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Propósito e planejamento

Seminário para a Liderança da Missão — 2019

Élder Quentin L. Cook


Do Quórum dos Doze Apóstolos
Terça-feira, 25 de junho de 2019

Nestes seminários sempre sentimos gratidão quando temos experiências espirituais


incríveis e sagradas, particularmente as que se referem ao Salvador. E foi algo
precioso vivenciar isso durante o discurso do élder Bednar. Caros líderes de missão,
em poucos dias vocês serão responsáveis por um terço de todos os missionários do
mundo. Nos próximos três anos, vocês vão treiná-los na doutrina e em muitos outros
assuntos importantes. Eles farão parte de uma porcentagem pequena mas significativa
de novos líderes da Igreja nos próximos 50 anos. Que responsabilidade
impressionante! Que oportunidade incrível de ajudar o Senhor no estabelecimento de
Sua Igreja!

Nos próximos 30 minutos, quero compartilhar com vocês duas dádivas especiais que
vocês podem conceder a seus missionários ao ministrar a eles por meio de amor e
orientação. Essas dádivas são entender plenamente o propósito deles como
missionários e aprender a planejar para alcançar esse propósito.

Essas dádivas não apenas os abençoarão durante a missão mas também por toda a vida
deles, depois que tiverem terminado a missão sob sua liderança. Essas dádivas os
tornarão melhores maridos e esposas, pais e mães, vizinhos, líderes da Igreja,
empregadores, empregados e pessoas.

Convido-os a serem pacientes com seus missionários à medida que eles aprendem a
tirar proveito dessas duas dádivas. Como uma criança que está aprendendo a andar,
um jovem que está aprendendo a jogar futebol ou alguém que está aprendendo a tocar
um instrumento musical, leva tempo para aprender a usar essas dádivas de modo
natural. Lembrem-se de que o aprendizado inclui praticar, falhar e então praticar
novamente.

Primeira dádiva: Conhecer o seu propósito


Uma das maiores dádivas que vocês podem conceder a seus missionários é a de
conhecer o propósito deles e colocar esse propósito em prática. As pessoas que
conhecem seu propósito em qualquer coisa que estejam fazendo, inclusive no trabalho
missionário, são capazes de decidir o que deve ter prioridade em sua vida em um
momento específico para que cumpram esse propósito.

O propósito missionário, conforme explicado no manual Pregar Meu Evangelho, é


“convidar as pessoas a achegarem-se a Cristo, ajudando-as a receber o evangelho
restaurado por meio da fé em Jesus Cristo e em Sua Expiação, do arrependimento, do
batismo, do recebimento do dom do Espírito Santo e da perseverança até o fim”.1 Esse
propósito foi ensinado diversas vezes neste seminário. Vocês também precisarão
ensiná-lo a seus missionários regularmente.

À medida que vocês ajudarem seus missionários a se sentirem completamente


comprometidos com o propósito de serem emissários de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, eles serão inspirados, elevados e motivados a realizar a obra de coligação
de Israel. O Salvador ressuscitado disse a Seus fiéis seguidores que eles foram
enviados para fazer discípulos de todas as nações encontrando pessoas, ensinando e
batizando.

Conhecido como o Grande Encargo, que se encontra em Mateus 28:19–20, o convite


feito pelo Senhor a eles e a vocês está destacado na mensagem da Primeira
Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos que lemos no começo do novo manual
do missionário que vocês receberam ontem: Padrões missionários para os discípulos
de Jesus Cristo.

“Estimado missionário,
Após Sua ressurreição, Jesus Cristo apareceu a Seus discípulos e ordenou a eles:
‘[Fazei discípulos de]’ (ver nota de rodapé a de Mateus 28:19) ‘todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar
todas as coisas que eu vos tenho mandado’ (Mateus 28:19–20).

