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CRISTIANISMO

AULA 2

Prof. Ivan Santos Rüppell Júnior


CONVERSA INICIAL

A Idade Média contém em seus primeiros 500 anos tanto a


desorganização política do ocidente europeu como a supremacia religiosa cristã,
além do desenvolvimento do feudalismo. Também é importante destacar que o
segundo milênio da história se iniciou com o grande cisma da Igreja Cristã em
1054, que separou os destinos religiosos e políticos do Ocidente e Oriente, e a
partir do século 13 o movimento cristão da escolástica foi buscar em Aristóteles
o embasamento metodológico de uma explanação racional da fé cristã: “o
escolasticismo é mais conhecido como o movimento medieval, surgido entre
1250 e 1500, que enfatizou a justificação racional da crença religiosa, bem como
a apresentação dessas crenças de forma sistemática” (McGrath, 2005, p. 71).
Esses fatos e principalmente os movimentos religiosos e de pensamento se
estabeleceram como aspectos centrais do desenvolvimento da civilização
ocidental nos séculos posteriores.

TEMA 1 – O CRISTIANISMO NA IDADE MÉDIA – INTRODUÇÃO

1.1 Cristianismo – elementos culturais e teológicos

A Era Medieval recebeu o título de “Idade das Trevas”, pois foi um período
em que a cultura dos homens ocidentais ficou subordinada à exposição e à
defesa da fé cristã. Aqueles que discordavam dos pensamentos religiosos foram
intitulados de hereges, o que gerou, no decorrer dos séculos, o surgimento dos
tribunais da Inquisição.
No entanto, a Idade Média é maior do que esse título negativo, e as
influências cristãs são igualmente bem mais diversas. A cosmovisão ocidental
atual mantém as bases da civilização greco-romana, pois busca organizar a
sociedade mediante um conhecimento racional da realidade que nos cerca, e os
valores da religiosidade judaico-cristã permanecem sendo um pressuposto ético
fundamental dos povos do Ocidente.
Essa perspectiva existencial racionalista e religiosa foi estruturada nos
primeiros 1.500 anos do cristianismo, a partir dos pensamentos clássicos de
Platão e Aristóteles, utilizados para explicar os princípios e dogmas essenciais
da fé cristã, nos movimentos desenvolvidos pela patrística e a escolástica. Nesse
contexto, os períodos patrístico (anos 100 a 451) e escolástico (1300 a 1500)

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são considerados aqueles em que ocorreram alguns dos movimentos religiosos
e intelectuais mais importantes da história.
No âmbito político e social, o poder imperial romano se tornou um braço
governamental eclesiástico do cristianismo assim que o Imperador Galério (311)
fez cessar a perseguição aos cristãos e Constantino promulgou o Edito de Milão
(313), oferecendo liberdade de culto público à fé cristã, iniciando a reconciliação
entre Igreja e Estado. O imperador e o Estado vieram a apoiar os debates
teológicos no objetivo de que houvesse uma igreja unida em todas as regiões do
Império, o que fez a teologia cristã atingir seu apogeu ao definir nos credos
ecumênicos os fundamentos de sua fé religiosa (McGrath, 2005, p. 43). Segundo
Nauroski (2017, p. 34), o Estado e as autoridades políticas se tornaram bastante
dependentes do cristianismo institucional, situação em que os reis eram
coroados pelo papa e as disputas entre os povos eram decididas pela Igreja, o
que fez surgir a seguinte declaração: “Roma locuta, causa finita est”, que
significa “Roma falou, a questão está encerrada” – uma expressão símbolo da
Idade Média.
Enquanto o Estado se apoiava na autoridade religiosa para sustentar a
unidade política, a religião desenvolvia a centralização administrativa imperial
para fortalecer sua autoridade espiritual, por meio da distinção entre o
pensamento teológico que originava da autoridade central e o que era oriundo
de outros pensamentos, conforme Shelley (2004): “o Cristianismo católico era
universal e contrastava com o local; e o ortodoxo contrastava com o herético”.
Nesse contexto, também podemos refletir acerca da maneira como o
cristianismo utilizava a razão para desenvolver e definir sua fé, pois as
conclusões sobre suas crenças igualmente iriam distinguir o pensamento correto
(ortodoxo) do errado (heresia). Para o escritor inglês Charles Williams, “existe a
intenção de que o homem debata com Deus”, frase pela qual apresenta um dos
princípios que sempre mantiveram as reflexões teológicas como um dos valores
centrais capazes de unir os valores culturais da razão e da religião no
desenvolvimento das civilizações ocidentais. Pois todo conhecimento deveria ser
racional no sentido de que é coerente e consciente, e nesse aspecto e
perspectiva, a teologia se origina de duas palavras gregas – theos (Deus) e logos
(estudo racional) –, indicando que, no Ocidente, a religião é a crença e o desejo
de praticá-la, ao passo que a teologia é a explicação racional (coerente) da
crença: é pensar sobre a religião.

