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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

INTRODUÇÃO

Caro (a) irmão (ã) coordenador (a) de Ministério,


Shalom!

Você tem em mãos o Manual do Ministério para o ano de


2022. Neste ano, todo o ministério de Primeiro Anúncio
(Evangelização, Servos de Seminário e Oração e
Aconselhamento) irá viver o Módulo básico como
formação mensal/semanal com todos os membros. O
objetivo é que todos conheçam a base e a mentalidade de
cada serviço dentro do ministério. Mesmo os que já estão
servindo a mais tempo, serão chamados a renovar o
conhecimento e o exercício na missão que Deus confia hoje.

Ordinariamente o Módulo Básico tem como objetivo


principal preparar os novos membros do ministério para que
possam servir de forma eficiente, entendendo o verdadeiro
sentido do seu serviço e sabendo que o serviço na vinha é
uma autêntica via de santificação.

Gravamos um vídeo explicando o presente Manual, para lhe


auxiliar ainda mais na sua aplicação ao longo do ano. Poderá
encontrá-lo no seguinte link: https://lnk.bio/0y6I

LITERATURA BÁSICA

Neste ano, o livro base que deve acompanhar a formação é o


lançamento é o “10 dicas sobre Seminário de Vida no
Espírito Santo”, lançado pelas Edições Shalom em 2021. O
coordenador deve animar os membros a adquirirem o livro
para melhor exercerem a própria missão.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

PROGRAMA DE FORMAÇÃO

Devido a vivência do Módulo básico, viveremos um novo


formato de aplicação da formação. As missões GT1 a GT3 que
ainda reúne todos os serviços do Primeiro Anúncio no
mesmo dia para a formação, seguirá com todos o exemplo a
seguir:

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana 4ª. Semana

SERVOS APOSTÓLICOS MÓD. BÁSICO MÓD. BÁSICO MÓD. BÁSICO ORAÇÃO E


BLOCO PRIMEIRO SERVOS DE ACONSELHAMENTO
ANÚNCIO/ SEMINÁRIO
EVANGELIZAÇÃO

OBS: Os dias de serviço precisarão ser em dias diferentes da formação.

As missões a partir da fase Edificados na Rocha a Alma da Cidade, que


já possuem os antigos serviços do Primeiro Anúncio como ministérios
independentes que compõe o Setor Querigma da missão, viverão a
formação da seguinte maneira:

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana 4ª. Semana

SERVOS APOSTÓLICOS MÓD. BÁSICO MÓD. BÁSICO DE DIA LIVRE


BLOCO PRIMEIRO CADA MINISTÉRIO
ANÚNCIO

OBS: Os dias de serviço precisarão ser em dias diferentes da formação.

Aquisições dos links das formações em vídeo

Preparamos para vocês uma plataforma onde serão


assistidas as formações. Para ter acesso será necessário
seguir as orientações descritas no seguinte documento (é
de suma importância a sua leitura):
Plataforma de vídeo Hotmart.pdf

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Deixamos à disposição tanto o link de petição dos vídeos:


https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdGRBq0Y4
r1Xwxsb73F4s-cnhOlabiYM5DsaR5O5Im3v2ncqQ/viewf
orm
como a plataforma na qual será assistida:
https://space.hotmart.com/es/videocomshalom/produc
ts

Orientação sobre o mês de Junho

No mês de Junho extraordinariamente haverá dois Servos


Apostólicos, com o intuito de aprofundar a dimensão do
sagrado na Obra. Frente a isso, o coordenador do ministério
deverá ver em que momento é mais conveniente passar as
formações orientadas para esse mês, para não perder o
ritmo próprio do Manual, nem deixe de atender à
convocação dos Servos Apostólicos.

Dia livre para a execução do Ministério

Os dias livres serão para que o Ministério possa exercer o


serviço na Obra. Ele poderá ser organizado pelo coordenador
do Ministério a partir da sua necessidade. Não precisará ser
necessariamente na segunda semana e na quarta, o
coordenador tem liberdade para discernir a melhor forma.

A intenção principal dos dias livres é que o membro do


ministério tenha tempo para SERVIR! A obra necessita dos
ministérios para funcionar bem. Se os membros da obra não
servem, isso compromete o seu sadio crescimento.

A primeira tarefa do coordenador do ministério é amar e,


com isso, formar os membros do seu ministério para a oferta
do dom de si a Deus, à Igreja, à Obra Shalom. Que cada

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

membro descubra a alegria de servir através dos conteúdos


formativos e do testemunho dos que estão a mais tempo na
caminhada.

Obrigada pela sua oferta de vida, que fecunda em bons


frutos nesta parte da Vinha do Senhor, que é a Obra Shalom.

Assistência Apostólica
Conteúdo Obra - Assistencia de formação

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.GRADE FORMATIVA.
Formação Tema Objetivo

Bloco 1ª Experiência Levar o participante


Primeiro com Deus e o a entender a dinâmica do serviço mediante
anúncio serviço a memória da experiência do amor de
Deus.

2ª Histórico da RCC Compreender que somos frutos de uma


e o lugar do corrente de graça na Igreja e uma resposta
Carisma Shalom para a nova evangelização.
nela.

3ª Sentido de Gerar o sentimento de pertença nos


pertença participantes a partir da identificação com
o Carisma Shalom e a vivência na Obra
Shalom

4ª Evangelização Inserir os participantes na dinâmica


como primazia evangelizadora e no ímpeto missionário do
do Carisma fundador.
Shalom.

5ª Batalha Levar à consciência da batalha espiritual


Espiritual que o ministro vai ter, sendo consciente da
necessidade das armas (vida sacramental) e
uma vida coerente.

6ª Dons do Espírito Conhecer os dons do Espírito Santo,


Santo + Oficina aprender a utilizá-los na evangelização
de Dons

7ª Missão do Forjar no coração de cada membro a


Bloco ministro de compreensão que o serviço do Oração e
Oração e oração e Aconselhamento é levar a pessoa a ter uma
aconselha aconselhamento experiência com o Ressuscitado que Passou
mento Shalom pela cruz

8ª Sentido Cristão Que cada um saiba dar sentido ao


do Sofrimento sofrimento e saber orientar aqueles que
Humano sofrem a também dá-lo

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

9ª A Oração de Levar cada membro do ministério a


cura interior conhecer do que se trata a cura interior e
como proceder.

10ª Como discernir Ajudar a discernir os casos espirituais,


casos espirituais, psicológicos ou físicos.
psicológicos, ou
físicos

11ª O Perfil e a Que conhecendo o perfil e a espiritualidade


Espiritualidade do ministro de Oração e Aconselhamento
do Ministro de cada um possa se identificar e trabalhar nos
oração e pontos fracos. Preparando os membros a
aconselhamento reconhecer as tentações e as posturas a
evitar.

12ª Maria no Maria no Ministério de oração e


Ministério de aconselhamento
oração e
aconselhamento

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

FORMAÇÃO 1.
TEMA

A Experiência com Deus e o Serviço.

OBJETIVO

Levar o participante a entender a dinâmica do serviço


mediante a memória da experiência do amor de Deus.

METODOLOGIA

Pregação em vídeo.

LINHA CONDUTORA

● A conversão e a experiência com Deus são


fundamentos da vida de serviço.
● Fazer memória: sves, experiência com Deus, grupo de
oração, acompanhamento pessoal e etc.
● Sentido do serviço: a resposta de gratidão a partir do
que foi recebido de Deus.
● O caminho da salvação e da santidade passam pelo
serviço do outro.

RECURSOS DA FORMAÇÃO

“O mundo só encontrará a paz se encontrar Jesus, e é este


Jesus que nós devemos proclamar em todo o tempo e lugar.
Para instaurar a paz nos corações e no mundo o Senhor nos
chama a anunciar Jesus Cristo e a formar autênticos filhos
de Deus. Devemos Levar a todos aqueles que o Senhor nos

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

enviar, o que Ele ordenou quando enviou os seus discípulos:


“paz a esta casa”, e ali, pelo poder de Jesus, estabelece a
paz,anunciando o Evangelho, o Reino de Deus que está
próximo curando os enfermos,derramando o Espírito Santo,
estabelecendo assim o Shalom de Deus” ( Escritos Shalom
07).
● Inicie com um breve momento de louvor a Deus por nos
confiar esse ministério, em seguida faça um forte clamor
ao Espírito Santo suplicando que ele abra o nosso coração
para amá-lo por meio do serviço.
● Nossa formação será por meio de um vídeo, onde
escutaremos sobre a experiência com o amor de Deus
que naturalmente despertará em nós o desejo de serviço
na Vinha dele.
● Finalizar este momento com um testemunho de serviço,
acerca da experiência com Deus ao servir na vinha do
Senhor. Partilhar a graça na vida do outro a partir do meu
serviço.
● Realizar a leitura dos Escritos Shalom ( página 61).

PARA APROFUNDAR

Orientar os membros a rezarem com a Evangelii Gaudium -


Motivações para um renovado impulso missionário, 262-263.
A partir da leitura e escuta de Deus, os membros deverão
apresentar na próxima formação, sugestões de como tornar
concreto dentro do ministério este renovado ardor pelo
serviço e de que maneira cada um poderá contribuir para a
realização das ações sugeridas. Se comprometendo assim,
verdadeiramente com a parte da vinha que foi confiada a
cada um.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 2.
TEMA

Histórico da RCC e o lugar do Carisma Shalom nela.

OBJETIVO

Compreender que somos frutos de uma corrente de graça


na Igreja e uma resposta para a nova evangelização.

METODOLOGIA

Vídeo, texto e partilha.

LINHA CONDUTORA

Assistir o Documentário que conta a história da RCC. Após o


vídeo, o ministério pode ser dividido em pequenos grupos
para uma breve reflexão, com o auxílio de um texto do Papa
Francisco (ANEXO). Para isso teremos algumas perguntas:

1. Qual a importância desse conhecimento sobre o


histórico da RCC?
2. Como podemos favorecer ainda mais a unidade
dos movimentos e comunidades frutos da RCC?
3. O Papa Francisco disse que espera que a RCC
partilhe com todos a graça do Batismo no Espírito
Santo. Como nós, Shalom, podemos atender esse
pedido do Papa Francisco?

RECURSOS DA FORMAÇÃO

● Documentário 50 RCC
https://www.youtube.com/watch?v=21kHxf7p-5k

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

ANEXO 1

DISCURSO
Papa Francisco fala aos participantes da
37ª Convocação Nacional da Renovação Carismática Católica

Domingo, 1º de junho de 2014


Boletim da Santa Sé

Tradução: Liliane Borges

Queridos irmãos e irmãs !


