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DAS MÃES
por
G. JOANN�S
E D I <,: ü E S P .\ U L T N A S
COLEÇÃO DAS MÃES
DIRIGIDA POR
WALDEMAR BOSIO
EDIÇOES PAULINAS
TR ADUÇAO
DE
J. G. MORAES FILHO
O SACEBDOCIO
DAS MAES
produzir na hCJrmo.lia u
niversal, a •nossa nota".
desejada pelo Artista dt-
mno.
Esta. nota. a. oumre17'os
a.gora. ,lbra.r como deve,
na. m4e que uive o seu
sa.cerd6cto; nota. cuja. ví
bra.ç4o ressoa.r4 sempre
ma.ts nova. · por meio da.
a.ç4o quf' e:.:erce no lar e
na. Igreja.."
(Pág. 10-11)
1 - E. Crlppa - :!\I.U:!
2- F. Carballo- MA-
TERNIDADE E
ESPR ! ITO .
3- Joannea - O SA
C ERDOCI O DA B
MAES.
f - Arrlghl - CON
SOLACOES DAS
M.U:S
15 - Gauthler ......: MA- .
MAE FALA COM
DEUS
8 -Maria França -
MAES COM SOR
RS I O
7 -Maria França
M 1. E S C O M E-.·
NERGIA
8 - Maria França -
MA.ES COM TER
NURA
9 ...,.Maria
.França -._
'1
mos conquistar e atingir. Nessas co_ndições eu
posso ganhar a Deus ou perdê-lO. Se O perco,
está tudo acabado para mim e para sempre !
Está é a .causa mais atroz, mais pavorosa que
possa me acontec�r ! Tudo o mais nada vale...
10
Estas minhas páginas se destinam precisa
mente a recolher com religiosa fidelidade, entre
todos os testemunhos, os das mães e, em parti
cular, das mães que vivem o seu sacerdócio; tes
tem.unho bem caro ao Senhor, que investiu a
mulher de uma tão alta missão. Cada um de nós
tem un1.a certa nota a prod�Jzir na harmonia uni
tlersal, a "nossa nota", desejada pelo Artista di
vino. (1)
Esta nota a ouviremos agora vibrar como de
ve, na mãe que vive o seu sacerdócio; nota cuja
vibração ressoará sempre mais nova por ·meio
tla ação que exerce no lar e na Igreja.
11
CAPiTULO I
O SACERDóCIO DA MÃE NO
CORPO MISTICO DE CRISTO
Sacerdócio da Mãe?. . . Algumas -
talvez muitas - leitoras ficarão admi
radas do título ·dêste opúsculo.
pode ser isso ? Atribuir o sacerdócio
à mãe? �plicá-lo à mulher? Não são por certo
imicameri'e os sacerdotes os revestidos de tal dig
nidade ? ,
De fatd, somente os padres são investidos do
caráter sace�dotal. A êles unicamente foi con
cedido por Jesus Cristo o poder de exercer as
funções. Sàmente êles receberam a benção sa
cerdotal e conservam· para sempre, em suas al
mas, o caráter inefável do Sacramento da Or
dem, que lhes confere o poder de consagrar, isto
é, de mudar o pão e o vinho no Corpo e no
Sangue adorável do Salvador. A êles portanto,
co mo sucessores dos Apóstolos, são dirigidas pelo
próp rio Mestre, as palavras do ritual: "Fazei isso
em memória de Mim".
Todavia, o Espírito Santo nos confirma por
meio do Apóstolo São Pedro que todos os cris-
15
tãos são "outras tantas pedras vivas
para a construção de um templo espiritual, co o
o Santo sacerdócio, para oferecer .a Deus,
intermédio de Jesus Cristo, sacrifícios m
16
'isoladamente, mas unido a todos os membros do·
Seu Corpo Místico, do qual f:le está para sem-
'
17
espôsa, de mãe, de dona de casa e vem justa
mente penetrá-la, transfigurá-la, divinisá-la, ele
vá-la corno o fermento faz com a massa. Não sa
beis que, se o quizerdcs, podeis fazer do vosso
trabalho diário no lar doméstico, urna oração
contínua, e que oração! . ..
E' verdade, entretanto, que a sabedoria, esta
pérola preciosa, se revela sobretudo nas almas
dedicadas inteiramente à oraçãÓ e no desprendi
mento efetivo dos bens dêste mundo. Mas quer
isso por ventura significar que a sabedoria fa
leça, nas outras que são chamadas em vez disso
a combater na arena, empenhadas. em uma vida
ativa, trabalhada freqüentemente por dificulda
des de toda a sorte? Certamente não.
Não nos esqueçamos de que não é propria
mente o estado em si mesmo, que constitue a per
feição, mas o caminho escolhido por Deus para
cada um de nós. O que importa verdadeiramente
é achar a própria vocação, s�guí-la e realizá-la o
mais perfeitamente possível, segundo os desígnios
divinos s6bre a nossa alma. Com este esc6po'
portanto, desfrutaremos, sem nos afadigarmos, os
nossos dotes morais, que agirão melhor para bus
car e executar a vontade de Deus na vocação que
18
tivermos abraçado, não já sob a influência do
capr icho, do intcrêsse mat_erial ou de outros ob
jetivos nocivos, mas segundo a direção de Deus.
Estabelecido ist o pode mos estar seguros de que
,
19
nando-se e aperfeiçoando-se uns aos outros. Fi
lhos de Deus são também os homens, espíritos
unidos à matéria e que são êles mesmos pais, de
um certo modo mais ainda do que os anjos, pois
que, se os anjos não se comunicam senão a lumi
nosa atividade de sua inteligência, os homens
prestam a Deus o seu concurso, na criação e infu ·
20
Não nos surpreendemos portanto, de ver es
posas e mães atingirem o5 cumes da santidade.
O Rev. Padre Bruno de Jesus e de Maria nos
confirma isso no seu livro: "Madame Acarie,
Beata Maria da Incamação. (1) Em 31 anos
.de matrimônio, dos quais somente 4 foram pàs
sados no Carmelo, ela santificou-se no matrimô
nio por meio dêles; elevada desde a idade de 22
an<?S à união estática, segundo Binet, não cessou,
na sua vida agitada, assinalada por seis materni
dades, de progredir de perfeição em perfeição,
sem deixar de cumprir com a mais escrupulosa
exatidão, os seus deveres de mãe e de espôsa".
Isto prova, acrescenta o Pe. Régis Jolivet, segun
do as mesmas palavras de Sua S. Pio XII, que
"o leito nupcial não contamina, mas ao coqtrá·
rio, eleva as almas que Y._ivem na graça sacra
mental". (2)
21
CAPÍTULO 11
O SACERDOCIO DA MÃE NA
IRRADIAÇÃO DO S. SACRIFICIO
DA M ISSA
11 NTRE os inumeráveis membros do Corpo
Místico do Verbo incarnado, engasta
dos nEle como os ramos da videira e
vivendo da sua vida, vejo emergir, no halo de
uma luz esplêndida, a figura da mãe.
Se o sacerdote, em virtude do seu caráter sa
cro, tem o seu ofertório; se as virgens, que se
consagram a Deus, têm o seu; a mãe também tem
o seu ofertório, o qual é muitas vezes bastante
pesado!
25
certo as dua s grandes correntes que transportam
continuamente o vosso sêr c a vossa vida na sa
grada mis são do sacerdócio por excclencia? i\
vossa própria condição de mãe não implica for
çosamente em estado de hostia e de apresenta
ção perpétua da oferenda imolada?
Desde a aurora, as primeiras hora s do traba
lho vos chamam ao dom de vós mesmas por meio
de Cristo ao Pai e ao Filho e ao E spírito Santo,:
na pessoa do vosso cspôso c dos vossos filhos. E, I
chegada a noite podeis dizer que tivestes tempo·
para vosso uso?
