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Módulo 3

A Cultura do Mosteiro: Idade Média

Tempo e Espaço:

Queda do império Romano causado pela:


• Oficialização do cristianismo – tentativa de unificar o império já fraturado, Edito de
Milão em 313.
• Transferência da capital do império para Bizâncio (chamada Constantinopla)
• Crise económica e política provoca um clima de insegurança (ameaças das tribos
germânicas) – populações saem das cidades e procuram melhores condições no
campo.
• Divisão do Imperio.

Imperio dividiu-se em:


Imperio do Ocidente, capital Mediolano (metade latina governada por Maximiano).
Imperio do Oriente, capital Constantinopla (metade grega governada por Diocleciano).

Tomada de Roma pelos povos bárbaros em 410


Queda do império do Ocidental – formação de reinos bárbaros (cristão romanizados)

Sucessivas guerras e evasões, acentuaram a ruralização da sociedade, consolidaram a


economia agraria de subsistência, a cultura foi dominada pela fé cristã.

Sociedade dominada pelo:


Poder temporal- chefes bárbaros, latifundiários romanos. Sistema político,
Poder espiritual- Papa e clérigos cristão. económico e
cultural feudal.
Bispos cristãos fundaram mosteiros, organizaram a comunidade de fiéis e promoveram
o cristianização dos povos invasores.

A Igreja torna-se autoridade mais importante, tem um papel civilizacional e cultural.


Mosteiros foram o centro de difusores de costumes, valores e cultura, contribuindo para
a arte e literatura

Monaquismo: monges organizavam-se em ordens religiosas, seguindo votos de


castidade silencio e pobreza praticando a oração.

Adotaram a regra Beneditina (de S. Bento Criação da Ordem de Cister:


de Núrsia): Em oposição á ostentação da beneditina.
-Votos de castidade pobreza, oração e Objetivo:
trabalho manual. Retorno à oração, à humildade
-Obrigação de hospedar peregrinos, ajudar Maior rigor na vida monástica- trabalho
os pobres e promover o ensino “guardiões manual.
do saber”.
Comunidade beneditina Cluny. Restaura a
Ordem Cister impôs-se na Europa Ocidental Regra, dedicando-se a Deus.
com Bernardo de Claraval. Torna-se o maior centro monástico.
Lugar: O Mosteiro

Monge: vive solitário, em silencio, cultiva a austeridade dedicando-se a Deus,


cumprimento da Regra fundada nos votos de castidade, pobreza e obediência.

S. Bento de Núrsia estabelece regras de mosteiros (referencia mosteiro de Saint-Gall).

Segundo a Regra beneditina:


• Monges deviam obedecer ao abade
• Vida nos mosteiros autossuficientes
• Valorização do trabalho manual – Serviço de Deus (agricultura, trabalho artesanal,
refeitório, enfermaria, estudo e cópia de manuscritos)

Ordens monásticas adquirem poder político através de doações de senhores feudais e


do povo para garantirem um lugar no céu. Centro políticos e económicos e
dinamizadores de economia e importantes centros culturais e artístico.

Os Guardioes do Saber:

A população geral é analfabeta e inculta, enquanto a classe eclesiástica (clero) torna-se


privilegiada na sociedade feudal por saber ler e escrever para interpretar a Bíblia.

O mosteiro transforma-se o centro cultural difusores da cultura, exercendo o monopólio


de ensino adaptando-o aos valores católicos, guardiões do saber.

Scriptorium- onde os monges copistas copiam e escrevem o manuscritos e iluminuras.

O Renascimento Carolíngio contribuiu para essa revitalização do saber. Nas escolas


monacais do Império Carolíngio, a tradição clássica foi estudada e completada pela
cultura cristã e pela muçulmana na Filosofia, Matemática, Astronomia e Medicina.

O Poder Da Escrita:

Os cleritos detêm o poder político ao ser nomeados aos cargos públicos, exercendo essa
função junto dos Reis.

Scriptoria- “oficinas da escrita” lugares destinados á copia e á transcrição de livros á


execução miniaturas e ilustração dos manuscritos.

