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INTRODUÇÃO
Continuando o mesmo caminho espiritual, entramos em uma nova fase, que possui a
mesma metodologia da fase anterior, englobando as Dimensões: Espiritual, Biblica,
Humana, Doutrinária e Missionária, porém de forma nova, levando em conta o
crescimento espiritual apartir da experiência com o amor de Deus e com o Espirito
Santo que ovelha viveu na fase anterior.
Pedimos ao Senhor que este manual lhe sirva de instrumento para condução e
crescimento das ovelhas no caminho da Paz.
Assistência Apostólica,
Equipe do caminho da Paz
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
DIMENSÕES
DIMENSÃO ESPIRITUAL
A fase filotéia tem como principal objetivo o amadurecimento espiritual, daí o
crescimento do tempo de oração e as formações que auxiliarão a ovelha na sua vida
espiritual, livrando de possíveis enganos na oração, incentivando a vida sacramental, a
devoção mariana e a vida de louvor.
DIMENSÃO BÍBLICA
Daremos um forte incentivo à oração com a Palavra de Deus no método da Lectio
Divina, como na fase anterior, agora, com o Estudo Bíblico “Felizes os que ouvem a
Palavra”, onde enfocaremos não mais uma dimensão kerigmática, mas desceremos no
conhecimento de Deus através da sua Palavra e o inicio de uma amizade madura. Por
isto é importante um feedback constante do acompanhador.
1
Entendemos retiro fechado aquele em que o grupo de oração se retira para aprofundar a sua experiência de Deus;
oração. (estimular a ajuda uns aos outros). Deixar livre para partilhar também suas
realidades humanas (Família, estudos, amizades, trabalho...).
5º mês (entre a 17º e a 21º Semana): Partilhar as graças de Deus neste
tempo na sua vida. Partilhar sobre a Comunhão de Bens, o que você entende por
esta realidade, o que para você ficou mais forte, como você pode fazer a
comunhão dos seus bens na Obra? (espirituais, intelectuais e materiais)
6º mês (até o fim da fase): Partilha geral do Grupo2 – Partilhar o crescimento
espiritual nestes 6 meses, a formação que mais te ajudou nesta fase e as
expectativas para a próxima fase. O Pastor deve estar atento para que a partilha
seja de tal forma que todos possam partilhar.
2
Ser realizado com todo o grupo de oração.
É importante nunca se esquecer de ajudá-lo em sua vida de Oração.
- Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.
4º mês: Devem-se incentivar aspectos fundamentais na vida de intimidade com
Deus (eucaristia, confissão, a oração diária do terço...) e como amigo, dar
exemplos desta vivência em sua vida.
É também importante ajudar a ovelhas nas possíveis dificuldades que ainda
existam na sua oração.
- Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.
5º mês: Dentre outras coisas deve-se acompanhar o serviço no ministério, a
fidelidade ao seu EB e OP e os frutos na sua vida e incentivar a Comunhão de Bens
como meio de gratidão a Deus.
Ajudá-lo na intimidade com a Virgem Maria. Mostrá-la como modelo. Se for preciso
ensiná-lo a rezar o terço, etc.
- Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.
6º mês: Neste acompanhamento deve-se focar especialmente na decisão pessoal
da ovelha, empolgá-la para a próxima fase, ajudá-la a tomar uma decisão mais
firme no seguimento de Cristo e preparar a ovelha para a próxima fase, dentre
outras coisa que surgiram a partir dos acompanhamentos que aconteceram.
- Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.
• Lazer: O lazer deve ser feito com o objetivo de fazer crescer os laços amor fraterno
e de amizade no grupo. O grupo de oração deveria ter pelo menos um dia de lazer
ao longo dessa fase.
DIMENSÃO DOUTRINÁRIA
Nesta dimensão durante toda a fase faremos um forte incentivo à Palavra de Deus, aos
sacramento da Igreja (principalmente eucaristia e reconciliação) e à Vigem Maria
Sugerimos ao pastor que ao término da fase no retiro do grupo, enfoque-se
fortemente a palavra de Deus, que pode ser até mesmo o tema no retiro.
DIMENSÃO MISSIONÁRIA
Nesta fase a ovelha fará o discernimento do seu ministério, que deve ser incentivado
pelo pastor como um meio também de crescimento e transbordamento do crescimento
espiritual, próprio da fase.
A vivência do serviço deve ir além das estruturas, sendo assim formado pelo pastor a
servir onde houver necessidade.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
ORIENTAÇÕES GERAIS
FORMAÇÃO DO GRUPO
A formação do grupo deve seguir a grade e será complementada na oração pessoal da
ovelha através do “Caderno de Oração – Amizade com Deus”.
Contando com possíveis imprevistos (Semana Santa, Carnaval, Natal, Ano Novo,
convocações, etc.) e com necessidades que o grupo possa vir a ter, dispomos de
“semanas livres”. Essas semanas são opcionais para que o pastor possa dar
“formações extras” que sentir necessidade, ou para compensar possíveis imprevistos.
Não precisando nem de uma coisa e nem de outra essas semanas poderão ser
omitidas4.
Uma novidade do Caminho da Paz nesta fase são os DVD´s para o pastor.
Entendemos que na mentalidade do Caminho da Paz, o principal pregador do grupo
deve ser o pastor (“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me
seguem” Jo, 10,27) o que não impossibilita de forma nenhuma que o pastor convide
outras pessoas para pregarem no seu grupo. Assim, por inspiração de Deus,
disponibilizamos dentro do Caminho da Paz os DVD´s para o pastor.
Esses DVD´s não deverão ser vistos pelas ovelhas, mas o será visto pelo
pastor/pregador e será um subsídio para que ele possa dar a formação do grupo. Eles
ajudarão também o pastor a aprender a pregar segundo o carisma shalom e não se
desviar do fundamental naquela formação.
DURAÇÃO DA FASE
A fase FILOTÉIA tem como duração média 6 meses. Por isto, pedimos ao pastor que
tenha uma grande atenção e sabedoria para não permitir mais de duas semanas sem a
3
Sugerimos a Bíblia Jerusalém, porque é essa tradução que foi usada nos estudos bíblicos, mas se não
houver possibilidade de adquiri-la pode-se usar outra tradução.
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Pula-se a semana livre e vai para a formação da semana seguinte, mas o caderno de oração segue o seu
ritmo ordinário.
reunião do grupo de oração; se necessário, deve transferir a reunião do grupo de
oração para outro dia da semana para que o grupo aconteça sem muitas quebras.
MANUAL DO PASTOR - FASE FILOTÉIA
GRADE FORMATIVA
RECURSO A SER
TEMA LEITURA ESTUDO BIBLICO
UTILIZADO
Felizes os que ouvem
1. A vida espiritual Pregação
a Palavra.
2. A intimidade com
Livro - Introdução Felizes os que ouvem
Deus através da Pregação
e Capítulo 1 a Palavra.
Palavra
3. Palavra de Deus –
Pregação e Lectio Livro - Capítulo 2 e Felizes os que ouvem
Lugar de encontrar a
Comunitária 3 a Palavra.
Cristo
5. Ensinamentos
Livro - Capítulo 6 e Felizes os que ouvem
fundamentais sobra a Pregação
7 a Palavra.
vida de oração
6. Dificuldades e
enganos que podem Leitura individual e Livro - Capítulo 8 e Felizes os que ouvem
acontecer na vida de Partilha 9 a Palavra.
oração.
Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas
7. LIVRE que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa
necessidade.
Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas
14. LIVRE que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa
necessidade.
Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas
21. LIVRE que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa
necessidade.
TEMA
A vida espiritual
OBJETIVO
Introduzir o grupo em uma experiência de amizade/intimidade com Deus.
MATERIAL:
Texto Amizade com Deus - Anexo I
Texto Oração Vocal – Anexo II
Texto Um diálogo de amor – Anexo III
Catecismo nos seguintes parágrafos: 2558 / 2567 / 2598 / 2619 / 2697 / 2719
Biblia
METODOLOGIA
Pregação
Ensinar como utilizar o caderno de oração – Pode-se pegar a introdução desse caderno
de oração, pois ele contém ensinamentos ricos quanto a vivência prática da oração.
ESQUEMA DA PREGAÇÃO:
Sugerimos que a formação seja dada pelo pastor, se não, pode ser dada por alguém
que tenha experiência na vida espiritual e possa passar o conteúdo de forma que as
ovelhas desejem viver o que será falado, mas o pastor deve retomar os ponto 3 e 4
após a pregação.
O pregador deve-se a partir do material em mãos, seguir a linha:
1. O que é oração – levá-los a entender o que é uma vida de oração
2. Como trilhar um caminho de amizade com Deus no seu dia a dia
3. Como rezar com o caderno de oração (Se for o Pastor a dar esta pregação
deve entregar o caderno de oração para cada ovelha e explicar a importância e o
caminho a ser percorrido pelo caderno de oração. Caso não seja o Pastor, o mesmo
deverá passar antecipadamente para o pregador o que é o caderno de oração e
como ele deverá ensinar na pregação o caminho a ser percorrido através dele). É
importante ressaltar que este ponto “como rezar com o caderno de oração” faz
parte da pregação.
4. Como crescer na intimidade concretamente – Orientar tempo de oração: 30
minutos diários a partir do caderno de oração e continuar vivendo os 30 minutos
do estudo bíblico agora com o EB “Felizes os que ouvem a Palavra”.
TEMA
A intimidade com Deus através da Palavra
OBJETIVO
Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus através da sua Palavra.
MATERIAL
Bíblia
DVD para o pastor - “Intimidade com Deus pela Palavra”
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
Tendo como base o DVD deve-se pregar na seguinte linha:
• A Palavra de Deus no dia a dia de cada pessoa (remeter ao Sïnodo)
• A força e a beleza dos estudos bíblicos
• O exercício da Lectio Divina
• Estatutos da comunidade
TEMA
Palavra de Deus – Lugar de encontrar Cristo
OBJETIVO
Complementando a formação anterior, levar as ovelhas a perceberem na Palavra o
lugar de encontrar Cristo e de maneira prática, como encontrá-lo todos os dias e
encontrando-o encontrar a Sua santa Vontade.
MATERIAL
Biblia
Caderno de Oração ou Folha em branco
Caneta
EB – Felizes os que ouvem a Palavra de Deus
METODOLOGIA
Pregação
Lectio Comunitária
ESQUEMA DA PEGAÇÃO
• O pregador deve relembrar o tema anterior que é “Intimidade com Deus pela
Palavra”.
• Na pregação deve mostrar que a Palavra de Deus é um lugar para encontrar Cristo
verdadeiramente, nos livrando de possiveis enganos que podemos ter sem o auxilio
dela.
• “Conhecê-la, é conhecer o próprio Cristo e desconhecê-la é ignorá-LO” São
Jerônimo
• Explicação da Lectio (Sugerimos para auxiliar o pregador a introdução do EB –
Felizes os que ouvem a Palavra de Deus)
• Deve-se uma breve explanação buscando tirar todas as dúvidas sobre a Lectio
Divina, percebendo como as ovelhas fazem e ajudando-as a fazê-la da melhor
forma. (É importante lembrar que na fase kerigma, as ovelhas aprenderam a fazer
a lectio divina, por isto ela não será uma novidade, mas com certeza terão dúvidas
a partir da prática cotidiana da mesma. O objetivo maior do pregador é reforçar a
importância da prática da oração com a Palavra de Deus e tirar as dúvidas, para
encontrar a Cristo e sua Vontade, de forma concreta sem enganos.)
• Após isto deve-se fazer a Lectio Comunitária, seguindo os passos, com o 1º dia do
EB “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus”.
TEMA
Exercícios da vida de oração
MATERIAL
Texto Oração escola da verdade – Anexo IV
Livro da Vida – Santa Teresa de Jesus (Edições Paulus)
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
Sugerimos como base para a pregação o livro chamado “A chave de leitura Oficina da
Vida” (Meyr Andrade) – Em anexo
• É importante deixar claro nesse momento que se inicia um caminho de amizade,
entre Jesus que nos conhece por inteiro e nós que nem nos conhecemos em
profundidade e nem conhecemos a Jesus como ele é. Estamos nos relacionando
com Alguém, que é vivo e que por isso nos escuta.
• O ambiente que escolhemos para esse momento de oração é muito importante,
deve-se orientar que seja reservado e silencioso, porém sabemos que como para
muitos isso não será possível, de qualquer forma que eles tentem dar o melhor
para Deus.
• O clamor do Espírito é fundamental, porque sem ele nada podemos fazer. É bom
lembrar que isso pode ser feito de diversas formas, cantando, fazendo uma oração
espontânea, mas o mais importante será o clamor do Espírito.
• A pessoa que ora deve tomar consciência da presença de Deus e se voltar para ele
com um olhar de amor usando assim as suas faculdades, memória, imaginação,
afetividade, inteligência e principalmente a vontade. Sem a nossa vontade
fortalecida pelo desejo de rezar podemos ter muita dificuldade na oração.
• Ensine que para orar é preciso falar com Deus, ele é um amigo que escuta tudo
que temos para falar, a nossa oração é espontânea e carregada de fé, mas como
em um dialogo se fala e se escuta. Na oração o mais importante é saber o que o
Senhor tem a nos dizer sobre o que nós apresentamos a Ele. A escuta não é feita
com o ouvido, mas com o coração, é no nosso interior que escutamos a sua voz.
• O uso dos dons do Espírito se faz necessário, explique que o uso deve ser
abundante, que mesmo pessoalmente escutamos profecias e temos sabedoria e
ciência e que nos abrimos as curas e milagres que Deus deseja realizar em nós.
• Pode parecer que estamos dando passos mecânicos, por isso não esqueça sempre
de enfatizar que é uma conversa com Deus, com um amigo, com seu amigo.
• É importante lembrá-los que estamos iniciando um caminho, e que por isso requer
um esforço da nossa parte. São os primeiros degraus da vida espiritual. Dê
exemplos desse primeiro passo. Santa Teresa nos diz que o nosso interior é um
belo jardim que no primeiro momento regamos as flores tirando água de um poço
com baldes.
TEMA
Ensinamentos fundamentais sobre a vida de oração
OBJETIVO
Favorecer uma base para uma saudável vida de oração.
MATERIAL
DVD para o pastor - “O essencial na vida de Oração” (Gleidson Bezerra)
METODOLOGIA
Pregação
TEMA
Dificuldades e enganos que podem acontecer na vida de oração
OBJETIVO
Iluminar a caminhada diante dos possíveis enganos sobre a vida de oração e incentivá-
los a rezar melhor.
MATERIAL
Texto “As distrações da oração” – Anexo V
METODOLOGIA
Leitura individual do texto (cada ovelha com um texto)
Partilha livre sobre a leitura com uma palavra do Pastor do grupo sobre alguns pontos
fundamentais;
ESQUEMA DA FORMAÇÃO
• O Pastor deve dizer qual o objetivo da formação.
