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Cristianismo
O Cristianismo na história do Ocidente
(Aulas 12 e 13)
* O édito de Milão foi muito importante pois os Cristãos deixam de ser perseguidos. O
Cristianismo espalha-se bastante após este acontecimento. Há, posteriormente, um outro édito
em que o Império se torna oficialmente cristão.
“Os cristãos não se distinguem dos outros, nem pela região, nem pela língua, nem pelos
costumes. Não vivem em cidades à parte, não usam uma língua diferente dos outros, não têm
um estilo de vida extraordinário. A doutrina que propõem não é invenção de homens curiosos
(…) alguns moram em cidades gregas, outros em cidades bárbaras, conforme a sorte de cada
um; seguem os costumes locais quanto ao vestuário, à alimentação e a tudo o que se refere ao
estilo de vida, mas levam uma maneira de viver admirável e sem dúvida paradoxal. Moram na
própria pátria, mas como peregrinos. Enquanto cidadãos, de tudo participam, porém tudo
suportam como estrangeiros. Toda a terra estrangeira é pátria para eles, e toda a pátria é terra
estrangeira (…) Para simplificar, o que a alma é no corpo, os cristãos são no mundo. (in Carta a
Diogneto, 5 - Séc. II)
O excerto da Carta a Diogneto explica o que são os cristãos. Clássico dos textos
cristãos onde se afirma que os cristãos vivem como as outras pessoas (podem ser de
todas as nacionalidades), adaptam-se aos costumes locais (vestem-se como as outras
pessoas), mas são também peregrinos (têm uma pátria celeste). Tensão entre pertencer ao
mundo celeste e viver no mundo terrestre.
Quando o Cristianismo passa a ser tolerado e, mais tarde, se torna a religião oficial do Império
Romano, o monaquismo (dos mosteiros) cresce muito e determina o desenvolvimento das
cidades e da cultura ocidental.
Por esta altura havia mulheres que se consagravam individualmente a Deus como
virgens, dedicando-se a uma vida de oração e ascese e cuidando dos pobres e
doentes. Aqui tem origem a vida religiosa feminina.
Monarquismo Eremita:
Monarquismo Cenobita:
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• Monges em comunidade trabalhando e rezando em conjunto.
Os primeiros monges eram mais eremitas, depois evoluíram para cenobitas, mas
também há mistura dos dois.
O nome maior do monaquismo Ocidental foi São Bento de Núrsia (480 – 547 d.C.).
Anos mais tarde fundou o Mosteiro de Montecassino, que é ainda habitado por monges.
Foi lá que compôs a famosa regra de S. Bento (por volta de 529), a qual, nos séculos
seguintes, seria adotada por quase todos os mosteiros da Europa (Woods, p. 33).
Nome maior do monaquismo Ocidental foi São Bento de Núrsia. O adágio máximo
é: Ora et Labora (reza e trabalha). Filme que explica esta Ordem.
S. Escolástica
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Os mosteiros beneditinos eram independentes uns dos outros, sendo cada um deles
presidido por um abade, que dirigia a vida do mosteiro. Os monges beneditinos têm
voto de estabilidade.
O monarquismo:
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Obras de caridade: Um dos aspetos mais importantes da espiritualidade monacal é a
hospitalidade. Os mosteiros funcionavam como estalagens gratuitas, proporcionando
locais de repouso tranquilos e seguros para os pobres. As portas estavam sempre
abertas para quem por lá passasse.
O trabalho intelectual: Um dos contributos mais importantes dos mosteiros foi, além da
produção de obras originais, a preservação de grandes obras da Antiguidade clássica
(Platão, Aristóteles, Cícero, Lucano, Plínio, Estácio, Horácio, os Padres da Igreja, etc.).
Os monges copistas tiveram também um papel fundamental na preservação da bíblia,
da qual fizeram inúmeras cópias, muitas vezes adornadas com belíssimas iluminuras.
Aos mosteiros estavam geralmente associadas escolas. (Woods, pp. 46-52)
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A Universidade
Como é que avaliam a vossa experiência na universidade? Se pudessem, o que mudariam?
Sabe que as universidades surgiram na Idade Média, numa sociedade cuja mundo-vivência era a cristã?
Universidade de Oxford
A Igreja e a Universidade
“É à Idade Média que devemos um dos mais relevantes contributos intelectuais que a
civilização ocidental deu ao mundo, e que é um contributo realmente único: o sistema
universitário” (Woods, p. 53).
“A instituição que hoje conhecemos, com as suas faculdades, os cursos, os exames e os graus
conferidos, bem como a distinção entre os níveis de graduação e pós-graduação, provém
diretamente do mundo medieval” (p. 53).
Dado que os estudantes não eram bem vindos em muitas das cidades onde
surgiram as universidades, a Igreja protegia os estudantes dando-lhes o estatuto de
clérigos (Woods, p. 56).
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O trivium e o quadrivium.
Graus Académicos:
A era da
7 artes liberais Cursos
o Trivium: retórica, lógica ou Filosofia Natural;
dialética e gramática. Direito canónico e civil;
o Quadrivium: música, aritmética, Medicina;
geometria e Teologia.
astronomia.