Cópia de livros,
Circulação de livros Troca de tecnicas e
enrequecimento das
por mosteiros ideias estéticas
bibliotecas

Biografia: São Bernardo de Claraval


• Aprofundou a espiritualidade cisterciense
• Fundou a Abadia de Claraval
• Reprova a ostentação e os prazeres terrenos da ordem Clony – iconografia
• Exige o cumprimento da Regra – renascer a pureza monástica original
• Baniu as imagens e decorações dos mosteiros
• Autor da Regra para a Ordem dos Cavaleiros Templários

Acontecimento: Coroaçao de Carlos Magma


• Rei dos Francos
• Unificou o reino conquistando territórios do império Romano
• Adquiriu estabilidade e desenvolvimento económico.
• Ressuscitou a ideia de império designado Sacro Império Romano-germânico
• Criou a Escola Palatina – unificou a cultura, desenvolveu as artes – Período
“Renascimento Carolíngio”

Após ter derrotado os lombardos obteve favores Igreja Católica e Papa Leão III coroou
Magma imperador. Significado político, histórico e cultural deste acontecimento:
• Reconhecimento do imperador a suprema autoritária sobre o mundo cristão
• Institui Carlos Magma como herdeiro dos imperadores romanos
• Restaura o Imperio Romano do Ocidente
• Unifica o Ocidente sob um mesmo poder temporal e espiritual

Arquitetura Românica:
Contextualização:
• Peregrinações: lugares de culto, recebendo multidões de peregrinos para adorar
as relíquias. Nas rotas de peregrinação situam-se igrejas e mosteiros que
acolhiam peregrinos.
• Cruzadas: ordenadas pelos papas e bispos para conquistar a Terra Santa.
– Aumento do comercio
– Desenvolvimento da vida urbana
– Contacto com os textos grecos
– Novas formas artísticas e padrões de vida
• Alastramento de estruturas feudais e monarcas.

Características:
• Desenvolve-se no seculo XI-XII
• Influencias da tradição construtiva romana (arco de volta perfeita, abóbada de
canhão, muro e contraforte)
• Robusta, edifícios-fortaleza
• Interiores obscuros – atmosfera de mistério e misticismo
• Função didático-cristão de glorificar Deus
• Clareza e pureza das formas e linhas, repetição dos mesmos elementos
construtivos
• Planta de cruz latina, a abside (cabeça), transepto (braços abertos), naves
(tronco), nave lateral, deambulatório e absidíolas (lugar de homenagens às
relíquias). Torre sineira ou zimbório.
• Episódios decorativos nos tímpanos, nos colunelos e o arco de portal – Cristo
Pantocrator e Juízo Final
• Utilização: arco romano, abóbada de berço, abóbada de aresta
• Tramos (espaço entre pilares), arcadas (formada pela serie de arcos e pilares) e
pilares, tribuna (galeria sobre a nave lateral), trifório (nível intermédio de
arcadas), clerestório (janelas no último nível).

Em Portugal
• Formas austera, robustas e sóbrias.
• Edifício paredes espessas apoiadas em contrafortes – fortalezas
• 5 Dioceses: Braga, Porto, Coimbra, Tomar, Lisboa e Évora
• Igrejas rurais
• Decorações nos capiteis, colunas e arquivoltas dos portais
• Norte: granito. Decoração condicionada
• Centro: calcário (pedra mais mole) enriquecimento decorativo
• Pedra aparelhada
• Arco de volta inteira
• Decoração esculpida nas cachorradas nas cornijas.

Escultura romântica:
Contextualização:
• Competia ao teólogo escolher as figuras a ser representada de forma a glorificar
Cristo. O lugar das figuras segue uma hierarquia divina, a organização religiosa.

Características:
• Simbiose com a arquitetura
• Escultura iconográfica, comunicava a fé
• O objetivo é uma representação conceptual das ideias.
• Cristo Pantocrator ocupa a abside central, acima da virgem e dos apóstolos.
• Realizadas pelos monges.
• Conceberam as figuras consoante o espaço disponível – a escultura adaptasse á
arquitetura ao capitel, arquivolta e tímpano.
• Ausência do cânone,
• Estilização das figuras: acentua a espiritualidade e a expressividade
• Figuras com posturas inverosímeis (impossíveis): Adaptando-se á arquitetura
• Perspetivas hierarquizadas: figuras mais importantes são de maior dimensão.