Dendita a mãe que desde o despertar, em
vista do dia que começa, se põe à di sposição de
Deu s como hostia do Sacrifício! Bendita aquela
que, desde aquele momento entra na hostia c na
cálice do padre c para ali transporta, com o pen j
sumcnto, o marido c os filhos afim de participai
rem na transub stanciação do pão e do vinho n �
corpo e no sangue elo Divino Redentor e ser as
sim transportada, através da oblação e da imol�
I
ção de Jesu s, no oceano da Vida increada d;
Santa Trindade! As sim, lançando para o cé�
flechas inflamadas, a mãe dirá, verbal ou meo
talmente: "Sel_lhor! Vos ofereço com Maria todd
26
05 meus pensamentos, palavras, ações, sofrimen
tos, alegrias, ocupações do dia, em união com os
dias do Divino Mestre; aos da Sua vida sabre a
terra, quando em Nazaré e durante a Sua vida
pública, a Sua Paixão; Vos ofereço por esta ou
aquela intenção e afim de que tudo aquilo que
sou e fizer nêste dia, tudo o que me acontecer,
revista o caráter do culto que Vos é devido e que
Vós me concedereis a graça de render-Vos, com
a minha união ao nosso Divino Mediador Jesus
Cristo".
Se as vossas ocupações não vos permitirem
assistir à Santa Missa durante a semana, nada
vos impede, ó mães, de fazê-lo mental�ente e
de unir-vos em espírito às Missas que se celebram
no mundo inteiro.
Não vos esqueçais de oferecer cada um dos
vossos dias sob uma intenção particular. Tal
dia para o vosso aperfeiçoamento pessoal; tal ou
tro para vosso marido e vossos filhos, pedindo ao
Senhor que vos conceda a todas as alegrias de
.
rorresponderdes fielmente aos seus desígnios de
��or pelo vosso lar. Depois vêm os vossos caros
ats; em seguida as grandes intenções do Sumo
r ontífice, da Santa Igreja, as vocações dos sacer-
27
dotes, a conversão dos pecadores, a destruição do
neo-paganismo, da maçonaria e o triunfo do Rei
no do Cristo-Rei sôbre as almas e sôbre as na
ções. Consagrareis também muitas horas a todos
aqueles que são oprimidos pela dor física ou mo
ral: os encarcerados, os doentes, os sem tetos; to
dos os que sofrem fome e frio. Não é por certo
a hora mais do que propícia de recitar, com toda
a compunção possível, a oração do Abade Per
reyve à nossa Mãe do Céu, oração que é hoje de
uma atualidade pungente?
"Virgem Santa, no meio das Vossas glórias,
não esqueçais as tristezas da terra! Lançai um
olhar de bondade sôbre aqueles que sofrem, que
lutam contra as dificuldades, que não cessam de
mergulhar seus lábios no cálice da amargura.
Tende piedade dos que se amam e tem estado
separados! Tende piedade do isolamento do co
ração! Piedade da fraqueza de nossa fé! Piedade
dos objetos de nossa ternura! Piedade dos que
choram e dos que tremem! Dái a todos a espe-
"
rança e a paz .
Nós s�mos todos; não só a pequena gôta de
água que o celebrante mistura ao vinho, no cá
lice, mas também o pão e o vinho destinados a
28
serem consagrados e que representam o trabalho
da humanidade.
Por conseguinte, mães, o vosso trabalho, com
as vossas fádigas e sofrimentos, as vossas cruzes e
as vossas alegrias, estão lá no altar sôbre as S.
Espécies.
Lá sôbre o altar está o coração despedaçado
das mães e das esposas que choram os filhos ou
o rnarjdo perdido, coração que precisa de muita
fortaleza para continuar o trabalho cotidiano, que
tem suas exigências imprescindíveis.
Lá sôbre o altar fica registrada a ausência do
marido apartado do lar, ausência que diàriamen
te une a espôsa a Jesus crucificado.
Lá estão, 6 mães, vossas contínuas privações,
que não vos permitem por vezes, dar urna alimen
tação mais abundante e adequada aos vossos ca
ros pequeninos ou de procurar-lhes as vestimen
tas de que necessitam . . .
Oh! o grande Ofert6rio das mães, corno êle
sobe ao Céu qual perfume de agradável odor,
conjuntamente com a oblação de Aquele que
aqui na terra quis ser o Homem das dôres!
Corno esta oferta adora, expia, agradece, pe
de eficazmente graças, em união à Vítima divi-
29
na! Como ela é redentora e. geradora de vida
divina para o mundo!
Que parte relevante, vós que sois mães, tra
zeis de fato à ordem universal à harmonia uni
versal, contribuindo com as vossas dôres, em
união com Aquele que tudo restaura no seu
Divino Filho, N. S. Jesus Cristo! E que con
solação, que motivo de impulso para vossa alma,
penetrar desde agora nesta ordem, nesta harmo
nia que um dia vos arrebatará, com todos aque
les que hoje chorais, quando "tudo será subme
tido" C) ao nosso divino Chefe que "entregará
ao Pai o Seu reino" (2) confiando-Lhe este "afim
de que Deus esteja todo em todos." (8)
Como esta oferta prepara, finalmente, a vossa
ressurreição em seguimento de Jesus, eternamen
te glorificado!
E' a vós, 6 mães, que se dirige por certo o
apêlo contido nesta frase: "na agonia de um mun
do perverso que desaparece em um mar de san
gue e de lágrimas, construí, com vossas dôres,
os alicerces de um novo mundo". ( ) 4
30
De fato, a Missa não é apenas a comemora
ção do sacrifício da cruz, do qual ela nos aplica
os méritos infinitos; é antes a representação de
todo o mistério de Cristo, da Sua vida sôhre a
terra, da Sua Ressurreição e da Sua Ascenção glo
riosa ao último escôpo e coroamento da nossa
Redenção. Era preciso que o Cristo morresse
e ressuscitasse para nos merecer e nos comuni
31
ressuscitado. E' lá verdadeiramente que :E.le nos
espera e de onde nos infunde a vida divina por
por meio do Espírito Santo através da sua sacro
santa Humanidade, que em virtude da ressur
reição se tornou também ela um "espírito vivi
ficante". e)
No céu, nosso aivino Redentor continua a
exercer o seu sacerdócio o(erecendo sem trégu�s
a sua oblação imolada, feita por :E.le próprio no
calvário e que o consagra sacerdote por toda a
eternidade.
A mãe cristã sabe que, para exercer o seu sa
cerdócio, deverá viver a sua missa e ela a vive!
A oferta implica, de fato, em si mesma a imo
lação que a segue e vos toma, mães,. desde o vos
so despertar!
Quantas vezes não sc;>is tentadas a procurar
um pouco mais de repouso no leito! Mas lá está
o dever que vos reclama apesar da fádiga
e às vêzes apesar da vossa própria enfermi
dade. A vossa vocação exige que renuncieis ao
bem estar e que vos ofereçais, com Jesus-Hóstia
nesse primeiro sacrifício de um levantar. matuti
no. E' a primeira oferta de vós mesmas, com
tudo o que ela contém de primazia, de frescura,
32
de impulso e que vos torna já ofertas ao mesmo
tempo que imoladas.
