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PEDRO LOBATO MORGADO

FILOSOFIA DE FORMAÇÃO ESPIRITUAL PARA APLICAÇÃO

PESSOAL E MINISTERIAL

Projeto de Pesquisa apresentado no curso de

Mestrado do Seminário Bíblico Palavra da Vida.

Orientador: Professor Lucas Sabatier

ATIBAIA – SP

2023
1. DESCRIÇÃO DO SEU ENTENDIMENTO TEOLÓGICO DA

FORMAÇÃO ESPIRITUAL – COMO AS PESSOAS CRESCEM

ESPIRITUALMENTE?

Salmos 119.2: "Como são felizes os que obedecem aos seus estatutos e de todo o

coração o buscam”

Salmos 1.1,2: “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a

conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua

satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite”.

Na minha opinião o crescimento espiritual só é possível a partir de uma relação,

pois é nessa relação que enxergamos que somos, e quem ele é. Defino essa relação com

uma palavra conhecida por muitos cristãos: Devoção.

Esta devoção precisa ser uma atitude diária e práticas em nossos dias, para que

experimentemos o crescimento Espiritual.

Devocional é uma palavra conhecida por todos os cristãos, aplicada apenas por

parte dos cristãos e desfrutada por muito poucos cristãos. Pessoalmente acredito que é

essencial no crescimento espiritual de um cristão, pois diante da correria e agitação do

dia-a-dia, um dos grandes desafios que temos é o desenvolvimento constante de uma

vida de devocional.

Embora a maioria saiba que a devocional, é um período de dedicação de um

cristão para leitura bíblica e oração; precisamos encarar o fato de que existe uma forma

certa a se fazer.
Não é uma regra sistemática comum para todos, não basta se determinar uma

quantidade de capítulos a ser lido, ou uma quantidade de minutos em oração ou um

horário especifico do dia a ser feito, isso precisa ser feito de forma certa e produtiva.

E como seria a forma certa? Seria um tanto prepotente da minha parte, se eu

dissesse que tenho a receita certa da devocional. Mas ao meu ver, existem duas

características essências que devem compor essa devoção:

- Precisa ser feita em aquietação.

Ler a bíblia e orar em momentos do nosso dia que pouco podemos fazer além

disso, nem sempre é proveitoso. Como por exemplo, a leitura bíblica em um ônibus

cheio a caminho do trabalho, no meio da sonolência do horário do almoço ou antes de

dormir, onde pouco se absorve, mas apenas “cumpre” uma disciplina, é na maioria das

vezes insatisfatório.

Ao invés disso, deveríamos dentro da nossa limitação de tempo, desenvolver uma

vida devocional com leitura bíblica, oração, adoração, mas que seja feita de forma

autêntica em aquietação.

Ao mergulharmos nas sagradas palavras das Escrituras, na palavra de um Deus

que é Supremo, Santo e Poderoso, a nossa leitura precisa ser regada de comunicação

com esse Deus, de contemplação da sua majestade, e isso só pode ser feito na

aquietação da nossa alma.

Não dá para vivermos essa devocional, pensando nos nossos afazeres de casa, e

do trabalho, nos nossos filhos e conjugues; mas precisamos fazer exclusivamente com

um coração devoto a Deus, saboreando a sua palavra, consequentemente desfrutando de

uma relação íntima com o escritor.


Como diz uma frase de um escritor desconhecido: “A bíblia é o único livro que se

lê na presença do autor”.

Embora seja apaixonado em pesquisar ás línguas originais e os significados mais

profundos de uma palavra ou contexto; isso não é mais importante do que a aquietação

da minha alma no tempo de devoção.

Diante disso, precisamos diligentemente adotar uma postura de aquietação diante

de Deus em nosso devocional; quanto mais fizermos isso, mais seremos ensinados pelo

Espirito de Deus, que nos ajuda a compreender sua santa palavra, e nos guia nas

decisões da nossa vida. Se não formos capazes de viver isso, ao lermos a palavra de

Deus, a nossa mente será distraída em coisas do trabalho, da família, dos estudos. Dessa

maneira estaremos apenas cumprimento uma disciplina litúrgica de devocional,

satisfazendo apenas metas diárias sistemáticas, e não desfrutando de uma relação viva,

espontânea e profunda com o Senhor.

