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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA

INTRODUÇÃO

Continuando o mesmo caminho espiritual, entramos em uma nova fase, que possui a
mesma metodologia da fase anterior, englobando as Dimensões: Espiritual, Biblica,
Humana, Doutrinária e Missionária, porém de forma nova, levando em conta o
crescimento espiritual apartir da experiência com o amor de Deus e com o Espirito
Santo que ovelha viveu na fase anterior.

Na fase Kerigma as ovelhas são conduzidas para um aprofundamento da descoberta


de Deus e do seu amor. Também a um batismo no Espírito Santo e no uso dos seus
dons carismáticos.

Na fase Filotéia, que agora iniciamos, o mais essencial é a descoberta e mergulho na


intimidade com esse Deus Amor por meio da vida de oração, vida sacramental, serviço
na obra e uma decisão livre de trilhar um caminho de radicalidade evangélica.

O grande objetivo dessa fase é o amadurecimento espiritual. Tudo nessa fase


(formações dos grupos de oração, dinâmicas, acompanhamentos) leva ao mergulho na
intimidade com Deus. Essa intimidade é profundamente pessoal, mas também
comunitária.

Pedimos ao Senhor que este manual lhe sirva de instrumento para condução e
crescimento das ovelhas no caminho da Paz.

Assistência Apostólica,
Equipe do caminho da Paz
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
DIMENSÕES

DIMENSÃO ESPIRITUAL
A fase filotéia tem como principal objetivo o amadurecimento espiritual, daí o
crescimento do tempo de oração e as formações que auxiliarão a ovelha na sua vida
espiritual, livrando de possíveis enganos na oração, incentivando a vida sacramental, a
devoção mariana e a vida de louvor.

• Retiro do Grupo de Oração


O retiro do grupo é realizado ao final da fase (a fase inteira tem média de 06 meses).
O início desta fase começa no término do retiro na fase anterior (kergima) e com a
celebração. O próximo retiro será no final da fase e marcará a passagem desta fase
para a seguinte (metanóia).

Como deve ser:


 Deve ser fechado1 de 2 dias (Iniciando na sexta-feira a noite e terminando no
domingo a tarde).
 De acordo com o esquema (no fim do Manual)
 O Local deve ser visto com antecedência, assim como marcar a data para as
ovelhas se programarem com uma certa antecedência.

DIMENSÃO BÍBLICA
Daremos um forte incentivo à oração com a Palavra de Deus no método da Lectio
Divina, como na fase anterior, agora, com o Estudo Bíblico “Felizes os que ouvem a
Palavra”, onde enfocaremos não mais uma dimensão kerigmática, mas desceremos no
conhecimento de Deus através da sua Palavra e o inicio de uma amizade madura. Por
isto é importante um feedback constante do acompanhador.

DIMENSÃO HUMANA: Usaremos de alguns instrumentos para o crescimento


humano das ovelhas. Tais como:

• Grupo de Partilha: Deve se mensal, no horário do grupo.


Segundo as orientações abaixo, o pastor com seu núcleo devem ver um dia para que o
grupo de partilha aconteça, neste dia, não haverá a partilha após a oração e o tempo
de oração e formação, não devem exceder 90 minutos, a fim de reservar 30 minutos
para isto que será feito após a formação.

Orientações para o grupo de partilha mês a mês


 1º mês (entre a 1º e a 4º Semana): Partilhar a expectativa para esta nova
fase, a leitura do Livro “Louvor Brasa-Vida” e como anda sua vida de oração.
 2º mês (entre a 5º e a 8º Semana): Partilhar a leitura do Livro “Louvor Brasa-
Vida”, os frutos a partir da leitura, o crescimento espiritual, as dificuldades na vida
de oração e como estão sendo superadas (a partir da formação do grupo)
 3º mês (entre a 9º e a 12º Semana): Partilhar sobre o serviço em seu
ministério que foi discernido. O seu crescimento na vida fraterna. Partilhar também
como foi a leitura do livro “Louvor, Brasa-Vida”
 4º mês (entre a 13º e a 16º Semana): Partilhar como anda a sua vida
sacramental (principalmente eucaristia e reconciliação). Como anda a sua vida de

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Entendemos retiro fechado aquele em que o grupo de oração se retira para aprofundar a sua experiência de Deus;
oração. (estimular a ajuda uns aos outros). Deixar livre para partilhar também suas
realidades humanas (Família, estudos, amizades, trabalho...).
 5º mês (entre a 17º e a 21º Semana): Partilhar as graças de Deus neste
tempo na sua vida. Partilhar sobre a Comunhão de Bens, o que você entende por
esta realidade, o que para você ficou mais forte, como você pode fazer a
comunhão dos seus bens na Obra? (espirituais, intelectuais e materiais)
 6º mês (até o fim da fase): Partilha geral do Grupo2 – Partilhar o crescimento
espiritual nestes 6 meses, a formação que mais te ajudou nesta fase e as
expectativas para a próxima fase. O Pastor deve estar atento para que a partilha
seja de tal forma que todos possam partilhar.

• Acompanhamento Pessoal : Para o bom acompanhamento das ovelhas e


cooperação da nossa parte como pastores faz-se necessário acompanhar a ovelha
de forma mensal.
Deve ser sempre iniciado com a oração pela ovelha, aberta aos dons do Espírito
Santo.
A importância do acompanhamento se dá devido a necessidade da ovelha de firmar-
se na vida de oração (Estudo Bílblico e Oração Pessoal), na fidelidade ao Grupo de
Oração e à Comunhão de Bens e de discernir seu ministério. O Acompanhador
deverá seguir as orientações para cada mês, devendo estar aberto ao que o Espírito
conduzirá além das orientações.

Nunca se deve ter uma postura de cobrança pesada, mas de incentivo, de


pastoreio. A cobrança é importante e eficaz quando é feita como uma postura de
incentivo.

Orientações para o acompanhamento mês a mês


 1º mês: Explicar o objetivo principal desta fase, que é o amadurecimento
espiritual (para isto a necessidade de crescimento no tempo de oração, OP e EB –
segundo a orientação da fase)
Formar na mentalidade do serviço. Mostrar que antes de entrar em um ministério a
ovelha deve ter sempre o desejo se servir, como transbordamento da graça que
Deus tem lhe dado. “De graça recebestes, de graça deveis dar”
Iniciar o discernimento do ministério a partir do curso de engajamento que a
ovelha irá fazer conforme abaixo em: DISCERNIMENTO DOS MINISTÉRIOS. (É
importante saber que quem discerne o ministério é a ovelha, não o acompanhador
ou pastor. Aqui o acompanhador irá ajudá-la a discernir, perceber onde pode servir
mais, etc.)
 2º mês: Dentre outras coisas deve-se acompanhá-lo na vida de oração, na sua
intimidade com Deus. Ajudá-lo nas dúvidas que ainda possa ter. Fechar com a
ovelha um tempo para a oração pessoal e para o EB durante o seu dia. Ver como
anda a leitura do livro.
Fechar o discernimento do seu ministério, mesmo que seja a ovelha quem o
discernirá, não o acompanhador nem o pastor. (Aqui é importante que o
acompanhador sonde da ovelha as motivações, porque aquele ministério, etc.)
Orientá-la a cerca do serviço na Obra e do compromisso no seu ministério.
 3º mês: Acompanhar as realidades humanas da ovelha, a sua vida de conversão
em todos os aspectos. Se for oportuno deve-se entrar em sua vida como um todo,
nos relacionamento com os irmãos de grupo, em casa, amigos, faculdade, trabalho,
etc.

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Ser realizado com todo o grupo de oração.
É importante nunca se esquecer de ajudá-lo em sua vida de Oração.
- Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.
 4º mês: Devem-se incentivar aspectos fundamentais na vida de intimidade com
Deus (eucaristia, confissão, a oração diária do terço...) e como amigo, dar
exemplos desta vivência em sua vida.
É também importante ajudar a ovelhas nas possíveis dificuldades que ainda
existam na sua oração.
- Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.
 5º mês: Dentre outras coisas deve-se acompanhar o serviço no ministério, a
fidelidade ao seu EB e OP e os frutos na sua vida e incentivar a Comunhão de Bens
como meio de gratidão a Deus.
Ajudá-lo na intimidade com a Virgem Maria. Mostrá-la como modelo. Se for preciso
ensiná-lo a rezar o terço, etc.
- Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.
 6º mês: Neste acompanhamento deve-se focar especialmente na decisão pessoal
da ovelha, empolgá-la para a próxima fase, ajudá-la a tomar uma decisão mais
firme no seguimento de Cristo e preparar a ovelha para a próxima fase, dentre
outras coisa que surgiram a partir dos acompanhamentos que aconteceram.
- Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.

DISCERNIMENTO DOS MINISTÉRIOS


Nessa fase o membro do grupo deve discernir o seu ministério na Obra Shalom e viver
os determinados serviços a ele confiados.
 No primeiro mês do grupo o Pastor deve solicitar ao coordenador apostólico o
CURSO DE ENGAJAMENTO. Esse curso deve ser dado em um dia inteiro ou em
um turno (manhã ou tarde) – conforme o tamanho da Obra. (Cf. Manual do Curso
de Engajamento)
 O celeiro de engajamento não deve mais existir, pois a mentalidade é que no
primeiro mês dessa fase todos os membros do grupo se engajem na Obra.
 No caderno de oração da ovelha haverá uma semana especifica para o
discernimento dos ministérios (sétima semana).
 Esse discernimento deve ser feito pela própria ovelha no serviço em que ela
desejar se dar. No entanto, após a sua escolha ela deve expor ao seu
acompanhador que o apresentará ao coordenador do ministério.
 A ovelha deve viver um caminho constante em seu novo ministério, mas sempre
livre e aberta a possíveis mudanças.

• Lazer: O lazer deve ser feito com o objetivo de fazer crescer os laços amor fraterno
e de amizade no grupo. O grupo de oração deveria ter pelo menos um dia de lazer
ao longo dessa fase.

Orientações acerca do lazer


 O lazer precisa ser de um dia, não se deve promover o lazer durante todo um final
de semana.
 Escolher para fazer o lazer um ambiente agradável que promova a convivência
sadia e fraterna.
 Selecionar músicas que não firam a doutrina e a moral. De preferência só se escute
músicas católicas.
 Não levar para o lazer bebida alcoólica.
 Deve-se fazer uma programação para o lazer.

DIMENSÃO DOUTRINÁRIA
Nesta dimensão durante toda a fase faremos um forte incentivo à Palavra de Deus, aos
sacramento da Igreja (principalmente eucaristia e reconciliação) e à Vigem Maria
Sugerimos ao pastor que ao término da fase no retiro do grupo, enfoque-se
fortemente a palavra de Deus, que pode ser até mesmo o tema no retiro.

DIMENSÃO MISSIONÁRIA
Nesta fase a ovelha fará o discernimento do seu ministério, que deve ser incentivado
pelo pastor como um meio também de crescimento e transbordamento do crescimento
espiritual, próprio da fase.
A vivência do serviço deve ir além das estruturas, sendo assim formado pelo pastor a
servir onde houver necessidade.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
ORIENTAÇÕES GERAIS

TEMPO DE ORAÇÃO PARA ESSA FASE


 30 MINUTOS DE ORAÇÃO PESSOAL – Caderno de oração da 2º Fase: “Amizade
com Deus”
o Deve-se recordar que apenas nessa fase a ovelha começa a realizar um
momento de oração pessoal;
 30 MINUTOS DE ESTUDO BÍBLICO – “Felizes o que ouvem a Palavra”
 KIT DA FASE:
o Caderno de Oração – Amizade com Deus
o EB – “Felizes os que ouvem a palavra de Deus”
o Livro: “Louvor Brasa-Vida”
o Bíblia Jerusalém3 (sugestão)
o Livro de Cânticos – “Cantai a Deus com alegria”

ESTRUTURA DO GRUPO DE ORAÇÃO


 Sala, ministro de música, ícone, núcleo.
 O icone desta fase deve ser o Ícone do Discípulo Amado. Sugerimos que em
todas as reuniões do grupo a sala seja preparada com antecedência, um altar com
pano, vela e o ícone.

FORMAÇÃO DO GRUPO
A formação do grupo deve seguir a grade e será complementada na oração pessoal da
ovelha através do “Caderno de Oração – Amizade com Deus”.

Contando com possíveis imprevistos (Semana Santa, Carnaval, Natal, Ano Novo,
convocações, etc.) e com necessidades que o grupo possa vir a ter, dispomos de
“semanas livres”. Essas semanas são opcionais para que o pastor possa dar
“formações extras” que sentir necessidade, ou para compensar possíveis imprevistos.
Não precisando nem de uma coisa e nem de outra essas semanas poderão ser
omitidas4.

Uma novidade do Caminho da Paz nesta fase são os DVD´s para o pastor.
Entendemos que na mentalidade do Caminho da Paz, o principal pregador do grupo
deve ser o pastor (“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me
seguem” Jo, 10,27) o que não impossibilita de forma nenhuma que o pastor convide
outras pessoas para pregarem no seu grupo. Assim, por inspiração de Deus,
disponibilizamos dentro do Caminho da Paz os DVD´s para o pastor.
Esses DVD´s não deverão ser vistos pelas ovelhas, mas o será visto pelo
pastor/pregador e será um subsídio para que ele possa dar a formação do grupo. Eles
ajudarão também o pastor a aprender a pregar segundo o carisma shalom e não se
desviar do fundamental naquela formação.

DURAÇÃO DA FASE
A fase FILOTÉIA tem como duração média 6 meses. Por isto, pedimos ao pastor que
tenha uma grande atenção e sabedoria para não permitir mais de duas semanas sem a

3
Sugerimos a Bíblia Jerusalém, porque é essa tradução que foi usada nos estudos bíblicos, mas se não
houver possibilidade de adquiri-la pode-se usar outra tradução.
4
Pula-se a semana livre e vai para a formação da semana seguinte, mas o caderno de oração segue o seu
ritmo ordinário.
reunião do grupo de oração; se necessário, deve transferir a reunião do grupo de
oração para outro dia da semana para que o grupo aconteça sem muitas quebras.
MANUAL DO PASTOR - FASE FILOTÉIA
GRADE FORMATIVA

RECURSO A SER
TEMA LEITURA ESTUDO BIBLICO
UTILIZADO
Felizes os que ouvem
1. A vida espiritual Pregação
a Palavra.

2. A intimidade com
Livro - Introdução Felizes os que ouvem
Deus através da Pregação
e Capítulo 1 a Palavra.
Palavra

3. Palavra de Deus –
Pregação e Lectio Livro - Capítulo 2 e Felizes os que ouvem
Lugar de encontrar a
Comunitária 3 a Palavra.
Cristo

4. Exercicios da vida de Livro - Capítulo 4 e Felizes os que ouvem


Pregação
oração 5 a Palavra.

5. Ensinamentos
Livro - Capítulo 6 e Felizes os que ouvem
fundamentais sobra a Pregação
7 a Palavra.
vida de oração

6. Dificuldades e
enganos que podem Leitura individual e Livro - Capítulo 8 e Felizes os que ouvem
acontecer na vida de Partilha 9 a Palavra.
oração.

Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas
7. LIVRE que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa
necessidade.

8. Partilha sobre a vida Livro - Capítulo 10 Felizes os que ouvem


Mesa Redonda
de Oração e 11 a Palavra.

Leitura em Grupos e Livro - Capítulo 13 Felizes os que ouvem


9. A vida na graça
Partilha e Anexos a Palavra.

10. A intimidade com


Felizes os que ouvem
Deus através da vida Pregação
a Palavra.
comunitária.

11. Intimidade com Deus Felizes os que ouvem


Pregação
através do Irmão a Palavra.

12. Vida Fraterna Pregação


13. A intimidade com
Deus através do Felizes os que ouvem
Pregação
Sacramento da a Palavra.
Eucaristia.

Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas
14. LIVRE que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa
necessidade.

15. A intimidade com


Deus através do DVD “ Sacramento da Felizes os que ouvem
Sacramento da Reconciliação” a Palavra.
Reconciliação.

16. Intimidade com Deus Felizes os que ouvem


Pregação
e Partilha dos Bens a Palavra.

17. Comunhão de Bens – Felizes os que ouvem


Pregação
Comunhão de Amor a Palavra.

Felizes os que ouvem


18. Vida de Louvor Pregação
a Palavra.

19. Nosso alvo é a Felizes os que ouvem


Pregação
Santidade a Palavra.

20. Obra Nova – Caminho Felizes os que ouvem


Pregação
de escolha pessoal a Palavra.

Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas
21. LIVRE que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa
necessidade.

22. A intimidade com Felizes os que ouvem


Pregação
Deus através de Maria a Palavra.

Felizes os que ouvem


Pregação
23. Maria, mestra do amor a Palavra.

Felizes os que ouvem


24. Metanóia Data Show
a Palavra.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
1ª SEMANA

TEMA
A vida espiritual

OBJETIVO
Introduzir o grupo em uma experiência de amizade/intimidade com Deus.

MATERIAL:
Texto Amizade com Deus - Anexo I
Texto Oração Vocal – Anexo II
Texto Um diálogo de amor – Anexo III
Catecismo nos seguintes parágrafos: 2558 / 2567 / 2598 / 2619 / 2697 / 2719
Biblia

METODOLOGIA
Pregação
Ensinar como utilizar o caderno de oração – Pode-se pegar a introdução desse caderno
de oração, pois ele contém ensinamentos ricos quanto a vivência prática da oração.

ESQUEMA DA PREGAÇÃO:
Sugerimos que a formação seja dada pelo pastor, se não, pode ser dada por alguém
que tenha experiência na vida espiritual e possa passar o conteúdo de forma que as
ovelhas desejem viver o que será falado, mas o pastor deve retomar os ponto 3 e 4
após a pregação.
O pregador deve-se a partir do material em mãos, seguir a linha:
1. O que é oração – levá-los a entender o que é uma vida de oração
2. Como trilhar um caminho de amizade com Deus no seu dia a dia
3. Como rezar com o caderno de oração (Se for o Pastor a dar esta pregação
deve entregar o caderno de oração para cada ovelha e explicar a importância e o
caminho a ser percorrido pelo caderno de oração. Caso não seja o Pastor, o mesmo
deverá passar antecipadamente para o pregador o que é o caderno de oração e
como ele deverá ensinar na pregação o caminho a ser percorrido através dele). É
importante ressaltar que este ponto “como rezar com o caderno de oração” faz
parte da pregação.
4. Como crescer na intimidade concretamente – Orientar tempo de oração: 30
minutos diários a partir do caderno de oração e continuar vivendo os 30 minutos
do estudo bíblico agora com o EB “Felizes os que ouvem a Palavra”.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


É de suma importancia que o Pastor e seu núcleo organizem a sala onde irá acontecer
o grupo de oração, tendo toda atenção e diligencia em proporcionar um ambiente para
favorecer a oração. Arrume o altar da sala com toalha apropriada, ícone da fase e vela,
evitando improvisações. Lembrando que nesta fase o Ícone para ser usado como pano
de fundo será o do Díscipulo Amado.
1. Fraternidade – 10 minutos
2. Oração e Louvor – 35 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Todos deverão ter o kit da 2ª FASE (Caderno de oração- Fase Filotéia - Amizade
com Deus/ Estudo Bíblico – Felizes os que ouvem a Palavra / Livro – Louvor Brasa-
Vida)
6. Orientar que o Estudo Bíblico para esta fase será o “Felizes os que ouvem a
Palavra”
7. Orientar que a partir da próxima semana iremos ler o livro “Louvor Brasa-Vida”
8. Orientar trazer sempre a Bíblia, livro de cânticos e o caderno de oração para o
encontro do grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
2ª SEMANA

TEMA
A intimidade com Deus através da Palavra

OBJETIVO
Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus através da sua Palavra.

MATERIAL
Bíblia
DVD para o pastor - “Intimidade com Deus pela Palavra”

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
Tendo como base o DVD deve-se pregar na seguinte linha:
• A Palavra de Deus no dia a dia de cada pessoa (remeter ao Sïnodo)
• A força e a beleza dos estudos bíblicos
• O exercício da Lectio Divina
• Estatutos da comunidade

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade
formativa).
7. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
8. Pastor lembrar as ovelhas de trazerem a Bíblia, o EB, o caderno de oração/folha
em branco e caneta para o próximo grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
3ª SEMANA

TEMA
Palavra de Deus – Lugar de encontrar Cristo

OBJETIVO
Complementando a formação anterior, levar as ovelhas a perceberem na Palavra o
lugar de encontrar Cristo e de maneira prática, como encontrá-lo todos os dias e
encontrando-o encontrar a Sua santa Vontade.

MATERIAL
Biblia
Caderno de Oração ou Folha em branco
Caneta
EB – Felizes os que ouvem a Palavra de Deus

METODOLOGIA
Pregação
Lectio Comunitária

ESQUEMA DA PEGAÇÃO
• O pregador deve relembrar o tema anterior que é “Intimidade com Deus pela
Palavra”.
• Na pregação deve mostrar que a Palavra de Deus é um lugar para encontrar Cristo
verdadeiramente, nos livrando de possiveis enganos que podemos ter sem o auxilio
dela.
• “Conhecê-la, é conhecer o próprio Cristo e desconhecê-la é ignorá-LO” São
Jerônimo
• Explicação da Lectio (Sugerimos para auxiliar o pregador a introdução do EB –
Felizes os que ouvem a Palavra de Deus)
• Deve-se uma breve explanação buscando tirar todas as dúvidas sobre a Lectio
Divina, percebendo como as ovelhas fazem e ajudando-as a fazê-la da melhor
forma. (É importante lembrar que na fase kerigma, as ovelhas aprenderam a fazer
a lectio divina, por isto ela não será uma novidade, mas com certeza terão dúvidas
a partir da prática cotidiana da mesma. O objetivo maior do pregador é reforçar a
importância da prática da oração com a Palavra de Deus e tirar as dúvidas, para
encontrar a Cristo e sua Vontade, de forma concreta sem enganos.)
• Após isto deve-se fazer a Lectio Comunitária, seguindo os passos, com o 1º dia do
EB “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus”.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


Deve-se fazer uma breve oração incial, após ela, deve-se dar a Formação e a Lectio
Comunitária.
1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor (breve) – 20 a 30 minutos
3. Formação e Lectio Comunitária: 80 minutos
4. Partilha sobre a Lectio Comunitária – 15 minutos
5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade
formativa).
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno
de oração para o grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
4ª SEMANA

TEMA
Exercícios da vida de oração

MATERIAL
Texto Oração escola da verdade – Anexo IV
Livro da Vida – Santa Teresa de Jesus (Edições Paulus)

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
Sugerimos como base para a pregação o livro chamado “A chave de leitura Oficina da
Vida” (Meyr Andrade) – Em anexo
• É importante deixar claro nesse momento que se inicia um caminho de amizade,
entre Jesus que nos conhece por inteiro e nós que nem nos conhecemos em
profundidade e nem conhecemos a Jesus como ele é. Estamos nos relacionando
com Alguém, que é vivo e que por isso nos escuta.
• O ambiente que escolhemos para esse momento de oração é muito importante,
deve-se orientar que seja reservado e silencioso, porém sabemos que como para
muitos isso não será possível, de qualquer forma que eles tentem dar o melhor
para Deus.
• O clamor do Espírito é fundamental, porque sem ele nada podemos fazer. É bom
lembrar que isso pode ser feito de diversas formas, cantando, fazendo uma oração
espontânea, mas o mais importante será o clamor do Espírito.
• A pessoa que ora deve tomar consciência da presença de Deus e se voltar para ele
com um olhar de amor usando assim as suas faculdades, memória, imaginação,
afetividade, inteligência e principalmente a vontade. Sem a nossa vontade
fortalecida pelo desejo de rezar podemos ter muita dificuldade na oração.
• Ensine que para orar é preciso falar com Deus, ele é um amigo que escuta tudo
que temos para falar, a nossa oração é espontânea e carregada de fé, mas como
em um dialogo se fala e se escuta. Na oração o mais importante é saber o que o
Senhor tem a nos dizer sobre o que nós apresentamos a Ele. A escuta não é feita
com o ouvido, mas com o coração, é no nosso interior que escutamos a sua voz.
• O uso dos dons do Espírito se faz necessário, explique que o uso deve ser
abundante, que mesmo pessoalmente escutamos profecias e temos sabedoria e
ciência e que nos abrimos as curas e milagres que Deus deseja realizar em nós.
• Pode parecer que estamos dando passos mecânicos, por isso não esqueça sempre
de enfatizar que é uma conversa com Deus, com um amigo, com seu amigo.
• É importante lembrá-los que estamos iniciando um caminho, e que por isso requer
um esforço da nossa parte. São os primeiros degraus da vida espiritual. Dê
exemplos desse primeiro passo. Santa Teresa nos diz que o nosso interior é um
belo jardim que no primeiro momento regamos as flores tirando água de um poço
com baldes.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 10 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação : 45 minutos
5. Orientar que a partir desta semana deverão ler o livro “Louvor Brasa-Vida” (ver na
grade formativa os capítulos indicados para esta primeira semana).
6. Pedir feedback do caderno de oração
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
5ª SEMANA

TEMA
Ensinamentos fundamentais sobre a vida de oração

OBJETIVO
Favorecer uma base para uma saudável vida de oração.

