulo são os pas- pela conversão dos pecadores?” (Me-
liz Aquela que Te trouxe no seu ven- torinhos, que fizeram da sua vida uma mórias da Irmã Lúcia, I, 162).
tre e Te amamentou ao seu peito”. doação a Deus e uma partilha com os Com a família humana pronta a
Contudo Jesus observou: “Mais outros por amor de Deus. Nossa Se- sacrificar os seus laços mais sagra-
felizes são os que ouvem a pala- nhora ajudou-os a abrir o coração à dos no altar de mesquinhos egoís-
vra de Deus e a põem em prática” universalidade do amor. De modo mos de nação, raça, ideologia, gru-
(Lc 11, 27.28). Mas quem tem tempo particular, a Beata Jacinta mostrava- po, indivíduo, veio do Céu a nos-
para escutar a sua palavra e deixar- -se incansável na partilha com os po- sa bendita Mãe oferecendo-Se para
-se fascinar pelo seu amor? Quem bres e no sacrifício pela conversão dos transplantar no coração de quan-
vela, na noite da dúvida e da incerte- pecadores. Só com este amor de fra- tos se Lhe entregam o amor de Deus
za, com o coração acordado em ora- ternidade e partilha construiremos a que arde no seu.
ção? Quem espera a aurora do dia civilização do amor e da paz. Então eram só três, mas o exem-
novo, tendo acesa a chama da fé? A Iludir-se-ia quem pensasse que plo de suas vidas irradiou e se mul-
fé em Deus abre ao homem o hori- a missão profética de Fátima este- tiplicou em grupos sem conta por
zonte de uma esperança certa que ja concluída. Aqui revive aquele de- toda a superfície da terra, nomeada-
não desilude; indica um sólido fun- sígnio de Deus que interpela a hu- mente à passagem da Virgem Pere-
damento sobre o qual apoiar, sem manidade desde os seus primórdios: grina, que se votaram à causa da so-
medo, a própria vida; pede o aban- “Onde está Abel, teu irmão? […] A lidariedade fraterna. Possam os sete
dono, cheio de confiança, nas mãos voz do sangue do teu irmão clama anos que nos separam do centená-
do Amor que sustenta o mundo. da terra até Mim” (Gn 4, 9). rio das aparições apressar o anun-
O homem pôde desencadear um ciado triunfo do Coração Imacula-
Missão profética ainda ciclo de morte e terror, mas não con- do de Maria para glória da Santíssi-
não concluída segue interrompê-lo… Na Sagrada ma Trindade. ²
“A linhagem do povo de Deus será Escritura, é frequente aparecer Deus
conhecida […] como linhagem que o à procura de justos para salvar a cida- Bento XVI. Excertos
Senhor abençoou” (Is 61, 9) com uma de humana e o mesmo faz aqui, em da Homilia no Santuário
esperança inabalável e que frutifica Fátima, quando Nossa Senhora per- de Fátima, 13/5/2010
a Evangelho A
Naquele tempo, Jesus voltou para casa
20
poderá saquear sua casa. 28 Em verdade vos
com os seus discípulos. E de novo se reu- digo: tudo será perdoado aos homens, tan-
niu tanta gente que eles nem sequer podiam to os pecados, como qualquer blasfêmia que
comer. 21 Quando souberam disso, os paren- tiverem dito. 29 Mas quem blasfemar contra
tes de Jesus saíram para agarrá-Lo, porque o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas
diziam que estava fora de Si. 22 Os mestres será culpado de um pecado eterno”. 30 Jesus
da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, di- falou isso, porque diziam: “Ele está possuí-
ziam que Ele estava possuído por Belzebu, do por um espírito mau”.
e que pelo príncipe dos demônios Ele expul- 31
Nisso chegaram sua Mãe e seus irmãos.
sava os demônios. 23 Então Jesus os chamou Eles ficaram do lado de fora e mandaram
e falou-lhes em parábolas: “Como é que sa- chamá-Lo. 32 Havia uma multidão sentada
tanás pode expulsar a satanás? 24 Se um rei- ao redor d’Ele. Então Lhe disseram: “Tua
no se divide contra si mesmo, ele não po- Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua pro-
derá manter-se. 25 Se uma família se divide cura”. 33 Ele respondeu: “Quem é minha
contra si mesma, ela não poderá manter- mãe, e quem são meus irmãos?” 34 E olhan-
-se. 26 Assim, se satanás se levanta contra si do para os que estavam sentados ao seu re-
mesmo e se divide, não poderá sobreviver, dor, disse: “Aqui estão minha mãe e meus
mas será destruído. 27 Ninguém pode entrar irmãos. 35 Quem faz a vontade de Deus, esse
na casa de um homem forte para roubar é meu irmão, minha irmã e minha mãe”
seus bens, sem antes o amarrar. Só depois (Mc 3, 20-35).