Você foi chamado por revelação por intermédio dos servos escolhidos de Deus para
auxiliar os apóstolos nessa grande obra de levar o evangelho de Jesus Cristo ao mundo
a fim de ‘fazer discípulos de todas as nações’.”2

Achei que seria útil analisar cronologicamente a declaração feita pelo Senhor acerca
de Seu propósito ao longo da história revelada. Não temos tempo para ler todas as
passagens relevantes, mas leremos o suficiente para ver que nosso indispensável
propósito missionário foi declarado desde o princípio dos tempos.

Livro de Moisés

A mais antiga referência ao ponto central do propósito missionário, a doutrina de


Cristo, encontra-se no livro de Moisés. Vocês devem lembrar que quando Adão e Eva
ofereceram um sacrifício como lhes fora ordenado, um anjo do Senhor apareceu a eles
e ensinou: “Portanto, farás tudo o que fizeres em nome do Filho; e arrepender-te-ás e
invocarás a Deus em nome do Filho para todo o sempre. E naquele dia desceu sobre
Adão o Espírito Santo (…). E assim o Evangelho começou a ser pregado (…). E
assim foram confirmadas todas as coisas a Adão por uma santa ordenança”.3

Livro de Mórmon

O próximo anúncio importante do propósito missionário em nosso cânone de


escrituras se encontra no Livro de Mórmon, aproximadamente 550 anos antes do
nascimento de Cristo. Em 2 Néfi 31, lemos que a porta pela qual entramos no
caminho estreito e apertado é o “arrependimento e o batismo com água; e vem, então,
a remissão de (…) pecados pelo fogo e pelo Espírito Santo”.4 Néfi prossegue,
dizendo: “Não haveríeis chegado até esse ponto se não fosse pela palavra de Cristo,
com fé inabalável nele. (…) Portanto, se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com
a palavra de Cristo, e perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida
eterna”.5

Observem os cinco pontos da doutrina de Cristo mencionados nesses versículos, os


quais constituem parte essencial do propósito missionário:
1. Ter fé em Cristo
2. Arrepender-se
3. Ser batizado
4. Receber o dom do Espírito Santo
5. Perseverar até o fim

Novo Testamento

Passamos então para o Novo Testamento, quando o Salvador mortal, antes de sofrer e
morrer por nossos pecados, declarou: “Aquele que não nascer da água e do Espírito
não pode entrar no reino de Deus”.6

Depois, imediatamente após Sua ressurreição, o Salvador enfatizou vigorosamente o


propósito missionário, em Sua mensagem mais importante. Isso está registrado nos
últimos capítulos de Mateus, Marcos, Lucas e João.

Conforme mencionado anteriormente, o relato de Mateus termina quando o Senhor


ressuscitado dá a Seus discípulos o Grande Encargo, o mandamento de fazer
discípulos: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado”.7

O evangelho de Marcos termina com um mandamento similar: “Ide por todo o mundo,
pregai o evangelho a toda criatura”.8

Lucas termina seu relato do evangelho com uma mensagem bem semelhante proferida
pelo Salvador ressuscitado: “Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo
padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dos mortos; e em seu nome se pregasse o
arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações”.9

No último capítulo de João, ouvimos a instrução muito pessoal dada pelo Salvador ao
apóstolo Pedro, quando o Senhor perguntou a ele: “Amas-me (…)?” Pedro respondeu:
“Tu sabes que te amo”. Essa pergunta e resposta ocorreram três vezes, e a resposta do
Senhor para cada uma delas foi “apascenta os meus cordeiros”, “apascenta as minhas
ovelhas” e “apascenta as minhas ovelhas”.10

Pouco antes de ascender ao céu, conforme registrou Lucas no livro de Atos, o


Salvador ordenou que Seus apóstolos fossem “testemunhas [Dele] (…) até os confins
da terra”.11 Essa foi Sua mensagem final antes de ser levado para o céu.