MATERIAL
DVD para o pastor - “O essencial na vida de Oração” (Gleidson Bezerra)

METODOLOGIA
Pregação

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade
formativa).
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
6ª SEMANA

TEMA
Dificuldades e enganos que podem acontecer na vida de oração

OBJETIVO
Iluminar a caminhada diante dos possíveis enganos sobre a vida de oração e incentivá-
los a rezar melhor.

MATERIAL
Texto “As distrações da oração” – Anexo V

METODOLOGIA
Leitura individual do texto (cada ovelha com um texto)
Partilha livre sobre a leitura com uma palavra do Pastor do grupo sobre alguns pontos
fundamentais;

ESQUEMA DA FORMAÇÃO
• O Pastor deve dizer qual o objetivo da formação.
• Distribuir o texto para cada ovelha e pedir para que cada uma leia silenciosamente
e em oração. 5 minutos para leitura individual
• Após acabar o tempo orientado abrir para partilha livre. 40 minutos para partilha e
colocação do pastor.
• Pontos que não podem deixar de ser dados pelo Pastor na partilha final:
- Evitar atender celular ou ler/passar mensagens quando estiver rezando.
- Evitar rezar com o computador ligado na internet.
- Dizer que a oração não é o lugar onde Deus vai solucionar todos os nossos
problemas.
- Partilhar que as pessoas que rezam não significa que nunca mais vão pecar – um
engano que pode fazer a pessoa desistir quando não encontrar uma mudança
imediata em si ou nos outros.
- Partilhar que às vezes faz parte da oração a ARIDEZ, ou seja, a dificuldade de
rezar, o não ter vontade de rezar. Buscar se esforçar para superar esta vontade.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação : 45 minutos
5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade
formativa).
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
7ª SEMANA

LIVRE – segue apenas as orientações da estrutura do grupo de oração (ícone da fase e


tempo de fraternidade, etc.)

MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA


8ª SEMANA

TEMA
Partilha sobre a vida de oração

OBJETIVO
Tirar possiveis dúvidas sobre a vida de oração.

MATERIAL
Mesa com 4 cadeiras ou somente cadeiras
Papel
Caneta

METODOLOGIA
Mesa redonda

ESQUEMA DA MESA REDONDA:


• Organizar o ambiente com uma mesa com quatro cadeiras ou estilo um ambiente
de sala de estar.
• Convidar pessoas da comunidade de vida, de aliança e da obra que já tenham um
certo tempo na obra e uma vida séria de oração.
• O pastor faz a abertura da mesa redonda, diz qual o objetivo da mesma, como será
o procedimento e apresenta as pessoas convidadas. Logo após, abre para
perguntas e dúvidas.
• As perguntas/dúvidas deverão ser feitas por escrito, por isto cada ovelha deverá ter
em mãos papel e caneta. (sugiro dar um tempo inicial para que as pessoas possam
anotar suas perguntas mesmo que depois elas fiquem livres para continuar
mandando mais ou perguntar em alta voz)
• Escolha-se uma pessoa do núcleo do grupo para ficar recolhendo os papéis e
passando para os membros da mesa.
• Pastor estar atento ao horário do grupo para não estrapolar.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação : 45 minutos
5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade
formativa).
6. Pastor pedir feed back do Caderno de Oração e Estudo Bíblico.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
9ª SEMANA

TEMA:
A vida na graça

OBJETIVO:
Animar e favorecer que todas as ovelhas tenham uma vida dependente da graça de
Deus.

MATERIAL:
Texto “Tempo de graça” – Anexo VI

METODOLOGIA:
Leitura de texto em grupo
Partilha de cada grupo

ESQUEMA DA FORMAÇÃO
• O pastor deve apresentar o tema da formação e dizer qual o objetivo
• Divide o grupo em grupos menores e orienta que se escolha um representante
para cada grupo. Orienta a leitura do texto e pede que se destaque os pontos mais
importantes. O grupo terá 15 minutos para leitura.
• Após a leitura em grupo o representante de cada grupo terá um tempo para
partilhar os pontos destacados pelo seu grupo. O tempo total para a partilha deve
ser 40 minutos.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação (leitura e partilha) : 50 minutos
5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade
formativa).
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
Obs.: Pastor ter atenção para não extrapolar o tempo da oração para não
comprometer o tempo da formação.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
10ª SEMANA

TEMA
A intimidade com Deus através da vida comunitária

OBJETIVO
Levar cada membro do grupo de oração à intimidade com Deus por meio da vida
comunitária e fazê-los crescer na oração comunitária e na abertura aos dons no grupo
de oração.

MATERIAL
DVD para o pastor - “Intimidade com Deus na oração comunitária” (Pe. Dênis)

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Estatutos da comunidade
• Vida carismática de louvor
• A importância do grupo de oração, dos dons, etc.
• Deus vivo e ressuscitado que está ne meio de nós

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
11ª SEMANA

TEMA
Intimidade com Deus através do Irmão

OBJETIVO
Fazer os membros do grupo de oração perceberem que o caminho de santidade é
pessoal, mas nunca sozinho. Mostrar o irmão como algo necessário e que faz parte do
crescimento na Intimidade com Deus e um meio eficaz de amá-Lo.

MATERIAL
Texto “Amar o não amável” – ANEXO VII
Biblia

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
Com base no texto em anexo, o pregador deve dar a formação enfocando que é da
Vontade de Deus que vivamos como família. Por isto o amor ao irmão (primeiramente
do meu grupo de oração) é fundamental para o crescimento na intimidade com Deus.
• Por que a intimidade com Deus tem que passar pelo irmão?
• O amor ao próximo como reflexo do amor trinitário
• O amor ao próximo como forma de amar a Deus
• 1Jo 4,20s
• Amar o próximo (Mostrar a importância de amar aqueles que tenho afinidade, até
de cutivar amizades)
• Amar o não amável, prova concreta de amor a Deus (estimulá-la a amar livremente
aqueles que são mais dificeis. Esse é o ápice do amor à Deus)

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno
de oração para o grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
12ª SEMANA

TEMA
Vida Fraterna

OBJETIVO
Levar cada membro do grupo de oração a perceber que eles podem ajudar uns aos
outros no seguimento de Cristo. Mostrá-los s a mentalidade no mundo do
Individualismo.

MATERIAL
Texto “VOCÊ PODE VIVER SOZINHO?” – Anexo VIII

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PALESTRA
• Gn 2,18
• O homem tem necessidade de relacionar-se
• Nos relacionando com os homens aprendemos a nos relacionar com Deus
• A competitividade / Individualismo
• A atenção ao próximo
• Conclui-se com a importância da partilha uns com os outros. De apoiar o outro no
seu caminho para Deus e de contar com o irmão.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


Sugerimos que o pastor marque com as ovelhas o Lazer do Grupo, se ele ainda não foi
marcado.
1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno
de oração para o grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
13ª SEMANA

TEMA
A intimidade com Deus através do sacramento da Eucaristia (missa e adoração)

OBJETIVO
Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus por meio da Eucaristia diária e
adoração semanal.

MATERIAL
Texto “Vida Eucarística” - Anexo IX

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Introduzir em uma vida de eucaristia celebrada, adorada e imitada (vida partida e
entregue para alimento do outro)
• - Talvez um testemunho pessoal fosse enriquecedor (a cargo do pregador)
• Um caminho por mais de uma missa por semana
• Um caminho de uma vez por semana (no mínimo) adoração no Shalom
• Uma certa explicação do mistério celebrado (missa)

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno
de oração para o grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
14ª SEMANA

LIVRE – segue apenas as orientações da estrutura do grupo de oração (ícone da fase e


tempo de fraternidade, etc.)

MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA


15ª SEMANA

TEMA
A intimidade com Deus através do Sacramento da Reconciliação

OBJETIVO
Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus por meio do sacramento da
reconciliação.

MATERIAL
DVD “Sacramento da penitência” (Pe. Antônio Furtado) – EXIBIÇÃO NO GRUPO

METODOLOGIA
• Apresentação do tema e objetivo da formação
• Exibição do DVD “Sacramento da penitência” (Pe. Antônio Furtado)
• Abrir para partilha sobre o DVD

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. É importante que o pastor veja o conteúdo do DVD antes do encontro do grupo,
para não só exibir o DVD mas para bem aplicá-lo, parando quando for necessário e
fazendo um fechamento daquilo que se foi abordado.
2. É importante também que o pastor organize a sala, TV (no minimo 29 polegadas) e
aparelho de DVD antes do horário do grupo.
3. Fraternidade – 5 minutos
4. Oração e Louvor – 40 minutos
5. Partilha sobre a oração – 10 minutos
6. Formação(DVD): 50 minutos
7. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
16ª SEMANA

TEMA
Intimidade com Deus e Partilha dos Bens

OBJETIVO
Levar as ovelhas a perceberem na partilha de bens, o crescimento nas vitrtudes.

MATERIAL
Texto “Administração de Bens” – Anexo X

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• O que são os bens (espirituais e materiais)
• Egoísmo / Temperança
• Partilha dos Bens – Segundo os Atos dos Apostólos

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
17ª SEMANA

TEMA
Comunhão de Bens – Comunhão de Amor

OBJETIVO
Levar as ovelhas a perceberem que a Comunhão de Bens é mais que uma partilha de
bens materiais, mas também espirituais e expressa autentica conversão.

MATERIAL
DVD para o pastor - “Comunhão de Bens”
Texto “Comunhão de Amor” - Anexo XI

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• O que é a Comunhão de Bens
• A comunhão de bens não é uma mentalidade financeira nem econômica.
• Comunhão de Bens aos moldes da Trindade
• A comunhão de amor afetiva e efetiva
• Se existe comunhão espiritual, existe também comunhão material
• Comunhão de Bens na Palavra de Deus
• Começar a implantar a mentalidade da devolução dos 10% para a obra – explicar o
envelope
• Se possível, um testemunho de um irmão da obra ou da CAl que faça a devolução
com fidelidade

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno
de oração para o grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
18ª SEMANA

TEMA
Vida de louvor

OBJETIVO
Levar o grupo a desenvolver a virtude do louvor em qualquer situação

MATERIAL
Catecismo da Igreja Católica
Livro - “Louvor Brasa-Vida”
Texto “A promoção do Louvor” - Anexo XII

METODOLOGIA
Pregação
Abrir à partilha em cima do que todos leram no Livro “Louvor Brasa-Vida”

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• O louvor como característica constitutiva do Carisma (e, portanto, da
espiritualidade) Shalom (recomendaria que o pastor e/ou pregador tenham lido o
Livro “Louvor Brasa Vida”, pelo menos nos capítulos mais importantes para a
pregação.
• Catecismo 2639-2643
• O louvor no dia a dia como ferramenta de alegria e de vida nova que faz tudo novo

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Breve partilha em cima do que foi dado na Formação e do Livro “Louvor Brasa-
Vida” que foi lido por todos. – 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
19ª SEMANA

TEMA
Nosso alvo é a santidade

OBJETIVO
Levar ao final da fase as ovelhas desejarem como meta a santidade e mostrá-la como
algo possível.

MATERIAL
Texto “O que é e o que não é santidade” – Anexo XIII

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
Deve-se deixar clara nesta pregação que a santidade é possivel de ser vivida hoje e
tirar toda falsa idéia de uma santidade sentimental.
• O que é e o que não é santidade
• A santidade é individual
• O que fazem os santos
• O que nós devemos fazer

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno
de oração para o grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
20ª SEMANA

TEMA
Obra Nova - caminho de escolha pessoal

OBJETIVO
Iniciar as ovelhar na mentalidade e no valor do deixar-se formar, educar, orientar
como um sinal próprio dos que fazem uma autêntica experiência com Jesus e confiam
mais nEle e nos seus intrumentos do que em si mesmo.
Essa é uma oportunidade única de dar ênfase a esse aspecto da Obra Nova, iniciando
as ovelhas nessa mentalidade uma vez que esta fase (FILOTÉIA) sugere um caminho
amizade com Deus, de conhecê-lo mais e de deixar-se formar.

MATERIAL
DVD para o pastor - “Obra Nova – Caminho de Escolha Pessoal”
Escritos da Comunidade Católica Shalom
Livro “Obra Nova – Caminho de e para Felicidade”
Bíblia

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Is 43, 19-21 (falar da importância dessa passagem na nossa história, carisma e
espiritualidade)
• Falar do escrito Obra Nova, da dimensão do Shalom como Nova Comunidade, a
ousadia, a fé do fundador e de cada pessoa que deseja trilhar esse Caminho
• Escrito Obra Nova como uma obra de Deus a nível de conversão pessoal e
santificação na vida de cada pessoa (“coragem, renúncia, disposição”, “eu desejo,
eu quero, eu vou”, “sim Pai”, galhos secos, poda, vida transformada, etc.)
• Deixar claro que a escolha é pessoal – “eu quero viver”
• Finalizar deixando claro a alegria de pertencer a Deus (nossa eleição)

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
14ª SEMANA

LIVRE – Segue apenas as orientações normais da estrutura do grupo de oração (ícone


da fase e tempo de fraternidade, etc.)

MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA


22ª SEMANA

TEMA
A intimidade com Deus através de Maria

OBJETIVO
Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus através de Maria.

MATERIAL
Texto “Três nomes de Mãe” – Anexo XIV
Texto “Maria na Epiritualidade Shalom” – Anexo XV
Terços para distribuir para o grupo – seria rico se o pastor com o seu núcleo fizesse
esse esforço e/ou essa caridade
Mini-folder ou folha com a explicação dos mistérios do terço e como rezá-lo

METODOLOGIA
Pregação
Distribuir terço para cada membro com as explicações de cada mistério do rosário.

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Explicar porque Nossa Senhora é um caminho seguro para Jesus.
• O que consiste em uma verdadeira vida Mariana.
• Porque rezamos o terço.
• A meditação do terço nos favorece contemplar a Historia da salvação.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno
de oração para o grupo.
8. Orientar a recitação do terço diário.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
23ª SEMANA

TEMA
Maria, mestra do amor

OBJETIVO
Apresentar Maria como modelo de seguimento de Cristo e como mestra que nos ensina
a amar a Deus.

MATERIAL
Texto “Maria, mestra do amor” – Anexo XVI

METODOLOGIA
Pregação

ESQUEMA DA PREGAÇÃO
• Maria, mestra do amor
• Amor a Deus
• Amor filial
• Amor esponsal
• Amor fraterno
• Amor fiel
• Amor transcendente

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos
6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.
7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno
de oração para o grupo.
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
24ª SEMANA

TEMA
Metanóia

OBJETIVO
Fazer as ovelhas conhcerem a próxima fase, optando de forma livre por continuar ou
não a tilhar o Caminho.

MATERIAL
DVD / DataShow

METODOLOGIA
Onde não hover a possibilidade da utilização do Datashow damos a opção do DVD com
os slides da formação que deverá ser apresentado junto com uma explicação do
conteúdo mostrado.
• Explicar o objetivo da formação
• Apresentação ou Exibição do DVD
• Abrir para perguntas (pode ser durante a apresentação também)

ESQUEMA DA APRESENTAÇÃO
Antes da apresentação, relembrar a mentalidade do Caminho da Paz, como um
intinerário espiritual. Empolgá-los diante do crescimento espiritual e a da nova fase
que irão começar
• Explicação da Fase metanóia enfocando a escolha pessoal de continuar o caminho.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA


Deve-se ver antes os slides e buscar tirar todas as duvidas com o Coord. do Pastoreio
ou Coord. Apostólico da missão.
1. Fraternidade – 5 minutos
2. Oração e Louvor – 40 minutos
3. Partilha sobre a oração – 10 minutos
4. Formação: 45 minutos
5. Falar do KIT da fase METANÓIA estimulá-los a se programarem para comprar.
6. Dar as explicações para o Retiro do Grupo
MANUAL DO PASTOR - FASE FILOTÉIA
RELAÇÃO DE DVD´S

PARA AS OVELHAS
DVD REFERÊNCIA
DVD – “Sacramento da Reconciliação”
(Pe. Antônio)

DVD´S PARA O PASTOR


DVD REFERÊNCIA
DVD – Ensinos fundamentais sobre a
vida de oração
DVD – A intimidade com Deus através
da Palavra
DVD – A intimidade com Deus através
da vida Comunitária
DVD – Comunhão de Bens
DVD – Obra nova – Caminho de escolha
pessoal
Apresentação em Slides – Metanóia

DVD´s disponíveis no site das Edições Shalom (www.edicoesshalom.com.br). Veja com


o seu coordenador do pastoreio.
A apresentação do Slide em PowerPoint (*.pps) estará disponível no conexão na área
restrita aos coord. apostólicos, peça ao seu Coord. Apostólico ou Coord. do Pastoreio.
ANEXOS
ANEXO I
Texto destinado ao pastor/pregador

AMIZADE COM DEUS

Buscar-me-eis e me encontrareis: procurar-me-eis do fundo do coração,


e eu me deixarei encontrar por vós.”( Jer 29,13s )
Santa Teresa nos diz que “a oração é um trato de amizade com Deus”. Nossa
motivação para a oração deve ser sempre o amor a Deus. É o amor a Deus que nos
impulsiona aos desafios de tão grande bem. Orar é portanto um diálogo de amor. A
oração é um Dom de Deus e não um esforço nosso e , podemos afirmar até mesmo
que o primeiro passo é sempre Dele. É o Senhor que toma a iniciativa de se relacionar
conosco. Por isso, a oração não só é um sadio desejo do nosso coração mas, mais do
que isto, é um DESEJO DE DEUS.
Cada um de nós temos um coração de oração que precisa ser trabalhado,
desenvolvido para crescer no Dom da oração. Este trabalho consiste num acolhimento
da graça de Deus. O coração de oração não é algo que vamos comprar com os nossos
esforços, mas que vamos acolher com a nossa liberdade. Este coração orante vai se
realizando na nossa história. É um exercício, contínuo e assíduo. É um trato de
fidelidade e sinceridade com Deus.
Na oração Deus é que inicia o diálogo. Nosso primeiro passo é pedir o Espírito
Santo e abrir o coração para que agindo em nós Ele nos ensine a falar com Deus.
Quando clamamos de coração sincero, o Espírito Santo começa a arrumar as coisas,
pois nossa alma na maioria das vezes, se encontra bagunçada, e sem a ajuda do
Espírito que vem para ordenar e silenciar o nosso ser é impossível agradar a Deus.
Quando o Espírito Santo começa a agir eu esqueço de mim e das coisas a minha volta
e me volto para Deus. Quando eu me disponho a ter uma vida de oração, Deus não vai
permitir que eu continue a mesma pessoa, pois a cada encontro com o Senhor o
Espírito vai com a sua luz me revelando QUEM É DEUS E QUEM SOU EU.
Este conhecimento de nós mesmos é essencial para percebermos que não
somos perfeitos e que não precisamos ser perfeitos para nos relacionarmos com Deus.
Na oração não temos que nos preocupar em não se distrair, em não ter pensamentos
vãos, em multiplicar as palavras, em ser isso ou aquilo para Deus mas em AMARMOS
MUITO, isto é o essencial.
Se vamos para junto de Deus usando uma máscara de bonzinhos e não vou
com os meus pecados e a maldade que há no meu coração, eu já levo a casa
arrumada, então eu já não preciso do Espírito para arrumar tudo e nem mesmo posso
agradar a Deus na mentira, pois um relacionamento de amizade requer acima de tudo
sinceridade e confiança para conhecer o outro e deixar-se conhecer.
Devemos ser como o publicano que batia no peito diante de Deus e rezava:
“Tem piedade de mim que sou pecador” e não como fariseu que se justificava com as
suas obras e negava a sua verdade. A humildade é uma virtude essencial. Ela nos leva
a permitir que o Senhor dê o primeiro passo e inicie este diálogo de amor conforme Ele
deseja.
No início de uma amizade são necessários alguns passos:
- O primeiro deles é a escolha mútua: Ser escolhido sem que eu tenha escolhido esta
pessoa, ou escolher e não ser aceito na escolha pelo outro não levam adiante uma
amizade. Quando escolho e sou escolhido, a amizade acontece na alegria e na tristeza.
Deus é o amigo que estará sempre escolhendo e acolhendo. Dele vem a possibilidade
de acolhê-Lo.
- O segundo passo é a abertura: a amizade é uma doação de igual para igual. Não
posso pensar que não tenho nada para dar a Deus e me colocar somente como aquele
que acolhe. Deus não é o amigo máximo, nem o amigo protetor mas, o amigo que eu
amo, o qual, sou chamado a acolher.
- O terceiro passo é a honestidade: para Santa Teresa a verdade é fundamental na
oração.
- O quarto é a fidelidade: sabemos que da parte de Deus isto nunca faltará e, será até
mesmo Sua fidelidade para conosco que nos ensinará a sermos fiéis a Ele. Com certeza
se marcamos com o Senhor às quatro horas para rezar, às três horas, Ele já estará
ansioso esperando por nós. Então sentiremos impulsionado o nosso coração para não
permitir que o nosso amigo fique a nos esperar.
Quando nos elegeu o Senhor nos fez um convite para sermos seus amigos. A
nós cabe responder com compromisso e interesse a divina proposta. Esta sem dúvida é
uma resposta de amor e alguém que ama e se sabe amado por Aquele que com tanto
zelo nos escolheu e nos amou primeiro.
ANEXO II
Texto destinado ao pastor/pregador