• Distribuir o texto para cada ovelha e pedir para que cada uma leia silenciosamente
e em oração. 5 minutos para leitura individual
• Após acabar o tempo orientado abrir para partilha livre. 40 minutos para partilha e
colocação do pastor.
• Pontos que não podem deixar de ser dados pelo Pastor na partilha final:
- Evitar atender celular ou ler/passar mensagens quando estiver rezando.
- Evitar rezar com o computador ligado na internet.
- Dizer que a oração não é o lugar onde Deus vai solucionar todos os nossos
problemas.
- Partilhar que as pessoas que rezam não significa que nunca mais vão pecar – um
engano que pode fazer a pessoa desistir quando não encontrar uma mudança
imediata em si ou nos outros.
- Partilhar que às vezes faz parte da oração a ARIDEZ, ou seja, a dificuldade de
rezar, o não ter vontade de rezar. Buscar se esforçar para superar esta vontade.
TEMA
Partilha sobre a vida de oração
OBJETIVO
Tirar possiveis dúvidas sobre a vida de oração.
MATERIAL
Mesa com 4 cadeiras ou somente cadeiras
Papel
Caneta
METODOLOGIA
Mesa redonda
TEMA:
A vida na graça
OBJETIVO:
Animar e favorecer que todas as ovelhas tenham uma vida dependente da graça de
Deus.
MATERIAL:
Texto “Tempo de graça” – Anexo VI
METODOLOGIA:
Leitura de texto em grupo
Partilha de cada grupo
ESQUEMA DA FORMAÇÃO
• O pastor deve apresentar o tema da formação e dizer qual o objetivo
• Divide o grupo em grupos menores e orienta que se escolha um representante
para cada grupo. Orienta a leitura do texto e pede que se destaque os pontos mais
importantes. O grupo terá 15 minutos para leitura.
• Após a leitura em grupo o representante de cada grupo terá um tempo para
partilhar os pontos destacados pelo seu grupo. O tempo total para a partilha deve
ser 40 minutos.
TEMA
A intimidade com Deus através da vida comunitária
OBJETIVO
Levar cada membro do grupo de oração à intimidade com Deus por meio da vida
comunitária e fazê-los crescer na oração comunitária e na abertura aos dons no grupo
de oração.
MATERIAL
DVD para o pastor - “Intimidade com Deus na oração comunitária” (Pe. Dênis)
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Estatutos da comunidade
• Vida carismática de louvor
• A importância do grupo de oração, dos dons, etc.
• Deus vivo e ressuscitado que está ne meio de nós
TEMA
Intimidade com Deus através do Irmão
OBJETIVO
Fazer os membros do grupo de oração perceberem que o caminho de santidade é
pessoal, mas nunca sozinho. Mostrar o irmão como algo necessário e que faz parte do
crescimento na Intimidade com Deus e um meio eficaz de amá-Lo.
MATERIAL
Texto “Amar o não amável” – ANEXO VII
Biblia
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
Com base no texto em anexo, o pregador deve dar a formação enfocando que é da
Vontade de Deus que vivamos como família. Por isto o amor ao irmão (primeiramente
do meu grupo de oração) é fundamental para o crescimento na intimidade com Deus.
• Por que a intimidade com Deus tem que passar pelo irmão?
• O amor ao próximo como reflexo do amor trinitário
• O amor ao próximo como forma de amar a Deus
• 1Jo 4,20s
• Amar o próximo (Mostrar a importância de amar aqueles que tenho afinidade, até
de cutivar amizades)
• Amar o não amável, prova concreta de amor a Deus (estimulá-la a amar livremente
aqueles que são mais dificeis. Esse é o ápice do amor à Deus)
TEMA
Vida Fraterna
OBJETIVO
Levar cada membro do grupo de oração a perceber que eles podem ajudar uns aos
outros no seguimento de Cristo. Mostrá-los s a mentalidade no mundo do
Individualismo.
MATERIAL
Texto “VOCÊ PODE VIVER SOZINHO?” – Anexo VIII
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PALESTRA
• Gn 2,18
• O homem tem necessidade de relacionar-se
• Nos relacionando com os homens aprendemos a nos relacionar com Deus
• A competitividade / Individualismo
• A atenção ao próximo
• Conclui-se com a importância da partilha uns com os outros. De apoiar o outro no
seu caminho para Deus e de contar com o irmão.
TEMA
A intimidade com Deus através do sacramento da Eucaristia (missa e adoração)
OBJETIVO
Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus por meio da Eucaristia diária e
adoração semanal.
MATERIAL
Texto “Vida Eucarística” - Anexo IX
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Introduzir em uma vida de eucaristia celebrada, adorada e imitada (vida partida e
entregue para alimento do outro)
• - Talvez um testemunho pessoal fosse enriquecedor (a cargo do pregador)
• Um caminho por mais de uma missa por semana
• Um caminho de uma vez por semana (no mínimo) adoração no Shalom
• Uma certa explicação do mistério celebrado (missa)
TEMA
A intimidade com Deus através do Sacramento da Reconciliação
OBJETIVO
Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus por meio do sacramento da
reconciliação.
MATERIAL
DVD “Sacramento da penitência” (Pe. Antônio Furtado) – EXIBIÇÃO NO GRUPO
METODOLOGIA
• Apresentação do tema e objetivo da formação
• Exibição do DVD “Sacramento da penitência” (Pe. Antônio Furtado)
• Abrir para partilha sobre o DVD
TEMA
Intimidade com Deus e Partilha dos Bens
OBJETIVO
Levar as ovelhas a perceberem na partilha de bens, o crescimento nas vitrtudes.
MATERIAL
Texto “Administração de Bens” – Anexo X
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• O que são os bens (espirituais e materiais)
• Egoísmo / Temperança
• Partilha dos Bens – Segundo os Atos dos Apostólos
TEMA
Comunhão de Bens – Comunhão de Amor
OBJETIVO
Levar as ovelhas a perceberem que a Comunhão de Bens é mais que uma partilha de
bens materiais, mas também espirituais e expressa autentica conversão.
MATERIAL
DVD para o pastor - “Comunhão de Bens”
Texto “Comunhão de Amor” - Anexo XI
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• O que é a Comunhão de Bens
• A comunhão de bens não é uma mentalidade financeira nem econômica.
• Comunhão de Bens aos moldes da Trindade
• A comunhão de amor afetiva e efetiva
• Se existe comunhão espiritual, existe também comunhão material
• Comunhão de Bens na Palavra de Deus
• Começar a implantar a mentalidade da devolução dos 10% para a obra – explicar o
envelope
• Se possível, um testemunho de um irmão da obra ou da CAl que faça a devolução
com fidelidade
TEMA
Vida de louvor
OBJETIVO
Levar o grupo a desenvolver a virtude do louvor em qualquer situação
MATERIAL
Catecismo da Igreja Católica
Livro - “Louvor Brasa-Vida”
Texto “A promoção do Louvor” - Anexo XII
METODOLOGIA
Pregação
Abrir à partilha em cima do que todos leram no Livro “Louvor Brasa-Vida”
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• O louvor como característica constitutiva do Carisma (e, portanto, da
espiritualidade) Shalom (recomendaria que o pastor e/ou pregador tenham lido o
Livro “Louvor Brasa Vida”, pelo menos nos capítulos mais importantes para a
pregação.
• Catecismo 2639-2643
• O louvor no dia a dia como ferramenta de alegria e de vida nova que faz tudo novo
TEMA
Nosso alvo é a santidade
OBJETIVO
Levar ao final da fase as ovelhas desejarem como meta a santidade e mostrá-la como
algo possível.
MATERIAL
Texto “O que é e o que não é santidade” – Anexo XIII
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
Deve-se deixar clara nesta pregação que a santidade é possivel de ser vivida hoje e
tirar toda falsa idéia de uma santidade sentimental.
• O que é e o que não é santidade
• A santidade é individual
• O que fazem os santos
• O que nós devemos fazer
TEMA
Obra Nova - caminho de escolha pessoal
OBJETIVO
Iniciar as ovelhar na mentalidade e no valor do deixar-se formar, educar, orientar
como um sinal próprio dos que fazem uma autêntica experiência com Jesus e confiam
mais nEle e nos seus intrumentos do que em si mesmo.
Essa é uma oportunidade única de dar ênfase a esse aspecto da Obra Nova, iniciando
as ovelhas nessa mentalidade uma vez que esta fase (FILOTÉIA) sugere um caminho
amizade com Deus, de conhecê-lo mais e de deixar-se formar.
MATERIAL
DVD para o pastor - “Obra Nova – Caminho de Escolha Pessoal”
Escritos da Comunidade Católica Shalom
Livro “Obra Nova – Caminho de e para Felicidade”
Bíblia
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Is 43, 19-21 (falar da importância dessa passagem na nossa história, carisma e
espiritualidade)
• Falar do escrito Obra Nova, da dimensão do Shalom como Nova Comunidade, a
ousadia, a fé do fundador e de cada pessoa que deseja trilhar esse Caminho
• Escrito Obra Nova como uma obra de Deus a nível de conversão pessoal e
santificação na vida de cada pessoa (“coragem, renúncia, disposição”, “eu desejo,
eu quero, eu vou”, “sim Pai”, galhos secos, poda, vida transformada, etc.)
• Deixar claro que a escolha é pessoal – “eu quero viver”
• Finalizar deixando claro a alegria de pertencer a Deus (nossa eleição)
TEMA
A intimidade com Deus através de Maria
OBJETIVO
Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus através de Maria.
MATERIAL
Texto “Três nomes de Mãe” – Anexo XIV
Texto “Maria na Epiritualidade Shalom” – Anexo XV
Terços para distribuir para o grupo – seria rico se o pastor com o seu núcleo fizesse
esse esforço e/ou essa caridade
Mini-folder ou folha com a explicação dos mistérios do terço e como rezá-lo
METODOLOGIA
Pregação
Distribuir terço para cada membro com as explicações de cada mistério do rosário.
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Explicar porque Nossa Senhora é um caminho seguro para Jesus.
• O que consiste em uma verdadeira vida Mariana.
• Porque rezamos o terço.
• A meditação do terço nos favorece contemplar a Historia da salvação.
TEMA
Maria, mestra do amor
OBJETIVO
Apresentar Maria como modelo de seguimento de Cristo e como mestra que nos ensina
a amar a Deus.
MATERIAL
Texto “Maria, mestra do amor” – Anexo XVI
METODOLOGIA
Pregação
ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Maria, mestra do amor
• Amor a Deus
• Amor filial
• Amor esponsal
• Amor fraterno
• Amor fiel
• Amor transcendente
TEMA
Metanóia
OBJETIVO
Fazer as ovelhas conhcerem a próxima fase, optando de forma livre por continuar ou
não a tilhar o Caminho.
MATERIAL
DVD / DataShow
METODOLOGIA
Onde não hover a possibilidade da utilização do Datashow damos a opção do DVD com
os slides da formação que deverá ser apresentado junto com uma explicação do
conteúdo mostrado.
• Explicar o objetivo da formação
• Apresentação ou Exibição do DVD
• Abrir para perguntas (pode ser durante a apresentação também)
ESQUEMA DA APRESENTAÇÃO
Antes da apresentação, relembrar a mentalidade do Caminho da Paz, como um
intinerário espiritual. Empolgá-los diante do crescimento espiritual e a da nova fase
que irão começar
• Explicação da Fase metanóia enfocando a escolha pessoal de continuar o caminho.
PARA AS OVELHAS
DVD REFERÊNCIA
DVD – “Sacramento da Reconciliação”
(Pe. Antônio)
ORAÇÃO VOCAL
(Frei Patrício Sciadini, OCD
Se maravilhosa é a criatividade do ser humano em descobrir as mais belas
formas de comunicação: escrita, rádio, TV, imagens, sinais, ainda mais impressionante
é a ação criadora de Deus em ter-nos dotado da capacidade de falar. Nada de mais
bonito que contemplar duas pessoas que sabem traduzir o que sentem, o que está
escondido no coração, através de palavras ou, como é o caso dos nossos irmãos
surdos, de sinais.
A fala é uma propriedade exclusiva do ser humano. Somente os homens e as
mulheres escrevem e deixam atrás de si sinais do próprio pensamento. O próprio
Jesus, no Evangelho, recorre a tantas imagens que traduzem em palavras o que se
passava no seu coração em relação a nós e ao Pai. Sem palavras não teríamos o Pai-
nosso, o Evangelho nem a Bíblia.
A oração vocal
Nunca é demais dizer que a oração é o nosso diálogo amoroso com Deus. É um
estar diante dele manifestando-lhe os nossos sentimentos, que podemos expressar
com o silêncio ou com as palavras. Quando revelamos a Deus ou aos santos o que se
passa dentro de nós através de palavras, esta se chama oração vocal.
O povo simples ou as crianças – e se “não nos tornarmos como crianças não
entraremos no reino dos céus” – gostam muito de falar. Por isso a oração vocal faz
parte do primeiro passo dos orantes. Falar é uma necessidade que está dentro de nós.
É verdade que um dia Jesus nos convidou a ser de poucas palavras nas nossas
orações, a ir diretamente ao essencial sem nos perder em tantas aparências, mas
sobre isso falaremos em outro momento. Aqui, queremos nos deter na oração vocal, a
oração com o uso da voz, que aprendemos nos primeiros momentos de nossa fé.
Pronunciar as palavras que queremos dirigir a Deus nos ajuda a perceber mais viva a
presença divina e a ter a certeza de que as palavras pronunciadas são escutadas por
alguém.
Deus fala ao ser humano de muitas maneiras: por inspirações silenciosas
dentro do coração, por sonhos ou visões, mas normalmente Ele fala através da palavra
que nos é dirigida pelos seus profetas. E, na plenitude dos tempos, nos fala pela sua
palavra que se faz carne: Jesus.
“É por palavras mentais e vocais que a nossa oração cresce” (Cat, 2700). Como
seriam as palavras mentais? O que pronunciamos, antes de ser pronunciado é pensado
por nós e conhecido por Deus. O salmista nos diz: “A palavra não chegou à minha
garganta e vós, Senhor, a conheceis toda”. É sempre muito importante, antes de falar,
pensar, e muito. Não podemos dizer tudo o que se passa dentro de nós. É erro crer
que por amor à verdade se deve dizer tudo. A virtude da prudência nos faz saber
silenciar o que pode ser ofensivo, mal entendido ou agressivo, mesmo que seja
verdade. É bom, portanto, mesmo na nossa oração, escolher palavras que possam ser
agradáveis ao Senhor. Teresa, mestra da oração, diz que devemos pensar sempre a
quem nos dirigimos e o que dizemos. Essas palavras mentais ou orais formam a nossa
oração.
Rezar com atenção e amor
As palavras pronunciadas “distraidamente, sem amor, sem atenção, jogadas de
qualquer maneira”, dirigindo uma palavra a Deus e dez aos que estão perto de nós,
olhando à direita e à esquerda, observando quem entra ou sai da igreja, ou a roupa
que os outros vestem, diante de Deus não valem nada. Por isso Jesus nos recorda que
não devemos ser “grupos de oração dos faladores”, pois “não são os que dizem
Senhor, Senhor, que entrarão no reino do céu, mas os que fazem a vontade do meu
Pai que está no céus”.