Eu os agradeço pela acolhida. Certamente alguém falou para os organizadores que
eu gosto muito dessa música, “Vive Jesus, o Senhor”. Quando eu celebrava na
catedral de Buenos Aires a Missa com a Renovação Carismática, após a consagração,
e depois de alguns segundos de adoração em línguas, cantávamos esta canção com
tanta alegria e com força, como vocês cantaram hoje. Obrigado! Senti-me em casa!
Agradeço a Renovação no Espírito, o I’CCRS e a Fraternidade Católica, por este
encontro com vocês, que me dá tanta alegria. Agradeço também a presença dos
primeiros que tiveram uma forte experiência do poder do Espírito Santo, creio que a
Paty esteja aqui… Vocês, Renovação Carismática, receberam um grande presente do
Senhor. Vocês nasceram de um desejo do Espírito Santo como “uma corrente de
graça” na Igreja e para a Igreja. É isto que os define: “uma corrente de graça”.
O primeiro dom do Espírito Santo, qual é? O dom de si mesmo, que é amor e te faz
apaixonar-se por Jesus. E este amor muda a vida. Por esta razão, se diz “nascer de
novo para a vida no Espírito”. Como Jesus disse a Nicodemos. Vocês receberam o
grande dom da diversidade dos carismas, a diversidade que leva à harmonia do
Espírito Santo, ao serviço da Igreja.
Quando penso em vocês carismáticos, me vem a mesma imagem da Igreja, mas de
um modo particular: penso em uma grande orquestra, na qual, cada instrumento é
diferente do outro, e também as vozes são diferentes, mas todos são necessários para
a harmonia da música. São Paulo nos diz, no capítulo 12 da Primeira Carta aos
Coríntios.
Portanto, como é uma orquestra, ninguém na Renovação pode pensar em ser mais
importante ou maior que o outro, por favor ! Porque, quando alguém de vocês pensa
que é mais importante que o outro, maior que o outro, começa a peste! Ninguém
pode dizer: “Eu sou o chefe”. Vocês, como toda a Igreja, tem um só chefe, um só
Senhor: o Senhor Jesus. Repitam comigo: Quem é o chefe da Renovação? O Senhor
Jesus! Quem é o chefe da Renovação? (Os participantes repetem) O Senhor Jesus! E
podemos dizer isso com a potência que nos dá o Espírito Santo, porque ninguém
pode dizer: “Jesus é o Senhor”, sem o Espírito Santo.
Como vocês devem saber – porque as notícias correm – nos primeiros anos da
Renovação Carismática, em Buenos Aires, eu não amava muito esses carismáticos. E
eu dizia a eles: “Parecem uma escola de samba!”. Eu não partilhava da maneira deles
rezarem e tantas coisas novas que estavam acontecendo na Igreja. Depois disso, eu
comecei a conhecê-los e eu finalmente entendi o bem que a Renovação Carismática
faz a Igreja. E essa história, que vai desde “escola de samba” para a frente, termina de
uma forma especial: alguns meses antes de participar no Conclave, fui nomeado pela
Conferência Episcopal, o assistente espiritual da Renovação Carismática na
Argentina.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

A Renovação Carismática é uma grande força no serviço do Evangelho, na alegria do


Espírito Santo. Vocês receberam o Espírito Santo que os fez descobrir o amor de Deus
por todos os seus filhos e o amor pela Palavra.
Nos primeiros tempos diziam que vocês carismáticos estavam sempre com uma
Bíblia, o Novo Testamento … Vocês ainda fazem isso? [A multidão] Sim! Eu não tenho
tanta certeza! Se não, voltem a este primeiro amor, sempre levar no bolso, na bolsa, a
Palavra de Deus! E ler um trecho. Sempre com a Palavra de Deus.
Vocês, o povo de Deus, o povo da Renovação Carismática, tenham cuidado para não
perder a liberdade que o Espírito Santo vos deu!
O perigo para a Renovação, como costuma dizer sempre, o nosso querido padre
Raniero Cantalamessa, é a organização excessiva: o perigo de organização excessiva.
Sim, vocês precisam de organização, mas não percam a graça de deixar Deus ser
Deus! “No entanto, não há maior liberdade do que deixar-se guiar pelo Espírito,
renunciando a calcular e controlar tudo, e permitir que Ele nos ilumine, nos guie, nos
oriente, nos impulsione para onde Ele quer. Ele sabe o que é necessário em todas as
épocas e em todos os momentos. Isso significa ser misteriosamente fecundo!”
(Exortação Evangelii Gaudium, 280).
Um outro perigo é o de tornarem-se “controladores” da graça de Deus. Muitas vezes,
os responsáveis (eu gosto mais do nome de “servos”) de algum grupo ou algumas
comunidades tornam-se, talvez inconscientemente, os administradores da graça,
decidindo quem pode receber o oração da efusão no Espírito e quem não pode. Se
alguém faz assim, por favor, não façam mais isso, não faça mais isso! Vocês são
dispensadores da graça de Deus, e não controladores! Não imponham uma
alfândega ao Espírito Santo!
Nos Documentos de Malines, vocês têm um guia, um percurso seguro para não errar
o caminho. O primeiro documento é: Orientação teológica e pastoral.1 O segundo é
Renovação Carismática e Ecumenismo, escrito pelo Cardeal Suenens, grande
protagonista do Concílio Vaticano II. O terceiro é: Renovação Carismática e serviço ao
homem, escrito pelo Cardeal Suenes e por Dom Helder Câmara.
Este é o percurso de vocês: evangelização, ecumenismo espiritual, cuidado com os
pobres e necessitados e acolhida dos marginalizados. E tudo isso tendo como base a
adoração! O fundamento da Renovação é adorar a Deus!
Me pediram para dizer o que o Papa espera da Renovação.
A primeira coisa é a conversão ao amor de Jesus que muda a vida e faz do cristão
uma testemunha do Amor de Deus. A Igreja espera esse testemunho de vida cristã e
o Espírito nos ajuda a viver a coerência do Evangelho para a nossa santidade.
Espero de vocês que partilhem com todos, na Igreja, a graça do Batismo no Espírito
Santo (expressão que se lê nos Atos dos Apóstolos).
Espero de vocês uma evangelização com a Palavra de Deus que anuncia que Jesus é
vivo e ama a todos os homens.
Que vocês deem um testemunho de ecumenismo espiritual com todos os irmãos e
irmãs de outras Igrejas e comunidades cristãs que creem em Jesus como Senhor e
Salvador.
Que vocês permaneçam unidos no amor que o Senhor Jesus pede a nós e a todos
os homens, na oração ao Espírito Santo para chegar a esta unidade, que é necessária
para a evangelização, em nome de Jesus. Lembrem-se que a “Renovação Carismática
é por sua própria natureza ecumênica … a Renovação Católica se alegra com aquilo
que o Espírito Santo realiza em outras Igrejas” (1 Malines 5,3 ).

1
SUENENS, Cardeal e outros – “Orientações teológicas e Pastorais da Renovação
Carismática Católica”, Edições Loyola, 1975 (documento de Malines).

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Aproximem-se dos pobres, dos necessitados, para tocar neles, nas feridas de Jesus.
Aproximem-se, por favor! Procurem a unidade na Renovação, porque a unidade vem
do Espírito Santo e nasce da unidade da Trindade. A divisão… vem de quem? Do
demônio! A divisão vem do demônio. Fujam das lutas internas, por favor! Entre vocês,
elas não devem existir!
Quero agradecer ao I’CCRS e a Fraternidade Católica, os dois organismos de Direito
Pontifício do Pontifício Conselho para os Leigos, a serviço da Renovação mundial,
empenhados em preparar a reunião mundial de padres e bispos, a ser realizada em
junho do próximo ano. Eu sei que decidiram compartilhar também o mesmo
escritório e trabalhar em conjunto, como um sinal de unidade e para gerenciar
melhor os seus recursos. Estou muito satisfeito. Eu também quero agradecer-lhes,
porque já estão organizando o Grande Jubileu do 2017.
Irmãos e irmãs, recordem: adorar a Deus, o Senhor! Este é o fundamento! Adorar a
Deus. Busquem a santidade na nova vida do Espírito Santo. Sejam dispensadores da
graça de Deus. Evitem o perigo da excessiva organização.
Saiam pelas ruas para evangelizar, anunciando o Evangelho. Recordem que a Igreja
nasceu “em saída”, naquela manhã de Pentecostes. Aproximem-se dos pobres e
toquem neles, nas feridas de Jesus. Deixai-vos guiar pelo Espírito Santo, com
liberdade; e por favor, não engaiolem o Espírito Santo! Com liberdade!
Busquem a unidade da Renovação, unidade que vem da Trindade!
E espero todos vocês, carismáticos de todo o mundo, para celebrar, junto com o
Papa, o vosso grande jubileu, em Pentecostes de 2017, na Praça São Pedro! Obrigado!

Retirado do link:

https://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/franci
sco/discursos/discurso-do-papa-a-renovacao-carismatica-cat
olica/

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.FORMAÇÃO 3.
TEMA

Sentido de pertença.

OBJETIVO

Gerar o sentimento de pertença nos participantes a partir da


identificação com o Carisma Shalom e a vivência na Obra
Shalom.

METODOLOGIA

Pregação ao vivo e vídeo institucional da Comunidade.

LINHA CONDUTORA

● Pregação ao vivo sobre a experiência com o


Ressuscitado que passou pela Cruz (Jo 20, 19-26).
● História da Comunidade.
● Identificação com a Comunidade.
● Somos uma família: zelo pelo espaço, unidade entre os
ministérios, amor à obra e à Comunidade.
● O sentido de pertença: cuidar da Comunidade, do
Centro de Evangelização como a sua casa.
● A importância dos SVES como sabedoria na
evangelização Shalom.

RECURSOS DA FORMAÇÃO:

● Escritos Carta à Comunidade 2005 - parágrafos 97 e 98


● Institucional da Comunidade Shalom - 2020:
Shalom Catholic Community | INSTITUCIONAL
#ShalomToTheWorld

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Para aprofundar

● Orientar aos membros que leiam e rezem com os


Históricos da Comunidade Shalom durante a semana.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 4.
TEMA

Evangelização como primazia do Carisma Shalom.

OBJETIVO

Inserir os participantes na dinâmica evangelizadora e no


ímpeto missionário do Carisma Shalom.

METODOLOGIA

Partilha em grupos e Pregação em vídeo.


Após o momento de oração, iniciar a formação em partilhas
em duplas e depois comunitariamente sobre tudo que
viram até aqui, os frutos que a formação tem gerado em
suas vidas e, assim, introduzir para a pregação em vídeo.

LINHA CONDUTORA

Passagens bíblicas: I Cor 1, 22-26 / I Cor 9, 16.

● Evangelização Shalom (Escritos Carta a Comunidade -


parágrafos 153 a 162)
● A evangelização como resposta ao amor recebido.
● Experiência da evangelização dos jovens
● A parresía como fruto da oração.
● “A evangelização no poder no Espírito com uso dos
seus carismas”

Para aprofundar mais


Orientar aos membros que elejam um dia da semana para
fazer a Lectio Divina com uma das passagens de 1 Coríntios.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 5.
TEMA

O mundo espiritual e suas armas.

OBJETIVO

Levar à consciência da batalha espiritual que o ministro vai


ter, sendo consciente da necessidade das armas (vida
sacramental) e uma vida coerente.

METODOLOGIA

Pregação em vídeo.

➔ Efésios 6, 10-20.
➔ A batalha por trás da evangelização, e o poder da
intercessão. A Existência do Mundo Espiritual.
➔ A realidade dos anjos e a queda dos demônios
(Angeologia).
➔ As artimanhas do demônio para levar a perdição
os homens:
1. A Ignorância.
2. As meias Verdades.
➔ O combate espiritual como via de santificação.
➔ As armas espirituais: Virgem Maria, Eucaristia,
confissão, Comunidade, jejum e oração.
➔ A decisão por Deus a partir da vida de oração.

RECURSOS DA FORMAÇÃO

● Conduza um forte momento de clamor ao Espírito,


suplicando a Ele a graça da renovação dos dons e uma

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

determinada determinação por uma vida de santidade,


comprometido com o Evangelho.
● A fim de favorecer uma maior compreensão para os
membros acerca dos combates espirituais e as armas a
nosso favor, o coordenador procure orientar com
exemplos concretos que podem ocorrer no exercício
desse serviço nos seminários. Como também situações
cotidianas e como agir nesses momentos.

Para aprofundar

Questões para reflexão pessoal:


1. Conheço algo do combate espiritual na vida dos santos?
(Santo Agostinho, Antão, Bento)
2. Já tive a curiosidade de pesquisar esse tema no Catecismo
da Igreja Católica?
3. Conheço algum outro texto da Bíblia que frequentemente
me anima no combate?
4. Tenho um diretor espiritual ou, pelo menos, um
confessor?
5. Tenho um projeto pessoal de vida? Escrito? Tenho metas?
Ou meu combate consiste apenas em resolver problemas?
Mini curso Instituto Parresia: Combate Espiritual: armas e
inimigos com Pe. Edinardo de Oliveira

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 6.
TEMA

Dons do Espírito Santo + Oficina de Dons.

OBJETIVO

Conhecer os dons do Espírito Santo e aprender a utilizá-los


na evangelização.

METODOLOGIA

Vídeo sobre os dons do Espírito Santo e Oficina de dons.

LINHA CONDUTORA

● Introdução sobre o tema pelo coordenador do


ministério.
● Assistir a série do nosso canal no Youtube “Dons do
Espírito Santo”.
● Aplicar a oficina de dons com os participantes.