Escolástica:
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À medida que esta tradição ia amadurecendo, foi-se tornando habitual os tratados escolásticos
seguirem um modelo fixo, constituído pelos seguintes passos: apresentação da questão;
consideração dos argumentos contra e dos argumentos a favor; formulação da opinião do
autor; resposta às objeções” (Woods, p. 65).
Para Thomas Woods a Escolástica descrevia o trabalho escolar levado a cabo nas
escolas, nas universidades Europeias. Também tem a ver com o método: a razão, a
dialética (justaposição de posições contrárias), e à autoridade (Igreja e as escrituras, e
pessoas importantes como os filósofos antigos). Havia debates.
Discutir.
A Igreja e a Ciência
Por que a ciência nasceu num ambiente cristão?
“Terá sido apenas por coincidência que a ciência moderna se desenvolveu num ambiente
essencialmente católico, ou terá sido a natureza do próprio catolicismo que permitiu que a
ciência se desenvolvesse? Só pelo facto de levantarmos esta questão, já estamos a transgredir
os limites da opinião corrente” (Woods, p. 75).
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A opção pelo Logos (Razão) foi tomada pelos Cristãos no início, contra o misticismo
das práticas religiosas da altura. O universo tem uma ordem e nós podemos
compreender a razão do mundo.
O caso Galileu:
“A versão parcial do caso Galileu que a maior parte das pessoas conhece é, em grande
medida, a responsável pela convicção generalizada de que a Igreja impediu o progresso da
investigação científica. No entanto, e mesmo que o caso Galileu se tivesse passado
exatamente como as pessoas julgam que se passou, dizia o cardeal John Henry Newman — o
famoso anglicano do século XIX que se converteu ao catolicismo —, chama a atenção o facto
de se tratar praticamente do único exemplo que é recorrentemente referido” (Woods, p. 75).
(Aulas 14 e 15)
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Extrapolação – outra atitude a evitar na exploração histórica.
Modelo ptolemaico: já é uma cosmovisão que vem dos gregos, de Ptolomeu que já tinha feito
algumas hipóteses de que a Terra estava no centro do universo. Só que os gregos baseavam
as suas suposições no senso comum. Geocentrismo – Ptolomeu (90-168)
Galileu não foi para a fogueira, pois admitiu as fragilidades da sua teoria. Diz-se que ele disse
no fim “Nego, mas acredito que a Terra se move”.
Quando se fala em heliocentrismo, é a Galileu que se
atribui o suporte para a ideia de que a Terra não é o
centro do mundo, mas sim o Sol no nosso sistema solar.
Nicolau Copérnico foi o primeiro a apresentar um modelo
de um sistema heliocêntrico, mas foi Galileu quem
sustentou o modelo com observações científicas.
Galileu confirmou a hipótese pela observação empírica. Galileu opera, então, uma mudança de
paradigma, de cosmovisão: eu vou observar o que realmente é. Verificou que Aristóteles dizia
coisas erradas, como o argumento de que as coisas não se estão a mover, e que, portanto, a
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Terra está parada. Galileu inventou / produziu a LUNETA – precursor do telescópio, que
permitiu ver que a Lua tinha crateras e montanhas, que não era um astro perfeito como dizia
Aristóteles.
O sistema coperniciano não foi sujeito a qualquer censura formal pela Igreja até surgir
o caso Galileu.
seus colegas astrónomos jesuítas confirmavam as descobertas que ele tinha feito
através do telescópio.
Frase atribuída a Galileu: a Bíblia diz-nos como se vai para o Céu, não como é o céu.
São perguntas diferentes.
Revolução Coperniciana
Mudança de Cosmovisão
Com a Teoria da Evolução de Charles Darwin (A Origem das Espécies, 1859) acontece
o mesmo mais tarde.
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Biogénese – surgimento da vida.
<Há uma aglomeração de entes distintos que se juntam para dar origem a um outro (células
que dão origem a um ser vivo). O Amor (comunhão entre pessoas) pode ser escolhido para dar
sentido à vida, e ao próprio Universo, através do princípio da socialização e da personalização.
https://www.youtube.com/watch?v=3ZkHv8iTJPo&t=107s
Vídeo: Papa João XXIII foi o papa que convocou o Concílio Vaticano II. Aparece também no
vídeo o Papa Paulo VI. Ocorre na Basílica de São Pedro em Roma.
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Dados gerais sobre o CV II:
O papado de Pio XII (1939-1958) tinha sido longo e influente. Havia a ideia de que a
Igreja nunca mais precisaria realizar um concílio. Um bom Papa poderia cuidar de
todos os assuntos da Igreja. A sociedade estava a mudar muito rapidamente.
No exercício cotidiano do nosso ministério pastoral ferem nossos ouvidos sugestões de almas,
ardorosas sem dúvida no zelo, mas não dotadas de grande sentido de discrição e moderação.