Portanto, nas nossas orações “vocais”, que cada palavra seja verdadeiramente
a força do amor que está em nosso coração, quer seja louvor, súplica, grito,
intercessão...Tudo deve nascer no coração. “A nossa oração é ouvida não pela
quantidade de palavras, mas pelo fervor da nossa alma”, dizia São João Crisóstomo.
Não raramente rezamos muito, mas rezamos mal, exatamente porque não estamos
“atentos ao que estamos fazendo e como o fazemos”.
Jesus rezou vocalmente
Os apóstolos, certamente, não tinham o dom do conhecimento dos
pensamentos, portanto, não poderiam nos transmitir as orações de Jesus se Ele
mesmo não as tivesse pronunciado em voz alta. Como é o caso do Pai-nosso ou da
belíssima oração que sempre me enche de alegria e de medo; de alegria porque me
diz que, na medida em que for pobre, simples, serei discípulo do Reino, e de medo
porque o orgulho não tem cidadania no Evangelho: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu
e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos
pequeninos” (Mt 11,25).
A oração vocal é indispensável na vida cristã. Não se pode ser somente
“contemplativos mudos”, sem participar da oração das comunidades. Não somos
espectadores, mas protagonistas das celebrações litúrgicas... Por isso é
importantíssimo responder durante as celebrações, cantar, participar, viver os vários
momentos da liturgia. Como é maravilhoso fazer parte viva da comunidade orante, ser
voz que se une às outras vozes, cantar unido aos outros que cantam e, mesmo quando
silenciamos, que o nosso silêncio seja “palavra viva de amor”!
“Aos discípulos, atraídos pela oração silenciosa do Mestre, este ensina uma
oração vocal: o “Pai-nosso”. Jesus não só rezou as orações litúrgicas da sinagoga; os
Evangelhos o mostram elevando a voz para exprimir sua oração pessoal, da bênção
exultante do Pai até a angústia do Getsêmani” (Cat, 2701).
É bom usar livros de “orações dos outros”?
Considero os livros de orações – tanto a Bíblia, quanto os livros escritos pelos
santos ou pelos simples mortais, como cada um de nós – muito importantes. Aliás, é
sempre bom colocar no papel o que se passa no coração e depois, de vez em quando,
voltar a ler para reviver com saudade os momentos de oração ou sofrimento, em que
Cristo caminhou conosco.
As orações dos outros são como “pronto-socorro” a que recorremos nos
momentos difíceis ou de “aridez” em que não saberíamos dizer nada porque as
palavras não vêm.
Todos nós, quando queremos fazer uma novena, ou uma celebração, recorremos a
livros já preparados para esta finalidade. Eu mesmo escrevi muitos livros de oração e
que têm ajudado a mim e a outras pessoas também. Santa Teresa “recheou” de
orações os seus livros. São João da Cruz, mais austero, quase reservado e ciumento
dos seus sentimentos, também se revela com a bonita “Oração da alma enamorada”:
“Senhor Deus, Amado meu! Se ainda te recordas dos meus pecados, para não fazeres
o que ando pedindo, faze neles, Deus meu, a tua vontade, pois é o que eu mais quero:
exerce neles a tua bondade e misericórdia, e serás neles conhecido... Não me tirarás,
Deus meu, o que uma vez me deste em teu único Filho Jesus Cristo, em quem me
deste tudo quanto quero; por isso folgarei, pois não tardarás, se eu confiar. Por que
tardas em esperar, ó minha alma, se desde já podes amar a Deus em teu coração? O
céu é meu e minha a terra, meus são os homens, os justos são meus e meus os
pecadores. Os anjos são meus, e a Mãe de Deus e todas as coisas são minhas. O
próprio Deus é meu e para mim, porque Cristo é meu e todo para mim. Que pedes,
pois, e buscas, ó minha alma? Tudo isto é teu e tudo para ti. Não te rebaixes nem
atentes nas migalhas caídas da mesa de teu Pai.”
“Sendo exterior e tão plenamente humana, a oração vocal é por excelência a
oração das multidões. Mas também a oração mais interior não pode menosprezar a
oração vocal. A oração se torna interior na medida em que tomamos consciência
daquele “com quem falamos”. Então a oração vocal é uma primeira forma da oração
contemplativa” (Cat, 2704).
FONTE
Frei Patrício Sciadini, OCD - Todos podemos rezar
ANEXO III
Texto destinado ao pastor/pregador
UM DIÁLOGO DE AMOR
Nicolas Buttet
A oração é um olhar
A verdadeira oração não fica somente no nível emocional. Apesar da oração
implicar o corpo inteiro, a afetividade e as emoções que existem em mim, a oração
fica, no entanto, essencialmente no nível da alma espiritual, ou seja, da inteligência e
da vontade nas quais se encontram a fé, a esperança e a caridade.
A fé nos permite conhecer a Deus na verdade. A esperança e a caridade
aperfeiçoam a nossa vontade e a torna capaz de nos unir a Deus. Por isso, quando
decido rezar, preciso ficar debaixo do olhar de Deus, tal como Ele se revela a mim na
fé da Igreja e não tal como O imagino ou O sinto. Esta dimensão de fé é fundamental
na oração. Só podemos tocar Deus através dos dons da fé, da esperança e da
caridade, que são chamadas de virtudes teologais. O ato da fé é o coração da oração.
Ele permite colocar em ordem as minhas emoções: posso ter a impressão de que o
Senhor está ausente, posso sentir-me tal como um galho seco esquecido num lugar
perdido, pouco importa. A fé me faz acreditar que Deus está presente, que Ele me olha
e me ama. « Tu és precioso aos meus olhos, és honrado e eu te amo » me diz a
Palavara de Deus. O escudo da fé e a espada da Palavra serão minha defesa contra
todas as ataques do demônio na minha imaginação e memória.
Alguns conselhos
O início da oração é fundamental. É preciso tomar uma decisão livre: a decisão
de voltar-se resolutamente para Deus e assim sair de si mesmo. Isto pode acontecer
através do louvor e da ação de graças. Esta maneira de se colocar na presença de
Deus é um ato de fé e constitue o « método » mais simples e imprecindível para
comecar a rezar. Posso também colocar-me na presença de Deus através de um gesto
ou atitude: beijar um crucifixo, venerar um ícone, ajoelhar-me. Todos os meus gestos
devem demonstrar este ato de fé. Se o meu tempo de oração fosse somente tentativas
para voltar a estar na presença de Deus, seria « perfeito ». A oração é geralmente um
grande combate entre minhas dúvidas, culpas, escrúpulos e preocupações e o ato de
fé que se fundamenta na Palavra de Deus tal como é ensinada na Igreja. Então, para
ficar pacificado diante destas preocupações tal como nos pede São Paulo que nos
disse: « não vos inquieteis com nada (Fl 4, 6) » preciso repetir e apoiar-me sempre
nesta Palavra que fortaleçe minha confiança em Deus, que não pode enganar-se nem
enganar-me.
O fim da oração é igualmente importante: quando termino minha oração, tudo
recomeça! Devo continuar com Jesus (mesmo se dormi)… Devo ter esta determinação
clara e audaciosa de sair com esta disposição interior e aquela vontade firme de
continuar o diálogo com Deus ao longo do meu dia: « Eu sei que não estou sozinho.
Alguém está presente, a todo instante, do meu lado e me sustenta com seu amor ».
O momento de oração que eu dedico gratuitamente a Deus, deve continuar no
quotidiano da minha vida, com o que se chama de « orações espontâneas ». Elas são
tal como gritos que dou sem cessar para Deus. Teresa d’Ávila aconselha: « Diga cem
vezes por dia a Jesus que você o ama ». Isto é a chave da vida interior, que é uma
vida recolhida em Jesus no coração do mundo. Para lembrar-se destas orações
espontâneas pode-se recorrer a pequenos truques tal como: cada vez que abro uma
porta lembro-me de Jesus e digo: « Jesus, tu estás aqui comigo. Obrigado ».
O bem-aventurado Frederico Ozanam, que dividia um apartamento com o físico
Ampère, dizia que o que mais lhe chamava atenção no seu amigo era que, do seu
laboratório jorravam regularmente exclamações como: « Meu Deus, Tu és grande !
Glória a Ti, Senhor! Maravilhosas são tuas obras! ». Perfeitamente concentrado no seu
trabalho de pesquisa, Ampère mantinha esse olhar de louvor contemplativo sobre a
beleza da criação.
A vida quotidiana, as preocupações… me centralizam em mim mesmo fazendo-
me viver no superficial. A vida interior, fruto da oração, se edifica graça a essas
numerosas e constantes saídas de mim mesmo para voltar-me para Deus. No começo
será somente uma ou duas vezes por dia, mais é preciso chegar até 50, 100 vezes.
100 vezes corresponde a 100 segundos, ou seja, menos de dos minutos, no entanto,
isto transformará a minha vida. É o segredo da paz e da alegria, frutos do amor que
me volta para Deus e para os meus irmãos e irmãs amados em Deus.
FONTE
Extraído da Revista Il est vivant nº 177
ANEXO IV
Texto destinado ao pastor/pregador
5
V 9,1
6
V 2,6
7
V Prólogo, 1
8
V 8,2
9
V 7,1
10
A graça triunfa em Teresa que, bastante decepcionada consigo mesma, rende-
se ao domínio da caridade de Deus, reconhecendo o fracasso de confiar mais em si
mesma do que em Deus: “Estava já muito desconfiada de mim e coloquei toda a
minha confiança no Senhor”11 .A constatação de que sua pouca força não era a palavra
final à sua conversão, tampouco à sua eleição, gera uma nova esperança, uma nova
postura e saber-se muito amada e esperada torna-se agora sua grande força interior.
O centro de gravidade não é mais Teresa e sua imperfeição, mas o Senhor e sua
gratuidade. Esse novo foco desloca do centro aquela que é apenas o alvo da graça e
devolve o protagonismo Aquele único capaz de erguer o homem fragilizado e
inacabado. Deus alcança num segundo o que ela, por si mesma, não o pudera em
tantos anos...
Nesse primeiro bloco já fica claro que Teresa não quer apenas nos dar uma
chave autobiográfica, mas indicar a pedagogia de Deus que passa obrigatoriamente
pelo auto-conhecimento onde, enquanto revela o homem a si mesmo, sua dignidade e
fragilidade, Deus também se revela em toda a sua gratuidade.
Teresa prova pessoalmente que apesar da sua fraqueza Deus segue
sustentando com Sua mão o que ela por sua obstinação punha a perder a cada
instante. O gozo da fé na infância fora perdendo-se pelas escolhas que se seguiram na
adolescência e nos primeiros passos dentro da vida religiosa, mas Deus com absoluta
lealdade guia a porto seguro esse coração desviado e, incansável como um Esposo, vai
tratando as enfermidades de sua eleita, suas resistências, incoerências, instabilidades e
carências. Essa luta dramática entre a graça incansável e o coração resistente é uma
das imagens mais importantes que na intenção pastoral de Teresa quer ficar em
evidencia: Deus é absoluto em protagonismo e esse amor incomparável reconquista o
coração do homem que, apesar de desviado, fora destinado à perfeita felicidade da
pertença e posse eterna de Deus. Teresa experimenta que Deus jamais desiste de
atender o orante que, embora perdido, anseia: “dai-me a vida como é vossa
decisão!”12
Para além das suas debilidades, Teresa possui um coração eleito e vê esse
espaço preservado por pura decisão divina. O Divino Amigo não se cansa, apesar da
real ingratidão de Teresa ainda nos tempos da sua divisão entre Deus e o mundo e ela
percebe que já não pode unir esses dois contrários por natureza. Teria que optar. Sua
debilidade, ainda mais forte, arrasta-a para onde ela mesma o não desejava por
consciência da vontade de Deus, mas não tinha o coração suficientemente conquistado
para renuncias mais constantes e profundas. O Senhor, por sua vez, permanecia
espreitando o melhor momento para dar as provas necessárias do Seu amor poderoso,
estável e irrevogável, características irresistíveis ao coração de sua Teresa. Essas
provas provocarão luta e conflito13, mas serão a prova irrefutável de que o Amor que
se mistura com as debilidades, sem preconceito, livre e leal.
Com certeza, se Teresa tivesse disfarçado sua verdade e debilidades não teria
entrado na crise que tornou desconfortável sua vida durante tantos anos, mas também
não teria comprovado por experiência que Deus é incapaz de abandonar, nem no
Egito, nem no deserto, e que triunfa em cada uma dessas fases. A conversão de
Teresa é uma profunda derrota pessoal no campo do seu protagonismo, mas é uma
impressionante demonstração do poder de Deus contra sua obstinação de querer viver
facilmente, tendo para ela uma vocação e uma missão pessoal.
FONTE
Chave de Leitura Oficina da Vida, Meyr Andrade - pp. 44-48
11
V 9,3
12
Sl 118,156
13
V7
ANEXO V
Texto destinado às ovelhas leitura no Grupo de Oração
AS DISTRAÇÕES DA ORAÇÃO
O Papa João Paulo II, na carta "No início do novo milênio", convida toda a
Igreja a tomar consciência de que não pode existir experiência de Deus, nem
apostolado autêntico, nem amor fraterno, nem uma humanidade unida na construção
da civilização do amor sem a oração.
Para que possamos fazer algo bom dentro e fora de nós, para que possamos
produzir frutos abundantes na videira que é Cristo, precisamos entrar na plena
comunhão com Ele. Repetimos várias vezes que a oração não é uma imposição, uma
lei que nos obriga e escraviza, mas uma necessidade, uma urgência do coração que,
sentindo-se solitário, exilado, incompreendido, busca ansiosamente um amigo que o
possa amar e escutar. Na oração, Deus e o homem se amam reciprocamente, e um
fica feliz de se contemplar no outro. Deus se contempla no homem criado à sua
imagem e semelhança, e o homem se contempla em Deus, vendo a que é chamado a
ser.
A oração nos liberta de todos os nós permite-nos levantar vôo. Santa Teresa de
Ávila diz que somos chamados, como a pombinha branca, a alçar vôo para Deus, a
entrar, vencendo todos os obstáculos, no castelo interior; e a porta pela qual entramos
neste castelo é a oração.
Quando nos decidimos a rezar é porque nos encontramos em dificuldades e não
sabemos como sair delas sozinhos, ou estamos tomados por uma alegria tão grande
que não podemos fazer outra coisa senão gritar aos sete ventos: "Obrigado, Senhor".
É algo maior do que nós. Os indiferentes, os insensíveis, os que se sentem bem com o
"rastejar" e não desejam voar e ultrapassar o azul do céu para estar com o Senhor,
nunca serão grandes orantes.