ORAÇÃO VOCAL
(Frei Patrício Sciadini, OCD
Se maravilhosa é a criatividade do ser humano em descobrir as mais belas
formas de comunicação: escrita, rádio, TV, imagens, sinais, ainda mais impressionante
é a ação criadora de Deus em ter-nos dotado da capacidade de falar. Nada de mais
bonito que contemplar duas pessoas que sabem traduzir o que sentem, o que está
escondido no coração, através de palavras ou, como é o caso dos nossos irmãos
surdos, de sinais.
A fala é uma propriedade exclusiva do ser humano. Somente os homens e as
mulheres escrevem e deixam atrás de si sinais do próprio pensamento. O próprio
Jesus, no Evangelho, recorre a tantas imagens que traduzem em palavras o que se
passava no seu coração em relação a nós e ao Pai. Sem palavras não teríamos o Pai-
nosso, o Evangelho nem a Bíblia.
A oração vocal
Nunca é demais dizer que a oração é o nosso diálogo amoroso com Deus. É um
estar diante dele manifestando-lhe os nossos sentimentos, que podemos expressar
com o silêncio ou com as palavras. Quando revelamos a Deus ou aos santos o que se
passa dentro de nós através de palavras, esta se chama oração vocal.
O povo simples ou as crianças – e se “não nos tornarmos como crianças não
entraremos no reino dos céus” – gostam muito de falar. Por isso a oração vocal faz
parte do primeiro passo dos orantes. Falar é uma necessidade que está dentro de nós.
É verdade que um dia Jesus nos convidou a ser de poucas palavras nas nossas
orações, a ir diretamente ao essencial sem nos perder em tantas aparências, mas
sobre isso falaremos em outro momento. Aqui, queremos nos deter na oração vocal, a
oração com o uso da voz, que aprendemos nos primeiros momentos de nossa fé.
Pronunciar as palavras que queremos dirigir a Deus nos ajuda a perceber mais viva a
presença divina e a ter a certeza de que as palavras pronunciadas são escutadas por
alguém.
Deus fala ao ser humano de muitas maneiras: por inspirações silenciosas
dentro do coração, por sonhos ou visões, mas normalmente Ele fala através da palavra
que nos é dirigida pelos seus profetas. E, na plenitude dos tempos, nos fala pela sua
palavra que se faz carne: Jesus.
“É por palavras mentais e vocais que a nossa oração cresce” (Cat, 2700). Como
seriam as palavras mentais? O que pronunciamos, antes de ser pronunciado é pensado
por nós e conhecido por Deus. O salmista nos diz: “A palavra não chegou à minha
garganta e vós, Senhor, a conheceis toda”. É sempre muito importante, antes de falar,
pensar, e muito. Não podemos dizer tudo o que se passa dentro de nós. É erro crer
que por amor à verdade se deve dizer tudo. A virtude da prudência nos faz saber
silenciar o que pode ser ofensivo, mal entendido ou agressivo, mesmo que seja
verdade. É bom, portanto, mesmo na nossa oração, escolher palavras que possam ser
agradáveis ao Senhor. Teresa, mestra da oração, diz que devemos pensar sempre a
quem nos dirigimos e o que dizemos. Essas palavras mentais ou orais formam a nossa
oração.
Rezar com atenção e amor
As palavras pronunciadas “distraidamente, sem amor, sem atenção, jogadas de
qualquer maneira”, dirigindo uma palavra a Deus e dez aos que estão perto de nós,
olhando à direita e à esquerda, observando quem entra ou sai da igreja, ou a roupa
que os outros vestem, diante de Deus não valem nada. Por isso Jesus nos recorda que
não devemos ser “grupos de oração dos faladores”, pois “não são os que dizem
Senhor, Senhor, que entrarão no reino do céu, mas os que fazem a vontade do meu
Pai que está no céus”.
Portanto, nas nossas orações “vocais”, que cada palavra seja verdadeiramente
a força do amor que está em nosso coração, quer seja louvor, súplica, grito,
intercessão...Tudo deve nascer no coração. “A nossa oração é ouvida não pela
quantidade de palavras, mas pelo fervor da nossa alma”, dizia São João Crisóstomo.
Não raramente rezamos muito, mas rezamos mal, exatamente porque não estamos
“atentos ao que estamos fazendo e como o fazemos”.
Jesus rezou vocalmente
Os apóstolos, certamente, não tinham o dom do conhecimento dos
pensamentos, portanto, não poderiam nos transmitir as orações de Jesus se Ele
mesmo não as tivesse pronunciado em voz alta. Como é o caso do Pai-nosso ou da
belíssima oração que sempre me enche de alegria e de medo; de alegria porque me
diz que, na medida em que for pobre, simples, serei discípulo do Reino, e de medo
porque o orgulho não tem cidadania no Evangelho: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu
e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos
pequeninos” (Mt 11,25).
A oração vocal é indispensável na vida cristã. Não se pode ser somente
“contemplativos mudos”, sem participar da oração das comunidades. Não somos
espectadores, mas protagonistas das celebrações litúrgicas... Por isso é
importantíssimo responder durante as celebrações, cantar, participar, viver os vários
momentos da liturgia. Como é maravilhoso fazer parte viva da comunidade orante, ser
voz que se une às outras vozes, cantar unido aos outros que cantam e, mesmo quando
silenciamos, que o nosso silêncio seja “palavra viva de amor”!
“Aos discípulos, atraídos pela oração silenciosa do Mestre, este ensina uma
oração vocal: o “Pai-nosso”. Jesus não só rezou as orações litúrgicas da sinagoga; os
Evangelhos o mostram elevando a voz para exprimir sua oração pessoal, da bênção
exultante do Pai até a angústia do Getsêmani” (Cat, 2701).
É bom usar livros de “orações dos outros”?
Considero os livros de orações – tanto a Bíblia, quanto os livros escritos pelos
santos ou pelos simples mortais, como cada um de nós – muito importantes. Aliás, é
sempre bom colocar no papel o que se passa no coração e depois, de vez em quando,
voltar a ler para reviver com saudade os momentos de oração ou sofrimento, em que
Cristo caminhou conosco.
As orações dos outros são como “pronto-socorro” a que recorremos nos
momentos difíceis ou de “aridez” em que não saberíamos dizer nada porque as
palavras não vêm.
Todos nós, quando queremos fazer uma novena, ou uma celebração, recorremos a
livros já preparados para esta finalidade. Eu mesmo escrevi muitos livros de oração e
que têm ajudado a mim e a outras pessoas também. Santa Teresa “recheou” de
orações os seus livros. São João da Cruz, mais austero, quase reservado e ciumento
dos seus sentimentos, também se revela com a bonita “Oração da alma enamorada”:
“Senhor Deus, Amado meu! Se ainda te recordas dos meus pecados, para não fazeres
o que ando pedindo, faze neles, Deus meu, a tua vontade, pois é o que eu mais quero:
exerce neles a tua bondade e misericórdia, e serás neles conhecido... Não me tirarás,
Deus meu, o que uma vez me deste em teu único Filho Jesus Cristo, em quem me
deste tudo quanto quero; por isso folgarei, pois não tardarás, se eu confiar. Por que
tardas em esperar, ó minha alma, se desde já podes amar a Deus em teu coração? O
céu é meu e minha a terra, meus são os homens, os justos são meus e meus os
pecadores. Os anjos são meus, e a Mãe de Deus e todas as coisas são minhas. O
próprio Deus é meu e para mim, porque Cristo é meu e todo para mim. Que pedes,
pois, e buscas, ó minha alma? Tudo isto é teu e tudo para ti. Não te rebaixes nem
atentes nas migalhas caídas da mesa de teu Pai.”
“Sendo exterior e tão plenamente humana, a oração vocal é por excelência a
oração das multidões. Mas também a oração mais interior não pode menosprezar a
oração vocal. A oração se torna interior na medida em que tomamos consciência
daquele “com quem falamos”. Então a oração vocal é uma primeira forma da oração
contemplativa” (Cat, 2704).

Alguns conselhos para rezar melhor


- Preparar o coração para a oração, reavivar a nossa fé;
- Rezar devagar, pronunciando todas as palavras, entendendo o que dizemos e a quem
nos dirigimos: a Deus;
- Assumir as orações, mesmo compostas por outros, como se fossem nossas.
- Examinar se o que pedimos ao Senhor ou pela intercessão do santos é
verdadeiramente necessário;
- Fazer esforço para não nos distrair com coisas inúteis durante as orações;
Depois de ter rezado passar alguns minutos em “silêncio”, agradecendo ao Senhor com
as nossas palavras.

FONTE
Frei Patrício Sciadini, OCD - Todos podemos rezar
ANEXO III
Texto destinado ao pastor/pregador

UM DIÁLOGO DE AMOR
Nicolas Buttet

Combate, alegria, diálogo, encontro... A oração é um pouco de tudo isso. Neste


artigo nos deixaremos ensinar por Nicolas Buttet, eremita e fundador da Comunidade
Eucharistein.

A oração é essencialmente um diálogo


Por ser um diálogo a oração não é uma meditação na qual eu reflito sobre
algumas coisas, na qual tento esvaziar-me de mim mesmo ou discernir as paixões e
estados da minha alma. Antes de tudo a oração é um diálogo com Alguém, um Outro
que está em mim, Alguém que me olhe, me fala, me escuta. Ela é um face a face com
o Deus que me criou, que me ama e me salva. O nosso mundo corre o risco de andar
a deriva em relação a oração: o risco de confundi-la com práticas meditativas.
O homem que é feito para Deus, quando é ferido por sua experiência de vida
centraliza-se naturalmente em si mesmo, fecha-se. A oração corre então o risco de
transformar-se em um diálogo consigo mesmo, entre duas partes de si: aquela que
tem sede de algo mais, de libertar-se de suas preocupações e andar nos caminhos de
Deus, e aquela que vive debaixo da influência das paixões desordenadas. Este tipo de
diálogo não é ainda o contato com Deus, o qual exige uma saída de si mesmo.

A oração é um olhar
A verdadeira oração não fica somente no nível emocional. Apesar da oração
implicar o corpo inteiro, a afetividade e as emoções que existem em mim, a oração
fica, no entanto, essencialmente no nível da alma espiritual, ou seja, da inteligência e
da vontade nas quais se encontram a fé, a esperança e a caridade.
A fé nos permite conhecer a Deus na verdade. A esperança e a caridade
aperfeiçoam a nossa vontade e a torna capaz de nos unir a Deus. Por isso, quando
decido rezar, preciso ficar debaixo do olhar de Deus, tal como Ele se revela a mim na
fé da Igreja e não tal como O imagino ou O sinto. Esta dimensão de fé é fundamental
na oração. Só podemos tocar Deus através dos dons da fé, da esperança e da
caridade, que são chamadas de virtudes teologais. O ato da fé é o coração da oração.
Ele permite colocar em ordem as minhas emoções: posso ter a impressão de que o
Senhor está ausente, posso sentir-me tal como um galho seco esquecido num lugar
perdido, pouco importa. A fé me faz acreditar que Deus está presente, que Ele me olha
e me ama. « Tu és precioso aos meus olhos, és honrado e eu te amo » me diz a
Palavara de Deus. O escudo da fé e a espada da Palavra serão minha defesa contra
todas as ataques do demônio na minha imaginação e memória.

A oração é uma resposta de amor ao Deus que me espera


Este Deus que me ama e sob o olhar do qual eu fico, eu quero amá-lO. Entro
num diálogo de amor com Ele. Eu quero amar este Outro que está em mim e que ao
mesmo tempo é mais íntimo de mim do que eu sou de mim mesmo. Por isso eu me
decido a amá-lo. Por mais fraco que seja, não importa. Quando uma mãe se debruça
sobre o seu filho e ele sorri balbuciando, isto basta para fazê-la feliz. Ela ficará a
espera de uma outra resposta de amor quando ele tiver 5, 10 ou 20 anos. Deus
também não espera de nós uma resposta perfeita, mas proporcional ao que eu
possamos dar hoje. Aquela resposta de amor jorra da nossa vontade livre, não dos
nossos sentimentos. Na oração, eu posso sentir uma grande paz, ou, ao contrário, ficar
inquieto, disperso. Novamente, eu vou ter a certeza de que, apesar de minhas
emoções, do que posso estar sentindo, Deus age no meu coração se eu digo « Sim » a
Ele.
Deus não fixa um encontro de amor sem operar uma transformação em nossa
alma. Assim acontece a obra da sua graça. A oração é então este momento abençoado
no qual Deus me transforma com a sua graça sobrenatural, libertando-me de mim
mesmo e levando-me no seu coração. A oração é assim a linguagem da esperança.

Alguns conselhos
O início da oração é fundamental. É preciso tomar uma decisão livre: a decisão
de voltar-se resolutamente para Deus e assim sair de si mesmo. Isto pode acontecer
através do louvor e da ação de graças. Esta maneira de se colocar na presença de
Deus é um ato de fé e constitue o « método » mais simples e imprecindível para
comecar a rezar. Posso também colocar-me na presença de Deus através de um gesto
ou atitude: beijar um crucifixo, venerar um ícone, ajoelhar-me. Todos os meus gestos
devem demonstrar este ato de fé. Se o meu tempo de oração fosse somente tentativas
para voltar a estar na presença de Deus, seria « perfeito ». A oração é geralmente um
grande combate entre minhas dúvidas, culpas, escrúpulos e preocupações e o ato de
fé que se fundamenta na Palavra de Deus tal como é ensinada na Igreja. Então, para
ficar pacificado diante destas preocupações tal como nos pede São Paulo que nos
disse: « não vos inquieteis com nada (Fl 4, 6) » preciso repetir e apoiar-me sempre
nesta Palavra que fortaleçe minha confiança em Deus, que não pode enganar-se nem
enganar-me.
O fim da oração é igualmente importante: quando termino minha oração, tudo
recomeça! Devo continuar com Jesus (mesmo se dormi)… Devo ter esta determinação
clara e audaciosa de sair com esta disposição interior e aquela vontade firme de
continuar o diálogo com Deus ao longo do meu dia: « Eu sei que não estou sozinho.
Alguém está presente, a todo instante, do meu lado e me sustenta com seu amor ».
O momento de oração que eu dedico gratuitamente a Deus, deve continuar no
quotidiano da minha vida, com o que se chama de « orações espontâneas ». Elas são
tal como gritos que dou sem cessar para Deus. Teresa d’Ávila aconselha: « Diga cem
vezes por dia a Jesus que você o ama ». Isto é a chave da vida interior, que é uma
vida recolhida em Jesus no coração do mundo. Para lembrar-se destas orações
espontâneas pode-se recorrer a pequenos truques tal como: cada vez que abro uma
porta lembro-me de Jesus e digo: « Jesus, tu estás aqui comigo. Obrigado ».
O bem-aventurado Frederico Ozanam, que dividia um apartamento com o físico
Ampère, dizia que o que mais lhe chamava atenção no seu amigo era que, do seu
laboratório jorravam regularmente exclamações como: « Meu Deus, Tu és grande !
Glória a Ti, Senhor! Maravilhosas são tuas obras! ». Perfeitamente concentrado no seu
trabalho de pesquisa, Ampère mantinha esse olhar de louvor contemplativo sobre a
beleza da criação.
A vida quotidiana, as preocupações… me centralizam em mim mesmo fazendo-
me viver no superficial. A vida interior, fruto da oração, se edifica graça a essas
numerosas e constantes saídas de mim mesmo para voltar-me para Deus. No começo
será somente uma ou duas vezes por dia, mais é preciso chegar até 50, 100 vezes.
100 vezes corresponde a 100 segundos, ou seja, menos de dos minutos, no entanto,
isto transformará a minha vida. É o segredo da paz e da alegria, frutos do amor que
me volta para Deus e para os meus irmãos e irmãs amados em Deus.

FONTE
Extraído da Revista Il est vivant nº 177
ANEXO IV
Texto destinado ao pastor/pregador

ORAÇÃO ESCOLA DA VERDADE


Meyr Andrade

Encontramos nos primeiros capítulos do Livro da Vida os primeiros anos da


existência de Teresa d’Avila, desde seu nascimento, passando pela infância,
adolescência, juventude, primeiros passos e momentos vocacionais, com suas lutas,
enfermidades até o grande marco da sua conversão diante do “Cristo muito chagado”5.
Aqui, Teresa se mostra bastante consciente da Providência de Deus nos detalhes do
seu contexto familiar, nos seus pais, irmãos, condição social, mas sobretudo da
insistência da graça que a cercou de intervenções em cada fase.
Ao ler sua história, vendo a ação dessa força redentora presente na sua vida
chamando, esperando, perdoando e confirmando-a, reconhece não ter estado toda
inteira nos bons desejos nos quais começou na infância, de ter-se desviado nos
devaneios da juventude dos quais a livrou o próprio Senhor6 até que, sem profundas
motivações de amor, mas de temor, dá o passo à vida religiosa.
Passa os primeiros anos da vida religiosa em meio a fervores. Após essa
primeira fase, Teresa cai novamente numa espécie de frieza espiritual, situação
bastante agravada pelo contato com o mundo. Isso tornará muito conflictivo sua
dedicação à oração, vai dificultar a entrega do seu coração, gastará suas poucas
forças, a curto prazo minará suas disposições e a luta se tornará cada vez mais
dramática, com resistências comparáveis aos frontões bélicos da sua amada Espanha
contra a invasão árabe, a ponto de afirmar que não encontrava consolo sequer nos
santos convertidos: “Vejo que depois de chamados pelo Senhor, não voltam a ofendê-
lo. Eu, pelo contrário, piorava cada vez mais. Parecia estudar o modo de resistir às
graças de Sua Majestade, como que temendo sentir-me obrigada a servi-lo com maior
perfeição.”7
Teresa tem um profundo realismo sobre a fragilidade das suas motivações,
confessa com profunda verdade a força do seu conflito, reconhecendo as instabilidades
da sua vontade e a grande atração que exercia sobre si as vaidades do mundo.
Estamos diante de um drama que se arrasta durante quase vinte anos de sua vida8,
tempo no qual Teresa chega a abandonar a vida de oração convencida de que não
poderia estar com Deus aquela que merecia estar com os demônios9. Mais tarde, tendo
passado pela perigosa experiência de ter abandonado a vida de intimidade com Deus
vai afirmar que “todos os males nos vem de abandonarmos a oração”10.
Assim, Deus responde ao conflito de Teresa suportando suas inconstâncias,
esperando sua lentidão, tolerando suas quedas repetidas, reagindo aos seus “nãos”
com confirmação, sem nunca revogar a eleição, provando que Sua pedagogia não
depende da perfeição do homem, antes, é para ele sinal da liberdade do Seu amor
como Deus. São anos de uma exaustiva guerra onde a percepção de um Deus
Salvador desde os primeiros momentos favoreceu a experiência de conquista e
rendição. A conquista foi um passo do Amigo desde o princípio, mas a rendição de
Teresa foi um capítulo bem tardio, como veremos depois.

5
V 9,1
6
V 2,6
7
V Prólogo, 1
8
V 8,2
9
V 7,1
10
A graça triunfa em Teresa que, bastante decepcionada consigo mesma, rende-
se ao domínio da caridade de Deus, reconhecendo o fracasso de confiar mais em si
mesma do que em Deus: “Estava já muito desconfiada de mim e coloquei toda a
minha confiança no Senhor”11 .A constatação de que sua pouca força não era a palavra
final à sua conversão, tampouco à sua eleição, gera uma nova esperança, uma nova
postura e saber-se muito amada e esperada torna-se agora sua grande força interior.
O centro de gravidade não é mais Teresa e sua imperfeição, mas o Senhor e sua
gratuidade. Esse novo foco desloca do centro aquela que é apenas o alvo da graça e
devolve o protagonismo Aquele único capaz de erguer o homem fragilizado e
inacabado. Deus alcança num segundo o que ela, por si mesma, não o pudera em
tantos anos...
Nesse primeiro bloco já fica claro que Teresa não quer apenas nos dar uma
chave autobiográfica, mas indicar a pedagogia de Deus que passa obrigatoriamente
pelo auto-conhecimento onde, enquanto revela o homem a si mesmo, sua dignidade e
fragilidade, Deus também se revela em toda a sua gratuidade.
Teresa prova pessoalmente que apesar da sua fraqueza Deus segue
sustentando com Sua mão o que ela por sua obstinação punha a perder a cada
instante. O gozo da fé na infância fora perdendo-se pelas escolhas que se seguiram na
adolescência e nos primeiros passos dentro da vida religiosa, mas Deus com absoluta
lealdade guia a porto seguro esse coração desviado e, incansável como um Esposo, vai
tratando as enfermidades de sua eleita, suas resistências, incoerências, instabilidades e
carências. Essa luta dramática entre a graça incansável e o coração resistente é uma
das imagens mais importantes que na intenção pastoral de Teresa quer ficar em
evidencia: Deus é absoluto em protagonismo e esse amor incomparável reconquista o
coração do homem que, apesar de desviado, fora destinado à perfeita felicidade da
pertença e posse eterna de Deus. Teresa experimenta que Deus jamais desiste de
atender o orante que, embora perdido, anseia: “dai-me a vida como é vossa
decisão!”12
Para além das suas debilidades, Teresa possui um coração eleito e vê esse
espaço preservado por pura decisão divina. O Divino Amigo não se cansa, apesar da
real ingratidão de Teresa ainda nos tempos da sua divisão entre Deus e o mundo e ela
percebe que já não pode unir esses dois contrários por natureza. Teria que optar. Sua
debilidade, ainda mais forte, arrasta-a para onde ela mesma o não desejava por
consciência da vontade de Deus, mas não tinha o coração suficientemente conquistado
para renuncias mais constantes e profundas. O Senhor, por sua vez, permanecia
espreitando o melhor momento para dar as provas necessárias do Seu amor poderoso,
estável e irrevogável, características irresistíveis ao coração de sua Teresa. Essas
provas provocarão luta e conflito13, mas serão a prova irrefutável de que o Amor que
se mistura com as debilidades, sem preconceito, livre e leal.
Com certeza, se Teresa tivesse disfarçado sua verdade e debilidades não teria
entrado na crise que tornou desconfortável sua vida durante tantos anos, mas também
não teria comprovado por experiência que Deus é incapaz de abandonar, nem no
Egito, nem no deserto, e que triunfa em cada uma dessas fases. A conversão de
Teresa é uma profunda derrota pessoal no campo do seu protagonismo, mas é uma
impressionante demonstração do poder de Deus contra sua obstinação de querer viver
facilmente, tendo para ela uma vocação e uma missão pessoal.

FONTE
Chave de Leitura Oficina da Vida, Meyr Andrade - pp. 44-48
11
V 9,3
12
Sl 118,156
13
V7
ANEXO V
Texto destinado às ovelhas leitura no Grupo de Oração

AS DISTRAÇÕES DA ORAÇÃO

Frei Patrício Sciadini, OCD

O Papa João Paulo II, na carta "No início do novo milênio", convida toda a
Igreja a tomar consciência de que não pode existir experiência de Deus, nem
apostolado autêntico, nem amor fraterno, nem uma humanidade unida na construção
da civilização do amor sem a oração.
Para que possamos fazer algo bom dentro e fora de nós, para que possamos
produzir frutos abundantes na videira que é Cristo, precisamos entrar na plena
comunhão com Ele. Repetimos várias vezes que a oração não é uma imposição, uma
lei que nos obriga e escraviza, mas uma necessidade, uma urgência do coração que,
sentindo-se solitário, exilado, incompreendido, busca ansiosamente um amigo que o
possa amar e escutar. Na oração, Deus e o homem se amam reciprocamente, e um
fica feliz de se contemplar no outro. Deus se contempla no homem criado à sua
imagem e semelhança, e o homem se contempla em Deus, vendo a que é chamado a
ser.
A oração nos liberta de todos os nós permite-nos levantar vôo. Santa Teresa de
Ávila diz que somos chamados, como a pombinha branca, a alçar vôo para Deus, a
entrar, vencendo todos os obstáculos, no castelo interior; e a porta pela qual entramos
neste castelo é a oração.
Quando nos decidimos a rezar é porque nos encontramos em dificuldades e não
sabemos como sair delas sozinhos, ou estamos tomados por uma alegria tão grande
que não podemos fazer outra coisa senão gritar aos sete ventos: "Obrigado, Senhor".
É algo maior do que nós. Os indiferentes, os insensíveis, os que se sentem bem com o
"rastejar" e não desejam voar e ultrapassar o azul do céu para estar com o Senhor,
nunca serão grandes orantes.
Mas, se rezar é tão bom - como dizem os místicos, os santos, os homens e
mulheres que gastaram a vida toda procurando o rosto do Amado -, por que para nós
há momentos em que a oração se faz difícil? Quais são as dificuldades maiores que
encontramos na oração e como superá-las? Para vencer as dificuldades é necessário,
antes de mais nada, ter muita confiança em Deus e pouca em nós. É ter consciência
de que o Senhor nos dará a alegria de estar com Ele. Ele, como Pai amoroso, alegra-se
quando nos vê lutando contra os inimigos que nos impedem de amá-lo e adorá-lo.