RECURSOS DA FORMAÇÃO

Pela graça de Deus temos vários recursos para essa


formação.

O texto principal conta de uma série de artigos do Portal


comshalom.org sobre cada um dos dons do Espírito Santo.
Em segundo lugar, colocamos à disposição outros dois
vídeos secundários, de uma Escola de Líderes onde foi
abordado o mesmo tema. Estes podem ser passados para os
membros, para serem assistidos em casa.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Vídeos complementares2:

Parte 1:

https://www.youtube.com/watch?v=EtITCQ0PA_I&ab_channe
l=videocomshalom

Parte 2:

https://www.youtube.com/watch?v=9D1CZ1hk0Jc&ab_chann
el=videocomshalom

Para aprofundar mais

● Orientar aos membros a rezar na semana com a


passagem 1 Cor 12, 1-11.
● Sugerir a leitura da Evangelii Gaudium, parágrafos 130 e
131.
● Sugerir a leitura do Livro “Como Evangelizar no Poder
do Espírito” (Emmir Nogueira e Ana Paula Gomes, Edições
Shalom - 2019).
● Capítulo 6 do livro: Dez dicas sobre Seminário de Vida
no Espírito Santo. Lydiana Rossetti. Edições Shalom. 2021.

Como aplicar uma Oficina de dons


Leia At 2,1-13.
● O ambiente deve estar belo, preparado com ícones (de
preferência de Pentecostes ou da Esposa do Espírito),
velas/lamparinas e flores.
● Inicie este momento com cânticos de louvor, gerando um
clima de alegria, de fé e de esperança no Senhor, levando
as pessoas a mergulharem o coração em Deus através da
oração, intercalando com palavras de louvor e oração em
línguas.
● Separe os membros em grupos de 3 pessoas, uma pessoa
por vez recebe a oração com imposição de mãos.

2
Vídeos retirados da Escola de Latinoamericana de líderes, feita pela Comunidade
Shalom em Janeiro de 2021.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

● Inicia-se rezando em português, apresentando a Deus a


vida daquela pessoa e suplicando o Espírito Santo, ore em
línguas por ela, se abra aos dons do Espírito e proclame.
● O coordenador da oração deve estar atento se todos já
receberam a imposição de mãos e pode indicar quando é
tempo de trocar a pessoa do trio que receberá a oração.

ANEXO 3

Tomado de Comshalom, da série dons do Espírito Santo.

Os carismas do Espírito
Os Carismas do Espírito, concedidos a todos por ocasião do Batismo e intensificados
no Crisma, também são chamados de dons do Espírito Santo. Ele nos capacita com
estes dons para servirmos à Igreja de Cristo.

Nossa colaboração é essencial


Os Carismas do Espírito, concedidos a todos por ocasião do Batismo e intensificados
no Crisma, também são chamados de dons do Espírito Santo. Ele nos capacita com
estes dons para servirmos à Igreja de Cristo, através dos irmãos. Os carismas são,
portanto, dons de poder para o serviço da comunidade cristã.
Algumas condições para recebermos e perseverarmos na vida carismática:
Simplicidade e pureza de coração; Assiduidade da meditação da Palavra de Deus;
Vida de Oração; Desejo de servir aos irmãos como Jesus (Lc 22, 27); Perseverança à
recepção dos dons espirituais (sempre abertos para sermos canais à ação e poder do
Espírito em nós).
Nossa colaboração é essencial. Deus não quer robôs agindo independentemente de
colaboração ou de forma mecânica. Ele respeita a nossa liberdade e consentimento.
Se cremos, dizemos sim ao que o Senhor quer realizar em nós. Maria Santíssima é o
modelo da total abertura: “Faça-se em mim, segundo a Tua palavra” (Lc 1, 38).

1 – Dom de Línguas
O dom de línguas é um dom de oração (pessoal e comunitário), que se segue
imediatamente ao derramamento do Espírito Santo em Pentecostes (At 2, 1-4). Foi a
primeira manifestação do Espírito Santo: “Ficaram todos cheios do Espírito Santo e
começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo concedia-lhes que
falassem”.
“Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a
(santa) palavra. Os fiéis da circuncisão profundamente se admiravam, vendo que o
dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos, pois eles os ouviram
falar em outras línguas e a glorificar a Deus” (At 10, 6s).
“E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e falavam
em línguas estranhas e profetizavam” (At 19, 6s). Nas passagens acima, observamos
que o dom de línguas foi a primeira manifestação da efusão do Espírito Santo, não só
sobre os apóstolos e Maria, mas também para todos aqueles que desejam viver uma
vida em comunhão com Deus.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

O dom de línguas é entendido e experimentado por aqueles que se deixam conduzir


pelo Espírito. Através do dom de línguas,“palavras incompreensíveis que não são
minhas, palavras escolhidas e formuladas pelo Espírito Santo, dão a Jesus o louvor
que Ele merece, e do qual eu mesmo sou incapaz” (I Cor 14, 9). Temos dificuldades
em aceitar tudo o que não provém da razão. Mas na medida em que cedemos ao
dom, e abrimos o coração e a mente, as dificuldades vão desaparecendo.
No entanto, ao orarmos com esses sons ininteligíveis não deixamos de estar
conscientes. Sabemos perfeitamente o que estamos fazendo, pois oramos com a
nossa língua e com a nossa vontade, por isso somos livres para começar e terminar
quando queremos. Oramos naturalmente, da mesma forma que fazemos nossas
orações mentais e vocais. A única diferença é que quem realiza todo o trabalho é o
Espírito Santo, o autor responsável por tomar nossa oração agradável a Deus,
atingindo e penetrando o seu coração.

O Espírito Santo socorre a nossa debilidade de orar


Ao começarmos a orar, não sabemos como devemos pedir ou o que dizer a Deus.
Nossa cabeça está tão cheia de preocupações, ideias, afazeres, e nosso coração está
tão agitado que ficamos “sem assunto diante de Deus”, ou nosso espírito está
indisposto diante de Deus, não consegue se entregar inteiramente e então a oração
é ineficaz. O Espírito Santo vem em nosso auxílio à nossa fraqueza e intercede por
nós com gemidos inefáveis. O próprio Espírito Santo que habita em nós, ora em nós
e nos auxilia para orarmos e pedirmos o que necessitamos segundo a vontade de
Deus.
Através do dom de línguas, o próprio Deus ora em nós e por nós. É um dom que
edifica o homem interiormente. O Espírito refaz o ser de quem ora, Ele não se limita
a nos ensinar a orar, mas Ele próprio ora em nós, Ele não se limita a nos dizer o que
devemos fazer, mas fá-lo conosco. O Espírito não promulga uma lei de oração, mas
confere um graça de oração. O dom de línguas nos leva a descansar nas mãos da
divina providência. Torna o homem interior livre, suas palavras coincidem com o que
se passa no mais íntimo do seu coração, ele está inteiramente em Deus e ambos se
compreendem e se unem.
São Paulo nos revela que “aquele que ora em línguas não fala aos homens, e sim a
Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob ação do Espírito Santo” (I
Cor 14, 2). Sendo um dom de oração, é um canal aberto para um relacionamento
pessoal afetivo com Deus, acontece uma união mais estreita com o Espírito Santo.
Abre-se o diálogo do homem com seu criador. Através desta união tão íntima entre
os filhos e o Pai celeste, é manifestada na alma dos filhos um progresso espiritual,
um avanço no caminho da santidade.

Dom de falar em línguas


“Falar em línguas” significa proclamar uma mensagem de Deus, numa linguagem
desconhecida, em nome de Deus para uma assembleia através de línguas estranhas.
É semelhante e equivalente à profecia. Todavia é uma fala em voz alta, isoladamente,
e sob a unção do Espírito Santo. Quando se “fala em línguas”, um membro do grupo
recebe o dom de interpretação de línguas, e comunica a mensagem à assembleia.
“Falar em línguas” é um dom transitório, não permanente.

Dom de interpretação das línguas


Manifesta-se na assembleia reunida em oração e louvor a Deus. É um dom do
Espírito à sua Igreja. Não é um dom de tradução, como se alguém traduzisse uma
língua convencional. Trata-se de um impulso, de uma unção espiritual para tornar

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

compreensível aos membros da comunidade a mensagem do Senhor que lhe chega


em línguas.
O dom de interpretação das línguas é uma ação de Deus pela qual a pessoa
proclama a mensagem de Deus. É semelhante e equivalente à profecia. Vem sempre
depois do dom de falar em línguas, que é uma mensagem em línguas. Devemos
pedir este dom de forma frequente na oração pessoal e comunitária, por ser um
dom do Espírito, devemos tê-lo também em abundância, para a edificação da Igreja
(I Cor 14,2).
O intérprete, após a mensagem proclamada em línguas, sente-se movido a exprimir
em palavras normais, convencionais, inteligíveis por todos uma mensagem que lhe
vem do Senhor, mas endereçada a todos, para a edificação da comunidade reunida.
A interpretação em línguas deve ser concisa, interpretando com clareza a
mensagem do Senhor.
Quem tem o dom da interpretação percebe com clareza que as palavras lhe vêm à
mente de forma abundante, e deve dizer o que o Senhor lhe inspira. Quanto mais se
habitua, mais facilmente identifica o modo de como o Senhor lhe `dita" as palavras.
Ele deve falar sempre na primeira pessoa, como se falasse o próprio Senhor. Jesus
não quer que simplesmente se narre a sua mensagem, mas que pronuncie a
mensagem em seu próprio nome empregando-se a primeira pessoa.

2 – Dom de Ciência
O dom de ciência ou palavra de ciência é um dom através do qual o Senhor faz que
o homem entenda as coisas da maneira como Ele as entende. Faz que o homem
penetre na raiz de cada acontecimento, fato, sentimento ou situação, ou melhor,
através do dom de ciências, Deus dá o diagnóstico, a causa de um problema,
doença, fato, situação… Quando estamos com febre, nos dirigimos a um médico para
descobrir a causa da febre, porque a febre não é a doença, mas um sintoma da
doença.
Quando alguém está deprimido, queremos resolver o problema da depressão,
aliviando os seus sintomas, porém não conseguimos detectar a causa da depressão.
Através do dom de ciência, o Senhor nos revela a causa da depressão, sua raiz, com o
objetivo de curar. O Espírito Santo, através desse dom, presta um serviço ao povo de
Deus através de nós.
Pelo dom de ciência, Deus ensina ao homem sobre as suas verdades, permite que a
sua luz penetre no entendimento do homem. Deus comunica ao homem
informações que são impossíveis de se adquirir humanamente ou por
conhecimento natural, pela razão.
É um dom de revelação. Revela uma ação que Deus já está fazendo (a cura), ou uma
situação ou mentalidade que precisa ser transformada por Deus, sempre com a
finalidade de transformação e conversão através do poder e da misericórdia de Deus
que cura o corpo e o coração.

Dom de ciência no Novo Testamento


– Lc 1,39-45: Maria comunica o Espírito Santo a Isabel, como sinal do que iria
acontecer em Pentecostes sobre toda a Igreja.
– Lc 1,43: Isabel recebe o conhecimento de um mistério que, humanamente, ela
jamais seria capaz de compreender, a encarnação de Jesus. Aqui a palavra de ciência
veio acompanhada de um sinal físico: o menino… (Lc 1,44).
– Mt 1,18-25: Vem também através de um sonho, como no caso de José. O Espírito
Santo revela a José, em sonho, o mistério da encarnação. José recebe o dom de
ciência (a revelação) e através dele vê acontecer, em si próprio, uma mudança radical

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de mentalidade e do conhecimento de Deus.