Mas, se rezar é tão bom - como dizem os místicos, os santos, os homens e
mulheres que gastaram a vida toda procurando o rosto do Amado -, por que para nós
há momentos em que a oração se faz difícil? Quais são as dificuldades maiores que
encontramos na oração e como superá-las? Para vencer as dificuldades é necessário,
antes de mais nada, ter muita confiança em Deus e pouca em nós. É ter consciência
de que o Senhor nos dará a alegria de estar com Ele. Ele, como Pai amoroso, alegra-se
quando nos vê lutando contra os inimigos que nos impedem de amá-lo e adorá-lo.
TEMPO DE GRAÇA
Moysés Azevedo Filho
“Iniciaremos a partir da grande graça que estamos vivendo neste ano jubilar.
Ao longo da preparação para o jubileu fomos entendendo o quanto esta palavra
significa júbilo, ação de graças pelas inúmeras, imensas, incontáveis graças que ele
tem derramado e com certeza derramará sobre nós.
Gostaria de iniciar este retiro da única maneira adequada: elevando nosso
coração e nosso pensamento a Deus dando-lhe o louvor e ação de graças que lhe são
devidos. Fomos, de fato, envolvidos por uma graça tão grande, que nos ultrapassa
tanto e cuja grandeza sequer conseguimos perceber. O próprio Espírito nos leva a
contemplar a beleza de Deus e sua ação em nossa vida através de sua mão poderosa,
santificadora e fecunda que se colocou sobre nós e nos abençoou durante estes 25
anos. Iniciarmos, portanto, dando graças, bendizendo, louvando, penetrando na
nuvem da glória de Deus, na nuvem da presença de Deus que nos dirigiu e não nos
afastou de nós. Entrando na coluna de fogo e nos deixando abrasar por ela, pois é
inegável a presença condutora de Deus, doadora de todos os dons que temos recebido
em nossos 25 anos de história.
O salmo de hoje nos convida de forma particular: Cantai a Deus, a Deus louvai,
o seu nome é o Senhor, exultai diante Dele. Convido-os, portanto, a recordarmos os
feitos do Senhor em nosso favor para louvá-lo e glorifica-lo. E porque fazemos isso?
Em primeiro lugar, porque ele é Deus. Em segundo, porque ele muito fez em nosso
favor e em terceiro para não roubar em nada a gloria de Deus: “Não a nós, Senhor,
mas ao teu nome dar glória”. Desta forma, colocamos Deus no lugar que é devido em
nossa vida e em nossa história, no coração da comunidade e no nosso coração, na
obra e na humanidade. O lugar que lhe é devido é o absoluto, a glorificação, o
reconhecimento de que só ele é Deus e que tudo o que somos e temos Dele
recebemos.
O louvor é um ato de fé. Quando proclamamos a grandeza de Deus em nossa
história crescemos na fé. O louvor é a atitude própria do homem de pé, erguido pela
graça de Deus, que, apesar de suas fraquezas e dores, é erguido pela força de Deus e
a Ele dá glória. O homem inteiro louva. O homem mutilado é voltado para si mesmo,
fechado em si mesmo e é incapaz de louvar, pois perdeu sua relação com o seu
Senhor, seu Pai, seu Deus. Só o homem inteiro o homem que louva tem conhecimento
de quem é Deus e quem somos nós: criaturas, filhos eleitos e amados. O homem que
louva conhece porque lhe é revelada a verdade a respeito de Deus e a respeito de si
mesmo.
Começamos, portanto, este retiro, como homens e mulheres que louvam a
Deus em espírito e verdade. O louvor gera a verdade do Evangelho e das leituras que
hoje nos foram dadas: um coração humilde, grato. Ele arranca o orgulho, como diz a
primeira leitura de hoje: “Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois a planta de
pecado está enraizada nele e ele não o percebe.” O orgulho gera uma planta de
pecado tão enraizado em nós que a própria pessoa não consegue ver. A cegueira é
própria do orgulhoso, que não consegue ver seu orgulho e até não o reconhece.
Precisamos ler esta passagem com o olhar cristológico, a partir do Evangelho
que nos diz que o Pai escondeu essas coisas aos sábios e entendidos e as revelou aos
humildes. Em todos nós foi inoculado o veneno do orgulho, mas o Espírito, educador
das almas, vai-nos curando e fazendo compreender onde é fincada a cruz de Cristo
que destrói o orgulho: no coração humilde e pequeno, que louva a Deus e reconhece a
Sua glória. Quanto mais louvamos, mais fazemos morrer o orgulho, mais arrancamos
esta erva daninha, invisível e misteriosa que faz mutações tão impressionantes que
engana nossa alma, mas sempre nos envenena e nos mata. Através do louvor vamos
dando a Deus o que é de Deus, reconhecendo seus feitos em nossas vidas e
reconhecendo quem somos: pequenos, criaturas, filhos amados, eleitos, a quem Deus
tanto fez sem merecermos. Reconhecemos, então, a verdade. O louvor é um ato de fé
que gera a verdade, pois a verdade é humildade.
O Louvor é também um ato de amor: porque fomos amados, podemos amar,
porque fomos agraciados, podemos agradecer. Louvar é dilatar nosso coração e nossa
alma para nos centrarmos em Deus reconhecendo-o como absoluto. Nós não somos
absolutos, não somos o centro, a glória não nos pertence, pertence a Deus, que nos
faz penetrar e participar dela. Ela não nos pertence. E quando ela nos atinge por este
amor infinito e misericordioso de Deus, quando somos agraciados por Deus e quando
reconhecemos com gratidão – e é preciso reconhecer com gratidão, pois o orgulhoso
pode até reconhecer com a boca, mas ter o coração ingrato. Quando reconhecemos as
obras misericordiosas, salvíficas de Deus em nossa vida, brota em nós a gratidão. As
escamas do nossos olhos caem e percebemos sua grandeza, sua beleza, sua bondade,
seu amor que é sempre presente, que não nos abandona, que nos sustenta, que nos
fortifica. E o amamos, reconhecendo-o como único, como absoluto, derramando nosso
ser em louvor, em gratidão, em amor. Isso, o louvor, é um ato de amor para com Deus
que nos amou primeiro e é uma permissão para nos deixar amar mais profunda e
intensamente, para receber torrentes maiores desse mesmo amor e acolher ainda mais
as torrentes infinitas deste amor e assim sermos elevados ao seio da Trindade: “Quem
se eleva, será humilhado, quem se humilha, será elevado”. Quando quebramos a casca
que nos impede de ver a grandeza, a beleza, a magnificência de Deus em nossa vida e
ao mesmo tempo nossa incapacidade, nosso pecado e a eleição que Deus nos fez, esta
torrente de louvor nos introduz neste movimento de amor da Trindade que é a vida
divina. O louvor nos leva, então, à plenitude da vida. Revela-nos a verdade, leva-nos à
plenitude da vida e é um ato de esperança.
Quando louvamos e bendizemos a Deus crescemos em nossa fé, no amor, e
reconhecemos que não somos nós quem estamos no comando, nem da nossa vida,
nem da comunidade, nem da Igreja, nem da humanidade. Não sou eu quem está no
comando. É Deus. E nele ponho toda a minha confiança. Por isso o louvo. Nele posso
abandonar-me, pois Ele nunca me abandonará, mesmo se eu andar em um vale de
sombra e de morte não temo mal algum, pois ele está comigo. Quem louva sabe que
mesmo diante dos desafios da vida há um futuro que Deus lhe reservou, um futuro
muito maior, muito mais belo, muito mais magnificente do que aquele que sozinho eu
poderia construir. Quem louva entra no mistério da esperança e da confiança de que
não sou eu, não são os meus planos, não os meus projetos, mas Deus que está no
controle da situação. Eu confio e por isso me abandono. Mesmo que passe pelo vale da
sombra, não temerei, pois Ele está comigo e me reserva um futuro, que é um projeto
dele, não meu. O futuro que ele me reserva é um ato de esperança, um futuro muito
mais belo e muito maior do que o futuro temível que eu poderia construir. É a atitude
de alguém que não olha para trás, mas caminha para frente sem temor porque sabe
quem alguém o conduz e caminha NO CAMINHO, não no seu caminho, não em
qualquer caminho, mas no caminho seguro que é o próprio caminho do Senhor, “pois
sei em quem coloquei minha confiança”.
Nestes dias gostaria de convidá-los a começarmos juntos este retiro de tempo
de jubileu dando graças ao Senhor, louvando-o pelos imensos benefícios que tem
realizado em nosso favor em toda a nossa história. Convido-o a fazer deste dia um dia
de louvor e ação de graças a este Deus que sempre caminhou conosco e construiu
conosco uma misteriosa história porque nos precede e nos ultrapassa. Nós vivemos um
mistério! Caminhar na fé e numa Obra de Deus, essa é a experiência que temos.
Recebemos um Carisma, um dom de Deus, somos instrumentos de geração de uma
Obra Nova, Deus que através de nós gera um povo novo, isso nos encerra em um
mistério muito maior que nós mesmos e nossos vãos raciocínios. Só podemos alcançá-
lo através da fé, da esperança e da caridade, através de um coração pequeno e
humilde. Este mistério que nos precede e ultrapassa, por enquanto está passando por
nós (ou nós por ele) e nossa atitude deve ser uma atitude de ação de graças pelas
imensas graças recebidas nestes 25 anos. Enumero algumas, pois sei que vou
esquecer de muitas, mas vou contar com a memória de vocês para enumerá-las todas
para dizermos diante do altar: “Bendito seja Deus que nos elegeu, que nos escolheu,
que nos fez participar de algo que tantos olhos quiseram ver, que tantas mentes
quiseram conhecer e nos foi dado contemplar.” Partimos, então, do princípio do
louvor:
a. Graças a Deus pelo dom da vida de cada um de nós – podíamos não ter
existido! – o dom da vida com toda a beleza que a vida traz, beleza escondida
no coração de Deus e beleza já prevista para seus desígnios. O semeador não
joga sementes ao léu. Cada semente jogada é pensada, é querida, é amada,
traz segredos escondidos e só o desabrochar da árvore poderá revelar, só o
sabor dos frutos irá demonstrar. Nossa vida foi pensada por Deus para este
mistério, esta graça, esta vocação, este desígnio de Deus para a Igreja, para o
mundo, para este tempo. Nossa vida foi pensada, gerada, querida, amada por
Deus, ansiada por Deus, mesmo em meio a todos os possíveis conceitos que
podemos trazer dele, em vista dos desígnios de amor que fazem parte do
mistério da vocação e do carisma Shalom. Os dons que trazemos e a vida que
vivemos não nos foram dados para serem vividos de forma egoísta, como um
plano individual de sucesso ou de satisfação próprios. Nossa vida é muito mais
do que isso e se torna bela quando assim é reconhecida, vivida, abraçada e
doada. Pois a vida só é bela e só é plena quando é consumida, doada,
entregue. Se o grão de trigo não cai na terra, não morre: fica só – a vida é
retida – fica fechado em sua solidão, mas se morre, gera abundantes frutos.
b. Graças a Deus pelo Batismo que recebemos – do nosso batismo tudo brota.
Dele, toda essa vida divina, toda a beleza da recriação de Deus, a fé, a
esperança, a caridade, Deus como Pai, posso chamar Deus de Pai, posso
conhecê-lo, posso amá-lo, a Igreja, minha casa, minha família, que me
alimenta e me nutre com o leite materno dos sacramentos que continuamente
nos alimentam. Dou graças a Deus porque no sacramento do Batismo, o
Espírito nos foi dado e com ele o Carisma, os desígnios de Deus, os projetos de
Deus, os planos pensados na criação que se efetivam, se tornam realidade pela
graça de sermos filhos no Filho.
c. Graças a Deus pelo encontro com Jesus Cristo e pela efusão do Espírito em
nossas vidas – que encontro decisivo! Que coisa determinante! Tudo mudou!
Foi nosso encontro mais profundo e mais pessoal com Ele. Mudou nossa
história, revolucionou nossa vida. Poderíamos entender nossa vida sem o
encontro pessoal com Jesus Cristo que nos encheu de fogo, de amor, de desejo
ardente de corresponder a este encontro decisivo, apaixonante, transformante,
que nos colocou em um caminho que sequer conhecíamos ou pensávamos em
trilhar? Sem este encontro nossa história não seria nada. Com ele, nossa
história ganha todo um sentido. A efusão do Espírito nos capacitou, iluminou,
ungiu, foi-nos atraindo para os desígnios misteriosos de Deus que é a vontade
do Pai. Talvez neste primeiro encontro ainda não o percebêssemos, mas foi ali
que ele nos colocou nos desígnios de Deus em nossa vocação, para nossa
santificação, para doação de nossa vida pela Igreja e pela humanidade.
d. Graças a Deus pelo pontificado de João Paulo II – mais de 20 anos de
pontificado desta figura excepcional. Foi diante dele que nós – e isso não é
figura de linguagem, mas é sentido lato – nos encontramos naquele decisivo 9
de julho de 1980, encontro misterioso em que todos estávamos diante do papa
ofertando as nossas vidas. Encontro misterioso que fez surgir uma inspiração
que também misteriosamente nos soprava o coração. Essa inspiração não tem
outra direção senão oferta de vida, consumir a vida, entregar a vida. De graça
recebemos tudo, de graça dar muito, dar tudo, oferta de vida! Fruto da oferta
de vidas: missão, dar de graça a Deus e aos homens, a Deus e a Igreja o que
de graça recebemos. Nós que éramos tão distantes de Deus tão próximos nos
tornamos. Somos eternamente devedores para buscar os que estão distantes
para trazê-los para próximo. Anos, tempos, nos separam, mas estamos unidos
no mesmo sopro do Espírito que é o Carisma e a vocação. Misteriosa
inspiração: ofertar a vida a Cristo, a Deus, à Igreja, à humanidade e ir ao
encontro dos que estão longe para dar de graça o que de graça recebemos.
e. Graças a Deus pela ousadia e fecundidade desta inspiração – quem não é capaz
de pelas próprias forças tudo realizar, como pode tudo ofertar? Só o Espírito.
Se formos pelo nosso raciocínio nada podemos fazer. Graças a Deus pela fé, a
esperança e caridade que o Espírito gera em nos e nos faz ofertar a vida com
ousadia e contemplar a fecundidade da oferta. A graça! Devemos dar graças
pela graça. Louvar a Deus pela sua infinita graça. Aqui poderíamos parar, mas
não podemos porque tudo é graça, graça, graça, graça, graça, graça, graça.
Tudo é graça. Tudo temos por graça. Sem ela nada somos, nada podemos,
sequer nos movemos, sequer respiramos, não podemos ter nem um desejo
santo. Dela precisamos e sem ela nos esborrachamos. Só a graça pode nos
fazer homens e mulheres de pé que louvam por inteiro a Deus não porque
podem, mas porque são sustentados pela graça, que buscamos, que
necessitamos. Nela queremos viver. Ela é o inicio de tudo, o meio de tudo, o
fim de tudo. A graça, a graça, a graça e a graça de Deus. Se pudesse,
continuaria dizendo: A Graça!
f. Graças a Deus por Sua providência – desde os primeiros passos ela foi e é
presença de Deus em nossas vidas, não obstante nossa fragilidade, nossos
limites, nossas infidelidades, mas essa providência de Deus a nível espiritual,
humano, através das circunstancias e acontecimentos e também a nível
econômico nos conduziu até aqui. Isso é um mistério, pois é esta providência
que nos garante a liberdade. Sem ela, seriamos prisioneiros. Seriamos pesados.