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Com base nessa compreensão, analisamos a origem e as consequências
de dois termos religiosos importantes: heresia e católica. O primeiro dizia
respeito à compreensão enganosa ou equivocada da teologia, que poderia
conduzir a uma “má religião”. Isso fez surgir, em contraponto, a ortodoxia, que
no cristianismo foi o termo que se referia ao pensamento da maioria, que deveria
ser o padrão reto, correto. Foi a partir dessa definição que igualmente surgiu a
expressão católica, que significa universal, um termo que veio auxiliar no
desenvolvimento do pensamento teológico acerca da religião, que seria aquele
relacionado ao entendimento mais universal e menos local, mais ortodoxo e
menos herético, o qual se tornou fundamental para o estabelecimento de uma
nova religião na civilização ocidental, pois esta requeria alicerces intelectuais
para sua aceitação e consolidação, especialmente na cultura greco-romana do
Império.
Portanto, eis a origem e a importância da expressão católica, universal,
no sentido de conter em si uma expressão completa e unitária acerca da boa
teologia que deveria gerar a boa religião, ou boa vida cristã (Shelley, 2004, p.
53, 54). Pois, “no final do século II, o termo católico era amplamente usado no
sentido de que a Igreja Católica era universal, em oposição às congregações
locais, e ortodoxa, em contraposição aos grupos hereges” (Shelley, 2004, p. 32).

1.2 O Cristianismo após a queda de Roma e o desenvolvimento dos


centros de poder e teologia ocidentais e orientais

A queda de Roma fez surgir dois novos centros de poder teológicos no


decorrer dos séculos seguintes: o Império Bizantino, com sede na cidade de
Constantinopla, desenvolvendo uma teologia bizantina em língua grega a partir
das ideias patrísticas; e a região da Europa Ocidental, especialmente França,
Alemanha, Países Baixos e Itália, com o papado eclesiástico, que desenvolveu
o que veio a ser denominado de teologia medieval (McGrath, 2005, p. 65-67).
A conversão de Constantino “representa o fim da era do cristianismo
católico e o início da era do império cristão” entre os anos 312 e 590, numa
aproximação que gerou grande associação entre religião e Estado, a qual veio a
influenciar as civilizações ocidentais. Alguns aspectos sobre como o Império veio
a assumir a religião cristã como sua crença oficial são interessantes para a nossa
compreensão tanto dos elementos políticos e sociais que orientam o rumo das
sociedades como acerca do valor da religiosidade para o modo como a
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população atua e reage na vida comunitária. O Imperador Diocleciano assumiu
em 284 e decidiu perseguir a fé cristã e seus líderes nos últimos anos de seu
governo, até que abdicou em favor de Galério, que deu continuidade às
matanças dos cristãos.
Porém, nesse período, as perseguições já não contavam com o apoio
maciço da população. Foi a época em que Constantino batalhou com Maxêncio
pela conquista de Roma; ele sonhou com uma cruz, e a sua vitória, vindo a partir
disso, fê-lo considerar que havia vencido a batalha graças ao Deus cristão. Foi
um contexto que uniu as aspirações políticas e as heranças culturais religiosas
e supersticiosas da civilização greco-romana ao cristianismo, pois ao mesmo
tempo que Constantino agia com estratégia, ao reconhecer o valor da
religiosidade na cultura romana, igualmente se dedicava a atos diversos em favor
da fé cristã e também para fazer mudanças culturais a partir de seus valores,
como isentar de impostos os sacerdotes e tornar o domingo um dia de feriado a
partir do ano 312.
Constantino acabou com as batalhas de gladiadores, veio a se batizar
como cristão, junto com toda a família, e decidiu abandonar as cores púrpuras
das vestes imperiais, escolhendo utilizar vestes brancas do batismo em sua
morte. Também escolheu como sede do Império a cidade de Bizâncio,
denominada Constantinopla, a qual fortaleceu as economias do Ocidente e do
Oriente, pois estava situada entre o canal do Mar Negro e do Mediterrâneo
(González, 2011, p. 106).
Durante os primeiros séculos da Idade Média, houve o desenvolvimento
dessa nova religiosidade imperial, em que a autoridade da Igreja crescia e trazia
temor aos monarcas e nobres. Por sua vez, o entendimento e compreensão
acerca da associação da religião com o Estado e de certas questões teológicas
também revelava diferenças entre o pensamento ocidental, católico, e o oriental,
que veio a ser chamado ortodoxo nesse contexto de distinção entre o
cristianismo ocidental e oriental. O historiador Bamber Gascoigne descreve a
existência dessas duas visões distintas, ao indicar os caminhos diferentes
tomados a partir do modo como as autoridades cristãs se relacionavam com os
imperadores cristãos: em subordinação, no Oriente, ou com autonomia, no
Ocidente (Shelley, 2004, p. 108-109).