A consanguinidade
sobrenatural
Gustavo Kralj
provável que Jesus dei-
xasse transparecer alguns
reflexos da sua misteriosa
divindade, incompreensí-
vel à razão humana. Ruínas da Sinagoga de Cafarnaum
Quão diferente terá sido
Pelos muitos para aqueles – decerto a maioria – que por infi- à eleição de que tinham sido objeto, Jesus fez
delidade sempre consideraram Jesus como sen- com que, no contato com o público, compro-
milagres do apenas um deles, “o carpinteiro, o filho de vassem a mudança ocorrida em suas vidas: “O
operados por Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Senhor reconduz para casa os Apóstolos por
Simão” (Mc 6, 3). Assueta vilescunt… A nature- Ele eleitos na montanha, como para adverti-
Jesus em za humana, infelizmente, habitua-se a tudo e, na -los de que, depois de terem recebido a digni-
rotina, até as coisas mais extraordinárias se tor- dade do apostolado, deviam tomar consciência
Cafarnaum, nam vulgares. de sua missão”.1
as pessoas Quais teriam sido as reações de uns e de
outros, chegada a hora de Nosso Senhor par-
Jesus estava em Cafarnaum, provavelmente
na casa onde curara a sogra de Pedro (cf. Mc 1,
começavam a tir de Nazaré para dar início a sua vida públi- 29-31; Lc 4, 38-39). Por ser local já conhecido,
ca? Era o Homem-Deus que ouvia os gemidos pelos muitos milagres ali operados, as pesso-
se aglomerar da História e abria seus braços com amor para as começavam a se aglomerar ali antes do ama-
abarcar as misérias, não só daqueles, mas de nhecer, desejosas de ver o Messias.
ali antes do todo o gênero humano. Diante desta grandio-
Evangelizar pressupõe esquecer-se de si
amanhecer sa manifestação de benquerença, se tornaria
patente o valor de os familiares e próximos de E de novo se reuniu tanta gente que
20b
Jesus de Nazaré terem vencido aquela prova eles nem sequer podiam comer.
que Deus lhes mandou, trazendo um inesti-
mável ensinamento para todos nós, como po- Diferentemente de nossos dias, naque-
deremos constatar no Evangelho do 10º Do- le tempo as refeições eram realizadas a por-
mingo do Tempo Comum. tas abertas. Isto tem sua razão de ser, uma
vez que a alimentação é um momento propí-
II – Ver no Filho de Deus cio para a conversa e o relacionamento social.
apenas o Filho do Homem Também Nosso Senhor Se conformou a este
uso, como no banquete em casa de Simão, o
Naquele tempo, 20a Jesus voltou para casa fariseu, no qual entrou uma pecadora arre-
com os seus discípulos. pendida e Lhe lavou os pés com suas lágrimas
(cf. Lc 7, 36-38).
De onde “voltou para casa” o Divino Mes- No episódio aqui narrado, Jesus tinha dian-
tre com seus discípulos? Da montanha, depois te de Si uma multidão que ansiava por convi-
de haver escolhido os doze Apóstolos (cf. Mc ver com Ele e haurir seus ensinamentos, pois
3, 13-19). Para estes se compenetrarem da O estimava e se encantava com sua presença.
nova situação e da responsabilidade inerente Porém, havia ainda os que lá iam por egoís-
24
Se um reino se divide contra si
mesmo, ele não poderá manter-se.
25
Se uma família se divide contra si
mesma, ela não poderá manter-se.
Nosso Senhor na Sinagoga de Cafarnaum - Biblioteca do
26
Assim, se satanás se levanta con- Mosteiro de Yuso, San Millán de la Cogolla (Espanha)
Gustavo Kralj
daquilo que não entendia.
não estão
III – Sejamos apenas os ino-
familiares de Jesus,
como o foram Os bem-aventurados, detalhe do Juízo Final, centíssimos,
Maria e José por Fra Angélico - Museu de São Marcos, Florença (Itália)
mas também
A Liturgia de hoje é de uma importância
fundamental para compreendermos o valor
riseus sentissem a miséria que tisnava seu inte-
rior, talvez tivessem olhado para Nosso Senhor
aqueles que se
desta “consanguinidade espiritual” com Nosso com despretensão e acolhessem em sua alma confessaram
Senhor Jesus Cristo, à qual jamais podemos re- a salvação. No Céu estão, de fato, não apenas
nunciar. Quantas vezes, infelizmente, nos com- os inocentíssimos, mas também São Dimas – o culpados e
portamos de modo egoísta, nos colocamos no bom ladrão, canonizado em vida pelo Redentor
centro de tudo e cometemos uma falta! Fazer (cf. Lc 23, 43) –, Santo Agostinho, Santa Maria
obtiveram
a vontade de Deus significa sermos retíssimos Madalena… e tantos outros que se confessaram perdão
e íntegros, sob todos os pontos de vista, à seme- culpados e obtiveram perdão. Em sentido opos-
lhança da Mãe de Jesus. to, no inferno padecem todos os pecadores que,
Para isso precisamos admitir nossa debilida- por orgulho, persistiram no erro. Eis o grande
de, cientes de que, conforme nos ensina o Divi- problema da natureza humana decaída.
no Mestre, a podridão nasce dentro do homem Peçamos a Maria Santíssima o dom extra-
(cf. Mc 7, 21-23). Devemos, isto sim, nos surpre- ordinário da humildade, para nos serem aber-
ender quando praticamos um ato bom, reco- tas as portas da eterna bem-aventurança e che-
nhecendo que este provém da filiação espiritu- garmos à plenitude da familiaridade com Nosso
al que Ele nos concedeu pela graça. Se os fa- Senhor Jesus Cristo! ²
1
SÃO BEDA. In Marci Evangelium 4
SÃO TOMÁS DE AQUINO. 7
SÃO TOMÁS DE AQUINO.
expositio. L.I, c.3: PL 92, 162. Suma Teológica. II-II, q.14, a.3. Suma Teológica. III, q.23, a.1,
ad 3.