Sem ela, não haveria ousadia, sempre estaríamos dependendo de algo, de
alguém, de alguma coisa, do Estado, de nós mesmos, de alguém muito
poderoso ou influente, de nossas capacidades, nossas organizações. Com a
providência de Deus, somos frágeis nas mãos de Deus e porque frágeis,
dependentes dele e porque dependentes Dele e de mais ninguém, somos livres.
Esta providência desde os primeiros passos nos guiou. A ela nos confiamos.
Dela não cobramos. Com ela devemos operar, cooperar, refletir, mas sobretudo
preservar, pois ela é a fonte de nossa liberdade.
g. Graças a Deus pela inauguração do primeiro centro de evangelização, um
verdadeiro milagre que se repete a cada dia, a cada início, pois em algum lugar
da obra em Fortaleza ou no mundo sempre se está começando alguma coisa:
um novo seminário, novo serviço, novo ministério, novo, sempre. Sempre está
acontecendo um novo e aquele primeiro passo para aquele primeiro inicio é um
inicio contínuo que não podemos jamais parar.
h. Graças a Deus pelo povo que ele foi gerando e que ele sempre gera através de
cada novo passo que damos, o povo que Deus sempre gera através da obra
nova. Afinal, foi para isso que ele nos criou, para gerar um povo novo, uma
obra nova. Este povo lhe dará um verdadeiro louvor. Foi para isso que nos
criou. O povo que foi sendo gerado é sinal de um povo que precisa ser sempre
gerado e sempre multiplicado em ritmo geométrico e não aritmético, pois este
tem sido desde o inicio o ritmo que Deus nos tem dado como característica.
i. Graças a Deus pelas dores de parto do nascimento da comunidade – foram
nossas primeiras provações e purificações. Sem a poda a vinha não pode dar
novos e abundantes frutos. Pode até ter muitos galhos verdes, mas poucos
frutos e frutos não saborosos. A poda, como diz nosso Escrito, tira os galhos
inúteis e gera novos saborosos e abundantes frutos. É assim e sempre foi
assim. No começo dos anos 80, quando nascemos, estávamos já no meio de
uma sociedade profundamente materialista em suas duas vertentes: o
marxismo e o materialismo niilista e liberal que proclamava a morte de Deus,
da ética e da moral. No meio desta sociedade Deus nos foi gerando com todas
as desconfianças que portávamos diante de uma mentalidade, como frutos de
maio de 68. Em meio às criticas de setores ideologizados no meio da Igreja que
nos classificavam como à margem da Igreja, de alienados. Críticas de fora, mas
também de dentro. As primeiras discordâncias internas à comunidade sobre a
vontade de Deus, o querer voltar atrás, o momento do PRH (uma visão
deformada do homem). Não tínhamos noção de quem nós éramos e por pura
graça, Deus levantou em nós um espírito de fidelidade à verdade de Deus e do
homem. Em meio a uma sociedade materialista, de uma ideologia com verniz
de teologia que muitas vezes nos combatia e criticava, em meio a discórdias
internas e ameaças de uma visão deformada do homem, a comunidade nasce e
vai clarificando seu carisma de paz que tem como fonte a primazia de Deus.
Deus! Não eu, não um homem, não o Estado, não o dinheiro, não o poder, não
o possuir, não o prazer, mas Deus, Deus, Deus! Essa primazia de Deus era
manifestada de forma muito simples pelo amor à Palavra, pela oração, pela
Eucaristia, pela adesão incondicional ao magistério da Igreja, amor e fidelidade
ao Santo Padre. Tudo isso reflete Deus e por isso a contemplação do
Ressuscitado, que é a fonte de tudo. O local, a vida fraterna, o não se por o sol
sobre a nossa ira, a fraternidade, o espaço onde a paz se torna concreta, real,
nossa vida comum e a missão e serviço à humanidade, anúncio, parresia,
missão, jovem, pobres, transformação do mundo, evangelização. Sem
percebermos, diante da situação que vivíamos, misteriosamente Deus nos ia
dando e construindo um carisma e uma vocação.
j. Graças a Deus pelas primeiras consagrações da CV em 85 e CA em 86. As
vocações que iam chegando pouco a pouco.
k. Graças a Deus pelo crescimento da obra em Fortaleza, os centros de
evangelização, as primeiras missões, Uruóca, os primeiros seminários. Fortaleza
vai-se tornando um berço, uma manjedoura.
l. Graças a Deus pelas primeiras missões onde Deus foi alargando nossos
horizontes sem que entendêssemos ou percebêssemos. Deus nos dava uma
direção de partirmos, uma direção missionária, que vai ultrapassando as
fronteiras da Igreja local e começa a servir as outras igrejas sem que
tivéssemos projetado, planejado ou nos oferecido, sem cavar, sem arquitetar,
mas como um rio que vai descendo, caminhando, conduzido por uma graça.
m. Graças a Deus pelos 10 anos da comunidade e seus frutos. Sua preparação, o
show Coração do Homem e o Cocó “lotado”. Missa dos 10 anos, vários bispos e
cardeais presentes. Momento de graça, de reconhecimento, de contemplação,
de ver o que Deus estava fazendo e, ao mesmo tempo, o início de novas
purificações, já na celebração. No meio da alegria, já a poda. A própria
celebração era já um consolo e um anúncio de um novo tempo de purificação.
n. Graças a Deus pela páscoa do Ronaldo, mistério de dor, de sofrimento comum,
escondido, mistério que nos ultrapassa, algo sobrenatural. Cada vez que o
tempo passa, mais a gente reconhece este mistério de dor em que todos fomos
mergulhados e que nos trouxe todo um sentido de eternidade, de santidade, de
fecundidade.
o. Graças a Deus pelas purificações deste tempo de “adolescência comunitária”.
Fomos descobrindo que não éramos perfeitos nem isentos de erros. Fomos
descobrindo que não somente os outros nos poderiam ferir, mas que nós
poderíamos nos ferir uns aos outros. Foi uma provação que nos colocou em um
caminho que precisamos percorrer: o bálsamo profundo de que só com a
misericórdia com que fomos acolhidos e curados podemos curar e ser curados
no seio da comunidade.
p. Graças a Deus pela fecundidade que este tempo nos trouxe – abundantes
vocações, especialmente de jovens. Durante o doloroso tempo de provação
houve uma grande difusão da vocação no Brasil e número de vocações
proporcionais aos pedidos dos bispos. Até o final do ano 2000 estávamos já em
todas as regiões do Brasil.
q. Graças a Deus pelo reconhecimento diocesano e por D. Cláudio, grande graça
de Deus para nós, que nos trouxe o aconchego da Igreja, o envio da Igreja e o
entendimento de que a cidade tem uma alma que precisa ser tocada e
evangelizada.
r. Graças a Deus porque com o reconhecimento o carisma foi-se clarificando mais
ainda. Os Estatutos nos fizeram ler, meditar, aprofundar, fazer as estruturações
positivas e necessárias da comunidade que se organizou como um corpo para
bem encarnar e dar forma ao carisma que o Senhor nos concedeu para bem
servir a Igreja.
s. Graças a Deus porque este tempo foi o inicio da difusão internacional do
Carisma, a partir dos primeiros anos do terceiro milênio: França, Suíça, Canadá,
Israel.
t. Graças a Deus porque com este inicio da difusão internacional percebíamos que
chegava a termo o pontificado de João Paulo II e tomamos a decisão de iniciar
o processo de reconhecimento pontifício.
u. Graças a Deus pelo momento de grande provação e purificação que este
reconhecimento iniciou. 2004, 2005, purificações tão recentes, tão dolorosas e
tão duras que não precisamos nem recordá-las. Duras, mas ao mesmo tempo
tão fecundas, a nos trazer um precioso fruto: a maturidade, a gente entender
que a vida da comunidade é como a vida de Cristo: cruz e ressurreição, graça;
purificação e graça. Por isso damos graças. Como foi dura e dolorosa a
provação, foi também profundamente fecunda. Damos graças pela aurora que
acolhemos, que recebemos, que contemplamos.
v. Graças a Deus pelo reconhecimento pontifício – uma comunidade nascida no
nordeste do Brasil, no Ceará, por um punhado de jovens! Mas é assim que
Deus faz, não para nossa glória, pois não podemos roubar nem um milímetro
da glória de Deus. Deus dá sua graça a quem quer, como quer e da forma que
quer e dentre muitas outras ele nos deu a graça de termos a felicidade, a
alegria, o louvor de reconhecer, não somente nós, mas a Igreja reconhecer, por
Pedro, que isso é obra de Deus, não é fruto de mão dos homens, como muitos
muitas vezes pensaram. Não é uma aventura, como talvez vocês mesmos
pensaram. Isso não é uma loucura e, se for, é do Espírito e, portanto, muito
bem-vinda. Teremos oportunidade de aprofundar tudo o que a Igreja nos deu
com o reconhecimento pontifício (já começamos a fazê-lo no CACV). Mons.
Rylko, o Santo Padre, o show a Resposta, tudo isso é o que conseguimos ver,
mas a graça que comporta não a vemos, não a compreendemos, não a
vislumbramos inteiramente, mas nos alegramos e bendizemos a Deus e damos
graças porque nos confiou um tesouro em vasos de barro , um tesouro em
nossas pobres mãos.
w. Jubileu. Que grande graça! Tempo de graça. Jubileu celebrado em cada uma de
nossas comunidades e juntos na casa mãe. Nova unidade, novo ânimo, novo
tempo, visita de Deus, bênçãos particulares, tempo favorável em todos os
sentidos, nova aurora, novo tempo, promessa de Deus que soprou já no
encontro do Conselho Consultivo, no qual já se percebia a força com a qual o
Espírito nos falava, nos reunia, nos unia para que, no centro da Igreja e
chegando à maturidade dos nossos 25 anos começarmos a construir de uma
maneira mais fecunda, mais eficaz a evangelização do mundo, pois fomos
destinados ao mundo, à humanidade e Deus nos reúne como um povo em vista
disso. Por isso está só começando. Nova aurora, maturidade, maior difusão,
CELAM, renovação do ardor missionário da evangelização, novo crescimento
nas vocações, fecundidade, um novo tempo. O Jubileu é a marca de uma nova
aurora, que não significa somente provações e purificações, mas uma graça
que nos acompanha sempre. A maneira de caminhar nesta graça é dando
graças, em ato de fé, esperança e amor, caminhando consciente do futuro que
não eu, com a força de minhas mãos, mas que o próprio Deus abriu e
continuará a abrir e fazer percorrer com nova força.
Convido você a fazer memória deste tempo em sua vida na comunidade.
Comecei a recordar de forma comunitária, mas gostaria que cada um pudesse fazer de
forma individual. Vamos direcionar para que cada um possa ver como em sua historia
cada um poderá fazer um ninho de louvor e ação de graças a Deus. Convido você a
refazer este percurso de sua vida na comunidade para que, cheios de gratidão
possamos dá-lo a Deus e à Igreja, desde o momento em que você foi e é
misericordiosamente atraído para esta vocação, percorrendo todas as graças que Ele
nos concedeu ao longo do caminho.
Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome dar glória!
ANEXO VII
Texto destinado ao pastor/pregador
AMAR O NÃO AMÁVEL
Moysés Azevedo
“É anseio do Coração do Amado que nos dediquemos a dar provas de amor uns
para com os outros. O amor ao irmão é uma maneira concreta de mostrarmos o
quanto amamos o nosso Amado, amando aquele a quem tanto Ele ama e por quem Ele
deu a sua própria vida. Como não dar a vida por aqueles por quem o Amado a deu? É
vontade do Senhor que transbordemos este amor sobre aqueles que Ele ama. O
Senhor quer de nós para com eles o perdão, mansidão, paciência, generosidade,
bondade, alegria, dedicação, amor, serviço. O Senhor deseja que demos aquilo que Ele
nos dá e isto não nos empobrecerá, mas, pelo contrário, nos enriquecerá aos olhos
Daquele que nos ama.
Devemos enxergar nos irmãos excelente oportunidade de darmos provas de
amor a nosso Rei. Aceitando as suas ofensas, ouvindo os seus queixumes, amando os
que não são amados, perdoando os que são difíceis de perdoar, vivendo o Seu Amor,
de maneira especial com os que mais necessitam Dele, estaremos vivendo nossa
vocação que é Vocação de amor, por amor e para o Amor” 1.
“Sem dúvida nenhuma, este é o único caminho da Paz. Viver uma vida voltada
para Deus e para os outros. Sem dúvida nenhuma este é o caminho da felicidade:
Viver o Amor. Amor que é uma vida doada a Deus e aos outros, se necessário, até o
sacrifício. Viver a verdade do Evangelho em toda a sua sadia novidade e radicalidade.
Este amor, que gera unidade, convida-me a doar-me continuamente, partilhando o que
sou e o que tenho, para configurar-me cada vez mais a Cristo:
‘Ele não considerou como presa a agarrar o ser igual a Deus. Mas despojou-se,
tomando a condição de servo. Ele se rebaixou tornando-se obediente até a morte
numa cruz. Foi por isto que Deus o exaltou soberanamente. ’ “2
FONTE
Moysés Azevedo
1
Escritos da Comunidade Católica Shalom, Amor Esponsal, Ed. Shalom, 2006, p.26
2
Escritos da Comunidade Católica Shalom, Carta à Comunidade, Ed. Shalom, 2006, p.98
ANEXO VIII
Texto destinado ao pastor/pregador
"Deus disse: não é bom que o homem esteja só, vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja
adequada." (Gn 2,18)
“Você seria capaz de viver completamente sozinho, sem a ajuda de ninguém, sem
precisar de outra pessoa? Pode ser que muitos de vocês tenham respondido que sim,
entretanto, a verdade é bem diferente. Nós, homens, não fomos criados para vivermos
sozinhos. [...]
Todos nós fomos chamados para um único fim que é Deus. Há uma certa
semelhança entre a união da Trindade e a fraternidade que nós, homens devemos
estabelecer entre nós, na verdade e no amor. Não há como separarmos o amor a Deus
do amor ao próximo. Se caso pudéssemos fazer isto, estaríamos indo completamente
contra o que está na Palavra de Deus. Quando dialogamos com os irmãos,
desenvolvemos as virtudes em nós. Fomos criados por Deus para nos relacionarmos.
O eu jamais saberá quem é sem a presença de um tu. Você sabia que somente
podemos nos descobrir como únicos, porque existem os outros?
Necessitamos construir uma ponte, pois não somos uma ilha. Precisamos
reencontrar o que nos faz felizes. É nosso dever resgatar o outro como imagem e
semelhança de Deus, como pessoa digna. Resgatar o amor, valorizando a diversidade
que somos.