Não apenas levantadas, eis que deveis pen
sar na refeição do vosso marido antes que se vá
para o trabalho; depois na dos filhos, antes de
partirem para a escola, com a vossa assistência,
o que exige que sejais de fato a primeira a se le
vantar na casa. E assim, desde o momento em
que ides despertar vossos filhos já estais inteira
mente possuídas do espírito do vosso sacerd6-
cio e é dêste modo que lhes ensinais a santificar
este primeiro momento do dia com o sinal da
cruz, feito, se fôr possível, com a água benta, para
orientar, espontânea e imediatamente os seus co
rações para Aquele a quem pertencem. E se
ainda são pequeninos, com fervor fazei, vós mes
mas, êste sinal da cruz sôbre as suas &ontes, sem
esquecer de unir, aos cuidados do corpo, os da
alma.
As mães que podem dispôr de mais tempo
queiram pois, com grande proveito espiritual, to
mar parte na recitação oficial do Ofício Divino,
do qual a S. Missa é o centro, segundo a liturgia
da Santa Igreja.
A Hora Terça (9 horas) que recorda a desci
da do Espírito Santo sôbre os Apóstolos e as Vés-
33.
peras da tardet comemorantes da instituição da
Santa Eucari stia, não são longas de recitar e vos
introduzirão logo na grande religião do Cristo
que adora e louva o Seu Pai por meio do Seu Cor
po Místico. Ou então simplesmente algum Glo
ria Patri dito com fervor, assim como a Magni
ficat, durante o dia, bastarão para vos pôr em
união com a grande religião do divino Mediadort
religião que é a expressão das homenagens que
Ele presta ao Pai em nome de todost no Céut e
que o Seu Espírito dilata em toda a Igreja e em
cada um de nós. (1) E a Completa� não é por cer
to a mais bela oração da noite que possamos re
citar?
Para bem compreendermos a excelência do
Ofício divino "consideremos que Deus canta a
Si mesmot no segrêdo da Sua vida, um Hino Eter
no que não é sinão a própria expressão das Suas
perfeições no Seu Verbo e o sôpro do Seu amor...
Cristo, Filho de Deus, achando-Se unido à Sua
Igreja, a introduz consigo na Eterna Sociedade
do Pai e do Filho. Com isso Ele Se associa subs-
35
vai se multiplicando. Como pode ser isso? direis
vós. Escutais: não é por certo verdade que, em
virtude do liame indissolúvel que vós liga ao
companheiro da vossa vida ao ponto de formar
com êle uma só carne, êle se toma envolvido em
todas as vossas ofertas, nas vossas imolações? E
não é isso bastante?! Se o vosso marido já se
acha por este modo assodado à vossa ascenção
espiritual, o que dizer da influência dos vossos
méritos sôbre os filhos que trouxestes no vosso
ventre, como Maria trouxe Jesus e que permane
ceu, moralmente, em v6s, quando vos ofereceis
e vos imolais? E vos permaneceis nêles, por vossa
vez, porque nêles vos prolongais quando, segun
do vossos ensinamentos, êles rezam, se oferecem
e sacrificam-se. Como exprimir na verdade, a
repercussão imensa que podem ter os vossos bons
exemplos, o vosso apostolado materno, não sO
mente sôbre os vossos próprios filhos, gerados do
vosso sangue, mas sôbre os filhos dos vossos, be
neficiários também êsses, da devoção dos seus
genitores, que se tomaram, graças a v6s, educa
dores por sua vez? Fluxo e refluxo humano-di
vino, fonte vivificante e fecunda, que chega até
a Vida Eterna!... Que estímulo continuadamen
te renovado em meio ao trabalho cotidiano!
36
O vosso sacerdócio, eminentemente redentor,
não é por certo também chamado a resgatar as
almas de outras mães transviadaS no caminho do
pecado? Eis ali uma que, presa da tentação, es
pera de vós talvez, segundo os desígnios de Deus,
um sacrifício, uma renúncia, um esfôrço para
triunfar sôbre Satanás e sõbre si mesma! A vos
sa fidelidade à graça pode obter do Senhor esse
tal socorro, esse necessário auxílio, ou então a
recusa, se não fõrdes bastante generosas!
Mas, eis que as pessõas que vos são caras
vos deixam, para se dirigirem ao escritório e à es
cola . . . Tendes agora que pensar nos trabalhos
domésticos e nada descuidar, para manter o vos
so lar naquele harmonioso equilfbrio que resulta
do asseio, da ordem, da vigilância. E' então ago
ra que, acudindo às vossas ocupações, vos ofere
ceis ao Espírito de Luz, pedindo-lhe, com fervor
para semear na vossa alma o Verbo, a semente
por excelência, ensinando-os a fazer reviver o
Cristo em vós, em cada um dos Seus mistérios,
através do ciclo litúrgico, com a prática dos vossos
deveres de estado. E será ainda e sempre, apoian·
do-vos em Maria a Educadora Espiritual das
mães, que vos exercereis nesta grande renovação
interior.
37
CAPfTULO 111
41
ensina o Cardeal de Bérulle, de cada um dêstes
mistérios da Sua vida permanece alguma cousa.
E o que vem a ser afinal esse resíduo perma
nente?
E' o fruto espiritual, eterno, radioso, subsis
tente através dos séculos e que está vivo na al
ma que se alimenta dêle. Este fruto se apresen
ta deante de vós como um prêmio anexo aos vos
sos deveres de estado, fruto este que podeis colher
e dêle vos nutrir, se o quizerdes. E que fruto é
este? "E' a virtude de cada um dos mistérios do
Cristo, o que vale dizer, o amor com o qual :E.le
viveu todos os mistérios da Sua Vidá terrena e
que deseja reviver em vós". C)
Recordai-vos, 6 mães, desta magnífica verda
de e desfrutai a fundo esta mina divina! Não
devemos nos esquecer, de fato, que nos desígnios
de Deus, somos inseparáveis do Verbo incarnado,
sendo através d:E.le e na medida em que estamos
unidos a :E.le, que Deus nos olha, nos ama, nos
escuta, nos abençôa e finalmente, nos beatifica.
Quando Jesus nasceu em Belém, nós estávamos
já com :E.le, no pensamento do Pai celeste e, por
antecipação, nascíamos na Sua Santíssima Huma-
42
nidade para a Vida Divina. Quando em Nazaré
Ele crescia em idade, graça e sabedoria, nós cres
ciamos com Ele, espiritualmente. Quando Ele
morria na cruz pelos nossos pecados, morríamos
com Ele para a iniquidade, afim de ressuscitar,
ainda com Ele, para uma nova e incorruptível
vida.
43
do, na gestação sagrada de Maria, na sua pure
za, no recolhimento, na submissão ao divino que
44
Em únião à Mãe de Deus, aos Patriarcas,
aos Profetas do Antigo Testamento, como tam
bém à toda a humanidade, invocai ardentemen
te a Messias em vós, ó mulheres, no vosso peque
to nascituro, nos entes que vos são caros e em
todos os homens, afim de que Jesus nasça em
cada um dêles, todos os anos, de modo sempre
mais profundo e venha animar, aquecer com o
seu amor, a nossa pobre humanidade: Preparan
do-vos para o Seu advento "de Misericórdia", pen
sai também no vosso advento "de Justiça", quando
Ele "no fim do mundo vier a julgar todos os ho
mens, uma vez que o acolhimento que Lhe fi
zermos quando vem nos resgatar, será o mesmo
que E.le nos fará, quando vier nos julgar". (1)
E se por acaso o pequeno que cresce no vos
so seio devesse um dia ser um padre, ó feliz de
vós! Tocamos agora em uma das bases do vosso
sacerdócio, que é privativo vosso e vos faz parti
cipar de um modo único, naquêle da Mãe do
Sacerdote Eterno.
Como exprimir, de fato, a repercussão do sa
cerdócio de nosso Divino Redentor sôbre Aquela
que, com o seu Fiat, aceita para a nossa salvação
45
à oblação do Calvário, à qual sua alma, transpas
sada pela dor, devia se associar de uma maneira
tão íntima e pessoal?
