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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Disciplina: Teologia da Espiritualidade


Professora: Andreia Cristina Serrato
Alunos: Otoniel Wallysson e Rafael Tessitori

Espiritualidade Ortodoxa

Na espiritualidade bizantina vamos perceber que a religiosidade faz


parte de cada aspecto de sua vida cotidiana, e é neste âmbito religioso que
vamos perceber que a Ortodoxia afirmar e tem como base aquilo que os
Concílios foram deliberando os homens como seres imperfeitos, mas estes
mesmos homens que são levados pela ação do Espírito Santo, na pessoa do
Bispo que não significa somente um ser que era distante e que realizava os
concílios, mas sim a presença de um pai de todo o seu povo, aquela presença
amiga e que protegia as pessoas que tinham problemas e a ele recorriam, a
presença no meio dos pobres e aqueles que viviam alguma opressão, com
base naquilo que João Crisóstomo tinha vivido e convidado a viver, sendo
assim cumpridas as obrigações sociais da Igreja dentro do império bizantino,
que era uma de suas prioridades como espiritualidade a caridade.
A Espiritualidade Ortodoxa teve um papel muito importante para a vida
religiosa em Bizâncio, daí se expandindo por todos os países ortodoxos, sendo
assim dando a conhecer e compreender que a maneira mais forte de se
adentrar na espiritualidade ortodoxa é por meio monástico, e dentro da vida
espiritual ortodoxa vamos encontrar grandes formas de viver esta dimensão
espiritual, mas a oração e vivencia monástica é ainda a maior delas, sendo
uma instituição perpétua, que surgiu no século IV no Egito, e de lá foi se
espalhando por todo Cristianismo.
Logo após a conversão de Constantino a vida monástica se desenvolveu
de forma rápida e forte, nos tempos onde as perseguições eram fortemente
armadas, logo os monges eram os mártires, e corriam o sério risco de
confundir o reino de Deus com o reino terrestre, os monges então saem do
meio da sociedade e adentram ao deserto, e assim exerciam uma vida
profética, e escatológico dentro da Igreja, fazendo lembrar a todo o povo que o
Reino é de Deus e não do mundo, isso por volta de 350 DC, e até nos dias de
hoje isso é forte na Espiritualidade Ortodoxa, que podemos até observar desde
os primeiros eremitas, aqueles que viviam uma vida só em suas cabanas,
tumbas e até mesmo nas alturas das colunas.
Um grande nome da vida eremítica foi Santo Antônio do Egito (251 -
356), e também podemos citar aqui o grande pioneiro São Pacômio do Egito
(286 - 346), ele que criou a regra que São Bento irá usar futuramente, mas de
uma maneira geral dentro da espiritualidade Ortodoxa a grande tarefa é a
oração, e através dela ajudar o próximo, não sendo importante o que o monge
faz, e sim o que ele é na vida dos outros e da Igreja.
O império Bizantino então desde o século X foi a espiritualidade mais
importante de monasticismo ortodoxo sendo ele chamado de Athos, e aí se tem
um grande templo no meio da rocha no Norte da Grécia que se projeta no Mar
Egeu e termina em um alto pico de 2033 metros de altura, sendo conhecido
como uma montanha santa, ali vive mais de vinte mosteiros, e várias casas
menores, tendo também alguns eremitérios.
Sabemos que não existem Ordens no monasticismo ortodoxo, no
ocidente um monge está ligado a uma ordem cartusiana, cisterciense ou uma
outra ordem, já no oriente participa a uma fraternidade onde tem monges e
monjas, e ligados a um mosteiro particular, sendo São Basílio uma grande
figura ortodoxa, mesmo ele não fundando nenhuma, suas obras e regras são
consideradas no meio espiritual ortodoxo.
Em lugar de total responsabilidade e especial, o Imperador assume um
papel importante no ritual da Igreja, não podendo é claro celebrar a eucaristia,
mas recebendo também a sagrada comunhão, as vezes podia proferir o
sermão, e em algumas solenidades podia incensar o altar, tendo em base as
vestimentas que os bispos ortodoxos usam nos dias de hoje, para saber que
este tipo de vestimenta era do tipo que os imperadores usavam, a Igreja e o
estado formavam um só corpo, sendo que o poder do presbiterado era distinto
do poder do imperador, ambos trabalhando para uma total cooperação.