Livro de Mórmon

Conforme registrado em 3 Néfi, pouco após Sua ressurreição em Jerusalém, o


Salvador apareceu ao povo que estava reunido no templo, em Abundância, no
hemisfério ocidental. Naquela ocasião, Ele declarou: “E os que crerem em mim e
forem batizados, esses serão salvos; e eles são os que herdarão o reino de Deus. (…)
Em verdade, em verdade vos digo que esta é minha doutrina e dela vos dou
testemunho, vindo do Pai; e todo aquele que crê em mim, crê também no Pai; e a ele o
Pai dará testemunho de mim, pois visitá-lo-á com fogo e com o Espírito Santo. (…) E
novamente vos digo que vos deveis arrepender (…) e [perseverar] até o fim e
vivereis; porque àquele que perseverar até o fim, darei vida eterna”.12 Observem
novamente os cinco pontos da doutrina de Cristo que são o ponto central do propósito
missionário.

Doutrina e Convênios

Vamos adiantar-nos agora até o século 19, quando a plenitude do evangelho de Jesus
Cristo, também conhecida como a doutrina de Cristo, foi restaurada. O profeta Joseph
Smith tinha 23 anos quando terminou a tradução do Livro de Mórmon, em junho de
1829. Nos poucos meses antes do término, nove seções de Doutrina e Convênios
continham chamados para o trabalho missionário. Cinco das seções — 4, 6, 11, 12 e
14 — começam essencialmente com o mesmo versículo: “Uma obra maravilhosa está
para iniciar-se entre os filhos dos homens”.

A Igreja foi organizada na quarta-feira, dia 6 de abril de 1830. Seis meses depois,
quatro revelações referentes ao trabalho missionário foram recebidas. Uma delas, a
seção 31, é uma das primeiras seções em Doutrina e Convênios contendo mais
detalhes sobre o trabalho missionário. Muitas outras seções destacam o nosso
propósito missionário e o mandamento de fazer discípulos de todas as nações.13

A seção 31 contém as quatro mensagens a seguir que são hoje de particular


importância para vocês, líderes de missão.

1. “Eleva o coração e regozija-te, pois é chegada a hora de tua missão”.14 Espero


que sintam essa alegria ao se prepararem para entrar no campo missionário.
2. “Anunciarás as coisas que foram reveladas a meu servo Joseph Smith
Júnior.”15 Quando estávamos preparando o manual Pregar Meu Evangelho, o
presidente Hinckley nos instruiu a nos certificarmos de que toda a doutrina que
foi ensinada pelos missionários desde a Restauração da Igreja fosse incluída
nas lições do capítulo 3.
3. “[Eu, o Salvador,] abrirei o coração do povo e eles te receberão. E pelas tuas
mãos [Eu, o Salvador,] estabelecerei uma igreja.”16 Vocês devem notar que é o
Salvador que estabelece a Igreja, e os missionários são as mãos Dele, ou Seus
emissários. Um importante princípio adicional precisa ser enfatizado aqui.
Trata-se do princípio de que nem mesmo o Salvador interfere no arbítrio
individual: “E por isso eu disse: Se os desta geração não endurecerem o
coração, estabelecerei minha igreja entre eles”.17 Seus missionários, porém,
precisam entender que há muitos que não endurecerão o coração: “E vós sois
chamados para efetuardes a reunião de meus eleitos; pois os meus eleitos
ouvem a minha voz e não endurecem o coração”.18
4. “E ser-te-á indicado pelo Consolador o que fazer e aonde ir.”19 Outra forma de
dizer isso é que devemos seguir o Espírito, conforme ensinado no capítulo 4 do
manual Pregar Meu Evangelho.