Você é uma pessoa atenciosa? Vamos conhecer uma mulher muito atenciosa:
Não precisamos continuar a leitura porque você com certeza conhece o final.
Entretanto, preste atenção num pequeno detalhe e responda: Quem disse a Maria que
já não tinha vinho? Ninguém! Ela foi extremamente atenciosa ao ponto de perceber a
necessidade daqueles noivos. Como está a sua atenção para com os que o rodeiam?
Devemos ser atenciosos com todos. Não há diferença. Todos devem ser tratados com
a mesma atenção, seja o diretor da empresa onde você trabalha, ou a lavadeira que é
sua funcionária.
Deus em sua infinita bondade quis que nos relacionássemos não somente com
Ele, mas com a toda a sua criação e com nossos semelhantes. Pois viu que sozinhos
somos incompletos, que precisamos de outro para nos completar.
Fonte
Portal Shalom
http://www.comshalom.org/formacao/formacaohumana/form024a_viver_sozinho.html
ANEXO IX
Texto destinado ao pastor/pregador
VIDA EUCARÍSTICA
“A Eucaristia é o centro de toda a nossa vida comunitária e missionária, pois ela é
o próprio Jesus.
“Na Eucaristia, revela-se o desígnio de amor que guia toda a história da salvação
(Ef 1, 9-10; 3, 8-11). Nela, o Deus-Trindade (Deus Trinitas), que em Si mesmo é amor
(1 Jo 4, 7-8), envolve-Se plenamente com a nossa condição humana. No pão e no
vinho, sob cujas aparências Cristo Se nos dá na ceia pascal (Lc 22, 14-20; 1 Cor 11,
23-26), é toda a vida divina que nos alcança e se comunica a nós na forma do
sacramento: Deus é comunhão perfeita de amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Já na criação, o homem fora chamado a partilhar, em certa medida, o sopro vital de
Deus (Gn 2, 7). Mas, é em Cristo morto e ressuscitado e na efusão do Espírito Santo,
dado sem medida (Jo 3, 34), que nos tornamos participantes da intimidade divina.
Assim Jesus Cristo, que « pelo Espírito eterno Se ofereceu a Deus como vítima sem
14
AZEVEDO Moysés, Carta à Comunidade, Páscoa 2005, Ed. Shalom, 2005, p. 36-37
15
Sacramento Caritatis, 66
mancha » (Heb 9, 14), no dom eucarístico comunica-nos a própria vida divina. Trata-
se de um dom absolutamente gratuito, devido apenas às promessas de Deus
cumpridas para além de toda e qualquer medida. A Igreja acolhe, celebra e adora este
dom, com fiel obediência. O « mistério da fé » é mistério de amor trinitário, no qual,
por graça, somos chamados a participar. Por isso, também nós devemos exclamar com
Santo Agostinho: « Se vês a caridade, vês a Trindade »”16.
Adoração ao Santíssimo
“Como prolongamento da celebração deste mistério o Senhor nos chama à adoração ao
Santíssimo Sacramento, um mergulho na contemplação de Sua Face. Pela celebração e pela
adoração somos transformados n’Ele”17.
16
Idem, 8
17
Estatutos da Comunidade Católica Shalom, 38
18
ECCSh, 39
ANEXO X
Texto destinado ao pastor/pregador
“Deus Trindade que nos ama, nos abençoa e nos concede dons, para que
usemos da melhor forma em vista do bem do próximo, do nosso bem e para maior
glória d’Ele. Esses dons são graças espirituais e até ‘materiais’ que Deus nos confia em
vista do bem comum.
Os ‘bens materiais’ poucas vezes são acolhidos por nós como bênçãos ou dons
de Deus, muitas vezes acolhemos os bens materiais com a mentalidade do ‘mundo’
atual, “eu conquistei esse bem...”, “... são meus”, “é fruto do meu suor...somente do
meu esforço”, “eu trabalhei para tê-los”, “eu os ganhei e faço com eles o que bem
entender”, etc, e nos esquecemos que tudo que temos e somos é graças a nosso Deus
Trindade que nos mantém na existência, gera vida em nós, concede-nos, dons e
talentos conforme Sua Vontade, Ele é quem providencia tudo.
A Trindade Santa – Comunidade Perfeita de amor, é modelo para nós de
comunhão e unidade, seguindo seu modelo daremos verdadeiro sentido ao que temos,
sendo gratos ao que temos, acolhendo antes de tudo como dons de Deus nossos bens
terrenos e dispondo-o a partilha conforme a justiça, o amor, e as necessidades
comuns... valores que precisam ser resgatados em um mundo marcado pelo egoísmo e
a falta de amor, valores do Evangelho – então não daremos somente sentido ao que
temos, mas, unidos a Jesus daremos sentido ao que somos: Filhos de Deus.
[...]
Tudo que temos são dons que Deus nos concede, bençãos, oportunidades para
que eu exercite a comunhão a partilha, oportunidade para estarmos atentos as
necessidades dos irmãos.
O egoísmo é um mal no mundo, é incutido nas pessoas pelas propagandas,
pela mídia em geral, pela mentalidade pagã, pelo ritmo deste tempo: se poupa
dinheiro não se sabe pra quê, se faz seguro de tudo, mas tudo isso em vista de um
‘eu’ que precisa garantir seu futuro, que precisa se proteger da violência, que precisa
prevenir sua saúde, que precisa garantir moradia, etc, muitas vezes esses atos são até
lícitos, como cuidar de si por exemplo, mas um pequeno detalhe fruto do egoísmo
muda tudo, se pensa muito em si e pouco se importa com a necessidade do próximo,
mesma espécie, mesmo gênero; se pensa tanto em si, no seu próprio bem, que se
esquece do bem comum.
Esta realidade é tão grave que não se demora para que encontre aí outro mal:
apego aos bens terrenos. É necessário estarmos sempre cientes que Deus nos confia
bens em vista de um bem comum, para isso a Igreja nos convida a cultivarmos a
virtude da temperança. ( cf. CAT 2407), auto-domínio para vencer nosso egoísmo.
Faz-se necessário também sairmos de nós mesmos, do nosso mundo egoísta e
nos lançarmos ao próximo e tomarmos conhecimento de suas necessidades e segundo
a caridade de Cristo Jesus buscar supri-las.
Não é tão difícil descobrir essas necessidades - estamos em um mundo
marcado pelo pecado, há fome, violência, miséria de todo gênero, pobres de todas as
formas: espirituais e materiais, um coração que busca seguir o modelo da Trindade –
Comunidade Perfeita de Amor, jamais ficaria indiferente a esta realidade, aquele que
quer viver o Evangelho, aqueles que querem chamar-se cristãos, com certeza,
ofereceriam seus dons, não só espirituais, mas também materiais em vista do Reino de
Deus. Um bom Cristão preserva os direitos do próximo e lhe dá o que lhe é devido ou
necessário, para isso a Igreja nos convida a buscarmos a virtude da Justiça. (cf. CAT
2407).
Esvaziando-nos de nós mesmos, sejamos felizes, vivamos o Evangelho! A
solidariedade também nos ensina a Mãe Igreja, deve ser buscada, por ela vivemos
comunhão, partilha, doação, frutos do verdadeiro amor. Como bons Cristãos sigamos o
Senhor que se fez carne, homem como nós: “se fez pobre, embora fosse rico, para nos
enriquecer com sua pobreza”, Jesus, o solidário, nos deu seu grande bem: a Vida
Divina. Graças a ele somos chamados a Vida Divina (cf. CAT 2407). Como não
corresponder sendo solidário e partilhando os bens que Deus nos dá? Dons para o bem
comum.
FONTE
Manual de Formação Geral dos Projetos e Ministérios 2, tema 11: Administração dos
bens
ANEXO XI
Texto destinado ao pastor/pregador
COMUNHÃO DE AMOR
Moysés Azevedo
Lc 12, 22-32:
Através desta passagem do Evangelho, Jesus nos revela que Deus é Pai. Ele cuida
de nós. Façamos a nossa parte e Ele nos dará o que necessitamos. Jesus começa a
inaugurar o tempo da revelação de que Deus é Pai e cuida de seus filhos. Ele deu a
capacidade, a inteligência, mas tudo vem Dele. Jesus faz-nos reconhecer quem é o
“dono de tudo”, por isto não sejamos arrogantes e orgulhosos.
Lc 16, 13:
Neste texto, Jesus nos ensina que não podemos servir a Deus e ao dinheiro.
Devemos centrar-nos no Pai não no dinheiro. Ou acreditamos que o Pai cuida de nós
ou vivemos como o mundo, como o pagão, como o dinheiro sendo um ídolo. O
discípulo de Jesus não pode ter o dinheiro como um ídolo.
Lc 6, 36ss:
O dinheiro não é um mau em si. Ele tem finalidade: a generosidade. O discípulo
de Jesus deve ser generoso, vive aquilo para o qual foi criado. Os seus bens tem a
finalidade de servir e o Pai está vendo e vai abençoa-lo. A medida que nós fizermos
será a medida que Deus fará conosco. Se fizermos pouco pelo Pai e pelos irmãos,
pouco o Senhor fará por nós. Se fizermos muito, muito o Senhor fará por nós. Quanto
mais nos doamos, mais partilhamos, mais Deus nos abençoa. A característica do
discípulo de Jesus é dividir, partilhar, libertar-se de sua insegurança.
At 20, 35:
Através destas palavras Jesus vem nos fazer entender que o caminho da
felicidade não é ficar centrado em si mesmo, mas em dar. Jesus só se entrega, só se
doa e Ele quer que os seus discípulos vivam isto com seus bens materiais. Há uma
felicidade, uma benção, uma graça que brota do ato de partilhar, da vivência da
comunhão de bens.
Lc 12, 33-34:
Com estas palavras Jesus grita para nós: Façam para vocês uma caderneta de
poupança imperecível, tesouro inalterável no céu, porque esta atitude mostrará aonde
está o seu coração. No medo? Na insegurança? Na incapacidade de amar com os seus
bens? O seu tesouro deve está no outro não em você mesmo, deve está em Deus.
Lc 21, 1-4:
Jesus considera que a capacidade de amar com os bens não acontece somente
quando sobra, mas também nos momentos de necessidades. A viúva deu tudo que ela
tinha para viver. Se ela foi capaz de dar na penúria, o que ela seria capaz de dar na
abundância. A partilha deve acontecer quando tudo está bem, mas também quando
tudo está difícil.
Lc 12, 16-21:
Jesus censura a ambição desmedida, a busca simplesmente do enriquecimento.
Ele é rico para si mesmo, mas não é rico para Deus. O rico para Deus é aquele que
partilha, sabe socorrer, sabe que tudo o que tem é de Deus, sabe que é apenas
administrador dos bens.
Lc 16, 9-12:
O administrador injusto faz amigos com o dinheiro injusto. Jesus não aprovou a
injustiça que ele cometeu, mas quer nos dizer para fazermos amigos com os nossos
bens, com o dinheiro que ele nos deu. Que o dinheiro de vocês sirva para socorrer,
partilhar. Se fores fiel no pouco que tem Eu lhes darei muito. Se pegamos o nosso
dinheiro somente para nós esse dinheiro é injusto, porque ele é todo de Deus. A
maneira como os homens relacionam-se com os seus bens é sinal de que são ou não
discípulos verdadeiros de Jesus. O verdadeiro discípulo de Jesus não ludibria o que é
de Deus.
I Tm 6, 17-19:
A nossa esperança não deve estar nos bens, mas em Deus. Os bens devem ser
usados como instrumentos para a nossa salvação.
II Cor 9, 6-12
Jesus vem nos falar que devemos viver como a Trindade vive, em santidade, assim
seremos abençoados por Deus. Estamos vivendo como Deus quer quanto aos bens.
Não viver a comunhão de bens é não ser feliz.
A comunhão de bens é uma dimensão indispensável da comunhão de amor. Se
temos a missão de levar os irmãos a fidelidade na oração, no Estudo Bíblico, também é
uma missão nossa levar os irmãos a comunhão de bens.
ANEXO XII
Texto destinado ao pastor/pregador
A PROMOÇÃO DO LOUVOR
Oração em Comum
Dentro da nossa via, a oração comunitária tem um lugar todo particular. A
nossa oração comum é um momento de arrependimento, louvor, adoração, escuta e
intercessão. Como uma comunidade carismática de louvor, este marcará de maneira
especial o tom da nossa oração, assim como a abertura à ação e unção do Espírito por
meio do livre uso dos Seus carismas.
Eis o texto:
O louvor sempre foi uma das características que mais definiram nossa forma
de orar, pois o Espírito e a Igreja nos ensinaram que é nosso dever dar graças, é a
nossa salvação darmos glória, em todo tempo e lugar. Com o exercício do louvor
fomos descobrindo como é bom e agradável louvar o Senhor.
Sua ultima recomendação, neste sentido, é pastoral – como, aliás, é pastoral o
tom de toda esta Carta. Interessante é que aqui ele coloca algo em que sempre insiste
quando faz suas exortações oralmente: a beleza e a harmonia como sustento e
incentivo ao louvor e fervor. Não se poderia falar do louvor na vocação Shalom sem
citar-se a boa, bela e harmônica música como sustentadora e incentivadora deste dom.
Embora tal só vá estar escrito neste último documento, o fundador é incansável em
sua recomendação quase “davídica” sobre o papel do ministro de música e da
influência fundamental da boa e adequada música e ambientação nas diversas
celebrações e orações.
Sendo assim, incentivamos os Formadores Comunitários a, sempre mais
abertos ao Espírito, animarem as casas e células comunitárias na beleza e harmonia do
louvor. Empenhem-se para que com instrumentos e músicas bem ministradas
sustente-se o louvor e favoreça-se o crescimento dos irmãos em uma oração com
fervor e harmonia. Procurem delegar a condução da oração a irmãos que tenham um
visível carisma para isto. Estes, por sua vez, procurem ensinar este serviço a outros
irmãos.
Antes de começar a leitura da Carta, nosso fundador clama, mais uma vez, o
louvor como essencial à nossa vocação. Com sua oração terminamos este capítulo,
ressaltando mais uma vez como, para nosso fundador, o louvor é arma de combate
espiritual, ascese, conquista do Reino e destruição do pecado:
...que esta carta seja instrumento para gerar em nosso coração a boa obra de
louvor, de conversão. Conversão, Senhor, te pedimos para nós. Seja instrumento de
conversão e submissão ao Teu senhorio. Que toda idolatria caia por terra e seja
destruída e toda rebeldia seja expulsa e que a vontade do Pai reine sobre nós e em
cada um de nós. (Moysés, quando do lançamento do Escrito Carta à Comunidade
2005, na Páscoa deste mesmo ano).