Enquanto Maria formava, no seu espírito e
na sua carne, Aquele cujo oferecimento imolado
na Cruz devia operar a salvação do mundo, Ela
era, cada dia mais, imolada e oferecida com E.le,
nutrindo-O com o seu leite e contribuindo com
a sua desvelada assistência ao Seu desenvolvi
2. A MÃ E no FuTURO SACERDOTE.
46
l<ite, o pequeno sêr que, um dia, terá o poder
de.mudar o pão e o vinho no Corpo e no Sangu€
'
do salvador para oferecê-Lo ao Pai em nome da
humanidade resgatada. Só Deus sabe a que pon
to esta mãe participa do verdadeiro sacerdócio do
seu 4lho! Em proporções inferiores mas reais,
ela também se dá integralmente à iniciação do fi
lho que, mais tarde, receberá no íntimo de sua
alma b caráter inefável de Sacerdote de Jesus
Cristo. Todo o sêr da mãe, oferecido e imolado
já com o do filho, passa, por assim dizer, para
este sarerd6cio futuro, mas já presente do olhar
divino. De fato, segundó o pensamento do gran
de Cardeal Mercier, todas as vezes que o sa
cerdote sobe ao altar, deve recordar-se de que êle
é vítima com Cristo-Vítima. Assim, o sacerdócio
da Mãe, passando para o do filho, aí se renova,
intensificando-se e subindo cada dia para o seu
apogêo.
O que dizer dêstes anos de graça para a mãe
que deu carne e sangue a este filho que o Espí
rito consagrará um dia para sempre? Como ex
primir o que o seu sacerdócio pode receber de vi
talidade e de impulso, enquanto o futuro sa
cerdote passa da infância à adolescência, da
adolescência à juventude, da qual o Sacerdote
47
Eterno colherá as primícias, associando-se à S�a
oblação e imolação suprema? Oblação e irnbla
ção que Ele oferece ao Pai por Suas mãos e·'me
diante às quais, ocupando o posto de Jesus,
prestará a Deus, em nome da humanidade, "o
culto essencial, público, perfeito, social, qficial,
que Lhe é devido". E porque morrendo e �essus
citando, o Verbo lncamado tomou-se Salvador, à
Mamãe, por meio do sacerdócio do �eu fi
·
48
o· mães! considerai este pensamento inefá
vel que a Divina Vítima teve então para vós e
que acabou por uma invocação lançada ao Pai
para implorar misericórdia a nosso favor. Uni
tôdas as vossas orações à esta que Ele fez por nós,
antes de deixar o mundo! . . .
49
ciso, para falar do assunto, nos purificarmos ao
contacto da natureza divina".
E, depois de ter desenvolvido com tanto de
licadeza tudo quanto este nome de Mamãe con
tém em si mesmo, o conceituado secretário geral
do jornal "La Croix", conclue: "Evocando a ima
gem daquela que embalou a minha infância e a
quem devo tudo, não posso senão repetir, com
aqueles que me lêem, o grito espontâneamente
saído do coração de F. Coppée : "Minha Mãe,
sejas tú bendita entre as mulheres!" E não sig
-
nifica isso que esta mãe tinha por certo uma al
ma de sacerdote, que ela transmitiu ao filho? . . .
Depois do Advento, eis o Natal, eis o Menino
que nos convida ao acompanhamento da Sua San
ta Humanidade, prontos a cumprir integralmen
te a vontade do Pai. Humanidade nascida aque
le dia para a Vida divina com a união substancial
do Verbo, que nos faz sempre nascer também de
Deus, a cada novo Natal : "A quantos O recebe
ram f:le deu poder de se tornarem Filhos de
Deus; a aqueles que creram no Seu nome os
quais não nasceram do sangue nem da vontade
da carne, nem da vontade do homem, mas nas
ceram de Deus". (1)
50
O Messias vem reviver em nós a Sua vida de
humildade, de pobreza do Presépio. Oh! abri en
tão a vossa alma, sobretudo vós, mães de famHia,
que participais da pobreza! Abri vossa alma à
Sua ação, confiadamente, e Ele virá em vosso au
xílio. Deixai-O viver em vós, no vosso descon
fôrto, com as suas disposições de doçura, de sub
missão, de coragem. E unindo a vossa vontade
a esta vida do Menino Jesus, pobre em Belém e
pobre em vós, corrigireis e retificareis as más in
clinações e os vossos defeitos.
Como se queixar quando, de fato possuís
em vós a Sua submissão à vontade de Deus, a Sua
obediência? Como perder a paciência, quando
tendes em vós a Sua grande doçura? . . . Ele tam-·
bém, o grande Deus, quis so&er a conseqüência
dos acontecimentos durante a Sua vida sôbre a
terra, como um simples mortal. Não é de fato
estranho que não tenha encontrado lugar para
nascer senão em uma pobre gruta?
"Ele veio à Sua casa, mas os Seus não o re
ceberam". C)
Não é estranho por certo, que Ele fôsse obri
gado a fugir para o Egito, afim de Sct livrar da
51
crueldade de Erodes e de sofrer, com Maria e
José, todas as privações do exílio naquela terra?
Jesus também quis ser um refugiado e viver co
mo tal, por um certo tempo, longe da Sua terra
natal e de companhia dos seus.
Enquanto pensais nEle, revivendo a Sua vi
da de infância em vossa alma, a virtude do mis
tério do Natal passa e toma a passar em vós afim
de que possais vos penetrar do Seu Espírito de
Santidade, aumentando assim a vida divina em
v6s.
Mas o Menino Jesus deseja crescer no cora
ção das mães; e é a Sua vida de trabalho na ofi
cina de Nazaré que Ele vem reviver nestas.
Quando cuidais da vossa casa, preparando as
refeições, o Verbo lncamado vem desempenhar,
em v6s e convosco as vossas tarefas domésticas,
com as Suas disposições de humildade, de amor
pela glória do Padre, de pureza, de paciência, de
caridade e de obediência. Uni as vossas inten
ções às Suas e às de toda a Igreja e então a vossa
pequena oração se tornará a Sua oração, as vossas
ações, as Suas ações, as vossas intenções, as Suas
intenções!
Jesus vem crescer na terra espiritual da vossa
alma, terra que v6s Lhe preparastes com a vossa
52
fidelidade e que poderá produzir frutos, cem por
um, por meio da vossa paciência. A paciência!
Não é por certo a ·virtude que no decorrer do dia
se oferece com maior freqüência à mãe de famí
lia, qual fruto esplêndido e fecundo? Colhei es
te fruto celeste àvidamente e fazei-o penetrar até
o íntimo da vossa alma. Ele vos fará morrer para
vós mesmas! O exercício desta virtude obterá de
fato o curso de vossa vida,· para reconduzí-la ao
domínio do Pai Celeste. Em união com o Seu
Divino Filho, com Ele, por meio dEle, nEle, vós
vos submetereis aos contratempos que ocorrerão.
E enquanto que, numa roda viva de trabalhos,
passais da casinha para as outras dependências
da casa, achando ainda tem� par� costurar para
os pobres, a virtude do mistério de Jesus, traba
lhando com Suas mãos em Nazaré, passa e repas
sa em vós para penetrar-vos do Seu amor para com
a vontade do Pai, para a salvação das almas e pa
ra prestar, por meio da vossa união com E.le o
vosso trabalho divino e redentor.
E' esta vida de Jesus nela, de Jesus Sacerdo
te e Hóstia, que dará à mãe, o sentido agudo da
sua responsabilidade de espôsa e de mãe, comu
nicando-lhe toda a vigilância necessária para afas
tar as más leituras do lar doméstico e prestar
53
atenção às companhias mais ou menos perigosas
dos filhos à proporção que êles crescem.
