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Religião em Portugal

Introdução
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Contextualização histórica
Na Península Ibérica, a implementação da religião cristã deu-se, pela primeira vez,
no ano 300 d.C, sendo esta existente desde o ano 33 d.C e tendo derivado do
judaísmo na região do Médio Oriente.
Cerca de 120 anos depois, no século V, a penetração dos bárbaros, assim como das
suas tradições pagãs nas mentes/costumes das gentes, substitui em
concorrência/sobreposição com o cristianismo.
Já a invasão dos mouros, e consequente expansão islâmica, no século oitavo
perdurou nos sete séculos seguintes, sendo para isso importante a vinda e
instalação dos judeus no século XI, que deram um novo fulgor demográfico em toda
a extensão da Península.
Com o passar do tempo, a tolerância cristã aos judeus foi diminuindo, tendo estes
sido expulsos no final do século XV. Apesar de alguns terem perdurado (os
denominados cristãos-novos, que foram forçados à conversão ao cristianismo),
aproximadamente 10 anos depois muitos foram mortos, no conhecido massacre de
Lisboa de 1506.
A partir daí (da época da reconquista), o domínio foi destacadamente da Igreja
cristã.

As diversas religiões

Cristianismo
Cristianismo é uma religião abraâmica monoteísta (ou seja, cuja origem é
reconhecida em Abraão e tem como crença a existência de apenas um Deus),
centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus, tais como são apresentados na
Bíblia.
A religião cristã é constituída por três principais vertentes: o catolicismo romano, a
ortodoxia oriental e o protestantismo.
Catolicismo Romano→ A igreja católica é a maior igreja cristã, com
aproximadamente 1,3 bilhões de católicos batizados no mundo no ano de 2017.
Como esta é a maior e mais antiga instituição internacional do mundo em
funcionamento contínuo, ela desempenhou um papel proeminente na história e no
desenvolvimento da civilização ocidental. As crenças cristãs do catolicismo são
baseadas no Credo Niceno- profissão de fé adotada no primeiro concílio Ecumênico
(concílio de bispos cristãos em Niceia).

Ortodoxia Ocidental→ A igreja ortodoxa é uma comunhão de igrejas cristãs


autocéfalas (ou seja há um bispo superior que não rege a sua igreja segundo a
autoridade de outros), herdeira da cristandade,que reconhece a superioridade de
honra do Patriarcado Eucemênico de Constantinopla (que é uma das 15 Igrejas
Ortodoxas Autocéfalas sendo o seu líder o Primaz da Ortodoxia) desde que esta
sede e a de Roma deixaram de comungar, resultando no Grande Cisma que foi a
ruptura da Igreja Cristã, formando a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja
Católica Apostólica Ortodoxa.

Protestantismo→É uma forma de criastianismo que se originou com a Reforma


Protestante do século XVI (foi um desafio religioso e político para a Igreja Católica e
para a autoridade papal, que marcou o fim da Idade Média e o início do período
moderno na Europa) sendo um movimento contra o que os seus seguidores
consideravam erros. Os protestantes rejeitam a doutrina católica romana da
supremacia papal e dos sacramentos, mas discordam entre si quanto à presença
real de Jesus na Eucaristia.

Judaísmo
O judaísmo é a religião abraâmica mais antiga, no entanto, apesar da sua longa
história que remonta até ao século XVIII a.C, o número de fiéis do judaísmo é o mais
baixo entre as religiões deste tipo, maioritariamente devido ao facto de não ser uma
religião missionária, ou seja, não propaga o judaísmo. Os cultos/reuniões são
realizados nas sinagogas, existindo ainda algumas no nosso país, como a sinagoga
de Tomar. Durante vários séculos, várias figuras judaicas mudaram o curso da
História e moldaram-na em traços de prosperidade nas mais variadas áreas, tais
como Mestre Nacim, o primeiro especialista em doenças dos olhos (medicina) e
Pedro Nunes, um grande matemático da Época dos Descobrimentos.

Islamismo
Islamismo é uma religião abraâmica monoteísta que se baseia no Alcorão, livro
sagrado considerado palavra literal de Deus. É chamado de muçulmano um adepto
desta religião. Os muçulmanos acreditam que Deus é único e o propósito da
existência é adorá-lo. Os conceitos e as práticas religiosas incluem os cinco pilares
do Islão, conceitos obrigatórios da religião, que atingem os aspetos da vida e da
sociedade.