2
SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Ho- 5
SANTO AGOSTINHO. Sermo
milía XLI, n.1. In: Obras. Homilí- LXXI, n.20. In: Obras. Madrid: 8
SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Ho-
as sobre el Evangelio de San Mateo BAC, 1983, v.X, p.326. milía XLIV, n.1. In: Obras. Homi-
(1-45). 2.ed. Madrid: BAC, 2007, lías sobre el Evangelio de San Ma-
6
TEOFILATO, apud SÃO TO-
v.I, p.795. teo (1-45), op. cit., p.841.
MÁS DE AQUINO. Catena Au-
3
Idem, n.2, p.799. rea. In Marcum, c.III, v.31-35. 9
TEOFILATO, op. cit.
chora
Fátima choram
Por que a?
na América Central
antíssim
Maria S
a lunos e um funcionário do colégio similar se deu com um azulejo que copioso pranto. As lágrimas podiam
que acorreram para comprovar o su- representa Maria Santíssima sob ser vistas sulcando sua face até a bar-
cedido. E, tal como foi feito na Cos- essa invocação: foram vistas lágri- ba, e numerosas gotas cintilavam na
ta Rica, informou-se oportunamen- mas que desciam até a borda inferior. túnica e parte inferior do manto. O
te o ocorrido ao Ordinário e às auto- Simples, mas muito convidativo à glorioso Patriarca não poderia per-
ridades eclesiásticas dos lugares em piedade, esse azulejo se encontra fi- manecer alheio às lágrimas de sua
que os fenômenos se deram. xado na entrada de uma das salas da virginal Esposa… Indissoluvelmen-
casa de San José da Costa Rica. te unido a Maria pelo Padre Eterno
A Mãe do Bom Conselho e São José Por fim, na noite desse mesmo dia no tempo e na eternidade, quis ele
No dia 26 de abril, data em que a uma imagem de São José, venerada assim associar-se à celeste manifes-
Igreja comemora a festa da Mãe do em uma das capelas da mencionada tação de Nossa Senhora a seus ama-
Bom Conselho de Genazzano, fato casa da Guatemala, também verteu dos filhos. ²
Lágrimas de Maria:
uma mensagem do Céu
chora
Por que a?
antíssim
Maria S
Renato Recinos
seu intento de salvar um filho em perigo?! Ima-
ginemos, pois, o sentimento da Mãe das mães choremos
ao ver seus filhos e filhas caminhando para a
perdição devido ao silêncio e omissão daqueles
juntos pela
que deveriam ter pregado ao mundo a sua men- Uma das imagens que choraram na Guatemala triste situação
sagem de salvação!
Tudo isso, sem dúvida, faz Maria chorar. deste mundo
Mas a principal causa de suas lágrimas parece todas a torres, aos quatro ventos da terra: “Ho-
ser outra. mens e mulheres, prestai atenção, a mensagem
que meu
Maria chora de alegria!
de Fátima não está escondida! Pelo contrário, ela Divino Filho
brilha mais do que nunca, pois houve no mundo
Paremos um pouco e detenhamos nossa quem assumisse a missão de encarná-la, relem- e Eu tanto
atenção em qualquer uma destas imagens mi- brando aos homens os avisos da Mãe de Deus e
lagrosas. Chegaremos, sem dificuldade, a uma bradando a vitória de Maria!” amamos!”
conclusão: Maria chora de alegria! E com este pranto, Nossa Senhora parece nos
Sim, de alegria! Pois apesar de todos os in- sorrir, dizendo com afeto materno: “Meus filhos
tentos dos infernos para ocultar seus avisos, a e minhas filhas, unamos nossas lágrimas! Chore-
Senhora de Fátima atravessou vitoriosa um sé- mos juntos pela triste situação deste mundo que
culo, e hoje nos volta a falar, não mais com pa- meu Divino Filho e Eu tanto amamos! Lamen-
lavras que possam ser escondidas, mas pela temos os inúmeros pecados constantemente co-
eloquente linguagem das lágrimas, as quais metidos contra o Bom Deus! Mas, sobretudo,
não serão postas em segredo. tende confiança! E procurai ver em minhas lá-
Tantos homens há que dedicam boa parte grimas não o choro da derrota, mas a emoção e
de suas vidas em descobrir o conhecido “Ter- o júbilo de vos confirmar e repetir a minha pro-
ceiro Segredo de Fátima”. Não condenamos messa: ‘O mal pode parecer vencer sobre a ter-
tal empreendimento. Mas a nós cabe ou- ra e o bem aparentar já não ter forças. Não desa-
tra missão. Nós queremos proclamar em nimeis! Confiai, confiai, confiai, pois em breve o
cima de todos os telhados, no alto de meu Imaculado Coração triunfará!’” ²
P
asseando pelas ruas de os homens tiram o chapéu e, acom- todo aquele harmônico movimento
uma antiga cidade da panhados por damas e crianças de e sussurrando, cheio de sabedoria:
França, ainda hoje pa- mãos postas, recitam devotamente — Nada se conquista nesta ter-
vimentadas com pedras o Angelus. ra sem muito esforço e sacrifício. A
rústicas e sólidas, no melhor esti- A algumas quadras dali, num am- vida orgânica e abençoada que ani-
lo romano, parece-nos ouvir os ecos biente assaz diverso, o toque do sino ma esta cidade foi comprada a pre-
da movimentação que ali se dava há exerce idêntico efeito. Cavaleiros de ço muito alto! Ao Sangue do Divino
muito tempo, quiçá no mesmo horá- porte sério e nobre, reunidos para Redentor uniu-se o de muitos cris-
rio. E ao contemplar a catedral e os tratar de assuntos bem mais com- tãos. Alguns deles são venerados
prédios medievais, despontam diante plexos que o preço da maçã ou da como Santos; de inúmeros outros ig-
dos nossos olhos cenas imaginárias cereja, suspendem suas discussões, nora-se até o nome… Deus, porém,
de um passado que marcou cada po- põem-se de pé e rezam também conhece o valor de seu sacrifício!