Não ter medo do fracasso


Todas as coisas têm as cores com que nós as pintamos; dependem do olhar
com que as contemplamos. Para o pessimista, tudo vai mal; para o otimista, quase
tudo vai bem.
Nossa oração é sempre atendida por Deus. Mesmo quando parece que não, Ele
nos escuta e, na sua infinita sabedoria, nos dá o que necessitamos para o nosso
crescimento. Somente Deus sabe do que realmente precisamos, e jamais Ele fecha o
ouvido aos nossos gritos e súplicas. Quantas vezes na minha vida, quando era mais
jovem, achei que Deus se "divertia", quase com um certo "sadismo", negando-me o
que eu lhe pedia com tanta insistência. Mas, com o passar do tempo, sendo
amadurecido ao sol do sofrimento e da experiência, fui vendo que Deus age de forma
diferente. Fui me lembrando das palavras do profeta Isaías: "Os meus caminhos não
são os vossos caminhos"; ou de Jesus: "O Pai sabe do que vocês necessitam antes que
vocês peçam".
Ser confiante no amor misericordioso de Deus é deixar a Ele a liberdade de agir
em nossa vida. Uma liberdade que sempre é colocada a serviço do ser humano. A
oração, recorda-nos o Catecismo, é um verdadeiro combate. Uma vigilância perene
sobre nós mesmos para não deixarmos entrar no coração os sentimentos que
impedem o nosso encontro filial com Deus.
"Enfim, nosso combate deve enfrentar aquilo que sentimos como nossos
fracassos na oração: desânimo diante de nossa aridez, tristeza por não ter dado tudo
ao Senhor, por ter "muitos bens", decepção por não ser atendidos segundo nossa
vontade própria, insulto ao nosso orgulho (o qual não aceita nossa indignidade de
pecadores), alergia à gratuidade da oração etc. A conclusão é sempre a mesma: para
que rezar? Para superar esses obstáculos é preciso lutar para ter a humildade, a
confiança, a perseverança" (Cat, 2728).
Diante de tudo isto é bom nos convencermos de que a oração exige esforço
nosso. Todo diálogo, para ser construtivo, vai exigindo uma constante atenção ao que
acontece dentro de nós. Orar é abrir o nosso humano para que o divino possa entrar.
Nunca devemos destruir a nossa sensibilidade, a nossa humanidade, mas torná-la mais
atenta e aberta à ação de Deus em nós.

A alegria de ser distraído


Ensinaram-nos a considerar as distrações como a maior dificuldade da nossa
vida de oração, a vê-las como "marimbondos" que não nos deixam tranqüilos quando
queremos estar a sós com aquele que amamos, um empecilho no diálogo, no amor e
na vida. Ser distraído foi considerado como algo desrespeitoso por aquilo que estamos
fazendo. Diante desta dificuldade comum em todos nós devemos, sem dúvida,
redimensionar a nossa atitude frente às distrações na vida de oração.
É preciso tomar consciência de que não somos distraídos somente na oração,
mas em todas as atividades. Quantas vezes estamos diante da TV, mas o nosso
coração, fantasia e pensamento estão tão distantes que perguntamos a alguém: "De
que este programa está falando?" Ou quem de nós não se "pegou distraído" no
trânsito a ponto de entrar numa rua errada? Ou ainda, durante o estudo leu cinco
páginas e nada reteve na memória porque estava distraído... A distração, portanto, faz
parte da nossa humanidade. Ninguém consegue pensar horas a fio no mesmo assunto
e argumento. O ser humano é volúvel, tem necessidade de voar a tantos lugares,
pensar em muitas coisas ao mesmo tempo... Como a abelha vai de flor em flor e, sem
parar em nenhuma, vai sugando o néctar para sua vida pessoal e comunitária.
Ser distraído pode ser considerado não como um mal, mas como uma forte
intuição do amor. Às vezes, pode ser o Espírito Santo querendo recordar-nos algo
importante. Quem sabe você está rezando e, de imediato, vem-lhe o pensamento de
que se esqueceu de desligar o gás da cozinha... Santa distração, que leva a correr e a
evitar o perigo! Ou se rezando se "distrai" pensando nos pais, nos trabalhos, nas
dificuldades, na falta de amor, nas pessoas... É o momento para você colocar tudo no
coração de Deus e transformar essas distrações em motivações orantes para sua vida.
Diante das distrações, temos duas opções: assumir a nossa situação e o que
nos vem à mente, ao coração, e fazer de tudo isso oração a ser apresentada a Deus,
que é o melhor caminho; ou "chamar de volta" a nossa memória, a nossa atenção ao
que estamos meditando. Este constante esforço é agradável ao Senhor porque
manifesta o nosso amor e a nossa decisão de estarmos atentos à voz do Espírito.
É bom não perder tempo com as distrações, não se deixar atrair por elas, mas
saber administrá-las com paciência e alegria. Quanto menos importância lhes damos,
menos elas nos perseguem. Esta sabedoria é própria dos santos e de quem quer ser
santo. "Pensar", nos adverte Teresa de Ávila, "o que estamos dizendo e a quem o
estamos dizendo. Não seria justo falar com uma pessoa pensando em outras coisas ou
com o olhar distante, como quem está cansado da presença do amigo".
Esta sabedoria está presente na pedagogia da Igreja que, no Catecismo, nos
recorda: "A dificuldade comum de nossa oração é a distração. Esta pode referir-se às
palavras e ao seu sentido, na oração vocal. Pode, porém, referir-se mais
profundamente àquele a quem oramos, na oração vocal (litúrgica ou pessoal), na
meditação e na oração mental. Perseguir obsessivamente as distrações seria cair em
suas armadilhas, já que é suficiente o voltar ao nosso coração: uma distração nos
revela aquilo a que estamos amarrados, e essa tomada de consciência humilde diante
do Senhor deve despertar nosso amor preferencial por Ele, oferecendo-lhe
resolutamente nosso coração, para que Ele o purifique. Aí se situa o combate: a
escolha do senhor a quem servir. Positivamente, o combate contra nosso "eu"
possessivo e dominador é a vigilância, a sobriedade do coração" (Cat, 2729-2730).
Quando percebemos que estamos "voando por aí", devemos aprender a voltar
"ao assunto" e não permitir que alguém nos distraia do amor que devemos doar ao
Amado. "Eu dormia, mas meu coração velava"... Quem vive na tensão do amor será
sempre como Maria, que "guardava todas estas coisas no seu coração e as meditava".
As distrações, as fantasias são as loucas da casa e por isso é preciso aprender a
recolhê-las quando querem ir mais longe do que lhes é permitido. Superar as
distrações é um exercício. Nunca chegaremos a evitá-las plenamente. Somente com
uma graça especial do Senhor ou um êxtase ou uma visão, quando todas as nossas
potências estão suspensas. Enquanto estivermos por aqui mesmo é preciso saber
colocar, como nos diz o salmista, "freio e cabresto" às fantasias e distrações para que
não nos levem longe do nosso Amado. É preciso dominar, administrar as distrações
sem violência. O segredo é que, segundo a intensidade do amor que arde no nosso
coração, estaremos mais atentos e fiéis ao amor do nosso Deus.
No passado eu ficava nervoso, inquieto, desanimado diante das distrações da
minha vida. Hoje, quem desanima são as distrações, porque sabem que, quando
batem à minha porta, na maioria das vezes, a encontram fechada.
É necessário vencer as distrações com a força do amor. Mas, se elas vierem,
convém aproveitar o que trazem reciclar tudo isso e transformar em oração. Mesmo
quando as distrações trazem à memória o pecado, que é como lixo, é preciso lembrar
que o lixo reciclado gera energia e força. Reciclar as distrações é fazê-las passar pelo
coração de Deus. Que o texto do apóstolo Paulo possa nos servir como exemplo:
"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a
fome, a nudez, o perigo, a espada... Mas, em tudo isso vencemos por aquele que nos
amou" (Rm 8,35-37). Nada pode nos separar do amor de Cristo. Nem as distrações,
mágoas ou pensamentos inúteis; nada nem ninguém, porque Cristo é nosso e somos
dele.
"O intelecto não se fixa em nada, parece frenético, de tal maneira está
descontrolado. Quem assim está verá, devido ao sofrimento que lhe sobrevêm, que
não é culpado por isso. Não deve afligir-se, porque é pior, nem se cansar em querer
trazer à razão quem não a tem, isto é, seu próprio intelecto; reze como puder... De
nossa parte, o que podemos fazer é procurar ficar a sós, e queira Deus que isso nos
baste, como eu digo, para que entendamos com quem estamos e a resposta que o
Senhor dá aos nossos pedidos. Pensais que Ele está calado? Mesmo que não o
ouçamos, Ele nos fala ao coração quando de coração lhe pedimos." (Santa Teresa)
ANEXO VI
Texto destinado às ovelhas leitura no Grupo de Oração

TEMPO DE GRAÇA
Moysés Azevedo Filho

“Iniciaremos a partir da grande graça que estamos vivendo neste ano jubilar.
Ao longo da preparação para o jubileu fomos entendendo o quanto esta palavra
significa júbilo, ação de graças pelas inúmeras, imensas, incontáveis graças que ele
tem derramado e com certeza derramará sobre nós.
Gostaria de iniciar este retiro da única maneira adequada: elevando nosso
coração e nosso pensamento a Deus dando-lhe o louvor e ação de graças que lhe são
devidos. Fomos, de fato, envolvidos por uma graça tão grande, que nos ultrapassa
tanto e cuja grandeza sequer conseguimos perceber. O próprio Espírito nos leva a
contemplar a beleza de Deus e sua ação em nossa vida através de sua mão poderosa,
santificadora e fecunda que se colocou sobre nós e nos abençoou durante estes 25
anos. Iniciarmos, portanto, dando graças, bendizendo, louvando, penetrando na
nuvem da glória de Deus, na nuvem da presença de Deus que nos dirigiu e não nos
afastou de nós. Entrando na coluna de fogo e nos deixando abrasar por ela, pois é
inegável a presença condutora de Deus, doadora de todos os dons que temos recebido
em nossos 25 anos de história.
O salmo de hoje nos convida de forma particular: Cantai a Deus, a Deus louvai,
o seu nome é o Senhor, exultai diante Dele. Convido-os, portanto, a recordarmos os
feitos do Senhor em nosso favor para louvá-lo e glorifica-lo. E porque fazemos isso?
Em primeiro lugar, porque ele é Deus. Em segundo, porque ele muito fez em nosso
favor e em terceiro para não roubar em nada a gloria de Deus: “Não a nós, Senhor,
mas ao teu nome dar glória”. Desta forma, colocamos Deus no lugar que é devido em
nossa vida e em nossa história, no coração da comunidade e no nosso coração, na
obra e na humanidade. O lugar que lhe é devido é o absoluto, a glorificação, o
reconhecimento de que só ele é Deus e que tudo o que somos e temos Dele
recebemos.
O louvor é um ato de fé. Quando proclamamos a grandeza de Deus em nossa
história crescemos na fé. O louvor é a atitude própria do homem de pé, erguido pela
graça de Deus, que, apesar de suas fraquezas e dores, é erguido pela força de Deus e
a Ele dá glória. O homem inteiro louva. O homem mutilado é voltado para si mesmo,
fechado em si mesmo e é incapaz de louvar, pois perdeu sua relação com o seu
Senhor, seu Pai, seu Deus. Só o homem inteiro o homem que louva tem conhecimento
de quem é Deus e quem somos nós: criaturas, filhos eleitos e amados. O homem que
louva conhece porque lhe é revelada a verdade a respeito de Deus e a respeito de si
mesmo.
Começamos, portanto, este retiro, como homens e mulheres que louvam a
Deus em espírito e verdade. O louvor gera a verdade do Evangelho e das leituras que
hoje nos foram dadas: um coração humilde, grato. Ele arranca o orgulho, como diz a
primeira leitura de hoje: “Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois a planta de
pecado está enraizada nele e ele não o percebe.” O orgulho gera uma planta de
pecado tão enraizado em nós que a própria pessoa não consegue ver. A cegueira é
própria do orgulhoso, que não consegue ver seu orgulho e até não o reconhece.
Precisamos ler esta passagem com o olhar cristológico, a partir do Evangelho
que nos diz que o Pai escondeu essas coisas aos sábios e entendidos e as revelou aos
humildes. Em todos nós foi inoculado o veneno do orgulho, mas o Espírito, educador
das almas, vai-nos curando e fazendo compreender onde é fincada a cruz de Cristo
que destrói o orgulho: no coração humilde e pequeno, que louva a Deus e reconhece a
Sua glória. Quanto mais louvamos, mais fazemos morrer o orgulho, mais arrancamos
esta erva daninha, invisível e misteriosa que faz mutações tão impressionantes que
engana nossa alma, mas sempre nos envenena e nos mata. Através do louvor vamos
dando a Deus o que é de Deus, reconhecendo seus feitos em nossas vidas e
reconhecendo quem somos: pequenos, criaturas, filhos amados, eleitos, a quem Deus
tanto fez sem merecermos. Reconhecemos, então, a verdade. O louvor é um ato de fé
que gera a verdade, pois a verdade é humildade.
O Louvor é também um ato de amor: porque fomos amados, podemos amar,
porque fomos agraciados, podemos agradecer. Louvar é dilatar nosso coração e nossa
alma para nos centrarmos em Deus reconhecendo-o como absoluto. Nós não somos
absolutos, não somos o centro, a glória não nos pertence, pertence a Deus, que nos
faz penetrar e participar dela. Ela não nos pertence. E quando ela nos atinge por este
amor infinito e misericordioso de Deus, quando somos agraciados por Deus e quando
reconhecemos com gratidão – e é preciso reconhecer com gratidão, pois o orgulhoso
pode até reconhecer com a boca, mas ter o coração ingrato. Quando reconhecemos as
obras misericordiosas, salvíficas de Deus em nossa vida, brota em nós a gratidão. As
escamas do nossos olhos caem e percebemos sua grandeza, sua beleza, sua bondade,
seu amor que é sempre presente, que não nos abandona, que nos sustenta, que nos
fortifica. E o amamos, reconhecendo-o como único, como absoluto, derramando nosso
ser em louvor, em gratidão, em amor. Isso, o louvor, é um ato de amor para com Deus
que nos amou primeiro e é uma permissão para nos deixar amar mais profunda e
intensamente, para receber torrentes maiores desse mesmo amor e acolher ainda mais
as torrentes infinitas deste amor e assim sermos elevados ao seio da Trindade: “Quem
se eleva, será humilhado, quem se humilha, será elevado”. Quando quebramos a casca
que nos impede de ver a grandeza, a beleza, a magnificência de Deus em nossa vida e
ao mesmo tempo nossa incapacidade, nosso pecado e a eleição que Deus nos fez, esta
torrente de louvor nos introduz neste movimento de amor da Trindade que é a vida
divina. O louvor nos leva, então, à plenitude da vida. Revela-nos a verdade, leva-nos à
plenitude da vida e é um ato de esperança.
Quando louvamos e bendizemos a Deus crescemos em nossa fé, no amor, e
reconhecemos que não somos nós quem estamos no comando, nem da nossa vida,
nem da comunidade, nem da Igreja, nem da humanidade. Não sou eu quem está no
comando. É Deus. E nele ponho toda a minha confiança. Por isso o louvo. Nele posso
abandonar-me, pois Ele nunca me abandonará, mesmo se eu andar em um vale de
sombra e de morte não temo mal algum, pois ele está comigo. Quem louva sabe que
mesmo diante dos desafios da vida há um futuro que Deus lhe reservou, um futuro
muito maior, muito mais belo, muito mais magnificente do que aquele que sozinho eu
poderia construir. Quem louva entra no mistério da esperança e da confiança de que
não sou eu, não são os meus planos, não os meus projetos, mas Deus que está no
controle da situação. Eu confio e por isso me abandono. Mesmo que passe pelo vale da
sombra, não temerei, pois Ele está comigo e me reserva um futuro, que é um projeto
dele, não meu. O futuro que ele me reserva é um ato de esperança, um futuro muito
mais belo e muito maior do que o futuro temível que eu poderia construir. É a atitude
de alguém que não olha para trás, mas caminha para frente sem temor porque sabe
quem alguém o conduz e caminha NO CAMINHO, não no seu caminho, não em
qualquer caminho, mas no caminho seguro que é o próprio caminho do Senhor, “pois
sei em quem coloquei minha confiança”.
Nestes dias gostaria de convidá-los a começarmos juntos este retiro de tempo
de jubileu dando graças ao Senhor, louvando-o pelos imensos benefícios que tem
realizado em nosso favor em toda a nossa história. Convido-o a fazer deste dia um dia
de louvor e ação de graças a este Deus que sempre caminhou conosco e construiu
conosco uma misteriosa história porque nos precede e nos ultrapassa. Nós vivemos um
mistério! Caminhar na fé e numa Obra de Deus, essa é a experiência que temos.
Recebemos um Carisma, um dom de Deus, somos instrumentos de geração de uma
Obra Nova, Deus que através de nós gera um povo novo, isso nos encerra em um
mistério muito maior que nós mesmos e nossos vãos raciocínios. Só podemos alcançá-
lo através da fé, da esperança e da caridade, através de um coração pequeno e
humilde. Este mistério que nos precede e ultrapassa, por enquanto está passando por
nós (ou nós por ele) e nossa atitude deve ser uma atitude de ação de graças pelas
imensas graças recebidas nestes 25 anos. Enumero algumas, pois sei que vou
esquecer de muitas, mas vou contar com a memória de vocês para enumerá-las todas
para dizermos diante do altar: “Bendito seja Deus que nos elegeu, que nos escolheu,
que nos fez participar de algo que tantos olhos quiseram ver, que tantas mentes
quiseram conhecer e nos foi dado contemplar.” Partimos, então, do princípio do
louvor:
a. Graças a Deus pelo dom da vida de cada um de nós – podíamos não ter
existido! – o dom da vida com toda a beleza que a vida traz, beleza escondida
no coração de Deus e beleza já prevista para seus desígnios. O semeador não
joga sementes ao léu. Cada semente jogada é pensada, é querida, é amada,
traz segredos escondidos e só o desabrochar da árvore poderá revelar, só o
sabor dos frutos irá demonstrar. Nossa vida foi pensada por Deus para este
mistério, esta graça, esta vocação, este desígnio de Deus para a Igreja, para o
mundo, para este tempo. Nossa vida foi pensada, gerada, querida, amada por
Deus, ansiada por Deus, mesmo em meio a todos os possíveis conceitos que
podemos trazer dele, em vista dos desígnios de amor que fazem parte do
mistério da vocação e do carisma Shalom. Os dons que trazemos e a vida que
vivemos não nos foram dados para serem vividos de forma egoísta, como um
plano individual de sucesso ou de satisfação próprios. Nossa vida é muito mais
do que isso e se torna bela quando assim é reconhecida, vivida, abraçada e
doada. Pois a vida só é bela e só é plena quando é consumida, doada,
entregue. Se o grão de trigo não cai na terra, não morre: fica só – a vida é
retida – fica fechado em sua solidão, mas se morre, gera abundantes frutos.
b. Graças a Deus pelo Batismo que recebemos – do nosso batismo tudo brota.
Dele, toda essa vida divina, toda a beleza da recriação de Deus, a fé, a
esperança, a caridade, Deus como Pai, posso chamar Deus de Pai, posso
conhecê-lo, posso amá-lo, a Igreja, minha casa, minha família, que me
alimenta e me nutre com o leite materno dos sacramentos que continuamente
nos alimentam. Dou graças a Deus porque no sacramento do Batismo, o
Espírito nos foi dado e com ele o Carisma, os desígnios de Deus, os projetos de
Deus, os planos pensados na criação que se efetivam, se tornam realidade pela
graça de sermos filhos no Filho.
c. Graças a Deus pelo encontro com Jesus Cristo e pela efusão do Espírito em
nossas vidas – que encontro decisivo! Que coisa determinante! Tudo mudou!
Foi nosso encontro mais profundo e mais pessoal com Ele. Mudou nossa
história, revolucionou nossa vida. Poderíamos entender nossa vida sem o
encontro pessoal com Jesus Cristo que nos encheu de fogo, de amor, de desejo
ardente de corresponder a este encontro decisivo, apaixonante, transformante,
que nos colocou em um caminho que sequer conhecíamos ou pensávamos em
trilhar? Sem este encontro nossa história não seria nada. Com ele, nossa
história ganha todo um sentido. A efusão do Espírito nos capacitou, iluminou,
ungiu, foi-nos atraindo para os desígnios misteriosos de Deus que é a vontade
do Pai. Talvez neste primeiro encontro ainda não o percebêssemos, mas foi ali
que ele nos colocou nos desígnios de Deus em nossa vocação, para nossa
santificação, para doação de nossa vida pela Igreja e pela humanidade.
d. Graças a Deus pelo pontificado de João Paulo II – mais de 20 anos de
pontificado desta figura excepcional. Foi diante dele que nós – e isso não é
figura de linguagem, mas é sentido lato – nos encontramos naquele decisivo 9
de julho de 1980, encontro misterioso em que todos estávamos diante do papa
ofertando as nossas vidas. Encontro misterioso que fez surgir uma inspiração
que também misteriosamente nos soprava o coração. Essa inspiração não tem
outra direção senão oferta de vida, consumir a vida, entregar a vida. De graça
recebemos tudo, de graça dar muito, dar tudo, oferta de vida! Fruto da oferta
de vidas: missão, dar de graça a Deus e aos homens, a Deus e a Igreja o que
de graça recebemos. Nós que éramos tão distantes de Deus tão próximos nos
tornamos. Somos eternamente devedores para buscar os que estão distantes
para trazê-los para próximo. Anos, tempos, nos separam, mas estamos unidos
no mesmo sopro do Espírito que é o Carisma e a vocação. Misteriosa
inspiração: ofertar a vida a Cristo, a Deus, à Igreja, à humanidade e ir ao
encontro dos que estão longe para dar de graça o que de graça recebemos.
e. Graças a Deus pela ousadia e fecundidade desta inspiração – quem não é capaz
de pelas próprias forças tudo realizar, como pode tudo ofertar? Só o Espírito.
Se formos pelo nosso raciocínio nada podemos fazer. Graças a Deus pela fé, a
esperança e caridade que o Espírito gera em nos e nos faz ofertar a vida com
ousadia e contemplar a fecundidade da oferta. A graça! Devemos dar graças
pela graça. Louvar a Deus pela sua infinita graça. Aqui poderíamos parar, mas
não podemos porque tudo é graça, graça, graça, graça, graça, graça, graça.
Tudo é graça. Tudo temos por graça. Sem ela nada somos, nada podemos,
sequer nos movemos, sequer respiramos, não podemos ter nem um desejo
santo. Dela precisamos e sem ela nos esborrachamos. Só a graça pode nos
fazer homens e mulheres de pé que louvam por inteiro a Deus não porque
podem, mas porque são sustentados pela graça, que buscamos, que
necessitamos. Nela queremos viver. Ela é o inicio de tudo, o meio de tudo, o
fim de tudo. A graça, a graça, a graça e a graça de Deus. Se pudesse,
continuaria dizendo: A Graça!
f. Graças a Deus por Sua providência – desde os primeiros passos ela foi e é
presença de Deus em nossas vidas, não obstante nossa fragilidade, nossos
limites, nossas infidelidades, mas essa providência de Deus a nível espiritual,
humano, através das circunstancias e acontecimentos e também a nível
econômico nos conduziu até aqui. Isso é um mistério, pois é esta providência
que nos garante a liberdade. Sem ela, seriamos prisioneiros. Seriamos pesados.
Sem ela, não haveria ousadia, sempre estaríamos dependendo de algo, de
alguém, de alguma coisa, do Estado, de nós mesmos, de alguém muito
poderoso ou influente, de nossas capacidades, nossas organizações. Com a
providência de Deus, somos frágeis nas mãos de Deus e porque frágeis,
dependentes dele e porque dependentes Dele e de mais ninguém, somos livres.
Esta providência desde os primeiros passos nos guiou. A ela nos confiamos.
Dela não cobramos. Com ela devemos operar, cooperar, refletir, mas sobretudo
preservar, pois ela é a fonte de nossa liberdade.
g. Graças a Deus pela inauguração do primeiro centro de evangelização, um
verdadeiro milagre que se repete a cada dia, a cada início, pois em algum lugar
da obra em Fortaleza ou no mundo sempre se está começando alguma coisa:
um novo seminário, novo serviço, novo ministério, novo, sempre. Sempre está
acontecendo um novo e aquele primeiro passo para aquele primeiro inicio é um
inicio contínuo que não podemos jamais parar.
h. Graças a Deus pelo povo que ele foi gerando e que ele sempre gera através de
cada novo passo que damos, o povo que Deus sempre gera através da obra
nova. Afinal, foi para isso que ele nos criou, para gerar um povo novo, uma
obra nova. Este povo lhe dará um verdadeiro louvor. Foi para isso que nos
criou. O povo que foi sendo gerado é sinal de um povo que precisa ser sempre
gerado e sempre multiplicado em ritmo geométrico e não aritmético, pois este
tem sido desde o inicio o ritmo que Deus nos tem dado como característica.
i. Graças a Deus pelas dores de parto do nascimento da comunidade – foram
nossas primeiras provações e purificações. Sem a poda a vinha não pode dar
novos e abundantes frutos. Pode até ter muitos galhos verdes, mas poucos
frutos e frutos não saborosos. A poda, como diz nosso Escrito, tira os galhos
inúteis e gera novos saborosos e abundantes frutos. É assim e sempre foi
assim. No começo dos anos 80, quando nascemos, estávamos já no meio de
uma sociedade profundamente materialista em suas duas vertentes: o
marxismo e o materialismo niilista e liberal que proclamava a morte de Deus,
da ética e da moral. No meio desta sociedade Deus nos foi gerando com todas
as desconfianças que portávamos diante de uma mentalidade, como frutos de
maio de 68. Em meio às criticas de setores ideologizados no meio da Igreja que
nos classificavam como à margem da Igreja, de alienados. Críticas de fora, mas
também de dentro. As primeiras discordâncias internas à comunidade sobre a
vontade de Deus, o querer voltar atrás, o momento do PRH (uma visão
deformada do homem). Não tínhamos noção de quem nós éramos e por pura
graça, Deus levantou em nós um espírito de fidelidade à verdade de Deus e do
homem. Em meio a uma sociedade materialista, de uma ideologia com verniz
de teologia que muitas vezes nos combatia e criticava, em meio a discórdias
internas e ameaças de uma visão deformada do homem, a comunidade nasce e
vai clarificando seu carisma de paz que tem como fonte a primazia de Deus.
Deus! Não eu, não um homem, não o Estado, não o dinheiro, não o poder, não
o possuir, não o prazer, mas Deus, Deus, Deus! Essa primazia de Deus era
manifestada de forma muito simples pelo amor à Palavra, pela oração, pela
Eucaristia, pela adesão incondicional ao magistério da Igreja, amor e fidelidade
ao Santo Padre. Tudo isso reflete Deus e por isso a contemplação do
Ressuscitado, que é a fonte de tudo. O local, a vida fraterna, o não se por o sol
sobre a nossa ira, a fraternidade, o espaço onde a paz se torna concreta, real,
nossa vida comum e a missão e serviço à humanidade, anúncio, parresia,
missão, jovem, pobres, transformação do mundo, evangelização. Sem
percebermos, diante da situação que vivíamos, misteriosamente Deus nos ia
dando e construindo um carisma e uma vocação.
j. Graças a Deus pelas primeiras consagrações da CV em 85 e CA em 86. As
vocações que iam chegando pouco a pouco.
k. Graças a Deus pelo crescimento da obra em Fortaleza, os centros de
evangelização, as primeiras missões, Uruóca, os primeiros seminários. Fortaleza
vai-se tornando um berço, uma manjedoura.
l. Graças a Deus pelas primeiras missões onde Deus foi alargando nossos
horizontes sem que entendêssemos ou percebêssemos. Deus nos dava uma
direção de partirmos, uma direção missionária, que vai ultrapassando as
fronteiras da Igreja local e começa a servir as outras igrejas sem que
tivéssemos projetado, planejado ou nos oferecido, sem cavar, sem arquitetar,
mas como um rio que vai descendo, caminhando, conduzido por uma graça.
m. Graças a Deus pelos 10 anos da comunidade e seus frutos. Sua preparação, o
show Coração do Homem e o Cocó “lotado”. Missa dos 10 anos, vários bispos e
cardeais presentes. Momento de graça, de reconhecimento, de contemplação,
de ver o que Deus estava fazendo e, ao mesmo tempo, o início de novas
purificações, já na celebração. No meio da alegria, já a poda. A própria
celebração era já um consolo e um anúncio de um novo tempo de purificação.
n. Graças a Deus pela páscoa do Ronaldo, mistério de dor, de sofrimento comum,
escondido, mistério que nos ultrapassa, algo sobrenatural. Cada vez que o
tempo passa, mais a gente reconhece este mistério de dor em que todos fomos
mergulhados e que nos trouxe todo um sentido de eternidade, de santidade, de
fecundidade.
o. Graças a Deus pelas purificações deste tempo de “adolescência comunitária”.
Fomos descobrindo que não éramos perfeitos nem isentos de erros. Fomos
descobrindo que não somente os outros nos poderiam ferir, mas que nós
poderíamos nos ferir uns aos outros. Foi uma provação que nos colocou em um
caminho que precisamos percorrer: o bálsamo profundo de que só com a
misericórdia com que fomos acolhidos e curados podemos curar e ser curados
no seio da comunidade.
p. Graças a Deus pela fecundidade que este tempo nos trouxe – abundantes
vocações, especialmente de jovens. Durante o doloroso tempo de provação
houve uma grande difusão da vocação no Brasil e número de vocações
proporcionais aos pedidos dos bispos. Até o final do ano 2000 estávamos já em
todas as regiões do Brasil.
q. Graças a Deus pelo reconhecimento diocesano e por D. Cláudio, grande graça
de Deus para nós, que nos trouxe o aconchego da Igreja, o envio da Igreja e o
entendimento de que a cidade tem uma alma que precisa ser tocada e
evangelizada.
r. Graças a Deus porque com o reconhecimento o carisma foi-se clarificando mais
ainda. Os Estatutos nos fizeram ler, meditar, aprofundar, fazer as estruturações
positivas e necessárias da comunidade que se organizou como um corpo para
bem encarnar e dar forma ao carisma que o Senhor nos concedeu para bem
servir a Igreja.
s. Graças a Deus porque este tempo foi o inicio da difusão internacional do
Carisma, a partir dos primeiros anos do terceiro milênio: França, Suíça, Canadá,
Israel.
t. Graças a Deus porque com este inicio da difusão internacional percebíamos que
chegava a termo o pontificado de João Paulo II e tomamos a decisão de iniciar
o processo de reconhecimento pontifício.
u. Graças a Deus pelo momento de grande provação e purificação que este
reconhecimento iniciou. 2004, 2005, purificações tão recentes, tão dolorosas e
tão duras que não precisamos nem recordá-las. Duras, mas ao mesmo tempo
tão fecundas, a nos trazer um precioso fruto: a maturidade, a gente entender
que a vida da comunidade é como a vida de Cristo: cruz e ressurreição, graça;
purificação e graça. Por isso damos graças. Como foi dura e dolorosa a
provação, foi também profundamente fecunda. Damos graças pela aurora que
acolhemos, que recebemos, que contemplamos.
v. Graças a Deus pelo reconhecimento pontifício – uma comunidade nascida no
nordeste do Brasil, no Ceará, por um punhado de jovens! Mas é assim que
Deus faz, não para nossa glória, pois não podemos roubar nem um milímetro
da glória de Deus. Deus dá sua graça a quem quer, como quer e da forma que
quer e dentre muitas outras ele nos deu a graça de termos a felicidade, a
alegria, o louvor de reconhecer, não somente nós, mas a Igreja reconhecer, por
Pedro, que isso é obra de Deus, não é fruto de mão dos homens, como muitos
muitas vezes pensaram. Não é uma aventura, como talvez vocês mesmos
pensaram. Isso não é uma loucura e, se for, é do Espírito e, portanto, muito
bem-vinda. Teremos oportunidade de aprofundar tudo o que a Igreja nos deu
com o reconhecimento pontifício (já começamos a fazê-lo no CACV). Mons.
Rylko, o Santo Padre, o show a Resposta, tudo isso é o que conseguimos ver,
mas a graça que comporta não a vemos, não a compreendemos, não a
vislumbramos inteiramente, mas nos alegramos e bendizemos a Deus e damos
graças porque nos confiou um tesouro em vasos de barro , um tesouro em
nossas pobres mãos.
w. Jubileu. Que grande graça! Tempo de graça. Jubileu celebrado em cada uma de
nossas comunidades e juntos na casa mãe. Nova unidade, novo ânimo, novo
tempo, visita de Deus, bênçãos particulares, tempo favorável em todos os
sentidos, nova aurora, novo tempo, promessa de Deus que soprou já no
encontro do Conselho Consultivo, no qual já se percebia a força com a qual o
Espírito nos falava, nos reunia, nos unia para que, no centro da Igreja e
chegando à maturidade dos nossos 25 anos começarmos a construir de uma
maneira mais fecunda, mais eficaz a evangelização do mundo, pois fomos
destinados ao mundo, à humanidade e Deus nos reúne como um povo em vista
disso. Por isso está só começando. Nova aurora, maturidade, maior difusão,
CELAM, renovação do ardor missionário da evangelização, novo crescimento
nas vocações, fecundidade, um novo tempo. O Jubileu é a marca de uma nova
aurora, que não significa somente provações e purificações, mas uma graça
que nos acompanha sempre. A maneira de caminhar nesta graça é dando
graças, em ato de fé, esperança e amor, caminhando consciente do futuro que
não eu, com a força de minhas mãos, mas que o próprio Deus abriu e
continuará a abrir e fazer percorrer com nova força.
Convido você a fazer memória deste tempo em sua vida na comunidade.
Comecei a recordar de forma comunitária, mas gostaria que cada um pudesse fazer de
forma individual. Vamos direcionar para que cada um possa ver como em sua historia
cada um poderá fazer um ninho de louvor e ação de graças a Deus. Convido você a
refazer este percurso de sua vida na comunidade para que, cheios de gratidão
possamos dá-lo a Deus e à Igreja, desde o momento em que você foi e é
misericordiosamente atraído para esta vocação, percorrendo todas as graças que Ele
nos concedeu ao longo do caminho.
Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome dar glória!
ANEXO VII
Texto destinado ao pastor/pregador
AMAR O NÃO AMÁVEL
Moysés Azevedo