A interação entre as religiões

Desde os anais da história da humanidade não têm faltado aqueles que acreditam -
e para acreditar, é preciso acreditar em algo - seja num Deus, que se dá a conhecer
e é Bondoso e Misericordioso para com toda a Sua criação e mesmo para com
aqueles que n’Ele não acreditam - seja nas inúmeras qualidades humanas que
reflexo da natureza divina se espelham nas atitudes de compaixão entre os seres
vivos e que nos acalentam a alma e o ser. Islão significa literalmente “submissão
voluntária à vontade de Deus”.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos inclui a “ liberdade de mudar de
religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino,
pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou
em particular ”. (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948).
A Lei da Liberdade Religiosa, que celebra os seus 22 anos de existência no
presente ano, é um assinalável progresso no garante dos direitos das comunidades
religiosas e dos seus fiéis em Portugal, mas também no plano das relações entre
estas, reconhecendo-lhes um estatuto especial - e decorrente deste, a sua liberdade
de conformação, do ensino dos seus valores e da sua publicidade, em suma, do
pleno e cabal exercício dos seus direitos - que outrora era apenas equiparado a uma
outra qualquer associação privada.
Sendo difícil e de menor importância verter para aqui todas as conquistas - é, no
entanto, de particular importância enfatizar a criação da Comissão da Liberdade
Religiosa - donde decorre um amplo diálogo e muito frutífero, designadamente na
aplicabilidade da referida Lei, mas também na concretização dos objetivos e
agendas almejados pelos seus membros, em representação dos legítimos anseios
das suas comunidades.
Mas, tão importante quanto a criação da Lei e das conquistas que dela derivam, é
falar do espírito que presidiu à criação desta. Portugal é herdeiro de uma cultura
pluralista que é exemplo mundial como prova de sã confluência entre as diversas
religiões - ancorando-se no bom acolhimento que oferecemos a todos, independente
da sua religião num bem-sucedido fenómeno de miscigenação que faz parte da
nossa história.
“O princípio da liberdade religiosa consagrado na Constituição está irreversivelmente
enraizado” na sociedade portuguesa. Negá-lo é negar a nossa natureza.” (S. Ex.ª, O
Presidente da República Portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa, 2018) Por isso, os
casos de discriminação religiosa são nulos, fazendo quase parecer que “vivemos
num Paraíso!”.

Em 2014, a temática do Diálogo Inter-Religioso foi retomada pelo Alto Comissariado


para as Migrações (ACM), tendo sido consequentemente criado, em 2015, o GT DIR
(Grupo de Trabalho do Diálogo Inter-Religioso), do qual a Aliança Evangélica
Portuguesa também faz parte. Trata-se de uma expressão bem visível da
cooperação e do bom entendimento entre as diferentes comunidades e tradições
religiosas em Portugal, numa dinâmica de convivência saudável entre todas. A AEP
reporta que continuam a existir algumas situações que deverão evoluir para um
efetivo reconhecimento da importância das religiões, tais como: os não católicos
devem cumprir os princípios de liberdade religiosa; deve-se ter em conta a afetação
de espaços a fins religiosos nos planos de ordenamento do território; ensino
religioso nas escolas públicas; o apoio espiritual deve ser assegurado do nascimento
ao luto.
A integração das comunidades islâmicas em Portugal (hoje são cerca de 53 locais
de culto e mais de 50.000 associados) foi feita de forma muito natural e espontânea,
considerando as suas origens e que a comunidade fora criada por um punhado de
jovens oriundos das ex-colónias, e tal porventura explica o sempre presente vínculo
afectivo-emocional à Pátria.
Gostamos de pensar que a CIL (Comunidade Islâmica de Lisboa) soube dar o
exemplo e percorrer a sua parte do caminho, tendo promovido diversas iniciativas
com vista à prossecução do diálogo intercultural e inter-religioso.
A CIL acredita que a Mesquita Central de Lisboa é uma Casa de Deus que é de
todos e por isso, opta por abri-la sempre à sociedade civil e à curiosidade de todos
aqueles que a queiram ir conhecer e à sua forma de viver o Islão.
Para a Comunidade Israelita de Lisboa as grandes diferenças entre a lei da
Liberdade Religiosa, anteriormente existente, e a atual Lei da Liberdade Religiosa
publicada em 2001 são: 1) Casamentos 2) Capelães/Rabinos 3) Fiscalidade O
primeiro casamento desde a publicação da nova Lei foi celebrado na nossa
Sinagoga Shaaré Tikvá em 2007. Anteriormente à publicação da Lei da Liberdade
Religiosa, os casamentos eram registados no Registo Civil antes de serem
celebrados na Sinagoga, seguindo o ritual religioso judaico. Hoje, o casamento civil
e o religioso são simultaneamente celebrados na Sinagoga, oficializado por um
Rabino (a Lei da Liberdade Religiosa veio, então, formalizar a situação).
A Lei da Liberdade Religiosa veio também equiparar a fiscalidade a que se aplicava
à pessoa colectiva da Igreja Católica. A Lei contribuiu ainda para que passasse a
existir um verdadeiro diálogo inter-religioso entre todas as confissões registadas em
Portugal, num espírito de liberdade, paz e fraternidade, diálogo esse
institucionalizado e apoiado pelo Alto Comissariado para as Migrações.

Conclusão

Bibliografia
Kahoot: https://create.kahoot.it/details/2ce385b6-899e-4e6e-8293-18d935efedb5
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica
https://www.pathsoffaith.com/pt-pt/heranca-judaica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Ortodoxa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Protestantismo
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-foi-a-ocupacao-moura-da-peninsula-
iberica/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Juda%C3%ADsmo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o
https://www.acm.gov.pt/documents/10181/0/Liberdade_Religiosa_e_Dialogo_Inter_R
eligioso_em_Portugal_2001_2021_Testemunhos_GT_DIR.pdf/57101c95-44e5-43c7-
975b-ada6a37eb839

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