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TEMA 2 – O DESENVOLVIMENTO INICIAL DO FEUDALISMO

2.1 A ascensão de Carlos Magno e o poder imperial

Quando Carlos Magno assumiu o trono imperial no ano 800, os territórios


sob seu domínio incluíam praticamente toda a Europa, ficando de fora somente
algumas partes da Espanha e as ilhas britânicas. Foi a época em que ocorreram
batalhas que opunham Magno aos povos ao redor das regiões do Império, como
os frísios e saxões, ao nordeste, e os muçulmanos, na região de Espanha. Nesse
contexto – e a partir de associações políticas que ocorreram entre monarcas
regionais e Carlos Magno diante de algumas batalhas –, a religião cristã acabou
se tornando um componente essencial para fortalecer o Império e sedimentar
alguma unidade sob a autoridade do imperador.
Observe a seguir alguns elementos da maneira como se deu esse
fortalecimento da autoridade do imperador e, igualmente, da própria religião
cristã na região: Magno entendia que seu reinado estava sob a graça do Deus
cristão, até por ter recebido as bênçãos da autoridade religiosa; por sua vez, os
povos das regiões que deveriam ser conquistadas e pacificadas também
compreendiam que, ao serem batizados na fé cristã, tanto deixavam para trás
antigos deuses que os protegiam nas batalhas como, dali pra frente, iriam
precisar de poderes divinos que os ajudassem – essa questão se tornou bastante
importante para que estes viessem a se batizar como cristãos.
Essa realidade cultural e social também ajudou a consolidar a autoridade
de Carlos Magno, o que tornava a imposição da religião e o batismo um elemento
que enfraquecia as rebeliões contra o imperador, ao mesmo tempo que ajudava
na integração desses povos à sociedade do Império. Isso fez com que
diminuírem as novas rebeliões nas regiões da Europa Ocidental naquela época
(González, 2011, p. 310-311).

2.2 Integração social a partir das estruturas do feudalismo

Observe que, antes mesmo de Carlos Magno assumir o trono, ocorreram


mudanças nas localidades do Mediterrâneo que ocasionaram graves
transformações econômicas e sociais na Europa, pois os árabes assumiram o
domínio da região oriental, o que quase fez cessar o comércio do Ocidente com
o Oriente. Essa situação obrigou a Europa a subsistir praticamente com o que

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podia produzir e desenvolver; não havendo mais comércio e circulação de
moedas, o que exigia que cada região produzisse todo o alimento e vestuário de
que necessitava para a sua população.
Foi dentro desse contexto que as terras se tornaram a principal fonte de
renda e de riqueza na sociedade europeia ocidental medieval, o que gerava
disputas dos grandes proprietários para aumentar seu território, ao passo que os
pequenos tentavam manter suas posses. Esse era o ambiente social e político
do surgimento do feudalismo (González, 2011, p. 316-317).
As relações sociais definidas pelo feudalismo, que desenvolviam um
compromisso entre os senhores feudais (donos de terras) e servos rurais
(vassalos), geravam uma situação em que as disputas eram decididas pelos
nobres de cada região, o que também fazia a obediência dos vassalos mudar de
um senhor para outro. Nesse sentido, percebemos como a Europa se tornou um
continente bastante fragmentado em sua organização civil, e os monarcas
governavam seus territórios com uma autoridade cada vez mais fragilizada
diante da população (González, 2011, p. 318).
A dinâmica social feudal dessa época ocorria nas localidades que surgiam
ao redor dos moinhos dos proprietários rurais e junto aos castelos dos nobres. A
Igreja participava dessa ordem por meio de uma presença localizada ou da visita
de sacerdotes que iam administrar os sacramentos, regulando assim a vida
religiosa dos cidadãos. Eis o modo como se integravam comunitariamente os
três grupos sociais do feudalismo durante a Idade Média na Europa.

2.3 O desenvolvimento do feudalismo – características e elementos

A sociedade feudal era composta de classes sociais denominadas


estamentais (estanques), pois havia dificuldade de se migrar de uma classe para
outra. O feudalismo se estabeleceu como uma sociedade organizada com base
no servo que devia trabalhar, do nobre que resguardava a justiça e as leis pelo
poder militar, além do clero, que atuava espiritualmente em prol de todos, pois,
para a Igreja, cada membro social tinha um papel a cumprir durante sua
existência terrena. Observe as palavras de uma pregação do Arcebispo de York,
datada do século VI:

Todo sólido trono real se mantém sobre três pilares: o primeiro são os
oratores, o segundo os laboratores e o terceiro os bellatores. Os
oratores são os homens das preces, que dia e noite devem rezar a
Deus e suplicar por todo o povo. Os laboratores são aqueles que
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trabalham para proporcionar o necessário para a vida do povo. Os
bellatores são os homens de guerra, que lutam com armas para
defender sua terra. Todo trono real deve manter-se com justiça sobre
estes três pilares. (Ermini, 2007, p. 32)

Portanto, o sistema feudal estabelecido na Europa Ocidental era baseado


em uma hierarquia social oriunda da propriedade de terras, em uma relação que
se desenvolvia assim que o proprietário era “homenageado” pelos servos
mediante um compromisso ritual entre ambos; no qual o vassalo prometia
fidelidade ao senhor feudal, que lhe concedia, em retorno, a utilização de suas
terras, denominadas feudos, o que originou o nome dessa ordem social
estamental (González, 2011, p. 317).