“É anseio do Coração do Amado que nos dediquemos a dar provas de amor uns
para com os outros. O amor ao irmão é uma maneira concreta de mostrarmos o
quanto amamos o nosso Amado, amando aquele a quem tanto Ele ama e por quem Ele
deu a sua própria vida. Como não dar a vida por aqueles por quem o Amado a deu? É
vontade do Senhor que transbordemos este amor sobre aqueles que Ele ama. O
Senhor quer de nós para com eles o perdão, mansidão, paciência, generosidade,
bondade, alegria, dedicação, amor, serviço. O Senhor deseja que demos aquilo que Ele
nos dá e isto não nos empobrecerá, mas, pelo contrário, nos enriquecerá aos olhos
Daquele que nos ama.
Devemos enxergar nos irmãos excelente oportunidade de darmos provas de
amor a nosso Rei. Aceitando as suas ofensas, ouvindo os seus queixumes, amando os
que não são amados, perdoando os que são difíceis de perdoar, vivendo o Seu Amor,
de maneira especial com os que mais necessitam Dele, estaremos vivendo nossa
vocação que é Vocação de amor, por amor e para o Amor” 1.
“Sem dúvida nenhuma, este é o único caminho da Paz. Viver uma vida voltada
para Deus e para os outros. Sem dúvida nenhuma este é o caminho da felicidade:
Viver o Amor. Amor que é uma vida doada a Deus e aos outros, se necessário, até o
sacrifício. Viver a verdade do Evangelho em toda a sua sadia novidade e radicalidade.
Este amor, que gera unidade, convida-me a doar-me continuamente, partilhando o que
sou e o que tenho, para configurar-me cada vez mais a Cristo:
‘Ele não considerou como presa a agarrar o ser igual a Deus. Mas despojou-se,
tomando a condição de servo. Ele se rebaixou tornando-se obediente até a morte
numa cruz. Foi por isto que Deus o exaltou soberanamente. ’ “2

FONTE
Moysés Azevedo
1
Escritos da Comunidade Católica Shalom, Amor Esponsal, Ed. Shalom, 2006, p.26
2
Escritos da Comunidade Católica Shalom, Carta à Comunidade, Ed. Shalom, 2006, p.98
ANEXO VIII
Texto destinado ao pastor/pregador

VOCÊ PODE VIVER SOZINHO?

"Deus disse: não é bom que o homem esteja só, vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja
adequada." (Gn 2,18)

“Você seria capaz de viver completamente sozinho, sem a ajuda de ninguém, sem
precisar de outra pessoa? Pode ser que muitos de vocês tenham respondido que sim,
entretanto, a verdade é bem diferente. Nós, homens, não fomos criados para vivermos
sozinhos. [...]

“A pessoa humana tem necessidade de vida social, ou seja, de se relacionar, isto é


uma exigência de sua natureza.” ( Cat. 1879)

Todos nós fomos chamados para um único fim que é Deus. Há uma certa
semelhança entre a união da Trindade e a fraternidade que nós, homens devemos
estabelecer entre nós, na verdade e no amor. Não há como separarmos o amor a Deus
do amor ao próximo. Se caso pudéssemos fazer isto, estaríamos indo completamente
contra o que está na Palavra de Deus. Quando dialogamos com os irmãos,
desenvolvemos as virtudes em nós. Fomos criados por Deus para nos relacionarmos.
O eu jamais saberá quem é sem a presença de um tu. Você sabia que somente
podemos nos descobrir como únicos, porque existem os outros?

Vivemos convivendo, ou seja, nos relacionando com os outros. É exatamente


aqui que se encontra todo segredo de sermos felizes ou infelizes. De nos realizarmos
como pessoa, ou não. O nosso maior desafio hoje, como cristãos, é construirmos
vínculos que sejam resistentes e duradouros. Você sabe por quê? Infelizmente o amor
não encontra condições para desenvolver-se. Por isso, afastamo-nos uns dos outros,
não permitindo de forma alguma que as pessoas entrem em nossa vida. Não damos a
menor possibilidade de aproximação. Criamos entre nós e os outros um imenso abismo
e não estamos nem um pouco interessados em construirmos uma ponte. Permitimos
que a palavra ódio faça parte do nosso vocabulário. Todos os dias milhares de pessoas
morrem por causa do ódio, aqui podemos listar uma série de coisas: violência, guerra,
fome...

A sociedade em que vivemos é extremamente competitiva e negociante, o outro


é uma grande ameaça . Tornamo-nos escravos do medo, da solidão, da desconfiança,
do ódio, da ganância, enfim, transformamo-nos numa ilha. Não entramos na vida de
ninguém e conseqüentemente ninguém entra na minha. Pare um pouco e responda,
você é capaz de viver sozinho?

Necessitamos construir uma ponte, pois não somos uma ilha. Precisamos
reencontrar o que nos faz felizes. É nosso dever resgatar o outro como imagem e
semelhança de Deus, como pessoa digna. Resgatar o amor, valorizando a diversidade
que somos.

Encontrar-se com os outros


A nossa vida não é um monólogo no qual vamos vivê-lo sozinhos. Tampouco um
trabalho solitário, mas é uma caminhada em equipe de irmãos unidos ao redor de
Cristo. Valorizar o meu próximo é indispensável.

É preciso que cada um de nós faça o devido esforço de conhecermos o trabalho


do outro, enfim sua vida, pois através deste conhecimento poderemos apreciarmos
mutuamente.

Você é uma pessoa atenciosa? Vamos conhecer uma mulher muito atenciosa:

" Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-


se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e seus discípulos.
Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não tem mais
vinho." ( Jo 2,1-3)

Não precisamos continuar a leitura porque você com certeza conhece o final.
Entretanto, preste atenção num pequeno detalhe e responda: Quem disse a Maria que
já não tinha vinho? Ninguém! Ela foi extremamente atenciosa ao ponto de perceber a
necessidade daqueles noivos. Como está a sua atenção para com os que o rodeiam?
Devemos ser atenciosos com todos. Não há diferença. Todos devem ser tratados com
a mesma atenção, seja o diretor da empresa onde você trabalha, ou a lavadeira que é
sua funcionária.

Deus em sua infinita bondade quis que nos relacionássemos não somente com
Ele, mas com a toda a sua criação e com nossos semelhantes. Pois viu que sozinhos
somos incompletos, que precisamos de outro para nos completar.

As três Pessoas da Santíssima Trindade, se doam, se amam e juntas formam


uma comunidade de amor, de doação e serviço, na caridade e fraternidade. Ao
contemplarmos isso na Trindade, deve brotar em nós um grande desejo de sermos um
reflexo dela. Quando conhecemos somente nos realizamos à medida que nos doamos
aos outros e isso faz-nos aproximar mais de Deus”

Fonte
Portal Shalom
http://www.comshalom.org/formacao/formacaohumana/form024a_viver_sozinho.html
ANEXO IX
Texto destinado ao pastor/pregador

VIDA EUCARÍSTICA
“A Eucaristia é o centro de toda a nossa vida comunitária e missionária, pois ela é
o próprio Jesus.

Como uma Comunidade Eucarística, o amor à Celebração da Eucaristia e à


adoração ao Santíssimo Sacramento é algo em que o Senhor sempre nos chama a
crescer em nossa vida pessoal e comunitária.
Lembro-me de quando, na minha caminhada espiritual, descobri o valor
inestimável da Eucaristia. Atraído pela presença de Cristo e animado pelos irmãos,
encontrava motivação de acordar-me bem mais cedo que o de costume para participar
da celebração eucarística e nutrir a minha alma e o meu corpo com o corpo, o sangue,
a alma e a divindade de Cristo. Um dia, não conseguindo acordar, perdi a hora da
missa. Durante o dia recebi um cartão, com a imagem de Cristo crucificado e os
seguintes dizeres: “o amor não se expressa só com palavras”. Aquele cartão ajudou-
me a entender mais ainda que qualquer sacrifício que eu fizesse para participar da
Eucaristia diária era pequeno diante da grande prova de amor que Ele me tinha dado e
que diariamente se renovava no altar.
Com o tempo, fui compreendendo cada vez melhor que na Eucaristia diária eu
encontrava força e vida e recebê-la é um grande privilégio que Deus reservou aos
homens. Eu não queria, na medida do possível, perder esta graça nem por um só dia.
Assim, como dádiva divina e necessidade da alma, a Eucaristia cotidiana começou a
fazer parte da minha vida”14.
“De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se
conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração
eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a
Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos.
Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algum
modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. O ato de adoração
fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração
litúrgica. Com efeito, « somente na adoração pode maturar um acolhimento profundo
e verdadeiro” “A santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de Si mesmo, revelando-
nos o amor infinito de Deus por cada homem. Neste sacramento admirável, manifesta-se o
amor « maior »: o amor que leva a « dar a vida pelos amigos » (Jo 15, 13). De fato, Jesus «
amou-os até ao fim » (Jo 13, 1)” 15

“Na Eucaristia, revela-se o desígnio de amor que guia toda a história da salvação
(Ef 1, 9-10; 3, 8-11). Nela, o Deus-Trindade (Deus Trinitas), que em Si mesmo é amor
(1 Jo 4, 7-8), envolve-Se plenamente com a nossa condição humana. No pão e no
vinho, sob cujas aparências Cristo Se nos dá na ceia pascal (Lc 22, 14-20; 1 Cor 11,
23-26), é toda a vida divina que nos alcança e se comunica a nós na forma do
sacramento: Deus é comunhão perfeita de amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Já na criação, o homem fora chamado a partilhar, em certa medida, o sopro vital de
Deus (Gn 2, 7). Mas, é em Cristo morto e ressuscitado e na efusão do Espírito Santo,
dado sem medida (Jo 3, 34), que nos tornamos participantes da intimidade divina.
Assim Jesus Cristo, que « pelo Espírito eterno Se ofereceu a Deus como vítima sem

14
AZEVEDO Moysés, Carta à Comunidade, Páscoa 2005, Ed. Shalom, 2005, p. 36-37
15
Sacramento Caritatis, 66
mancha » (Heb 9, 14), no dom eucarístico comunica-nos a própria vida divina. Trata-
se de um dom absolutamente gratuito, devido apenas às promessas de Deus
cumpridas para além de toda e qualquer medida. A Igreja acolhe, celebra e adora este
dom, com fiel obediência. O « mistério da fé » é mistério de amor trinitário, no qual,
por graça, somos chamados a participar. Por isso, também nós devemos exclamar com
Santo Agostinho: « Se vês a caridade, vês a Trindade »”16.

Adoração ao Santíssimo
“Como prolongamento da celebração deste mistério o Senhor nos chama à adoração ao
Santíssimo Sacramento, um mergulho na contemplação de Sua Face. Pela celebração e pela
adoração somos transformados n’Ele”17.

“Adorar o Santíssimo Sacramento é mergulhar no Coração de Cristo Ressuscitado e


Transpassado e aí encontrar a Paz para as nossas vidas e para a humanidade”18.