– Jo 4,16-19: Jesus fala à samaritana sobre os 5 maridos que tivera. Esta palavra de
ciência fez a mulher perceber que Jesus era um profeta, abrindo a porta do seu
coração para a revelação que ele era o Messias. A samaritana experimentou a
misericórdia de Deus aplicada ao pecado de adultério, pois Jesus não a acusou, mas
revelou o que sabia. A palavra de ciência teve o poder de levá-la a arrepender-se, ser
perdoada e reconhecer que Jesus era o Messias, tendo acesso à “água viva” por ele
prometida.
– At 5,1-11: O Espírito Santo, através da palavra de ciência, revela a intenção secreta do
coração de Ananias e Safira.
– Mc 5, 25-34: A cura da hemorroísa. Jesus usa a palavra de ciência como
confirmação da cura pelo poder do Espírito Santo e pela fé.
– Lc 5, 17-26: A cura do paralítico. Quando Jesus diz: “os teus pecados estão
perdoados”, ele sabe por revelação que a necessidade maior do paralítico é ser
perdoado de seus pecados que são a causa de muitos males físicos e espirituais.
Para o paralítico eram empecilhos para a ação de Deus em sua vida.
– Jo 4, 50: A cura do filho de um oficial: “Vai, disse-lhe Jesus, o teu filho está bem!”.

Aberto para receber o dom do Senhor


A pessoa que recebe o dom de ciência pode perceber que o Senhor a está tocando
através de um sentimento forte, uma certeza interior que nos chega à mente, pode
ser: uma palavra, uma cena da vida da pessoa, uma visualização; o Senhor nos
mostra o que está curando: uma parte do corpo, um problema emocional, uma cura
espiritual, ou aumentando a fé, chamando à conversão… Isso acontece após uma
oração em línguas, quando nossa mente está aberta e livre para receber a revelação
do Senhor. Geralmente, esse dom é acompanhado pela palavra de sabedoria.

3 – Dom da Profecia
Por meio do Dom de Profecia, Deus fala claramente e de forma simples e direta com
o homem para edificá-lo, exortá-lo e consolá-lo (I Cor 14,3). Diante da palavra de
Deus, da voz divina, devemos nos colocar em atitude de respeito e de obediência. A
profecia acontece depois de um louvor a Deus, em línguas, em cânticos ou em
palavras, quando a comunidade se reúne em oração, ou quando um cristão se
recolhe na sua oração pessoal.
Após o louvor, segue-se um silêncio de escuta a Deus e recebimento da unção, que
pode vir através de um senso da presença de Deus, um impulso, um movimento no
íntimo do nosso espírito, um formigamento nos dedos, um calor pelo corpo todo, um
batimento cardíaco mais forte, ou da forma que o Senhor achar melhor ungir, é
então proclamada a mensagem de Deus.
Geralmente, as profecias são ditas na 1ª ou na 2ª pessoa, pois o Senhor é um Deus
pessoal e nos falará diretamente: “Não temas”, “Tu és o meu povo…”, “Meus filhos…”,
“Eu sou o Teu Deus…”. Essa mensagem divina é ouvida e guardada em nossos
corações.

A veracidade da profecia
Depois que a mensagem é proclamada, todos devem estar em atitude de escuta
para que o Senhor confirme a profecia (I Cor 14,29), através de moções dadas a
outros membros da comunidade. Deus pode se utilizar da própria Palavra, de visões,
sentimentos ou palavras para confirmar a veracidade da profecia. Esta tem de estar
de acordo com a palavra de Deus, com a doutrina da Igreja e dirigidos à glória de
Deus e à salvação dos homens.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Aqueles que recebem a confirmação da profecia proclamada devem se manifestar


no meio da assembleia. Quanto mais uma profecia é confirmada, maior é a fé que
depositamos nela e maior é a abertura que será dada para a ação do Espírito Santo
naquela comunidade.

Consentimento da vontade
O Dom da Profecia edifica a assembleia (I Cor. 14,4). Ninguém profetiza sem o
consentimento da vontade, que acolhe as palavras de Deus em sua mente; se as
pronunciamos por medo, insegurança ou respeito humano, podemos deixar de
profetizar.
Deus não violenta, não força a mente humana contra nossa vontade, contra nosso
consentimento; serve-se, sim, da mente humana e suas faculdades, pedindo apenas
que nos deixemos usar por ele: “o espírito dos profetas deve estar-lhes submisso”(I
Cor 14,32), contudo deve dar-se com “ dignidade” e ordem (v. 40) e com um critério
de julgamento sobre a mesma, pelos demais (v. 29), pois “Deus não é Deus de
confusão, mas de paz (v. 33).

4 – Dom de Sabedoria ou Palavra de Sabedoria


O Dom de Sabedoria ou Palavra de Sabedoria nos revela o diagnóstico, a causa, a raiz
do problema (uma situação, um fato). Este dom segue o Dom de Ciência. Ele nos
revela o tratamento, como agir a partir do que nos foi revelado pelo dom de ciência.
Pela Palavra de Ciência, Deus revela a raiz de algo que se passa ou que se passou.
Pela Palavra de Sabedoria, Deus nos revela como agir, como por em prática a Palavra
de Ciência, como proceder. Pode se manifestar por meio de uma palavra oral, por
uma palavra escrita, por uma visão, por uma sensação, emoção ou sonho.
O Dom de Sabedoria é um dom carismático do Espírito Santo, dom gratuito de Deus,
que dá a graça ao homem, inspira o homem a saber como deve ser o seu
comportamento em cada situação, em cada vez que tem que resolver um fato ou
um problema. Inspira o homem como agir e falar inteligentemente situações
concretas da sua vida ou da sua comunidade, levando-o a decidir acertadamente e
de acordo com a vontade de Deus no dia a dia, no matrimônio, no trabalho, na
educação dos filhos, nos relacionamentos com os irmãos e na sua vida cristã.
É uma orientação de Deus sobre como se viver cristãmente ( Lc 18,18-30). Também
nos leva a ensinar ou explicar verdades religiosas. Portando, a Palavra de Sabedoria é
uma palavra, atitude ou ação que faz que os acontecimentos passem a decorrer
segundo a vontade de Deus, ou ainda, que as pessoas percebam a verdade que
antes não conheciam.

Exemplos de Palavra de Sabedoria nas Escrituras Sagradas


– I Rs 3,16-28 – A Palavra de Sabedoria do rei Salomão, “cortai pelo meio o menino
vivo e dai a metade a uma e a metade a outra”, fez que a verdadeira mãe
renunciasse ao seu filho, pois não queria vê-lo morto e assim foi descoberto a
verdade e a justiça.
– Mt 22,15-22 – “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Jesus
encontrava-se numa situação embaraçosa, pois se dissesse que pagassem o imposto
a César seria tido como traidor dos judeus, se dissesse que não pagassem, seria tido
como insuflador do povo contra os romanos. Seria preso em ambos os casos. O
poder do Espírito Santo, pela Palavra de Sabedoria, livrou Jesus da prisão e calou a
boca do povo.
– Jo 8,1-11 – A mulher adúltera. A lei protegia os que apedrejavam e condenavam a
mulher à morte, Jesus pela Palavra de Sabedoria: “Quem de vós estiver sem pecado,

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. Sentindo-se acusados pela própria
consciência, os acusadores foram-se retirando um por um.

A Palavra de Sabedoria conduz o procedimento do homem em cada situação. É um


dom de orientação. Através dela, descobrimos o plano de Deus para a nossa própria
vida, para a vida de uma outra pessoa ou comunidade.

5 – Dom de Cura
O Dom de Cura foi um dos dons plenamente vivenciados por Jesus durante o seu
ministério terreno. Esse dom, que foi tão abundantemente em Jesus, na sua vida, na
sua missão e na revelação de sua identidade divina, é um dos Carismas do Espírito
Santo que recebemos no Batismo. Ele deve ser manifesto em nossa vida e missão,
confirmando com sinais nosso testemunho e pregação.
Para que o Dom de Cura se manifeste, basta que haja um enfermo e um irmão cheio
de compaixão que ore para que ele seja curado. Todos possuem o Dom de Cura, o
problema é que nem todos o fortalecem, pelo pedido constante ao Espírito Santo e
pelo exercício de orar pelos enfermos. O fato é que quanto mais nós pomos ao
serviço mais os carismas se manifestam.

O Dom de Cura se manifesta de três formas


Tomando-se por base as três dimensões do homem – corpo, alma e espírito (I Ts 5,23)
-, compreendemos que este mesmo homem pode ser atingido por enfermidades
em cada uma delas. Existem os males físicos, os males da alma (interiores) e os
males espirituais.
Se somos atingidos em nosso corpo por qualquer enfermidade, necessitamos de
uma cura física. Se somos atingidos em qualquer área da nossa alma, necessitamos
de uma prece para cura interior. Se somos atingidos em nosso espírito,
contaminando-nos com falsas doutrinas e afastando-se da sã doutrina da salvação,
precisamos de uma oração para cura espiritual ou oração de libertação.

Oração para cura física


Orar por cura física, supõe clamar o poder do amor misericordioso de Deus sobre
todos os tipos de enfermidades, desde uma simples dor de cabeça até a cura do
câncer e da AIDS. Devemos orar em nome de Jesus, tomando por base a passagem
de Is 53, 1-6. Deus cura pelos méritos de Jesus Cristo e não porque sabemos orar, ou
porque temos experiências ou ainda porque somos santos.
Existem algumas medidas bem simples que fazem parte da oração para cura física:
conhecer a causa da enfermidade; o diagnóstico médico; a imposição das mãos;
abrir-se aos Carismas; Oração de autoridade – orar em nome de Jesus.
Oração para cura interior
Na cura interior, atinge-se o coração dolorido do ser humano, tão marcado pelo
pecado, pela dor, pelo medo, pelas feridas da vida. A medicina comprova que um
grande número de doenças físicas têm componentes emocionais. Orar pela cura
interior, é tirar do caminho esses componentes emocionais, que são prejudiciais, a
fim de que o homem seja livre pela ação do Espírito Santo para melhor servir a Deus.
Os psicólogos comparam a mente humana com um “iceberg”. A parte externa do
iceberg que aparece sobre a água é 10% e 90% está imersa na água. Comparando
com a nossa mente, a parte externa é a nossa mente consciente e a parte submersa
é a nossa mente inconsciente.
É em nossa mente inconsciente que estão guardadas as lembranças humanas mais
profundas. Aí são armazenados nossos traumas, medos, lembranças, sentimentos

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reprimidos, etc. Jesus veio para curar os corações doloridos e as lembranças de


maneira particular.

Oração para a cura espiritual


Chamada também de “oração de libertação”. É um processo de orações em nome
de Jesus Cristo, que liberta as pessoas cativas em seu espírito, quando são oprimidas
por espíritos malignos. Para orarmos por libertação, basta que conheçamos o
problema da pessoa atribulada e saibamos como e por que ela se encontra naquele
estado. Ordenar que toda força maligna retire-se da vida desta pessoa em
obediência ao nome de Jesus Cristo, para que ela fique livre para o seu serviço e o
seu louvor.

6 – Dom da Fé
O dom carismático da fé é o poder de Deus que nos move a uma confiança íntima
de que Deus agirá. Essa confiança leva a uma oração convicta, a uma decisão, a uma
firmeza ou a algum outro ato que libera a benção de Deus.
Através do dom carismático da fé, o Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus
agirá, de que o poder de Deus irá intervir em alguma situação da vida do homem.
Pelo dom carismático da fé, cremos que Deus opera hoje maravilhas em favor do seu
povo. A fé move a manifestação do poder de Deus através do seu Espírito Santo.
“Se creres, verás a glória de Deus” (Jo 11,40). É a fé que faz o homem de todos os
tempos ver a glória de Deus. A virgem Maria realiza da maneira mais perfeita à
obediência a fé. Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazida pelo anjo. Maria
não cessou de crer no “cumprimento” da Palavra de Deus. Por isso, a Igreja venera
em Maria a realização mais pura da fé (Cat. 149).
É a esta fé de Maria, de Abraão, de Moisés e das outras testemunhas da fé que
devemos aderir de todo o nosso coração, para que esta mesma fé nos ilumine e nos
conduza nos momentos da provação.

7 – Dom dos Milagres


É o Poder de Deus de intervir em determinada situação em relação à natureza, à
saúde e à vida. São fenômenos sobrenaturais realizados por Deus, com a finalidade
de que os homens conheçam a sua glória, o seu poder e se convertam. Através dos
milagres, o homem tem uma experiência concreta com amor de Deus por ele e com
a presença do Senhor na sua vida, na vida dos seus irmãos e no mundo.
O Dom de Milagres é a ação do Espírito Santo que, para o bem de alguém, modifica
o curso normal da natureza. O milagre é uma intervenção clara, sensível e visível de
Deus no discurso “ordinário” ou “normal” dos acontecimentos: curas instantâneas de
doenças incuráveis, ressurreição dos mortos, fenômenos extraordinários da natureza.