Nos tempos atuais, elas não veem senão prevaricações e ruínas; vão repetindo que a nossa
época, em comparação com as passadas, foi piorando; e portam-se como quem nada
aprendeu da história, que é também mestra da vida, e como se no tempo dos Concílios
Ecumênicos precedentes tudo fosse triunfo completo da ideia e da vida cristã, e da justa
liberdade religiosa. Mas parece-nos que devemos discordar desses profetas da desventura,
que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim do mundo.
(Papa João XXIII, Discurso de Abertura, n. 1)
A Igreja sempre se opôs a estes erros; muitas vezes até os condenou com a maior severidade.
Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da
severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua
doutrina do que renovando condenações.
(Papa João XXIII, Discurso de Abertura, n. 2)
Uma eclesiologia renovada: Igreja como sacramento e Igreja como Povo de Deus;
revalorização da pneumatologia; sacerdócio comum e sacerdócio ministerial (Lumen
gentium).
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Valorização do papel dos leigos, cuja missão é ser presença da Igreja no mundo
(Gaudium et spes, n. 43).
Há uma cosmovisão, uma visão do mundo moderno que nasce com Galileu. Depois o vídeo
salienta uma questão epistemológica importante: Ciência é uma empreitada em continuidade,
ou melhor dizendo, as verdades científicas são provisórias.
Há um certo conflito entre religião e ciência, e uma dessas barreiras prende-se com o
literalismo bíblico. É a atitude de ler os livros sagrados como literais. Posição de literalidade
bíblica é incompatível com a ciência.
Equívoco religioso: Deus não é convocável para explicar o mundo, mas para dar um significado
ao mundo. A ciência responde a perguntas do tipo: how? Como é que o mundo se organiza,
etc. A religião dá subsídios sobre perguntas do tipo: why? Finalidades, sentidos. Estas
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abordagens têm metodologias diferentes, e portanto, ambas devem estar cientes das suas
limitações.
Na tentativa de clarificar essa complexa relação entre ciência e religião, o físico americano
Barbour propôs, nos finais do século XX, quatro dimensões: 1) conflito; 2) independência (não
têm nada a ver uma com a outra); 3) diálogo; 4) integração (possibilidade de interlaçar algumas
coisas que têm a ver com a ciência e com a religião. Pode ser mal-usada, ex. da teoria do
inteligent design – argumentos de natureza científica para explicar questões religiosas). Pode
ser chamada de complementaridade.
Radical materialista: acha que somos só átomos e moléculas. Posição metafísica ela própria, é
um ato de fé (a ciência proíbe aprioris desse género).
Galileu: “O espírito Santo diz-nos como podemos ir para o céu, mas não como é o céu” (how).
https://pontosj.pt/opiniao/ciencia-e-religiao-conflito-independencia-dialogo-e-integracao/
Retomando ideias da aula anterior, é preciso deixar à ciência a explicação do mundo, e deixar
à religião as perguntas do sentido da vida, da compreensão, que ainda se mantêm atualmente,
ou se agudizam. Há nas posições religiosas uma resistência a esta separação. “Isto é um
milagre porque não se explica”. Um milagre tem a ver com o valor simbólico com uma
experiência sensível e única, e não tem nada a ver com explicações. Os contributos do tipo
explicativo devem vir unicamente da Ciência.
Como são os Cristãos afetados por esta cosmovisão? Quando a Terra e o Homem saem do
centro do sistema, passa a ser Deus no centro, mas a visão de Pierre Teilhard de Chardin é de
que Deus está em todo o lado, é transcendente. Panteísmo – ideia de Deus se funde com a
materialidade do Cosmos, que se liga bem com as religiões orientais. Chardain diz que tem
uma posição panenteísta, que é a ideia de que Deus transcende o mundo, mas o contém.
A ciência caracteriza-se por uma certa ausência de dogmas, por uma abertura ao que a
observação traga, mas há sempre crenças de partida (por ex., de que a realidade existe). Um
dos ataques ao fenómeno religioso e à Igreja Cristã é estar muito fechada nos seus dogmas,
mas estes têm natureza diferente. O dogma primário para o Professor João Paiva é a
afirmação de que Deus é amor. É uma estrutura mínima que permite uma abertura à novidade,
segundo o Professor.
Dogmas é um conteúdo de fé, e por isso, está ligado a uma atitude dogmática. Quando
dizemos que Jesus é verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, são dogmas. É preciso ter fé.
Galileu, apesar do seu julgamento, era um homem de Fé, é considerado o pai de uma certa
teologia contemporânea, porque sabe separar as águas das perguntas. Daí a frase atribuída a
Galileu: “O Espírito Santo nos ensina a ir para o Céu, mas não como é o Céu”. É a importância
da separação das perguntas. Não nos diz como é o céu, no sentido de como são as coisas, na
sua componente material. Ciência é uma empresa que observa, mede, “logifica”, estabelece
em leis, tem capacidade preditiva, e pode levar à melhoria das condições de vida da
Humanidade. Com Galileu começa um possível relacionamento entre a colocação religiosa e a
científica. A visão de que é ciência ou religião (“science or religion”) é algo simplista, pois muita
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da atividade científica é praticada por pessoas crentes, religiosas, por isso, é possível esse
convívio, essa complementaridade.
(Aula 15)
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