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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

DISCIPLINA: A IGREJA NA IDADE MÉDIA

O CRISTIANISMO EM CONFLITO

(Estudo Dirigido)

 Carlos Damião da Silva Barbosa


 Johnathan Wesley da Trindade Silva
DURANT, Will. A idade da fé. Rio de Janeiro: Record, [s. d.]. (A História da
Civilização, IV). p. 459-465.

1. Que circunstâncias favoreceram o desenvolvimento do monasticismo no Ocidente?

Alguns indivíduos com força de vontade e persistência influenciaram para a


ascensão do movimento monástico. É o caso de São Bento de Núrsia, que adentrou
na vida monástica aos 15 anos de idade e que, ao fundar seu mosteiro, instituiu o
Regulamento Beneditino, um conjunto de regras escritas que foram essenciais para o
desenvolvimento da doutrina dentro dos mosteiros.

Outro indivíduo que teve bastante influência para o crescimento e credibilidade


desse movimento foi Gregório Magno, que mesmo vindo de família abastada e
tendo sido criado em meio ao luxo, não se deixou seduzir pela ganância ou pelo
apego aos bens materiais. Além de ter fundado o mosteiro de Santo André, doava
dinheiro e alimento aos pobres e necessitados.

O exemplo de tais indivíduos, aliado ao clima da Europa ocidental - que não


favorecia a prática do ascetismo solitário - deixou um campo favorável para o
desenvolvimento do monasticismo comunal no Ocidente.

2. Que papel desempenhou S. Bento de Núrsia no monasticismo ocidental?

São Bento exerceu um papel fundamental na formulação do que ficaria


conhecido como o monasticismo ocidental. Embora perdido em meio à licença
sexual de Roma, onde estudou quando jovem, aos 15 anos se refugiou da vida
mundana numa caverna ao pé de um precipício. Após ter vivido alguns anos nesta
caverna, sua fama se espalhou devido à sua persistência, o que levou alguns monges
de um mosteiro a o convidarem para ser seu abade. Os monges não aguentaram sua
rigidez, e Bento voltou a viver sozinho. Apesar disso, sua fama e credibilidade
continuou se espalhando.

Apesar da primeira dificuldade em viver em comunidade, aproximadamente


no ano de 520 mais alguns monges construíram mosteiros próximos à sua morada.
Tempos depois, fundou em Monte Cassino um mosteiro, junto com alguns desses
monges, seus seguidores mais fiéis. Lá, formulou o Regulamento Beneditino, que
posteriormente passou a ser o exemplo de outros mosteiros ocidentais.

Logo, São Bento com sua estimada rigidez doutrinal exibiu um importante
papel na organização da vida monástica no ocidente, e a construção do Monte
Cassino materializou seus ideias que foram cada vez mais passados adiante.

3. Que caracteriza a vida monástica no Ocidente como proposta na regra beneditina?

No Ocidente não se exigia nenhum voto dos iniciantes na vida monástica até
então. Bento definiu que o candidato a monge deveria primeiramente ter uma
experiência servindo como noviço, aprendendo o que seria exigido dele. Depois
desta prova, sentindo que deveria continuar, o voto era realizado. O voto deveria
ser realizado por escrito e assinado, na presença de testemunhas, depois colocado
num altar numa solenidade. A partir daí, o novo monge só poderia sair do
monastério com a permissão de seu líder, o abade.
Os monges não poderiam possuir nada, deveriam viver em pobreza. Os bens
eram todos comuns, pertenciam à comunidade. De acordo com as regras, todos
eram iguais, não poderiam ser feitas distinções pessoais, nem mesmo de condição
social. Ex-escravos eram tratados da mesma forma que os nascidos livres. Esmolas
deveriam ser dadas a quem pedisse, e os visitantes seriam recebidos “como se
fossem Cristo”.

Além de ter o dever de trabalhar sempre, a regra ainda instituía hábitos


alimentares rígidos para a comunidade: não poderiam realizar refeições até o meio-
dia, só deviam realizar uma refeição diária de setembro até à Páscoa e não podiam
ingerir carne de animal quadrúpede.

O regulamento ditava até os horários, estabelecendo “horas canônicas”, que


estabeleciam os horários em que os monges deveriam se reunir para realizar suas
orações, preces e leituras das escrituras. Eles deviam acordar às duas horas da
manhã e se deitarem ao anoitecer, na maioria das vezes sem fazer uso de luz
artificial. Além disso, reafirmava alguns princípios contidos no Evangelho ou nos
Dez Mandamentos, como “Amar a Deus de todo o coração”, “Amar ao próximo
como a si mesmo”, “Não matar”, “Não cobiçar” etc.