legada daquele solo bendito. para louvar a visita do Arcanjo Ga- Nosso venerável personagem tal-
Temos a impressão de ouvir o briel a Nossa Senhora. vez não fosse capaz de medir a pro-
ranger de uma carroça, pronta a vi- fundidade de seu piedoso raciocí-
rar a esquina, abarrotada de frutas,
Nada se conquista sem nio, nem de entender quanto o san-
verduras e legumes, levando à bo-
esforço e sacrifício gue vertido pelos primeiros cristãos
leia um honesto camponês. Do ou- Afinal, para onde nos transpor- havia marcado a fundo o Reino da
tro lado da praça, cremos vislum- tou o voo de nossa mente? Para a ci- França. Apenas o Criador perscruta
brar uma família de tecelões trazen- dade francesa de Lyon, exuberante os recônditos arcanos da História;
do peças fabricadas com grande es- de vigor e de fé, no auge do perío- só Ele e aqueles a quem Lhe apraz
forço durante a semana. E não tarda do medieval. revelar são capazes de correlacionar
muito para sentirmos chegar certa Os homens e as mulheres que po- inteiramente uma semente de martí-
jovem carregando uma cesta reple- voam nossa imaginária cena são des- rio com um dos mais belos períodos
ta de flores por ela cultivadas. É dia cendentes daqueles que fizeram Lug- da Civilização Cristã.
de feira e todo o povo ali se congre- duno – antigo nome galo-romano de Vejamos como tudo aconteceu…
ga. Em pouco tempo o barulho das nossa Lyon – ser a primeira colônia ro-
vozes e do alarido dos animais torna mana da Gália a abraçar o Cristianis-
Violenta perseguição contra
difícil manter uma conversa. mo. Simbolicamente reunidos em tor-
os cristãos
Em determinado momento, por no da catedral, toda a sua existência se Corria o ano do Senhor de 177.
cima do bulício, uma grave e sole- desenvolve em função da Religião. Contando já com cerca de quaren-
ne badalada proveniente da catedral E bem podemos conceber um dos ta mil habitantes, Lugduno havia ex-
faz a turba parar como por encanto: anciãos da cidade contemplando travasado amplamente a colina de
1
RICHARD, François; PEL- tiano. Madrid: BAC, 2004, 4
EUSÉBIO DE CESAREIA. 8
CLÁ DIAS, EP, João Scog-
LETIER, André. Lyon et v.VI, p.47. História Eclesiástica. L.V, namiglio. No sofrimento, a
les origines du Christianisme c.1, n.4. raiz da glória. In: O inédito
3
Os longos trechos desta carta
en Occident. Lyon: Éditions sobre os Evangelhos. Città del
foram recolhidos por Eusé- 5
Cf. LLORCA, SJ, Bernardi-
Lyonnaises d’Art et d’His- Vaticano-São Paulo: LEV;
bio de Cesareia em sua His- no. Historia de la Iglesia Ca-
toire, 2011, p.35. Lumen Sapientiæ, 2012, v.V,
tória Eclesiástica e são a úni- tólica. Edad Antigua. La Igle-
p.325.
2
RIBER, Lorenzo. San- ca fonte primária de que se sia en el mundo grecorroma-
tos Mártires de Lyón. In: dispõe sobre o assunto. É, no. 7.ed. Madrid: BAC, 1996, 9
EUSÉBIO DE CESAREIA,
ECHEVERRÍA, Lamber- portanto, neste famoso histo- v.I, p.194. op. cit., n.31.
to de; LLORCA, SJ, Bernar- riador paleocristão que nos 6
EUSÉBIO DE CESAREIA, 10
Idem, n.19.
dino; REPETTO BETES, basearemos para a narração
op. cit., n.9.
José Luis (Org.). Año Cris- dos fatos deste artigo.
11
Idem, n.41.
7
Idem, n.33. 12
Idem, n.55.
O convívio com
Jesus causava
nos Apóstolos
estupefação, amor,
certo temor e grande
confiança, mas eles
não viam Deus
Reprodução
“O órgão, os
vitrais... Tudo isso
é muito belo, mas
tem que haver um
ponto de onde tudo
parte. Onde está
a ‘arquetipia’?”