TEMA 3 – O NOVO MILÊNIO

3.1 A primeira grande divisão da Igreja cristã

Assim que, no ano de 1054, dois representantes do Papa Leão IX, da


Igreja de Roma, no Ocidente, entraram no santuário da principal catedral da
Igreja de Constantinopla, no Oriente, para deixar na mesa da celebração o
documento oficial que afirmava a excomunhão da autoridade religiosa ortodoxa
bizantina, deu-se o momento histórico considerado o marco da divisão entre a
Igreja Cristã do Ocidente (católica) e a do Oriente (ortodoxa). Observe que a
expressão ortodoxa, que representou e diferenciou a Igreja Cristã oriental diante
da ocidental, tomou forma e se desenvolveu a partir de Constantino e de seu
desejo de tornar o império e a igreja numa só instituição. O símbolo dessa visão
foi a própria organização da sede do império romano em Constantinopla, situada
no Oriente. Segundo Shelley (2004, p. 163),

a conversão de Constantino foi vital para o desenvolvimento da


ortodoxia porque ele criou, pela primeira vez, uma aliança entre a igreja
e o Estado, e fez da pureza da doutrina cristã o principal interesse do
império [...] aos poucos, Roma tornou-se uma monarquia religiosa. O
imperador servia como conexão entre Deus e o mundo, enquanto o
Estado era o reflexo terreno da lei divina.

Foi nesse contexto que o imperador passou a ser considerado um


representante divino, o que também transformava o Império numa espécie de
“cidade de Deus” na terra, numa visão de unidade e submissão que foram mais
bem aceitas no lado oriental do que no Ocidente – isso, aliás, veio a ser um
motivo de distanciamento entre as lideranças e teólogos das igrejas latina
(ocidental) e grega (oriental). A partir daí, a capital oriental da Igreja,
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Constantinopla, adquiriu um status de superioridade perante a capital ocidental,
Roma, e tais disputas criaram a necessidade de que os próprios imperadores
buscassem atuar para dar unidade à Igreja Cristã. Isso levou à realização dos
concílios oficiais da Igreja Cristã – o primeiro deles ocorreu em Niceia, no ano de
325, até o sétimo, em 787.
Logo que Justiniano assumiu o trono em 527, desenvolveu uma união
entre a fé cristã, a lei romana e uma filosofia helenística mais oriental, vindo a
reformar e consagrar a Igreja da Sagrada Sabedoria de Constantino em
Constantinopla, fortalecendo a unidade entre eles e orientando a compreensão
da ortodoxia oriental de que ser imperador romano e imperador cristão era uma
só autoridade. Essa visão “ortodoxa” que orientava uma íntima união entre
Estado e Igreja veio a se tornar a compreensão oriental acerca da maneira como
a Igreja Cristã deveria se organizar na Idade Média; geradores de uma estrutura
e entendimento que vieram a ser questionados na controvérsia iconoclasta
(Shelley, 2004, p. 167).
Sobre a questão dos iconoclastas, ou destruidores de imagens, o
imperador bizantino Constantino V organizou um concílio em 754 em que proibia
o uso de imagens nas celebrações, vindo a condenar patriarcas e teólogos
orientais que as defendiam, o que criou dois partidos no cerne da Igreja Oriental:
os iconoclastas e os iconodulos, que eram os que pertenciam ao grupo que era
a favor da utilização das imagens. Essa controvérsia se manteve pelos anos
seguintes, embora a Igreja Ocidental de Roma não tenha acatado as decisões
do concílio de 754, até que, em 787, as lideranças orientais da Imperatriz Irene
e do patriarca de Constantinopla Tarásio, junto do Papa Adriano, instalaram o
sétimo concílio ecumênico de Niceia. Essa assembleia eclesiástica decidiu
restaurar a utilização das imagens na Igreja, ressaltando o cuidado de que tais
artefatos não deveriam receber adoração, mas eram simbólicos da adoração que
somente deveria ser dedicada a Deus. As decisões de Niceia se tornaram
aceitas na maior parte da cristandade no decorrer dos séculos seguintes
(González, 2011, p. 291).
Veja que, após as controvérsias doutrinais relacionadas às imagens e à
adoração, ocorreu um afastamento entre Roma e Constantinopla. A cidade
italiana apoiou-se na autoridade de Carlos Magno e imperadores sequentes,
além de considerar que os cristãos orientais se submetiam demais às
determinações do imperador nas questões da fé, o que também poderia levar

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facilmente às heresias; os cristãos orientais entendiam que os papas romanos
se elevavam como autoridades universais, e não somente como patriarcas do
Ocidente.
Nesse contexto, as denúncias do enviado do papa romano, Cardeal
Humberto, em relação ao patriarca oriental, Miguel Cerulário, acerca do uso de
pão sem fermento na ceia, violações do celibato e venda de cargos geraram
debates inflamados que resultaram no momento em que o cardeal deixou sobre
o altar o documento de excomunhão da autoridade oriental, culminando com o
ato final da divisão das igrejas (González, 2011, p. 325).