16
Idem, 8
17
Estatutos da Comunidade Católica Shalom, 38
18
ECCSh, 39
ANEXO X
Texto destinado ao pastor/pregador

A ADMINISTRAÇÃO DOS BENS

“Deus Trindade que nos ama, nos abençoa e nos concede dons, para que
usemos da melhor forma em vista do bem do próximo, do nosso bem e para maior
glória d’Ele. Esses dons são graças espirituais e até ‘materiais’ que Deus nos confia em
vista do bem comum.
Os ‘bens materiais’ poucas vezes são acolhidos por nós como bênçãos ou dons
de Deus, muitas vezes acolhemos os bens materiais com a mentalidade do ‘mundo’
atual, “eu conquistei esse bem...”, “... são meus”, “é fruto do meu suor...somente do
meu esforço”, “eu trabalhei para tê-los”, “eu os ganhei e faço com eles o que bem
entender”, etc, e nos esquecemos que tudo que temos e somos é graças a nosso Deus
Trindade que nos mantém na existência, gera vida em nós, concede-nos, dons e
talentos conforme Sua Vontade, Ele é quem providencia tudo.
A Trindade Santa – Comunidade Perfeita de amor, é modelo para nós de
comunhão e unidade, seguindo seu modelo daremos verdadeiro sentido ao que temos,
sendo gratos ao que temos, acolhendo antes de tudo como dons de Deus nossos bens
terrenos e dispondo-o a partilha conforme a justiça, o amor, e as necessidades
comuns... valores que precisam ser resgatados em um mundo marcado pelo egoísmo e
a falta de amor, valores do Evangelho – então não daremos somente sentido ao que
temos, mas, unidos a Jesus daremos sentido ao que somos: Filhos de Deus.
[...]
Tudo que temos são dons que Deus nos concede, bençãos, oportunidades para
que eu exercite a comunhão a partilha, oportunidade para estarmos atentos as
necessidades dos irmãos.
O egoísmo é um mal no mundo, é incutido nas pessoas pelas propagandas,
pela mídia em geral, pela mentalidade pagã, pelo ritmo deste tempo: se poupa
dinheiro não se sabe pra quê, se faz seguro de tudo, mas tudo isso em vista de um
‘eu’ que precisa garantir seu futuro, que precisa se proteger da violência, que precisa
prevenir sua saúde, que precisa garantir moradia, etc, muitas vezes esses atos são até
lícitos, como cuidar de si por exemplo, mas um pequeno detalhe fruto do egoísmo
muda tudo, se pensa muito em si e pouco se importa com a necessidade do próximo,
mesma espécie, mesmo gênero; se pensa tanto em si, no seu próprio bem, que se
esquece do bem comum.
Esta realidade é tão grave que não se demora para que encontre aí outro mal:
apego aos bens terrenos. É necessário estarmos sempre cientes que Deus nos confia
bens em vista de um bem comum, para isso a Igreja nos convida a cultivarmos a
virtude da temperança. ( cf. CAT 2407), auto-domínio para vencer nosso egoísmo.
Faz-se necessário também sairmos de nós mesmos, do nosso mundo egoísta e
nos lançarmos ao próximo e tomarmos conhecimento de suas necessidades e segundo
a caridade de Cristo Jesus buscar supri-las.
Não é tão difícil descobrir essas necessidades - estamos em um mundo
marcado pelo pecado, há fome, violência, miséria de todo gênero, pobres de todas as
formas: espirituais e materiais, um coração que busca seguir o modelo da Trindade –
Comunidade Perfeita de Amor, jamais ficaria indiferente a esta realidade, aquele que
quer viver o Evangelho, aqueles que querem chamar-se cristãos, com certeza,
ofereceriam seus dons, não só espirituais, mas também materiais em vista do Reino de
Deus. Um bom Cristão preserva os direitos do próximo e lhe dá o que lhe é devido ou
necessário, para isso a Igreja nos convida a buscarmos a virtude da Justiça. (cf. CAT
2407).
Esvaziando-nos de nós mesmos, sejamos felizes, vivamos o Evangelho! A
solidariedade também nos ensina a Mãe Igreja, deve ser buscada, por ela vivemos
comunhão, partilha, doação, frutos do verdadeiro amor. Como bons Cristãos sigamos o
Senhor que se fez carne, homem como nós: “se fez pobre, embora fosse rico, para nos
enriquecer com sua pobreza”, Jesus, o solidário, nos deu seu grande bem: a Vida
Divina. Graças a ele somos chamados a Vida Divina (cf. CAT 2407). Como não
corresponder sendo solidário e partilhando os bens que Deus nos dá? Dons para o bem
comum.

Um belo exemplo de vivência do Evangelho que podemos citar é a própria


Comunidade cristã primitiva, sua vivência da unidade, em um mesmo corpo, o de
Cristo; a mesma mentalidade, a do Reino de Deus.
Deste ponto de vista fica fácil deduzirmos como se vivia a administração e
comunhão de bens, a própria Palavra de Deus nos mostra esta realidade: “A multidão
dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas
que possuía: mas tudo era colocado em comum. Com grande coragem os apóstolos
davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Em todos eles eram grande a
graça. Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam
terras ou casas vendiam-nas, e traziam o preço do que tinham vendido aos pés dos
apóstolos. Repartiam-se então a cada um deles conforme a sua necessidade.” (At 4,
32-35).
Muitas pessoas nos dias de hoje se sentem incomodadas com esta citação das
escrituras, e porque não dizer que até nós que buscamos viver uma vida Cristã
autentica nos sentimos incomodados ou queremos diminuir seu significado, no entanto
a Palavra de Deus é clara, há nesta citação um belo exemplo cristão de administração
de bens: A comunhão dos bens.
Esta comunhão de bens é autentica não somente porque eles ‘vendiam tudo e
traziam o que tinham aos pés dos apóstolos’, isso é muito pouco, isso é o exterior. A
autentica vida cristã que vemos nestes que viviam a comunhão de seus bens é antes
de tudo a conversão interior dos corações, que os faziam amar a Deus sobre todas as
coisas e ao seu próximo como a si mesmo.
Seus olhos não estavam voltados para si, mas para o próximo, eles se sentiam
um com seu próximo, é importante percebermos aí a mentalidade desta bendita
comunidade, cada um deles possuíam um ‘sentido de pertença’, ou seja eles tinham
identidade com sua comunidade, e tinham pelo Espírito Santo a revelação de seu fim :
o Reino de Deus. Compreende-se então a radicalidade evangélica na Igreja primitiva,
sobretudo na comunhão de bens, esta é a forma Cristã de administrar bens.
É nos espelhando nesta primeira comunidade cristã que seremos cristãos
autênticos que trabalham pela causa do Reino, só assim viveremos unidos e teremos
tudo em comum, somente assim partilharemos conforme a necessidade de cada um.
(cf. At 3, 44-45).”

FONTE
Manual de Formação Geral dos Projetos e Ministérios 2, tema 11: Administração dos
bens
ANEXO XI
Texto destinado ao pastor/pregador

COMUNHÃO DE AMOR
Moysés Azevedo

A comunhão de bens não é uma mentalidade financeira nem econômica. É um


assunto espiritual, evangélico, teológico e humano. O homem pode fazer a experiência
com Deus, ter intimidade com Ele, conhecer a sabedoria de Deus.
Deus é amor. Uma só natureza em três pessoas Divinas. Deus é uma comunhão
de amor. O Pai, tudo deu ao Filho. Tudo o que o Filho é e tem, recebeu do Pai. No
entanto, o Filho devolveu tudo o que recebeu ao Pai. Por amor foi se doando
inteiramente ao Pai. Amar é doar-se, é comunicar-se, é entregar-se. Como um hino de
louvor Ele entrega-se ao Pai.
Existe um amor que circula entre o Pai e o Filho que é o Espírito Santo. A Trindade
é uma comunhão e é tão forte que transborda na criação. Três pessoas que se amam
intensamente.
“Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. “Não é bom que o homem
esteja só”. Isto porque o homem é a imagem e semelhança de Deus. Deus criou o
homem para viver uma comunhão de amor, mas o demônio, o diabo, aquele que
divide, veio ferir o homem dividindo-o para afastá-lo de Deus, para dividi-lo de Deus,
dos outros e de toda a natureza. O homem ficou voltado para si e esqueceu de olhar
para Deus, para os irmãos e para a natureza. Seu coração encheu-se de egoísmo, de
rivalidade, de fechamento, de medo.
“O salário do pecado é a morte”. E o que é a morte senão a separação entre o
corpo e a alma. Fomos criados para viver a comunhão de amor e o pecado torna-nos
incapazes de viver esta comunhão, não mais voltado para Deus e para os homens,
mas para si mesmo.
Jesus veio ao mundo para dar a sua vida com a finalidade de reconciliar o
homem com Deus e uns com os outros. Dar ao homem a capacidade perdida, de
forma potencial, de amar a Deus e aos seus irmãos. A salvação que Jesus veio operar
em nós é salvar-nos do pecado e levar-nos a viver o mistério da Trindade.
Jesus ressuscitado, cheio do Espírito Santo, derrama o Seu Espírito, sopra o Seu
Espírito sobre os discípulos. O fruto desse derramamento do Espírito Santo é a
conversão dos discípulos concretizada através da fundação da primeira comunidade
cristã, do surgimento da primeira comunidade cristã, que é a realização da salvação
que Jesus realizou entre nós, é fruto concreto da oração de Jesus: “Pai que eles sejam
perfeito no amor”. Jesus quer que os homens sejam perfeitos na unidade ( At 4, 32).
Na comunidade cristã toma forma o desejo de Jesus, a comunhão de amor afetiva
e efetiva. A comunhão de amor é concreta, é visível, não é só sentimentos, bons
desejos. A comunhão espiritual de Cristo vem sobre nós pelos méritos da Sua Paixão,
Morte e Ressurreição. Porém para ela ser real precisa tornar-se concreta através da
unidade uns com os outros.
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. A medida do amor é um amor sem
medidas, é toda a graça espiritual que Ele derrama sobre nós e gera uma comunhão
fraterna, doação aos outros também materialmente. Se existe comunhão espiritual,
existe também comunhão material, se não a comunhão espiritual é fantasiosa. Viver a
salvação é viver a comunhão de amor com Deus e os irmãos de forma espiritual e
material, através da comunhão de bens espirituais e materiais.
Façamos um estudo na Palavra de Deus sobre a Comunhão de bens:
Lv 27, 30-31:
No antigo testamento vive-se á sombra do que iria se viver nos Atos dos
Apóstolos. Os judeus eram preparados para viver a comunhão de bens. Portanto, o
dízimo é apenas um sinal daquilo que será vivido plenamente com a vinda de Jesus.
Quando Jesus chega começa a mudar o relacionamento do homem com os bens.
Jesus fala com clareza sobre a obra de comunhão de amor que ele tinha sido
preparado para agora viver.
Como Jesus deseja que o homem viva?

Lc 12, 22-32:

Através desta passagem do Evangelho, Jesus nos revela que Deus é Pai. Ele cuida
de nós. Façamos a nossa parte e Ele nos dará o que necessitamos. Jesus começa a
inaugurar o tempo da revelação de que Deus é Pai e cuida de seus filhos. Ele deu a
capacidade, a inteligência, mas tudo vem Dele. Jesus faz-nos reconhecer quem é o
“dono de tudo”, por isto não sejamos arrogantes e orgulhosos.

Lc 16, 13:

Neste texto, Jesus nos ensina que não podemos servir a Deus e ao dinheiro.
Devemos centrar-nos no Pai não no dinheiro. Ou acreditamos que o Pai cuida de nós
ou vivemos como o mundo, como o pagão, como o dinheiro sendo um ídolo. O
discípulo de Jesus não pode ter o dinheiro como um ídolo.

Lc 6, 36ss:
O dinheiro não é um mau em si. Ele tem finalidade: a generosidade. O discípulo
de Jesus deve ser generoso, vive aquilo para o qual foi criado. Os seus bens tem a
finalidade de servir e o Pai está vendo e vai abençoa-lo. A medida que nós fizermos
será a medida que Deus fará conosco. Se fizermos pouco pelo Pai e pelos irmãos,
pouco o Senhor fará por nós. Se fizermos muito, muito o Senhor fará por nós. Quanto
mais nos doamos, mais partilhamos, mais Deus nos abençoa. A característica do
discípulo de Jesus é dividir, partilhar, libertar-se de sua insegurança.

At 20, 35:
Através destas palavras Jesus vem nos fazer entender que o caminho da
felicidade não é ficar centrado em si mesmo, mas em dar. Jesus só se entrega, só se
doa e Ele quer que os seus discípulos vivam isto com seus bens materiais. Há uma
felicidade, uma benção, uma graça que brota do ato de partilhar, da vivência da
comunhão de bens.

Lc 12, 33-34:
Com estas palavras Jesus grita para nós: Façam para vocês uma caderneta de
poupança imperecível, tesouro inalterável no céu, porque esta atitude mostrará aonde
está o seu coração. No medo? Na insegurança? Na incapacidade de amar com os seus
bens? O seu tesouro deve está no outro não em você mesmo, deve está em Deus.

Lc 21, 1-4:
Jesus considera que a capacidade de amar com os bens não acontece somente
quando sobra, mas também nos momentos de necessidades. A viúva deu tudo que ela
tinha para viver. Se ela foi capaz de dar na penúria, o que ela seria capaz de dar na
abundância. A partilha deve acontecer quando tudo está bem, mas também quando
tudo está difícil.
Lc 12, 16-21:
Jesus censura a ambição desmedida, a busca simplesmente do enriquecimento.
Ele é rico para si mesmo, mas não é rico para Deus. O rico para Deus é aquele que
partilha, sabe socorrer, sabe que tudo o que tem é de Deus, sabe que é apenas
administrador dos bens.

Lc 16, 9-12:
O administrador injusto faz amigos com o dinheiro injusto. Jesus não aprovou a
injustiça que ele cometeu, mas quer nos dizer para fazermos amigos com os nossos
bens, com o dinheiro que ele nos deu. Que o dinheiro de vocês sirva para socorrer,
partilhar. Se fores fiel no pouco que tem Eu lhes darei muito. Se pegamos o nosso
dinheiro somente para nós esse dinheiro é injusto, porque ele é todo de Deus. A
maneira como os homens relacionam-se com os seus bens é sinal de que são ou não
discípulos verdadeiros de Jesus. O verdadeiro discípulo de Jesus não ludibria o que é
de Deus.

I Tm 6, 17-19:
A nossa esperança não deve estar nos bens, mas em Deus. Os bens devem ser
usados como instrumentos para a nossa salvação.

II Cor 9, 6-12
Jesus vem nos falar que devemos viver como a Trindade vive, em santidade, assim
seremos abençoados por Deus. Estamos vivendo como Deus quer quanto aos bens.
Não viver a comunhão de bens é não ser feliz.
A comunhão de bens é uma dimensão indispensável da comunhão de amor. Se
temos a missão de levar os irmãos a fidelidade na oração, no Estudo Bíblico, também é
uma missão nossa levar os irmãos a comunhão de bens.
ANEXO XII
Texto destinado ao pastor/pregador

A PROMOÇÃO DO LOUVOR

No Escrito Carta à Comunidade 2005, o fundador faz uma síntese dos


principais aspectos do louvor que Deus quer de nos e fala dele na visão geral da
vocação e baseado no número 33 da Novo Millenium Ineunte, de João Paulo II, que
afirma, como nossos Estatutos e Escrito Amor Esponsal, que a ação de graças, o louvor
a adoração a contemplação, a escuta, os afetos de alma conduzem a um coração
verdadeiramente apaixonado por Deus. Com alegria, constatamos mais uma vez que
nosso Carisma não somente é profético enquanto tal, mas oferece visões proféticas de
inúmeros aspectos da vida espiritual e apostólica que, um dia, serão reafirmados pela
Igreja. Vejamos o texto do Moysés:

Oração em Comum
Dentro da nossa via, a oração comunitária tem um lugar todo particular. A
nossa oração comum é um momento de arrependimento, louvor, adoração, escuta e
intercessão. Como uma comunidade carismática de louvor, este marcará de maneira
especial o tom da nossa oração, assim como a abertura à ação e unção do Espírito por
meio do livre uso dos Seus carismas.

As nossas comunidades, amados irmãos e irmãs, devem tronar-se autênticas


escolas de oração, onde o encontro com Cristo não se exprima apenas em pedidos de
ajuda, mas também em ação de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta,
afetos de alma, até se chegar a um coração verdadeiramente apaixonado. (NMI 33)

Além do aspecto ressaltado acima, o fundador coloca claramente aspectos


antes apenas subtendidos nos Estatutos:

1. O louvor sempre foi uma das características que melhor definiram


nossa forma de orar
2. Isso tem fundamento na tradição da Igreja e na assistência do
Espírito, que jamais nos faltou
3. o louvor foi sendo vivido por nós como um exercício e sua vivência
nos fez descobrir que como dizem os Salmos, é bom e agradável
louvar o Senhor

Eis o texto:

O louvor sempre foi uma das características que mais definiram nossa forma
de orar, pois o Espírito e a Igreja nos ensinaram que é nosso dever dar graças, é a
nossa salvação darmos glória, em todo tempo e lugar. Com o exercício do louvor
fomos descobrindo como é bom e agradável louvar o Senhor.
Sua ultima recomendação, neste sentido, é pastoral – como, aliás, é pastoral o
tom de toda esta Carta. Interessante é que aqui ele coloca algo em que sempre insiste
quando faz suas exortações oralmente: a beleza e a harmonia como sustento e
incentivo ao louvor e fervor. Não se poderia falar do louvor na vocação Shalom sem
citar-se a boa, bela e harmônica música como sustentadora e incentivadora deste dom.
Embora tal só vá estar escrito neste último documento, o fundador é incansável em
sua recomendação quase “davídica” sobre o papel do ministro de música e da
influência fundamental da boa e adequada música e ambientação nas diversas
celebrações e orações.
Sendo assim, incentivamos os Formadores Comunitários a, sempre mais
abertos ao Espírito, animarem as casas e células comunitárias na beleza e harmonia do
louvor. Empenhem-se para que com instrumentos e músicas bem ministradas
sustente-se o louvor e favoreça-se o crescimento dos irmãos em uma oração com
fervor e harmonia. Procurem delegar a condução da oração a irmãos que tenham um
visível carisma para isto. Estes, por sua vez, procurem ensinar este serviço a outros
irmãos.

Ao encerrar o assunto, não se contem em enfatizar nem que seja em um


pequeno parágrafo a relação estreita entre o louvor, a unção e os carismas como
portas que abrem à ação de Deus.
Desta forma, a qualidade da nossa oração comum crescerá, as manifestações
carismáticas serão mais ungidas, a ação de Deus mais perceptível e eficaz.

Antes de começar a leitura da Carta, nosso fundador clama, mais uma vez, o
louvor como essencial à nossa vocação. Com sua oração terminamos este capítulo,
ressaltando mais uma vez como, para nosso fundador, o louvor é arma de combate
espiritual, ascese, conquista do Reino e destruição do pecado:

...que esta carta seja instrumento para gerar em nosso coração a boa obra de
louvor, de conversão. Conversão, Senhor, te pedimos para nós. Seja instrumento de
conversão e submissão ao Teu senhorio. Que toda idolatria caia por terra e seja
destruída e toda rebeldia seja expulsa e que a vontade do Pai reine sobre nós e em
cada um de nós. (Moysés, quando do lançamento do Escrito Carta à Comunidade
2005, na Páscoa deste mesmo ano).

FONTE
NOGUEIRA Emmir, Louvor Brasa Vida, Ed Shalom
ANEXO XIII
Texto destinado ao pastor/pregador

O QUE É E O QUE NÃO É SANTIDADE


Hubert von Zeller

“Mais do que mirabolantes façanhas místicas ou heroísmos de faquir, a santidade


consiste numa correspondência de amor. Trata-se de descobrir a presença de Deus em
tudo, dando-lhe glória através das mais corriqueiras realidades do dia a dia.

Se alguém pensa que santidade pessoal significa ter o nome no topo de um ranking,
está enganado. Se pensa que é algo que dá direito a ter uma data comemorativa no
calendário da Igreja, está enganado. Se pensa que é algo que traz consigo o poder de
fazer milagres, está enganado. Se pensa que é ter o olhar embevecido, num estado de
piedoso contentamento (ou de doce êxtase, ou de nobre e virtuosa distração), está
enganado. Santidade não tem nada a ver com estar acima dos outros, como que
pairando sobre eles.

O melhor é pensar na santidade como a atitude de quem, sendo generoso e fiel à


graça, devolve a Deus o amor que Ele lhe depositou na alma. Por isso, se podemos
querer ser santos, é mais por causa de Deus do que por iniciativa própria. Não
buscamos a santidade por sermos ambiciosos nem por querermos subir numa espécie
de carreira fantástica, mas porque Deus quer-nos santos e nós o louvamos quando
lutamos para alcançar a santidade.

Qualquer um pode ser santo – ou melhor, fingir que é santo – e ouvir elogios das
pessoas: “Nossa, como você é um santo”. Cedo ou tarde, porém, essa santidade acaba
dando em nada. Ou a pessoa percebe a armadilha em que caiu, faz-se humilde, e
tenta encaminhar-se para uma santidade real, ou então o esforço por manter as
aparências torna-se insustentável, provocando uma reação que a faz voltar-se para o
mundanismo e talvez até para um estado final de maldade. Todo o segredo da
santidade está em que ela depende da graça e por isso nunca pode ser considerada
um simples papel a representar.

Isso significa que mesmo que você esteja decidido a ser santo, não o será se confiar
só na sua força de vontade. A única coisa que pode levá-lo à santidade é a graça de
Deus. Você precisará de toda a sua força de vontade para trabalhar junto com a graça
de Deus, mas não imagine que para chegar ao final do caminho basta tomar umas
resoluções suficientemente firmes. Deus permitirá que você falhe em cumprir alguns
dos seus melhores propósitos antes mesmo de começar a caminhada, para que você
se ponha no seu devido lugar e veja que nada pode fazer sem Ele.

Estando humildemente convencido de que sozinho não se pode cumprir nem mesmo
aquilo que mais se quer, você estará então pronto para ser um instrumento de Deus.
Primeiro você vai ser amaciado como um bife. Quando toda a altivez, todo o orgulho e
todas as idealizações da santidade tiverem sido arrancados pela ação da verdade, e
você tiver os pés no chão, Deus terá matéria com que trabalhar. Sem falsas noções e
sem projetos fantasiosos, você começa a perceber o que é a verdadeira santidade e
quais são os planos que Deus tem em mente a seu respeito.

A razão disso é que Deus não está premiando o trabalho de outrem, mas o dEle
próprio. Não se pode esperar que Ele reconheça uma santidade para a qual não tenha
contribuído. A única perfeição, a única santidade é a de Deus. Deus permite que o
homem invente a sua própria idéia de santidade. Mas Deus não o ajuda a realizá-la
simplesmente porque ela não existe; é uma perda de tempo. É como procurar a luz do
luar numa noite sem Lua. Quando você percebe que a luz do luar emana de um
determinado lugar, e que só existe nele, já terá aprendido alguma coisa.

A SANTIDADE É INDIVIDUAL

Outra coisa a respeito da santidade que é preciso ter em conta desde o início é que ela
não segue nenhum padrão pré definido: será a que Deus queira, e como você não é
exatamente igual a nenhum outro, sua santidade não será exatamente igual a
nenhuma outra. O modelo de todos os santos é Nosso Senhor e somente procurando
imitá-lo é que se pode ir a alguma parte no caminho da santidade. Mas isso não
significa que todos os que o sigam terminarão sendo iguais: Nosso Senhor dirige a
cada um de nós um chamado específico, e cada um responde à sua maneira.

Se pedirmos um quadro da Crucifixão a vinte artistas diferentes, teremos em todos a


mesma cena, mas em vinte maneiras distintas. Haverá vinte pinturas diferentes. É
assim que Deus quer que lhe respondamos: cada um do seu jeito. Seria uma tolice que
um dos artistas se dedicasse a copiar exatamente o que seu vizinho estivesse
pintando, da mesma forma seria uma tolice um seguidor de Cristo dedicar-se a copiar
exatamente a santidade particular de um outro. O que deve fazer, já desde o início, é
concentrar-se em seguir a Cristo.

Considerar o modo como outros seguiram Nosso Senhor pode ser uma ótima ajuda,
assim como ver como os outros pintam, mas Cristo – que é o Caminho, a Verdade e a
Vida (Jo 14, 6)– quer que você dê algo seu, pessoal, algo que não seja simplesmente
uma cópia. Os santos fazem obras primas por serem parecidos com Cristo, não por
serem parecidos com os outros. Imitemos, sem dúvida, o modo de caminhar dos
santos, mas de modo algum copiemos os resultados. Deus quer um retrato original:
não uma falsificação.

O QUE FAZEM OS SANTOS

Pois bem, mas o que é que os santos fazem para chegar à santidade? Duas coisas. Por
um lado, ficam longe de tudo o que os impede de entrar pelos caminhos da graça e,
por outro, dirigem-se diretamente para Deus. Mas fazem tudo isso pela glória de Deus,
não por algum proveito que possam obter. Eles são os que “buscam antes o reino de
Deus” – mais pelo Rei do que por eles próprios – e estão dispostos a esperar o tempo
que Deus quiser até o dia em que “todo o resto lhes será dado por acréscimo” (cfr. Mt
6, 33).