Stephen Nmai
N
MONS. JOÃO S COGNAMIGLIO C LÁ DIAS,
0
EP
2
Clá Dias, EP Scognamiglio
COGNAM IGLIO
Clá Dias, EP
C LÁ DIAS,
R$
EP
eende
dedicados à figura ram a tarefa de publicar
Um profeta
Plinio Corrêa de Oliveira
se procura defor
vezes. Em outros se procura deformar Sobretudo, nenhu por um prism mar
Clá Dias.
do que Mons. João Scognamiglio Clá Dias. julho de 1956,
quando o conhe
de convívio com
Dr. Plinio, desde
de
nos de convívio com Dr. Plinio, desde 7 alma a Deus,
sendo nos últim
ceu, até o dia
em que ele rende 7 de
os vinte anos
onheceu, até o dia em que ele rendeu sua e imediato colab
orador nos assun seu secretário u sua
a Ele por inteiro! Os lábios humanos Esse fim do processo daquele que
não conseguem exprimir qual é o passou pelas vias purgativa, ilumi-
amor de quem teve uma experiência nativa e unitiva e adquiriu a oração
Plinio em Águas da Prata,
mística do Bem Supremo; é indizí- aproximadamente em 1920
de simplicidade é o que Plinio des-
vel, inefável. Continua sua narração: creve sobre sua relação com o Sa-
“À medida que eu ia vendo, […] grado Coração de Jesus nos primei-
com a intuição de uma criança, me ros passos de sua existência.
sentia impregnado por aquilo, de Fica patente aqui Fica patente aqui o que era a alma
fora para dentro. Quer dizer, essas de um menino chamado a um altís-
coisas não tinham sua sorgente em
o que era a alma simo grau de união com Nosso Se-
mim, mas Ele as comunicava. E daí de um menino nhor Jesus Cristo, e que se desenvol-
o desejo evidente de me unir a Ele. veu dentro dessa perspectiva desde
Não só de me unir, mas de morar chamado a um o uso da razão, de tal forma que ela
n’Ele!” foi o substratum para aguentar a ca-
Plinio era transformado por es- altíssimo grau de minhada até os oitenta e sete anos.
sas graças místicas e nunca impediu
seus efeitos na própria alma. Deve
união com Nosso Apesar dos vales e montes de aride-
zes que teve de atravessar, ele não
ter-se dado, provavelmente, um fe- Senhor Jesus Cristo descolou dessa visão e desse amor;
nômeno pelo qual Nosso Senhor por esse modelo entregou-se sem re-
como que pediu licença ao coração- servas, por ele sofreu. E andou de
zinho da criança e disse em seu inte- bolo da mentalidade, pode-se dizer plenitude em plenitude, até atingir
rior: “Meu filhinho muito querido, que a mentalidade de Nosso Senhor um cume que já não estava mais no
Eu te escolhi para ser o reflexo da penetrou nele, e o seu coração pas- tempo… era a eternidade! ²
ordem do universo criado, dentro da sou a pulsar segundo Aquele a quem
qual estou Eu também; que teu co- amava. Extraído, com adaptações, de:
ração ceda lugar ao meu, porque Eu Sabemos que quando alguém “O dom de sabedoria na mente, vida
quero agora habitar dentro de ti”. abraça a vida sobrenatural costu- e obra de Plinio Corrêa de Oliveira”.
Conclusão: ele fez uma troca de ma passar por três vias até chegar Città del Vaticano-São Paulo: LEV;
corações com Jesus. Não num senti- à santidade: a purgativa, quando se Lumen Sapientiæ, 2016,
do físico, mas, sendo o coração sím- dá conta das próprias misérias e se v.I, p.233-256
1
Nota do editor: salvo indicação Dr. Plinio, ou durante exposi- das pode-se consultar o livro Ascética e Mística. 5.ed. Por-
em contrário, as citações en- ções feitas por este para os seus original. Aqui omitimos por to: Apostolado da Imprensa,
tre aspas correspondem a gra- discípulos. Para conhecer a brevidade essas referências. 1955, p.748.
vações realizadas pelo Autor ocasião e data exata em que es- 2
TANQUEREY, PSS, Adol-
3
Idem, p.749-750.
durante suas conversas com sas palavras foram pronuncia- phe. Compêndio de Teologia
O pequeno aparelho
controla nossa
experiência mais
do que podemos
perceber
1
RÍOS, Sebastián. Adiós al coló el celular. In: www.lana- 7
MORENO, Gloria. Una se- 9
ECHEVERRÍA, Javier. Un
sueño corrido: el celular ganó cion.com.ar. mana sin Facebook quita el mundo virtual. Barcelona:
la mesita de luz. In: www.la- 5
VELASCO, Irene Hernán- estrés. In: www.lavanguar- Plaza & Janés, 2000, p.37-38.
nacion.com.ar. dez. Desconectados: la nue- dia.com. 10
VIDA REAL VS. VIDA
2
Idem, ibidem. va tribu urbana que abandona 8
DE MASI, Victoria. Prue- VIRTUAL en Facebook. In:
internet para abrazar la vida ban que sin redes sociales se http://fido.palermo.edu/ser-
3
Idem, ibidem. real. In: www.elmundo.es. vive con más satisfacción. In: vicios_dyc/blog/docentes/tra-
4
RUA, Martina. El último mo- 6
KUKSO, Federico. Apología www.clarin.com. bajos/2230_23178.pdf.
mento sagrado en el que se de la desconexión. In: www.
lanacion.com.ar.