Sabendo que o Imperador e o Padre tinham uma sintonia nas ações, e
nenhum tinha mais controle sobre o outro, aqui vemos uma lei forte dentro da
Espiritualidade Bizantina, que foi regido por Justiniano e depois compreendida
em várias obras sobre a espiritualidade Bizantina.
Tanto como o imperador tinha o poder de convocar os concílios, tanto
tinha autonomia para que fossem acatadas as decisões a serem cumpridas,
mas somente ao Bispo se tinha o poder de decidir as questões da fé, porque
foram os bispos que foram escolhidos por Deus para ensinar ao povo a fé, e ao
imperador o dever de proteger a Ortodoxia, é claro que havia vezes em que o
imperador se metia nos assuntos que eram devidamente eclesiásticos, mas
quando se adentrava em uma questão básica no âmbito religioso e espiritual, a
Igreja se manifestava sua vontade particular.
Então na história espiritual da Igreja Ortodoxa sabemos que o Estado e
a Igreja, cada uma tinha sua independência, e não subordinada uma à outra,
mas caminhavam rumo a um espírito de organização para que tudo na
sociedade caminhasse bem, juntos caminhavam para que acontecesse as
políticas totalmente cristãs, tanto no governo e assim também nas vidas
cotidianas, e a espiritualidade bizantina era verdadeiramente uma grande
tentativa de colocar e aceitar as diretrizes onde se aplicava as implicações do
mistério encarnado do Cristo, os bizantinos tinham um grande desafio de
identificar o que era o Reino terreno com o Reino de Deus, o que era povo
grego e o que era o povo de Deus.
Então o grande cisma que aconteceu na espiritualidade ortodoxa,
acontece no século X, que marca o começo e a força da vida monástica, que
vinha se criando no mundo Bizantino, então por volta dos anos 860, alguns
monges que nasceram na Tessalónica, sendo eles Cirilo e Metódio, começam
a evangelizar as vilas dos eslavos, e para que melhor comunicassem a
mensagem, usam de métodos novos, usando assim também um novo alfabeto,
que hoje conhecemos como o alfabeto cirílico, que ainda é muito usado na
Rússia e em alguns países vizinhos.
O eremita Atanásio nos anos de 963, cria então um primeiro mosteiro na
ilha do Monte Athos, logo em seguida na Polónia, e depois a Rússia, usando
da imagem de seus príncipes, que se converteram ao cristianismo, em seguida
no ano 1000, se expande para a Hungria a fé cristã ortodoxa, daí temos no ano
de 1054 a grande separação entre as Igrejas, sendo a Igreja do Ocidente a
Católica de língua latina, e a do Oriente, assumindo sua ortodoxia de língua
grega, é claro que a unidade já se tinha rompido antes, por motivos de
rivalidades entre os imperadores romanos e bizantinos, até mesmo na pessoa
do Papa de Roma e os Patriarcas de Constantinopla.
Então com esta cisão se tem uma nova Igreja Cristã, conhecida como
Ortodoxas, do grego orthos, aquilo que é direito ou justo, aquilo que se
considera e se acredita numa verdadeira herança e fiel ao cristianismo original
do que a Igreja católica, esta espiritualidade bizantina usa e tem como modelo
a vida dos Padres do Deserto, que totalmente consagraram a sua vida à
oração e contemplação.
Na Igreja Ortodoxa, os monges ocupam um lugar central, como os Pais
da espiritualidade e da comunidade, um desses é Atanásio de Alexandria, que
dizia: “Deus fez-se homem para o que o homem se faça Deus”, esta teologia
teve grande influência em todo o Oriente, daí que se vê a importância que os
Ortodoxos dão as comunidades monásticas, e três destas comunidades são de
muita importância, sendo elas: o Mosteiro de Santa Catarina do Monte Sinai,
que fica no lugar onde, conforme a Bíblia, Deus se revelou e falou com Moisés
numa sarça ardente; o Stoudion, em Constantinopla, e o Monte Athos, que no
século XI contava 180 mosteiros.
Na Espiritualidade Ortodoxa, vamos ver o movimento onde se dá valor
ao Espírito Santo e três mistérios: a Trindade, a Encarnação e a
Transfiguração, esta espiritualidade que exalta o ser divino do homem que é
criado à semelhança de Deus, então os religiosos ortodoxos, acreditam muito
na teologia da beleza, e isso enxergamos em seus cantos, e nas celebrações o
uso da arte do ícone, que alastrou aos católicos e protestantes durante o
século XX.

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