O capítulo 1 do manual Pregar Meu Evangelho descreve detalhadamente a doutrina


de Cristo no que se refere ao propósito de seus missionários. Lemos ali: “O evangelho
de Jesus Cristo define sua mensagem e seu propósito, ou seja, ele determina o ‘quê’ e
o ‘porquê’ do trabalho missionário”.20 É declarado de modo simples: “Aqueles que
exercem fé em Cristo, arrependem-se de seus pecados e são batizados em nome de
Cristo podem ser santificados pelo Espírito Santo. Se perseverarem até o fim, estarão
sem manchas perante Cristo no último dia e entrarão no descanso do Senhor”.21

Como podem ver em nosso breve resumo, o propósito missionário e a conclamação


para “fazer discípulos de todas as nações” foram anunciados desde o princípio dos
tempos a Adão e a Eva. O Senhor, por meio de Seus profetas e apóstolos e Sua
própria voz, continua a declarar o propósito missionário. Nas missões que entendem
seu propósito, vi que os missionários, os membros e toda a missão são abençoados e a
Igreja é fortalecida. Convido-os a imergir profundamente sua missão no grandioso e
glorioso propósito de fazer discípulos encontrando, ensinando, batizando e
confirmando pessoas que cumpram os requisitos para o batismo, conforme lemos
em Doutrina e Convênios 20:37.

A segunda dádiva: Planejamento e metas


A segunda dádiva que vocês oferecerão a seus missionários é a de ensinar-lhes como
planejar, como estabelecer metas e cumprir até o fim os planos que fizeram para
alcançar suas metas justas. Muitos jovens têm dificuldade de entender a importância
dessa extraordinária dádiva e usá-la para seu benefício. No entanto, à medida que seus
missionários aprenderem o motivo pelo qual essa dádiva é importante para eles e para
as pessoas que eles encontram, e à medida que eles praticarem e aprenderem a
planejar e a estabelecer metas justas, eles vão adotar o planejamento, o
estabelecimento de metas e a implementação de seus planos até o fim para cumprirem
seu propósito missionário.

Naturalmente, os missionários que aprenderem a tirar proveito dessa segunda dádiva


especial continuarão a usá-la pelo resto de sua vida, após voltarem para casa. Aqueles
que aprenderem a planejar e a estabelecer metas adequadas terão mais sucesso na
vida. O fato de terem aprendido a planejar e a estabelecer metas adequadas vai
abençoá-los na família, nos estudos e no emprego. A despeito do que decidam fazer
na vida, eles terão sucesso caso aprendam a planejar, a estabelecer metas e a cumprir
seus planos até o fim.

O sentimento que os missionários levarão consigo a respeito de sua missão geralmente


é determinado pelo modo como as metas e o planejamento são utilizados. Dois
extremos relacionados às metas missionárias foram um problema antes da
apresentação do manual Pregar Meu Evangelho em 2004 e, até certo ponto, ainda
existem hoje.

De tempos em tempos, em vez de concentrar os missionários na edificação de alas e


ramos e em ajudar o Senhor a estabelecer Sua Igreja, alguns líderes de missão se
concentravam exclusivamente em batismos.

Os líderes e membros locais geralmente ficam descrentes se um líder da missão não se


concentra em um crescimento real. Isso geralmente é medido por uma combinação de
batismos, frequência à reunião sacramental, avanços no sacerdócio, trabalho no
templo para os familiares falecidos e selamentos no templo.

O problema geralmente começa com a meta de um grande número de batismos que


mais parece uma quota imposta aos missionários, alas, estacas e missões. A edificação
e o fortalecimento do ramo ou da ala local por meio de um crescimento real se perdem
na ênfase excessiva em números, em vez do enfoque em “fazer discípulos”.

No entanto, também deve ficar claro que, no outro extremo do espectro, antes da
apresentação do manual Pregar Meu Evangelho em 2004, alguns presidentes de
missão se sentiam pouco à vontade em prover sequer um vislumbre do que os
missionários poderiam realizar por meio de um planejamento cuidadoso com foco nas
necessidades das pessoas e do estabelecimento de metas adequadas. Em outras
ocasiões, alguns líderes de missão e missionários chegavam a ter pavor de qualquer
forma de planejamento e estabelecimento de metas. Achavam erroneamente que o
planejamento e o estabelecimento de metas eram uma abordagem empresarial ou um
método indevido de pressionar as pessoas.
Entendam que o devido planejamento e o estabelecimento de metas são essenciais
para ajudar a estabelecer a Igreja por meio de um crescimento real. Seria justo dizer
que onde não há visão, metas, nem prestação de contas, geralmente há muito pouco
sucesso ou crescimento.