Os santos, portanto, não tratam de fazer coisas especialmente santas (como ferozes
penitências, passar noites inteiras ajoelhados, milagres, profecias, êxtases na oração);
tratam de fazer tudo de um modo especialmente santo: exatamente do modo como
Deus quer que o façam. Para eles, a única coisa do mundo que importa é a vontade de
Deus. Sabem que cumprindo a vontade de Deus estarão imitando Nosso Senhor,
manifestando a caridade e sendo fiéis ao que há de melhor em si mesmos.

Tudo isso pode ser um grande estímulo para nós, pois mostra que o nosso serviço a
Deus não depende de como nos sentimos, mas de como Deus olha para o que
fazemos; não depende de que os nossos atos pareçam heróicos, mas da nossa
disposição em deixar que Deus tire heroísmo de nós; não depende de que
conquistemos à nossa maneira uma meta que nos faça merecedores do título de
“santo”, mas de que sigamos com total confiança o rumo marcado pela vontade de
Deus.

A santidade – como tudo na vida – deve ser encarada do ponto de vista de Deus, e
não do ponto de vista do homem. Viemos de Deus. Existimos por Ele. A nossa
santidade também deve vir dEle e existir para Ele. Cremos que a finalidade do homem,
da vida, da Criação, de tudo, é a glória de Deus. Mas o que isso significa para nós? O
que é “glória” afinal?

Santo Agostinho diz que a glória é um “claro conhecimento, unido ao louvor”. De fato,
mais do que simplesmente explicar o que a glória é, essa expressão nos diz o que
temos que fazer em relação a ela: a maneira de dar glória. Louvar a Deus na oração é
dar-lhe glória; servir ao próximo na caridade, também. Querer seguir a Cristo é dar-lhe
glória; desejar cumprir a vontade de Deus é dar-lhe glória. De forma que o ponto
central da santidade é que ela dá glória a Deus.

Cristo Nosso Senhor, que é a Santidade em pessoa, mostrou-nos como deu glória ao
Pai durante a sua vida terrena: Eu glorifiquei-te na Terra, consumando a obra que Me
deste a fazer (Jo 17, 4). Que obra era essa? Muito simples: a vontade do Pai. É claro
que isso implicou fazer muitas coisas específicas – como pregar, fazer milagres, fundar
a Igreja, sofrer a Paixão –, mas todas se resumem no cumprimento fiel da vontade do
Pai. Quando, próximo do fim, Jesus disse na Cruz: Tudo está consumado (Jo 19, 30),
não estava querendo dizer que a sua vida chegava ao fim, mas que a obra que o Pai
tinha-lhe encomendado, a tarefa de cumprir em tudo a divina vontade, estava agora
perfeitamente concluída e já não restava mais nada por fazer.

O QUE NÓS DEVEMOS FAZER

Fazendo-se obediente – até à morte – à vontade do Pai, Cristo deu-nos uma lição
sobre a glória. Sua obediência no dia-a-dia, em coisas que ninguém notou exceto sua
Mãe e os seus amigos mais próximos, deu tanta glória ao Pai quanto os seus muitos
milagres, orações e ensinamentos. Agora, como cristãos, o nosso principal dever é
reviver a vida de Cristo neste nosso mundo, mas não realizando as grandes ações de
Cristo e sim as pequenas. Assim como as pequenas coisas que Jesus fez não eram
pequenas aos olhos do Pai – porque estavam sendo perfeitamente cumpridas pelo
Filho –, também as pequenas coisas que façamos não serão pequenas para o Pai
porque nós, junto com o Seu Filho, estaremos tentando cumpri las perfeitamente.

Um dever bem simples e corriqueiro, como escrever uma carta de agradecimento ou


levantar pontualmente de manhã, pode dar grande glória a Deus: é a resposta que
damos ao que Ele nos pede. A pequenez da tarefa é engrandecida por participar da
obediência de Cristo. Da ponta da caneta (se estamos escrevendo a tal carta) a glória
flui até Deus; o esforço por sair da cama (se o nosso dever é levantar-nos
pontualmente) produz um efeito imediato de glória de Deus. Em cada instante do dia,
ao fazer o que temos de fazer por ser essa a vontade de Deus, lidamos com a glória.

Basta soprar de volta a Deus o ar da sua glória que inspiramos e chegaremos a


santidade. Assim como os peixes nadam no mar e os pássaros voam pelo ar, nós nos
movemos no que conviria chamar de “espaço de glória”. Não é como se tivéssemos de
ir a outro planeta para achar a santidade e dar glória a Deus, ou mesmo mudar de
posição neste nosso (se for, é claro, o lugar onde Deus quer que estejamos). Deus
está presente em toda parte, e tudo o que temos de fazer é viver e louvá-lo, seja onde
for.

Deus é glorificado por toda a sua Criação e não somente pelos seres humanos, que
podem usar as suas mentes para expressar em palavras o seu louvor. A Natureza
louva-o porque dEle recebe a sua existência e porque funciona de acordo com as leis
por Ele estabelecidas. É fácil ver que um pôr-do-sol, uma rosa, ou um cume nevado
dão glória a Deus, porque refletem algo da Beleza divina; mas também as coisas
grosseiras, como uma pedra, um repolho ou a chuva, dão glória a Deus. Subindo um
degrau acima, não temos muita dificuldade em ver que dão glória a Deus os pintinhos,
os cachorrinhos ou os filhotes recém-nascidos de urso polar que se vêem no zoológico,
porque essas criaturas são adoráveis e muito simpáticas; mas também as cobras, os
sapos e os ratos dão-lhe glória. Cada um dos elementos da Criação divina, tomado
isoladamente, dá glória a Deus por existir conforme o tipo de existência que Deus quis
que tivesse.

Essa idéia de que tudo traz em si um certo fulgor divino – como aquelas ondas de
calor provocadas pelo sol na superfície da água – parece evidente quando nos damos
ao trabalho de pensar nisso. Para os santos, essa visão da Criação é algo já
consolidado em suas mentes. Os objetos exteriores são vistos e amados como seres
que refletem Aquele que os fez. Isso é o que São Paulo dizia quando afirmava que os
seres visíveis estão aí para levar-nos ao conhecimento do Criador invisível. É por isso
que São Francisco de Assis chamava as coisas naturais como o céu, o sol e a lua, de
irmão ou irmã: todos eles são da família, todos têm os traços do Pai.

Imagine a diferença que faria em sua vida se em todo lugar você enxergasse à sua
volta placas de sinalização indicando a presença de Deus. Não somente a Natureza e
os seres humanos anunciariam a glória de Deus, mas até os acontecimentos de todos
os dias e de todas as horas você os acolheria como manifestações da vontade de
Deus. Isso o levaria a mostrar-se agradecido pelas coisas agradáveis que acontecem, e
a aceitar as coisas desagradáveis como ocasiões para poder participar da Paixão de
Cristo. Ou seja: você poderia viver o resto dos seus dias sob aquilo que Santo
Agostinho chamava de céu estrelado da vontade de Deus.

Isso é o que a santidade faz. Primeiro glorifica a Deus, fonte de tudo o que é santo; e
depois faz-nos descobrir mais e mais material com que expressar essa glória.

Enquanto alguns só vêem em suas obrigações deveres aborrecidos que é preciso


cumprir de qualquer jeito, o santo enxerga maravilhosas oportunidades.

Para aqueles, parece haver poucos sinais do amor de Deus neste mundo tão injusto e
conturbado; para o santo, pelo contrário, há sinais do amor divino por toda parte,
inclusive na confusão e nas desilusões.

Para aqueles, existem apenas pessoas: umas boas e outras detestáveis; para o santo,
existem almas: todas elas de algum modo amáveis e todas refletindo o amor de Deus.

Para aqueles, existem certas urgências e necessidades que devem causar-nos


preocupação; para o santo, nada nos deve preocupar, pois todas as urgências e
necessidades estão sob os cuidados de Deus.
Aqueles temem muitas espécies de males; o santo só teme um único mal: o pecado.”

Hubert von Zeller


Monge Beneditino da Abadia de Downside (Inglaterra), autor de numerosos livros
sobre a Sagrada Escritura e sobre temas de espiritualidade

FONTE
Catholic Answers
Link: http://www.catholic.com
Tradução: Quadrante
ANEXO XIV
Texto destinado ao pastor/pregador

TRÊS NOMES DE MÃE


Maria Emmir Nogueira

Nossa Senhora é invocada, na Comunidade Shalom, como Esposa do Espírito, Rainha


da Paz e Porta do Céu.
No entanto, acima de toda invocação, o sentimento que temos para com ela é o
sentimento de filhos de uma Mãe única, incomparável, que o Senhor desejou nos
deixar como precioso dom, ela que é a Perfeita Discípula e Primeira Igreja.
Esposa do Espírito
Certo é que muitos relacionam o título de Esposa do Espírito ao momento da
Anunciação. Embora sem desconsiderar em nada esta leitura, para nós o título sempre
foi mais ligado ao derramamento do Espírito Santo em Pentecostes e em João 20. Ela é
a Cheia do Espírito, a Plena do Espírito Santo porque é a Plena de Graça, a
Kekaritomene, não somente na Anunciação, mas durante toda a sua vida.
É belo acompanhar o itinerário de Maria – como diz Raniero Cantalamessa, a direção
espiritual de Jesus para com Sua Mãe – e perceber como ela teve tal intimidade com o
Espírito e foi de tal forma por Ele favorecida e assistida que cada reação, conduta,
postura e palavra foram absolutamente regidas por Ele.
É esta Mulher cheia do Espírito e, ao mesmo tempo, instrumento do Espírito Santo na
vida da Igreja, seja como Mãe, genitora, intercessora, seja como fidelíssima discípula
de Jesus Cristo o modelo que somos chamados a seguir como almas esposas de Jesus
sempre disponíveis ao Espírito Santo e por Ele conduzidas, vivenciando Seus frutos e
carismas para implantar no mundo o Shalom do Pai.
Rainha da Paz
Para nós, Maria, além de Esposa do Espírito, é a Rainha da Paz. Este título de Maria
evoca as aparições de Medjugorje. Tais aparições tenham sido de grande importância
no início de nossa caminhada, como afirma nosso fundador:
“Junto a eles está a Rainha da Paz, como Maria se intitula nas aparições de
Medjugorje, na Iugoslávia. Antes mesmo de conhecer o conteúdo de sua
mensagem nestas aparições, Deus já colocava em meu coração que a Rainha
da Paz tinha muito a nos falar. Foi grata a surpresa de ver enunciado em sua
mensagem o muito que Deus já colocara em nossa vocação. Apeguemo-nos
profunda e verdadeiramente Àquela que é a Esposa do Espírito Santo e
imploremos sua intercessão para que Ele gere em nossos corações o Amor
Esponsal a seu Filho Jesus.” (Escrito Obra Nova, 9)
Por outro lado, o título de Rainha da Paz na tradição da Igreja ultrapassa em muito as
aparições da Iugoslávia.
Para nós, tornou-se o símbolo da Mãe que exorta à oração:
Não haverá novo se não houver uma profunda vida de oração em cada um de
nós! A cada dia isto se torna mais real para mim. A Rainha da Paz (Medjugorje)
que fale por nós! (Escrito Obra Nova, 5).
Além do inequívoco apelo à vida de intensa oração, a Rainha da Paz foi, nos inícios de
nossa caminhada, indicação de que poderíamos servir a Deus em qualquer estado de
vida e que nosso chamado ao Amor Esponsal independia deste estado, como o
fundador expressa no Escrito Estados de Vida :
“Abertos a outros caminhos, à vocação (= estado de vida) que o Senhor tem
para nós, querendo buscar a verdade para a qual Ele nos criou e não aquilo
que já colocamos em nossa cabeça e não temos a coragem de entregar em
Suas mãos, estaremos no rumo certo da felicidade. Consola-me ouvir a este
respeito as declarações da Rainha da Paz, em Medjugorje.”
Como sabemos, ao ser interpelada pelos videntes acerca de seus estados de vida, a
Rainha da Paz aconselhou-os a fazerem eles mesmos o discernimento, não exigindo
que eles abraçassem esta ou aquela forma de vida.
Os títulos de Rainha da Paz e Esposa do Espírito se unem quando a Mãe é apresentada
pelo fundador como aquela que, inteiramente guiada pelo Espírito, é para nós exemplo
de que a Paz é um fruto da vida no Espírito, da experiência com Jesus Ressuscitado e
não fruto de nossos esforços meramente humanos:
A paz é fruto do Espírito Santo e somente por uma união profunda no Espírito
de Deus podemos ser embebidos dela. Não existe paz senão como fruto do
Espírito Santo, e nunca poderemos usufruir deste fruto se não o cultivarmos
através da oração e da renúncia de si mesmo (mortificação de que a Rainha da
Paz nos falou). É este caminho seguro que o Evangelho nos dá. É por ele que
queremos seguir. A ele desejamos abraçar, vivenciar e proclamar. (Escrito
Shalom, 9).
Também se confundem a Rainha da Paz e a Esposa do Espírito quando se fala da
proclamação da Paz como fruto da vida no Espírito, como algo que Ele nos dá
pessoalmente quando nos deixamos, como a Esposa do Espírito, possuir por Jesus
Cristo, Senhor.
Para proclamarmos a paz, temos, acima de tudo, que vivê-la, tê-la em nosso
coração. Temos que ser portadores desta paz pois não podemos dar o que não
possuímos, e a única maneira de possuir esta paz é deixar-se possuir por Jesus
Cristo, Senhor nosso. Como a Rainha da Paz disse, é no caminho da oração, do
mergulho no coração de Deus, no deixar-se encharcar do Seu Santo Espírito
que nós poderemos viver a Paz. (Escrito Shalom, 8)
A Rainha da Paz nos vem lembrar, enfim, que a Paz é fruto da conversão, da oração e
da mortificação, exatamente o caminho que nosso fundador nos apresenta em Obra
Nova e Amor Esponsal, escritos basilares de nossa vocação:
Quando N.Sra. em Medjugorje, onde se intitula Rainha da Paz, fala de paz,
"não se refere apenas à paz no sentido político, na ausência de conflitos entre
as nações, e sim à paz que é dom do
Porta do Céu
É evidente, por esses textos, que a Rainha da Paz e a Esposa do Espírito se entrelaçam
em nossa missão de anúncio da Paz.
A mesma coisa ocorre com a Porta do Céu. Introduzida em nossa vocação através do
ícone da Portaïtissa no final de 1994, pelas mãos do Pe. Daniel Ange, os
acontecimentos viriam a nos ensinar que para ser discípulo e ministro da paz o Senhor
pede de nós não somente a oração profunda e a vida no Espírito, não somente a
entrega total a Ele na intimidade profunda de almas esposas, não somente a
consciência de que a Paz é antes de tudo dom e fruto do Espírito a ser levado ao
mundo através da conversão, da oração e da mortificação, mas também, quando
necessário, através do martírio.
O ícone da Porta do Céu e o óleo colhido do ícone original em Toulouse foram
confiados ao nosso irmão Ronaldo Pereira pelo Pe. Daniel Ange. Ronaldo passou a
administrar o ícone que ficou na casa comunitária onde morava, a Casa Mãe.
Este irmão passou a dedicar devoção extraordinariamente intensa ao ícone e à
Imaculada através da consagração aos moldes de São Luis Grignon de Montfort.
Esta devoção misteriosa passou a ser positivamente notada pelos que moravam em
sua casa comunitária e a influenciar a todos com relação à devoção mariana.
Tendo recebido o ícone por volta de novembro de 94, Ronaldo veio a falecer em
acidente de carro em 17 de fevereiro de 1995.
Através da páscoa do Ronaldo Pereira, ocorrida no retorno de uma viagem missionária,
a Porta do Céu nos introduziu no mistério profundo da missionariedade e do martírio
do Filho e, Nele de todos os santos mártires, que deram sua vida para que o Shalom
do Pai fosse implantado nos corações.
Maria, nossa Mãe, é o modelo que queremos seguir, não por imitação presunçosa, mas
por imitação de amor. Ao imitá-la como Esposa do Espírito, Rainha da Paz e Porta do
Céu, estamos dando a Ela e ao seu Filho bela prova de amor. Tornamo-nos discípulos
Dela e de Cristo, uma vez que Ela é sua Perfeita Discípula. Imitar Maria em seu amor e
serviço ao Filho e à Igreja é a melhor forma de provar-lhe que a amamos e veneramos
tanto que queremos ser como ela em relação a Jesus e a todos os homens. Que nossa
vida seja sempre “sim” a Jesus e aos homens, como foi sempre “sim” a vida desta que
nós amamos como Mãe.

FONTE
Revista Shalom Maná, Maria Emmir Oquendo Nogueira
ANEXO XV
Texto destinado ao pastor/pregador

MARIA NA ESPIRITUALIDADE SHALOM

85. A dimensão Mariana da nossa espiritualidade nos conduz a uma relação


com Nossa Senhora sempre centralizada no mistério de Cristo. Para contemplarmos em
plenitude o rosto de Cristo, é indispensável fazê-lo por meio do olhar e do coração de
Maria. Na nossa vocação temos Maria como Mãe e Mestra espiritual no caminho da
Paz 19.
86. Já tendo tantas vezes falado sobre este dom que é Nossa Senhora em
nossa vida, gostaria de partilhar minha última experiência com ela, que me faz com
mais gratidão a ela me confiar.
87. Em maio de 2004, aprofundou-se para mim um período de grande desafio.
Posso dizer que este último ano, em especial, foi de grande prova. Nestes momentos
sempre busco no Senhor sustento espiritual específico onde possa apoiar-me diante de
cada tempo ou desafio particular. Em oração, procurei perceber o recurso que o
Senhor me inspirava. Naquela situação, percebi claramente, que o Senhor me
convidava a ir além da recitação do meu terço diário, convidando-me a meditar
diariamente os vinte mistérios do santo rosário. Imediatamente, decidi aumentar a
minha freqüência à escola de Maria para deixar-me, mais intensamente, introduzir na
contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu
amor20.
88. Posso sinceramente testemunhar os inúmeros frutos que recebi com a
recitação diária do santo rosário, tanto na minha vida espiritual, como nas intenções
nele encomendadas. O rosário diário transformou-se para mim em refrigério e
fortíssimo recurso de intercessão pela Comunidade e por todos os irmãos necessitados.
Pude contemplar grandes intervenções de Deus pelas mãos de Maria, a ponto da
famosa oração de S. Bernardo tomar um novo sabor em meus lábios: Nunca se ouviu
dizer que quem a vós tenha recorrido tenha sido por vós desamparado.
89. Não é a minha intenção com este testemunho aumentar o nosso
compromisso do terço diário, mas sim incentivar todos a renovar o seu relacionamento
amoroso e confiante com Nossa Senhora. Como filhos que precisam do afeto e
cuidados da Mãe, a ela recorramos cada dia da nossa vida. Por meio dela
mergulhemos mais intensamente no mistério de Cristo, recebendo a graça de, por
meio do caminho de Maria, encontrar o caminho da Paz.
90. Ao mesmo tempo, agradeço a todos os irmãos que livremente atendem ao
apelo de unirem-se a mim por meio da recitação do rosário, em favor das minhas
intenções. Ao contar com a generosa e contínua intercessão de vocês, tenho a certeza
de que também vocês usufruem de grandes graças.

FONTE
Moysés Azevedo
Escritos da Comunidade Católica Shalom - Carta à comunidade 2005

19
ECCSh, 82 – 86 e 189
20
RVM, 1
ANEXO XVI
Texto destinado ao pastor/pregador

Maria, mestra do amor

Todos nós necessitamos de pontos de referência, de pessoas que nos ensinem a


caminhar diante do novo de nossa vida, diante dos desafios que surgem no caminho.
Em nossa infância tivemos nossos mestres, nossa primeira professora que nos ensinou
a escrever as primeiras palavras, nossos mestres que nos prepararam para alcançar
uma cultura que nos capacitasse a nos integrarmos na sociedade. Mas foram nossos
pais, com certeza, os nossos primeiros mestres.

Eles nos formaram desde antes que nascêssemos e, desde o seio materno, já
começamos a aprender lições de vida. Que bom seria se só tivéssemos aprendido boas
lições e ensinamentos edificantes! Mas, infelizmente, não é assim, trazemos também
fatores dolorosos e marcas que muitas vezes nos arrastam para trás em nosso
processo de crescimento pessoal. Contudo, aprendemos com Jesus a transformar o
mal em bem e a fazer da necessidade virtude. Ou seja, aprendemos e tiramos proveito
também dos acontecimentos tristes e desagradáveis, transformando-os em degraus
em nossa escalada até o céu.
Temos uma grande mestra em nossa vida, se queremos trilhar os caminhos de Deus,
que não pode ser esquecida um dia sequer. É Maria, aquela que Jesus nos entregou
como mãe quando morria na cruz. É ela quem nos toma pela mão - como o fez com
Jesus menino - e nos ensina a dar os passos em nossa vida humana e em nossa vida
de fé. Podemos nos entregar sem reservas a ela, pois sua mão é firme e seu
ensinamento é seguro e muito atual.
Em Mt 7,15-20, Jesus nos diz que a árvore boa produz bons frutos. Olhando para toda
a vida do Senhor sobre esta terra vemos apenas gestos que revelam amor. Até nos
momentos de dor, de ira - como na expulsão dos vendilhões do templo -, de cansaço
etc., Jesus soube apenas expressar amor. Sua ternura para com os enfermos e
sofredores fazem-nos pensar em Maria que, em Nazaré, acolhia a todos que a
buscavam para prestar-lhes algum pequeno serviço.