3.2 As cruzadas

Há uma cronologia histórica que pode nos ajudar a compreender os


motivos políticos e religiosos que motivaram as cruzadas, movimento que trouxe
graves consequências humanitárias para a Europa e o Oriente. No ano de 639,
os muçulmanos se apoderaram da cidade de Jerusalém, até que em 1009 um
califa mandou destruir a Igreja do Santo Sepulcro, na região. Posteriormente, os
turcos seljúcidas islâmicos venceram o imperador bizantino Diógenes em
batalha, tomando a decisão de impedir que os cristãos continuassem seguindo
pelas rotas de peregrinação até Jerusalém.
Essas situações são alguns dos exemplos de um conflito que se tornava
cada vez maior entre cristãos e muçulmanos no Oriente. Isso motivou o
imperador bizantino Alexio a solicitar em 1095 a ajuda de Roma, ao Papa Urbano
II, para frear os avanços dos turcos na região.
Segundo Shelley (2004, p. 210), “as cruzadas refletiam o novo dinamismo
do cristianismo ocidental. Conduzidos pelo fervor religioso, pelo amor pela
aventura e pelos sonhos de lucro pessoal, os cruzados da Europa ocidental
tentaram durante duzentos anos expulsar os muçulmanos da Terra santa”. Esse
contexto é oriundo de uma realidade de peregrinações religiosas que fez com
que os cristãos, durante séculos, se dirigissem da Europa para as localidades de
Jerusalém. Isso não diminuiu com o surgimento do Islã no século 7º, e houve
grandes peregrinações no século 10º, e a maior delas levou 7 mil fiéis a partir da
Alemanha, até que no século seguinte se iniciaram as perseguições aos cristãos
da parte dos turcos recém-convertidos ao islamismo, os quais vieram a dominar
Jerusalém, afastando os próprios muçulmanos do poder.

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Esses seljuks (turcos islâmicos) seguiram para a Ásia e despojaram o
imperador até assumir o domínio da região. Isso levou o imperador oriental
Alexius I a enviar um documento solicitando ajuda ao Papa Urbano II, em 1095,
que fez uma pregação no concílio de Clermont, França, dando início à primeira
cruzada. Esta foi recebida com grande ânimo pela população, que finalizou a
reunião aos gritos de “essa é a vontade de Deus”, “Deus Volt!”. A partir daí, entre
os séculos 11 e 13 houve sete grandes cruzadas lideradas por papas a partir da
Europa Ocidental – a primeira foi apoiada por nobres feudais da Alemanha,
França e sul da Itália, que avançaram até a região de Constantinopla (Shelley,
2004, p. 211).
É importante destacar que havia um componente religioso e psicológico
que moveu essas expedições numa cruzada de milhares de homens de toda a
Europa seguindo em direção à Terra Santa, a qual tinha suas bases numa
mensagem cristã medieval que anunciava a gravidade do pecado da
humanidade e sua consequente condenação eterna. Tal cenário fazia os cristãos
reagirem em busca de se livrar dessa maldição mediante a prática de
penitências, entre as quais a mais comum sempre foi a participação nas
peregrinações (viagens) aos lugares santos (Damião, p. 432).
Segundo González (2011), o movimento religioso tradicional do
cristianismo das peregrinações à Terra Santa fortaleceu as cruzadas. Uma das
questões importantes a serem debatidas era se os cristãos poderiam participar
de batalhas diante dos homens, um tema já tratado por Agostinho, que
desenvolvera a “teoria da guerra justa”, orientando acerca da maneira como os
cristãos poderiam se envolver em atos bélicos. Essa compreensão fez com que
bispos apoiassem agrupamentos que se dirigiam para batalhas no período
medieval dos primeiros séculos, o que também redundou no apoio papal às
batalhas de Carlos Magno.
Essa mesma perspectiva foi desenvolvida pelo Papa Leão IX quando
esteve junto das tropas diante dos normandos, e que também nortearam as
tentativas cristãs de expulsar os mouros da Espanha. Ideias e entendimentos
foram importantes para o Papa Urbano II autorizar e promover a primeira
cruzada, a qual ele o fez com as seguintes palavras:

Eu o digo aos presentes e ordeno que seja dito aos ausentes. Cristo
está mandando. Todos os que forem e lá perderem a vida, no caminho
por terra ou no mar, ou na luta contra os pagãos, terão perdão imediato
dos seus pecados. Isto eu concedo a todos os que marcharem, em

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virtude do grande dom que Deus me tem dado. (González, 2011, p 362-
363)

TEMA 4 – MOVIMENTOS E SITUAÇÕES HISTÓRICAS IMPORTANTES DA


IDADE MÉDIA

4.1 O escolasticismo

Iniciamos este tópico com as palavras de Anselmo de Cantuária (citado


por González, 2011, p. 409):

Não pretendo, Senhor, penetrar em tua profundidade, porque meu


intelecto não pode ser comparado com ela. O que desejo é entender,
nem que seja de maneira imperfeita, a tua verdade. Esta é a verdade
que meu coração ama e crê. Não tanto compreender para crer, mas
creio, e por isso posso vir a compreender.