Além dos capítulos 1 e 3 do manual Pregar Meu Evangelho, nenhum outro capítulo
foi mais trabalhado em espírito de oração do que o capítulo 8, “Como posso usar o
tempo com sabedoria?” Os líderes de missão que aprenderem a ensinar o capítulo 8
com o devido equilíbrio entre o planejamento para atender às necessidades das
pessoas que seus missionários encontram e ensinam e o devido estabelecimento de
metas, abençoarão os missionários, os ramos, as alas e as missões por muitos anos
pela frente.

Um esforço e um enfoque unidos nos quais o planejamento e o estabelecimento de


metas por parte dos missionários se alinham com o planejamento e o estabelecimento
de metas da ala ou do ramo podem ser muito úteis para a realização da obra de
coligação de Israel.

Precisamos seguir o Espírito e nos concentrar nas pessoas, individualmente, em vez de


nos concentrar no número de batismos. Lemos no manual Pregar Meu Evangelho: “O
estabelecimento de metas e o planejamento são atos de fé. Em espírito de oração,
estabeleça metas que estejam em harmonia com o mandamento do Salvador: ‘Ensinai
todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo’
(Mateus 28:19)”.22 Além disso, conforme disse o presidente J. Reuben Clark, “a fé
(…) é uma força inteligente”. (…) Ela é superior a todas as outras forças que
conhecemos e prevalece sobre elas”.23

Como vocês podem aumentar a fé que seus missionários têm?

Em primeiro lugar, para aumentar a fé que seus missionários têm, sugiro que usem
como modelo e exemplo os missionários bem-sucedidos do Livro de Mórmon, como
Amon e os filhos de Mosias.

Em segundo lugar, vocês podem também incluir experiências de missionários desta


dispensação. Por exemplo, pensem nos primeiros missionários que foram à Grã-
Bretanha. Wilford Woodruff teve sucesso nas olarias da Inglaterra, mas estava
próximo do Espírito, de modo a ser orientado para ir até bem mais ao sul, até a região
de Hereford, onde foi conduzido a pessoas completamente preparadas para receber o
evangelho. Por fim, aproximadamente 1.800 pessoas foram batizadas.
Em terceiro lugar, compartilhem experiências que ocorreram em sua própria missão
que promovam a fé . E por favor, lembrem-se de que são as missões que batizam —
não os missionários individualmente. Certifiquem-se de que aqueles que encontram,
os que ensinam e os que batizam um converso compartilhem a experiência juntos.
Pensem em se concentrar na pessoa batizada, e não no missionário que realizou o
batismo propriamente dito.

Uma experiência pessoal que tive há vários anos demonstrou profundamente para
mim a importância da fé, do planejamento, do estabelecimento de metas, dos convites
e da implementação dos planos, para ajudar as pessoas que nossos missionários
encontram e ensinam.

Há muitos anos, quando eu servia como jovem bispo na Califórnia, duas excelentes
missionárias de San Francisco estavam ensinando um casal muito influente, seu filho,
que frequentava a Universidade Stanford, e a filha, que estava no Ensino Médio. O pai
era consultor jurídico da empresa Standard Oil, agora Chevron. As missionárias
ensinaram todas as lições, mas, de repente, houve uma imensa oposição. Aquele
maravilhoso casal estivera frequentando uma igreja cristã local e tinha se
comprometido a fazer uma grande doação monetária para a construção de um novo
local de adoração. Quando os amigos descobriram que a família estava recebendo as
missionárias, inundaram a família com literatura contrária à Igreja. Amigos influentes
telefonaram para eles e os visitaram.