É natural que Jesus aprendesse gestos humanos de amor com sua Mãe, pois o próprio
Evangelho diz que Ele 'crescia em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens'.
Jesus é amor, pois é filho de Deus e Deus é amor, como nos diz São João. Maria, por
participação, também se torna amor e gerou seu "fruto", Jesus - amor. Ela é a árvore
boa que produziu este excelente fruto. Contemplando mais de perto essa árvore,
podemos perceber alguns aspectos que se destacam e que podem ser para nós uma
verdadeira 'escola de amor':
Amor a Deus
Maria foi preservada do pecado em vista da concepção de Jesus. O pecado é nosso
grande "não" aos planos de Deus sobre nós. Como Maria estava isenta desse risco,
toda a sua vida foi um 'sim' constante à vontade de Deus. Seu amor a Ele foi tão
grande e puro que, conforme nos dizem os Padres da Igreja, Deus a encontrou sobre a
face da terra tão aberta à sua graça que a escolheu para ser a mãe de seu Filho
Unigênito. Amor gera amor, diz São João da Cruz, e isto se cumpriu na vida de Maria.
Amor filial
Detendo-nos um pouco sobre o amor de Maria para com seus pais, que a tradição
chama de "Joaquim e Ana", embora os Evangelhos nada digam a respeito, podemos
encontrar uma referência nas palavras que ela diz nas bodas de Caná: "Fazei tudo o
que ele vos disser". Maria foi aquela filha que soube acolher as palavras de seus pais e
deixar-se formar por eles.
Hoje existem formas diferentes de relacionamento entre pais e filhos e conhecemos
histórias muito bonitas de amor dentro das famílias. Há mais diálogo e partilha de vida,
criou-se uma maior participação dos filhos nos problemas e resoluções familiares. Mas
ainda há um longo caminho a ser percorrido por várias famílias e o respeito e a
submissão dos filhos aos pais, como o diálogo e compreensão dos pais para com seus
filhos continuam sendo valores para se preservar em todos os tempos e lugares.
Amor esponsal
Este aspecto do amor na vida de Nossa Senhora é muito profundo. Ela é chamada pela
Igreja de "esposa do Espírito Santo" e, como sabemos, também foi acolhida e
protegida por José, seu esposo. Maria soube viver o amor humano com todas as suas
expressões de ternura feminina, de entrega de si pela felicidade do lar, de atenção às
necessidades de cada ente querido que lhe foi entregue, sendo, portanto, verdadeira
esposa de José. Embora o amor entre eles fosse tão grande e forte, souberam oferecer
a Deus - para que o Filho de Deus encontrasse total disponibilidade da parte de seus
pais aqui na terra - a expressão da intimidade conjugal, tão importante na vida de todo
casal que se ama.
Maria, conforme a tradição, oferecera-se a Deus pelo voto de castidade. Deus acolheu
sua oferta e a preservou em sua virgindade "antes, durante e depois do parto", e teve
a delicadeza de lhe entregar como esposo José, homem justo, homem conforme o
coração de Deus, que acolheu este plano sobre a vida de sua família.
Era uma família especial e ao mesmo tempo simples como qualquer outra. Maria soube
ser esposa que se coloca ao lado de seu esposo em todos os momentos. Partiu com
ele para Belém, depois para o Egito, retornando a Nazaré, com toda lealdade e sem
dramas. Soube esquecer-se para ver seu lar feliz e em segurança. Apesar da pobreza
em que viviam, soube cuidar dos seus e das coisas que, com sacrifício, conseguiam
para sua casa.
A vida familiar é muito simples e bela, e os problemas que enfrentamos são desafios
que a fé nos ensina a superar. Maria, sendo esposa de José, soube também ser fiel ao
Espírito Santo que "veio sobre ela, cobrindo-a com sua sombra". Diz São João da Cruz
que "Maria jamais se deixou mover por criatura alguma, mas somente se deixou mover
pelo Espírito Santo em sua vida". Nela o Espírito Santo encontrou morada e plena
acolhida a suas moções.
Amor fraterno
É próprio do amor tomar a iniciativa, não esperar que o outro peça ajuda, mas
simplesmente se doar, gratuitamente. Quando o anjo anunciou a Maria que ela seria a
mãe do Salvador, ele apenas fez referência à gravidez de Isabel sua prima. Isabel não
enviou um pedido de ajuda a Maria, mas esta logo se pôs a caminho 'às pressas'. O
mesmo nas bodas de Caná, quando da falta do vinho, não foi necessário que os noivos
pedissem socorro, Maria percebeu a necessidade e agiu.
Nossa vida de comunidade - quer na vida religiosa, quer na vida laical ou familiar - é
rica em ocasiões para se fazer o bem. Nós vemos o bem a ser feito e, pergunto, por
que não o fazemos? Por que esperar que nos peçam, mandem ou obriguem? É tão
mais consolador quando podemos fazer algo em pura gratuidade, por que não nos
damos esta felicidade então?
É fácil notar que vivemos num mundo de muita informação, muitas palavras, muitos
cursos, capacitação, reuniões, congressos etc., mas me parece que existe uma
distância que precisa ser vencida entre a palavra e a ação. É bom que nos reunamos e
possamos discutir os problemas e soluções, mas é preciso a decisão de colocar em
prática o que se disse.
A impressão que se tem é de que basta dizer e chegar a conclusões e pronto. Porém,
isso não foi o que Maria, como nossa mestra, nos ensinou com sua vida. São poucas
suas palavras registradas nos evangelhos, mas muita foi sua ação. Ela fez e fez muito.
Sua maior ação foi acolher o Verbo de Deus em seu seio e gerá-lo para o mundo. Fez-
se serva não só em palavras, mas soube se colocar disponível a Deus e a todos que
dela precisavam. Talvez o axioma de São João da Cruz "calar e agir" esteja muito atual
ainda hoje e carecendo de ser vivido em nosso amor fraterno.
A vida fraterna também é feita de gestos de ternura que se repetem e se multiplicam,
em sua simplicidade, dando novo sentido e tornando concreto o amor fraterno. Não
basta dizer que nos amamos, não basta rezar juntos, comer juntos, dormir sob o
mesmo teto, é preciso expressar amor em gestos concretos, cuidando do outro,
olhando em seus olhos, sentindo 'com' ele, dando-lhe tempo para que partilhe sua
vida, ou seja, ouvindo-o e buscando conhecê-lo melhor, também deixando-se amar e
conhecer.
É um círculo de vida que se vai criando e tornando felizes aqueles com quem
convivemos. Olhando a ternura com que Maria esteve no cenáculo com os apóstolos
em oração, sua vida em Nazaré ou na comunidade primitiva, é impossível não tirar
lições de vida fraterna que sustentem nossa caminhada comunitária...
Amor fiel
O amor se prova nos momentos de crise. Amar uma pessoa que está bem, que é bem-
sucedida, tem saúde, está de bem com você e com a vida é fácil, até os ateus fazem.
Agora, amar quem está mal, perdeu todos os seus bens, ou está doente e precisa de
sua presença amiga, ou mesmo que, por algum motivo, não correspondeu à sua
expectativa, isto sim é amor de verdade. Amar um viciado, um alcoólatra, uma pessoa
que está destruindo sua vida, um condenado... aí está o amor em toda a sua
gratuidade. Maria amou seu Filho até o fim. Quando todos o abandonaram, quando Ele
era tido como malfeitor e ia ser executado por isso, quando ela corria risco por estar
do lado dele naquele momento, Maria estava lá, de pé, com dignidade e força. Sofria
mas não se desesperava, e sua presença ali, com certeza, foi uma grande força para
Jesus. Quem ama não tem medo de nada nem de ninguém. Está disposto a dar a vida
pela pessoa amada.
Amor transcendente
Finalmente vejo Maria como mestra de um amor transcendente, um amor que
ultrapassa os limites do tempo e do espaço. São Paulo já dizia que "a caridade jamais
passará", e vemos o amor de Maria tão imensamente profundo que transbordou pelos
dois milênios de história e chega até nós, com perspectiva de chegar até o fim dos
tempos, quando o Senhor voltar em glória.
Se amamos, temos esta convicção de não nos limitarmos a este determinado lugar ou
espaço, o amor nos dá asas e nos faz voar, nos dá condições de sermos um com a
pessoa amada ainda que esta esteja distante.
O amor é unitivo e esta unidade transcende o nosso ser e a própria razão para chegar
ao outro. Este amor vemos em Maria, orante. Ela viveu uma profunda comunhão de
amor com Deus na oração. Como nossa Mestra, olhemos para a intimidade de seu
coração, todo aberto ao Espírito Santo, todo atento ao menor toque de Deus sobre si e
sobre os que a rodeiam. Só uma comunhão constante com o Senhor poderia capacitá-
la para viver sua missão de Mãe do Redentor e Mãe da Igreja. Quando Deus nos
entrega uma missão Ele nos prepara, nos educa a ela, e isto se dá primeiramente na
oração, e numa oração de total entrega e atenção amorosa a Ele.
Conclusão
Contemplando Maria como nossa mestra de amor, vemos como ainda estamos longe
de amar como o Senhor quer que amemos, mas ao mesmo tempo temos a segurança
de não caminharmos sozinhos nesta aventura. A vida adquire novo sentido quando nos
decidimos a amar e a deixar-nos amar. Nunca nos esqueçamos desta mestra que pode
nos ensinar muito a amar de forma concreta e eficaz a quem se aproxima de nós.
FONTE
Portal Shalom
http://www.comshalom.org/formacao/maria/maria_mestra_amor.html
MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA
CELEBRAÇÃO O ENCONTRO COM O RESSUSCITADO

Querido pastor,

Essa celebração foi elaborada para você que coordena o grupo de oração dentro do
Caminho da Paz, na fase Filotéia. Ela deve ser feita no retiro do Grupo de oração ao
final da fase, e introduzirá e será uma motivação para que as ovelhas desejem ir para
a fase seguinte (Metanóia).

Nesta celebração será enfocada a conversão, tema principal da próxima fase, isto será
feito através de momentos principalmente de arrependimento e de decisão por Cristo,
nela será entregue uma vela, sinal da adesão à vida de Cristo, à vida na graça (a luz
em oposição às trevas).
Obs: As velas deverão ser bonitas, para que as ovelhas utilizem no altar da sua casa,
junto com ícone que receberam na fase anterior.

A celebração deve ser preparada com antecedência pelo pastor e seu núcleo, deve-se
preparar bem, segundo a orientação, a simbólica do ambiente para que as ovelhas
vivam bem esse momento. O pastor deve entender bem o sentido da celebração para
a condução da mesma em cada momento. Mesmo que toda a celebração seja
orientada, o pastor deve estar aberto à condução do espírito e abertos aos carismas.

Que sejam abundantes os frutos desta celebração na vida das ovelhas.

Shalom,
Assistência Apostólica
CELEBRAÇÃO O ENCONTRO COM O RESSUSCITADO

A DECISÃO POR CRISTO NASCE DO ENCONTRO PESSOAL COM O RESSUSCITADO

SIMBÓLICA DA CELEBRAÇÃO

A simbólica será disposta da seguinte maneira: em um mesmo ambiente


celebrativo disporá de um pequeno “altar” que será feito por algumas pedras, que
podem ser pedras de paralelepípedo ou de pedras de calçamento, desde que
expressem um ambiente rústico. Esse altar poderá ser no tamanho de mais ou menos
50cm, com uma pira no centro ou do lado. Essa pira poderá ser feita de uma
lamparina de barro com óleo e um pavio maior (mais grosso), que dure mais e ilumine
mais, representando a descida do Espírito Santo.
Além do altar e da pira, também estará no ambiente celebrativo uma cruz rústica
feita de madeira, que estará por trás do altar, e juntamente com um ícone de São
Tomé, que estará no lado direito do altar. A pira será acesa no terceiro momento,
simbolizando a descida do Espírito Santo em pentecostes.
No ícone de São Tomé e em todo o espaço poderão ter outras velas (ou
lamparinas) para que a celebração não aconteça em total escuridão, mas que não
devem tirar o destaque da pira que será acesa no terceiro momento.
Em algum lugar também devem ter velas (não serão acesas) que as ovelhas
receberão como sinal de adesão à vida na graça.

ESQUEMA

Material para a celebração:


• Pira (grande) • Outras velas para iluminar
• Cruz o ambiente
• Pedras grandes e Gravetos • Panos para decoração do
• Ícone ou Paneau de Tomé ambiente
• Velas para as ovelhas
1º Momento
O SACRIFÍCIO DE ISSAC (o sentido de estarmos no grupo de oração)

1- Sentido do momento

Para se trilhar um caminho de conversão, é preciso, essencialmente, escutar de Deus.


Abraão foi provado por Deus, para que aderisse ao Plano Divino ao seu respeito. Assim também é
conosco. Deus nos chama a trilhar um caminho de conversão, pois não basta estar freqüentando o
grupo de oração, mas é necessário uma mudança profunda de vida, superando mentalidades e
acomodações interiores e exteriores.
Abrir-se a escuta de Deus é deixar com que Deus seja Deus nas nossas vidas. A força da
presença de Deus gera em nós um profundo desejo de se voltar para Deus por inteiro. Da mesma
forma que Abraão precisava escutar de Deus e responder numa postura de prontidão, deve-se
clamar a Deus essa sua presença amorosa que vem a nos falar e de nos dispor para um caminho
de santidade.
Por isso, aqui neste momento haverá uma pregação que será dada pelo pastor como uma
forte intervenção de Deus nas suas vidas. A voz do pastor que é a voz de Deus que fala de forma
particular a cada uma das ovelhas, pois o pastor conhece as suas ovelhas e suas ovelhas escutam
a sua voz.
Assim, nesse momento, apresenta-se para nós a clareza da voz de Deus com o poder de
direcionar a nossa vida de forma concreta e radical: “Toma o teu filho, teu único filho que tanto
amas, Issac”. Tomar a nossa vida, aquilo que tanto amamos, e colocar nas mãos de Deus, exige
uma postura de despojamento.

2- Condução do momento

a) CLAMOR AO ESPÍRITO - Iniciar com um canto , suplicando a presença do Espírito


Santo para que Ele venha em nosso auxílio, abrindo-nos para a oração;
b) LEITURA - Ler Gn 21, 1-3; 22, 1-12; O pastor ou outra pessoa pode fazer a
leitura que deve ser feita em oração, bem compassadamente; todos podem
acompanhar nas suas bíblias, mas deve-se evitar a dispersão, os que preferirem
podem somente escutar.
c) PREGAÇÃO - Em oração, os participantes da celebração sentam e escutam uma
breve pregação do Pastor do Grupo (cerca de 20 minutos no máximo). É uma
reflexão sobre a escolha livre de se ofertar, refletindo acerca da autenticidade do
nosso seguimento a Jesus, já que se não for verdadeiro, se não for por inteiro, não
se fala em oferta de vida e não há adesão à Vontade de Deus; (Ver esquema da
pregação em anexo)
d) REFLEXÃO – Após a breve pregação, enquanto o violão toca suavemente, deve-se
fazer um momento para as ovelhas pensarem naquilo que foi pregado. O pastor
deve motivar se abrindo desde já ao que Deus quer falar. Levá-los a dar nome aquilo
que é de Deus e tomamos para nós.

A duração de todo este momento não deve ser mais que 45 minutos

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2º Momento:
A EXPERIÊNCIA DE TOMÉ (a nossa experiência com o Ressuscitado que passou pela cruz)

1- Sentido do momento

Ao escutar a Palavra de Deus e a reflexão do Pastor do grupo, deve haver o desejo de


também trazermos para as nossas vidas esse propósito de mudança de vida. Olhar para a nossa
vida, com o olhar da verdade que é dado por Cristo, faz-nos reconhecermos pequenos diante dos
planos de Deus, mas ao mesmo tempo, o próprio abandono nas mãos de Deus gera em nós uma
profunda experiência de liberdade.
A oração dar-se-á por um caminho de conversão pessoal, no qual devemos tomar a nossa
cruz, que é assumir o seguimento a Cristo que nos amou primeiro e se ofertou incondicionalmente
na cruz. E que nós por gratidão devemos nos ofertar livremente.
Assim, devemos tomar a vida de São Tomé, o grande exemplo daquele que teve uma
experiência de ser resgatado por Cristo por conta de misericórdia de Deus. O toque no lado aberto
representa o renascimento na fé, por meio da conversão pessoal e adesão ao plano de Deus para
as nossas vidas.

2- Condução do momento

a) CANTO MOTIVACIONAL - Iniciar com o canto (Senhor tu sabes tudo – Cantai nº


1663), levando a rezar com essa música, defrontando com as nossas fragilidades e
quedas diante de Deus. Deus quer que sejamos livres, livres do domínio do
pecado e da morte, de estar distante de Deus e dos seus planos. Por isso, essa
canção e oração devem dar uma experiência de penitência e arrependimento
diante das nossas faltas, para que livremente Deus possa nos libertar da nossa vida
presa em si mesmo;
b) ORAÇÃO - CONTEMPLAR A CRUZ - Contemplar a cruz como o lugar da salvação
e que Cristo morreu por nossos pecados. O lugar da cruz é o lugar do sacrifício. A
cruz é o lugar de morremos para nós mesmos. Nós para seguirmos a Cristo devemos
nos lançar num caminho pascal: de oferta de si mesmo, movidos pela oferta de
Cristo na cruz. Enfim, a oferta de Cristo e o amor que Ele tem por nós devem
mover o nosso coração para essa mesma atitude: Se ofertar na cruz como
uma postura de adesão e mudança de vida radical, inspirados e iluminados
por Cristo. Por isso, é importante conduzir uma oração de contemplação da cruz de
Cristo, pois é na cruz o lugar de nossa salvação e de nossa adesão radical aos planos
de Deus;
c) CLAMAR A CONVERSÃO – Deve-se motivar as ovelhas a clamar a conversão de
forma pessoal. É importante que seja motivado esse desejo pessoal.
d) LEITURA - Ler Jo 20, 24-29. Reze sobre esta Palavra, trazendo para a vida das
ovelhas do grupo a importância de estar inserido no grupo de oração como lugar da
manifestação e experiência com o Ressuscitado, em especial com aqueles que estão
distantes do grupo de oração, ou desanimados para perseverar;
e) CLAMAR A EXPERIÊNCIA DE TOMÉ – (Diante do ícone de Tomé) O mistério da
Cruz e ressurreição são contemplados por meio de um encontro pessoal com Cristo.
Possa-se motivar essa mesma graça que Tomé recebeu, de ter uma profunda
experiência de fé e adesão a Deus, porque o Todo-poderoso veio ao nosso encontro
de forma pessoal, retirando de nossa incredulidade e indiferença, já que é só sob a
ação da graça e misericórdia de Deus que podemos o seguir.

A duração de todo este momento não deve ser mais que 30 minutos

3º Momento
ESPÍRITO SANTO: A FORÇA DO RESSUSCITADO

1- Sentido do momento
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Depois da pregação no primeiro momento da celebração, em que se frisou sobre a
importância da escuta da voz de Deus como caminho de santidade e de decisão por Deus,
passamos para o segundo momento, que foi a oração e reflexão com a cruz como lugar de
sacrifício e salvação, no qual devemos partir do sacrifício de Cristo para encontrarmos o nosso
lugar enquanto igreja e grupo de oração. Para isso, tomamos Tomé, antes da sua experiência com
o Ressuscitado e depois da sua experiência com o Ressuscitado.
Já neste último momento, mergulharemos numa experiência com o Espírito do Ressuscitado.
É Ele que nos dá a força e a clareza da vontade de Deus para as nossas vidas. É ele que nos move
para uma vivência radical do evangelho, do ser jovem santo, casto, obediente a vontade de Deus.
Então, compreendemos que a ação do Espírito Santo é essencial para a nossa decisão por
Deus. Sabemos que o Espírito Santo age por meio da experiência de dar de si mesmo, como oferta
agradável a Deus, e a partir daí, receber o Espírito Santo como Dom pleno e também como
pessoa. O espírito Santo só age em nós se nos ofertarmos, pois não há descida do espírito sem
oferta, e da mesma forma, não há oferta de vida sem uma descida do Espírito Santo. Quando nos
decidimos por Deus, por meio de uma experiência pessoal com Cristo Ressuscitado,
experimentamos a efusão do Espírito. E é só plenos do Espírito que podemos falar em
metanóia.

2- Condução do momento

a) CLAMOR AO ESPIRITO – ACENDE A PIRA - Inicia-se com um canto fervoroso


ao Espírito. Durante esse canto, o Pastor do grupo ascende à pira do altar, que
representa a descida do Espírito Santo;
b) EFUSÃO DO ESPÍRITO - O Pastor do grupo e núcleo rezarão por cada ovelha do
grupo, clamando um novo pentecostes, uma experiência nova com o batismo do
Espírito Santo;
c) ABERTURA AOS DONS - Durante essa experiência de um novo pentecostes,
motivar-se-á para que todos também se abram aos dons do Espírito, seja ao canto
ou louvor em línguas, palavras de ciência e sabedoria, cura e milagres, enfim, que a
força do Ressuscitado opere de forma concreta por meio da adesão radical ao
caminho de santidade por todos aqueles que buscaram aderir aos planos de Deus;
d) OFERTA DE VIDA – Finalizando a oração faça uma oração de oferta de suas vidas
a Deus. Essa oração requer uma adesão concreta, por meio de palavras e também
de coração, deixando com que a ação de Deus mova os corações a um compromisso
de vida, por meio da gratidão a experiência do amor de Deus nas vidas
deles;
e) CÂNTICO – Um cântico de oferta de vida e adesão à Cristo. Com o mesmo canto,
se fará a entrega do símbolo.

f) SÍMBOLO – Próximo à pira, ou em outro lugar, devem-se ter velas (1 para cada
ovelha). O pastor deve motivar:

Jesus, Teu amor vale mais que todas as coisas. Por isto te entregamos tudo, por
amor queremos nos unir à ti e dar mais um passo no teu seguimento. Sabemos que
nada podemos e por isto, por amor, Tu nos envias o teu Espírito Santo que faz
novas todas as coisas, Tu nos dás a graça de como Tomé tocar em teu lado aberto
e experimentar da tua Ressurreição. Queremos hoje dar um passo sem volta,
confiando somente na tua graça que nos sustentará a cada dia.

E continua:
Agora, aqueles que reconhecem a sua fraqueza e o imenso amor de Cristo e que
querem aderir á Ele devem, um por vez, pegar uma vela. Esta vela simbolizará a
vida nova a adesão a Cristo e sua Cruz. “Sim Pai, não é fácil, mas eu desejo, eu
quero, eu vou. Amém”
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g) DESERTO – Ainda em oração todos devem anotar o rhema da celebração (o que
ficou mais forte) e após isto anotar os propósitos de vida nova.
h) MARIA - Finalize a celebração com um canto final consagrando as suas vidas nas
mãos da Virgem Maria;

A duração de todo este momento não deve ser mais que 30 minutos

Momento de Partilha
Ao fim da celebração pode-se fazer um momento de partilha com todo o grupo.

ASSESSORIA LITÚRGICO-SACRAMENTAL
ASSISTÊNCIA APOSTÓLICA

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ANEXO CONVERSÃO

Após a leitura de Gn 21, 1-3; 22, 1-12, comece a pregação explicando que:

Issac é o filho esperado por Abraão, o filho da promessa, aquele com quem Deus irá estabelecer a
Aliança, e Deus pede:
“Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, lá tu o oferecerás em
holocausto sobre um dos montes que eu te indicar.” Gn 22,2

Contextualize a leitura:
• A adesão à Vontade de Deus deve ser total
• Abraão não hesita diante da Vontade de Deus
• A verdadeira oferta de vida é ADESÃO TOTAL À VONTADE DE DEUS.
"Nossa conformidade com a Vontade de Deus deve ser total, sem condição, constante e irrevogável" Ronaldo
Pereira

A pregação deve se questionar acerca da vida que amamos (das mentalidades, modismos,
diversões, forma de nos relacionar, o nosso nível de autoconhecimento e humildade em
reconhecer às nossas fraquezas), e como devemos nos colocar no altar do sacrifício, apresentando
a Deus a nossa própria vida;
• Até onde estamos dispostos a renunciar por Deus?
o Renunciar o que é RUIM
 Modismos que ferem a castidade
 Locais que não convém
 Conversas, Amizades, etc.
 Exemplos da realidade, que há resistência das ovelhas
 Essas coisas valem mais que Deus?
o Renunciar até o que é BOM, mas que Deus não quer.
 Os meus “Isaacs” – Deus mesmo me deu, mas hoje preciso ofertar.

• CORAGEM
• A minha resposta: ir ao local da oferta e colocar sobre o altar do Senhor

Lembrar que a fase que irão entrar é a METANÓIA, que significa CONVERSÃO, conversão total a
Jesus. A conversão é pessoal, não nos convertemos juntos, mas pessoalmente. Já tivemos nossa
primeira experiência no nosso SVES, mas agora daremos um passo mais verdadeiro e concreto é o
que chamamos de SEGUNDA CONVERSÃO.
A segunda conversão é firmada em bases solidas. Conhecemos verdadeiramente Jesus durante
esse ano de Caminhada no Grupo, descobrimos que o caminho dele é a CRUZ e queremos nos unir
à Ele, à sua Cruz.
Motive bem as ovelhas que o caminho é LIVRE e PESSOAL, somente deve trilhá-lo aquele que
deseja, livremente.

“É fundamental não nos enganarmos e reconhecermos o velho em nós, que não é na verdade aquilo que Deus quer,
mas sim fruto do pecado, dos nossos pecados (orgulho, vaidade, rebeldia, inveja, gula, falta de autodomínio, impurezas,
paixões, partidos ciúmes, briga, inimizades, rancor, ambição, etc.) fruto da nossa má educação na qual muitos de nós
fomos formados e dos nossos traumas, feridas, etc.”
(Escritos da Comunidade Católica Shalom, Obra Nova)

Dê um momento para que as ovelhas pensem naquilo que foi pregado e decidam-se
livremente pela conversão.

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