FONTE
NOGUEIRA Emmir, Louvor Brasa Vida, Ed Shalom
ANEXO XIII
Texto destinado ao pastor/pregador
Se alguém pensa que santidade pessoal significa ter o nome no topo de um ranking,
está enganado. Se pensa que é algo que dá direito a ter uma data comemorativa no
calendário da Igreja, está enganado. Se pensa que é algo que traz consigo o poder de
fazer milagres, está enganado. Se pensa que é ter o olhar embevecido, num estado de
piedoso contentamento (ou de doce êxtase, ou de nobre e virtuosa distração), está
enganado. Santidade não tem nada a ver com estar acima dos outros, como que
pairando sobre eles.
Qualquer um pode ser santo – ou melhor, fingir que é santo – e ouvir elogios das
pessoas: “Nossa, como você é um santo”. Cedo ou tarde, porém, essa santidade acaba
dando em nada. Ou a pessoa percebe a armadilha em que caiu, faz-se humilde, e
tenta encaminhar-se para uma santidade real, ou então o esforço por manter as
aparências torna-se insustentável, provocando uma reação que a faz voltar-se para o
mundanismo e talvez até para um estado final de maldade. Todo o segredo da
santidade está em que ela depende da graça e por isso nunca pode ser considerada
um simples papel a representar.
Isso significa que mesmo que você esteja decidido a ser santo, não o será se confiar
só na sua força de vontade. A única coisa que pode levá-lo à santidade é a graça de
Deus. Você precisará de toda a sua força de vontade para trabalhar junto com a graça
de Deus, mas não imagine que para chegar ao final do caminho basta tomar umas
resoluções suficientemente firmes. Deus permitirá que você falhe em cumprir alguns
dos seus melhores propósitos antes mesmo de começar a caminhada, para que você
se ponha no seu devido lugar e veja que nada pode fazer sem Ele.
Estando humildemente convencido de que sozinho não se pode cumprir nem mesmo
aquilo que mais se quer, você estará então pronto para ser um instrumento de Deus.
Primeiro você vai ser amaciado como um bife. Quando toda a altivez, todo o orgulho e
todas as idealizações da santidade tiverem sido arrancados pela ação da verdade, e
você tiver os pés no chão, Deus terá matéria com que trabalhar. Sem falsas noções e
sem projetos fantasiosos, você começa a perceber o que é a verdadeira santidade e
quais são os planos que Deus tem em mente a seu respeito.
A razão disso é que Deus não está premiando o trabalho de outrem, mas o dEle
próprio. Não se pode esperar que Ele reconheça uma santidade para a qual não tenha
contribuído. A única perfeição, a única santidade é a de Deus. Deus permite que o
homem invente a sua própria idéia de santidade. Mas Deus não o ajuda a realizá-la
simplesmente porque ela não existe; é uma perda de tempo. É como procurar a luz do
luar numa noite sem Lua. Quando você percebe que a luz do luar emana de um
determinado lugar, e que só existe nele, já terá aprendido alguma coisa.
A SANTIDADE É INDIVIDUAL
Outra coisa a respeito da santidade que é preciso ter em conta desde o início é que ela
não segue nenhum padrão pré definido: será a que Deus queira, e como você não é
exatamente igual a nenhum outro, sua santidade não será exatamente igual a
nenhuma outra. O modelo de todos os santos é Nosso Senhor e somente procurando
imitá-lo é que se pode ir a alguma parte no caminho da santidade. Mas isso não
significa que todos os que o sigam terminarão sendo iguais: Nosso Senhor dirige a
cada um de nós um chamado específico, e cada um responde à sua maneira.
Considerar o modo como outros seguiram Nosso Senhor pode ser uma ótima ajuda,
assim como ver como os outros pintam, mas Cristo – que é o Caminho, a Verdade e a
Vida (Jo 14, 6)– quer que você dê algo seu, pessoal, algo que não seja simplesmente
uma cópia. Os santos fazem obras primas por serem parecidos com Cristo, não por
serem parecidos com os outros. Imitemos, sem dúvida, o modo de caminhar dos
santos, mas de modo algum copiemos os resultados. Deus quer um retrato original:
não uma falsificação.
Pois bem, mas o que é que os santos fazem para chegar à santidade? Duas coisas. Por
um lado, ficam longe de tudo o que os impede de entrar pelos caminhos da graça e,
por outro, dirigem-se diretamente para Deus. Mas fazem tudo isso pela glória de Deus,
não por algum proveito que possam obter. Eles são os que “buscam antes o reino de
Deus” – mais pelo Rei do que por eles próprios – e estão dispostos a esperar o tempo
que Deus quiser até o dia em que “todo o resto lhes será dado por acréscimo” (cfr. Mt
6, 33).
Os santos, portanto, não tratam de fazer coisas especialmente santas (como ferozes
penitências, passar noites inteiras ajoelhados, milagres, profecias, êxtases na oração);
tratam de fazer tudo de um modo especialmente santo: exatamente do modo como
Deus quer que o façam. Para eles, a única coisa do mundo que importa é a vontade de
Deus. Sabem que cumprindo a vontade de Deus estarão imitando Nosso Senhor,
manifestando a caridade e sendo fiéis ao que há de melhor em si mesmos.
Tudo isso pode ser um grande estímulo para nós, pois mostra que o nosso serviço a
Deus não depende de como nos sentimos, mas de como Deus olha para o que
fazemos; não depende de que os nossos atos pareçam heróicos, mas da nossa
disposição em deixar que Deus tire heroísmo de nós; não depende de que
conquistemos à nossa maneira uma meta que nos faça merecedores do título de
“santo”, mas de que sigamos com total confiança o rumo marcado pela vontade de
Deus.
A santidade – como tudo na vida – deve ser encarada do ponto de vista de Deus, e
não do ponto de vista do homem. Viemos de Deus. Existimos por Ele. A nossa
santidade também deve vir dEle e existir para Ele. Cremos que a finalidade do homem,
da vida, da Criação, de tudo, é a glória de Deus. Mas o que isso significa para nós? O
que é “glória” afinal?
Santo Agostinho diz que a glória é um “claro conhecimento, unido ao louvor”. De fato,
mais do que simplesmente explicar o que a glória é, essa expressão nos diz o que
temos que fazer em relação a ela: a maneira de dar glória. Louvar a Deus na oração é
dar-lhe glória; servir ao próximo na caridade, também. Querer seguir a Cristo é dar-lhe
glória; desejar cumprir a vontade de Deus é dar-lhe glória. De forma que o ponto
central da santidade é que ela dá glória a Deus.
Cristo Nosso Senhor, que é a Santidade em pessoa, mostrou-nos como deu glória ao
Pai durante a sua vida terrena: Eu glorifiquei-te na Terra, consumando a obra que Me
deste a fazer (Jo 17, 4). Que obra era essa? Muito simples: a vontade do Pai. É claro
que isso implicou fazer muitas coisas específicas – como pregar, fazer milagres, fundar
a Igreja, sofrer a Paixão –, mas todas se resumem no cumprimento fiel da vontade do
Pai. Quando, próximo do fim, Jesus disse na Cruz: Tudo está consumado (Jo 19, 30),
não estava querendo dizer que a sua vida chegava ao fim, mas que a obra que o Pai
tinha-lhe encomendado, a tarefa de cumprir em tudo a divina vontade, estava agora
perfeitamente concluída e já não restava mais nada por fazer.
Fazendo-se obediente – até à morte – à vontade do Pai, Cristo deu-nos uma lição
sobre a glória. Sua obediência no dia-a-dia, em coisas que ninguém notou exceto sua
Mãe e os seus amigos mais próximos, deu tanta glória ao Pai quanto os seus muitos
milagres, orações e ensinamentos. Agora, como cristãos, o nosso principal dever é
reviver a vida de Cristo neste nosso mundo, mas não realizando as grandes ações de
Cristo e sim as pequenas. Assim como as pequenas coisas que Jesus fez não eram
pequenas aos olhos do Pai – porque estavam sendo perfeitamente cumpridas pelo
Filho –, também as pequenas coisas que façamos não serão pequenas para o Pai
porque nós, junto com o Seu Filho, estaremos tentando cumpri las perfeitamente.
Deus é glorificado por toda a sua Criação e não somente pelos seres humanos, que
podem usar as suas mentes para expressar em palavras o seu louvor. A Natureza
louva-o porque dEle recebe a sua existência e porque funciona de acordo com as leis
por Ele estabelecidas. É fácil ver que um pôr-do-sol, uma rosa, ou um cume nevado
dão glória a Deus, porque refletem algo da Beleza divina; mas também as coisas
grosseiras, como uma pedra, um repolho ou a chuva, dão glória a Deus. Subindo um
degrau acima, não temos muita dificuldade em ver que dão glória a Deus os pintinhos,
os cachorrinhos ou os filhotes recém-nascidos de urso polar que se vêem no zoológico,
porque essas criaturas são adoráveis e muito simpáticas; mas também as cobras, os
sapos e os ratos dão-lhe glória. Cada um dos elementos da Criação divina, tomado
isoladamente, dá glória a Deus por existir conforme o tipo de existência que Deus quis
que tivesse.
Essa idéia de que tudo traz em si um certo fulgor divino – como aquelas ondas de
calor provocadas pelo sol na superfície da água – parece evidente quando nos damos
ao trabalho de pensar nisso. Para os santos, essa visão da Criação é algo já
consolidado em suas mentes. Os objetos exteriores são vistos e amados como seres
que refletem Aquele que os fez. Isso é o que São Paulo dizia quando afirmava que os
seres visíveis estão aí para levar-nos ao conhecimento do Criador invisível. É por isso
que São Francisco de Assis chamava as coisas naturais como o céu, o sol e a lua, de
irmão ou irmã: todos eles são da família, todos têm os traços do Pai.
Imagine a diferença que faria em sua vida se em todo lugar você enxergasse à sua
volta placas de sinalização indicando a presença de Deus. Não somente a Natureza e
os seres humanos anunciariam a glória de Deus, mas até os acontecimentos de todos
os dias e de todas as horas você os acolheria como manifestações da vontade de
Deus. Isso o levaria a mostrar-se agradecido pelas coisas agradáveis que acontecem, e
a aceitar as coisas desagradáveis como ocasiões para poder participar da Paixão de
Cristo. Ou seja: você poderia viver o resto dos seus dias sob aquilo que Santo
Agostinho chamava de céu estrelado da vontade de Deus.
Isso é o que a santidade faz. Primeiro glorifica a Deus, fonte de tudo o que é santo; e
depois faz-nos descobrir mais e mais material com que expressar essa glória.
Para aqueles, parece haver poucos sinais do amor de Deus neste mundo tão injusto e
conturbado; para o santo, pelo contrário, há sinais do amor divino por toda parte,
inclusive na confusão e nas desilusões.
Para aqueles, existem apenas pessoas: umas boas e outras detestáveis; para o santo,
existem almas: todas elas de algum modo amáveis e todas refletindo o amor de Deus.
FONTE
Catholic Answers
Link: http://www.catholic.com
Tradução: Quadrante
ANEXO XIV
Texto destinado ao pastor/pregador
FONTE
Revista Shalom Maná, Maria Emmir Oquendo Nogueira
ANEXO XV
Texto destinado ao pastor/pregador
FONTE
Moysés Azevedo
Escritos da Comunidade Católica Shalom - Carta à comunidade 2005
19
ECCSh, 82 – 86 e 189
20
RVM, 1
ANEXO XVI
Texto destinado ao pastor/pregador
Eles nos formaram desde antes que nascêssemos e, desde o seio materno, já
começamos a aprender lições de vida. Que bom seria se só tivéssemos aprendido boas
lições e ensinamentos edificantes! Mas, infelizmente, não é assim, trazemos também
fatores dolorosos e marcas que muitas vezes nos arrastam para trás em nosso
processo de crescimento pessoal. Contudo, aprendemos com Jesus a transformar o
mal em bem e a fazer da necessidade virtude. Ou seja, aprendemos e tiramos proveito
também dos acontecimentos tristes e desagradáveis, transformando-os em degraus
em nossa escalada até o céu.
Temos uma grande mestra em nossa vida, se queremos trilhar os caminhos de Deus,
que não pode ser esquecida um dia sequer. É Maria, aquela que Jesus nos entregou
como mãe quando morria na cruz. É ela quem nos toma pela mão - como o fez com
Jesus menino - e nos ensina a dar os passos em nossa vida humana e em nossa vida
de fé. Podemos nos entregar sem reservas a ela, pois sua mão é firme e seu
ensinamento é seguro e muito atual.
Em Mt 7,15-20, Jesus nos diz que a árvore boa produz bons frutos. Olhando para toda
a vida do Senhor sobre esta terra vemos apenas gestos que revelam amor. Até nos
momentos de dor, de ira - como na expulsão dos vendilhões do templo -, de cansaço
etc., Jesus soube apenas expressar amor. Sua ternura para com os enfermos e
sofredores fazem-nos pensar em Maria que, em Nazaré, acolhia a todos que a
buscavam para prestar-lhes algum pequeno serviço.
É natural que Jesus aprendesse gestos humanos de amor com sua Mãe, pois o próprio
Evangelho diz que Ele 'crescia em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens'.
Jesus é amor, pois é filho de Deus e Deus é amor, como nos diz São João. Maria, por
participação, também se torna amor e gerou seu "fruto", Jesus - amor. Ela é a árvore
boa que produziu este excelente fruto. Contemplando mais de perto essa árvore,
podemos perceber alguns aspectos que se destacam e que podem ser para nós uma
verdadeira 'escola de amor':
Amor a Deus
Maria foi preservada do pecado em vista da concepção de Jesus. O pecado é nosso
grande "não" aos planos de Deus sobre nós. Como Maria estava isenta desse risco,
toda a sua vida foi um 'sim' constante à vontade de Deus. Seu amor a Ele foi tão
grande e puro que, conforme nos dizem os Padres da Igreja, Deus a encontrou sobre a
face da terra tão aberta à sua graça que a escolheu para ser a mãe de seu Filho
Unigênito. Amor gera amor, diz São João da Cruz, e isto se cumpriu na vida de Maria.
Amor filial
Detendo-nos um pouco sobre o amor de Maria para com seus pais, que a tradição
chama de "Joaquim e Ana", embora os Evangelhos nada digam a respeito, podemos
encontrar uma referência nas palavras que ela diz nas bodas de Caná: "Fazei tudo o
que ele vos disser". Maria foi aquela filha que soube acolher as palavras de seus pais e
deixar-se formar por eles.
Hoje existem formas diferentes de relacionamento entre pais e filhos e conhecemos
histórias muito bonitas de amor dentro das famílias. Há mais diálogo e partilha de vida,
criou-se uma maior participação dos filhos nos problemas e resoluções familiares. Mas
ainda há um longo caminho a ser percorrido por várias famílias e o respeito e a
submissão dos filhos aos pais, como o diálogo e compreensão dos pais para com seus
filhos continuam sendo valores para se preservar em todos os tempos e lugares.