A outra característica é uma consequência da primeira:

- Desfrutar em contemplação.

Não é possível se alimentar de um alimento como esse, ponderar a respeito da

Santa Palavra, aquietar a nossa alma em oração, e isso não produzir em nós um coração

regado por contemplação e adoração.

A consequência de um período de devocional produtivo, de satisfação e desfrute

do criador, é a disposição em contemplá-lo. Não há vista mais linda a ser contemplada,

nem mesmos as mais belas praias e fazendas desse mundo, podem de alguma forma

concorrer com a beleza da Palavra e da presença do Senhor.


Ainda que esse período seja feito em um lugar sem beleza alguma, sem vista

nenhuma, ele se torna a mais bela paisagem.

A nossa devocional, ela precisa gerar em nós um coração cheio de contemplação

do nossos de Deus, um coração adorador.

2. REFLEXÃO PESSOAL SOBRE UMA ÁREA DE NECESSIDADE DE

CRESCIMENTO EM SUA PRÓPRIA VIDA E O ESTABELECIMENTO

DE PASSOS PRÁTICOS ESPECÍFICOS PARA TANTO.

Minha maior necessidade de crescimento hoje, é encontrar tempo para ter

momentos de devocional em família. Sou casado a 12 anos, e pouquíssimas vezes

consegui ler a bíblia junto a minha esposa. Não pelo fato de não gostar de fazer, mas

principalmente pelo pouco tempo disponível que temos como casal.

No pouco tempo que temos livres, além de fazer os afazeres tradicionais de casa,

cuidar dos filhos etc. Sempre pensamos em ir à praia, shopping, almoçar fora, algo do

tipo. Coisas que claro que são importantes em uma relação conjugal, mas nunca

pensamos em aproveitar desse tempo para ter um tempo com Deus em família.

Isso se deve muito a nossa agenda apertada, além de ser pastor integral, e dispor o

dia inteiro para os afazeres da igreja, seja administrativo, fazer uma visita, preparar

sermões, eu tenho uma atividade profissional externa, e mesmo que distante, preciso no

meu tempo livre da igreja (normalmente esse tempo é após as 22hs) para fazer

relatórios, estudar o que aconteceu no dia, acompanhar operações etc.

Além da minha agenda apertada, a minha esposa também trabalha bastante, e

parte do seu trabalho também precisa ser feito em casa.


E além das nossas atividades ministeriais e profissionais, temos dois filhos

pequenos, que demandam muito cuidado, disposição e tempo.

Sempre que estou com meus filhos, estou evangelizando eles, não paro de falar o

quanto eles são amados e importantes para Jesus. Mas também reconheço que preciso

dispor de um tempo de qualidade para ler livros com eles.

Debaixo desse reconhecimento de necessidade de melhorar e dessa reflexão,

penso em alguns passos práticos que precisam ser tomados.

- Estabelecer a parte da manhã do sábado, para fazer devocional em

família.

Ao acordamos, vamos tomar café conversando e refletindo em alguma história

bíblica.

Vou estabelecer uma história diferente por semana, que além de edificar a nossa

vida como adultos, vai trazer aprendizado para a vida dos meus filhos. Ao final da

história, vamos ter um tempo de oração juntos.

- Ler livros com meus filhos.

Comprei uma série de três livros infantis da Vida Nova, e por enquanto consegui

ler apenas um com o meu filho.

Pretendo separar uma noite por semana, para ler um livro com ele, além de aprender

com o livro, isso vai desenvolver a importância e o hábito da leitura.