As sísteres planejaram cuidadosamente como poderiam ajudar aquele casal a


continuar seguindo o caminho da conversão. Parte de seu plano foi pedir que eu as
acompanhasse, como o bispo da ala, em uma lição a fim de responder às perguntas do
pai. Quando entramos em sua bela casa, havia ali uma caixa cheia de literatura
contrária à Igreja. Depois de calorosos cumprimentos e durante a primeira oração, tive
a forte impressão de que o pai já sabia que o evangelho era verdadeiro. Aquilo foi
significativo, porque as sísteres tinham me dito que achavam que a esposa e os dois
filhos haviam recebido um testemunho, mas elas não tinham certeza quanto ao pai.
Depois da oração, expliquei que eu tinha tido uma forte impressão espiritual de que
ele já sabia que a Igreja era verdadeira. Perguntei-lhe se eu estava certo. Ele olhou
para a caixa com publicações contrárias à Igreja e respondeu que realmente sabia que
ela era verdadeira. Eu lhe disse que estava muito disposto a conversar sobre cada uma
daquelas publicações, mas se ele já havia recebido uma resposta do céu, será que isso
seria necessário? Ele disse que não, mas tinha duas perguntas. Uma delas se referia ao
compromisso que tinha assumido com a outra igreja. Ele sabia que teria de pagar o
dízimo, mas se sentia moralmente obrigado a honrar a promessa que ele fizera de
ofertar aquela grande contribuição. Assegurei-lhe que isso seria muito adequado. Sua
segunda preocupação era com um aspecto da Palavra de Sabedoria, o qual
conseguimos resolver.

Depois que saímos da casa deles, as sísteres exclamaram: “Você foi maravilhoso!” Eu
respondi: “Não, vocês foram maravilhosas. Vocês percebem o que fizeram?
Ensinaram o evangelho a eles e os convidaram a ler o Livro de Mórmon”. E foi o que
a família fez. “Vocês ensinaram-lhes a orar a respeito de sua mensagem. Eles
aceitaram esse convite, colocaram-no em prática e, como resultado, puderam receber
suas próprias respostas do céu — respostas tão poderosas que eles não puderam negar
que sabiam ser verdade. Vocês ensinaram vigorosamente a respeito do dízimo e eles
adquiriram um testemunho desse princípio. Ensinaram a Palavra de Sabedoria e
permitiram que eles colocassem a vida deles em harmonia com esse princípio.”
Também cumprimentei as missionárias por terem pedido que duas fiéis irmãs da
Sociedade de Socorro visitassem a família e os acompanhassem à reunião
sacramental.

Todos os quatro membros daquela família foram batizados. Participei do selamento


deles no templo um ano depois, e o filho partiu para uma missão no Japão. Todos
permaneceram fiéis na Igreja. Os pais já faleceram. A família continuou forte e fiel.

Nunca subestimem a importância do planejamento, do estabelecimento de metas


ligadas às necessidades das pessoas que estão sendo ensinadas, e dos convites — tudo
isso com fé no Senhor. A frequência à reunião sacramental é o melhor indicador de
conversão e retenção. Todo planejamento missionário deve incluir o empenho de
ajudar as pessoas a frequentarem a reunião sacramental.

O objetivo final do planejamento e do estabelecimento de metas é fazer discípulos —


ou seja, ter conversos consagrados que façam e cumpram convênios sagrados,
começando pelo convênio batismal que conduz aos convênios do templo.

Os batismos que não fazem discípulos não estabelecem a Igreja com alas e ramos
fortes e não conduzem ao templo, deixando de cumprir o propósito do Pai Celestial
para Seus filhos.

O élder Dieter F. Uchtorf enfatizou nesse seminário a importância de os conversos


virem e permanecerem, assim como de virem e verem e de fazerem parte disso.
Precisamos fazer o melhor que pudermos para alcançarmos esse objetivo de vir e
permanecer. Alguns de vocês sabem que o élder Jeffrey R. Holland e eu fomos
missionários na mesma época, na Missão Britânica. Ele foi um missionário incrível.
Seu discurso da noite de domingo sobre “propósito” foi inspirador. Trabalhamos
juntos em conselhos de liderança e fomos até companheiros por um algum tempo, no
final de nossa missão.