N os centros acadêmicos
eclesiásticos de Roma,
circula uma anedota
bastante conhecida so-
bre a diferença entre aqueles que es-
tudam Filosofia, Teologia e Direi-
Obviamente e antes de tudo, note-
mos que, ao nos interrogarmos sobre
o sentido do Direito para nós, coloca-
mo-nos na perspectiva própria à Fi-
losofia e, dessa forma, como gostava
de repetir Paul Ricœu (1913-2005),
acontecer, por trás dela escondem-
-se chavões, mas há também um fun-
do de verdade. Em torno da realida-
de do Direito manifestam-se diferen-
tes abordagens e comportamentos,
por vezes em aberto conflito entre si.
to Canônico: os primeiros acabarão na disposição de seguir o convite da Certamente um desses chavões
por perder um pouco da razão; os Filosofia a questionar-se, a pensar. é o de enxergar o Direito como um
segundos, a fé; e os terceiros… sim- Convidamo-lo, portanto, a pen- conjunto de regras, normas e leis
plesmente o tempo! sar, a fazer-se as perguntas certas. que limitam as legítimas aspirações
Certa vez, porém, instantes de- Paradoxalmente, o mais importan- de liberdade plena e de realização
pois de que os presentes rissem e ca- te para quem não quer desperdiçar de cada um. Por outro lado, há tam-
çoassem de um pobre estudante de a sua existência é confiar, não em ter bém a concepção generalizada do
Direito Canônico, vítima-foco do todas as respostas, mas em saber fa- Direito como instrumento arbitrá-
gracejo, este respondeu, calmamen- zer a pergunta certa. rio de quem detém o poder, que o
te, tomando emprestadas e parafra- Segundo outro jurista e filóso- usa como, quando e com quem con-
seando as palavras do salmista: “As- fo do Direito, Giuseppe Capograssi vier: mero instrumento de um poder
sim falaram os ímpios e insensatos!” (1889-1956), o filósofo é aquele que arbitrário.
(cf. Sl 9, 25; 52, 2). detém a solitária tarefa de recolher A esse respeito permanece triste-
as lições secretas da vida e exprimi- mente atual a resposta que Giovan-
Convite a questionar-se e a pensar -las. Nesse sentido, pode-se compre- ni Giolitti (1842-1928) deu à pergun-
Profundamente convictos da ve- ender quanta razão e bom senso ti- ta que ele mesmo se punha. “O que
racidade da resposta desse estudan- nha aquele estudante que designava é a lei?”: a lei é aquilo que se inter-
te, não achamos inapropriado convi- como ímpio e insensato quem acre- preta para os amigos e se aplica para
dar a quem lê este artigo – que terá ditava que estudar Direito Canôni- os inimigos! Ou ainda sua versão cle-
decidido fazê-lo pelos mais varia- co era apenas uma perda de tempo. rical, que explica do seguinte modo
dos motivos, mas certamente atraído as posições diversas das estátuas dos
pela possibilidade de encontrar uma
Mero instrumento de um Príncipes dos Apóstolos na Praça de
resposta sensata à questão – a refle-
poder arbitrário? São Pedro: a de São Paulo estaria
tir sobre a importância, para o nos- Procuremos, primeiramente, veri- lendo “aqui se fazem leis”, e a de São
so cotidiano, do Direito em geral e ficar até que ponto é verídica a ane- Pedro, que aponta para o Tibre, afir-
do Direito Canônico em particular. dota da qual partimos. Como sói maria “ali elas são observadas”!
Leandro Souza
zar cursos de artesanato, confec- to são sólidos os vínculos que se
ção de terços, bordado e pintu- estabelecem por meio desse apos-
ra. As meninas que fazem parte tolado: “Há oito anos comecei a
do grupo e eu somos muito gra- amar a Igreja como uma mãe.
tas por tudo o que nos vem sendo Martinhas da Igreja São Judas e da Capela
Quando tinha dez anos de idade,
proporcionado ao longo de todos São José fazem o cortejo das oferendas na ouvi falar da capela através de um
esses anos”. Igreja Nossa Senhora do Carmo, 9/12/2017 padre que levava a Santa Comu-
nhão para meus avós. Ele me con-
“Por mim, faria isso todos vidou para ir à Missa e preparar-me
os dias da minha vida” para receber os Sacramentos. Num
O bom êxito dessa experiência le-
“O que mais chamou domingo, acordei mais cedo e tomei
vou os Arautos a estender o proje- minha atenção a decisão de ir. Senti-me tão feliz que
to às demais capelas da paróquia. A nunca mais faltei. Inscrevi-me na ca-
perseverança dessas jovens é uma foram os uniformes, tequese, fui batizada e fiz minha Pri-
das notas características de tal apos- meira Comunhão. Guardo com cari-
tolado. Narra uma delas, de treze
que são super nho o vestido que usei naquele dia,
anos: “Em alguns momentos, pen- bonitos; quando que foi, com certeza, o melhor da mi-
sei em desistir de ser martinha, mas nha vida. Tenho um apreço enorme
perseverei, graças aos ensinamentos os vi, logo quis ser por essa capela – que é de fato uma
de Religião que recebi, às orações de ‘Mãe do Perpétuo Socorro’, como diz
minha mãe e à grande proteção de uma martinha” a invocação de Nossa Senhora que
Nossa Senhora, e tenho confiança de lhe dá o nome –, e sou muito grata
que continuarei neste caminho”. aos padres que com seus conselhos
Concorre para a constância na Almeida Ferreira, de treze anos, co- me ajudaram nos momentos mais di-
prática da Religião o fato de as jo- menta: “Gosto muito de poder aju- fíceis que passei até hoje”.
vens receberem responsabilidades dar assim os sacerdotes e me sinto E prossegue: “Fico muito con-
na organização, limpeza e decoração bem quando estou no meio das irmãs. tente quando as irmãs me chamam
da capela. Trabalhando em conjun- Quero muito, e espero conseguir, tra- para cuidar desse lugar abençoado.
to com as irmãs, muitas vezes é a elas zer mais meninas para a capela, para Por mim, faria isso todos os dias da
que cabe a função de providenciar os elas também se tornarem martinhas”. minha vida, com um prazer enorme.