Pintura, mosaico e Iluminuras:


Arte assume a função de talismã é simbólica, mágica e significante. Arte iconográfica ao
serviço de Deus ensinando a população iletrada a Doutrina cristã.

Características Mosaico:
• Influencia do mosaico bizantino, romano e oriental.
• Reveste o interior das igrejas.
• Função decorativa, de divulgação da mensagem cristã e como propaganda ao
império Bizantino
• Figuras representadas de frente, sem volume nem perspetiva, levitando no
espaço.
• Valorização do caracter simbólico e espiritual
• Nimbo (circo de luz) de influência bizantina.
Características Pintura: Frescos
• Arte iconográfica ao serviço de Deus ensinando a população iletrada a Doutrina
cristã.
• Formas estáticas, eternas e imutáveis
• Sem perspetiva
• Bidimensionais
• Fundos uniformes recortados pelas figuras
• Estilização das figuras
• Linha adquire um valor estruturante
• Paletas policromáticas criavam ambientes de deslumbramento

Características das iluminuras:


Os códices eram livros sagrados com valor artístico feitos de pele ou pergaminho
ilustrados por iluminuras e miniaturas.

• A pintura ocupa a página inteira do folio (folha)


• Cenas narrativas eram inspiradas nos textos
• Ou elementos decorativos geométricos e vegetalistas
• A letra inicial do texto era decorada, a capitular
• Feitas pelos monges nas scriptoria nos mosteiros

A arte muçulmana em território europeu

A arte muçulmana duas características:


unidade (por ser regida pelas regras do Corão)
diversidade (integração de influências, persa, helenística, bizantina e paleocristã).

Na arquitetura utilizou os elementos estruturantes: arcos de várias formas, colunas e


abóbadas.

Na arquitetura civil a construção mais importante é o palácio (centro político e


administrativo) – planta quadrada, com um pátio interior central aberto.

Na arquitetura religiosa temos a mesquita, as madrasah (escolas de teologia) e os


mausoléus (túmulos para homenagear guerreiros e príncipes).

Na arquitetura militar existe o ribat – convento fortificado.

A decoração é em mármore, mosaicos, ladrilhos, pedra, madeiras, etc., com motivos


geométricos, vegetalistas e epígrafos – arabescos. Os tapetes ornamentados também
fazem parte da arte muçulmana.

A arte moçárabe é a arte produzida pelos cristãos da Península Ibérica sob a alçada dos
muçulmanos. Em Portugal existem a igreja de São Pedro de Lourosa da Serra e São Pedro
de Balsemão, do século X representativas desta arte.
Caso pratico 1: Canto Gregoriano

O canto tornou-se um elemento importante de ritual nos serviços litúrgicos (recebeu


influências das músicas grega, romana e judaica). É uma música monódica, destinada a
acompanhar os salmos. Foi a base de toda a música clássica ocidental.

Só foi chamado gregoriano quando o Papa Gregório I reformou a liturgia, tornando o


canto uma parte obrigatória dos vários ofícios religiosos.

Todos deviam cantar os cânticos gregorianos como se fossem uma só voz e com o
mesmo sentimento místico.

Caso pratico 2: O mosteiro de São Pedro de Ratos


A igreja de São Pedro de Rates constituiu o primeiro mosteiro beneditino e cluniacense
em Portugal.

Características
• Pórtico: apoiado por dois contrafortes e estruturado em cinco arquivoltas assentes
em colunelos.
• O tímpano: Composição escultória com Cristo e dois profetas pisando
simbolicamente Judas e Ario. Tema de influência oriental.
• Elementos decorativos com diferentes influências e tradições.
• No portal sul está representado simbolicamente Cristo na cruz enquadrado numa
arcada circular e duas feras atlantes a suportar as colunas.
• No portal norte a decoração é estilizada e
tradicional.
• A Igreja de São Pedro é um edifício com 3 naves,
4 trampos e um falso transepto.
• Naves laterais com larguras diferentes.
• Desigualdade dos tramos.
• Pilares desalinhados.
• Assimetria da fachada

Estas características tornam este monumento de grande interesse e um símbolo da


ruralização e feudalismos da europa românica. Esta Igreja românica é objeto de estudo
dada as suas características arquitetónicas, à sua evolução e às influências que recebeu
ao longo dos anos.

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