E' esta vida de Jesus nela que lhe fará re
pelir todos os maus pensamentos, afastando-a da
mentira, impedindo proferir palavras contra a
caridade. E' esta vida de Jesus nela que lhe fará
dominar os seus arrancos de cólera, de impaciên ·
54
culdades, superar todos os obstáculos, comuni
cando-lhe uma paz, uma alegria, uma agilidade
espiritual e uma fôrça de ânimo que são uma
prelibação da felicidade celeste. Eis a verdadeira
oração, a verdadeira vida, aquela que emana do
fundo da alma e através da qual o Divino Artista
entretece a nossa beleza eterna.
O Dr. Alexis Carrel, o grande biólogo ho
dierno, que com tanto carinho se inclina sôbre
o estudo dos problemas humanos nos dá esta de
finição da oração: "a oração é o esfôrço que a
alma faz para subir até Deus e comunicar-se
com um Sêr invisível, Criador de tôdas as cou
sas, Suprema Sabedoria, Verdade, Fôrça e Bele
za, Pai e Salvador de cada um de nós". E, sem
sair da sua J!lissão, Carrel descreve, como médi
co, as conseqüências dêste esfôrço : " a influên
cia da oração sôbre o espírito e sôbre o corpo -
(diz êle) - é tão demonstrável como a secreção
das glândulas. Os seus efeitos são constatados por
um acréscimo de energia física, de vigor intelec
tual, de fôrça moral, por uma mais profunda com
preensão das verdades fundamentais. A oração é
uma fôrça tão real como a gravitação universal.
Na qualidade de J!lédico tenho visto doentes se
restabelecerem da moléstia e da depressão moral
55
por meio do esfôrço sereno da oração, quando
toda espectativa terapêutica havia falido. E' a
única fôrça no mundo que parece vencer "as leis
da natureza" e são chamados milagres as ocasiões
em que a oração tem demonstrado a sua potência .
Mas um milagre contínuo e menos espetaculoso
acontece, a cada hora, no coração do homem que
descobriu como a oração alimenta a sua vida diá
ria com um fluxo constante de fôrças que o sus
tentam. Hoje, mais do que nunca, a oração é
absolutamente necessária na vida do homem e
das nações. A falta de insistência no sentimento
religioso, tem conduzido o mundo à orla do abis
mo! E' preciso habituar os homens a andarem na
presença de Deus!" (1)
Estas são palavras que traduzem profundos
pensamentos, sendo por isso dignas de atenta
meditação.
Ah! como a vida das mães, geralmente sobre
carregadas de trabalho e renúncia, tomar-se-ia
doce e até mesmo jubilosa, se elas vivessem o seu
cristianismo! As dificuldades do momento, lon
ge de ser um obstáculo à sua ascenção, passariam
56
a ser, em vez disso, como um sorriso de Deus,
um apêlo para o Alto, um motivo a mais de espe
rança infinita!
57
A medida que prossegue o seu caminho, v�
se absorta em urna visão, inatingível ao olhar hu
mano, mas capaz de deixar extasiados os próprios
anjos. E é tal a pureza e a alegria que emanam
desta visão, que per:tetrando o ar transparente
acima da vida material, fazem sentir . uma fôrça
increada, a da própria Vida e da Alegria mesma,
que vêm vivificar com o seu sôpro tudo o que
respira, animando a todos os sêres.
Que Vida é esta?
Qual é essa Alegria?
A própria Virgem nos revela este mistério :
Ela traz no ventre Aquêle por meio do qual tu
do foi feito: o V�rbo da vida, a Alegria do Pai!
Como pode ser possível isso? O Sêr increado
e Criador se acha no ventre de uma mulher?
Tudo é possível a Deus, e ao passo que a
Bendita prossegue o seu caminho, a incamação
do Verbo começa.
A Virgem avança sempre, "mais conduzida
do que mandada". Ela vai ao encontro de urna
outra mulher, urna outra mãe, a prima lzabel,
que a espera, lá embaixo, no fundo do vale, na
quela casinha escondida entre as verdes ramadas
da figueira e em plena floração, que lhe dão um
aspecto cheio de poesia e de mistério . . .
58
Izabel também traz no seu seio, não já o
Messias, mas aquêle que deverá anunciá-lo.
O' cena inefável, esta do encontro das duas
mães! A mãe do Sacerdote Eterno e a mãe do
Seu Precursor! Encontro no qual brilha o sa
cerdócio destas duas mães, ambas consagradas
à salvação do mundo, da qual já se ouvem as
vibrações no momento em que elas se saudam,
anunciando o próximo nascer do Sol da Justiça .
Maria, possuida do Verbo e coberta pela
Sombra Sagrada do �spírito Santo, entra em casa
de Zacarias e saúda lzabel (1) com graça cheia
de luz. Ambas se abraçam.
· E o que acontece então?
Naquele mesmo instante lzabel sente agitar
se dentro de si a sua criatura! Esta se toma cheia
do Espírito Santo e "em seguida transborda e
enche a mãe (2), que voltando-se para a prima
exclama : "Bendita és tú entre as mulheres e ben
dito é o fruto do teu ventre! E de onde me vem a
graça, de que a mãe do meu Senhor se aproxima
de mim? Pois apenas a sua voz chegou ao meu
ouvido, o menino estremeceu de júbilo no meu
59
seio. Bemaventurada Aquela que acreditou, por
que as cousas que lhe foram ditas se realiza
ram". ( ' )
E eis que Maria, com expressão angélica,
volta-se para o seu Deus e pronuncia o seu subli
me Magnificat!
Nenhum pensamento para si mesma, senão
para reconhecer a sua humild�de, que Deus se
dignou olhar. O seu espírito exulta nEle e por
Ele, enquanto ela vê despertar no horizonte os
filhos da promessa e dos quais será a mãe.
lzabel e Maria se entretém a propósito da
Graça e os dois meninos se produzem nelas : mis
terioso e primeiro efeito este da piedade filial,
que já faz sentir os seus benéficos efeitos s6bre a
�ãe; um duplo milagre que nos mostra ambas
as mães profetisando sob a inspiração dos filhos
(2) e assim revelando o que os futuros padres,
ainda no seio das mães, podem lhes trazer como
contribuição de graças. ·
João Batista, estremecendo de alegria, mostra
reconhecer desde então o Cordeiro de Deus que
60
tirará os pecados do mundo, enquanto espera
anunciá-lO com a sua voz potente e de preparar
Lhe o caminho nas almas.
O' Jesus, Messias tão esperado, durante estes
três meses que Maria passou junto de lzabel, Vos
formastes, fortificastes, cinzelastes a alma do
vosso precursor, através do seio da Vossa Santís
sima Mãe e daquêle de lzabel : fluxo e refluxo
divino que passou e repassou sem embaraço no
próprio sacerdócio destas duas mães!
81
CAP i T ULO IV
O SACERDOCIO DA MÃE NA
EDUCAÇÃO DOS FILHOS
n paciência : Jesus nos deu tantos exem
( 1 ) Joio, n, 4.
(2) Joio, IV, 34.
15
Paciência e doçura inesgotável eram igual
mente usadas por Ele, no cumprimento da árida
e por vezes ingrata, tarefa da formação dos seus
Apóstolos, tão lentos em crer e em compreender!
Grande exemplo para vós, mães cristãs, no que
se refere à educação dos vossos filhos : A vossa
paciência, a vossa doçura deve, todavia, perma
necer uma doçura viril é não vos fazer esquecer a
firmeza, tão necessária hoje, para salvaguardar o
respeito afetuoso devido aos pais, como também
para dominar e dirigir a emancipação da juven
tude e o seu exagerado desejo de independência.