Diferença entre milagre e cura


A cura é quando Deus acelera o processo de cura que se poderia conseguir através
de meios naturais como uma cirurgia, remédios, repousos, etc. O milagre é quando
se trata de uma cura que nenhuma ciência médica poderia realizar e que Deus
realiza.
Os milagres são intervenções de Deus, diretamente dEle, na natureza do homem, ou
na ordem da criação. Os milagres provam o Poder de Deus agindo na vida dos
homens, levando-os a uma fé sempre mais crescente.

Alguns milagres no Antigo Testamento


– Êx 14 – Passagem do Mar Vermelho;

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– Nm 17,16-26 – Episódio da vara de Aarão que floresce;


– Js 3, 14-17 – Josué e seu povo atravessaram o Rio Jordão a pé enxuto;
– I Rs 17,16 – Multiplicação da farinha e do azeite que havia prometido a Elias.

Alguns milagres no Novo Testamento


– Lc 13,10 – Mulher que vivia encurvada 18 anos;
– Lc 18,35 – Cego em Jericó;
– Mt 9,1 – Paralítico em Cafarnaum;
– Mt 15, 29-31 – Aleijados, coxos, cegos eram curados;
– Jo 2,11 – Bodas de Caná.

Precisamos acreditar neste Dom de Milagres no coração da Igreja. Por meio dele,
poderemos de forma mais convincente, publicar as “maravilhas de Deus” hoje e
sempre.

8 – Dom do Discernimento dos Espíritos


O dom dos discernimentos dos espíritos é uma graça que provém da presença do
Espírito Santo em nós. Nossa unidade com Ele, nossa intimidade com Ele em oração.
Da mesma forma que nos dá palavras de sabedoria, ciência, cura… etc., dá-nos
igualmente o dom do discernimento dos espíritos. Dom espiritual que nos permite
discernir, examinar, nas outras pessoas e na comunidade o que é Deus, o que é da
natureza ou o que é do maligno.
Este dom permite-nos identificar qual espírito está impulsionando ou está
influenciando uma ação, uma situação, um desejo, uma decisão a tomar, algo que
nos digam ou ofereçam. Como todo dom espiritual, ele está em interação com os
outros carismas e é necessário para a nossa vida diária, nossa vida de oração e para o
nosso apostolado.
Em Gn 3,1-7, Eva não percebeu que quem lhe falava era o maligno, pois não parou
para discernir quem lhe falava e se era de Deus; iludida pelo inimigo, acabou por
cometer o pecado de origem de toda humanidade. Deus respeita a nossa liberdade
e respeitou a liberdade de Eva em desobedecer-lhe e pecar. Deve ter sido uma
imensa dor para Deus assistir a Eva sendo enganada.

Três grandes inimigos da alma


São João da Cruz nos ensina que nossa alma tem três grandes inimigos: o mundo, o
demônio e a nossa carne; inimigos a fazerem guerra e dificultarem o caminho que a
nossa alma deseja trilhar até Deus. É necessário, portanto, o exercício do dom do
discernimento dos espíritos, um dos canais de que Deus se utiliza para nos ajudar a
vencer esses grandes inimigos, que tentam nos confundir na busca de conhecer e
viver a vontade de Deus.
É preciso orar e ter uma vida de constante louvor e de unidade com a Palavra de
Deus e os sacramentos da Igreja. Desta forma, nos tornamos pessoas
profundamente unidas e dóceis às moções do Espírito para que não nos deixemos
ser ludibriados. Jesus nos ensinou: “vigiai e orai, para não cairdes em tentação”.
Este estado de alerta, confiante na misericórdia de Deus, nos vem do louvor
constante, da oração diária, do estudo da Palavra de Deus, nos vem do louvor
constante, da oração diária, da obediência à Igreja, da freqüência aos sacramentos e

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da amizade com Nossa Senhora. Estando sempre alertas, saberemos se algo vem da
vontade de Deus, do inimigo, ou da nossa carne.

Discernimento dos espíritos no Novo Testamento


– Mt 16,16 – “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”. Jesus glorificou o Pai, porque Ele
discerniu que quem havia revelado a Pedro que Ele era, foi o Pai. Jesus concluiu que
a resposta não tinha vindo da humanidade de Pedro, pois “sem a graça”, ninguém
podia dizer que Ele era o Messias.
– Mt 16,22 – “Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá”. A falta de fé,
o desejo de agradar, o medo, deram entrada a satanás no pensamento e sentimento
de Pedro. Jesus discerniu que o que Pedro dissera, vinha do maligno.
– Lc 4,1-13 – Jesus discerniu que as sugestões que lhe vinham na tentação do deserto,
não lhe vinham de Deus, mas do maligno para estragar o plano do Pai.
O Espírito Santo unge os batizados com a mesma unção espiritual de Jesus
Através do batismo todos os homens são regenerados para a vida dos filhos de Deus,
unidos a Jesus Cristo e ao seu corpo que é a Igreja e são ungidos pelo Espírito Santo,
tornando-se templos espirituais (C. L. 10). “Foi num só Espírito que todos nós fomos
batizados a fim de formarmos um só um corpo” (I Cor 12, 13). Portanto, todos os
batizados vivenciam a “unidade misteriosa com Jesus entre si” (cf. Jo 17, 21), todos
somos ramos de uma única videira, Jesus Cristo.
Além de desfrutarmos pelo batismo da unidade com O Cristo e com os irmãos, nos
tornamos “pedras vivas” edificados sobre Cristo, “Pedra angular”, destinada a
construção de um edifício espiritual (I Pd 2, 4ss). O Espírito Santo então unge o
batizado e com esta unção espiritual é possível repetir e assumir para si as palavras
de Jesus:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu; enviou-me para anunciar
aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para por em liberdade os
cativos, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19).
A efusão batismal e crismal torna o batizado participante do tríplice múnus
sacerdotal, profético e real de Jesus Cristo, enquanto membros da Igreja (C. L. 13s).
Isto vem nos certificar que os batizados são configurados em Jesus Cristo (Fil 3, 21)
de uma forma total, inclusive em todas as suas atividades (cf. Rm 12, 1s). Jesus
mesmo disse: “Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crer em mim fará as
obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas: porque vou para junto do Pai”
(Jo 14, 12).

9 – Os carismas e o sacerdócio comum


Os dons provêm da intercessão que todos devemos praticar em nosso sacerdócio
comum recebido no Batismo: “Cristo Senhor, Pontífice tomado dentre os homens,
fez do novo povo um reino e sacerdotes para Deus Pai. Pois os batizados, pela
regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados como casa espiritual e
sacerdócio santo, para que por todas as obras do homem cristão ofereçam-se
sacrifícios espirituais e anunciem os poderes d’Aquele que das trevas o chamou à
sua admirável luz.
Por isto, todos os discípulos de Cristo, perseverando em oração e louvando juntos a
Deus, ofereçam-se como hóstia viva, santa, agradável a Deus. Por toda parte deem
testemunho de Cristo. E aos que pedirem deem a razão da sua esperança da vida
eterna” (LG 10).
No exercício dos carismas, estamos vivendo a nossa vocação sacerdotal, o nosso
chamado de entregarmos as nossas vidas para o serviço do reino de Deus. Um
serviço não mais vivido pelas nossas forças humanas debilitadas, mas pela força que

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brota da união com o sacerdócio de Cristo, que “se entregou por nossos pecados e
ressuscitou para a nossa justificação” (Rm 4, 25), o único que “tem por condição a
dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos os corações habita o Espírito
Santo como num templo” (LG 9, 25).
Dotados pelos carismas do Espírito Santo, submetidos a Cristo Jesus, em unidade
com a Igreja, somos chamados a fomentar a renovação e o incremento da mesma,
como de todos aqueles que estão distantes e a “estabelecer, então, o Reino de Deus,
iniciado pelo próprio Deus na terra, a ser estendido mais e mais até que no fim dos
tempos seja consumado por Ele próprio, quando aparecer Cristo nossa vida (Col 3, 4)
e “a própria criatura será libertada do cativeiro da corrupção para a gloriosa liberdade
dos filhos de Deus” (Rm 8, 21).
Somos chamados a desempenhar o apostolado da “vida nova” (Rm 6, 4) em Cristo
Jesus, um apostolado vivido no Espírito Santo e na graça. Um apostolado vivido em
comunhão com o Filho de Deus ( I Cor 1, 9), com seus sofrimentos (Fil 3, 10), temos
“participação” no Seu sangue e no Seu corpo (I Cor 10, 16). Um apostolado vivido em
comunhão com o Espírito Santo ( II Cor 13, 13). O Espírito que nós “participamos”, nos
alcança os dons espirituais, a caridade e os outros frutos seus, os carismas.
Estes dons aparecem como uma participação na pessoa do Espírito: é uma pessoa
divina que se comunica a si própria nos dons espirituais. Ele é intermediário entre
Deus e os homens, comunicando-se aos homens, parece identificar-se com os dons
que dele emanam e assim penetrar nas realidades deste mundo (O cristão na
teologia de São Paulo).
Através dos carismas, o mundo vê Deus atuando em seu meio, dando testemunho
de Sua presença. Os carismas abrem valas profundas na alma dos homens de vida
nova no Espírito Santo.

10 – Os carismas são doados para o bem comum


“Tudo e todas as riquezas derramadas tem como finalidade o bem comum”. Assim
nos exorta o Catecismo da Igreja Católica, 951s; “Tudo tenham em comum” (At 4, 32).
Tudo o que possui o verdadeiro cristão deve considerar como um bem em comum e
deve estar disposto a ser diligente para socorrer o necessitado e a miséria do
próximo.
O cristão é um administrador dos bens do Senhor (Lc. 16, 1-3). Na comunhão da
Igreja, o Espírito Santo “reparte graças especiais entre os fiéis” para a edificação da
Igreja. Pois bem, “a cada um é dado a manifestação do Espírito para proveito
comum” (I Cor 12, 7) e para ajudar o povo de Deus ao alcançar a santidade.
Os carismas do Espírito Santo, concedidos a todos por ocasião do Batismo e
intensificados na Crisma, também são chamados de dons carismáticos ou de dons
de serviço. O Espírito Santo nos capacita com estes dons para servirmos à Igreja de
Cristo, através dos irmãos. Os carismas são, portanto, dons de poder para o serviço da
comunidade cristã.
Os carismas manifestam que Jesus está presente e age através do seu Espírito por
meio de nós ( Jo 14, 18-19) e que nos capacita a cumprir o grande mandamento de
Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15). Os
carismas são os sinais que acompanham e confirmam a nossa pregação. São sinais
visíveis de poder e do amor de Deus.