arranjos de flores para o altar, cuidar Lembrando com saudades o iní- Enfim, minha vida se resume nesta
do material da sacristia e preparar o cio de sua participação no grupo das capela. Enquanto Deus me der saú-
necessário para as celebrações. Nicoli martinhas, Ana Karolina D esideri de, quero frequentá-la sempre. Peço
Lucio Alves
Plinio Veas
Jogos na Capela Monte Calvário; aula de música na Igreja São Judas; martinhas das Capelas Nossa Senhora
de Lourdes e Nossa Senhora de Fátima cantando durante uma Missa na Igreja Nossa Senhora do Carmo
Missa e Adoração na Basílica – Logo após a Missa, presidida por Dom Francisco Senra Coelho, Bispo Auxiliar
de Braga e concelebrada por dezenas de sacerdotes, teve lugar a Adoração Eucarística, que incluiu a recitação do
terço e a muito aguardada procissão com o Santíssimo Sacramento pelo interior da imensa basílica.
Nuno Moura
Solene coroação – A cerimônia teve início com a solene entronização e coroação da Imagem Peregrina do
Imaculado Coração de Maria. Ela entrou em cortejo na Basílica, portada e acompanhada por arautos do setor
feminino de Portugal e da Espanha, que viajaram para participar da solene celebração.
Nuno Moura
Numerosa participação – Cerca de 12 mil fiéis vindos de todos os pontos do país, alguns dos quais
acompanhados pelos respectivos párocos, lotaram a gigantesca Basílica da Santíssima Trindade. Grupos de
peregrinos vindos expressamente da Itália e da Espanha também se associaram à comemoração.
Andre Morisson
Nuno Moura
Cortejo até a Capelinha das Aparições – Terminada a Santa Missa, os fiéis se reuniram junto à Cruz Alta e dali
partiram em cortejo, ao som de cânticos marianos, até a Capelinha das Aparições onde teve lugar o já tradicional
“adeus a Maria”, presidido por Dom Francisco Senra.
Cabo Verde – Uma cooperadora dos Arautos residente em Rotterdam decidiu visitar em abril seu país de origem
levando um Oratório do Imaculado Coração de Maria. Com ele percorreu escolas (2) e comunidades religiosas (3).
Também participou de uma Missa privada celebrada pelo Cardeal Arlindo Gomes Furtado (1).
1 2 3
Guatemala – Sempre preocupados em levar conforto espiritual para os que sofrem, cooperadores da Guatemala
visitaram o orfanato Madre Anna Vitiello (1), a residência de anciãos Margarita Cruz (2) e o Hospital Geral San Juan
de Dios (3), onde foram entregues 70 cobertores e kits de higiene para famílias carentes.
Vitória honra
a Padroeira
radiocatolica.org
go de Compostela. cristãos” e sublinhou que “é a pri-
meira vez na história do Paquistão
Inusitado interesse pela vida que uma igreja é construída no ter-
monástica na Alemanha reno de uma universidade estadual”.
No sábado 21 de abril foi reali-
zado na Alemanha o Dia dos claus- Bolívia renova consagração aos Pedem para o som dos sinos ser
tros abertos, durante o qual duzentas Corações de Jesus e de Maria Patrimônio da Humanidade
e cinquenta abadias de todo o país No dia 15 de abril realizou-se, na Mais de onze mil sineiros e car-
abriram aos visitantes algumas par- catedral de Cochabamba, a consa- rilhadores de toda a Europa se
tes da própria clausura. Os organi- gração da Bolívia aos Sagrados Co- uniram para pedir que o som des-
zadores tinham por objetivo mostrar rações de Jesus e de Maria. Com ses instrumentos seja reconheci-
mais de perto o dia a dia nos mos- ela se renovam as consagrações fei- do como Patrimônio Imaterial da
teiros e a grande variedade de for- tas no dia 7 de agosto de 1925 ao Humanidade pela UNESCO. E,
mas de vida religiosa existentes no Sagrado Coração de Jesus, e no dia para reforçar a petição, no sábado
país, que possui atualmente trezen- 12 de outubro de 1948 ao Imacula- 21 de abril foram tocados simulta-
tas e quinze comunidades femininas do Coração de Maria. neamente os sinos de mil e trezen-
e cento e cinco masculinas. O ato foi presidido por Dom Ri- tas igrejas da Espanha e outros paí-
Este é o segundo ano em que cardo Centellas, Bispo de Potosí e ses europeus. A iniciativa partiu da
é levada a cabo essa iniciativa, da Presidente da Conferência Episco- associação cultural Hispania Nos-
qual se beneficiaram mais de trin- pal Boliviana, acompanhado por tra e dos Campaners d’Albaida, ins-
ta mil pessoas. Constava no progra- numerosos Bispos e sacerdotes. Ele tituição que reúne os sineiros dessa
ma a participação na Missa domi- faz parte das festividades que co- cidade espanhola onde desde o sé-
nical e na recitação da Liturgia das memoram a iminente canonização culo XIII os sinos são tangidos ma-
Horas. Os monges também promo- da primeira Santa boliviana, Nazá- nualmente.
veram palestras e momentos de me- ria Ignacia March Mesa, fundadora Os organizadores lembraram
ditação. Em alguns locais, as visi- das Missionárias Cruzadas da Igre- que o sino era “o encarregado de
tas foram organizadas pela prefei- ja, e o início do processo de canoni- comunicar as emoções dos povos.