Com a escrita deste regulamento, São Bento de Núrsia normatizou seu


mosteiro, trazendo para a vida monástica no ocidente um padrão a se seguir, por
meio de regras escritas que até então não existiam.

4. Qual a importância dos mosteiros na sociedade da Europa ocidental, considerando a


influência que tiveram?

Os mosteiros desempenharam um papel fundamental na sociedade europeia


ocidental daquele período. Esta instituição promoveu diversos benefícios para a vida
dos indivíduos internamente e mesmo externamente.

A educação é uma das principais contribuições que os mosteiros medievais


proporcionaram para a sociedade. A administração dos mosteiros era feita através de
um abade e este possuía um regulamento pelo qual coordenava toda a vida dos
monges. Estes regulamentos, sendo um de destaque o regulamento beneditino, foram
essenciais para a construção do caráter daqueles homens que buscavam o ascetismo
comunal. Além disso, desenvolveu-se a humildade por meio do respeito à figura do
abade e do abandono de todos os bens pessoais para se viver somente com os da
comunidade. A disciplina também era desenvolvida por diversas atividades como as
“horas canônicas” e os diversos trabalhos que o monge deveria fazer nas oficinas e nas
florestas. Dessa forma, os mosteiros desempenharam o papel de difusão de virtudes
essenciais para uma vida cristã.

Outrossim, foi a repulsa da violência, e a ganância. Num período em que era


normalizado o individualismo exacerbado as doutrinas cristãs ensinavam o homem a
se livrar de seus vícios e os mosteiros compostos por várias pessoas, corroborava com a
vida em comunidade a qual um indivíduo aprendia com o outro suas virtudes. Assim
o desenvolvimento pessoal e o seguimento do cristianismo se tornava mais fácil.

Além do mais, os mosteiros eram um lugar de paz efetiva, perfeito para os


estudantes devotos. Alguns mosteiros como o Monte Cassino atingiram um patamar
de ensino universitário, promovendo diversas matérias como o direito, medicina,
gramática, literatura e teologia. A alfabetização do período era praticamente
monopolizada pelos clérigos e as obras literárias eram tão somente produzidas dentro
dessas comunidades que os clássicos só puderam ser conservados graças aos monges.

Os mosteiros adquiriram tanto privilégio que até mesmo jovens de famílias


nobres eram mandados para serem estudantes dentro dessas instituições.

Outra contribuição para os europeus foi de caráter social. Os abades exigiam


que os cuidados com os necessitados fossem feitos pelos monges, dessa forma o
mosteiro servia como um refúgio para quem fosse. A hospitalidade diz respeito aos
pobres, aos estudantes, aos ex-militares e aos que buscavam paz.

Os ensinamentos e práticas realizadas dentro e fora da instituição pelos monges


também foram essenciais para o avanço civilizatório da Europa. Eram esses indivíduos
que ensinavam os leigos rurais a lidar com as selvas, construir estradas, e até mesmo
na agricultura os monges foram essenciais para o desenvolvimento desse meio de
produção.

Portanto, os mosteiros foram uma importante instituição que instruíam


indivíduos a uma variedade de trabalhos, e de desenvolvimento pessoal e coletivo.
Foram uma peça fundamental no desenvolvimento da civilização e do conhecimento
dentro do mundo europeu.

5. Que traços são marcantes no caráter de Gregório Magno?

Desde o início de sua vida, Gregório demonstrou não ter apego aos bens
materiais nem ganância alguma. Era membro de uma família senatorial e viveu
quando jovem num palácio, além de ter herdado grande fortuna de seu pai. Apesar
disso, empregou suas riquezas na fundação de sete mosteiros e distribuiu boa parte
do que tinha aos pobres.

O palácio que possuía foi transformado no mosteiro de Santo André, onde


passou a viver como monge, num ascetismo profundo. Lá passou três anos, e,
quando foi indicado para ser embaixador em Constantinopla, continuou com seus
hábitos de monge, não se deixando seduzir pela pompa que o rodeava,
demonstrando assim humildade e persistência.

O fato de ter continuado sua alimentação frugal e barata, mesmo servindo como
embaixador e posteriormente como papa, nos mostra que Gregório era persistente e
fiel aos seus princípios, apesar dos problemas de saúde que alguns de seus hábitos
acarretaram.