11 – Uma diferença significativa na evangelização


A “força do alto” derramada nos corações dos fiéis, como cumprimento da Promessa
do Pai, que se evidencia através dos dons carismáticos, manifestações do poder de
Deus, provoca uma diferença significativa entre a ação evangelizadora de um fiel

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que se deixa conduzir por ela e um fiel que não permite a sua ação. Aquele que
evangeliza exercendo os dons carismáticos incrementa as suas possibilidades
humanas.
A investidura carismática em comunidade da Igreja, em todo o mundo, tem gerado
e sustentado grande número de evangelistas dedicados e eficientes (Avivar a chama,
pág. 16), com novo vigor, com nova capacitação, nova alegria, novo júbilo, nova
exaltação, novo louvor, levando em si o poder transformador do Espírito (I Cor 2, 1-5)
que toca jovens, crianças, adultos, idosos de todo tipo de formação, de variadas
culturas e nacionalidades.
Por outro lado, o evangelizador, que não tem uma vida plena no Espírito, desenvolve
muitas vezes um apostolado frio, racional, sem motivação, sem ânimo. Constatamos
que na experiência de uma vida mais plena no Espírito concretiza-se o que a
constituição dogmática Lumen Gentium relata sobre os carismas:
“Não é apenas através dos sacramentos e dos ministérios que o Espírito Santo
santifica e conduz o povo de Deus e o arma de virtudes, mas, repartindo seus dons,
“a cada um conforme lhe apraz” (I Cor 12,11), distribui entre os fiéis de qualquer classe
mesmo graças especiais. Por elas os torna “aptos e prontos” a tomarem sobre si os
vários trabalhos e ofícios que contribuem para a renovação e maior incremento da
Igreja”. (LG, 12).
Com isso, não queremos restringir a ação do Espírito Santo, ao contrário,
reconhecemos que Ele age tanto no cristão que usa os carismas, na sua vida normal,
e na sua evangelização, como também age no cristão que não recebeu nenhum
carisma ou desconhece a sua existência. O que constatamos na prática apostólica é
que, quando evangelizamos acompanhados dos carismas, colhemos frutos com
muito mais abundância.
Hilário di Poitiers (315-367), doutor da Igreja, nos fala que “os carismas, utilizados de
modo apropriado, produzem muitos frutos, pois estes dons penetram-nos como
chuva suave, e pouco a pouco, produzem frutos abundantes (Tratado sobre os
Salmos 64, 15). Este Padre da Igreja está convencido que os carismas fazem
diferença, são eficazes na evangelização.
Cirilo de Jerusalém, também doutor da Igreja (315-337) tem a opinião que a Igreja de
Jerusalém, como todas as outras, situa-se em uma sucessão carismática, uma
história do Espírito iniciada com Moisés. Ele diz: “O Espírito é uma nova espécie de
água”, (Palestras Catequéticas 16, 11). E afirma ainda: “Grande, onipotente e admirável
é o Espírito Santo nos carismas” (Palestra Catequética 16, 22). “Eremitas virgens e
todos os leigos têm carismas” (P. C. 16, 20).
Cirilo afirma que em Pentecostes os apóstolos “ficaram completamente batizados”
(PC 17, 145), “batizados sem faltar nada” (PC 17, 15), “batizados em toda plenitude” (PC
17, 18).

12 – Os carismas são para todos


A manifestação poderosa do Espírito Santo através dos carismas não acontece
somente a pessoas muito “ungidas, especiais, santas, subliminadas e místicas”. Isto
não é verdadeiro. Se fosse assim, cairíamos no absurdo de dizer que o Espírito Santo
só é dado a estas pessoas. Como é o próprio Espírito de Deus que nos faz santos pela
vivência dos dons infusos, ou dons de santificação e dos frutos do Espírito, crescendo
na virtude e colaborando com sua ação poderosa em nós, essa afirmação seria
realmente absurda.
Todo batizado é chamado à santidade e ao serviço aos irmãos. Para cumprirmos este
chamado de Deus, precisamos dos dons infusos e dos carismas do Espírito que
habita em nós, para nos fazer viver conforme a vontade de Deus. Deus nos dá de

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graça. A nós, cabe colaborar com a graça que Deus nos oferece (Enchei-vos). Deus dá
com generosidade os seus dons espirituais assim como todas as suas graças. O
Espírito Santo é derramado sobre todo aquele que crer, temer a Deus e buscar ser
santo. Os dons do Espírito Santo não são reservados aos perfeitos.
Neste tempo privilegiado onde os leigos oram cada vez mais seriamente e cada dia
conhecem melhor a Palavra de Deus e buscam vivê-la, temos comprovado que a
mística, longe de estar restrita aos mosteiros e conventos, é uma realidade palpável
na vida das pessoas simples e com atividades corriqueiras, sem nada de “especial” a
não ser o grande amor que tem a Deus.
Porém, faz-se necessário uma união profunda com Cristo (Jo 15, 4s), uma comunhão
autêntica, crescer e frutificar mediante uma vida de oração verdadeira, uma vida
sacramental intensa e frequente, uma vida de união com Maria, através do terço;
mediante escuta e meditação da Palavra de Deus, a abnegação de si mesmo, o ativo
serviço fraterno e o exercício de todas as virtudes.

13 – Os carismas devem estar fundamentados na caridade


Nós não podemos separar os carismas do amor, não podemos viver uma vida
carismática sem trilharmos o “caminho mais excelente de todos” que é a caridade, o
exercício concreto do amor como caminho de santificação e vivência do Evangelho.
São Paulo nos manda “aspirar” aos dons espirituais, mas igualmente “empenhar-nos
na busca da caridade” (I Cor 14, 1), isto é, colaborar vivencialmente, concretamente,
com a ação do Espírito Santo. A caridade é um “dom por excelência”, que dá sentido
não só aos outros dons espirituais, mas a toda ação humana, por mais despojada
que esta seja. Tudo o que eu fizer ou receber como carismas, “se não
fundamentados na caridade, não tem valor” (I Cor 13).
Toda a nossa vivência de apostolado nasce da caridade. Todas as nossas obras
apostólicas só terão valor eterno se forem feitas por amor a Deus e na procura da
glória divina acima de tudo. Este amor a Deus, inflamado incessantemente pelo
Paráclito, leva-nos a com Ele, por Ele e nele todos os homens, criaturas do seu amor,
participando assim das solicitudes e iniciativas divinas pela salvação dos homens.
É esta a vontade do Pai: que nos dediquemos inteiramente à Sua glória e ao serviço
do próximo (LG. 40). O exercício e desenvolvimento de uma caridade cada vez mais
plena e fervorosa é a alma do apostolado.
Assim nos ensina S. João da Cruz: “uma só obra feita com amor intenso é mais eficaz
na Igreja, maior fruto obtém do que muitas outras feitas com menor fervor ou
tibiamente” (Cântico Espiritual 28, 3).
A vivência concreta de tudo fazer no amor a Deus e ao próximo não significa que os
carismas não são necessários. O que São Paulo quer nos dizer é que os carismas
exercidos sem amor não servem de nada. Não basta o amor para edificar a Igreja de
Deus, necessita-se também das ferramentas que se usarão com amor (Los
Carismas-Cap I, 9-Pe.Philippe, O.S.B.).

14 – Os carismas devem ser pedidos, mas pedidos com fé


Quando compreendermos porque foi necessário Jesus “enviar o Prometido de seu
Pai para que os apóstolos começassem a cumprir a sua missão de pregar a
penitência e a remissão dos pecados a todas as nações” e de serem “testemunhas”
vivas de tudo isso, encontraremos motivos de sobra para com muita fé pedir ao Pai
estes dons, este revestimento da “força do alto”, a fim de cumprirmos fiel e
diligentemente o que exige o nosso Batismo.
Só aqueles que reconhecem o valor dos dons na sua vida cristã e no serviço aos
irmãos são impulsionados a pedi-los ao Pai como Jesus mesmo nos ensinou: “Pedi, e

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dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede,
recebe; aquele que procura acha; e ao que bater, se lhe abrirá” (Lc 11, 9-10).
É necessário pedirmos ao Pai que ele nos revista da “força do alto” em sinal da nossa
adesão a Ele, em sinal do nosso “sim”. É necessário dizer ao Pai, como Jesus e Maria,
que aceitamos a missão que Ele nos dá no nosso Batismo, que esquecemos de nós
mesmo, da nossa acomodação, dos nossos medos, da nossa incapacidade. Dessa
forma, olhemos só para Ele, olhemos só para a instauração do seu reino e a salvação
das almas.
Nesta oração ao Pai, chamamos Seu Espírito Santo e com Ele os seus dons, nos
abandonamos inteiramente nas Suas mãos, comprometemo-nos inteiramente com
Ele na salvação das almas, reconhecendo todo o nosso nada, mas confiando plena e
unicamente no seu poder. Sem Ele não poderemos nos afastar da nossa vida
medíocre e fechada em nós mesmos.
É necessário pedir ao Pai os carismas, mas pedir com fé, para usá-los também na fé.
A fé “move” a manifestação do poder de Deus através de seu Espírito Santo. Na
palavra de Deus, temos várias narrações que relatam a fé como canal de cura,
libertação, ressurreição dos mortos, como dispositivo fundamental para a
manifestação do poder de Deus (Mc 5, 25-34; Mt 8, 5-13; Mt 9, 27-29; Mt 14, 21-28).

15 – Os dons do Espírito Santo e a humildade


A multiplicação e a abundância com que o Espírito Santo está derramando os
carismas nos mostra que são muito importantes para o crescimento da Igreja (Mons.
Uribe Jaramillo), portanto não podemos exercê-los irresponsável e indiferentemente,
com desprezo, de forma inconsequente, olhando os nossos próprios interesses, ou
dando aos carismas relevo tão singular e único como se fossem bens totais e
absolutos sobre os quais não há nada mais excelente e primeiro.
A estima aos carismas não pode nos cegar nem arrastar-nos a dar-lhes o lugar que
somente corresponde a Jesus e ao Seu Espírito, doador de todos os dons, o que nos
levaria a cometer exageros e ferir a sua autenticidade. Precisamos ter sempre diante
dos nossos olhos a finalidade dos carismas que é a colaboração com Cristo na
restauração da obra perfeita de Deus na criação. Se é importante para a Igreja o
derramamento dos dons, na mesma medida, é importante o bom uso dos carismas.
A humildade e a obediência, como já escrevemos anteriormente, são virtudes
fundamentais para uma vida plena no Espírito Santo. Sem a verdadeira humildade,
nenhum cristão pode edificar uma santidade sólida e duradoura. Ela é a base sobre
a qual se edifica toda a vida cristã que aspira sinceramente a união íntima com Deus
(Como usar los carismas – Benigno Juanes – pág. 37).
Todos aqueles que são discípulos de Jesus devem percorrer o mesmo caminho que
Ele percorreu, e Jesus é o mestre da humildade. “Sendo ele de condição divina, não
se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo
a condição de escravo e assemelhando-se aos homens.
Por isso, Deus O exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de
todos os nomes” (Fil 2, 5-11). Exercer os carismas na humildade é exercê-los sem
exibicionismo, sem buscar prestígio, honra, poder. É se fazer humilde como criança,
que reconhece sua pequenez.
É também exercê-lo sem auto-suficiência (Mt 18, 3-4) nem individualismo, sabendo
que necessitamos da ajuda dos irmãos para confirmar ou discernir a vontade de
Deus para o seu povo, reconhecendo que a comunidade é termômetro valioso para
comprovar a voz de Deus. É ainda não ter escrúpulos de exercer os carismas, não ter
medo de exercê-los, conscientes de que são dons de Deus, que sua manifestação
depende única e exclusivamente de Deus, e que somos simples canais de Sua graça.

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16 – A obediência nos abre à ação do Espírito Santo


A virtude essencial para a vida cristã e para o exercício dos carismas é a obediência.
Devemos vivenciá-la também a exemplo de Cristo “que não veio ao mundo para
fazer sua vontade, mas a vontade daquele que o enviou” (Jo 5, 30b).
A obediência sincera mostra que buscamos a vontade de Deus e desejamos nos
deixar conduzir pelo seu Espírito, pois não queremos dirigir por nós mesmos a nossa
vida particular, nem muito menos o povo de Deus. Reconhecemos pela obediência,
a exemplo de Cristo, que a nossa vontade é vã, comparada com a vontade suprema
de Deus.
Reconhecemos que a nossa capacidade e experiência humana, por mais ricas que
sejam, não se equiparam jamais à riqueza da vontade de Deus. Desconfiamos
sempre de obedecer à nossa voz e ao nosso direcionamento por mais bom senso
que expressem, porque sentimo-nos infinita e unicamente seguros somente na mão
de Deus. Por mais que sua vontade se divorcie da nossa, é a vontade de Deus que
deve sempre prevalecer.

