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Seminário Teológico Interdiocesano São Pio X – Maputo

História da Igreja Antiga

O EVENTO DOS APOLOGISTAS E A PROPAGAÇÃO DO CRISTIANISMO A FINAIS DO

SÉC. II

Discente: Ilídio Raúl Bata

Docente: Pe. Figueiredo

Maputo, Maio de 2021


Índice

Introdução ....................................................................................................................................................................... 3
1. Origem da Tradição Apologética ................................................................................................................................ 4
2. Justino Mártir e a génese da tradição apologética....................................................................................................... 4
3. Destinatários e Finalidade das Apologias ................................................................................................................... 5
4. A Expansão do Cristianismo ....................................................................................................................................... 5
Conclusão ....................................................................................................................................................................... 7
Bibliografia ..................................................................................................................................................................... 8

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Introdução

O presente trabalho intitula-se: “O EVENTO DOS APOLOGISTAS E A PROPAGAÇÃO DO


CRISTIANISMO A FINAIS DO II SÉC.”. Nele, falar-se-á da relevância dos apologistas nos primórdios do
Cristianismo e a difusão deste. No século II e seguintes foi fundamental para a expansão do Cristianismo o
trabalho dos grandes Padres que escreveram as Apologias em defesa da fé católica e dos cristãos
perseguidos. Eles escreveram inclusive aos imperadores romanos. Sua missão foi a de explicar a fé cristã
de modo compreensível pelas quais os mártires entregavam a vida. Foi na Grécia que teve início a
apologética cristã com o ateniense Kodratos (ou Quadrato) no tempo do imperador Adriano (117-138), a
quem escreveu uma carta explicando a doutrina cristã.

Deste modo, não se pode falar da propagação do Cristianismo sem ter em conta os apologistas – eles são o
alicerce do Cristianismo e da sua propagação através dos seus escritos. Eis os nomes dos principais
apologistas: Aristides de Atenas; São Justino; Apolinário de Hierápolis; Atenágoras de Atenas; Santo
Hipólito de Roma; Teófilo de Antioquia e Clemente de Alexandria. Mas no presente trabalho será
desenvolvido a nobre influência de São Justino. O presente trabalho tem como objectivo geral: abordar
acerca da ligação existente entre a apologia e a expansão do Cristianismo. Constituem os objectivos
específicos: apresentar a génese da apologia; a finalidade e os destinatários das apologias e a expansão
do Cristianismo.

O trabalho serviu-se de método investigativo, consulta de manuais citados ao longo do texto, pesquisa na
internet, e em vários artigos credenciados. O mesmo, está organizado em: introdução, desenvolvimento,
conclusão e bibliografia.

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1. Origem da Tradição Apologética

O termo “tradição apologética cristã” é utilizado para designar o conjunto de escritos que foram
associados às atitudes de defesa dos cristãos perseguidos no Império Romano entre os séculos II e IV d.C.
Foi Eusébio de Cesareia o primeiro a escrever sobre a produção de apologias. A primeira referência
aparece na sua História Eclesiástica quando o mesmo fala sobre a obra de Tertuliano, Apologia pelos
cristãos (EUSEBIO: 219). Deste modo, Eusébio já havia desenvolvido uma noção de “género
apologético”. Até o final do século I (d.C.) o conceito de “apologia” dizia respeito ao discurso de defesa,
sem ter em conta a situação do Cristianismo. Com a perseguição aos judeus e cristãos na segunda metade
do século I, multiplicam-se os motivos o desenvolvimento de “apologias”.

2. Justino Mártir e a génese da tradição apologética

Justino, um filósofo do Século II da era cristã, depois de ter frequentado todas as escolas filosóficas do seu
tempo e depois de ter percorrido várias cidades, à procura de saciar a sua fome de verdade, encontra por
último, o Cristianismo. No caso das apologias, Justino teria fornecido um padrão; Atenágoras o aprimorou
e foi seguido por outros da Ásia; e por fim, Tertuliano teria encerrado a tradição com chave de ouro.