Durante os primeiros séculos do novo milênio, o cristianismo se viu em


meio a diversos movimentos – os monásticos ou às reformas do papa, e,
especialmente, aos que se dedicaram a entender e pensar o conteúdo das
crenças; os teólogos nos mosteiros; ou os professores nas escolas religiosas –
até que essa perspectiva chegou aos professores das universidades, todos
envoltos na busca por uma compreensão plena e coerente das verdades
anunciadas pelo cristianismo. E assim que as regiões urbanas receberam um
grande número de estudantes e mestres interessados nos mais diversos
estudos, o surgimento das universidades passou a ser uma necessidade, como
a Universidade de Paris, criada pelo rei enquanto buscava fortalecer sua
autoridade sobre a nobreza, o que acabou tornando a capital um local
especialmente dedicado aos estudos de humanidades (González, 2011, p. 409).
Nesse contexto, a Escolástica foi a mais importante escola de
pensamento da Idade Média, tendo surgido no século 11 e atingido seu ápice
intelectual nos séculos 12 e 13; seus principais expoentes foram Abelardo e
Tomás de Aquino. Sua característica principal era a ênfase com que buscava
integrar as doutrinas da fé católica com a razão humana, mediante a utilização
de métodos de pensamento oriundos de Platão e Aristóteles, filósofos gregos.
O escolasticismo promovia reflexões cristãs embasadas em argumentos
racionais, com vistas a compreender a realidade da existência em uma
perspectiva compreensível ao homem. O desenvolvimento do tomismo foi o
conteúdo mais influente dessa escola de pensamento.

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Um dos precursores do escolasticismo foi Pedro Abelardo, que escreveu
diversas obras teológicas, com destaque para textos sobre a expiação (sacrifício
para redimir os homens) de Cristo e de doutrinas éticas que davam grande valor
ao interesse que deveria mover as atitudes dos homens. Ele se tornou um dos
pioneiros da reflexão escolástica a partir da escrita da obra Sim e Não, com
questões teológicas em que apresentava a possível contrariedade entre as
declarações de diversas autoridades cristãs históricas, tanto bíblicas quanto dos
pais da Igreja, defendendo a necessidade de que esses textos deveriam ser
analisados pela razão a fim de que fosse possível buscar uma concordância
ampla de seus temas.
O método de Abelardo foi utilizado por pensadores do escolasticismo do
século 13, numa dinâmica que consiste em: apresentar uma questão; coletar as
respostas dadas por diversas autoridades ao tema; distinguir entre eles os que
pensam distintamente uns dos outros; e buscar uma conclusão, na qual o teólogo
escolástico anuncia seu entendimento e já explica a forma em que os contrários,
na verdade, não se opõem a essa colocação (González, 2011, p. 414).

4.2 As peregrinações do povo cristão

Vimos a importância desse movimento religioso para o surgimento das


cruzadas, pois as peregrinações cristãs são originárias da compreensão
religiosa que reconhece que a alma humana está de passagem por este mundo
rumo ao reino dos céus, e do entendimento de que existem locais e objetos na
Terra que carregam consigo um carisma distinto e pleno de santidade divina,
motivo pelo qual as visitas aos lugares definidos como “santos” pela Igreja
equivaleriam a partilhar uma experiência de proximidade junto à própria Pessoa
de Deus. Algumas cidades e templos se tornaram os principais centros de
visitação de peregrinos durante a Idade Média, como Roma, Santiago de
Compostela e Jerusalém, pois realizar uma visita a cidade santa da Palestina
era como partilhar a própria residência celestial de Deus (Chadwick, 2007, p. 76).

4.3 O monasticismo e as ordens mendicantes

Começamos este tópico com as considerações de Shelley (2004, p. 133)


a respeito do monasticismo.

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A primeira forma de monasticismo foi o eremita solitário. A palavra
eremita vem da palavra grega que designa deserto e nos faz lembrar
que o afastamento monástico do mundo começou no Egito, onde uma
pequena caminhada para o leste ou oeste para a faixa de terra
fertilizada pelo Nilo levaria o monge a um rigoroso deserto.