66
interessar-vos por êles, esquecendo a vossa fádi
ga para participar do entusiasmo dêles e da sua
alegria! "Sacrifícios espirituais agradáveis a Deus,
oferecidos por meio de Jesus Cristo" (1) e que,
tornando-vos h6stia, com Jesus-H6stia, entram
na Oblação imolada pelo Sacerdote Eterno! Sa··
crifícios que formam em v6s "a pedra viva que
entra a fazer parte da estrutura do edifício" (2)
do "Reino de Deus Eterno e Universal, Reino de
Verdade e de Vida de Santificação e de Graça, de
Justiça, de Amor e de Paz!" (8)
Se soubesseis tudo quanto Deus espera da
mulher, das mães! A mãe que vive o seu sacerdó
cio deve conhecer toda a responsabilidade que
pesa sôbre ela, e não pode permitir aos seus filhos
ou às suas filhas uma conduta imoral qu imo
destá nos exercícios esportivos ou outros quais
quer, como muito bem disse Mons. Bispo de
Moncauvan : "que o corpo, sobretudo do jovem
ou da donzela, seja coberto! Os interêsses supe
riores da alma o exigem! Mantendo-se o corpo
no seu ofício de servidor da alma, êle é mantido
no seu justo posto, ficand� respeitada a hierar-
67
quia dos valores, assegurada a ordem natural e o
sucesso da verdadeira cultura física!"
E o Bispo conclue: "é por meio de uma ju
ventude, pura, modesta, disciplinada, habituada
à mortificação da carne, que teremos uma Fran
ça bela, forte e viva!"
De fato, o jovem ou a moça que se deixam
vencer pelas seduções da carne, que cousa se
tornarão na vida? Sêres decaídos física e moral
mente, sem fortaleza de alma, criaturas envelhe
cidas antes do tempo e que, depois de haverem
perdido a sua beleza moral, a única verdadeira
beleza, arrastarão urna vida fracassada, privada
de nobreza, de coragem, de valor. Quê maridos
ou quê esposas, quê pais e quê mães poderão ser
êles para o mundo que reclama, mais do que
nunca, pela sua restauração, para a qual são in
dispensáveis criaturas puras, fortes, enérgicas,
que saibam se dominar e se dirigir a si mesm��?
A nossa atual miséria nos revela claramen
te · os malefícios provocados por aqueles que, me
nosprezando a Deus e as Suas leis, tentaram fa
zer a educação d� juventude. Irão êles hoje, fi
nalmente, subir novamente a ladeira para pedir
ao Divino Mestre q�e venha curar as feridas mo-
68
rais da humanidade, imploran�o Aquêle que,
únicamente, pode saná-las?
Queiram as mães refletir sôbre este estado
de cous�s afim de remediá-lo com toda a energia!
O vosso sacerdócio, mães, será então a vossa
fôrça iluminadora, nas preocupações referentes
à educação dos filhos, na arte de saber distinguir
os seus hábitos, afim de encaminhar as suas ati
vidades no sentido da vocação. Felizes sereis, se
nesta dedicada tarefa fôrdes ajudadas por um
marido virtuoso e verdadeiramente perspicaz! Por
outro lado, à medida que as vossas vidas se desen
rolarem na irradiação do vosso sacerdócio, rece
bereis a luz e a fôrça necessárias para enfrentar
des os acontecimentos e saberdes aproveitá-los.
Não sois por ventura criaturas de Deus, criaturas
que têem necessidade, mais do que tudo, da Sua
Luz, da Sua Energia Divina e que �le deve for
mar para vos tomar, por sua vez, aptas para
formardes o espírito e o coração dos vossos filhos,
fazendo isso apoiadas na autoridade dos vossos
espôsos, dos quais sois fieis companheiras? Pos
sam estas duas autoridades se fundirem em uma
só, por meio de um acôrdo das vossas aspirações,
dos vossos desejos e da vossa vontade, em um
mesmo sentimento cristão, ligamento eterno dos
69
vossos dois sêres para o hem dos vossos caros
filhos!
Com todo o feryor que o Divino Educador
vos comunicará, fareis passar na alma dêstes fi
lhos a verdade que viveis. Não sois então, por
vosso turno, chamadas a semear o Verbo nesta
terra virgem, a trabalhá-la, cultivá-la para o fu
turo da humanidade? Formadas vós mesmas na
escola do vosso sacerdócio, armareis os vossos fi
lhos com a mesma "armadura de Deus" (1) à vis
ta das provas futuras e sabereis inculcar nêles a
necessidade de Jesus Cristo, a fome e a sêde da
Vida Divina, que os tornará felizes um dia. Esta
formação vos incumbe de modo imperioso, 6
mãe, na hora trágica que vivemos e que exige
gente capaz de triunfar de todas as dificuldades,
para reconstruir o mundo arruinado em que vi
vemos. Escutai, 6 mães, o apêlo ardente que
Jacques Chevalier, esse mestre eminente, educa
dor-filósofo, profundamente cristão, dirigiu aos
jovens em 1 94 1 , dizendo em resumo : "Conser
vai, 6 jovens, o vosso entusiasmo, o vosso ímpeto,
mas saibais que o entusiasmo é vão e perigoso,
sem a disciplina que o dobra às suas regras. A
70
água e o fogo não prestam serviço útil senão ca
nalizados. E' certo que as dificuldades e as pri
vações são grandes, mas não são para mim, nem
devem ser para vós, motivos de desânimo, mas
uma razão de esperança : conservai portanto in
tacta, dentro de vós, a única juventude que con·
ta : a da alma!"
71
co praticada na vida corrente, na qual cada um
pensa egoísticamente, sobretudo em si mesmo?
João Schlumberger escrevia no Figaro: "A carida
de não é uma virtude cômoda que permite o re
pouso, sendo por isso relegada para wn canto da
vida doméstica, onde não possa medrar. A cari·
dade deve ser, pelo contrário, uma verdadeira
obscessão, uma recusa sistemática de nos resig
narmos à infelicidade alheia".
Como estas palavras sôam, a propósito, nos
dias de hoje, quando tantas criaturas são vítimas
da dor, em todas as suas manifestações! E quan
tos novos e urgentes deveres surgem para os que
ainda dispõem de tempo e de recursos!
Se às mães fizessem conta do enorme poder
de formação que têem nas suas mãos, como dese
jariam modelar já desde cêdo a alma dos seus fi
lhos, iniciando-os, logo ao primeiro despertar das
infantis inteligências, nos grandes sofrimentos do
Homem-Deus! Sempre constatei que a Paixão
de Cristo, narrada com fervor, toca profunda
mente os corações das crianças. E quem poderá,
melhor do que a mãe, iniciar os pequenos e os
maiores na vida do Salvador, .segundo o Evange
lho, e na �ida �a graça envolvente e penetrante
72
da própria vida delas no lar'? Quem poderá me
lhor do que a mãe ensiná-los a agradecer cada dia
a Jesus, por tudo quanto sofreu para salvá-los, en
siná-los a retribuir-lhe por meio de sacrifícios vo
luntários, amor por amor? Como é devéras ne
cessário ensinar às crianças a Ação de Graças, o
reconhecimento imenso que elas devem a Deus
por todos os benefícios que Ele lhes prodigaliza!
Não recebem êlas por ventura das mãos de
Deus, todos os bens que desfrutam, por inter
médio das mãos benfeitoras e liberais de suas
mães?