3. CONSIDERAÇÃO DE ESTRATÉGIAS MINISTERIAIS QUE POSSAM

SER IMPLEMENTADAS NO SEU CONTEXTO DE SERVIÇO NA

IGREJA PARA O ESTÍMULO À FORMAÇÃO ESPIRITUAL EM

OUTROS.
Um dos grandes desafios de uma igreja grande, como a que eu pastoreio, é

desenvolver um trabalho de discipulado pessoal. Por diversas vezes propus para o meu

pastor, para me enviar à uma igreja menor, pois é muito difícil pastorear (mesmo que

auxiliando) uma igreja dessa proporção. Por muito tempo me sentia ineficaz, e por mais

que eu me dedicava, eu tinha a sensação que não estava pastoreando direito. Mas igrejas

grandes também precisam de pastores, e além disso, precisam de bons projetos de

discipulado.

Por isso, diante do aprendizado da aula, senti a necessidade de trabalhar na

formação espiritual dos membros da minha igreja, propondo duas estratégias:

- Desenvolver um trabalho de discipulado intenso com novos convertidos.

Precisamos reconhecer os novos convertidos da igreja, e começar um discipulado

pessoal com cada um deles.

Esse discipulado pessoal vai ser feito por um cristão maduro, que já tenha um

certo tempo de igreja, uma pessoa integra e de boa conduta.

Começaremos esse discipulado com uma apostila, com lições introdutórias e

básicas a respeito da fé cristã. Através dessas aulas, o recém convertido será instruído a

respeito de algumas verdades básicas das escrituras. Essa aula será dada semanalmente

de forma pessoal e presencial entre o discipulador escolhido e o recém convertido.

Essa introdução de ensino, servirá não apenas para a aprendizagem, mas também

para gerar uma relação de amizade entre o discipulador e o recém convertido.

Esse tempo de discipulado não termina com o término da apostila, ele continua. O

discipulador deverá manter contato, encontros com o novo convertido, conversando


sobre a fé cristã, ensinando-o a aplicar a devocional sobre a sua vida, ouvindo suas

dificuldades e orando por ele.

- Se aproximar de cristãos mais antigos, mas que de alguma forma estão

estagnados em sua espiritualidade.

Um dos grandes desafios da igreja é exatamente a formação espiritual de cristãos

mais antigos, que por vezes se ocuparam com muitas atividades profissionais, que

acabaram deixando esfriar sua fé. Esses muitas vezes continuam frequentando a igreja,

participando de reuniões semanais, mas não tem compromisso com a comunidade, não

estão ali para servir, amar, cuidar; mas apenas para cumprir uma liturgia religiosa,

acabam enxergando a fé apenas como uma tradição familiar e a igreja como um lugar

terapêutico.

Acredito que um dos grandes motivos para essa estagnação espiritual, seja a falta

de prioridades, não levando em consideração a importância da relação com Deus, não

desenvolvendo uma vida de devocional. Além disso, outro motivo muito comum, que

leva muitas pessoas a esfriarem na fé, é a falta de compromisso com a comunidade, a

falta de servir a Deus, de reconhecer os seus dons e utiliza-los para o Reino de Deus.

Pois a igreja não é meramente uma atividade religiosa, uma tradição, um lugar que se

frequenta semanalmente para ouvir uma boa palavra; mas a Igreja é uma comunidade da

fé, é um lugar de serviço mutuo uns pelos outros. E muitos ficam estagnados,

exatamente por não experimentarem dessa verdade, e terem um conceito errado sobre

Ser Igreja.

Diante disso, pensei em alguns passos para esse tipo de pessoa:

1. Identifica-los.
2. Se aproximar, dispor de tempo para sentar à mesa com essas

pessoas.

3. Identificar seus dons, suas habilidades e vocações.

4. Expressar para essas pessoas a necessidade da igreja, e como

esses podem ajudar a suprir essas necessidades.

5. Envolve-las nos ministérios da igreja, ministérios que sejam

compatíveis com seus dons espirituais.

6. Ensinar sobre a importância de uma vida de devocional.

O objetivo central desses dois projetos, com o novo convertido e com o mais

antigo. É conduzir essas pessoas à serem a cada dia mais parecidas com Jesus, é que

essas pessoas possam viver em União com Cristo, desfrutando de uma fé viva, autêntica

e sincera em nosso Deus.

“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam,

dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão

conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim

de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também

chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou”.

Romanos 8.28-30

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