Conta-se a história do primeiro monge cristão, que tendo sido tocado


pelas orientações de Jesus ao jovem rico para que vendesse seus bens e doasse
aos pobres, igualmente entregou suas posses e foi viver solitário. Ele se tornou
um exemplo que gerou centenas de seguidores, numa vivência ascética da parte
de alguns cristãos que contrastava com o fenômeno da popularização
institucional da religião após Constantino. O que ocorria era que enquanto o
Imperador Diocleciano perseguia os cristãos que entregavam as suas vidas pela
fé, houve uma nova atitude a partir de Constantino, surgindo uma multidão de
“novos” fiéis. Conforme destaca Shelley (2004, p. 133):

Antes os cristãos entregavam sua vida pela verdade; agora lutavam


entre si para garantir os privilégios da igreja. Gregório de Nazianzus
queixou-se: “Os postos principais são obtidos pela prática do mal, não
pela virtude; e a posição de bispo não pertence ao mais digno, mas ao
mais poderoso”.

Dentro desse contexto cultural, o monasticismo foi um movimento de


distanciamento da vida social (ascetismo) dentro do cristianismo que surgiu no
Egito, buscando confrontar a imoralidade e a fraqueza espiritual da Igreja. Ele se
desenvolveu na Europa durante a Idade Média, e a primeira ordem religiosa
monástica ocidental foi fundada por São Bento no século 6º.
Os membros do clero (monges) que faziam parte das ordens monásticas
seguiam regras estritas de convivência e trabalho religioso; moravam em
mosteiros afastados das grandes cidades, ao contrário dos sacerdotes e bispos
seculares que atuavam religiosamente junto à sociedade e partilhavam do poder
político eclesiástico. Os franciscanos e os dominicanos impunham a seus
ordenados o voto de pobreza e o compromisso de anunciar publicamente as
palavras divinas contrárias ao pecado da avareza, além de buscar levar ao
mundo dos homens os valores religiosos que semeavam no interior de suas
ordens, com vistas a promover melhorias na vida espiritual da Igreja. (Greco,
2008, p. 10).

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TEMA 5 – OS ÚLTIMOS SÉCULOS DA IDADE MÉDIA – PERÍODO DE
TRANSFORMAÇÕES

5.1 Contexto histórico e aspectos sociais

A chegada do século X trouxe novidades comerciais e algumas


transformações sociais mediante um reavivamento econômico que também
gerou a urbanização da sociedade a partir do início do novo milênio. Durante as
cruzadas e logo após seu término, ocorreu uma grande interação cultural da
Europa junto ao Oriente Médio e a Ásia. A chegada do século 13 também gerou
a oportunidade para que os Estados europeus viessem a ocupar a liderança
política de suas regiões, o que trouxe maior estabilidade às populações e
territórios nos séculos seguintes. Essa situação os fortaleceu e os capacitou para
a época das grandes navegações, que propiciaram o início da descoberta e
colonização dos novos continentes ao final da Idade Média (Werner, 2017, p.
74).
Nos primeiros três séculos do novo milênio, os papas cristãos ainda eram
respeitados pela população e temidos pelas autoridades políticas –
especialmente a partir dos atos do Papa Inocêncio III, que orientava o
desenvolvimento missionário das ações sociais das ordens mendicantes e da
valorização da educação a partir do estímulo das escolas e universidades de
pensamento teológico. Foi um tempo em que a Europa estava unida debaixo da
liderança espiritual do papa cristão e sob a liderança política do imperador; havia
até uma aproximação entre as igrejas ocidental e oriental quando os cruzados
estiveram no domínio de Constantinopla.
Todavia, a partir desse período, em meio aos conflitos políticos entre as
diversas regiões da Europa e do retorno das disputas da Igreja ocidental diante
da Igreja Ortodoxa, aliados ao crescimento da corrupção no clero, começaram a
surgir questionamentos internos na Igreja que reivindicavam uma reforma
eclesiástica. E assim transcorria a Idade Média, até que veio a Peste Negra,
conforme as palavras de González (2011):

A economia europeia, que antes estivera em expansão, estancou em


princípios do século XIV, começando a declinar em meados desse
século. Isso era causado pela instabilidade política, pelo fim das
cruzadas e a decadência da agricultura. A causa principal foi a
epidemia de peste bubônica que açoitou repetidamente a Europa
ocidental a partir de 1347.

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Segundo esse mesmo autor, o surgimento da peste trouxe diversos
prejuízos a várias regiões da Europa, pois havia falta de produtos em alguns
lugares pela morte de trabalhadores, enquanto em outros havia acúmulo de
produção pela falta de compradores. A consequência foi um amplo e geral
desequilíbrio social e econômico que produziu grande instabilidade política, com
revoltas populares ocorrendo em Paris, Inglaterra e Flandres, além de disputas
entre artesãos e seus aprendizes, com o crescimento das greves e o aumento
dos preços (González, 2011, p. 448-449).