Tenho visto algumas vêzes, com profunda
emoção, "Mães de almas", mães piedosas, leva
rem à Igreja, no silência da tarde, criancinhas de
quatro, cinco, seis anos, pondo-me a observá-las
atentamente enquanto rezam. E quando depois,
estão para sair, vejo-as fazer sôbre as próprias
frontes, o sinal da cruz, em um gesto largo e en
volvente, ao passo que estes pequeninos, radian
tes de alegria, parecem presos por uma influên
cia celestial. E eis que, por sua vez, as crianci
nhas aprendem a fazer o sinal da cruz e o repro
duzem com amor. Se cada dia estes átos se repe
tissem, procurando verdadeiramente cultivar
73
aquelas almazinhas, a criança cresceria em uma
atmosfera igual à do seu batismo e assim seria
mais fácil infundir-lhe o horror do pecado, a aver
são pela mentira, o amor pelo bem e pela pureza.
O' mães, fazendo o vosso sinal da cruz, não
olvideis jamais de aspirar à Vida Divina que Jesus
mereceu por nós na cruz e de penetrar profunda
mente nesta Vida com este gesto da nossa fé!
A mãe que vive em seu sacerdócio, se esfor
çará por comunicar ao� filhos, à medida que cres
çam, a ciência das ciências; a da presença de
Deus, do Louvor Divino, ensinandcrlhes a lêr no
grande livro da natureza. Não ouvistes, por aca
so, falar de crianças, adrniràvelmente iniciadas
por meio da "Obra de Formação cristií da infân
cia" (1), em extases, admirando as belezas
da natureza, as montanhas e colinas, bendi
tas do Senhor? E com quê felicidade êstes pe
queninos, mais tarde, subirão do visível ao in
visível? A vista da luz, que na primavera au
menta cada dia de intensidade, à vista da seiva
das árvores, que s6be até os ramos e .desabrocha
nos brôtos das sementes que crescem, das flores
e dos frutos que pouco a pouco se desenvolvem
74
e se formam, chegados, êles, à idade adulta, por
ocasião de seus passeios pelos campos, sentirão :ne
cessidade de se associarem a este impulso univer
sal, pedindo do Senhor que a sua participação na
Vida Divina se encaminhe sempre e cada vez
mais para o alto!
A água que ouvirão murmurar entre as pe
dras dos regatos elevará o seu pensamento para a
Água Viva da Graça, aquéla que dessedenta para
sempre e da qual Jesus falava à Samaritana, junto
ao poço de Jacob. O canto do galo recordará o
indizível sofrimento do Coração de Jesus, rene
gado pelo Apóstolo, bem assim, o posterior arre
pendimento dêste!
Abençoada a mãe que terá ensinado os fi
lhos a contemplarem a natureza com "olhos ba
tizados", segundo a belíssima expressão do Rev.
Pe. A. M. Carré e a distinguirem nela, com os di
tos olhos, a ação da Providência que fáz "concor
I
rer tudo para o bem dos que amam a Deus". (1)
Sôbre este ponto escreve ainda o Rev. Pe.
Carré: "Não devemos reprimir o entusiasmo que
Deus colocou no íntimo do nosso sêr e que nos
conduz à eternidade! O cristão é um sêr destina-
75
do à eternidade. Ele deve considerar todo acon
tecimento que o atinge, encarando-o de um pon
to de vista superior, �e. modo a permitir uma vi
são de conjunto, da' qual se possa inferir o grau
de elevação que já �lcançou, pois os seus olhos
também são batizados." (1)
Por certo, 6 mães, até os olhos dos vossos fi
lhinhos são batisados! Cultivai nos vossos peque
ninos a inteligência e o amor do seu batismo, vi
vendo, v6s também, o vosso próprio. E por is
so, inculcai-lhes uma intimidade real com a Vir
gem Santa; que êles recorram sempre a Ela em
tôdas as circunstâncias e. procurem agir sempre
em união com Ela!
E quando os vossos pequeninos se tomarem
rapazes ou moças, sabei conquistar sua confian
ça, não apenas como mãe, mas vos tomando para
êles e elas, uma amiga, a conselheira a quem tu
do se confia. O vosso sacerdócio vos dará este
conjunto de tacto de discreção, de generosidade,
que fará sentir aos vossos filhos que v6s os amais,
não para v6s, mas para êles mesmos.
O vosso sacerdócio, mães, será também a fôr
ça que animará a vossa vida conjugal. Sob sua
76
ação diligenciareis em proporcionar ao vosso ma
rido as alegrias familiares. O vosso espírito de
imolação vós induzirá a sacrificar por esta inten
ção muitos projetos vossos de interêsse pessoal,
afim de poderdes ficar na companhia do vosso
espôso, entretendo-o naquilo que o interessa ou
distrái, ou até mesmo, se fôr o caso, tornando-vos
sua colaboradora, nas suas emprêsas ou nos seus
projetos, por meio dos recursos do vosso. juizo
iluminado, dos vossos conselhos dados com dis
creção e oportunidade.
E como será preciso aumentar êste deprendi
mento de vós mesma, o vosso tacto, a vossa ter
nura e domínio sôbre o sistema nervoso, quando
vosso marido vos confiar suas desilusões e des
gostos, afim de que possa êle encontrar, na vos
sa doçura serena, a calma que procura!
Com êle, colaboradora de Deus na missão
sublime da educação dos filhos, depois de o ha
ver sido na obra criadora, executareis a vossa par:
te na obra redentora por meio, da vossa efetiva
comunhão com Maria, Corredentora, e através de
la, com o Redentor, Sacerdote e Hóstia, vivendo
em vós. Este desprendimento de vós mesmas vos
acompanhará por toda a vida! Os vossos filhos
77
são causa vossa, todavia, hem sabeis e com isso
concordeis, que êles pertencem a Deus. E' para
:E.le que deveis educá-los, formá-los, dirigí-los, e
isto com desinterêsse absoluto, a exemplo da
Sant.a Virgem, que sabia muito hem a que ponto
o seu Jesus era, antes de tudo, propriedade do
Pai Celeste, do qual veio executar a obra de
cretada para a salvação dos homens.
A própria vida, pelo seu lado, se encarrega
de vos m�strar que os vossos filhos não vos per·
tencem e que não podeis dispor dêles à vontade.
De fato, no momento em que poderíeis gozar dt:
sua companhia, e aproveitar-vos do seu apôio,
êlcs vos deixam, para seguir, cada um, a sua vo
cação própria. E às vezes se trata de uma sepa
ração definitiva quando, por uma graça inefável,
Deus os toma para o Seu Santo Serviço, às vezes
destinando-os às Missões longínquas,· de onde ge
ralmente não retornam mais! E é el}tão, junta
mente com a Rainha dos Mártires, ao pé da cruz,
onde Ela oferece o seu Divino Filho, imolado pe
la redenção do mundo, que o vosso sacerdócio
atinge ao seu apogêu! Pois que o vosso Ofertó
rio, aquele de tôda a vossa vida, concentrada em
vosso filho oferecido, se consuma na imolação
da consagração. E assim podeis dizer, por sua
vez: "tudo está consumado!"
78
Segundo as aparências, a mãe de família não
parece desprender-se de tudo, como a freira, que
tudo abandona : lar paterno, amigas, bens dêsse
mundo, para se consagrar a Deus! Todavia, se
penetrarmos no âmago das cousas, é fácil desco
brirmos o desprendimento que se opera também
nas mães, cada dia, em uma perspectiva tormen
tosa que aguça e intensifica a dor. E' então que,
unidas a Jesus crucificado, v6s mães, morreis com
.E.le para tudo que não fôr a vontade de Deus e,
desta crucificação, tereis tudo que esperar, para
o bem da vossa alma e daquela dos que v6s são
caros.
Esta atitude de confiança e, ao mesmo tem
po, de filial dependência não é por certo, além
disso, o ato supremo de adoração de toda a vossa
vida e que a vossa morte virá coroar? Enquanto
isso, o Divino Redentor tornará doce as vossas
privações, fazendo-vos saborear, por uma expe
riência toda pessoal, as alegrias antecipadas da
Ressurreição e uma íntima felicidade que nin
guém, v6s o sabeis, poderá vos arrebatar.
