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RESENHA CRÍTICA: A IGREJA CATÓLICA E A IDADE MEDIEVAL

Através do crescimento do sistema feudal no continente europeu na Idade


Medieval, pode-se perceber o crescimento da Igreja Católica, uma das instituições
com maior poder e importância do período medieval. Valendo-se da disseminação
da fé cristã ocorrida com o fim do Império Romano, a Igreja Católica atingiu o posto
de mais importante instituição na difusão e na transmissão dos princípios do
Cristianismo.

Para Brown (1999), ainda com Constantino, mesmo os cristãos não sendo
maioria, mas já estavam presentes em todo o Império e a Igreja Católica já era
dotada de estrutura e hierarquia claras, um código legal universal e um meio
adequado para a condução e pesquisa da “Lei”, as Escrituras em forma de códices.

Naquele momento, várias segmentações do Cristianismo e outras religiões


pagãs surgiam na conjuntura europeia. No ano de 325, por meio do Concílio de
Niceia, que foram acordadas os alicerces da religião e da ideologia da Igreja
Católica Apostólica Romana (BELLITTO, 2010). Mediante a concentração de seus
conceitos e da elaboração de uma composição hierárquica, a Igreja reuniu meios
capazes de ampliar o seu raio de ação no período medieval.

Inserida em um contexto social caracterizado pela perspectiva religiosa, a


Igreja Católica transitou nas mais diversas camadas da sociedade do período
medieval, pois inclusive a composição social da Idade Média (separada em Clero,
Nobreza e Servos) mostrava uma representação da Santíssima Trindade. Também,
havia um desprezo pela vida terrena no que diz respeito aos benefícios oferecidos
pela vida no paraíso. Assim, diversas tradições daquele período sofriam influência
do dilema acerca da vida após a morte.

A Igreja, além da proeminência da sua presença na área das ideias,


igualmente obteve grande força material controlando boa parte dos territórios
feudais, se constituindo em importante agente na conservação e nas deliberações
do poder nobiliárquico. Como exemplo disso, cita-se a exigência do celibato como
importante instrumento para que a Igreja mantivesse suas riquezas. O grande
desenvolvimento do poder material da Igreja causou reflexos até mesmo dentro das
estruturas da instituição.
Conforme Le Goff (2005) os que percebiam na ascendência político-
econômica da Igreja um prejuízo aos preceitos religiosos deram início ao processo
de se agrupar em organizações religiosas que renunciavam a toda espécie de
privilégio ou comodidade material. Essa divergência nos métodos da Igreja
subdividiu o clero em duas tendências:

- o clero secular: responsável pela administração do patrimônio da Igreja e faziam a


sua representação nos assuntos políticos;

- e o clero regular: constituído pelos grupos religiosos mais envolvidos nas questões
do espírito e na difusão de valores cristãos.

Por outro lado, a Igreja também apresentou grande domínio dentro do mundo
do conhecimento naquela época. Afora os componentes da Igreja, raríssimas eram
as pessoas que recebiam alfabetização ou acessavam as obras escritas. Por essa
razão, inúmeros monastérios medievais conservavam bibliotecas inteiras nas quais
importantes obras do Mundo Clássico e Oriental eram conservadas. São Tomás de
Aquino e Santo Agostinho foram, por exemplo, foram dois dos mais célebres
membros da Igreja Católica que escreveram tratados filosóficos que se
comunicavam com os sábios da Antiguidade.

Apesar de contar com tamanho volume de poder e influência, a Igreja do


mesmo modo enfrentou ações de dissidência. De outro modo, os sacrilégios, as
seitas e as cerimônias pagãs compreendiam os textos da bíblia de maneira
autônoma ou não adotavam a função sagrado da Igreja. No ano de 1054, a Cisma
do Oriente assinalou um grande racha interno da Igreja, originando a Igreja
Bizantina.

Não nos compete aqui à intenção de querer imputar crime ou tentar repelir a
Igreja Católica nos dias atuais por conta de seus atos no passado. Os assuntos e os
métodos dessa instituição são completamente distintos aos que foram encontrados
no período compreendido entre os séculos V e XV. Assim, quando levamos em
consideração o papel realizado por essa instituição religiosa, durante o período
medieval, alcançamos um variado manancial de reflexões acerca do referido
momento histórico.
REFERÊNCIAS

BELLITTO, Christopher M. História dos 21 concílios da Igreja (de Niceia ao


Vaticano II). São Paulo: Editora Loyola, 2010.
BROWN, Peter. A Ascensão do Cristianismo no Ocidente. Lisboa: Editorial
Presença, 1999.
FRANCO, Hilário. A Idade média: nascimento do ocidente. 2. ed. rev. e ampl. São
Paulo: Brasiliense, 2001.
GOMES, Francisco José Silva. A Cristandade Medieval entre o mito e a utopia.
Revista de História. Rio de Janeiro: PPGHIS da UFRJ/7 Letras, 2002.
LE GOFF, Jacques. Em busca da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2005.

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