5.2 O declínio do feudalismo e a ascensão da burguesia

Nesse contexto de grandes transformações na sociedade europeia,


vamos observar alguns dos fatos econômicos que vieram a fortalecer o
mercantilismo enquanto enfraqueciam os laços sociais gerados pelo antigo
sistema feudal.
As cidades conhecidas como repúblicas marítimas da Itália, Gênova e
Amalfi, Pisa e Veneza, que desde o século 12 cediam embarcações para as
viagens das cruzadas entre o Ocidente e o Oriente, fundaram diversas colônias
costeiras em localidades orientais. Isso gerou um crescimento comercial
constante para essas cidades e uma nova classe de cidadãos comerciantes
(Ermini, 2007, p. 34).
Outras mudanças já tomavam forma desde os séculos 13 e 14, assim que
a economia da Europa avançou no desenvolvimento de atividades
manufatureiras e na organização de um sistema bancário, que estavam nas
mãos dos novos negociantes residentes nas cidades, que progrediam nas
regiões urbanas enquanto as áreas rurais empobreciam no decorrer das
décadas (González, 2001, p. 454).
Em meio a esses acontecimentos econômicos e sociais, a instituição da
Igreja se tornava tema de diversos debates e ataques, os quais surgiam das mais
diferentes áreas da sociedade – até mesmo do próprio clero. A sociedade
denunciava a Igreja acerca das questões de abuso de poder e da falta de
unidade eclesiástica, que se tornara visível desde a divisão entre Oriente e
Ocidente, e que também ocasionava o enfraquecimento da autoridade do papa.
Foi uma situação que gerou a oportunidade para que alguns reformadores
religiosos atuassem no século 14 na Igreja ocidental; eles desenvolviam a ideia
pioneira de que a Igreja deveria ser algo mais do que somente uma “organização
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visível na Terra liderada pelo papa”. O inglês John Wyclif refletia sobre a maneira
em que o “domínio” ou a vontade de Deus deveria ser administrada na vida
cotidiana dos homens, ousando levantar a ideia de que o próprio governo inglês
precisaria atuar contra os abusos da Igreja e dos sacerdotes corruptos, pois
recebera tal autoridade de Deus nesse sentido. Trata-se de uma perspectiva na
qual Wyclif iria valorizar a vida religiosa dos homens, independentemente dos
atos mediadores da Igreja, já que reconhecia que qualquer homem fiel poderia
ser abençoado diretamente por Deus para praticar obras santas (González,
2011, p. 254-255).

NA PRÁTICA

Vimos neste capítulo a maneira como a cosmovisão ocidental recebeu


seus alicerces culturais fundamentais da civilização greco-romana, que legou
aos povos europeus e americanos uma compreensão racionalista da realidade.
Esta se tornou uma base reflexiva da maneira como hoje organizamos a
sociedade, além dos valores éticos judaico-cristãos que são aqueles que têm
norteado a nossa moral e costumes nos últimos séculos.
Vamos observar e anotar em nossa sociedade do século 21 a maneira em
que esse mesmo contexto cultural ainda permanece forte e influente na
sociedade ocidental.

FINALIZANDO

A queda de Roma, ocasionada pelas invasões bárbaras ao final do século


5º, não resultou no fim do poderio e da atuação religiosas da Igreja cristã na
Europa, já que esta permaneceu atuante e próxima dos governantes da região.
No entanto, a Europa passou a sofrer continuamente na segunda parte do
primeiro milênio devido às constantes agressões dos povos do Norte e à falta de
um poder central que pudesse garantir a segurança do continente. Essa foi uma
fragilidade que não foi solucionada com a chegada do Rei Carlos Magno ao trono
do Sacro Império Romano-Germânico em 800 a.C. O período foi marcado pelo
fato de que os laços comunitários e sociais do Ocidente se mantiveram a partir
do feudalismo.

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Vimos como a Europa experimentou diversas mudanças desde o século
11 em sua economia e sociedade, por meio do reaquecimento comercial aliado
a um fortalecimento dos centros urbanos. Essa nova realidade foi incrementada
com o surgimento de novas lideranças civis a partir do século 13, as quais
trouxeram estabilidade à região europeia, incentivando novas relações
comerciais com outros continentes.
Nesse contexto, enquanto as relações sociais e econômicas do
feudalismo se mantinham fortes nas áreas rurais, as cidades observavam o
crescimento da economia urbana e o aumento da população, fatores que
motivaram o desenvolvimento de melhorias na administração pública municipal.
Foi o período de transição entre a antiga sociedade feudal até o surgimento e
consolidação de uma organização social baseada no livre comércio e no
fortalecimento político de outras classes sociais, o que redundou na ascensão
da burguesia no Ocidente.

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REFERÊNCIAS

ERMINI, L. Mundo feudal. 2007.

GONZÁLEZ, J. L. História ilustrada do cristianismo. A era dos mártires até a


era dos sonhos frustrados. 2. ed. rev. Tradução de Hans Udo Fuchs e Key
Yuasa. São Paulo: Vida Nova, 2011.

MCGRATH, A. E. Teologia sistemática, histórica e filosófica. Uma introdução


à teologia cristã. Tradução de Marisa K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Shedd
Publicações, 2005.

NAIROSKI,

SHELLEY, B. L. História do cristianismo ao alcance de todos: uma narrativa


do desenvolvimento da Igreja Cristã através dos séculos. Tradução de Vivian
Nunes do Amaral. São Paulo: Shedd Publicações, 2004.

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