O ponto estratégico de Justino é a sua doutrina sobre o logos. Partindo dela, Justino tenta estabelecer
pontes de diálogo entre a fé e a razão, o Cristianismo e a Filosofia, por isso, depois da sua conversão
continuará a levar o seu manto de filósofo, consciente de que não há contradição entre a Filosofia e o
Cristianismo sendo este a plenitude daquela.

A defesa dos cristãos não era, contudo, o único fim da Apologia. A melhor defesa é expor a verdade. É
neste contexto que Justino mostra sua confiança no poder da verdade. O melhor meio de refutar é, portanto,
expor publicamente a verdade da doutrina cristã. Tenta, assim, construir uma justificação da religião cristã.
Apresenta com detalhes a doutrina, o batismo e a eucaristia, seus fundamentos históricos e as razões para
abraçá-la. E então que Justino recorre à noção de logos para explicar que Cristo é o primogênito de Deus, o
Logos do qual todo o gênero humano compartilha: todos os que vivem em conformidade ao Logos são
cristãos, mesmo quando são considerados ateus.

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3. Destinatários e Finalidade das Apologias

Apesar das Apologias terem como principais destinatários os pagãos que por todos os lados assolavam o
jovem Cristianismo, elas nunca iam dirigidas aos escritores pagãos fanáticos, de quem pouco proveito se
podia esperar, senão aos homens de boa-fé, aos quais podiam convencer-se por este meio da inconsistência
de tantas acusações contra o Cristianismo (Cf. LLORCA: 203). Nas Apologias de Justino pode ver-se isso
com toda a clareza, uma vez, que os destinatários literários são a classe imperial e o assunto é praticamente
uma exposição ao mundo pagão.

Estes destinatários eram responsáveis por toda aquela situação de injustiça que os cristãos estavam a viver.
Da parte dos filósofos e dos pagãos vinham toda a espécie de graves acusações. As Apologias também se
dirigem a alguns cristãos necessitados de “dar razões” e defender a sua fé. Justino pretende, pois, mostrar e
esclarecer a alguns cristãos, principalmente os recém-convertidos a doutrina e o estilo de vida dos
discípulos de Cristo.

No que se refere à finalidade das Apologias, o filósofo e mártir é claríssimo que estas obras têm uma
finalidade apologética. O que Justino pretende é apresentar provas de que os cristãos não são aquilo de que
os acusam e nem cometem os crimes pelos quais são condenados. As Apologias de Justino, são portanto
em favor dos homens de toda a raça, injustamente odiados e acusados, sendo ele um desses homens que
são injustamente odiados e perseguidos, não entende a razão para tal, pois o mesmo acredita que os seus
actos não são merecedores de tamanhas penas. Assim, ele busca defender a fé cristã de todas as críticas:
paganismo, judaísmo e helenismo e, ao mesmo tempo, propor o Cristianismo como ideal de vida. Ao
mesmo tempo, o apologista tem o intuito “missionário”. Ele pretende anunciar a todos o Cristianismo como
“verdadeira filosofia”, dialogar com todas as classes e sistemas do seu tempo e procurar estabelecer pontes.

4. A Expansão do Cristianismo

A representação espacial da difusão do Cristianismo apresenta numerosos problemas. Tais problemas estão
directamente ligados a época em que actuaram os apologistas em que predominava muitas opressões e
movimentos contrários à nova religião do Cristianismo. Contudo, a propagação do Cristianismo tem sua
génese na Boa Nova de Jesus de Nazaré. O Evangelho de Marcos, o primeiro dos evangelhos na ordem da
redacção, relata uma ordem de Jesus: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura.

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Aquele que crer e for baptizado será salvo; o que não crer será condenado” (Mc 16,15-16). Inspirados na
missão alicerçada por Jesus Cristo, os apóstolos e os demais discípulos propuseram-se a difundir a fé
apesar das diversas dificuldades da época.

Nos finais do séc. II, o Cristianismo tinha que resistir num ambiente muito turbulento onde, por um lado,
prevalece o Judaísmo que se impunha ao Cristianismo e por outro lado, o paganismo com todos os cultos, o
que era uma abominação para o Cristianismo antigo. Neste período também nota-se a presença das
religiões helénicas e asiáticas com todos os seus deuses, o que não se articulava com o monoteísmo cristão.
Encontra-se também as diversas correntes filosóficas com seus “deuses”, o culto ao imperador, e o
surgimento das primeiras heresias.