A obediência nos abre à ação do Espírito Santo


A obediência nos leva a um caminho constante de purificação da busca de nós
mesmos e nos abre fortemente à ação do Espírito Santo, segundo os seus desígnios.
A obediência verdadeira nos leva a uma submissão profunda a Deus através da Sua
Igreja e nos torna canais aptos para ser usados poderosamente para o Senhor.
“Se obedecerdes os mandamentos que hoje vos prescrevo, se amardes o Senhor,
servindo-o de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, derramarei sobre a vossa
terra a chuva em seu tempo, a chuva do outono e da primavera e recolherás o trigo,
o teu vinho e o teu óleo; darei erva aos teus campos para os teus animais, e te
alimentarás até ficares saciado” (Deut. 11, 13-15).
Devemos exercer a obediência responsável, que implica liberdade saudável de expor
sinceramente o seu ponto de vista sempre à luz do Senhor, e de estar disposto a
acolher o discernimento final das pessoas responsáveis ou as autoridades
constituídas pois “a sabedoria que vem de cima, é primeiramente, pura, depois
pacífica, condescendente, conciliada, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem
parcialidade, nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que
praticam a paz” (Tg 3, 17-18).

O batizado já não se pertence a si mesmo


Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica n. 1269: “Feito membro da Igreja, o
batizado já não se pertence a si mesmo ( I Cor 6, 19), mas a Cristo que morreu e
ressuscitou por nós ( II Cor 5, 15). Portanto, está chamado a submeter-se aos demais
(Ef. 5, 21; I Cor 16, 15-16), a servi-los (Jo 13, 12-15) na comunhão da Igreja, e a ser
“obediente e dócil” aos pastores da Igreja (Hb 13, 17) e considerá-los com respeito e
afeto (I Ts 5, 12-13). Pelo batismo nos submetemos ao Senhorio de Jesus Cristo,
portanto toda a nossa vida cristã possa ser vivida na obediência a Jesus Cristo e às
autoridades constituídas por Ele.
Usar os carismas na humildade e obediência, harmonia e ordem, longe está de
desencorajar ou impedir os esforços necessários para a abertura confiante e plena à
ação do Espírito Santo e à manifestação dos carismas, como o próprio São Paulo nos
exorta: “Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em
abundância para a edificação da Igreja (I Cor 14, 12).

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Dons gratuitos de Deus


Resumindo de maneira superficial tudo o que vimos sobre os carismas, podemos
dizer que os dons carismáticos são dons gratuitos de Deus, que não dependem dos
nossos esforços e méritos pessoais e que são dados a todos os batizados, pelo poder
do Espírito Santo, para a edificação do Corpo Místico de Cristo.
Sabemos que o Espírito “sopra onde quer” e “como quer”, e que jamais poderemos
limitar sua ação. Somos plenamente conscientes que Ele pode ultrapassar os dons
relacionados na própria palavra de Deus, pois Ele é uma fonte inesgotável de graças.
Ele está sempre atento às necessidades de seu povo, para supri-las da forma mais
plena, com intenção de aproximar cada vez mais o homem do seu Criador. No
entanto, iremos restringir nossos estudos sobre os dons àqueles que São Paulo
relaciona em sua primeira carta aos Coríntios:
“Há diversidades de dons, mas um só é o Espírito. Os ministérios são diversos, mas
um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera
tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do espírito para proveito comum.
A um é dado pelo espírito uma palavra de sabedoria, a outro, uma palavra de ciência,
por esse mesmo espírito; a outro a fé, pelo mesmo espírito; a outro, a graça de curar
as doenças, no mesmo espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a
outro, o discernimento dos espíritos; a outro, por fim, a interpretação das línguas.
Mas um é o mesmo espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como
lhe apraz” (I cor 12, 4-11).

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 7.
TEMA
Missão do ministro de oração e aconselhamento Shalom.

OBJETIVO

Forjar no coração de cada membro a compreensão que o


serviço do Oração e Aconselhamento é levar a pessoa a ter
uma experiência com o Ressuscitado que Passou pela cruz.

METODOLOGIA

Pregação em vídeo.

ESQUEMA DA PREGAÇÃO

● “Somos chamados a acolher, viver e testemunhar o


Carisma da Paz” (Preâmbulo, ECCSh).
● O Perfil e a Espiritualidade do Ministro de oração e
aconselhamento.
● O Ministério de Jesus e os Ministros de oração e
aconselhamento.
● “Assim como o Pai me enviou, eu vos envio” ( Jo 17,
17-19).
● A Missão do Batizado, do leigo e o serviço à
comunidade eclesial.

SUBSÍDIO
● “Somos chamados a acolher, viver e testemunhar o
Carisma da Paz” (Preâmbulo, ECCSh).
● O Perfil e a Espiritualidade do Ministro de oração e
aconselhamento.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Jesus é o mestre, é o modelo de vida que devemos seguir.


Ele é a razão e o centro do serviço no ministério de oração e
aconselhamento.
● O Ministério de Jesus e os Ministros de oração e
aconselhamento.
Em Lc 4, 18-19, vemos em Nazaré Jesus lendo a profecia de
Isaías, que fala de sua missão.
Jesus veio ao mundo para curar o homem, veio sarar os
contritos de coração, ou seja, curar emocional e
espiritualmente, "anunciar aos cativos a libertação". Este é o
ministério de Jesus.
Esta é a missão de Jesus: salvar o homem todo, curando-o
espiritual, física e emocionalmente, capacitando-o para
amar os irmãos: “Amai-vos uns aos outros...” e conduzir todos
de volta ao Pai.

● “Assim como o Pai me enviou, eu vos envio” ( Jo 17,


17-19).
Nós, como batizados, recebemos o mesmo Batismo de
Jesus e, com ele, a graça da eleição, da missão e da
consagração, pois recebemos a unção do Espírito Santo e,
por Ele, somos inseridos no Ministério de Jesus.
o João Paulo II, na Encíclica “Vocação e Missão dos Leigos na
Igreja e no mundo”, refere as palavras do Concílio Vaticano II,
sobre a importância da missão do leigo, exaltando a
dignidade sacerdotal, profética e real de todo o povo de
Deus, e afirmando:
● “Aquele que nasceu da Virgem Maria, o Filho do
carpinteiro – como o julgavam – , o Filho do Deus vivo, como
confessou Pedro, veio para fazer de todos nós um reino de
sacerdotes”. O Concílio Vaticano II recordou-nos o mistério
deste poder e o fato de que a missão de Cristo Sacerdote,
Profeta, Mestre, Rei continua na Igreja. Todos os batizados
participam dessa tríplice missão.
o Portanto, o ministério de oração e aconselhamento é um
serviço que os leigos prestam à comunidade eclesial. É a

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

continuação do ministério de Jesus. Quando um ministro de


oração e aconselhamento ora por uma pessoa, ele deve Ter
a convicção clara de que é um instrumento do qual Jesus se
utiliza para curar (cf. At 3,1-8).
Ele usa nossos lábios, nossas mãos, nosso testemunho de fé.
Ele usa de compaixão, olhando para a dor e para o
sofrimento (físico, psicológico e espiritual) do homem.
O ministério de oração e aconselhamento é o ministério do
amor, e o poder de Deus se manifesta no amor.
É fundamental que deixemos Deus colocar em nós o seu
amor, para sermos canais de sua graça para os irmãos ( cf.
1Cor 12 e 13).
Para exercermos esse ministério, precisamos ter recebido a
efusão do Espírito Santo, ou seja, deixarmos que o Espírito
Santo que recebemos em nosso batismo seja livre em nós
para agir, ungido-nos com o seu poder.
As curas, os milagres, as libertações são os sinais que
acompanham o anúncio da Pessoa de Jesus como Senhor e
Salvador da humanidade (cf. Mc 16,17- 20).
A evangelização é indispensável no exercício do ministério
de oração e aconselhamento, através do qual Jesus quer
estender a sua Salvação a todos os que dele necessitam. Os
doentes, os feridos, os aflitos precisam ser mergulhados na
salvação de Jesus, na experiência pessoal do seu amor. O
ministro de oração e aconselhamento é um veículo para que
esta graça aconteça na vida de muitos irmãos.
Segundo Martins Terra, “na Renovação Carismática, o traço
mais característico da oração pelos doentes é uma fé viva no
poder de Deus para curar todos os nossos males, físicos e
espirituais, quer sejam julgados curáveis, quer incuráveis.
Esta fé é fruto da experiência: tanto de uma experiência
pessoal, porque alguém foi curado, ou foi testemunha
pessoal da cura de um outro... A experiência repetida de ver
produzirem-se curas extraordinárias nas pessoas pelas quais
se rezou levou muitas pessoas engajadas na Renovação

38
Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Carismática a compreender que Deus as chamava


especialmente a um ministério ao serviço dos doentes.
Essas pessoas são aquelas que, na terminologia de São
Paulo, têm carismas de cura (cf. l Cor 12,30). Essas curas,
realizada através do ministério de certas pessoas, mostram
que se trata, em seu caso, de um dom e de uma vocação
particular que lhes vêm de Deus. Mas o ministério do dom
de curas não confere ao carismático o poder habitual de
curar; é Deus quem cura, quando e do modo que escolhe,
para manifestar seu poder através do ministério dessa
pessoa" (Os Carismas em São Paulo, D. João Evangelista
Martins Terra S.J. - pp. 35-36 – Edições Loyola, São Paulo,
1995).

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 8.
TEMA

Sentido Cristão do Sofrimento Humano.

OBJETIVO

Que cada um saiba dar sentido ao sofrimento e saber


orientar aqueles que sofrem a também dá-lo.

METODOLOGIA

Curso em 4 partes do Instituto Parresia acerca do


Sofrimento Cristão - cerca de 1 hora de vídeo.

Subsídio da Pregação

Vídeo 1 https://www.youtube.com/watch?v=28omUjc7PQU
Vídeo 2 https://www.youtube.com/watch?v=L0HvneVPMx4
vídeo 3 https://www.youtube.com/watch?v=LppvAekt4pA
vídeo 4 https://www.youtube.com/watch?v=XE6Bb3xWWBA

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 9.
TEMA

A Oração de cura interior.

OBJETIVO

Levar cada membro do ministério a conhecer do que se trata


a cura interior e como proceder.

METODOLOGIA

Passar a pregação em vídeo da Sheila Costa, Irmã da


Comunidade de Vida. Depois abrir para partilhas
espontâneas, dando abertura para experiências já tidas.

Posteriormente, providenciar um momento de oração de


uns pelos outros, abrindo-nos aos dons do Espírito, pedindo
ao Senhor, pela cura interior de cada um dos ministros.

Outros recursos:

Vídeo do Pe. Hintz, membro da Comunidade de vida, sobre o


processo de Cura interior:
https://www.youtube.com/watch?v=tE0OVCRhd9M&ab_chan
nel=videocomshalom

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 10.
TEMA

Como discernir casos espirituais, psicológicos, ou físicos.

OBJETIVO

Ajudar a discernir os casos espirituais, psicológicos ou físicos.

METODOLOGIA

Passar a pregação em vídeo, pedido préviamente no link:


https://linktr.ee/videocomshalom
Depois abrir para partilhas espontâneas, dando abertura
para experiências já tidas.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 11.
TEMA

O Perfil e a Espiritualidade do Ministro de oração e


aconselhamento.

OBJETIVO

Que conhecendo o perfil e a espiritualidade do ministro de


Oração e Aconselhamento cada um possa se identificar e
trabalhar nos pontos fracos.

METODOLOGIA

Passar a pregação em vídeo, depois abrir para partilha sobre


os pontos mais importantes da pregação.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

.FORMAÇÃO 12.

TEMA
Maria no Ministério de oração e aconselhamento.

OBJETIVO
Levar a um relacionamento mais intenso com Maria para
tornar-se um discípulo dela, para ser ministro de oração e
aconselhamento de forma mariana.

METODOLOGIA
Pregação ao vivo.

ESQUEMA DA PALESTRA
● Maria Medianeira de todas as graças, poderosa
intercessora.
● Maria tem papel chave na Batalha Espiritual.
● Como Maria se revela na Vocação Shalom.
● Eleição, Missão e Vocação.

SUBSÍDIO
- Maria no Ministério de oração e aconselhamento.
• O Deus que Maria cantou no Magnificat está totalmente
voltado para os homens, em especial para os fracos, os
pobres, os infelizes, os desgraçados, os oprimidos. E a
devoção à Maria não estará completa, se prescindir dessa
verdade sobre Deus e sobre Maria.
• Sendo Maria medianeira de todas as graças, a devoção a ela
será de grande auxílio neste ministério em que travamos
grandes combates espirituais.
• Maria, a Medianeira de todas as graças.