79
C A P fT U L O V
83
mãe deve oferecer a sua morte em união À do
Salvador, afim de participar da Sua obra da re
denção e poder ressuscitar com :E.le.
De fato, se estivermos mortos com o Cristo,
acreditemos no entanto que vivemos com :E.le,
sabendo que o Cristo, r�suscitado dos mortos, ·
não more mais: a morte não tem império sôbre
:E.le. Porque a Sua morte foi uma morte para o
pecado, uma vez por todas, e a Sua vida, uma vida
para Deus. Assim, vós também, considerai-vos
como mortas para o pecado e como vivas para
Deus em Jesus Cristo". (1)
Esta morte é para nOs a consumação do sa
crifício oferecido a Deus e em honra do qual
nós também, vítimas oferecidas com Jesus imo
lado, devemos ser destrUidos.
Destruidos?
Não propriamente assim, porém mudados!
E que feliz m1;1dança! De corruptível e imper
feita que era a vítima oferecida e imolada, se·
transforma, pelo Cristo ressuscitado, em uma
"nova criatura" (2), vivificada n:E.le" . (1), toda
84
radiante da vida e do esplendor de Deus e do
qual ela é, doravante, o reflexo criado, mas fiel.
"Semeado na corrupção, o corpo ressuscita in
corruptível; semeado na ignomínia, êle ressuscita
glorioso; semeado na fraqueza, êle ressuscita
cheio de fôrça; semeado qual corpo animal, êle
ressuscita corpo espiritual". e)
"Por certo, nós seremos mudados". (2)
A medida que v6s, mães, morrerdes para vós
mesmas, através do vosso trabalho e dos vossos
sofrimentos, revestireis, cada dia mais, a vossa
beleza eterna. Esta é uma das admiráveis verda
des da economia da nossa salvação! Perdendo
vossa vida para Deus - não Sàmente por meio
das privações e das fádigas que destroem física
mente, corporalmente, mas também aceitando a
destruição do vosso corpo de p6 - que vos res
suscita por meio do Cristo, no último dia,
E:le vos restituirá a vós mesmas, mas ficareis trans
formadas, beatificadas, divinisadas na Pureza, na
Luz, na Alegria do Pai do Filho e do Espírito San-
85
to, não vivendo mais que para o Espírito Santo e
nEle. "Aquele que ama a sua vida, a perderá;
aquele que odeia a sua vida nesse mundo, a con
servará para a vida eterna." (1)
E esta nova criatura, na qual vos tornastes,
não poderá mais viver para si mesma. Tendo se
libertado disso para sempre, viverá únicamente
para a Santíssima Trindade.
E nesse feliz estado, fruto do vosso sacerdó
cio vivido, no qual não existireis mais senão em
Deus, aChareis a vossa felicidade, a vossa beati
tude.
Esta radiosa transformação do vosso sêr, da
vossa vida na vontade de Deus, realizada, cum
prida em vós e em todas as criaturas eleitas, vos
fixará em uma alegria eterna, que vos tornará
sempre infinitamente felizes.
E sendo esta nova vida o vosso destino, aque
le para o qual fôstes criadas, vos repousareis nesta
felicidade, que satisfará para sempre as aspira
ções do vosso coração, numa participação criada
pela própria heatitude de Deus. E eis que, nes
te doce abandono, o Senhor vos dará também o
vosso espôso e os vossos filhos, tomados convosco
(1) Joio xn, 25.
86
"como os anjos de Deus" (1) e que serão, por
sua vez, mudados, divinisados, transformados na
Pureza, na Luz, na Alegria de Deus e não vos se
rão entregues senão para a Sua glória e o Seu
amor, se tiverem sido fiéis à Lei Divina.
Como são dignas de lástima as mães que não
tomam conhecimento destas sublimes verdades!
Uma pessoa que tinha sido muito bela na
sua juventude, tornando-se velha e murcha, não
sai mais de casa senão com o rosto coberto por
um véu! Que tolice humana! Se esta pessoa co
nhecesse e vivesse a Fé, como se alegraria, ao
contrário, por se ver assim reduzida, em vez de
chorar sôbre as suas ruinas.
Através da destruição da sua beleza física, ela
proclamaria a eterna juventude de Deus, que não
muda jamais! Ela se prepararia a não existir se
não nEle, em união ao mais belo dos filhos dos
homens, que quis, por nosso amor, ser desfigura
do durante a Sua Paixão; ela ofereceria a ruina da
sua passada beleza como uma homenagem de su
prema adoração Aquele que é a própria essência
do Belo e diria : gue me importa a minha perdida
beleza, se eu ressuscitarei? Mas esta ressu.rei r -
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ção, que- mudará a sua beleza terrestre em uma
outra beleza diferente e celestial, esta pobre cria
tura deveria exercitar-se a desejá-la, não já por
vaidade pessoal, mas únicamente para; a Gl6ria
e Louvor do Senhor que Se tomou, daqui por
diante, toda a sua vida.
'E há ainda alguém que tenha a ousadia de
falar de tristeza na religião, quando somente esta
sabe transformar as privações passageiras da ter
ra, até mesmo as da velhice, em uma fonte de
esperança e de alegria sem fim! . . . Quantas cria
turas buscam em vão a alegria neste "vale de lá
grimas"! · Ela não existe senão no cristianismo
vivificado e praticado! Somente êle acalma e sa
tisfaz o coração necessitado de repouso e o beati
fica por antecipação, já neste mundo. Assim po
demos comprender como há cristãos, mães de fa
mília que, ap6s uma vida passada totalmente
em Cristo, têm uma morte radiosa. Tai foi a desta
mãe que, alguns momentos antes de exalar o úl
timo suspiro, pediu que cantassem à sua cabecei
ra o Magnificat; e foi durante este canto que a
sua alma levantou o vôo para as regiões eternas
Eu mesmo tive a c�nsolação de assistir aos seus
últimos momentos. Mãe de família que em pou
cas semanas tinha acelerado tanto a sua caminha-
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da para Deus que parecia dEle se aproximar dia
a dia, cada vez mais. Por isso, Deus pareceu
querer recompensá-la de seus esfôrços, realizan- .
do desde aqui mesmo o início da sua transforma
ção celeste. Um quarto de hora aproximadamen
te antes de sua morte, apesar dos seus oitenta
anos, o seu rosto se revestiu de uma juve5Ud�
extraordinária. O seu olhar, tomado extrema
mente radioso e brilhante, fixou-se em um pon
to do quarto, como se enxergasse ali uma visão
deslumbrante... e quê vida animava aquele olhar!
Depois, de-repente, o mesmo se obscureceu, se
guindo-se o trespasse.
Esta mãe, que tinha dado à Igreja um sa
cerdote, morria assim no reflexo da união sacer
dotal do seu filho . . .
--o-
89
Que "a água saída do lado de Cristo, vos
purifique!" e)
E então, com o vigor da vida renascente da
ressurreição, "correi para as águas, bebei com
alegria!" f:)
Mergulhai-vos cada dia mais na luz do vos
so sacerdócio, rumo à vida eterna que vos chama,
Páscoa eterna que será para sempre a vossa festa!
90
l N DICE
PREFACIO . 7
CAPÍTULO I
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO m
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO v
93
Com aprovação eclesiástica.
Acabou-se de imprimir em janeiro de 1956.
Compôs e imprimiu:
Emprêsa Gráfica Editara Guia Fiscal-Jos6 Ortiz JÚDiOr
Sio Paulo
COLEÇ A O D A S M A ES
1 - MÃEI
por E. CRIPPA
2 - MATERNIDADE E ESPJRITO
por F. CARBALLO
por GAUTER