tura e faziam parte das atividades zação da Venerável Virgínia Blan- Até não muito tempo atrás, era o
escolares. co Tardío. som que regulava a vida das pesso-
Nas palavras do Pe. Hermann- as. Ele tocava a rebate, a defuntos e
-Josef Kugler, OPraem, Presiden-
Inaugurada capela o glória, entre outros”. Eles infor-
te da Conferência Alemã de Supe-
em universidade estadual maram também os países que par-
riores de Ordens Religiosas e supe-
do Paquistão ticiparam do evento: Espanha, Bél-
rior do convento premonstratense No dia 15 de abril, o Arcebis- gica, Dinamarca, Alemanha, Fran-
de Windberg e Roggenburg, na Ba- po de Islamabad-Rawalpindi e Ad- ça, Reino Unido, Irlanda, Lituânia,
viera, “percebe-se com frequência ministrador Apostólico da Diocese Suécia, Ucrânia, Suíça, Portugal,
que basta apenas uma visita para as de Faisalabad, Dom Joseph Arshad, Polônia, Áustria, Noruega, Holan-
pessoas mudarem completamente presidiu a cerimônia de consagra- da e Itália.
consagramos nossas
famílias, nossas co-
munidades e nossas
instituições”.
Bem-aventurados
os puros de coração…
Pedrinho entrou em casa cabisbaixo, abatido e com certo ar de dúvida,
deixando aflita sua mãe. O que se passava com o pequeno? Uma nota
baixa? Um mal-entendido entre amigos? Ou, pior, uma repreensão
vinda do Pe. Antônio?!…
Ir. Giovana Wolf Gonçalves Fazzio, EP
O
dia despontava naquela ra, mas prometo que, se meu plano der Por volta da uma e meia da tarde,
manhã de primavera na certo, contarei tudo para a senhora! Da. Amélia costumava interromper
aldeia. As imensas plan- Após deixar Pedrinho na escola, seus trabalhos para esperar Pedrinho
tações de uva pareciam Da. Amélia voltou para casa meio chegar do colégio, levado por um cari-
carregadas de pedras preciosas, pois intrigada com a história do bolo… doso senhor que morava pela região e
os raios do sol se refletiam nas go- Contudo, não pensava ser uma tra- trabalhava na escola. Ela ficava vigian-
tas de orvalho que as cobriam. Um vessura ou algo errado, pois seu filho do, na sacada do segundo andar da
cheiro de pão quente saía das ca- sempre fora muito piedoso e obe- casa, a fim de vê-lo dobrar a esquina.
sas e pelas janelas era possível ver diente, um verdadeiro exemplo para O horário era um pouco tardio
as crianças, vivíssimas, que se pre- os amigos e companheiros. E como porque, ao término das aulas, Pedri-
paravam para a escola. Alguns ven- entrara no colégio naquele ano, tal- nho ajudava o Pe. Antônio, servindo-
dedores ambulantes percorriam as vez fosse um agrado que desejasse -o como coroinha na Igreja de São Pe-
ruas para oferecer suas mercadorias fazer ao profes-
e uns quantos fiéis saíam da matriz, sor…
depois da Missa matutina. O dia esta-
Dentro deste pitoresco cenário, va aprazível e ela
entramos em uma casa de família e queria aprovei-
nos deparamos com um curioso di- tar para concluir
álogo… seus afazeres do-
— Pedrinho?! mésticos. Porém,
— Sim, mamãe! como mãe extre-
— Já está pronto para o colégio? mosa que era, ao
Seu uniforme de coroinha está na chegar a casa diri-
mochila? giu uma prece ao
— Sim, senhora! Só preciso ter- Sagrado Coração
minar de embrulhar este bolo, o que de Jesus, pedindo
está um pouco complicado… que Ele guardas-
— Bolo? Para que vai levar um se seu pequenino
bolo? Vai dá-lo a alguém? Ao pro- de qualquer mal,
fessor? e encomendou-
— Não, mamãe, é uma longa histó- -o também à sua “Para que vai levar esse bolo, Pedrinho?
ria! Vou chegar atrasado se contar ago- Mãe Santíssima. Vai dá-lo ao professor?”
Magdeburgo - Alemanha).
mãos da Sagrada Família.
Beato Inocêncio Guz, presbí-
tero e mártir (†1940). Sacerdo- 16. Beato Antônio Constante Au-
te polonês morto no campo de riel, presbítero e mártir (†1794).
concentração de Sachsenhau- São Tomás Moro, por Pieter Paul Negando-se a assinar a Consti-
sen, Alemanha. Rubens - Museu do Prado, Madri tuição Civil do Clero, durante a
Outono nos bosques da Romênia; nascer do sol na Praia da Caçandoca, Ubatuba (SP);
águia real voando sobre a Serra de Guadarrama (Espanha)
Uma rutilante pedra preciosa, Deus, como julgam muitos insensa- da alma, para que no dia do Juízo
ou ainda uma alma preciosa, quan- tos e ignorantes, senão um instru- possamos escutar com gáudio Nos-
do considerada nos seus aspectos mento que nos conduz até o Céu. so Senhor nos dizer: “Essa ovelha
mais nobres e admirada enquan- Ouçamos atentamente essa voz escutou a minha voz. Eu a conhe-
to reflexo do Altíssimo, jamais será da graça que a todo momento nos ço e agora ela há de Me seguir para
instrumento de afastamento de fala, mesmo na insensibilidade sempre!” ²