Durante o tempo que passamos juntos, oramos, estudamos e trocamos ideias sobre
como poderíamos ensinar visando a conversão. Ambos tivemos a bênção de ver
alguns dos primeiros conversos já frequentarem o templo. Também vimos algumas
pessoas que tinham sido batizadas se afastarem. Era claro que onde um forte
compromisso era combinado com um ensino vigoroso, os conversos que cumpriam
esses compromissos tinham maior probabilidade de fazer e cumprir os convênios que
ensinávamos, e outros também.

Quase no fim do processo inspirado de redigir, publicar e apresentar o manual Pregar


Meu Evangelho em 2004, algo que envolveu todos os Doze e a Primeira Presidência,
o élder Holland nos enviou uma carta final do Chile, onde estava presidindo na época.
A parte essencial daquela carta se tornou o conteúdo final colocado no manual Pregar
Meu Evangelho. Ela contém a preocupação com o crescimento real sobre o qual vocês
ouviram e será meu convite final para vocês. Nela lemos o seguinte:

O compromisso de permanecer ativo na Igreja

“O trabalho missionário tem maior eficácia quando as pessoas assumem e cumprem o


compromisso de permanecerem ativas na Igreja durante toda a vida. Não é suficiente
que as pessoas simplesmente frequentem a Igreja. Elas precisam permanecer ativas.
Todo seu ensino e seus convites precisam ser direcionados a esse objetivo. Para
receber todas as bênçãos que nosso Pai Celestial reservou para eles, os membros
precisam continuar a viver o evangelho e ser ativos na Igreja.

Néfi ensinou: ‘E agora, meus amados irmãos, depois de haverdes entrado neste
caminho estreito e apertado, eu perguntaria se tudo terá sido feito. Eis que vos digo:
Não; (…) deveis, pois, prosseguir com firmeza em Cristo (…) [e perseverar] até o
fim, [e] eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna’ (2 Néfi 31:19–20).

Esforce-se ao máximo para ajudar as pessoas a se qualificarem para a ‘vida eterna,


que é o maior de todos os dons de Deus’ (Doutrina e Convênios 14:7).”24

Conclusão
A dádiva da vida eterna é o maior de todos os dons de Deus. Suas outras dádivas
incluem as duas que vocês podem compartilhar com seus missionários: a dádiva de
conhecer o propósito deles e colocá-lo em prática, e a dádiva de planejar e estabelecer
metas para cumprir esse propósito.
Como mencionei, quando seus missionários receberem e utilizarem essas dádivas, isso
vai abençoá-los na missão e durante toda a vida deles.

Reflitam um pouco sobre o fato de que vocês terão uns quatrocentos ou quinhentos
missionários que servirão em sua missão nos próximos três anos. Quando eles se
casarem e tiverem seus próprios filhos, o número de pessoas que serão abençoadas
pelo fato de seus missionários terem aprendido a importância de identificar seu
propósito e de usar o planejamento e o estabelecimento de metas para cumprir esse
propósito aumentará exponencialmente.

Testifico, como lemos no manual Pregar Meu Evangelho, que “o verdadeiro


propósito de Deus — Sua obra e Sua glória — é permitir que cada um de nós desfrute
todas as Suas bênçãos. Ele providenciou um plano perfeito para cumprir Seu
propósito. (…) Jesus Cristo é o ponto central do plano de Deus. Por meio de Sua
Expiação, Jesus Cristo cumpriu o propósito de Seu Pai e tornou possível para cada um
de nós desfrutar a imortalidade e [vida eterna]”.25

Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Versão: 6/19. Tradução de Purpose and
©•2019
Planning. Portuguese. PD60009169•059© 2018 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Versão: 4/18.

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