Amor esponsal
Este aspecto do amor na vida de Nossa Senhora é muito profundo. Ela é chamada pela
Igreja de "esposa do Espírito Santo" e, como sabemos, também foi acolhida e
protegida por José, seu esposo. Maria soube viver o amor humano com todas as suas
expressões de ternura feminina, de entrega de si pela felicidade do lar, de atenção às
necessidades de cada ente querido que lhe foi entregue, sendo, portanto, verdadeira
esposa de José. Embora o amor entre eles fosse tão grande e forte, souberam oferecer
a Deus - para que o Filho de Deus encontrasse total disponibilidade da parte de seus
pais aqui na terra - a expressão da intimidade conjugal, tão importante na vida de todo
casal que se ama.
Maria, conforme a tradição, oferecera-se a Deus pelo voto de castidade. Deus acolheu
sua oferta e a preservou em sua virgindade "antes, durante e depois do parto", e teve
a delicadeza de lhe entregar como esposo José, homem justo, homem conforme o
coração de Deus, que acolheu este plano sobre a vida de sua família.
Era uma família especial e ao mesmo tempo simples como qualquer outra. Maria soube
ser esposa que se coloca ao lado de seu esposo em todos os momentos. Partiu com
ele para Belém, depois para o Egito, retornando a Nazaré, com toda lealdade e sem
dramas. Soube esquecer-se para ver seu lar feliz e em segurança. Apesar da pobreza
em que viviam, soube cuidar dos seus e das coisas que, com sacrifício, conseguiam
para sua casa.
A vida familiar é muito simples e bela, e os problemas que enfrentamos são desafios
que a fé nos ensina a superar. Maria, sendo esposa de José, soube também ser fiel ao
Espírito Santo que "veio sobre ela, cobrindo-a com sua sombra". Diz São João da Cruz
que "Maria jamais se deixou mover por criatura alguma, mas somente se deixou mover
pelo Espírito Santo em sua vida". Nela o Espírito Santo encontrou morada e plena
acolhida a suas moções.
Amor fraterno
É próprio do amor tomar a iniciativa, não esperar que o outro peça ajuda, mas
simplesmente se doar, gratuitamente. Quando o anjo anunciou a Maria que ela seria a
mãe do Salvador, ele apenas fez referência à gravidez de Isabel sua prima. Isabel não
enviou um pedido de ajuda a Maria, mas esta logo se pôs a caminho 'às pressas'. O
mesmo nas bodas de Caná, quando da falta do vinho, não foi necessário que os noivos
pedissem socorro, Maria percebeu a necessidade e agiu.
Nossa vida de comunidade - quer na vida religiosa, quer na vida laical ou familiar - é
rica em ocasiões para se fazer o bem. Nós vemos o bem a ser feito e, pergunto, por
que não o fazemos? Por que esperar que nos peçam, mandem ou obriguem? É tão
mais consolador quando podemos fazer algo em pura gratuidade, por que não nos
damos esta felicidade então?
É fácil notar que vivemos num mundo de muita informação, muitas palavras, muitos
cursos, capacitação, reuniões, congressos etc., mas me parece que existe uma
distância que precisa ser vencida entre a palavra e a ação. É bom que nos reunamos e
possamos discutir os problemas e soluções, mas é preciso a decisão de colocar em
prática o que se disse.
A impressão que se tem é de que basta dizer e chegar a conclusões e pronto. Porém,
isso não foi o que Maria, como nossa mestra, nos ensinou com sua vida. São poucas
suas palavras registradas nos evangelhos, mas muita foi sua ação. Ela fez e fez muito.
Sua maior ação foi acolher o Verbo de Deus em seu seio e gerá-lo para o mundo. Fez-
se serva não só em palavras, mas soube se colocar disponível a Deus e a todos que
dela precisavam. Talvez o axioma de São João da Cruz "calar e agir" esteja muito atual
ainda hoje e carecendo de ser vivido em nosso amor fraterno.
A vida fraterna também é feita de gestos de ternura que se repetem e se multiplicam,
em sua simplicidade, dando novo sentido e tornando concreto o amor fraterno. Não
basta dizer que nos amamos, não basta rezar juntos, comer juntos, dormir sob o
mesmo teto, é preciso expressar amor em gestos concretos, cuidando do outro,
olhando em seus olhos, sentindo 'com' ele, dando-lhe tempo para que partilhe sua
vida, ou seja, ouvindo-o e buscando conhecê-lo melhor, também deixando-se amar e
conhecer.
É um círculo de vida que se vai criando e tornando felizes aqueles com quem
convivemos. Olhando a ternura com que Maria esteve no cenáculo com os apóstolos
em oração, sua vida em Nazaré ou na comunidade primitiva, é impossível não tirar
lições de vida fraterna que sustentem nossa caminhada comunitária...
Amor fiel
O amor se prova nos momentos de crise. Amar uma pessoa que está bem, que é bem-
sucedida, tem saúde, está de bem com você e com a vida é fácil, até os ateus fazem.
Agora, amar quem está mal, perdeu todos os seus bens, ou está doente e precisa de
sua presença amiga, ou mesmo que, por algum motivo, não correspondeu à sua
expectativa, isto sim é amor de verdade. Amar um viciado, um alcoólatra, uma pessoa
que está destruindo sua vida, um condenado... aí está o amor em toda a sua
gratuidade. Maria amou seu Filho até o fim. Quando todos o abandonaram, quando Ele
era tido como malfeitor e ia ser executado por isso, quando ela corria risco por estar
do lado dele naquele momento, Maria estava lá, de pé, com dignidade e força. Sofria
mas não se desesperava, e sua presença ali, com certeza, foi uma grande força para
Jesus. Quem ama não tem medo de nada nem de ninguém. Está disposto a dar a vida
pela pessoa amada.
Amor transcendente
Finalmente vejo Maria como mestra de um amor transcendente, um amor que
ultrapassa os limites do tempo e do espaço. São Paulo já dizia que "a caridade jamais
passará", e vemos o amor de Maria tão imensamente profundo que transbordou pelos
dois milênios de história e chega até nós, com perspectiva de chegar até o fim dos
tempos, quando o Senhor voltar em glória.
Se amamos, temos esta convicção de não nos limitarmos a este determinado lugar ou
espaço, o amor nos dá asas e nos faz voar, nos dá condições de sermos um com a
pessoa amada ainda que esta esteja distante.
O amor é unitivo e esta unidade transcende o nosso ser e a própria razão para chegar
ao outro. Este amor vemos em Maria, orante. Ela viveu uma profunda comunhão de
amor com Deus na oração. Como nossa Mestra, olhemos para a intimidade de seu
coração, todo aberto ao Espírito Santo, todo atento ao menor toque de Deus sobre si e
sobre os que a rodeiam. Só uma comunhão constante com o Senhor poderia capacitá-
la para viver sua missão de Mãe do Redentor e Mãe da Igreja. Quando Deus nos
entrega uma missão Ele nos prepara, nos educa a ela, e isto se dá primeiramente na
oração, e numa oração de total entrega e atenção amorosa a Ele.
Conclusão
Contemplando Maria como nossa mestra de amor, vemos como ainda estamos longe
de amar como o Senhor quer que amemos, mas ao mesmo tempo temos a segurança
de não caminharmos sozinhos nesta aventura. A vida adquire novo sentido quando nos
decidimos a amar e a deixar-nos amar. Nunca nos esqueçamos desta mestra que pode
nos ensinar muito a amar de forma concreta e eficaz a quem se aproxima de nós.
FONTE
Portal Shalom
http://www.comshalom.org/formacao/maria/maria_mestra_amor.html
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
CELEBRAÇÃO O ENCONTRO COM O RESSUSCITADO
Querido pastor,
Essa celebração foi elaborada para você que coordena o grupo de oração dentro do
Caminho da Paz, na fase Filotéia. Ela deve ser feita no retiro do Grupo de oração ao
final da fase, e introduzirá e será uma motivação para que as ovelhas desejem ir para
a fase seguinte (Metanóia).
Nesta celebração será enfocada a conversão, tema principal da próxima fase, isto será
feito através de momentos principalmente de arrependimento e de decisão por Cristo,
nela será entregue uma vela, sinal da adesão à vida de Cristo, à vida na graça (a luz
em oposição às trevas).
Obs: As velas deverão ser bonitas, para que as ovelhas utilizem no altar da sua casa,
junto com ícone que receberam na fase anterior.
A celebração deve ser preparada com antecedência pelo pastor e seu núcleo, deve-se
preparar bem, segundo a orientação, a simbólica do ambiente para que as ovelhas
vivam bem esse momento. O pastor deve entender bem o sentido da celebração para
a condução da mesma em cada momento. Mesmo que toda a celebração seja
orientada, o pastor deve estar aberto à condução do espírito e abertos aos carismas.
Shalom,
Assistência Apostólica
CELEBRAÇÃO O ENCONTRO COM O RESSUSCITADO
SIMBÓLICA DA CELEBRAÇÃO
ESQUEMA
1- Sentido do momento
2- Condução do momento
A duração de todo este momento não deve ser mais que 45 minutos
85
2º Momento:
A EXPERIÊNCIA DE TOMÉ (a nossa experiência com o Ressuscitado que passou pela cruz)
1- Sentido do momento
2- Condução do momento
A duração de todo este momento não deve ser mais que 30 minutos
3º Momento
ESPÍRITO SANTO: A FORÇA DO RESSUSCITADO
1- Sentido do momento
86
Depois da pregação no primeiro momento da celebração, em que se frisou sobre a
importância da escuta da voz de Deus como caminho de santidade e de decisão por Deus,
passamos para o segundo momento, que foi a oração e reflexão com a cruz como lugar de
sacrifício e salvação, no qual devemos partir do sacrifício de Cristo para encontrarmos o nosso
lugar enquanto igreja e grupo de oração. Para isso, tomamos Tomé, antes da sua experiência com
o Ressuscitado e depois da sua experiência com o Ressuscitado.
Já neste último momento, mergulharemos numa experiência com o Espírito do Ressuscitado.
É Ele que nos dá a força e a clareza da vontade de Deus para as nossas vidas. É ele que nos move
para uma vivência radical do evangelho, do ser jovem santo, casto, obediente a vontade de Deus.
Então, compreendemos que a ação do Espírito Santo é essencial para a nossa decisão por
Deus. Sabemos que o Espírito Santo age por meio da experiência de dar de si mesmo, como oferta
agradável a Deus, e a partir daí, receber o Espírito Santo como Dom pleno e também como
pessoa. O espírito Santo só age em nós se nos ofertarmos, pois não há descida do espírito sem
oferta, e da mesma forma, não há oferta de vida sem uma descida do Espírito Santo. Quando nos
decidimos por Deus, por meio de uma experiência pessoal com Cristo Ressuscitado,
experimentamos a efusão do Espírito. E é só plenos do Espírito que podemos falar em
metanóia.
2- Condução do momento
f) SÍMBOLO – Próximo à pira, ou em outro lugar, devem-se ter velas (1 para cada
ovelha). O pastor deve motivar:
Jesus, Teu amor vale mais que todas as coisas. Por isto te entregamos tudo, por
amor queremos nos unir à ti e dar mais um passo no teu seguimento. Sabemos que
nada podemos e por isto, por amor, Tu nos envias o teu Espírito Santo que faz
novas todas as coisas, Tu nos dás a graça de como Tomé tocar em teu lado aberto
e experimentar da tua Ressurreição. Queremos hoje dar um passo sem volta,
confiando somente na tua graça que nos sustentará a cada dia.
E continua:
Agora, aqueles que reconhecem a sua fraqueza e o imenso amor de Cristo e que
querem aderir á Ele devem, um por vez, pegar uma vela. Esta vela simbolizará a
vida nova a adesão a Cristo e sua Cruz. “Sim Pai, não é fácil, mas eu desejo, eu
quero, eu vou. Amém”
87
g) DESERTO – Ainda em oração todos devem anotar o rhema da celebração (o que
ficou mais forte) e após isto anotar os propósitos de vida nova.
h) MARIA - Finalize a celebração com um canto final consagrando as suas vidas nas
mãos da Virgem Maria;
A duração de todo este momento não deve ser mais que 30 minutos
Momento de Partilha
Ao fim da celebração pode-se fazer um momento de partilha com todo o grupo.
ASSESSORIA LITÚRGICO-SACRAMENTAL
ASSISTÊNCIA APOSTÓLICA
88
ANEXO CONVERSÃO
Após a leitura de Gn 21, 1-3; 22, 1-12, comece a pregação explicando que:
Issac é o filho esperado por Abraão, o filho da promessa, aquele com quem Deus irá estabelecer a
Aliança, e Deus pede:
“Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, lá tu o oferecerás em
holocausto sobre um dos montes que eu te indicar.” Gn 22,2
Contextualize a leitura:
• A adesão à Vontade de Deus deve ser total
• Abraão não hesita diante da Vontade de Deus
• A verdadeira oferta de vida é ADESÃO TOTAL À VONTADE DE DEUS.
"Nossa conformidade com a Vontade de Deus deve ser total, sem condição, constante e irrevogável" Ronaldo
Pereira
A pregação deve se questionar acerca da vida que amamos (das mentalidades, modismos,
diversões, forma de nos relacionar, o nosso nível de autoconhecimento e humildade em
reconhecer às nossas fraquezas), e como devemos nos colocar no altar do sacrifício, apresentando
a Deus a nossa própria vida;
• Até onde estamos dispostos a renunciar por Deus?
o Renunciar o que é RUIM
Modismos que ferem a castidade
Locais que não convém
Conversas, Amizades, etc.
Exemplos da realidade, que há resistência das ovelhas
Essas coisas valem mais que Deus?
o Renunciar até o que é BOM, mas que Deus não quer.
Os meus “Isaacs” – Deus mesmo me deu, mas hoje preciso ofertar.
• CORAGEM
• A minha resposta: ir ao local da oferta e colocar sobre o altar do Senhor
Lembrar que a fase que irão entrar é a METANÓIA, que significa CONVERSÃO, conversão total a
Jesus. A conversão é pessoal, não nos convertemos juntos, mas pessoalmente. Já tivemos nossa
primeira experiência no nosso SVES, mas agora daremos um passo mais verdadeiro e concreto é o
que chamamos de SEGUNDA CONVERSÃO.
A segunda conversão é firmada em bases solidas. Conhecemos verdadeiramente Jesus durante
esse ano de Caminhada no Grupo, descobrimos que o caminho dele é a CRUZ e queremos nos unir
à Ele, à sua Cruz.
Motive bem as ovelhas que o caminho é LIVRE e PESSOAL, somente deve trilhá-lo aquele que
deseja, livremente.
“É fundamental não nos enganarmos e reconhecermos o velho em nós, que não é na verdade aquilo que Deus quer,
mas sim fruto do pecado, dos nossos pecados (orgulho, vaidade, rebeldia, inveja, gula, falta de autodomínio, impurezas,
paixões, partidos ciúmes, briga, inimizades, rancor, ambição, etc.) fruto da nossa má educação na qual muitos de nós
fomos formados e dos nossos traumas, feridas, etc.”
(Escritos da Comunidade Católica Shalom, Obra Nova)
Dê um momento para que as ovelhas pensem naquilo que foi pregado e decidam-se
livremente pela conversão.
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