O Cristianismo se expandiu a partir da doutrina dos homens que seguiram Jesus Cristo. Jesus foi um judeu
que nasceu e morreu na região onde actualmente se situam a Jordânia e Israel, no Oriente Médio. Os
continuadores de Cristo, seus apóstolos e discípulos, como Pedro e Paulo, na década de 50 d.C. espalharam
os ensinamentos e as histórias sobre Jesus em Roma e na Europa. Estes apóstolos e discípulos, juntamente
com os apologistas que defenderam a fé desde os primórdios compuseram textos sobre a nova religião, que
viriam a integrar o Novo Testamento, a segunda parte da Bíblia. Outrossim, houve vários factores que
influenciaram a propagação do Cristianismo.

É provável que a expansão do cristianismo tenha sido favorecida por um factor inesperado: as
epidemias. Enquanto as religiões pagãs raramente ofereciam algum tipo de ajuda quando os fiéis
adoeciam, muitos cristãos - mulheres, em especial - se dispunham a cuidar dos enfermos e alimentá-
los (BLAINEY: 43).

Ao cuidar de doentes e moribundos sem excepção, qualquer que fosse a religião professada por eles, os
cristãos conquistavam amigos e simpatizantes. Uma outra abordagem refere que, os cristãos importunados
pelos romanos durante séculos, sofreram uma série de torturas. Foram incriminados de incendiar Roma na
época do imperador Nero (54 a 68). De maneira geral, era comum se queimarem os cristãos vivos ou fazê-
los serem devorados por feras, à vista de todos, nas arenas dos circos romanos. Essa repressão tinha o
propósito de evitar que o Cristianismo continuasse a se expandir pelo Império. As ideias dos primeiros
cristãos assustavam Roma porque eles não concordavam com a adoração ao imperador como deus vivo e
pregavam igualdade entre os homens. Dessa forma, no decorrer dos séculos, essa religião de apelo popular
foi conseguindo cada vez mais adeptos.

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Conclusão

Com o aprofundamento deste trabalho, percebe-se que São Justino exerceu grande contributo na defesa do
Cristianismo nos seus primeiros séculos. Desde a primeira hora este “pai da Igreja” nos fascinou, por um
lado pelo seu testemunho de vida e de fé selada com o sangue do martírio, por outro, pelo seu amor à
verdade, o que o levou a passar por todas as “escolas” do seu tempo para, finalmente se converter à
“verdadeira filosofia”.

A grande obra de Justino é sobretudo um gigantesco esforço de demonstrar que a fé cristã, nada tem de
contrário à razão, assentando mesmo no verdadeiro Logos. As suas Apologias, mais do que mera “defesa”
das comuns acusações contra os cristãos, são uma proposta honesta e intencional de encontro entre os
valores maiores do humanismo clássico e a Verdade revelada em Jesus Cristo, culminar de toda a
sabedoria.

Outrossim, há uma relação indissociável entre os apologistas e o Cristianismo, pois, para a propagação
deste em maior percentagem, valeram-se os escritos dos apologistas. Foi graças a eles que podemos hoje
beneficiar-se da sã doutrina pois os seus escritos continuam a ecoar nos tempos actuais. Assim, é possível
perceber o quão difícil foi a história do Cristianismo até aos nossos dias. Com os evento dos apologistas
será possível clarificar a fé e evitar muitas heresias.

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Bibliografia

Bíblia Sagrada, Lisboa/Fátima, Difusora Bíblica, 2000.

BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Cristianismo. Editora Fundamento 2012.

EUSEBIO de Cesareia. História Eclesiástica. São Paulo: Novo Século, 1999.

SANTOS, J. O Logos como critério do agir humano segundo as “Apologias” de São Justino. Dissertação,
Lisboa 2012.

LLORCA, R. – GARCIA-VILLOSLADA, R. – LABOA, J. M., Historia de la Iglesia Catolica. Idade


antigua, Madrid, BAC, 1996

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/cristianismo-religiao-passou-de-perseguida-a-oficial-no-
imperio-romano.htm

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