Era um homem caridoso, tendo continuado se lembrando dos pobres mesmo


após ter sido consagrado papa, distribuindo mensalmente porções de comida às
famílias pobres de Roma. Por tais atitudes, Gregório Magno demonstrou ser bem
diferente de alguns sacerdotes orgulhosos de sua época, que se esqueciam dos
necessitados e se deixavam cegar pelo poder e influência.

6. Como atuou Gregório I, à época em que exercia o cargo de bispo de Roma?

Sua administração é marcada pela humildade, traço bastante característico de


sua vida religiosa a qual seu cargo como papa evidencia isso. Gregório vivia como
um verdadeiro asceta se alimentando da forma mais barata possível compartilhando
da simplicidade, assim como de seus companheiros monges e padre, mesmo tendo
grade prestígio em sua posição eclesiástica isto não impediu que o homem
cultivasse sua virtude de humildade.

Outro traço que o evidencia como virtuoso é sua dedicação a caridade.


Gregório, convidava viajantes, que necessitavam, ao palácio e fornecia hospitalidade
a eles em forma de bebidas, estalagem, alimentos e palavras de reconforto. Além
disso, às famílias pobres de Roma eram fornecidos, em sua administração,
mensalmente alimentos para auxiliar na sobrevivência desses indivíduos, roupas e
até mesmo dinheiro era concebido as famílias. Os doentes e fracos recebiam
diariamente dos agentes papais provisões cozidas. Dessa forma, fica claro que
Gregório se importava com os necessitados e os pobres. Suas ações foram voltadas a
auxiliar as populações pobres a sobreviverem naquele período caótico.

O grande papa apesar de várias doenças e preocupações que o acometia, este


ainda assim lidava com diversas responsabilidades: dedicou-se a administração
eclesiástica, política do papado, gestão da agricultura e desenvolvimento
estratégicos para o campo militar e pelos pormenores da vida humana.

Com todo o seu ascetismo e humildade sua administração foi marcada pela
prudência econômica e reformas religiosas. Reestabeleceu a disciplina em mosteiros
latinos e também no clero, como forma de suprimir a simonia, concubinagem e a
exploração nos Estados papais. Ele também era astucioso, oferecia redução de
aluguel a judeus convertidos e recebia para a igreja legados de barões que se
amedrontavam com seus sermões sobre o outro mundo.

Gregório também se envolvia no meio político e defrontava os governantes de


seu tempo e as vezes se tornava vitorioso. Seu governo elevou o poderio do papa e
seus prestígios, os Estados pontifícios da Itália central pertencentes a igreja foram
aumentados.

Portanto, conclui-se que a imagem do papa foi elevada ao prestígio graças as


suas virtudes, a igreja voltou-se para a marginalidade da sociedade e conseguiu
ajudar vários indivíduos de forma financeira e espiritual, as terras da igreja foram
aumentadas e sua independência frente aos estados foi mais uma vez evidenciada,
além disso Gregório reestabeleceu o caráter dos monges e clérigos, assim fazendo de
seu governo um dos melhores de toda igreja.

7. Analise o conteúdo e a influência dos escritos de Gregório, o Grande.

O conteúdo de seus escritos vai desde biografias como a de São Bento até livros
de teologia populares e cartas. Essas obras geralmente não tinham caráter crítico,
mas sim de referência e até mesmo místico. Seus diálogos são de caráter popular e
foram apreciados por apresentarem visões proféticas, milagres de homens santos da
Itália e visões.

Gregório, expressava em seus diálogos referência as relíquias sagradas,


conferindo-as credibilidade. Dessa forma, é preciso dizer que o papa queria passar
em seus escritos afirmações do sobrenatural que é encontrando nas relíquias, nos
homens e nos milagres.
Acerca da teologia, sua maior obra foi a Magna moralia - comentários de seis
volumes do livro de Jó. Novamente Gregório busca significação alegórica ou
simbólica mesmo entendendo o drama como uma história literal. Gregório
influenciou em sua obra com a perspectiva do entendimento da palavra de Deus,
defende que a razão não é suficiente para se chegar a uma compreensão da
magnitude de Deus.

O papa encontrou no livro de Jó a teologia Agostiniana e afirmou que a bíblia


estava acima de qualquer clássico pagão. O livro sagrado é visto como uma obra
perfeita em beleza e conteúdo. O homem também coloca a fé acima da razão quando
afirma que a segunda é limitada no entendimento do sobrenatural e o único auxílio
que teríamos seria a fé.

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