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Metanóia ou Metamorfose?

O termo metamorfose denota "mudança completa de forma, natureza ou


estrutura; transformação, transmutação.", ou ainda "mudança relativamente
rápida e intensa de forma, estrutura e hábitos que ocorre durante o ciclo de
vida." Essa constante transformação, típica do pensamento pós-moderno, está
levando a igreja de hoje a uma descaracterização e abandono de suas raízes
bíblicas mais puras.

Na igreja moderna, tudo é pensado e adaptado para não causar choque,


constrangimento e dificuldade de adaptação aos recém chegados. A começar
pelo ambiente físico com suas paredes pintadas de preto, uso intenso de
iluminação colorida, cortinas de fumaça e outros dispositivos, para que se
pareça ao máximo com as casas de shows que os jovens frequentam.

A música também é um "show" a parte. Os ritmos populares, a performance


dos cantores e dançarinos em nada lembram uma liturgia. Os grupos de
louvor, embora insistam, não ministram, apenas se apresentam e contam com
as manifestações acaloradas em forma de apupos e aplausos como retorno
para seus egos. E por falar em ego, as letras das músicas são egocêntricas e
levam a um antropocentrismo quase ególatra! Os mais famosos desses
superstars cobram altos cachês, são idolatrados pelos fãs, fazem exigências de
estrelismo em hotéis e camarins e, geralmente, dão um péssimo testemunho
quando insistem em participar de programas de televisão preparados para
humilhá-los e denegrir o evangelho por conta de seus paupérrimos
conhecimentos bíblicos.

Entre os famosos há também os pregadores. Alguns não pisam no palco (antes


conhecido como altar) sem que o cachê tenha sido depositado na conta. Na
igreja moderna, o sermão bíblico em estilo homilético ou expositivo, foi
sistematicamente substituído por palestras motivacionais com apelos em
programação neurolinguística, ferramentas de coaching, testemunhos
falsificados ou floreados e, pasmem – até standups! É comum a presença de
um elemento curioso; os pregadores itinerantes, que são pastores que não
tem ovelhas, mas gostam de "descer o cajado" nas ovelhas dos outros. Não
apascentam, não discipulam e não aconselham pois passam a vida entre
aviões e hotéis.

A igreja moderna é midiática e totalmente antenada em tudo o que há de


novidade. Assim que surgem coisas novas, essas são imediatamente
integradas no cotidiano eclesial, sejam gírias, ritmos, tecnologias, filosofias,
abordagens bíblicas, tudo enfim. Afinal de contas, "reza" a pós modernidade
que velhas estruturas devem ser desconstruídas, que os conceitos são
multifacetados e que não há um centro monolítico de saber. Ideias
antagônicas devem conviver pacificamente em função do relativismo ético e
moral. Por conta desse embotamento da visão, a igreja moderna pode, sem
constrangimento, gastar milhões em eventos com os figurões gospels e
nenhum centavo para socorrer seus órfãos e viúvas, por exemplo.

A igreja moderna é também um tanto bipolar! Ao mesmo tempo em que, em


sua conduta diária, rejeita a cultura judaico-cristã e se aproxima do
pensamento greco-romano, tenta trazer para seus ajuntamentos, seminários e
congressos, os objetos culturais e cultuais do judaísmo. É comum ver os
ministros evangélicos trajando seus talites e quipás, introduzindo arcas e
menorás e comemorando todas as festas do calendário judaico. Curiosamente
em algumas dessas igrejas a celebração da Ceia do Senhor foi reduzida a um
evento anual (as vezes nem isso) e sem o significado bíblico correto. Na igreja
moderna, os que não vão a Israel e não se batizam sete vezes no rio Jordão
são, de maneira velada, considerados crentes de segunda classe.

A igreja moderna é estranha! Em sua corrida desvairada, substituiu a metanóia


pela metamorfose. Preferiu a mensagem de um cantor popular e assumiu que
prefere "ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião
formada sobre tudo, sobre o que é o amor…". Em vez de corpo vivo quis ser
metamorfose ambulante! Corpo vivo vive a zoe, metamorfose, apenas a bio!

Graça e paz para alguns, shalom para outros e misericórdia para todos!

Pense nisso!

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