44
Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Jesus é o único mediador. A mediação de Maria é uma


cooperação subordinada à mediação de Jesus, depende
totalmente de Jesus, como a única mediação de Jesus
estende-se por meio da Igreja no tempo e no espaço.
É diante da cruz que a mediação de Maria fica mais densa e
profunda; passa a ser uma mediação maternal. "A função
maternal de Maria em relação aos homens de maneira
alguma obscurece ou diminui a única mediação de Cristo,
mas mostra muito bem sua eficácia" (LG, 60; RM, 22).
Jesus comunicou a sua mãe seus méritos e virtudes
adquiridos por sua vida e morte. Fê-la tesoureira de tudo que
seu Pai lhe deu em herança; aplica seus méritos, comunica
suas virtudes, distribui suas graças, tudo através de sua mãe.
Ela é um canal por onde passam suas misericórdias.
O Espírito Santo confiou a Maria, sua esposa, seus dons
inefáveis e a escolheu como dispensadora de tudo que Ele
possui.

• Intercessora poderosa
Se Moisés, pela sua oração, conseguiu sustar a cólera de
Deus contra os israelitas, que mais podemos pensar da
prece de Maria, a Imaculada Conceição, a toda pura, que tem
mais poder que todos os anjos e santos do céu e da terra?
Deus quis exaltar a sua humilde serva, e é da sua vontade
que os anjos e santos a atendam.
Em Caná, Maria coloca-se entre seu Filho e os homens, que
estão em situação de indigência. Segundo a encíclica
Redemptoris Mater, “coloca-se no meio", ou seja, serve de
mediadora, não como uma pessoa estranha, mas em seu
papel de mãe, consciente de que, como tal, pode - ou
melhor, tem o direito de - trazer à luz as necessidades dos
homens... "Mas não é só isso: como mãe, deseja também que
se manifeste o poder messiânico do Filho, quer dizer, seu
poder salvador, destinado a socorrer a desventura humana a

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

libertar o homem do mal que, sob diversas formas e


medidas, pesa sobre sua vida" (RM, 21).
Elevada aos céus, Maria não deixou a missão salvadora, ao
contrário, sua múltipla intercessão continua nos obtendo os
dons da salvação eterna.
Ajuda poderosa na batalha espiritual por sua Imaculada
Conceição e sua fidelidade a Deus:
A imaculada conceição de Maria é antes de tudo um
mistério de misericórdia,um reflexo do desejo de Deus para
todos os homens. A misericórdia que Deus quer confiar a
todo homem é a libertação do pecado e da morte.
Vemos em Gn 3,14-15: "Colocarei inimizades entre ti e a
mulher, entre a tua posteridade e a dela. Ela te esmagará a
cabeça e tu procurarás atingi-la no calcanhar". Maria tem um
papel-chave na batalha Espiritual. Em Ap 12,7-9 é descrita a
batalha em que Lúcifer foi expulso do céu. Em resposta à
rebeldia de Lúcifer, Deus cria Maria. Maria é a criatura que foi
concebida imaculadamente, e assim nunca esteve sob o
domínio de satanás ou do pecado. A resposta de Maria, em
louvor, humildade, serviço e misericórdia se opõe
diretamente à auto-gratificação de satanás em rebelião,
orgulho, indisposição de servir, ódio e acusação. Seu
renovado sim tornou-se o "sim" que esmaga a cabeça de
satanás. A intervenção de Maria é plano de Deus. Deus quis
escolher uma mulher para ser mãe do seu Filho, o Salvador.
Porque ela é sem pecado, Deus escolheu usá-la para
derrotar satanás em seus ataques sobre nós. Nas suas
mensagens, nas diversas aparições, o que ela mais deseja é
nos ensinar a livrar-nos do pecado, pelo arrependimento,
fazendo reparação e consagrando-nos ao seu Imaculado
Coração. Todas as graças de Maria foram recebidas em
perfeição mas nos são compartilhadas, como um modelo do
que está reservado para nós: "Na Santíssima Virgem, a Igreja
já atingiu aquela perfeição pela qual ela existe sem mancha
nem mácula... Buscando a glória de Cristo, a Igreja se torna

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mais semelhante a seu elevado modelo, e progride


continuamente em fé, esperança e caridade, buscando e
realizando a vontade de Deus em todas as coisas" (Lumen
Gentium, 65).

OS TRES NOMES DE MARIA: ESPOSA DO ESPÍRITO SANTO,


RAINHA DA PAZ E PORTA DO CÉU ELEIÇÃO, MISSÃO E
VOCAÇÃO

Como sabemos, Maria se revela a nós da vocação Shalom


com três nomes. Quando Maria se faz toda acolhida a Deus a
mensagem do Anjo Gabriel, ela acolhe sua eleição e sua
missão e, ao acolher sua missão e sua eleição, ela acolhe sua
identidade. Aquilo para qual foi criada.

Tomemos Lucas 1, 26.


"No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma
cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem
desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e
o nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava,
disse: "Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo". Ela
ficou intrigada com essa palavra e pôs-se a pensar qual seria
o significado da saudação. Porém, o anjo acrescentou: "Não
temas, Maria, porque encontraste graça junto de Deus." Eis
que conceberás no teu seio e darás à luz um filho e o
chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será
chamando Filho do Altíssimo e o Senhor Deus lhe dará o
trono de Davi, seu pai. Ele reinará na casa de Jacó para
sempre e o seu reinado não terá fim. Maria, porém, disse ao
anjo: "Como é que vai ser isso se eu não conheço homem
algum?"
O anjo lhe respondeu: "O Espírito Santo virá sobre ti e o
poder do Altíssimo vai te cobrir com sua sombra. Por isso, o
santo que nascer de ti será chamado o Filho de Deus".

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Nestes versículos do Evangelho de São Lucas é narrado que


o Anjo Gabriel anuncia a Maria que ela conceberia Jesus no
seu ventre pelo poder do Espírito Santo. Ela tinha sido
escolhida para essa missão. Essa era a sua eleição. Deus a
escolheu para trazer Jesus ao mundo. Ela foi escolhida para
contribuir com sua vida na Encarnação de Jesus. Ela foi
escolhida para trazer ao mundo o Salvador da humanidade.
Era algo muito grande e incompreensível, mas ao receber a
explicação do Anjo de que isso iria acontecer sob a sombra
do Altíssimo, sob o poder do Altíssimo, Maria acolhe a graça
incomparável de ser Esposa do Espírito.
Ao fazer-se toda acolhida à missão que o Senhor lhe confia,
Nossa Senhora se faz para nós a Rainha da Paz. Vive em
plenitude não só a missão de trazer ao mundo o Príncipe da
Paz, mas também de, como Igreja, continuar o anúncio e a
vida nova, ressuscitada, profética do Shalom do Pai.
Nós também precisamos acolher a graça do Espírito Santo
para que Jesus seja gerado em nossos corações e suplicar a
vinda do Espírito Santo para que as pessoas pelas quais
estamos rezando gerem Jesus em seus corações. Isso
significa ter intimidade com Jesus, aceitação da
mentalidade, sentimentos, pensamentos de Jesus em suas
vidas. Esse processo faz parte da cura. O ministro de cura é
chamado por Jesus à conversão.
Outro aspecto importante é o fato de que o ministro de cura
deve deixar-se conduzir pelo Espírito Santo, receber sua
unção, seus dons de santificação e de serviço. Porque quem
age nesse processo é Deus.
No ministério de oração e aconselhamento precisamos
tomar Maria como exemplo de transparência de Deus.
Ficarmos com Ele como se não existíssemos. Precisamos
deixar que Ele aja sem interferência nossa. Ele é o autor de
todas as graças. Não somos nós que realizamos algo. Sem
Ele nada podemos fazer, não podemos curar, consolar,
libertar. Não somos autossuficientes, sozinhos não

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

conseguimos realizar nada. Precisamos reconhecer nossa


pobreza e nos colocarmos abandonados nas mãos de Deus.
Por isso precisamos do Espírito Santo, da sua condução, da
sua amizade. Um ministro de cura deve ser uma pessoa
aberta inteiramente ao Espírito Santo. Ele é o Consolador, o
Espírito da Verdade, o Paráclito.
Com isso, recebe de Deus sua identidade mais profunda,
identidade plena, que é ser Mãe de Deus, a Porta do Céu. A
porta que se abre para que o Céu venha a Terra, para que o
Salvador, o Verbo de Deus se faça carne e habite no meio de
nós. Depois, acolhendo nossa missão, por mais árdua que
seja, devemos ser como a Rainha da Paz, acolhedores da
missão que Deus nos confia. Não podemos rejeitar nosso
apostolado, não podemos escolher o tempo do nosso
serviço, se temos esse tempo, não podemos escolher os dias,
se temos dias livres. Os homens precisam de nós,
especialmente os que sofrem de doenças físicas, do espírito
e da alma. Precisamos fazer florescer a nossa solidariedade e
esperança. Precisamos esquecer de nós mesmos, de sermos
individualistas e egoístas. Como disse o Moysés, nosso
fundador, “precisamos cuidar da qualidade da oferta da
nossa vida por Cristo, com Cristo e em Cristo [...] Quando
crescemos na qualidade da nossa oferta, do nosso sacrifício
de amor, porque a nossa oferta é um sacrifício de amor, é
não viver mais para si mesmo, viver para Deus e viver para os
outros! É se consumir no amor divino” (Escuta n. 06// Ano
2020, pág. 105).
Maria então ensina com o seu fiat que o ministro de oração
de cura e aconselhamento precisa também ser porta para
que as pessoas possam entrar na vida que Deus escolheu
para elas, que é a vida divina, a vida eterna. Isso exige fé,
esperança e amor. Necessita de compreensão, de paciência,
ternura, acolhimento do outro, ser instrumento da graça
divina.

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

Como Porta do céu, assumindo a sua verdadeira identidade


de cristãos e consagrados, serão portas que se abrem para
Deus se manifestar através de suas vidas aos filhos amados
Dele. Deus procura colaboradores que se coloquem como
instrumentos de sua salvação e do seu amor.
Nossa Senhora é a saúde dos corpos e consolo dos corações.
Por isso precisamos nos unir a ela estreitamente, confiando
tudo à Sua intercessão poderosa e amorosa. Ela é a estrela
dos caminhos e momentos escuros nosso e da humanidade.
Nela, por Ela e com Ela, cresce a nossa certeza que Deus
cuida de nós, cuida dos seus filhos.
Diz a Revista Escuta, que “Deus nos pedia para nos preparar
para ter um coração mariano [...] Um coração mariano é um
coração que escuta. Escuta a Deus, escuta os irmãos, entra
em diálogo com Deus. Um coração que escuta. Um coração
mariano é um coração que guarda e medita todas as coisas
no coração [...] Escutar e encarnar, esse é o mistério da
Encarnação [...] Nossa Senhora encarnava todas as coisas de
Deus, tornava visível na sua carne a obra divina, deu o Verbo
encarnado para o mundo” (Escuta n. 06, págs. 213 e 214).
Essa é a missão do ministro de oração e aconselhamento,
escutar a Deus e aos irmãos, guardar as palavras de Deus e
dos irmãos e darmos Jesus ao mundo, a todos aqueles que
vem procurar o nosso apoio, o nosso consolo, a nossa escuta.
Há uma urgência missionária no nosso serviço. Não
podemos deixar para depois, nem para amanhã, nem só
quando estivermos dispostos, mas já!

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Manual Básico Ministério de Oração e aconselhamento

É sempre bom que se comece a oração agradecendo,


louvando ou adorando a Deus pela vida daquele irmão, e
logo em seguida, partir para a oração de cura, apresentando
a Jesus a enfermidade ou o problema seja físico, espiritual
ou interior. O que foi partilhado ajudará no direcionamento
da oração que precisa ser sempre no nome de Jesus e sendo
assim, o Ministro precisa estar com o coração aberto desde o
início da partilha para a identificação da causa.

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